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O que Faço É Música: como artistas visuais começaram a gravar discos no Brasil

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Vivian Caccuri

Vivian Caccuri

coleção coleçãoatravésatravés

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Este livro mostra como artistas visuais Este livro mostra como artistas visuais tor-naram tangível e manipulável a imagem dos naram tangível e manipulável a imagem dos mitos da música. As narrativas construídas mitos da música. As narrativas construídas pela indústria fonográca motivaram boa pela indústria fonográca motivaram boa parte das obras aqui citadas e fazem parte parte das obras aqui citadas e fazem parte da trama crítica de diversos desses trabalhos, da trama crítica de diversos desses trabalhos, demonstrando como tanto o ídolo quanto o demonstrando como tanto o ídolo quanto o processo da gravação fonográca podem ser processo da gravação fonográca podem ser reapropriados em projetos que propõe uma reapropriados em projetos que propõe uma vida diferente daquela à qual foram primeira vida diferente daquela à qual foram primeira --mente destinados. mente destinados.

o que faço

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é música

é música

Como artistas visuais

Como artistas visuais

começaram a gravar

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discos no Brasil

(2)

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Vivian Caccuri Vivian Caccuri

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é música

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Como artistas visuais Como artistas visuais começaram a gravar começaram a gravar discos no Brasil discos no Brasil

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!"#$%&" atravésatravés

O primeiro passo da coleção

O primeiro passo da coleçãoATRAVÉSATRAVÉSé divulgar e reé divulgar e re��etiretir a produção acadêmica e torná-la disponível para a produção acadêmica e torná-la disponível para oo leitor. Romper a barreira das

leitor. Romper a barreira das estantes das universidadesestantes das universidades abarrotadas de teses e

abarrotadas de teses e dissertações, que possuem poucasdissertações, que possuem poucas oportunidades de serem publicadas. Permitir que a oportunidades de serem publicadas. Permitir que a pesquisa acadêmica, através de uma narrativa ensaística, pesquisa acadêmica, através de uma narrativa ensaística, clara e precisa, chegue ao leitor e não se

clara e precisa, chegue ao leitor e não se torne, portanto,torne, portanto, uma produção quase que con

uma produção quase que con��nada ao nada ao esquecimentoesquecimento.. A coleção

A coleção tem o tem o comprocompromisso com a misso com a interdisciplinaridadinterdisciplinaridade,e, e de provocar re

e de provocar re��exões e permitir diálogos entreexões e permitir diálogos entre diferentes campos de saber tendo a

diferentes campos de saber tendo a cultura como meiocultura como meio de discussão. Interessa-nos atravessar tempos e lugares, de discussão. Interessa-nos atravessar tempos e lugares, disciplinas e meios, como forma de entender o

disciplinas e meios, como forma de entender o presente.presente. A coleção

A coleçãoATRAVÉSATRAVÉS também se constitui em um campo de também se constitui em um campo de experimentações nos temas e estudos que

experimentações nos temas e estudos que serão abordados,serão abordados, assim como permitirá a ampliação de novos autores para a assim como permitirá a ampliação de novos autores para a literatura crítica no país.

literatura crítica no país.

Felipe Scovino Felipe Scovino

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é música

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O primeiro passo da coleção

O primeiro passo da coleçãoATRAVÉSATRAVÉSé divulgar e reé divulgar e re��etiretir a produção acadêmica e torná-la disponível para a produção acadêmica e torná-la disponível para oo leitor. Romper a barreira das

leitor. Romper a barreira das estantes das universidadesestantes das universidades abarrotadas de teses e

abarrotadas de teses e dissertações, que possuem poucasdissertações, que possuem poucas oportunidades de serem publicadas. Permitir que a oportunidades de serem publicadas. Permitir que a pesquisa acadêmica, através de uma narrativa ensaística, pesquisa acadêmica, através de uma narrativa ensaística, clara e precisa, chegue ao leitor e não se

clara e precisa, chegue ao leitor e não se torne, portanto,torne, portanto, uma produção quase que con

uma produção quase que con��nada ao nada ao esquecimentoesquecimento.. A coleção

A coleção tem o tem o comprocompromisso com a misso com a interdisciplinaridadinterdisciplinaridade,e, e de provocar re

e de provocar re��exões e permitir diálogos entreexões e permitir diálogos entre diferentes campos de saber tendo a

diferentes campos de saber tendo a cultura como meiocultura como meio de discussão. Interessa-nos atravessar tempos e lugares, de discussão. Interessa-nos atravessar tempos e lugares, disciplinas e meios, como forma de entender o

disciplinas e meios, como forma de entender o presente.presente. A coleção

A coleçãoATRAVÉSATRAVÉS também se constitui em um campo de também se constitui em um campo de

experimentações nos temas e estudos que

experimentações nos temas e estudos que serão abordados,serão abordados, assim como permitirá a ampliação de novos autores para a assim como permitirá a ampliação de novos autores para a literatura crítica no país.

literatura crítica no país.

Felipe Scovino Felipe Scovino

©

©20132013 Vivian Caccuri Vivian Caccuri

Este livro segue as normas do Acordo Ortográ Este livro segue as normas do Acordo Ortográ � �coco da Língua Portuguesa de

da Língua Portuguesa de�������� , adotado no Bra , adotado no Brasil emsil em��������..

Coordenação da coleção Coordenação da coleção Felipe Scovino Felipe Scovino Coordenação editorial  Coordenação editorial  Isadora Travassos Isadora Travassos Produção editorial  Produção editorial  Cristina Parga Cristina Parga Eduardo Süssekind Eduardo Süssekind Rodrigo Fontoura Rodrigo Fontoura So So��a Sotera Soter Victoria Rabello Victoria Rabello Ilustração Ilustração Chiara Chiara   2013 2013

Viveiros de Castro Editora Ltda. Viveiros de Castro Editora Ltda. Rua Visconde de Pirajá,

Rua Visconde de Pirajá,580580/ sl./ sl.320320 – Ipanema – Ipanema Rio de

Janeiro-Rio de Janeiro-���� ������ 2241022410--902902

Tel. (

Tel. (2121))25402540--00760076 | editora@ | editora@77letras.com.br | www.letras.com.br | www.77letras.com.brletras.com.br

��� ���--������������..��������çã���������çã�--����--���������� ��������� ��������� ���������������� ������ ���������������� ���� ������������,,���� �125 �125dd Caccuri, Vivian Caccuri, Vivian O que

O que faço é faço é música música : como : como artistas visuais artistas visuais começaram a começaram a gravar discosgravar discos no Brasil / Vivian Caccuri.

-no Brasil / Vivian Caccuri. -11. ed. - Rio de Janeiro :. ed. - Rio de Janeiro :77Letras,Letras,20132013.. (Coleção Através)

(Coleção Através)

����

���� 978978--8585--421421--01460146--11

11. Registros sonoros - Indústria - Brasil - História.. Registros sonoros - Indústria - Brasil - História.22. Música popular -. Música popular -Brasil.

Brasil.33. Música - Análise, apreciação. I. Título. II. Série.. Música - Análise, apreciação. I. Título. II. Série.

13 13--0022770099 ������::781781..1717 ��� ���::681681..8484((8181))

Sumário

Sumário

Introdução Introdução 99 Ironias e reverências: Ironias e reverências:

artes visuais e o imaginário da música

artes visuais e o imaginário da música popularpopular 1717

Um breve histórico Um breve histórico

da economia do disco no Brasil

da economia do disco no Brasil 2727

Cildo Meireles Cildo Meireles 4545 Afeição Afeição 4545  Mebs/Car  Mebs/Caraxiaaxia 4747 Índios e padres Índios e padres 5252 W

Waltercio Calaltercio Cal dasdas

O museu, a vitrola e o regime de silêncio

O museu, a vitrola e o regime de silêncio 6161

A menção do jazz

A menção do jazz 6464

A estranha evidência do silêncio

A estranha evidência do silêncio 6767

Ruído transformador Ruído transformador 7373 Chelpa Ferro Chelpa Ferro A abertura democrática A abertura democrática 7979 Do estúdio à galeria Do estúdio à galeria 8484 O aparato do rock O aparato do rock 8787 Gravando Gravando 9090 O OLPLP contemporâneo contemporâneo 9595 Ausência Ausência 9696 Bibliogra Bibliogra��aa 9999

Todos os esforços foram feitos para reconhecer os

Todos os esforços foram feitos para reconhecer os direitos morais e autorais neste livro. Adireitos morais e autorais neste livro. A editora agradece qualquer informação relativa à autoria, titularidade e/ou outros dados que editora agradece qualquer informação relativa à autoria, titularidade e/ou outros dados que estejam incompletos nesta edição, e se compromete a incluí-los nas futuras reimpressões. estejam incompletos nesta edição, e se compromete a incluí-los nas futuras reimpressões.

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©20132013 Vivian Caccuri Vivian Caccuri

Este livro segue as normas do Acordo Ortográ Este livro segue as normas do Acordo Ortográ � �coco da Língua Portuguesa de

da Língua Portuguesa de�������� , adotado no Bra , adotado no Brasil emsil em��������..

Coordenação da coleção Coordenação da coleção Felipe Scovino Felipe Scovino Coordenação editorial  Coordenação editorial  Isadora Travassos Isadora Travassos Produção editorial  Produção editorial  Cristina Parga Cristina Parga Eduardo Süssekind Eduardo Süssekind Rodrigo Fontoura Rodrigo Fontoura So So��a Sotera Soter Victoria Rabello Victoria Rabello Ilustração Ilustração Chiara Chiara   2013 2013

Viveiros de Castro Editora Ltda. Viveiros de Castro Editora Ltda. Rua Visconde de Pirajá,

Rua Visconde de Pirajá,580580/ sl./ sl.320320 – Ipanema – Ipanema Rio de

Janeiro-Rio de Janeiro-���� ������ 2241022410--902902

Tel. (

Tel. (2121))25402540--00760076 | editora@ | editora@77letras.com.br | www.letras.com.br | www.77letras.com.brletras.com.br

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O que faço é faço é música música : como : como artistas visuais artistas visuais começaram a começaram a gravar discosgravar discos no Brasil / Vivian Caccuri.

-no Brasil / Vivian Caccuri. -11. ed. - Rio de Janeiro :. ed. - Rio de Janeiro :77Letras,Letras,20132013.. (Coleção Através)

(Coleção Através)

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11. Registros sonoros - Indústria - Brasil - História.. Registros sonoros - Indústria - Brasil - História.22. Música popular -. Música popular -Brasil.

Brasil.33. Música - Análise, apreciação. I. Título. II. Série.. Música - Análise, apreciação. I. Título. II. Série.

13 13--0022770099 ������::781781..1717 ��� ���::681681..8484((8181))

Sumário

Sumário

Introdução Introdução 99 Ironias e reverências: Ironias e reverências:

artes visuais e o imaginário da música

artes visuais e o imaginário da música popularpopular 1717

Um breve histórico Um breve histórico

da economia do disco no Brasil

da economia do disco no Brasil 2727

Cildo Meireles Cildo Meireles 4545 Afeição Afeição 4545  Mebs/Car  Mebs/Caraxiaaxia 4747 Índios e padres Índios e padres 5252 W

Waltercio Calaltercio Cal dasdas

O museu, a vitrola e o regime de silêncio

O museu, a vitrola e o regime de silêncio 6161

A menção do jazz

A menção do jazz 6464

A estranha evidência do silêncio

A estranha evidência do silêncio 6767

Ruído transformador Ruído transformador 7373 Chelpa Ferro Chelpa Ferro A abertura democrática A abertura democrática 7979 Do estúdio à galeria Do estúdio à galeria 8484 O aparato do rock O aparato do rock 8787 Gravando Gravando 9090 O OLPLP contemporâneo contemporâneo 9595 Ausência Ausência 9696 Bibliogra Bibliogra��aa 9999

Todos os esforços foram feitos para reconhecer os

Todos os esforços foram feitos para reconhecer os direitos morais e autorais neste livro. Adireitos morais e autorais neste livro. A editora agradece qualquer informação relativa à autoria, titularidade e/ou outros dados que editora agradece qualquer informação relativa à autoria, titularidade e/ou outros dados que estejam incompletos nesta edição, e se compromete a incluí-los nas futuras reimpressões. estejam incompletos nesta edição, e se compromete a incluí-los nas futuras reimpressões.

Introdução

Introdução

Mesmo para quem não está familiarizado com as Mesmo para quem não está familiarizado com as téc-nicas e procedimentos da gravação de um disco de nicas e procedimentos da gravação de um disco de  vinil, não é

 vinil, não é difícil imagidifícil imaginar que existam padronizanar que existam padroniza--ções necessárias para que sejam lançados e ções necessárias para que sejam lançados e distribuí-dos no mercado como produtos. Padrões que dos no mercado como produtos. Padrões que apro-ximam os mais diversos artistas, de Orlando Dias a ximam os mais diversos artistas, de Orlando Dias a Os Mutantes: seus discos, após a gravação das trilhas, Os Mutantes: seus discos, após a gravação das trilhas, passam por um conjunto de processos semelhantes. passam por um conjunto de processos semelhantes. Existem limites e equilíbrios de frequências sonoras Existem limites e equilíbrios de frequências sonoras necessários para que os sulcos que serão gravados no necessários para que os sulcos que serão gravados no  vinil não se int

 vinil não se interpoleerpolem ou para que os dadom ou para que os dados de ums de um CD

CD não excedam a faixa legível pelo equipamento – o não excedam a faixa legível pelo equipamento – o que faria com que a gravação tivesse inúmeros que faria com que a gravação tivesse inúmeros pro-blemas em sua execução. A engenharia de som e a blemas em sua execução. A engenharia de som e a linha de produção em série, ainda que atendendo a linha de produção em série, ainda que atendendo a diferentes necessidades técnicas, são para todos os diferentes necessidades técnicas, são para todos os artistas.

artistas.

Para falar criticamente desses processos em Para falar criticamente desses processos em

2013

2013  é fundamental contextualizar a mídia analó-  é fundamental contextualizar a mídia analó-gica no momento atual, onde a circulação da gica no momento atual, onde a circulação da músicamúsica independe das mídias físicas, adquirindo por vezes independe das mídias físicas, adquirindo por vezes

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Introdução

Introdução

Mesmo para quem não está familiarizado com as Mesmo para quem não está familiarizado com as téc-nicas e procedimentos da gravação de um disco de nicas e procedimentos da gravação de um disco de  vinil, não é

 vinil, não é difícil imagidifícil imaginar que existam padronizanar que existam padroniza--ções necessárias para que sejam lançados e ções necessárias para que sejam lançados e distribuí-dos no mercado como produtos. Padrões que dos no mercado como produtos. Padrões que apro-ximam os mais diversos artistas, de Orlando Dias a ximam os mais diversos artistas, de Orlando Dias a Os Mutantes: seus discos, após a gravação das trilhas, Os Mutantes: seus discos, após a gravação das trilhas, passam por um conjunto de processos semelhantes. passam por um conjunto de processos semelhantes. Existem limites e equilíbrios de frequências sonoras Existem limites e equilíbrios de frequências sonoras necessários para que os sulcos que serão gravados no necessários para que os sulcos que serão gravados no  vinil não se int

 vinil não se interpoleerpolem ou para que os dadom ou para que os dados de ums de um CD

CD não excedam a faixa legível pelo equipamento – o não excedam a faixa legível pelo equipamento – o que faria com que a gravação tivesse inúmeros que faria com que a gravação tivesse inúmeros pro-blemas em sua execução. A engenharia de som e a blemas em sua execução. A engenharia de som e a linha de produção em série, ainda que atendendo a linha de produção em série, ainda que atendendo a diferentes necessidades técnicas, são para todos os diferentes necessidades técnicas, são para todos os artistas.

artistas.

Para falar criticamente desses processos em Para falar criticamente desses processos em

2013

2013  é fundamental contextualizar a mídia analó-  é fundamental contextualizar a mídia analó-gica no momento atual, onde a circulação da gica no momento atual, onde a circulação da músicamúsica independe das mídias físicas, adquirindo por vezes independe das mídias físicas, adquirindo por vezes

oo comportamencomportamento de vírus to de vírus de vida curtísside vida curtíssima. Ama. A mídia analógica ganha hoje uma “estranha mídia analógica ganha hoje uma “estranha pre-sença”, uma imposição tátil. Assim, pensar o disco sença”, uma imposição tátil. Assim, pensar o disco de vinil e a gravação fonográ

de vinil e a gravação fonográ��ca é também descre-ca é também descre- ver a rit

 ver a ritualização de seu uso ualização de seu uso e o modo coe o modo como o valomo o valorr da sua materialidade se revelou melhor quando a da sua materialidade se revelou melhor quando a mídia analógica deixou de ser tão presente na vida mídia analógica deixou de ser tão presente na vida das pessoas. Quando o disco vira

das pessoas. Quando o disco vira objeto de aprecia-objeto de aprecia-dor

dor, passa , passa a existir uma a existir uma distância sobretudo econô-distância sobretudo econô-mica que possibilita outras leituras. Adorno, em “A mica que possibilita outras leituras. Adorno, em “A forma do disco” (“Die Form der Schallplatte”), já forma do disco” (“Die Form der Schallplatte”), já havia pensado no papel do disco de vinil na vida havia pensado no papel do disco de vinil na vida privada e no signi

privada e no signi��cado da posse de uma coleçãocado da posse de uma coleção musical:

musical:

Não é no tocar do gramofone como substituição da Não é no tocar do gramofone como substituição da música ao vivo, mas na gravação fonográ

música ao vivo, mas na gravação fonográ��ca comoca como objeto que reside seu signi

objeto que reside seu signi��cado estético e potencial.cado estético e potencial. Como um produto artístico da decadência, ele é o Como um produto artístico da decadência, ele é o primeiro meio de apresentação musical que pode ser primeiro meio de apresentação musical que pode ser possuído como coisa. Não como pinturas a óleo, que possuído como coisa. Não como pinturas a óleo, que olham para os vivos de cima das paredes. Assim como olham para os vivos de cima das paredes. Assim como essas mal cabem em um apartamento hoje, não essas mal cabem em um apartamento hoje, não exis-tem de fato gravações fonográ

tem de fato gravações fonográ��cas de grande formato.cas de grande formato. Em vez disso, discos são possuídos como fotogra Em vez disso, discos são possuídos como fotogra��as:as: oo séséculculooXIXXIX teve boas razões para inventar a grava- teve boas razões para inventar a grava-ção fonográ

ção fonográ��ca paraca para��car ao lado de álbuns de selos ecar ao lado de álbuns de selos e de fotogra

de fotogra��as, todos eles formando umaas, todos eles formando uma��ora de vidaora de vida arti

arti��cial que sobrevive em espaços diminutos ecial que sobrevive em espaços diminutos e��camcam assim prontos para remontar toda lembrança que assim prontos para remontar toda lembrança que esta-ria fatalmente fragmentada na pressa da

ria fatalmente fragmentada na pressa da vida mundanavida mundana ((ADORNOADORNO,,20022002, p., p.177177).).

A decadência cultural à qual Adorno se refere A decadência cultural à qual Adorno se refere muito se relaciona na distância entre artista

muito se relaciona na distância entre artista e públicoe público que a gravação fonográ

que a gravação fonográ��ca impõe. Em sua visão, umca impõe. Em sua visão, um registro su

registro su��cientemente “grande” – no sentido físicocientemente “grande” – no sentido físico e moral do termo – não poderia fazer o ouvinte e moral do termo – não poderia fazer o ouvinte acre- acre-ditar que a experiência da música pudesse ser ditar que a experiência da música pudesse ser revi- vida

 vida a cada a cada execuçãexecução do o do discodisco. O d. O disco, isco, para para AdoAdorno,rno, é uma música aprisionada e descolada de seu poder é uma música aprisionada e descolada de seu poder transformador, cabendo às gravadoras suavizar transformador, cabendo às gravadoras suavizar esse seu defeito por meio da criação do sistema de esse seu defeito por meio da criação do sistema de estrelato e idolatria, um sistema que teria o poder estrelato e idolatria, um sistema que teria o poder de humanizar falsamente a gravação fonográ de humanizar falsamente a gravação fonográ��ca.ca. No esquema do estrelato, inventado pela indústria No esquema do estrelato, inventado pela indústria fonográ

fonográ��ca, os ídolos são os que vivem, os ídolos sãoca, os ídolos são os que vivem, os ídolos são os que se transformam, se envolvem em polêmicas, os que se transformam, se envolvem em polêmicas, realizam grandes obras. Como a

realizam grandes obras. Como a��rma Jacques Attalirma Jacques Attali ((Noise:Noise:TTe Political Economy of Musice Political Economy of Music) os discos são) os discos são meios pelos quais percebemos passivamente as meios pelos quais percebemos passivamente as trans-formações dos mitos da música.

formações dos mitos da música.

Este livro mostra como artistas visuais tornaram Este livro mostra como artistas visuais tornaram tangível e manipulável a imagem dos mitos da tangível e manipulável a imagem dos mitos da música.música. As narrativas construídas pela indústria fonográ As narrativas construídas pela indústria fonográ��caca motivaram boa parte das obras aqui citadas e fazem motivaram boa parte das obras aqui citadas e fazem parte da trama crítica de diversos desses trabalhos, parte da trama crítica de diversos desses trabalhos, demonstrando como tanto o ídolo quanto o processo demonstrando como tanto o ídolo quanto o processo da gravação fonográ

da gravação fonográ��ca podem ca podem ser reapropser reapropriados emriados em projetos que propõem uma vida diferente daquela à projetos que propõem uma vida diferente daquela à qual foram

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oo comportamencomportamento de vírus to de vírus de vida curtísside vida curtíssima. Ama. A mídia analógica ganha hoje uma “estranha mídia analógica ganha hoje uma “estranha pre-sença”, uma imposição tátil. Assim, pensar o disco sença”, uma imposição tátil. Assim, pensar o disco de vinil e a gravação fonográ

de vinil e a gravação fonográ��ca é também descre-ca é também descre- ver a rit

 ver a ritualização de seu uso ualização de seu uso e o modo coe o modo como o valomo o valorr da sua materialidade se revelou melhor quando a da sua materialidade se revelou melhor quando a mídia analógica deixou de ser tão presente na vida mídia analógica deixou de ser tão presente na vida das pessoas. Quando o disco vira

das pessoas. Quando o disco vira objeto de aprecia-objeto de aprecia-dor

dor, passa , passa a existir uma a existir uma distância sobretudo econô-distância sobretudo econô-mica que possibilita outras leituras. Adorno, em “A mica que possibilita outras leituras. Adorno, em “A forma do disco” (“Die Form der Schallplatte”), já forma do disco” (“Die Form der Schallplatte”), já havia pensado no papel do disco de vinil na vida havia pensado no papel do disco de vinil na vida privada e no signi

privada e no signi��cado da posse de uma coleçãocado da posse de uma coleção musical:

musical:

Não é no tocar do gramofone como substituição da Não é no tocar do gramofone como substituição da música ao vivo, mas na gravação fonográ

música ao vivo, mas na gravação fonográ��ca comoca como objeto que reside seu signi

objeto que reside seu signi��cado estético e potencial.cado estético e potencial. Como um produto artístico da decadência, ele é o Como um produto artístico da decadência, ele é o primeiro meio de apresentação musical que pode ser primeiro meio de apresentação musical que pode ser possuído como coisa. Não como pinturas a óleo, que possuído como coisa. Não como pinturas a óleo, que olham para os vivos de cima das paredes. Assim como olham para os vivos de cima das paredes. Assim como essas mal cabem em um apartamento hoje, não essas mal cabem em um apartamento hoje, não exis-tem de fato gravações fonográ

tem de fato gravações fonográ��cas de grande formato.cas de grande formato. Em vez disso, discos são possuídos como fotogra Em vez disso, discos são possuídos como fotogra��as:as: oo séséculculooXIXXIX teve boas razões para inventar a grava- teve boas razões para inventar a grava-ção fonográ

ção fonográ��ca paraca para��car ao lado de álbuns de selos ecar ao lado de álbuns de selos e de fotogra

de fotogra��as, todos eles formando umaas, todos eles formando uma��ora de vidaora de vida arti

arti��cial que sobrevive em espaços diminutos ecial que sobrevive em espaços diminutos e��camcam assim prontos para remontar toda lembrança que assim prontos para remontar toda lembrança que esta-ria fatalmente fragmentada na pressa da

ria fatalmente fragmentada na pressa da vida mundanavida mundana ((ADORNOADORNO,,20022002, p., p.177177).).

A decadência cultural à qual Adorno se refere A decadência cultural à qual Adorno se refere muito se relaciona na distância entre artista

muito se relaciona na distância entre artista e públicoe público que a gravação fonográ

que a gravação fonográ��ca impõe. Em sua visão, umca impõe. Em sua visão, um registro su

registro su��cientemente “grande” – no sentido físicocientemente “grande” – no sentido físico e moral do termo – não poderia fazer o ouvinte e moral do termo – não poderia fazer o ouvinte acre- acre-ditar que a experiência da música pudesse ser ditar que a experiência da música pudesse ser revi- vida

 vida a cada a cada execuçãexecução do o do discodisco. O d. O disco, isco, para para AdoAdorno,rno, é uma música aprisionada e descolada de seu poder é uma música aprisionada e descolada de seu poder transformador, cabendo às gravadoras suavizar transformador, cabendo às gravadoras suavizar esse seu defeito por meio da criação do sistema de esse seu defeito por meio da criação do sistema de estrelato e idolatria, um sistema que teria o poder estrelato e idolatria, um sistema que teria o poder de humanizar falsamente a gravação fonográ de humanizar falsamente a gravação fonográ��ca.ca. No esquema do estrelato, inventado pela indústria No esquema do estrelato, inventado pela indústria fonográ

fonográ��ca, os ídolos são os que vivem, os ídolos sãoca, os ídolos são os que vivem, os ídolos são os que se transformam, se envolvem em polêmicas, os que se transformam, se envolvem em polêmicas, realizam grandes obras. Como a

realizam grandes obras. Como a��rma Jacques Attalirma Jacques Attali ((Noise:Noise:TTe Political Economy of Musice Political Economy of Music) os discos são) os discos são meios pelos quais percebemos passivamente as meios pelos quais percebemos passivamente as trans-formações dos mitos da música.

formações dos mitos da música.

Este livro mostra como artistas visuais tornaram Este livro mostra como artistas visuais tornaram tangível e manipulável a imagem dos mitos da tangível e manipulável a imagem dos mitos da música.música. As narrativas construídas pela indústria fonográ As narrativas construídas pela indústria fonográ��caca motivaram boa parte das obras aqui citadas e fazem motivaram boa parte das obras aqui citadas e fazem parte da trama crítica de diversos desses trabalhos, parte da trama crítica de diversos desses trabalhos, demonstrando como tanto o ídolo quanto o processo demonstrando como tanto o ídolo quanto o processo da gravação fonográ

da gravação fonográ��ca podem ca podem ser reapropser reapropriados emriados em projetos que propõem uma vida diferente daquela à projetos que propõem uma vida diferente daquela à qual foram

qual foram primeirameprimeiramente destinados.nte destinados.

Por outro lado, a posição radicalizada de Por outro lado, a posição radicalizada de Adorno contra a coisi

Adorno contra a coisi��cação da produção cultu-cação da produção cultu-ral serve a este livro para examinar como a mídia ral serve a este livro para examinar como a mídia fonográ

fonográ��ca é inseparável de sua vocação da escritaca é inseparável de sua vocação da escrita e como essa natureza a torna um instrumento e como essa natureza a torna um instrumento de produção estética em si. Esse ponto de vista é de produção estética em si. Esse ponto de vista é importante também para entender como a

importante também para entender como a gravaçãogravação fonográ

fonográ��ca deixa ao longo do séculoca deixa ao longo do século XXXX seu papel seu papel original de registro – predominantemente original de registro – predominantemente antropo-lógico – do ao vivo. A gravação fonográ

lógico – do ao vivo. A gravação fonográ��ca deixa deca deixa de servir somente ao

servir somente ao � �eld eld recording recording  para servir a uma para servir a uma economia que transforma música em produto. economia que transforma música em produto.

O colecionismo examinado e condenado por O colecionismo examinado e condenado por Adorno é um fenômeno social importante para Adorno é um fenômeno social importante para compr

compreender a eender a construção da afetividade em construção da afetividade em tornotorno da gravação fonográ

da gravação fonográ��ca que só foi possível porqueca que só foi possível porque a indústria da música patrocinou – com a ajuda da a indústria da música patrocinou – com a ajuda da imprensa radiofônica e televisiva – um aprendizado imprensa radiofônica e televisiva – um aprendizado perceptivo para a apreciação da música gravada e perceptivo para a apreciação da música gravada e estabeleceu parâmetros de gosto para essa estabeleceu parâmetros de gosto para essa aprecia-ção dentro dos nichos desse mercado consumidor. ção dentro dos nichos desse mercado consumidor. A afetividade pelo disco só seria possível se esses A afetividade pelo disco só seria possível se esses objetos de fato adquirissem vida própria na objetos de fato adquirissem vida própria na socie-dade, tornando-se – e aqui cito Waltercio Caldas – dade, tornando-se – e aqui cito Waltercio Caldas – uma segunda natureza, coisas inquestionáveis por uma segunda natureza, coisas inquestionáveis por meio das quais conseguiríamos construir ou meio das quais conseguiríamos construir ou refor-çar relações sociais ou facilitar o contato com çar relações sociais ou facilitar o contato com des-conhecidos (quantas amizades e amores não conhecidos (quantas amizades e amores não

nasce-ram por causa de bandas e

ram por causa de bandas e discos?). Os artistas aquidiscos?). Os artistas aqui comentados criticam o apego fanático e acrítico comentados criticam o apego fanático e acrítico pelo disco ao indagarem a razão de ser desse pelo disco ao indagarem a razão de ser desse objeto,objeto, e o fazem antes de o

e o fazem antes de o utilizarem como um suporte deutilizarem como um suporte de uma escrita especí

uma escrita espec�ca.ca.

Se levarmos em conta a decadência na qual a Se levarmos em conta a decadência na qual a economia das mídias físicas hoje se encontra, é economia das mídias físicas hoje se encontra, é irô-nico demais certos artistas e bandas hoje optarem por nico demais certos artistas e bandas hoje optarem por lançar seus álbuns no velho vinil. A nosta

lançar seus álbuns no velho vinil. A nostalgia é disfar-lgia é disfar-çada de “valor

çada de “valor do objeto”do objeto”, a poss, a possibilidade da arte ibilidade da arte pre- pre-sente na capa com dimensões maiores, a aclamada sente na capa com dimensões maiores, a aclamada qualidade do áudio e o rito que envolve sua escuta. qualidade do áudio e o rito que envolve sua escuta.

Essa atitude

Essa atitude vintagevintage  tão condenada em  tão condenada em Retromania

Retromania,,11  de Simon Reynolds (um livro todo  de Simon Reynolds (um livro todo dedicado a examinar como o

dedicado a examinar como o vintagevintage desencoraja a desencoraja a criação de novos estilos e a disseminação das criação de novos estilos e a disseminação das ino- vações

 vações musicais musicais mais mais recentes), recentes), deixa deixa ainda ainda maismais interessan

interessante o fato de te o fato de que os artistas visuais que os artistas visuais experi- experi-mentaram com as ferramentas da gravação mentaram com as ferramentas da gravação

fonográ-�

�ca em vinil enquanto esta indústria ainda estavaca em vinil enquanto esta indústria ainda estava em seu apogeu. De certa forma, esses artistas visuais em seu apogeu. De certa forma, esses artistas visuais  já demonstra

 já demonstravam como vam como o disco seria coo disco seria compreendidmpreendidoo após o

após o��m de seu m de seu reinado como mídia sonora prin-reinado como mídia sonora prin-cipal: como um

cipal: como um objeto-fetiobjeto-fetiche.che.

Os artistas visuais brasileiros que Os artistas visuais brasileiros que experimen-taram com as ferramentas da

taram com as ferramentas da gravação fonográgravação fonográ��ca,ca, 11 Cf. Cf. Simon Simon Reynolds,Reynolds, Retromania: Pop Culture’s Addiction to itsRetromania: Pop Culture’s Addiction to its

own Past 

(8)

13 13 12

12

Por outro lado, a posição radicalizada de Por outro lado, a posição radicalizada de Adorno contra a coisi

Adorno contra a coisi��cação da produção cultu-cação da produção cultu-ral serve a este livro para examinar como a mídia ral serve a este livro para examinar como a mídia fonográ

fonográ��ca é inseparável de sua vocação da escritaca é inseparável de sua vocação da escrita e como essa natureza a torna um instrumento e como essa natureza a torna um instrumento de produção estética em si. Esse ponto de vista é de produção estética em si. Esse ponto de vista é importante também para entender como a

importante também para entender como a gravaçãogravação fonográ

fonográ��ca deixa ao longo do séculoca deixa ao longo do século XXXX seu papel seu papel original de registro – predominantemente original de registro – predominantemente antropo-lógico – do ao vivo. A gravação fonográ

lógico – do ao vivo. A gravação fonográ��ca deixa deca deixa de servir somente ao

servir somente ao � �eld eld recording recording  para servir a uma para servir a uma economia que transforma música em produto. economia que transforma música em produto.

O colecionismo examinado e condenado por O colecionismo examinado e condenado por Adorno é um fenômeno social importante para Adorno é um fenômeno social importante para compr

compreender a eender a construção da afetividade em construção da afetividade em tornotorno da gravação fonográ

da gravação fonográ��ca que só foi possível porqueca que só foi possível porque a indústria da música patrocinou – com a ajuda da a indústria da música patrocinou – com a ajuda da imprensa radiofônica e televisiva – um aprendizado imprensa radiofônica e televisiva – um aprendizado perceptivo para a apreciação da música gravada e perceptivo para a apreciação da música gravada e estabeleceu parâmetros de gosto para essa estabeleceu parâmetros de gosto para essa aprecia-ção dentro dos nichos desse mercado consumidor. ção dentro dos nichos desse mercado consumidor. A afetividade pelo disco só seria possível se esses A afetividade pelo disco só seria possível se esses objetos de fato adquirissem vida própria na objetos de fato adquirissem vida própria na socie-dade, tornando-se – e aqui cito Waltercio Caldas – dade, tornando-se – e aqui cito Waltercio Caldas – uma segunda natureza, coisas inquestionáveis por uma segunda natureza, coisas inquestionáveis por meio das quais conseguiríamos construir ou meio das quais conseguiríamos construir ou refor-çar relações sociais ou facilitar o contato com çar relações sociais ou facilitar o contato com des-conhecidos (quantas amizades e amores não conhecidos (quantas amizades e amores não

nasce-ram por causa de bandas e

ram por causa de bandas e discos?). Os artistas aquidiscos?). Os artistas aqui comentados criticam o apego fanático e acrítico comentados criticam o apego fanático e acrítico pelo disco ao indagarem a razão de ser desse pelo disco ao indagarem a razão de ser desse objeto,objeto, e o fazem antes de o

e o fazem antes de o utilizarem como um suporte deutilizarem como um suporte de uma escrita especí

uma escrita espec�ca.ca.

Se levarmos em conta a decadência na qual a Se levarmos em conta a decadência na qual a economia das mídias físicas hoje se encontra, é economia das mídias físicas hoje se encontra, é irô-nico demais certos artistas e bandas hoje optarem por nico demais certos artistas e bandas hoje optarem por lançar seus álbuns no velho vinil. A nosta

lançar seus álbuns no velho vinil. A nostalgia é disfar-lgia é disfar-çada de “valor

çada de “valor do objeto”do objeto”, a poss, a possibilidade da arte ibilidade da arte pre- pre-sente na capa com dimensões maiores, a aclamada sente na capa com dimensões maiores, a aclamada qualidade do áudio e o rito que envolve sua escuta. qualidade do áudio e o rito que envolve sua escuta.

Essa atitude

Essa atitude vintagevintage  tão condenada em  tão condenada em Retromania

Retromania,,11  de Simon Reynolds (um livro todo  de Simon Reynolds (um livro todo dedicado a examinar como o

dedicado a examinar como o vintagevintage desencoraja a desencoraja a criação de novos estilos e a disseminação das criação de novos estilos e a disseminação das ino- vações

 vações musicais musicais mais mais recentes), recentes), deixa deixa ainda ainda maismais interessan

interessante o fato de te o fato de que os artistas visuais que os artistas visuais experi- experi-mentaram com as ferramentas da gravação mentaram com as ferramentas da gravação

fonográ-�

�ca em vinil enquanto esta indústria ainda estavaca em vinil enquanto esta indústria ainda estava em seu apogeu. De certa forma, esses artistas visuais em seu apogeu. De certa forma, esses artistas visuais  já demonstra

 já demonstravam como vam como o disco seria coo disco seria compreendidmpreendidoo após o

após o��m de seu m de seu reinado como mídia sonora prin-reinado como mídia sonora prin-cipal: como um

cipal: como um objeto-fetiobjeto-fetiche.che.

Os artistas visuais brasileiros que Os artistas visuais brasileiros que experimen-taram com as ferramentas da

taram com as ferramentas da gravação fonográgravação fonográ��ca,ca, 11 Cf. Cf. Simon Simon Reynolds,Reynolds, Retromania: Pop Culture’s Addiction to itsRetromania: Pop Culture’s Addiction to its

own Past 

own Past , London, Faber&Faber,, London, Faber&Faber,20112011..

como Cildo Meireles, Waltercio Caldas e Chelpa como Cildo Meireles, Waltercio Caldas e Chelpa Ferro, distorcem propositalmente alguns dos Ferro, distorcem propositalmente alguns dos proce-dimentos padrões desse complexo, revelando seus dimentos padrões desse complexo, revelando seus limites e estratégias mercadológicas. Alguns deles limites e estratégias mercadológicas. Alguns deles não agem exclusivamente sobre a forma e função não agem exclusivamente sobre a forma e função do disco de vinil e do

do disco de vinil e do CDCD, interessando-se também, interessando-se também na interação desses formatos com o conteúdo que na interação desses formatos com o conteúdo que suportam: os ídolos e mitos da música gerados na suportam: os ídolos e mitos da música gerados na construção de narrativas que

construção de narrativas que integram sonoridadesintegram sonoridades poderosas e imagens

poderosas e imagens sedutoras.sedutoras.

A grave situação política da década de

A grave situação política da década de 19601960 fez fez com que artistas visuais e músicos se aproximassem com que artistas visuais e músicos se aproximassem ideológica e esteticamente em ações conjuntas, como ideológica e esteticamente em ações conjuntas, como aconteceu com Hélio Oiticica e os tropicalistas aconteceu com Hélio Oiticica e os tropicalistas baia-nos. Desses encontros, gerou-se um imaginário sonoro nos. Desses encontros, gerou-se um imaginário sonoro e performático no qual artistas visuais propunham e performático no qual artistas visuais propunham novas formas de recepção dessa produção musical, em novas formas de recepção dessa produção musical, em rebeldia às formas predominantes de colecionismo, rebeldia às formas predominantes de colecionismo, culto à imagem e idolatria de mitos. A identi culto à imagem e idolatria de mitos. A identi��caçãocação com essas ações transformadoras de como a música com essas ações transformadoras de como a música poderia ser recebida/distribuída motivou alguns poderia ser recebida/distribuída motivou alguns artis-tas da geração seguinte – já naturalmente predispostos tas da geração seguinte – já naturalmente predispostos a lidar e a apreciar a sonoridade e os produtos dessa a lidar e a apreciar a sonoridade e os produtos dessa indústria – a atuar no estúdio fonográ

indústria – a atuar no estúdio fonográ��co efetiva-co efetiva-mente, sob uma estrutura de produção propícia, que mente, sob uma estrutura de produção propícia, que então adquirira um custo relativamente baixo. então adquirira um custo relativamente baixo.

Além de examinar as relações, celebrações e Além de examinar as relações, celebrações e críticas que os artistas citados

críticas que os artistas citados ��zeram com os íco-zeram com os

íco-nes da indústria fonográ

nes da indústria fonográ��ca, este livro descreveca, este livro descreve como foram executadas essas experimentações em como foram executadas essas experimentações em estúdio, em uma contribuição para a compreensão estúdio, em uma contribuição para a compreensão dos trabalhos além da execução de sua sonoridade. dos trabalhos além da execução de sua sonoridade. Certos contextos históricos e condições técnicas Certos contextos históricos e condições técnicas que levaram os artistas a experimentar com a que levaram os artistas a experimentar com a grava-ção fonográ

ção fonográ��ca podem inca podem in��uenciar diretamente nauenciar diretamente na natureza da sonoridade que irão produzir e como natureza da sonoridade que irão produzir e como ela deve ser

ela deve ser recebida pelo ouvinte.recebida pelo ouvinte.

Este livro é uma edição ampliada de parte dos Este livro é uma edição ampliada de parte dos capítulos da dissertação de mestrado

capítulos da dissertação de mestrado Ouvindo asOuvindo as  Artes

 Artes VisuVisuais: ais: sonoridasonoridades des de de HélHélio io OiticicaOiticica, , CildoCildo  Mei

 Meirelereles, Chelps, Chelpa Ferro e Wa Ferro e Walteraltercio Caldascio Caldas, escrita na, escrita na Universidade de Princeton, defendida na Escola de Universidade de Princeton, defendida na Escola de Música da

Música daUFRJUFRJ e vencedora do Prêmio Funarte de e vencedora do Prêmio Funarte de Produção Critica em Música

Produção Critica em Música 20132013. Durante a pes-. Durante a pes-quisa, houve grande di

quisa, houve grande di��culdade em encontrar os dis-culdade em encontrar os dis-cos em arquivos públidis-cos destinados às artes visuais cos em arquivos públicos destinados às artes visuais no Rio de Janeiro. Ainda que houvesse livros no Rio de Janeiro. Ainda que houvesse livros men-cionando as obras em instituições como a Funarte cionando as obras em instituições como a Funarte ((RJRJ), o), oMAMMAM ( (RJRJ) e a Biblioteca Nacional, os discos em) e a Biblioteca Nacional, os discos em si não constavam nos arquivos até o início de si não constavam nos arquivos até o início de 20122012.. Assim, o acesso a esses materiais aconteceu em Assim, o acesso a esses materiais aconteceu em con-tato direto com os artistas ou por meio de tato direto com os artistas ou por meio de colabora-dores – como Rodolfo Caesar, orientador da minha dores – como Rodolfo Caesar, orientador da minha dissertação, que também me apresentou diversas das dissertação, que também me apresentou diversas das obras que examino aqui; Hermano Vianna, que me obras que examino aqui; Hermano Vianna, que me cedeu uma cópia do

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15 15 14

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como Cildo Meireles, Waltercio Caldas e Chelpa como Cildo Meireles, Waltercio Caldas e Chelpa Ferro, distorcem propositalmente alguns dos Ferro, distorcem propositalmente alguns dos proce-dimentos padrões desse complexo, revelando seus dimentos padrões desse complexo, revelando seus limites e estratégias mercadológicas. Alguns deles limites e estratégias mercadológicas. Alguns deles não agem exclusivamente sobre a forma e função não agem exclusivamente sobre a forma e função do disco de vinil e do

do disco de vinil e do CDCD, interessando-se também, interessando-se também na interação desses formatos com o conteúdo que na interação desses formatos com o conteúdo que suportam: os ídolos e mitos da música gerados na suportam: os ídolos e mitos da música gerados na construção de narrativas que

construção de narrativas que integram sonoridadesintegram sonoridades poderosas e imagens

poderosas e imagens sedutoras.sedutoras.

A grave situação política da década de

A grave situação política da década de 19601960 fez fez com que artistas visuais e músicos se aproximassem com que artistas visuais e músicos se aproximassem ideológica e esteticamente em ações conjuntas, como ideológica e esteticamente em ações conjuntas, como aconteceu com Hélio Oiticica e os tropicalistas aconteceu com Hélio Oiticica e os tropicalistas baia-nos. Desses encontros, gerou-se um imaginário sonoro nos. Desses encontros, gerou-se um imaginário sonoro e performático no qual artistas visuais propunham e performático no qual artistas visuais propunham novas formas de recepção dessa produção musical, em novas formas de recepção dessa produção musical, em rebeldia às formas predominantes de colecionismo, rebeldia às formas predominantes de colecionismo, culto à imagem e idolatria de mitos. A identi culto à imagem e idolatria de mitos. A identi��caçãocação com essas ações transformadoras de como a música com essas ações transformadoras de como a música poderia ser recebida/distribuída motivou alguns poderia ser recebida/distribuída motivou alguns artis-tas da geração seguinte – já naturalmente predispostos tas da geração seguinte – já naturalmente predispostos a lidar e a apreciar a sonoridade e os produtos dessa a lidar e a apreciar a sonoridade e os produtos dessa indústria – a atuar no estúdio fonográ

indústria – a atuar no estúdio fonográ��co efetiva-co efetiva-mente, sob uma estrutura de produção propícia, que mente, sob uma estrutura de produção propícia, que então adquirira um custo relativamente baixo. então adquirira um custo relativamente baixo.

Além de examinar as relações, celebrações e Além de examinar as relações, celebrações e críticas que os artistas citados

críticas que os artistas citados ��zeram com os íco-zeram com os

íco-nes da indústria fonográ

nes da indústria fonográ��ca, este livro descreveca, este livro descreve como foram executadas essas experimentações em como foram executadas essas experimentações em estúdio, em uma contribuição para a compreensão estúdio, em uma contribuição para a compreensão dos trabalhos além da execução de sua sonoridade. dos trabalhos além da execução de sua sonoridade. Certos contextos históricos e condições técnicas Certos contextos históricos e condições técnicas que levaram os artistas a experimentar com a que levaram os artistas a experimentar com a grava-ção fonográ

ção fonográ��ca podem inca podem in��uenciar diretamente nauenciar diretamente na natureza da sonoridade que irão produzir e como natureza da sonoridade que irão produzir e como ela deve ser

ela deve ser recebida pelo ouvinte.recebida pelo ouvinte.

Este livro é uma edição ampliada de parte dos Este livro é uma edição ampliada de parte dos capítulos da dissertação de mestrado

capítulos da dissertação de mestrado Ouvindo asOuvindo as  Artes

 Artes VisuVisuais: ais: sonoridasonoridades des de de HélHélio io OiticicaOiticica, , CildoCildo  Mei

 Meirelereles, Chelps, Chelpa Ferro e Wa Ferro e Walteraltercio Caldascio Caldas, escrita na, escrita na Universidade de Princeton, defendida na Escola de Universidade de Princeton, defendida na Escola de Música da

Música daUFRJUFRJ e vencedora do Prêmio Funarte de e vencedora do Prêmio Funarte de Produção Critica em Música

Produção Critica em Música 20132013. Durante a pes-. Durante a pes-quisa, houve grande di

quisa, houve grande di��culdade em encontrar os dis-culdade em encontrar os dis-cos em arquivos públidis-cos destinados às artes visuais cos em arquivos públicos destinados às artes visuais no Rio de Janeiro. Ainda que houvesse livros no Rio de Janeiro. Ainda que houvesse livros men-cionando as obras em instituições como a Funarte cionando as obras em instituições como a Funarte ((RJRJ), o), oMAMMAM ( (RJRJ) e a Biblioteca Nacional, os discos em) e a Biblioteca Nacional, os discos em si não constavam nos arquivos até o início de si não constavam nos arquivos até o início de 20122012.. Assim, o acesso a esses materiais aconteceu em Assim, o acesso a esses materiais aconteceu em con-tato direto com os artistas ou por meio de tato direto com os artistas ou por meio de colabora-dores – como Rodolfo Caesar, orientador da minha dores – como Rodolfo Caesar, orientador da minha dissertação, que também me apresentou diversas das dissertação, que também me apresentou diversas das obras que examino aqui; Hermano Vianna, que me obras que examino aqui; Hermano Vianna, que me cedeu uma cópia do

cedeu uma cópia do Compacto SimplesCompacto Simples de Waltercio de Waltercio

Caldas, e o próprio Chelpa Ferro, que além de seus Caldas, e o próprio Chelpa Ferro, que além de seus próprios discos forneceu acesso a uma cópia de próprios discos forneceu acesso a uma cópia de  Meb

 Mebs/Carás/Caráxiaxia, de Cildo Meireles. Por, de Cildo Meireles. Por ��m, realizeim, realizei uma pesquisa posterior no arquivo do MoMA em uma pesquisa posterior no arquivo do MoMA em Nova Iorque, onde encontrei as duas gravações em Nova Iorque, onde encontrei as duas gravações em  vinil existen

 vinil existentes de Cildo Mtes de Cildo Meireles. O artieireles. O artista tambémsta também me presenteou com uma cópia de seu disco mais me presenteou com uma cópia de seu disco mais recente,

recente, RioRio Oir Oir , feito como um projeto especial do, feito como um projeto especial do Itaú Cultural em

Itaú Cultural em20112011..

Nessas aproximações, tive a oportunidade Nessas aproximações, tive a oportunidade de colher depoimentos dos artistas e também de de colher depoimentos dos artistas e também de ter conversas sobretudo informais sobre música. ter conversas sobretudo informais sobre música. Nessas trocas, discutimos sobre o nosso repertório Nessas trocas, discutimos sobre o nosso repertório musical favorito e resgatamos algumas experiências musical favorito e resgatamos algumas experiências de shows e apresentações, eventos nos quais de shows e apresentações, eventos nos quais pode- pode-mos atribuir uma vida física real aos artistas com mos atribuir uma vida física real aos artistas com quem até então só nos relacionávamos pela escrita quem até então só nos relacionávamos pela escrita sonora da mídia do disco.

sonora da mídia do disco.

Dessa maneira, as descrições críticas dos discos Dessa maneira, as descrições críticas dos discos de artistas presentes nesse

de artistas presentes nesse livro serão ilustradas comlivro serão ilustradas com acontecimentos históricos que, com a objetividade acontecimentos históricos que, com a objetividade que esse formato impõe, irão ampliar a que esse formato impõe, irão ampliar a compreen-são das experimentações ainda pouco

são das experimentações ainda pouco conhecidas.conhecidas.

Ironias e reverências:

Ironias e reverências:

artes visuais e o imaginário

artes visuais e o imaginário

da música popular

da música popular

Desde a década de

Desde a década de 19601960 existem no Brasil artistas existem no Brasil artistas que propõem incorporar a sonoridade e fazer que propõem incorporar a sonoridade e fazer refe-rências a grandes ícones da música popular sob rências a grandes ícones da música popular sob pos-turas que variam da celebração à critica. Seja qual turas que variam da celebração à critica. Seja qual for a conotação do discurso a que

for a conotação do discurso a que tais apropritais apropriaçõesações dão forma, eles se sustentam na divisão econômica dão forma, eles se sustentam na divisão econômica das artes (estamos aqui, artistas

das artes (estamos aqui, artistas visuais, trabalhandovisuais, trabalhando sobre o que está ali, na música popular) e re sobre o que está ali, na música popular) e re��etemetem um conjunto de dinâmicas culturais das grandes um conjunto de dinâmicas culturais das grandes cidades que provocam encontros entre artistas de cidades que provocam encontros entre artistas de diferentes campos artísticos, seja na forma na qual diferentes campos artísticos, seja na forma na qual unem manifestações culturais de regiões

unem manifestações culturais de regiões apartadas,apartadas, seja nas circunstâncias festivas, especiais e

seja nas circunstâncias festivas, especiais e metropo- metropo-litanas nas quais surgem.

litanas nas quais surgem.

Uma dessas livres incorporações dos ícones da Uma dessas livres incorporações dos ícones da indústria fonográ

indústria fonográ��ca aconteceu na cidade de Sãoca aconteceu na cidade de São Paulo na década de

Paulo na década de 19601960. Na. Na Rex Gallery & SonsRex Gallery & Sons –– uma galeria independente de inspiração neoda-uma galeria independente de inspiração neoda-daísta fundada por Nelson Leirner (

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Caldas, e o próprio Chelpa Ferro, que além de seus Caldas, e o próprio Chelpa Ferro, que além de seus próprios discos forneceu acesso a uma cópia de próprios discos forneceu acesso a uma cópia de  Meb

 Mebs/Carás/Caráxiaxia, de Cildo Meireles. Por, de Cildo Meireles. Por ��m, realizeim, realizei uma pesquisa posterior no arquivo do MoMA em uma pesquisa posterior no arquivo do MoMA em Nova Iorque, onde encontrei as duas gravações em Nova Iorque, onde encontrei as duas gravações em  vinil existen

 vinil existentes de Cildo Mtes de Cildo Meireles. O artieireles. O artista tambémsta também me presenteou com uma cópia de seu disco mais me presenteou com uma cópia de seu disco mais recente,

recente, RioRio Oir Oir , feito como um projeto especial do, feito como um projeto especial do Itaú Cultural em

Itaú Cultural em20112011..

Nessas aproximações, tive a oportunidade Nessas aproximações, tive a oportunidade de colher depoimentos dos artistas e também de de colher depoimentos dos artistas e também de ter conversas sobretudo informais sobre música. ter conversas sobretudo informais sobre música. Nessas trocas, discutimos sobre o nosso repertório Nessas trocas, discutimos sobre o nosso repertório musical favorito e resgatamos algumas experiências musical favorito e resgatamos algumas experiências de shows e apresentações, eventos nos quais de shows e apresentações, eventos nos quais pode- pode-mos atribuir uma vida física real aos artistas com mos atribuir uma vida física real aos artistas com quem até então só nos relacionávamos pela escrita quem até então só nos relacionávamos pela escrita sonora da mídia do disco.

sonora da mídia do disco.

Dessa maneira, as descrições críticas dos discos Dessa maneira, as descrições críticas dos discos de artistas presentes nesse

de artistas presentes nesse livro serão ilustradas comlivro serão ilustradas com acontecimentos históricos que, com a objetividade acontecimentos históricos que, com a objetividade que esse formato impõe, irão ampliar a que esse formato impõe, irão ampliar a compreen-são das experimentações ainda pouco

são das experimentações ainda pouco conhecidas.conhecidas.

Ironias e reverências:

Ironias e reverências:

artes visuais e o imaginário

artes visuais e o imaginário

da música popular

da música popular

Desde a década de

Desde a década de 19601960 existem no Brasil artistas existem no Brasil artistas que propõem incorporar a sonoridade e fazer que propõem incorporar a sonoridade e fazer refe-rências a grandes ícones da música popular sob rências a grandes ícones da música popular sob pos-turas que variam da celebração à critica. Seja qual turas que variam da celebração à critica. Seja qual for a conotação do discurso a que

for a conotação do discurso a que tais apropritais apropriaçõesações dão forma, eles se sustentam na divisão econômica dão forma, eles se sustentam na divisão econômica das artes (estamos aqui, artistas

das artes (estamos aqui, artistas visuais, trabalhandovisuais, trabalhando sobre o que está ali, na música popular) e re sobre o que está ali, na música popular) e re��etemetem um conjunto de dinâmicas culturais das grandes um conjunto de dinâmicas culturais das grandes cidades que provocam encontros entre artistas de cidades que provocam encontros entre artistas de diferentes campos artísticos, seja na forma na qual diferentes campos artísticos, seja na forma na qual unem manifestações culturais de regiões

unem manifestações culturais de regiões apartadas,apartadas, seja nas circunstâncias festivas, especiais e

seja nas circunstâncias festivas, especiais e metropo- metropo-litanas nas quais surgem.

litanas nas quais surgem.

Uma dessas livres incorporações dos ícones da Uma dessas livres incorporações dos ícones da indústria fonográ

indústria fonográ��ca aconteceu na cidade de Sãoca aconteceu na cidade de São Paulo na década de

Paulo na década de 19601960. Na. Na Rex Gallery & SonsRex Gallery & Sons –– uma galeria independente de inspiração neoda-uma galeria independente de inspiração neoda-daísta fundada por Nelson Leirner (

daísta fundada por Nelson Leirner (19321932-), Wesley-), Wesley

Duke Lee (

Duke Lee (19311931––20112011) e Geraldo de Barros () e Geraldo de Barros (19231923––

1998

1998))11 – foi construída uma  – foi construída uma instalação fazendo refe-instalação fazendo refe-rência a Roberto Carlos. Leirner, que assina o rência a Roberto Carlos. Leirner, que assina o tra-balho

balho Ador Adoração ou Altar a Roberto Carlosação ou Altar a Roberto Carlos,, dede19661966,, foi instigado pela capacidade da indústria da música foi instigado pela capacidade da indústria da música em construir ídolos com características religiosas: em construir ídolos com características religiosas: na instalação de dois ambientes – uma catraca de na instalação de dois ambientes – uma catraca de entrada e o altar propriamente dito, separados por entrada e o altar propriamente dito, separados por uma cortina – o cantor é canonizado uma cortina – o cantor é canonizado silenciosa-mente. A ironia é apresentada de forma ainda mais mente. A ironia é apresentada de forma ainda mais exacerbada na imagem que é colocada no altar: o exacerbada na imagem que é colocada no altar: o retrato do cantor é contornado por lâmpadas neon, retrato do cantor é contornado por lâmpadas neon, uma espécie de negrito visual para seu

uma espécie de negrito visual para seu papel de “reipapel de “rei da juventude” e uma referência ao recurso luminoso da juventude” e uma referência ao recurso luminoso em voga na publicidade da época.

em voga na publicidade da época. Um ano antes da

Um ano antes da  Adora Adoraçãoção  e sem lidar com  e sem lidar com imagens, ícones ou adotar qualquer tipo de ironia, imagens, ícones ou adotar qualquer tipo de ironia, Hélio Oiticica se integra ao poder mobilizador da Hélio Oiticica se integra ao poder mobilizador da música popular e “arma um barraco no

música popular e “arma um barraco no MAMMAM””22 nana exposição Opinião

exposição Opinião6565, idealizada por Jean B, idealizada por Jean B orghiciorghici e Ceres Franco. Levando um cortejo de sambistas e Ceres Franco. Levando um cortejo de sambistas  vestidos em parang

 vestidos em parangolés ao Museu de Aolés ao Museu de Arte Modernarte Moderna do Rio de Janeiro na abertura da exposição, os do Rio de Janeiro na abertura da exposição, os diver-sos passistas da Estação Primeira de Mangueira sos passistas da Estação Primeira de Mangueira dançavam e tocavam instrumentos de percussão dançavam e tocavam instrumentos de percussão 11   Cf.Cf.LEIRNER LEIRNER ; et al,; et al,20022002..

22 SALOMÃOSALOMÃO,,19961996, p., p.5757..

em comitiva pelas galerias que abrigavam uma em comitiva pelas galerias que abrigavam uma exposição coletiva de Rubens Gerchman, Antonio exposição coletiva de Rubens Gerchman, Antonio Dias, Waldermar Cordeiro, Ângelo de Aquino, José Dias, Waldermar Cordeiro, Ângelo de Aquino, José Roberto Aguilar, Carlos Vergara e Tomoshige. Roberto Aguilar, Carlos Vergara e Tomoshige.

Como narra o jornalista Claudir Chaves, o Como narra o jornalista Claudir Chaves, o artista acaba sendo expulso do museu pela equipe artista acaba sendo expulso do museu pela equipe de segurança sob a justi

de segurança sob a justi��cativa do “barulho doscativa do “barulho dos pandeiros, tamborins e frigideiras”,

pandeiros, tamborins e frigideiras”, o que não impe-o que não impe-diu o artista de continuar sua ação com o cortejo, diu o artista de continuar sua ação com o cortejo, agora nos jardins do

agora nos jardins doMAMMAM e assistidos por críticos, e assistidos por críticos, artistas, jornalistas.

artistas, jornalistas.33

Ironicamente forma-se uma situação onde Ironicamente forma-se uma situação onde oo museu se prmuseu se protege aotege atrás do escudo trás do escudo da preserva-da preserva-ção do silêncio para retirar o cortejo de sambistas ção do silêncio para retirar o cortejo de sambistas –– represenrepresentantes de tantes de camadas sociais camadas sociais pobres pobres e dee de regiões metropolitanas estigmatizadas – de seus regiões metropolitanas estigmatizadas – de seus domínios: protegia-se assim a experiência ótica do domínios: protegia-se assim a experiência ótica do perigo alienígena, sonoro e

perigo alienígena, sonoro e popularpopular. Soma-se . Soma-se assimassim mais um argumento e evidência para o

mais um argumento e evidência para o movimentmovimentoo estético que levou o artista

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