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XV ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Universidade de Fortaleza 19 a 23 de outubro de 2015

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XV ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

Universidade de Fortaleza 19 a 23 de outubro de 2015

Efeitos da terapia com luz brilhante nas alterações cognitivas da

Doença de Parkinson

Autora: Maria Clara Brasileiro Barroso¹ ⃰ (PQ)

1Mestra em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Professora do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL)

e-mail: mariaclara_bbarroso@hotmail.com

Palavras-chave: Doença de Parkinson. Terapia por Luz. Cognição.

Resumo

O presente estudo é um recorte de uma dissertação de Mestrado aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Ceará (UFC) sob o parecer de nº223871 em 25/03/2013 e teve como objetivo analisar os feitos da exposição à luz nas alterações cognitivas da Doença de Parkinson através do Loewenstein Occupational Therapy Cognitive Assessment Geriatric Version (LOTCA-G). A amostra foi composta de dezenove pacientes com Doenaça de Parkinson (DP) atendidos no ambulatório de distúrbios do movimento do Hospital Universitário Walter Cantídio Trata-se de estudo randomizado e controlado com placebo, no qual os pacientes com DP foram randomizados para terapia com brilhante luz (10.000 lux) ou placebo (<500 lux) no final da tarde. Os pacientes foram testados no início e após a terapia com luz através do LOTCA-G. A coleta aconteceu durante os meses de Março a Julho de 2013. Os dados foram analisados pelo programa Stata e SPSS. Os resultados revelaram: na linha de base, as variáveis clínico-demográficas e escalas de comportamento não foram diferentes entre os casos e controles. Terapia com luz brilhante à tarde melhorou o escore total do Lotca-G (F=12,8, p=0,006), orientação temporal (p=0,05), percepção visual (p=0,02), organização viso motora (p=0,000), praxia (0,000), memória (0,03) e operações mentais (0,000), mostrando assim que a terapia com luz branca brilhante de 10.00lux é benéfica por aumentar o desempenho cognitivo do indivíduo com DP. Portanto, este estudo apoia a evidência de que a terapia com luz à tarde é benéfica para pacientes com DP.

Introdução

A doença de Parkinson (DP) é mundialmente conhecida pelo seu tremor de repouso, no entanto, a mesma tem vários outros sintomas não motores inquietantes do ponto de vista da qualidade de vida como o baixo desempenho cognitivo, distúrbios do sono, depressão, ansiedade e distúrbios autonômicos (CHEN et al, 2014)

A literatura mostra desde 1987 que a DP é responsável por alterações neuropsicológicas como: alterações na memória imediata, praxias, orientação espaço-temporal, atenção, concentração e cálculo (BARBOSA et al, 1987).

Pensando em todas estas alterações responsáveis pela mudança no cotidiano da pessoa com DP, procurou-se na literatura um tratamento não invasivo e não medicamentoso para minimizar estes sintomas e foi encontrado sobre a terapia com luz branca brilhante.

O uso da terapia com luz é muito antigo e comprovado principalmente na área da oncologia, distúrbios comportamentais e da depressão sazonal. Em relação com a Doença de Parkinson os estudos

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datam a partir de 2007, com Willis e Turner (2007), que obtiveram resultados positivos para a terapia com luz na DP.

Os estudos explicam que a luz suprime a liberação de melatonina auxiliando assim na diminuição da sonolência e aumentando o desempenho cognitivo (Paus et al, 2007; Bersani et al, 2008; Prasko, 2008). Portanto, o objetivo do estudo foi avaliar os efeitos da exposição à luz nas alterações cognitivas da DP através do Loewenstein Occupational Therapy Cognitive Assessment versão geriátrica (LOTCA-G).

A versão geriátrica do LOTCA foi criada em 1995 por Noomi Katz com o objetivo de determinar os parâmetros de desempenho cognitivo de idosos saudáveis através dos seguintes domínios: orientação espaço-temporal, percepção visual, percepção espacial, praxias, organização visuomotora, operações mentais, memória, atenção e concentração. Para efeito deste estudo o teste foi aplicado antes e depois da luz. Sempre na manhã seguinte ao término do uso da luz branca brilhante, tendo em vista que neste estudo a mesma foi utilizada no período vespertino.

Metodologia

O estudo respeitou os preceitos éticos da resolução 466/12 do Ministério da Saúde (Brasil, 2012) , todos os pacientes aceitaram participar do estudo e assinaram o termo de consentimento livre-esclarecido (TCLE) e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Ceará (UFC) sob o parecer de nº223871 em 25 de março de 2013.

A coleta de dados foi iniciada em março de 2013, logo após a aprovação do comitê de ética, e terminou em julho do mesmo ano. O local da avaliação inicial foi o ambulatório de distúrbios do movimento do Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC. Este primeiro contato, consistiu no convite de participação, na assinatura do TCLE e na coleta de dados clinico-demográficos que definiam se o sujeito se enquadrava ou não nos critérios da pesquisa.

A continuidade da pesquisa ocorreu na residência do paciente e foi dividida em dois momentos: o primeiro foi a avaliação com o LOTCA-G, a entrega da caixa de luz e a explicação de como utiliza-la. O segundo foi ao término do uso que durou 2 semanas. Duarante este tempo, o paciente deveria utilizar a luz durante vinte minutos por dia, iniciando as 17:30 e terminando as 17:50, a uma distância mínima de 70cm da visão do paciente. Neste segundo momento, o sujeito foi reavaliado com a mesma escala.

A análise dos dados ocorreu através dos programas: Stata e SPSS para verificar a veracidade da hipótese.

Os critérios de exclusão utilizados foram: comorbidades graves associadas, perda visual grave, uso de medicações fotossensibilizantes e dificuldade de acompanhamento clínico como endereço fora da região metropolitana de fortaleza.

Resultados e Discussão

A partir da análise dos dados, foi possível compreender que a maioria dos pacientes da amostra era idosa do sexo masculino, com idade média de 67 anos. Estes dados foram encontrados, também, na literatura no estudo de Riedel et al (2008). Quanto ao desempenho cognitivo foi encontrado resultado

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3 Na análise de variância de ANOVA a orientação temporal foi significativa com p=0,05. Revelando assim, uma informação nova sobre os parkinsonianos não encontrada na literatura, em razão da heterogeneidade e do tamanho reduzido da amostra. Mas, continuando na análise dos dados, foi realizado

também o teste de regressão linear e encontrou-se variação significativa na percepção visual com p=0,02.

Mas, os dados mais significativos na análise foram: praxia e organização viso motora com p=0,000.

Levando tudo isso em consideração, a exposição à luz pode ser um componente necessário para o tratamento de pacientes com DP. Até essa data, o uso da luz brilhante por pessoas com Parkinson começou com Paus et al (2007) ao examinaram os efeitos da terapia com luz brilhante de manhã na DP e sugeriu uma melhora de tremor, medidas UPDRS I, II e IV e depressão.

Previamente, foi demonstrado que a luz da manhã é mais efetiva que a luz da noite na redução dos sintomas depressivos. Além de tudo isso, deve ser lembrado que os pacientes com DP são comumente afetados por sintomas depressivos, declínio cognitivo, alterações de sono-vigília e redução no desempenho das atividades de vida diária. Todos estes sintomas têm sido associados com um risco maior de distúrbios do ritmo circadiano (Riemersma-van der Lek et al, 2008).

Vários estudo mostram que os sintomas não-motores associados à DP são ocasionados pela degeneração de estruturas cerebrais vitais, tais como, o córtex frontal (Gama et al, 2014). Recentemente, foi demonstrado em modelo animal de DP em ratos que a luz afeta o humor, atuando sobre o sistema orexinérgico no cérebro (Deats, et al, 2014). Isso é muito interessante, considerando que um envolvimento do sistema orexinergico pode ser à base da gênese da sonolência diurna excessiva na DP (ASAI, et al, 2009; WIENECKE, et al, 2012).

Também foi demonstrado que a redução do transporte axonal em pessoas com DP é otimizado por terapia com luz brilhante (TRIMMER et al, 2009).

O estudo de Rutten et al (2012) também confirmou os dados encontrados afirmando que a luz brilhante tem efeito positivo no sono, no humor e na função motora. Há outros estudos sobre o efeito positivo da luz brilhante nos distúrbios do sono da DP, no entanto, a função cognitiva, foi avaliada apenas por Barroso (2014) a qual confirma nossos dados.

Todos estes déficits cognitivos são explicados pelo fato de que a DP é uma desordem neurológica progressiva que ocasiona demência no processo neuro-degenerativo da enfermidade. De acordo com Anang et al (2014) há indicadores para a demência, no entanto, os mesmos não podem ser utilizados para a prevenção da demência na DP devido a heterogeneidade dos sintomas parkinsonianos.

Braak e colaboradores (2003) relatam que as alterações degenerativas no tronco cerebral ocorrem de maneira ascendente afetando áreas mesencefálicas e em estágios finais compromete o córtex temporal e as áreas neocorticais. Acarretando, assim, em distúrbios neuropsicológicos que interferem no cotidiano do parkinsoniano. O estudo de Merims e Friedman (2008) confirma os resultados encontrados ao relatar que os principais déficits são: função executiva, atenção, funções visuoespaciais e memória.

Portanto, nesse estudo, a terapia com luz brilhante no final do dia mostrou um efeito benéfico cobre a função mental avaliada pelo LOTCA-G e a melhora de vários aspectos relacionados ao sono. Também, uma melhora da percepção da qualidade de vida avaliada pelo PDQ-39 foi observada. Nosso estudo

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corrobora um papel importante da terapia com luz na terapia não-medicamentosa na DP. Possivelmente, essa terapia interfere de forma positiva com o sono e o ritmo circadiano.

O teste utilizado para encontrar os resultados deste estudo é um teste neuropsicológico criado por terapeutas ocupacionais para uso multiprofissional desde que devidamente especializado para compreender a correta aplicação e interpretação dos resultados. Neste estudo o LOTCA-G foi realizado por apenas uma profissional para evitar falsas interpretações dos dados.

Conclusão

De acordo com o objetivo do estudo foi possível constatar que a exposição à luz melhora as funções cognitivas de pessoas com DP. Conforme a reavaliação realizada na manhã seguinte ao término da exposição à luz vespertina, houve um aumento no desempenho funcional com ênfase na função cognitiva, a partir do teste utilizado, houve um aumento significativo no desempenho cognitivo dos pacientes com Parkinson após o uso da luz brilhante, confirmando o efeito benéfico do tratamento por duas semanas. Lembrando que para inserir a luz brilhante nas diretrizes de tratamento da doença de Parkinson, requer-se, ainda, mais estudos, principalmente, com amostra grande.

No que se refere às limitações, a principal deste estudo foi o tamanho reduzido da amostra, mas, o mesmo tem um ponto forte a ser considerado que é a originalidade tendo em vista que é o primeiro estudo ao utilizar a luz brilhante à tarde em pessoas com DP.

Referências

ANANG, J.B. ET AL. Predictors of dementia in parkinson disease: a prospective cohort study. Neurology, v.83, n.14, setembro, 2014.

BARROSO, M.C.B. Efeitos da exposição à luz nas alterações motoras e não motoras da doença de parkinson: um estudo randomizado e controlado com placebo. 2014. 112f. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas)- Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2014.

BRAAK, H. Staging of brain pathology related to sporadic Parkinson’s disease. Neurobiology of aging, v.24, n.2,2003.

BERSANI, G. ET AL. Pilot study of light therapy and neurocognitive performance of attention and memory in healthy subjects. Psychological reports, v.102, n.1, 2008.

BRASIL, Conselho Nacional de Saúde. Resolução 466. Brasilia:CNS, 2012.

MERIMS, D; FREEDMAN, M. Cognitive and behavioural impairment in Parkinson's disease. International Review of Psychiatry, v.20, n.4, 2008.

PAUS, S. ET AL. Bright light therapy in Parkinson's disease: a pilot study. Movement disorders, v.22, n.10,2007.

PRASKO, J. Bright light therapy. Neuro Endocrinology Letters, v.29, sup.1, 2008.

RIEDEL, O. ET AL. Cognitive impairment in 873 patients with idiopathic Parkinson's disease. Journal of neurology, v.255, n.2, 2008.

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5 RUTTEN.S. ET AL. Bright light therapy in parkinson’s disease: na overview of the backgraund and evidence. Parkinson’s Disease, 2012.

WILLIS, G.; TURNER, E. Primary and secondary features of Parkinson's disease improve with strategic exposure to bright light: a case series study. Chronobiology international, v. 24, n. 3, p. 521, 2007.

Agradecimentos

À Deus, à CAPES pela bolsa de pesquisa durante o mestrado e à Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL) pela liberação em meio às aulas para viajar.

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