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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo ACÓRDÃO

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Registro: 2016.0000819198

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº 2205316-20.2016.8.26.0000, da Comarca de Santo André, em que é agravante MARCIA GONÇALVES SCHUSTER (JUSTIÇA GRATUITA), é agravado GOSHME SOLUÇÕES PARA INTERNET LTDA ME.

ACORDAM, em 9ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de

São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores ALEXANDRE LAZZARINI (Presidente) e GALDINO TOLEDO JÚNIOR.

São Paulo, 8 de novembro de 2016.

Piva Rodrigues RELATOR Assinatura Eletrônica

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2205316-20.2016.8.26.0000 AGRAVANTE: Márcia Gonçalves Schuster

AGRAVADO: Goshme Soluções para Internet Ltda. Me COMARCA: Santo André 4ª Vara Cível

VOTO: 27024

Agravo de instrumento. Ação de obrigação de fazer. Direito ao esquecimento. Remoção de conteúdo de sítio eletrônico, relativa a informações de processos judiciais que deveriam tramitar sob segredo de justiça, ou, no mínimo, excluir a referência explícita ao nome da autora, menor de idade à época dos acontecimentos e que tinha imputada a seu desfavor conduta infracional. Decisão agravada indeferiu a tutela de urgência, ao fundamento de ausência de verossimilhança. Inconformismo por parte da autora. Não provimento. Autora não trouxe aos autos elementos que, por si só, convençam da probabilidade do direito. Possibilidade de reexame da questão no curso da instrução. Decisão mantida. Recurso desprovido.

Trata-se de agravo de instrumento interposto por Márcia Gonçalves Schuster contra decisão do E. Juiz de Direito Alexandre Zanetti Stauber, da 4ª Vara Cível da Comarca de Santo André, que, no curso da demanda originária, indeferiu a tutela de urgência (fls. 21/22).

A agravante recorre (fls. 01/07). Alega que provou os requisitos autorizadores à concessão da tutela de urgência. Aponta que as publicações mantidas no sítio eletrônico da ré afrontam o direito da autora, enquanto era adolescente à época dos fatos, de ter mantido sob segredo de justiça o processamento infracional de que foi objeto, em afronta à disposição legal expressa (artigo 143, parágrafo único, do Estatuto da Criança e do Adolescente). Menciona estar sofrendo perturbações de cunho moral, psicológico e emocional em razão da manutenção dessas informações no sítio eletrônico da ré, além de prejuízo à sua vida profissional, pessoal e financeira. Aduz que, nesse momento procedimental, não se discute quem seja o culpado pela divulgação do nome da agravante nas pesquisas, mas se debate, à vista da existência inequívoca de dano, a possibilidade e imprescindibilidade da exclusão dos referidos resultados, medida reversível ao final caso seja julgada improcedente a demanda. Requer, pois, o

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provimento do recurso, para que se conceda a tutela de urgência e se expeça ordem à ré para que se removam as publicações questionadas.

Inexistente pedido de antecipação de tutela recursal.

Dispensada formação de contraditório recursal, porque não perfeita a citação na origem.

É o relatório.

A parte autora alega, basicamente, que tem sofrido danos em virtude da exposição de seu nome em publicações mantidas pela ré-agravada em seu sítio eletrônico.

Nessas páginas virtuais, colhidas de acórdãos proferidos em processos criminais, haveria a referência ao nome da autora, por extenso, indicada a sua participação no ilícito, mesmo em se tratando de adolescente, à época, com 17 anos de idade.

Afirma que, a despeito de ter sido sancionada com medida socioeducativa, vem tentando se reinserir socialmente, tanto que constituiu família, terminou os estudos e ingressou no mercado de trabalho.

Assinala que, no começo do ano de 2016, teria participado de seleção rigorosa em uma empresa de transporte de carga, fora chamada a um contrato de experiência, mas, dentre os qualificados para o período experimental, teria sido a única a falhar de ser contratada definitivamente.

Insucesso este que atribui, por conversas que teve com alguns colegas de trabalho, ao conhecimento, pelo setor de recursos humanos da mencionada empresa, do envolvimento da autora, no passado, com os fatos criminosos em tela.

Daí sobrevir o pedido de tutela de urgência, embasado na existência de dano à sua imagem e no direito de preservação do sigilo de informações

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que diziam respeito à sua fase de adolescente, principalmente com base na prescrição legal do Estatuto da Criança e do Adolescente.

O recurso não comporta provimento.

Não merecem amparo os argumentos apresentados pela autora, ora agravante, para que seja reformada a respeitável decisão proferida em Primeiro Grau.

Conforme dispõe o artigo 300 do Código de Processo Civil, para que seja concedida a tutela de urgência é necessária a presença dos seguintes requisitos: probabilidade do direito ou perigo do dano.

Em adendo, como preveem o artigo 19, caput e parágrafo terceiro do Marco Civil da Internet, "Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário. (...) § 4o O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3o, poderá antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, existindo prova inequívoca do fato e considerado o interesse da coletividade na disponibilização do conteúdo na internet, desde que presentes os requisitos de verossimilhança da alegação do autor e de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação."

Com base nesses dispositivos legais, nota-se que os fatos questionados decorrem de replicação de conteúdo presente de diário oficial de Tribunal de Justiça paranaense, inexistindo indicação (i) seja de que houve comunicação àquele Tribunal, ou reconhecimento por este, do eventual erro consistente na publicação de sentença com informação do nome da parte autora em extenso, quando o sigilo ou, ao menos, uma menção velada ao nome da autora, porque menor de idade - deveria ser imperativo, (ii) seja de que o próprio sítio eletrônico réu teria sido notificado para a exclusão do mencionado conteúdo, de modo que não se pode cogitar, por ora, de

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imotivada resistência.

Ademais, temos que a interpretação buscada pela autora quanto ao artigo 143 do ECA a de que, em todas as hipóteses, deve ser preservado o sigilo de processo criminal que mencione o adolescente envolvido na prática de ato infracional não colhe outras situações igualmente possíveis de ocorrer, como o entendimento de que advento da maioridade civil e penal ao longo da tramitação daquela causa suprimiria a causa de decretação do sigilo, último caso este em que haveria, propriamente, um interesse da coletividade na disponibilização do conteúdo no diário oficial e, por consequência, extensível de ser conhecido pela internet.

Como bem destacado de precedente do Colendo Superior Tribunal de Justiça, em entendimento contrário ao que profliga a autora, “a proteção estatal prevista no ECA, em seu art. 143, é voltada ao adolescente (e à criança), condição que o réu deixou de ostentar ao tornar-se imputável. Com efeito, se, durante a infância e a adolescência do ser humano, é imperiosa a maior proteção estatal, a justificar todas as cautelas e peculiaridades inerentes ao processo na justiça juvenil, inclusive com a imposição do sigilo sobre os atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e, em especial, aos adolescentes aos quais se atribua autoria de ato infracional (art. 143 da Lei n. 8.069/1990), tal dever de proteção cessa com a maioridade penal, como bem destacado no referido precedente.” (RHC 63.855/MG, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO,

Rel. p/ Acórdão Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/05/2016, DJe 13/06/2016).

No mesmo sentido divergente à pretensão autoral: “é

equivocada a alegação da incidência, in casu, do art. 143, da Lei n. 8.069/90, visto que tal dispositivo de lei protege a intimidade da criança e do adolescente enquanto estiverem nessa condição, não havendo se falar em proteção para o adulto processado criminalmente perante o

Poder Judiciário” (HC 340.668/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA

TURMA, julgado em 04/02/2016, DJe 19/02/2016).

Uma vez fragilizado o argumento autoral de que seria absoluta a proteção conferida pelo artigo 143 do Estatuto da Criança e do Adolescente, subsiste, por ora, válido o entendimento esposado pelo juízo de primeiro grau, no

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sentido de que as publicações do Diário Oficial devem ser públicas, com abrangência ilimitada, podendo ser divulgadas e retransmitidas livremente, até que essa questão seja reavaliada no decorrer da causa.

Desse modo, ao menos na fase inicial desta demanda, é mais prudente aguardar o exercício do contraditório e produção probatória, quando poderá o Magistrado reapreciar o pleito de tutela de urgência.

Por conseguinte, nega-se provimento ao recurso a fim de que seja mantido o quanto decidido pela respeitável decisão de Primeiro Grau.

Na hipótese de apresentação de embargos de declaração contra o presente acórdão, ficam as partes intimadas à manifestação, no próprio recurso, a respeito de eventual oposição ao julgamento virtual, nos termos do artigo 1º da Resolução nº 549/2011 do Órgão Especial deste Egrégio Tribunal, entendendo-se o silêncio como concordância.

PIVA RODRIGUES Relator

Referências

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