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O pós-neoliberalismo na América Latina: análises que perpassam o campo da esquerda

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Academic year: 2021

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O “pós-neoliberalismo” na América Latina:

análises que perpassam o campo da “esquerda”

CLEOMAR LOCATELLI*

Resumo

O presente texto trata da compreensão de autores do campo da “esquerda” sobre o processo político que vem ocorrendo em alguns países da América Latina. O objetivo é relacionar tais compreensões – considerando as análises sobre o tipo de governo que se instalou na região, sobre o avanço do socialismo e de suas idéias e sobre a compreensão do papel do Estado - no sentido de capturar as perspectivas de mudanças que são observadas neste novo cenário.

Palavras chave: Política; Estado; Socialismo; Mudança social. Abstract

This text addresses the understanding of some of the field "polít leftist" on the political process that has occurred in some Latin American countries. The goal is to relate these understandings – considering that the analysis is on the type of government that was installed in the region, on the progress of socialism and its ideas and understanding on the role of the state – to capture the prospects for change that are observed in this new scenario.

Key words: Latin America, polít leftist, socialism and social change.

*

CLEOMAR LOCATELLI é professor da Universidade Federal do Tocantins/ Campus de Tocantinópolis – TO; Doutor em Políticas Públicas. E-mail: locatelli@uft.edu.br

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Presidentes que representaram grupos no poder com maior enfrentamento das forças neoliberais. Hugo Chave (Venezuela), Fidel Castro (Cuba) e Evo Morales (Bolívia)

Fonte: GazilaCig/Atualidade Disponível em:

http://www.galizacig.com/actualidade/200609/alai_sistema_mundial_e_america_latina.htm. Acesso em: 21 de dezembro de 2011.

1. Introdução

Os acontecimentos políticos das últimas décadas na América Latina têm dividido as opiniões dos especialistas no assunto. Os intelectuais de “Esquerda”1,– considerados aqui aqueles que adotam um ponto de vista crítico em relação ao sistema capitalista – mesmo desenvolvendo alguns pontos de vista

1

A própria compreensão da palavra esquerda carece de uma reflexão nos tempos atuais. Essa discussão é levantada por Boron (2007) que questiona o uso indiscriminado do termo para caracterizar os diversos governos que triunfaram na América Latina criticando as políticas inspiradas no Consenso de Washington. Fazendo referencia a Bobbio o autor lembra que ser de esquerda “é colocar a radical inadmissibilidade – ética, política e social – da desigualdade.” (p. 12)

semelhantes, apresentam também interpretações diversas sobre o atual momento político da região.

O objetivo do presente trabalho é relacionar um conjunto de compreensão acerca do fenômeno político que se desenvolveu na América Latina nas últimas décadas, considerando as análises sobre: tipo de governo que se instalou na região; sobre o avanço do socialismo e de suas idéias e; sobre a compreensão do papel do Estado. Compreende-se que um trabalho desta natureza possa ser uma contribuição para a análise das perspectivas de mudanças que se apresentam neste novo cenário.

Ao tomarmos como campo de

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autores, compreendemos que suas análises não devem ser enquadradas de uma forma linear ou definitivas. Consideramos que tais manifestações podem variar não só em função da concepção que cada um adota, mas também podem sofrer influência no

tempo, motivadas por novos

acontecimentos.

Assim, para possibilitar uma compreensão mais ampla do chamado “pós-neoliberalismo” Latino Americano, o presente texto procura organizar as várias compreensões deste fenômeno conforme o que se observa em relação aos processos de mudança que vêm ocorrendo. Veremos que embora haja consenso em relação ao surgimento de uma ampla rejeição às políticas neoliberais, os autores consultados não apresentam o mesmo entusiasmo sobre as perspectivas para a ampliação do processo de democratização e para construção do socialismo. Neste caso, há os que notam a existência de um conjunto generalizado de mudanças positivas em todos os países que elegeram líderes de “esquerda”; há os que observam as mudanças positivas de forma mais restrita, em apenas alguns desses países; e há ainda os que não observam mudanças positivas neste novo cenário.

2. Há um conjunto de mudanças positivas

Autores como Mészáros (2006) e Emir Sader (2008), por exemplo, verificam um conjunto de mudanças positivas na região. Observam no conjunto dos novos governantes oriundos do campo das esquerdas na América Latina, uma reação geral contra o neoliberalismo se expressando de forma diferenciada em cada país. Essa diferenciação se deve, sobretudo, ao grau de penetração das políticas neoliberais em períodos anteriores. Isso explicaria, por exemplo,

porque em países como Brasil, Argentina, Chile e México o avanço das mudanças apresentam um ritmo inferior ao que acontece na Venezuela e na Bolívia. A resposta de Mészáros a uma pergunta da Folha de São Paulo em Janeiro de 2003, sobre os paralelos entre Luis Inácio Lula da Silva e outros líderes latino-americanos como Fidel Castro e Hugo Chaves, torna-se elucidativa neste sentido:

Os paralelos são de longo alcance, apesar das óbvias diferenças entre as circunstâncias sob as quais estes líderes radicais vierem a ocupar a sua posição atual como chefes dos seus respectivos governos. Os paralelos são dominantes porque sublinham forçosamente que toda a América Latina mostra necessidade duma mudança mais profunda, verdadeiramente radical [...] (MÉSZÁROS, 2006, p. 13)

Não é diferente a posição de Sader quando destaca o avanço dos diversos governos de esquerda na região, mesmo considerando que uns conseguem impor rupturas ao modelo anterior enquanto outros conseguem flexibilizá-lo. Para este autor é importante reconhecer que “Conseguimos ter governos com traços contraditórios e isso foi resultado da luta, de uma luta exitosa. A alternativa era ter governos de direita, não de esquerda.” (2008, p. 3)

Esses governos, no geral tomaram medidas que apontam para uma ruptura com o modelo herdado. E neste sentido observam que isso tem significado uma ponte na direção do empresariado industrial e outra na direção dos

beneficiários das políticas

redistributivas. Observam também uma nova composição política em que as centrais sindicais e os movimentos sociais passaram a integrar o conjunto dos atores que influenciam as políticas governamentais.

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Presidentes que representaram grupos no poder oscilante: não aprofundam nem enfrentam o neoliberalismo

Luiz Inácio da Silva – Lula (Brasil) e Nestor Kirchner (Argentina)

Fonte: Portal de notícias Terra. Lula e Kirchner conversam durante encontro da Unasul Foto: EFE. Disponível em:

http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4413594-EI8140,00-Nestor+Kirchner+e+eleito+secretariogeral+da+Unasul.html. Acesso em 21 de dezembro de 2011

Sobre o avanço do socialismo na região, esses autores consideram que ele advém da ampla participação das pessoas no processo político. Por isso, o traço contraditório ao modelo neoliberal deve ser valorizado em todos os países que elegeram políticos de esquerda na América Latina. É significativo, para Sader, por exemplo, o fato de esta região ter sido, em décadas passadas, um “paraíso” neoliberal e mais recentemente ter se transformado em “[...] oásis antineoliberal num mundo ainda dominado pelo modelo neoliberal,[...]” (2009, p. 33) Para esses autores, o Estado apresenta um caráter conflitivo e contraditório, suas formas e funções não são dadas definitivamente. Se por um lado as formas tradicionais do Estado não conseguem assegurar os requisitos

produtivos do capital, sua

contraditoriedade oferece condições para

um desenvolvimento positivo, que deve ser complementado com importantes componentes sociais. Na proposição de Mészáros,

O Estado, apesar de seu papel crucial para a sobrevivência do sistema, não é de forma alguma uma 'entidade homogênea'. Pelo contrário, é cheio de contradições. Se o Estado pudesse se transformar numa entidade homogênea, não haveria espaço para o pensamento crítico. Assim, seriam sombrias as perspectivas de uma solução viável para a crise estrutural de nossa ordem social. Mas a conflituosidade irreprimível das relações manifesta no funcionamento estatal oferece também 'alavancagem' para desenvolvimentos positivos possíveis. (2009) 2

2

Entrevista concedida à redação da Carta Maior.

Disponível em:

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3. As mudanças positivas são observadas em alguns países

O conjunto de mudanças positivas, no sentido de uma superação do modelo de produção capitalista, não ganha as mesmas cores para um grupo de autores

que buscam estabelecer uma

diferenciação entre os diversos governos que personificam os países latino-americanos neste início de século. Relacionando alguns podemos citar: Atílio Boron, Cláudio Katz e Michael Löwy. Para estes, o cenário político regional traz hoje governos conservadores, centro-esquerdistas e nacionalistas, ou considerando apenas os governos que foram eleitos com um discurso crítico às políticas neoliberais, identificam de um lado aqueles que estão cumprindo o prometido e do outro, os que não estão.

Para Cláudio Katz,

Os conservadores são neoliberais, pró-americanos, repressivos e opostos a qualquer melhora social. Os centro-esquerdistas mantêm uma relação ambígua com os Estados Unidos, arbitram entre os empresários, tolerando as conquistas democráticas e bloqueiam as melhorias populares. Os nacionalistas radicais são mais estatistas, chocam-se com o imperialismo e com a burguesia local, mas oscilam entre o neo-desenvolvimentismo e a redistribuição de renda. (2007a) Michael Löwy (2006), analisando a eleição de presidentes de esquerda nos países da América Latina, constata que uma vertente estabelece rupturas com o neoliberalismo enquanto outra, mesmo procurando apresentar uma variante mais social às suas ações, não rompe com esse modelo. No primeiro grupo o

Imprimir.cfm?materia_id=15617> acesso em 09 de fevereiro de 2009.

autor relaciona Cuba, Venezuela e Bolívia e no Segundo Brasil, Argentina, Uruguai e Chile. Em análise semelhante, Boron (2007) propõe que para ser um governo de esquerda deve sustentar um “[...] radical anticapitalismo. Por isso, somente governos como o de Cuba, e em menor medida (tendo em vista a sua breve experiência) Venezuela, Bolívia e Equador podem ser qualificados como governos de esquerda.” (p. 12)

A perspectiva para o socialismo dentro deste grupo passa por uma reafirmação de sua existência e resistência em Cuba e pelo destaque ao aumento de sua popularidade na Venezuela e na Bolívia. Esse entusiasmo com as perspectivas socialistas na América Latina considera a possibilidade de uma construção genuína e uma reflexão renovada sobre o tema, passando de várias formas de manifestações anticapitalistas para construções inteiramente novas de socialismo. Conforme compreende Boron (2009),

Cada processo é uma criação histórica única e, apesar de alguns ‘denominadores comuns’ – como, por exemplo, a intransigente batalha contra as relações capitalistas de produção (e não só contra o neoliberalismo) e a mercantilização de todos os aspectos da vida social, desde bens e serviços a idéias, religiões, política e o Estado –, as experiências concretas de construção socialista neste século serão muito distintas entre si. A experiência cubana é inimitável; Chávez também; o mesmo ocorre com Correa e Evo.3

De uma forma geral, esses intelectuais apostam no caráter conflitivo do Estado.

3

Entrevista concedida ao Jornal Correio da Cidadania, em 11 de fevereiro de 2009.

Disponível em:

htpp://www.correiodacidadania.com.br>. Acesso em 12 de fevereiro de 2009.

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Assim como o grupo anterior, acreditam que o Estado, dentro da sua contraditoriedade, oferece condições para um desenvolvimento positivo dos interesses dos trabalhadores, que deve ser complementado com importantes componentes sociais. Em última análise, julgam imprescindível a existência do Estado-nação como força coletiva capaz de fazer prevalecer os interesses dos oprimidos frente os opressores. Buscam uma interpretação marxista em que “[...]

o Estado é a alavanca que o proletariado deve tomar em suas mãos para remover

as formas capitalistas que

obstacularizam o passo da história.” (MARINE, 2005, p. 217) Sem o Estado “não haveria forma de suspender os pagamentos da dívida externa, aumentar os gastos sociais, redistribuir as rendas, introduzir impostos progressivos, modificar os acordos alfandegários ou recuperar a propriedade pública das empresas estratégicas.” (KATZ, 2005c).

Presidentes que representaram grupos no poder alinhados às forças neoliberais Filipe Calderón (México) e Álvaro Uribe (Colômbia)

Fonte: Infosurhoy. Disponível em:

<http://www.infosurhoy.com/cocoon/saii/xhtml/pt/features/saii/features/2009/08/17/feature-01> Acesso em: 21 de dezembro de 2011

4. Não há mudanças positivas Numa perspectiva menos otimista ainda em relação às mudanças positivas na região, James Petras (2007) – tomando como critério de classificação, principalmente, o grau de aproximação ou distanciamento dos interesses dos Estados Unidos – considera que existem hoje na América Latina quatro blocos de poder: No primeiro, denominado de esquerda radical, estariam as FARC

(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) no Brasil, os sindicatos e movimentos camponeses na Venezuela, os setores do movimento camponês e indígena na Bolívia, Equador e Peru, os setores do

movimento sindical e dos

desempregados na Argentina, ente outros. Estes são totalmente antiimperialistas, mas ainda não

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chegaram às instâncias governamentais. No segundo, formado pela esquerda pragmática, estão os governos da Venezuela, da Bolívia e de Cuba. Estes, mesmo de esquerda, são pragmáticos porque não desapropriaram o capital, não deixaram de pagar suas dívidas e não rompem com os Estados Unidos ou mantém relações importantes com seus aliados. O terceiro bloco é formado pelos neoliberais pragmáticos, personificado principalmente, pelo governo Lula no Brasil e pelo governo Kirchner na Argentina. Estes, ao mesmo tempo em que mantém relações

amistosas com Washington e

aprofundam políticas privatistas, não respaldam as ações estadunidenses contra Hugo Chaves e seus aliados. Por fim, o quarto bloco é formado pelos neoliberais doutrinários onde estão os governos do México, da Colômbia, do Chile e do Peru, que respaldam inteiramente interesses norte-americanos.

Para Petras, os intelectuais de esquerda exageram na crença em relação à radicalidade revolucionária de governos “pragmáticos” como Venezuela e Cuba, assim como erram em nivelar os governos do Brasil e da Argentina com os da Venezuela, da Bolívia e de Cuba. Mesmo observando diferenças entre o que ele chama de esquerdistas pragmáticos e neoliberais pragmáticos, hoje no poder, conclui que “Enquanto a

maioria promove programas

minimalistas de subsistência e contra a pobreza, nenhum segue mudanças estruturais sobre a propriedade da terra e os investimentos públicos para criar emprego e chegar à raiz da pobreza.” (2006). Segundo sua análise, um

programa de esquerda exige

transformações sociais substanciais, por isso seria um erro acreditar num verdadeiro renascimento da esquerda na América Latina atualmente.

A posição de Peter – embora mais recentemente tenha reconhecido que as políticas distributivas na Venezuela tenham levado a uma inversão da política que cria multimilionários e extrema pobreza (2007 b) – é a que mais se aproxima dos grupos políticos da região que buscam uma filiação teórica com o trotskismo. Os trotskistas brasileiros, por exemplo, na sua maioria, ligados ao PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados), não observam nenhuma novidade em governos como o da Venezuela e da Bolívia e consideram inviável esperar qualquer revolução “democrática” ou “antiimperialista” dessas experiências, tendo em vista serem amparadas em relações de trabalho capitalistas, na divisão de classe e no aumento do poder do Estado.

Tanto para Peter como para os trotskistas brasileiros, a mera perspectiva discursiva referente ao passado dos grupos ou partidos de esquerda que hoje assumem o poder, não pode ser parâmetro para considerar a existência de uma perspectiva positiva em relação ao socialismo. Consideram ser fundamental que o socialismo seja obra dos próprios trabalhadores, e isso é suficiente para se concluir que até o momento, na América Latina, não tenha havido avanços nesta direção.

O Estado, nesta concepção, jamais será capaz de levar às mudanças estruturais no sentido da superação das relações de exploração próprias do capitalismo. Como afirma um dos dirigentes do PSTU, “Nenhum setor da burguesia, da oficialidade militar, da burocracia estatal ou da pequena-burguesia foi capaz de abrir o caminho do socialismo para o proletariado.” (DEMIER, 2007) Em outras palavras, a classe trabalhadora precisa ser protagonista das mudanças que lhes interessam.

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5. Conclusão

Em síntese, a leitura dos autores acima destacados (analisando-os ainda de uma maneira bem ampla), nos permite relacionar três concepções dominantes na interpretação da “novidade” política apresentada pela América Latina neste início de século. Uma primeira concepção tende a considerar o conjunto dos acontecimentos políticos desta região dentro de uma perspectiva geral de mudanças positivas, pois considera que o surgimento de “líderes radicais” é o resultado da necessidade e da urgência de mudanças na região, e mesmo admitindo diferentes graus de aprofundamento dessas mudanças, as vêem como de extrema importância em todos os países que avançaram para a “esquerda”, pois na menor das hipóteses têm permitido “flexibilizar o modelo anterior”.

Uma segunda concepção não

desconhece o conjunto de novidades políticas que vêm surgindo em vários países latino-americanos, mas, no entanto, faz uma clara distinção entre os

países que conseguem algum

rompimento com as políticas neoliberais e com o poder hegemônico dos Estados Unidos e aqueles que assumem uma postura contraditória, tolerando algumas conquistas democráticas e freando melhorias populares, ao passo que atendem aos interesses mais amplos do capitalismo financeiro hegemônico. A terceira concepção tende a não considerar que tenha havido “grandes novidades” no cenário político da região. De forma geral, esta concepção observa mudanças que se tornaram convenientes para os interesses do capitalismo hegemônico atual. No lugar de líderes radicais, com profundo enraizamento nas lutas populares, notam “neopopulistas” ou “esquerdistas pragmáticos” funcionais aos interesses das grandes

corporações e do capital financeiro internacional, transformando as massas trabalhadoras, os desempregados e a população pobre de forma geral, em dóceis e agradecidos participantes de

programas assistenciais e

compensatórios.

Sob o ponto de vista da diferenciação interna entre os novos governantes da América Latina, como tendência, também se podem observar dois tipos de compreensão em relação aos governos de “esquerda”: de um lado aqueles que tomam o conjunto das personificações estatais como um único bloco, seja considerando-os como impulsionadores de mudanças dentro dos limites possíveis que a ordem capitalista historicamente estabelecida permite, seja traindo os interesses das camadas mais pobres da sociedade e daqueles que os fizeram governantes. E do outro, aqueles que fazem uma clara divisão, classificando cada governo conforme seu grau de comprometimento com as mudanças sociais, com a distribuição de renda, com a defesa dos interesses nacionais e com o aprofundamento da democracia.

Como estudo preliminar das diversas contribuições para a compreensão da realidade política da América Latina, o presente texto, não pretende nenhuma conclusão a priori. As interrogações sobre os rumos políticos e sobre as perspectivas de mudanças na região devem continuar, assim como, as tentativas de compreensão, diferenciação e comparação entre os diversos estudiosos do tema devem progredir, permitindo que se ampliem as possibilidades de compreensão da realidade, especialmente para aqueles que buscam a transformação social em favor da classe trabalhadora. Pois, como afirma Marine (2005, p. 229) “A tarefa central da esquerda latino-americana

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consiste em formular uma alternativa viável a esse projeto, desenvolvendo-o como as massas.”

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