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CARACTERIZAÇÃO DOS DANOS FITOPATOLÓGICOS EM PÓS-COLHEITA DE PINHÃO

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Academic year: 2021

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CARACTERIZAÇÃO DOS DANOS FITOPATOLÓGICOS EM PÓS-COLHEITA DE PINHÃO

Isis Maria Fernandes de Candia1,4, Cassandra Costa Selau1,4, Antônio Lúcio Corrêa Borba1,4, Eduardo Seibert1,4; Jéssica Schmidt-Bellini1,4

1

Estudantes do curso Técnico em Agropecuária; 2

Acadêmico do curso de Agronomia; 3

Professor de Ensino Técnico e Tecnológico. 4

Instituto Federal Catarinense Campus Sombrio. E-mail: jessica@ifc-sombrio.edu.br 1 Introdução

Os fungos são os principais causadores de doenças pós-colheita, como conseqüência do amplo número de espécies envolvidas e da diversidade e eficiência dos mecanismos de penetração nos órgãos vegetais (Agrios, 1995). As doenças pós-colheita podem iniciar no campo, durante o desenvolvimento do fruto, ou surgirem depois, com a maturação fisiológica (Cappellini e Ceponis, 1984). As infecções pré-colheita podem ocorrer via epiderme, com a penetração direta do patógeno através da cutícula intacta, ou através de aberturas naturais na superfície das frutas, como as lenticelas. As infecções quiescentes podem iniciar em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, com a inibição do desenvolvimento do patógeno através de condições fisiológicas impostas pelo hospedeiro, até que o estádio de maturação da fruta tenha sido alcançado (Jeffries et al., 1990). Mudanças fisiológicas normais do hospedeiro, manuseio incorreto ou condições ambientais adversas podem disparar a transição da fase de quiescência para agressiva, promovendo o desenvolvimento da doença (Cappellini e Ceponis, 1984; Jarvis, 1994). A suspensão da quiescência em alguns patógenos pós-colheita pode ser ainda, o resultado do declínio na concentração de componentes antifúngicos (Droby et al., 1987; Prusky et al., 1988; Prusky e Keen, 1993) e/ou de mudanças anatômicas na estrutura da fruta (Brown e Wilson, 1968).

As infecções ativas ocorrem quando os frutos já iniciaram ou completaram o processo de maturação, progredindo à medida que as condições ambientais favorecem o crescimento do patógeno. Nessas infecções, a penetração se processa através de ferimentos que podem ser realizados durante as operações de colheita e armazenamento, tais como injúrias causadas por aquecimento, baixas temperaturas, etileno, e durante a comercialização (Eckert, 1980; Bruton, 1994). Quando essas infecções ocorrem bem antes da colheita, resultam, normalmente, na eliminação do produto antes da comercialização, no entanto, quando ocorre antes ou durante a colheita, freqüentemente entram no comércio, devido às infecções não serem claramente visíveis ou as frutas não terem sido descartadas previamente (Cappellini e Ceponis, 1984).

A colonização de frutos por fungos pode determinar perdas quantitativas, principalmente quando ocorre o rápido ataque dos patógenos aos tecidos sadios, ou perdas qualitativas, que são decorrentes de efeitos deteriorativos como descolorações, manchas e produção de odores desagradáveis (Chitarra e Chitarra, 1990; Benato, 2002). Adicionalmente, a detecção de micotoxinas em frutas colonizadas por fungos tem despertado preocupação (Sylos e Rodriguez-Amaya, 1999; Drusch e Ragab, 2003), pois essas substâncias constituem ameaça potencial à saúde, sendo tóxicas para animais e causadoras de mutagênese e carcinogênese em células humanas (Yiannikouris e Jouany, 2002).

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Visando compreender os eventos envolvidos no desenvolvimento de doenças fúngicas pós-colheita em pinhão (Araucaria Angustifolia) e minimizar os danos ocasionados por podridões, este trabalho tem como objetivos: i. identificar os fungos que ocorrem em pinhões e quantificar a incidência das doenças causadas por eles, ii. estudar diferentes etapas do processo de patogênese, iii. medir a eficiência do controle físico no desenvolvimento dos patógenos e das doenças.

2 Material e métodos

Identificação dos fungos que ocorrem em pinhões armazenados e quantificação da incidência das doenças causadas por eles

Amostras de 60 cones de pinheiro (Araucaria angustifolia), entre seis e dez gramas foram avaliados aos 30, 60, 120, 180 e 240 dias após o armazenamento (DAA) em diferentes tratamentos: no próprio fruto (pinha); em rede plástica; em bolsas plásticas; congelados a -15ºC; congelados sem água a -15ºC; a vácuo, com casca; a vácuo, sem casca.

A amostragem foi realizada em maio, sendo analisado 45 sementes em cada tratamento, com um total de 420. As sementes coletadas foram lavadas com água e sabão, postas a secar por 30 min e, em seguida, incubadas sobre a base de placas de Petri contendo algodão hidrófilo umedecido com água destilada esterilizada, sendo o conjunto envolto com saco plástico, constituindo a câmara úmida. Decorrido o período de 24 h, a câmara úmida foi removida e as sementes mantidas em condições de temperatura ambiente (28 + 2 ºC) por cinco dias. Após esse período, avaliou-se a incidência de fungos, caracterizados pela medição das áreas afetadas.

Os fungos encontrados foram isolados em laboratório, constindo na desinfestação superficial de fragmentos de tecidos lesionados com solução de NaClO: água destilada esterilizada na proporção de 1:3 (v:v) por um minuto e lavagem por duas vezes em água destilada esterilizada, seguida do plaqueamento dos fragmentos em meio Ágar-agar (A.A.) e incubadas por oito dias, à temperatura de 28 ± 2 ºC. Para a identificação dos fungos adotou-se critérios estabelecidos internacionalmente (Rossman et al., 1994), com base nas observações micromorfológicas das culturas.

Estudo das diferentes etapas do processo de patogênese

Avaliou-se: i. o tipo de infecção (aberturas naturais, passagem forçada ou saprófitas), ii. se a infecção ocorre somente na parte externa da casca, na parte intermediária ou na mais interna e/ou no endocarpo e, medido o tamanho do micélio (cm).

Medição da eficiência do controle físico no desenvolvimento dos patógenos e das doenças

Todos os tratamentos foram comparados entre si, buscando identificar aquele que melhor controlou os fungos e adicionalmente, não provocaram alteração na aparência do produto.

Análises estatísticas

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições, sendo cada repetição constituída por uma amostra de 45 sementes. Submeteu-se os dados de incidência dos fungos presentes, à análise de variância, seguida por separação de médias pelo teste de Tukey (5%).

3 Resultados e discussão

O fungo presente em todas as amostras e tratamentos foi identificado como Penicillium e este resultado é recorrente nos dados das safras anteriores (conduzido desde a safra de 2010). No ano de 2012, além de Penicillium, também foram encontrados Monilinia e Moniliella. Como

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verificado em outros estudos (Medeiros et al., 1992; Santos, 2000; Strapasson et al., 2002), é frequente a associação de fungos, patogênicos ou não, às sementes de espécies florestais.

Penicillium é um fungo fitopatogênico, que na maior parte ou em todo o seu ciclo de

vida se comporta como saprófita e por isto, é considerado de importância secundária. Entretanto, deve-se ter em mente que este é um agente potencialmente produtor de toxinas, o que leva à contaminação das sementes para consumo, além de a campo, reduzir a viabilidade das sementes (Possobon, 2002). Monilinia é causador de podridão de órgãos vegetais, principalmente os macios, que não é o caso das sementes de Araucaria angustifolia, mas que pode provocar danos ao produto comercializado e Moniliella, segundo Roigé et al (2009), é produtor de toxinas, o que representa junto com Penicillium, risco ao consumo dos pinhões.

Em relação ao processo de patogênese, em nenhuma das amostras em qualquer dos tratamentos o fungo foi capaz de penetrar a casca, seja por aberturas naturais, seja forçando sua entrada, localizando-se somente na superfície e, desta forma, comportando-se como saprófita. Devido ao insucesso do fungo no processo de colonização do hospedeiro, o estudo da patogênese ficou limitado somente à parte externa da casca do pinhão, uma vez que a colonização interna ao menos do mesocarpo, embora fosse esperada, não tenha ocorrido em nenhum dos tratamentos.

Estes dados de fracasso do fungo na colonização são recorrentes do estudo realizado na safra do ano anterior (amostragens de 2010). Testes posteriores de manutenção fúngica sobre a casca dos pinhões sob temperatura ambiente e expostos ao ar, tiveram como resultado o ressecamento do micélio e morte dos fungos.

Já em relação aos métodos de armazenamento, os pinhões que apresentaram maior incidência de fungo foram os tratamentos Pinha, seguido pelos em rede, em Vácuo com casca (VC) e em Atmosfera Modificada (AM); em Congelado com Água (CCA) e Congelado Sem Água (CSA) não houve desenvolvimento microbiano (Tabela 1).

Na Pinha o desenvolvimento pode ter sido maior devido à manutenção da umidade na estrutura intacta, fornecendo condições para a proliferação fúngica. Embora o tratamento em rede plástica também tenha apresentado Penicillium e estatisticamente não seja diferente da pinha, ao longo do tempo de estudo, os fungos nesta continuam a se desenvolver, enquanto os na rede passam a sofrer ressecamento juntamente com a casca.

Os tratamentos a vácuo e em AM, embora tenham possibilitado o desenvolvimento, foram inferiores aos dois anteriores e acredita-se, está fortemente relacionado, respectivamente, à ausência do oxigênio, por tratar-se de organismo aeróbio e também da temperatura ambiente adversa (-15ºC), quando o ideal é 13ºC.

Tabela 01 – Comparação do crescimento micelial médio (mm) de Penicillium nos diversos tratamentos em pinhão

Tratamentos Média

Pinha 8,33 a

Rede 6,04 a

Vácuo com casca 1,93 b Atmosfera Modificada 0,75 b Congelado com água 0,00 c Congelado sem água 0,00 c

Médias seguidas da mesma letra (coluna) não diferem significativamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Dunnet.

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Este trabalho evidenciou a contaminação de sementes de Araucaria angustifolia por fungos saprófitas e fitopatogênicos, especialmente aqueles produtores de toxinas (Penicillium e

Moniella), que representam risco ao consumidor, além da possibilidade a campo, de

tomabamento de plântulas, no caso de Monilia.

4 Conclusões

Os tecidos externos da casca do pinhão, bem como sua forte sutura constituem-se em uma barreira intransponível para os fungos, que somente consegue colonizá-lo externamente e aida assim, quando as condições externas lhes são favoráveis. Assim, as diferentes formas de embalagens em frio, são eficientes em reduzir o desenvolvimento dos organismos associados aos pinhões, especialmente quando congelados.

Considerando-se que a produção de micotoxinas pode ocorrer nas diversas fases do desenvolvimento, maturação, colheita, transporte, processamento e armazenamento dos produtos vegetais, percebe-se a vital importância da pós-colheita no processamento e acondicionamento adequados dos vegetais e suas partes a serem consumidos, por animais e por humanos, estando relacionada diretamente não só à economia, mas principalmente a saúde pública.

5 Agência de fomento

O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil, com bolsa de Iniciação Científica da primeira autora.

6 Referências bibliográficas

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