obtenção e caracterização do extrato
da polpa da dinocarpus longan
anelisa capucho Machado
caroline rana rosa bernardo
Mary Mitsue Yokosawa
Doutora em Físico-Química pela Universidade de São Paulo. Professora Titular das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila.
anelisa capucho Machado
Mary Mitsue Yokosawa
caroline rana rosa bernardo
Graduada em Ciências Biológicas pelas Faculdades Integradas Teresa D’Avila. Auxiliar administrativa e Educadora do Centro Educacional Diferencial Serelepe.
Graduada em Biologia pelas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila.
resuMo
Na polpa do fruto da Dimocarpus longan é encontrado além de açúcares, uma família de compostos químicos denominados flavonóides, estes têm demonstrado que previnem ou retardam o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. O projeto tem como finalidade utilizar integralmente os componentes da Dimocarpus longan, a fim de se obter extratos que possam futuramente ter uma utilização medicinal, sendo estes anali-sados por diversas técnicas. A principal técnica utilizada neste projeto para determinar os açúcares presentes na polpa foi a de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Dos resultados obtidos, concluiu-se que no extrato da polpa da Dimocarpus longan contém boa quantidade de açúcares (glicose e xilose) que podem ser investigados para futura uti-lização em produtos alimentícios, fármacos, cosméticos ou até mesmo medicinais.
palavras-chave
abstract
KeYwords
introdução
A análise química de plantas é muito útil para se quantificar substâncias já conhecidas e identificar novos compostos que futuramente poderão ser utilizados na composição de fármacos, cosméticos, na indústria alimentícia, entre outros.
A longan, longana ou olho-de-dragão (Dimocarpus longan), árvore frutífera da família Sapindaceae (assim como a lichia e o guaraná), os frutos, mesmos semelhantes aos da lichieira, diferenciam-se, quando maduros, pela coloração acastanhada e pelo sabor menos pronunciado. É originária do sudeste asiático, mais precisamente da zona subtropical da China (LIMA et al., 2005; FERRÃO, 2009). A Dimocarpus longan mesmo sendo raramente conhecida, atualmente encontra-se no oeste paulista e também no Vale do Paraíba.
São encontradas nesta planta substâncias que apresentam grande In the fruit pulp of longan Dimocarpus is found in addition to sugars, a family of chemical compounds called flavonoids, which have shown that they prevent or slow the development of some cancers. The project aims to make full use of the components of Dimocarpus longan in order to obtain extracts that may eventually have a medicinal use, which are analyzed by various techniques. The main technique used in this project to determine the sugars present in the pulp was of high performance liquid chromatography (HPLC). From the results, we concluded that the extract from the pulp of longan Dimocarpus contains good amount of sugars (glucose and xylose) that can be investigated for future use in food products, pharmaceuticals, cosmetics and even medicines..
importância devido ao seu valor nutricional, além do seu papel funda-mental dentro do metabolismo de plantas, tais como proteínas, lipídeos, carboidratos e minerais.
Considerando-se o desenvolvimento da indústria e a procura de aditivos alimentares, a semente deste fruto poderia, ainda, ser avaliada e utilizada em virtude de seu conteúdo fenólico que tenha sido reivindicada para expandir seus efeitos benéficos à saúde.
O projeto tem como objetivo identificar os açúcares presentes no extrato da polpa da Dimocarpus longan através da cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).
Matérias e Métodos
Materiais: balança; Becker; bastão de vidro; água destilada; filtro; ácido
sulfúrico; autoclave.
Método
Os frutos da Dimocarpus longan foram colhidos em uma chácara na re-gião de Canas – Vale do Paraíba/SP. As amostras colhidas foram levadas para o Laboratório de Biotecnologia da Escola de Engenharia de Lorena EEL – USP, local onde foram realizadas as análises.
Para obtenção do extrato, pesou-se 60,00g da polpa do fruto maduro, que foi macerado e acrescentado 200mL de água destilada, sendo então filtrado e lavado com mais 50mL de água destilada, essa amostra líquida foi recolhida em um balão volumétrico (50 mL) e retirada uma alíquota para realizar a análise por CLAE.
Visando determinar se haviam oligômeros na solução extraída, rica em açúcares, procedeu-se o seguinte experimento:
- Foi retirada uma alíquota de 40mL e colocada em um erlenmeyer de 250mL e acrescentado 10mL de ácido sulfúrico (72% v/v), sendo esta
so-lução transferida para a autoclave em temperatura de 121°C, durante 30 minutos. Foi armazenada em freezer para posterior análise por CLAE. Para identificação e quantificação dos açúcares contidos nos frutos, utilizou-se um cromatógrafo líquido da marca SHIMATZU, munido de detector de índices de refração RI 10A. Para tal, utilizou-se H2SO4 0,005m como fase móvel (eluente) e uma coluna de troca iônica da marca BioRad 87H como fase estacionária. Empregou-se um fluxo de 0,6ml por minuto e temperatura do forno, contido a coluna de 45ºC.
resultados e discussão
Pode-se identificar e quantificar os açúcares e ácidos carboxílicos presen-tes em amostras através de curvas padrões de açúcares com concentração conhecida e obtidas as áreas correspondentes, gerando uma equação matemática para cada composto, como mostra a Figura 1.
Das análises de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) pode-se observar a presença de dois picos significativos em 9,2 minutos e 9,9 minutos, os quais foram identificados por intermédio dos tempos de retenção como sendo a glicose e xilose, como mostra a figura 2, sendo a glicose em concentração de 4,13g/l e a xilose em concentração de 4,44g/l, indicando que existe boa quantidade de açúcares, na solução obtida da polpa do fruto maduro da Dimocarpus longan (RODRIGUES et al., 2005; COLLINS; BRAGA; BONTO, 2006), estas quantidades foram determinadas através da curva padrão apresentada na figura 1.
Através da hidrólise realizada observou-se que existem dímeros ou tríme-ros de glicose e xilose na polpa desta fruta, pois houve um aumento de 17,4% em glicose e 23,4% em xilose, evidenciando que o fruto contém uma quantidade significativa de açúcares não monoméricos tais como a xilobiose e xilotriose, os tempos de retenção para estes compostos fo-ram identificados anteriormente pelo Grupo de Conversão de Biomassa Vegetal (GCBM). O aumento da quantidade de glicose pode ser atribuído à sacarose ou celobiose ou até mesmo ao amido que poderão estar pre-sentes na amostra. Para uma afirmação, seria necessário utilizar outras técnicas analíticas para identificar estes polissacarídeos.
O pico com tempo de retenção de 7,5 minutos e duas bandas entre 8 e 8,5 minutos não foram identificados. O pico negativo em torno de 6,5 minutos é correspondente à água.
A análise da fração hidrolisada com ácido sulfúrico (pH = 1) em auto-clave é mostrada na figura 3, onde pode-se observar que os picos em tempos de retenção 7,8; 8 e 8,5 minutos praticamente desaparecem e concomitantemente houve um aumento nas concentrações de glicose e xilose, e o pico em 6,5 minutos corresponde ao ácido sulfúrico utilizado na hidrólise.
conclusão
Dos cromatogramas obtidos da análise do extrato da polpa, conclui-se que esta contém açúcares (xilose e glicose) em quantidades apreciáveis que podem ser aproveitadas futuramente em produtos alimentícios, fármacos, cosméticos ou até mesmo medicinais, sendo para tanto ne-cessário um estudo mais aprofundado sobre esses açúcares. Também se pode concluir que após a hidrólise ácida a quantidade de açúcares teve um aumento significativo indicando que existem além de açúcares monoméricos outros tipos de açúcares que podem ser oligossacarídeos ou polissacarídeos (como a sacarose ou até mesmo amido), porém para confirmação desses tipos de açúcares é necessário utilizar outras técnicas mais específicas.
referências
COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L.; BONTO, P. S. cromatografia líquida de
alta eficiência. Campinas: Editora da Unicamp, 2006.
FERRÃO, J. E. M. fruticultura tropical: espécies com frutos comestíveis. Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical, 1999. v.1.
LIMA, G. P. P. et al. Atividade antioxidante de frutos de longan cultiva-dos em Botucatu/SP. Botucatu: UNESP – Instituto de Biociências – De-partamento de Química e Bioquímica. Resumo 2005. Disponível em: <http://200.210.234.180/HORTA/Download/Biblioteca/45_0422.pdf> Acesso em: 15 mar. 2008.
RODRIGUES, A. C. et al. Determinação por cromatografia gasosa de açúcares em frutíferas de clima temperado. rev. bras. frutic., v. 27, n. 1, , p. 173-174, 2005.