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Reestruturação produtiva e emprego na industria de linha branca no Brasil

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Academic year: 2021

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NÚMERO: 116/2003

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

DANIEL PERTICARRARI

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E EMPREGO NA INDÚSTRIA DE LINHA BRANCA NO BRASIL

Dissertação apresentada ao Instituto de Geociências como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Política Científica e Tecnológica.

Orientadora: Profª. Drª. Leda Gitahy

CAMPINAS - SÃO PAULO

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Autor: Daniel Perticarrari

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E EMPREGO NA INDÚSTRIA DE LINHA BRANCA NO BRASIL

Orientadora: Profª. Drª. Leda Maria Caira Gitahy

Aprovada em: _____/_____/_____

EXAMINADORES:

Profª. Drª. Leda Maria Caira Gitahy _____________________ - Presidente Profª. Drª. Alessandra Rachid _____________________

Prof. Dr. Daniel Durante _____________________

(4)

À MINHA MÃE

AGRADECIMENTOS

Ao chegar ao fim de uma empreitada que teve início há dois anos e meio, noto o quão tortuoso – para não dizer melancólico – pode ser o caminho daqueles que almejam um ideal. Surpreendi-me, sozinho, longe das pessoas de quem mais amava. Acometi-me de incertezas, desconfortos, saudades... Atravessei por momentos de dificuldades física, financeira e emocional. E quando vi que poderia ter caído no meio do caminho, ou então desistido, simplesmente me espantei! Espantei-me porque, na agonia de tantos pesadelos, pude vislumbrar que no Espantei-mesmo caminho espinhoso haviam pessoas dispostas a sofrer comigo para que eu atingisse meu ideal.

É lógico que pude contar com as agências de fomento, como o CNPq e a FAPESP, a quem devo meus agradecimentos. No entanto, sem algumas pessoas eu não teria concretizado esta tarefa. A essas pessoas gostaria de dizer algumas palavras de agradecimento.

A primeira pessoa que gostaria de agradecer é minha orientadora. Não a pesquisadora e professora Leda Gitahy, que já é bastante conhecida por sua espantosa capacidade, mas a pessoa incrível que é. Inteligência, sensibilidade e sensatez são qualidades pouco vistas em uma única pessoa, e ela agrega todos esses predicados. Soube dosar, como ninguém, críticas, incentivos e encorajamentos. A você Leda, meu muito obrigado!

Gostaria de agradecer também, excelentes pessoas, que se tornaram ótimos amigos. Tive a chance de conhecer a Ana com quem tive a oportunidade de trocar ótimas idéias. Conheci a Nanci, uma pessoa muito bem humorada e que sempre alegrava os dias difíceis de pesquisa nas empresas. Aliais, a possibilidade de participar da pesquisa fez com que eu convivesse com pessoas interessantes. Esse foi o caso da Adriana Cunha, da Ângela e da Alessandra Rachid, a quem devo agradecer pelas dicas, sempre pertinentes. Além disso, do pouco convívio com a Alessandra, já pude perceber suas virtudes enquanto pesquisadora e pessoa. Não posso deixar, ainda, de agradecer ao professor Daniel Durante, pela disposição em me ajudar com a dissertação.

Espantei-me, contudo, quando percebi que ainda havia qualidades para serem descobertas em amigos que julgava já conhecer o bastante. O Sandro, amigo há dezesseis anos, mostrou-me a qualidade da perseverança e nunca me deixou desanimar, me dando apoio incondicional. O Juliano, que considero um irmão, e como tal se mostrou um alento nos momentos mais difíceis.

Por fim, espantei-me comigo mesmo. Espantei porque pude desvendar a alma de duas pessoas, cuja grandeza jamais alcançarei. A estas duas pessoas devo o fato de ter chegado aonde cheguei. Em primeiro lugar, quero agradecer ao Marcelo pelo extraordinário apoio, em todos os sentidos. Pessoa dotada de impressionante inteligência, nos faz sentir pequenos quando comparados com suas habilidades. Mas nos faz sentir incrivelmente grandes quando demonstra o que realmente significa uma grande amizade.

A segunda pessoa me faz recordar de um velho poema chinês que diz que do som e do silêncio, forma-se a harmonia. Talvez, nos momentos em que estava com esta pessoa, em alguma ocasião, eu tenha sido o silêncio quando deveria ser o som. Em outros, eu tenha sido o som, quando devesse ser o silêncio. Mas com certeza a Mari, provou que existe harmonia. A harmonia que reside em um ser humano incrível e que me faz acreditar que se tivesse passado com ela um único dia, este já teria valido pela minha vida.

Que Deus abençoe a todos, Muito obrigado.

(5)

SUMÁRIO

LISTA DE GRÁFICOS... vii

LISTA DE TABELAS... viii

RESUMO ... xi

ABSTRACT ... xii

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO 1 – TRANSFORMAÇÕES NA INDÚSTRIA DE LINHA BRANCA... 5

1.1 – Aspectos Contemporâneos da Globalização... 5

1.2 – As Empresas e a Reorganização das Cadeias Produtivas... 7

1.3 – A Organização do Trabalho e o Emprego... 11

1.4 – A Indústria Mundial de Linha Branca... 15

1.5 – A Indústria de Linha Branca no Brasil... 19

1.6 – Considerações Finais... 24

CAPÍTULO 2 – O EMPREGO NA INDÚSTRIA DE LINHA BRANCA NO BRASIL.... 26

2.1 – O Emprego no Brasil... 27

2.1.2 – Emprego e Porte... 29

2.1.3 – Emprego e Escolaridade... 30

2.1.4 – Emprego e Tempo de serviço... 33

2.1.5 – Emprego e Faixa etária... 34

2.1.6 – Emprego e Faixa Salarial... 35

2.1.7 – Emprego e Gênero... 36

2.2 – A Distribuição do Emprego por Regiões... 42

2.2.1 – O Emprego na Região de Rio Claro... 44

2.2.2 – O Emprego na Região de Joinville... 49

2.2.3 – O Emprego na Região de Curitiba... 55

2.2.4 – O Emprego na Região de São Carlos... 59

2.2.5 – O Emprego na Região de Campinas... 63

2.3 – Considerações Finais... 67

CAPÍTULO 3 – O ESTUDO DE CASO... 70

3.1 – A Empresa X... 71

3.1.1 – A Estrutura Produtiva... 72

3.2 – Principais Programas de Reestruturação... 73

3.3 – O Perfil do Emprego na Empresa X... 76

(6)

3.3.2 – Os Salários... 83

3.3.3 – As Relações de Gênero na Empresa... 86

3.4 – Considerações Finais... 92

CONCLUSÕES... 94

(7)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1.1

Produção Mundial de Eletrodomésticos de linha Branca: participação das principais Regiões/Países (2000)

17 Gráfico

1.2

Produção Mundial de Eletrodomésticos de linha Branca: participação dos principais Produtos (2000)

17 Gráfico

2.1

Evolução do emprego nas empresas de linha branca (Brasil: 1994 a 2000) total 28 Gráfico

2.2

Evolução do emprego segundo faixas de escolaridade nas empresas de linha branca (1994 a 2000) total

31 Gráfico

2.3

Evolução do Emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (1994 a 2000)

35 Gráfico

2.4

Distribuição do Emprego segundo sexo nas empresas de linha branca (1994 a 2000) em %

37 Gráfico

2.5

Evolução da Escolaridade entre os Homens da Indústria de Linha Branca .

39 Gráfico

2.6

Evolução da Escolaridade entre as Mulheres da Indústria de Linha Branca 39 Gráfico

2.7

Distribuição do emprego por faixas de remuneração segundo sexo em 1994 em % 40 Gráfico

2.8

Distribuição do emprego por faixas de remuneração segundo sexo em 2000 em % 41 Gráfico

2.9

Evolução do emprego nas empresas de linha branca (Rio Claro: 1994 a 2000) total 44 Gráfico

2.10

Evolução do emprego nas empresas de linha branca (Joinville: 1994 a 2000) total 49 Gráfico

2.11

Evolução do emprego nas empresas de linha branca (Curitiba: 1994 a 2000) total 55 Gráfico

2.12

Evolução do emprego nas empresas de linha branca (São Carlos: 1994 a 2000) total 59 Gráfico

2.13

Evolução do emprego nas empresas de linha branca (Campinas: 1994 a 2000) em % 63 Gráfico

3.1

Distribuição do emprego por faixas de escolaridade entre os trabalhadores da produção na Empresa X em 2002

(8)

LISTA DE TABELAS Tabela

1.1

Principais empresas na indústria mundial de linha branca (2001) 16 Tabela

1.2

Participação das Principais Empresas na Indústria Brasileira de Eletrodomésticos de Linha Branca (% do Faturamento)

19 Tabela

1.3

Participação das principais empresas por segmento do mercado brasileiro de linha branca(%)

20 Quadro 1 Entradas e parcerias estrangeiras na indústria brasileira de eletrodomésticos 21 viiiix

de linha branca (dec. 90) Tabela

1.4

Evolução das vendas de eletrodomésticos de linha branca (1999-2000) em milhares de unidades

23 Tabela

2.1

Evolução do emprego nas empresas de linha branca (Brasil: 1994 a 2000) total

28 Tabela

2.2

Distribuição do Emprego Segundo Porte nas Empresas de Linha Branca no Brasil (1994 a 2000) – em %

30 Tabela

2.3

Distribuição do Emprego Segundo Porte nas Empresas de Linha Branca no Brasil (1994 a 2000) – total do emprego

30 Tabela

2.4

Evolução do emprego segundo faixas de escolaridade nas empresas de linha branca (Brasil: 1994 a 2000) total do emprego

31 Tabela

2.5

Evolução do emprego segundo faixas de escolaridade nas empresas de linha branca (Brasil: 1994 a 2000) em %

31 Tabela

2.6

Distribuição do emprego por tempo de serviço nas empresas de linha branca no Brasil (1994 a 2000) em %

33 Tabela

2.7

Distribuição do emprego por tempo de serviço nas empresas de linha branca no Brasil (1994 a 2000) total do emprego

34 Tabela

2.8

Evolução do emprego segundo faixa etária nas empresas de linha branca (1994 a 2000) em %

34 Tabela

2.9

Evolução do emprego segundo faixa etária nas empresas de linha branca (1994 a 2000) total do emprego

35 Tabela

2.10

Evolução do emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (1994 a 2000) – em %

36 Tabela

2.11

Distribuição do emprego segundo sexo nas empresas de linha branca (1994 a 2000) total do emprego

37 Tabela

2.12

Distribuição do emprego por faixas de escolaridade segundo sexo – em % 38 Tabela

2.13

Distribuição do emprego por faixas de remuneração segundo sexo em (%) 41 Tabela

2.14

Distribuição do emprego na indústria de linha branca por estados da federação em 2000 – emprego total

43 Tabela

2.15

Localização das Principais Plantas de Linha Branca no Brasil (1999) 43 Tabela

2.16

Evolução do Emprego nas Empresas de Linha Branca (Rio Claro: 1994 a 2000) total 44

(9)

Tabela 2.17

Evolução do emprego segundo faixa etária nas empresas de linha branca (Rio Claro: 1994 a 2000) em %

45 Tabela

2.18

Evolução do emprego segundo faixa etária nas empresas de linha branca (Rio Claro: 1994 a 2000) emprego total

45 Tabela

2.19

Evolução do Emprego Segundo Escolaridade nas empresas de linha branca (Rio Claro: 1994 a 2000) em %

46 Tabela

2.20

Evolução do Emprego Segundo Escolaridade nas empresas de linha branca (Rio Claro: 1994 a 2000) emprego total

46 Tabela

2.21

Evolução do emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (Rio Claro: 1994 a 2000) em %

47 Tabela

2.22

Evolução do emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (Rio Claro: 1994 a 2000) emprego total

47 x

Tabela 2.23

Evolução do Emprego nas Empresas de Linha Branca (Joinville: 1994 a 2000) total

49 Tabela

2.24

Evolução do Emprego Segundo Escolaridade nas empresas de linha branca (Joinville: 1994 a 2000) em %

50 Tabela

2.25

Evolução do Emprego Segundo Escolaridade nas empresas de linha branca (Joinville: 1994 a 2000) emprego total

51 Tabela

2.26

Evolução do emprego segundo faixa etária nas empresas de linha branca (Joinville: 1994 a 2000) em %

52 Tabela

2.27

Evolução do emprego segundo faixa etária nas empresas de linha branca (Joinville: 1994 a 2000) emprego total

53 Tabela

2.28

Evolução do emprego segundo tempo de serviço nas empresas de linha branca (Joinville: 1994 a 2000) em %

53 Tabela

2.29

Evolução do emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (Joinville: 1994 a 2000) em %

54 Tabela

2.30

Evolução do emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (Joinville: 1994 a 2000) emprego total

54 Tabela

2.31

Evolução do Emprego nas Empresas de Linha Branca (Curitiba: 1994 a 2000) total

55 Tabela

2.32

Evolução do Emprego Segundo Escolaridade nas empresas de linha branca (Curitiba: 1994 a 2000) em %.

56 Tabela

2.33

Evolução do Emprego Segundo Escolaridade nas empresas de linha branca (Curitiba: 1994 a 2000) emprego total

56 Tabela

2.34

Evolução do emprego segundo faixa etária nas empresas de linha branca (Curitiba: 1994 a 2000) em %

57 Tabela

2.35

Evolução do emprego segundo tempo de serviço nas empresas de linha branca (Curitiba: 1994 a 2000) em %

57 Tabela

2.36

Evolução do emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (Curitiba: 1994 a 2000) em %

58 Tabela

2.37

Evolução do emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (Curitiba: 1994 a 2000) emprego total

(10)

Tabela 2.38

Evolução do emprego nas empresas de linha branca (São Carlos: 1994 a 2000)

59 Tabela

2.39

Evolução do Emprego segundo Escolaridade nas empresas de linha branca (São Carlos: 1994 a 2000) em %

60 Tabela

2.40

Evolução do Emprego segundo Escolaridade nas empresas de linha branca (São Carlos: 1994 a 2000) emprego total

60 Tabela

2.41

Evolução do emprego segundo faixa etária nas empresas de linha branca (São Carlos: 1994 a 2000) em %

61 Tabela

2.42

Evolução do emprego segundo tempo de serviço nas empresas de linha branca (São Carlos: 1994 a 2000) em %

61 Tabela

2.43

Evolução do emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (São Carlos: 1994 a 2000) em %

62 Tabela

2.44

Evolução do emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (São Carlos: 1994 a 2000) emprego total

62 Tabela

2.45

Evolução do Emprego nas Empresas de Linha Branca (Campinas1994 a 2000) total

63 Tabela

2.46

Distribuição do Emprego Segundo Escolaridade nas Empresas de Linha

64 Branca (Campinas: 1994 a 2000) em %

Tabela 2.47

Distribuição do Emprego Segundo Escolaridade nas Empresas de Linha Branca (Campinas: 1994 a 2000) em %

64 Tabela

2.48

Evolução do emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (Campinas: 1994 a 2000) – em %

65 Tabela

2.49

Evolução do emprego segundo faixa salarial nas empresas de linha branca (Campinas: 1994 a 2000) – em %

65 Tabela

2.50

Evolução do emprego segundo faixa etária nas empresas de linha branca (Campinas:

1994 a 2000) em % 66

Tabela 2.51

Evolução do emprego segundo tempo de serviço nas empresas de linha branca

(Curitiba: 1994 a 2000) em % 66

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E EMPREGO NA INDÚSTRIA DE LINHA BRANCA NO BRASIL

RESUMO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DANIEL PERTICARRARI

A partir de uma breve discussão sobre a reorganização das cadeias produtivas globais, este trabalho analisa a relação entre as transformações da indústria de linha branca no Brasil durante a década de 90 e as mudanças no perfil do emprego. Em termos mundiais, a indústria de linha branca tem sofrido um intenso processo de concentração e internacionalização. Atualmente, essa indústria se caracteriza pelo predomínio de um número reduzido de grandes empresas internacionalizadas, onde as cinco maiores respondem por quase 80% do faturamento mundial. Em relação às estratégias das empresas mundiais, tem-se observado a expansão de suas capacidades produtivas em mercados emergentes, por meio de investimentos diretos externos, formação de joint ventures ou aquisição de empresas locais. No Brasil, a partir de meados da década de 90, as principais empresas foram adquiridas pelas empresas líderes mundiais e, em 2000, o país aparecia como o terceiro produtor mundial de fogões e o quinto na produção de refrigeradores.

A reconfiguração patrimonial do setor intensificou o processo de reestruturação, com profundas implicações para o perfil do emprego Foi possível observar, a partir da análise dos dados da RAIS, uma queda sistemática do número de trabalhadores concomitante com o aumento da produção. Os dados mostraram, ainda, um aumento expressivo da escolaridade e uma queda acentuada dos salários.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E EMPREGO NA INDÚSTRIA DE LINHA BRANCA NO BRASIL

ABSTRACT

MASTERS DISSERTATION DANIEL PERTICARRARI

This work analyses the relationship between changes in the white goods industry in Brazil in the nineties, as well as its impacts on the employment profile, starting by a brief discussion on the global production chain restructuring. The white goods industry has been submitted to an intensive concentration and internationalization process, all over the world. Today, this industry is characterized by the prevalence of a reduced number of big multinational corporations: the five biggest firms together are responsible for almost 80% of the world sales. New strategies of multinational corporations include the increase of productive capacities in emerging markets in the form of foreign direct investments, joint-ventures, or the acquisition of local enterprises. In Brazil, in the second half of the nineties, the more important firms were sold to the world leaders, and in 2000 the country was the third world producer of stoves and the fifth in the refrigerators’ production. .

The assets reconfiguration of the sector has intensified the restructuring of the productive process, with deep impacts on the employment profile. We could observe in the RAIS (Annual Social Indicators Series) data a continuous fall in the number of employees as the production level increases. Statistics also have revealed a notorious increase in the educational level and a deep fall of the wages.

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INTRODUÇÃO

Em termos mundiais, a indústria de linha branca – que agrega os bens de consumo duráveis denominados de eletrodomésticos não–portáteis, como refrigeradores, lavadoras, fogões, etc. – tem sofrido um intenso processo de concentração e internacionalização. As transformações ocorridas nesta indústria são inerentes ao próprio contexto de globalização que tem incidido de forma sistemática sobre a estrutura econômica e produtiva de países e indústrias. Atualmente, a indústria de linha branca se caracteriza pelo predomínio de um número reduzido de grandes empresas internacionalizadas, onde as cinco maiores respondem por quase 80% do faturamento mundial. Em relação às estratégias das empresas mundiais, tem-se observado a expansão de suas capacidades produtivas em mercados emergentes, por meio de investimentos diretos externos, formação de joint ventures ou aquisição de empresas locais. No Brasil esse processo seguiu as tendências internacionais. Nos anos 90, as grandes empresas brasileiras foram adquiridas pelos principais grupos mundiais.

O objetivo do presente estudo consiste em discutir o impacto e a abrangência destas transformações no Brasil, inferindo sua relação com mudanças no volume da mão-de-obra empregada, bem como as principais modificações ocorridas no perfil do emprego. Trata-se, em suma, de analisar como a transformação desse setor tem afetado características como gênero, escolaridade, faixa salarial, tempo de permanência na empresa, e distribuição do emprego em relação ao tamanho da empresa desde 1994, e como esse está sendo geograficamente realocado. Para tanto, serão utilizados dados oficiais disponibilizados pela RAIS1 , de responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego.

Torna-se mister ressaltarmos, antes de tudo, que os dados derivados da RAIS agregam-se por segmentos econômicos específicos, que se desdobram em até 463 categorias com abertura em 4 dígitos até 1993 ou 563 categorias, com abertura em 5 dígitos, em um período compreendido entre 1994 a 2000, o que faz com que os segmentos nem sempre sejam exatamente compatíveis entre esses dois períodos. No caso do presente

1 A RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) é um registro administrativo, instituído pelo Decreto 76.900/75, o qual determina que todas as empresas do setor formal no Brasil devem declarar ao Ministério do Trabalho e Emprego as relações de emprego que registraram durante o ano. Essa declaração deve ser feita uma vez por ano e contém informações relativas às relações de emprego formalizadas em qualquer período ao

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estudo, a classificação CNAE 85 (1985 a 1993) engloba parte das empresas da indústria de linha branca, mas deixa de fora as empresas produtoras de fogões, ao mesmo tempo em que incorpora algumas empresas produtoras de eletrodomésticos portáteis. Já a classificação CNAE 95 (que abrange o período de 1994 a 2000) é mais específica na incorporação das empresas da indústria de linha branca. Tal dificuldade nos levou a desenvolver nossa análise apenas a partir do ano de 1994, já que a incorporação dos anos anteriores nos levaria a comparar universos muito diferentes, o que comprometeria nossa análise e, por conseguinte, a pertinência de nossas conclusões. Vale ressaltar, que a intensificação do processo de mudanças na indústria de linha branca no Brasil é fenômeno que se desenvolveu com maior intensidade a partir de meados da década de 90. Desta forma, é possível proceder ao supramencionado recorte temporal.

A título de esforço analítico, proceder-se-á ainda a um estudo de caso compreendendo o processo de reestruturação e suas respectivas implicações sobre o volume e o perfil da mão-de-obra empregada em uma empresa de fogões situada na cidade de Campinas, Estado de São Paulo2. Essa pesquisa foi realizada entre dezembro de 2001 e maio de 2002. Para isso foi utilizado, além de um questionário para a caracterização das transformações que ocorreram na empresa, também um survey com dois questionários semi-estruturados: um para gerentes (respondido por 48 membros do staff administrativo3, que corresponde quase totalmente ao universo pesquisado) e outro respondido por 57 trabalhadores. Em um universo de 1500 trabalhadores, a amostra foi escolhida de forma proporcional aos diferentes setores da produção, selecionando trabalhadores com pelo menos cinco anos na empresa, o que se mostrou bastante comum na planta investigada. É importante destacar, que a amostra não é representativa do conjunto dos funcionários da empresa e foi intencionalmente focada nos trabalhadores da produção. Nosso estudo de

longo do ano anterior. Dessa forma, a RAIS tenta representar um censo anual do emprego formal, a partir de informações secundárias.

2

Os resultados apresentados neste estudo de caso consistem numa análise parcial dos dados obtidos na pesquisa "Globalização, estratégias gerenciais e respostas operárias: um estudo comparativo da indústria de linha branca" coordenado pelas Profas Angela Maria Carneiro Araújo IFCH/UNICAMP, Alessandra Rachid DEP/UFSCar e Leda Gitahy (DPCT/IG/UNICAMP) - e financiado pela FAPESP. A pesquisa integra um projeto comparativo internacional sobre a indústria de linha branca em vários países (Inglaterra, Turquia, África do Sul, China, Taiwan, Coréia do Sul e Brasil).

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Foram agrupados todos os níveis hierárquicos que implicam em algum tipo de chefia (gerentes, chefes, coordenadores e encarregados).

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caso se baseará, justamente,na análise de algumas variáveis da amostra que compõe o survey e no questionário utilizado para a análise das transformações da empresa.

Nestes termos, o trabalho foi estruturado sob a forma de três capítulos, além desta Introdução e da Conclusão, os quais estão organizados da seguinte forma:

O primeiro capítulo trata das características mais recentes do processo de globalização destacando o aumento da assimetria entre países ricos e países pobres. Discute-se neste capítulo, também, a transformação das cadeias produtivas globais e o processo de relocalização do emprego.

Observaremos que essa indústria tem sofrido um processo de internacionalização e concentração, principalmente na última década e especialmente através da realização de investimentos estrangeiros diretos, como a aquisição de produtores nacionais de países considerados emergentes. Esse processo de internacionalização tem levado a maioria das empresas a intensificar o processo de reestruturação com intensas implicações para o volume e perfil do emprego. A análise referente à essas modificações é o foco do capítulo seguinte.

O capítulo 2 apresenta as principais alterações ocorridas no volume e perfil do emprego na indústria de linha branca no Brasil. Em linhas gerais, procurou-se verificar a permanência ou a ruptura das características da estrutura do emprego entre 1994 a 2000. Para tanto nos utilizamos dos resultados de pesquisa obtidos com base no banco de dados RAIS. O detalhamento das características regionais nos deu a extensão das especificidades locais em relação ao contexto nacional, dada a heterogeneidade do processo de reestruturação produtiva em curso das principais empresas, que tem alterado a dinâmica do emprego de forma diferenciada. Afirma-se, entretanto, que certas tendências gerais evidenciadas pelos indicadores quantitativos agregados, podem camuflar a possibilidade de se identificar casos isolados em relação à trajetória inovativa. Consciente dessas limitações, achamos por bem incorporar em nosso trabalho um estudo de caso, de forma a suprir de alguma maneira, algumas necessidades de análise.

Este foi o propósito do capítulo 3. O objetivo deste capítulo constituiu em enfocar as principais modificações assumidas no volume e perfil do emprego em uma empresa da indústria de linha branca da região de Campinas nos últimos cinco anos, período em que a referida empresa foi adquirida por um grande grupo multinacional norte-americano, com

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conseqüente intensificação no processo de reestruturação. O estudo de caso nos permitiu visualizar um dos possíveis cenários de transformação do perfil do emprego na indústria de linha branca no Brasil.

Por fim, o trabalho é concluído com uma síntese das tendências evidenciadas no decorrer do estudo acerca das rupturas ou continuidades identificadas na estrutura do emprego no segmento de eletrodomésticos de linha branca no Brasil.

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CAPÍTULO 1- AS TRANSFORMAÇÕES NA INDÚSTRIA DE LINHA BRANCA

A indústria mundial de eletrodomésticos de linha branca tem alterado sua estrutura patrimonial nos últimos anos, vislumbrando novos cenários econômicos e potencialidades de mercado em diferentes partes do globo. Essa tendência tem alterado o mapa da produção industrial neste segmento, com conseqüências para o volume e perfil da mão-de-obra empregada. Tal processo subjaz ao próprio contexto da globalização, que tem incidido de forma sistemática sobre a estrutura econômica e produtiva de países e determinados segmentos industriais. Este capítulo está estruturado em cinco seções, além de uma breve seção que sumariza as suas principais conclusões. A primeira seção discute o processo de globalização em diferentes países, com destaque para a distinção entre países mais ricos e países mais pobres. A segunda seção destaca os efeitos da globalização sobre as cadeias produtivas, destacando a sua reorganização. A terceira seção aborda as implicações da abertura comercial e financeira sobre as condições e volume do emprego. A quarta seção trará as principais transformações ocorridas especificamente na indústria de linha branca. Finalmente, a última seção trata destas transformações no contexto brasileiro. Afirma-se, antes de tudo, a natureza heterogênea do processo de globalização. Dessa forma, a análise das transformações ocorridas especificamente na cadeia de linha branca, tanto em âmbito nacional como mundial demonstram a importância de se concatenar as vinculações existentes entre as estruturas produtiva, organizacional e institucional no estudo de cadeias produtivas.

1.1 - Aspectos Contemporâneos da Globalização

Um dos aspectos que tem imprimido mudanças mais significativas no cenário internacional refere-se ao crescente processo de abertura comercial e financeira. A partir do final da década de 70, foram intensas as modificações socioeconômicas relacionadas ao processo de internacionalização da economia mundial. Mais recentemente, o chamado Consenso de Washington parece ter ratificado uma posição relativamente consensual entre as nações, em que a progressiva liberalização dos mercados consistiria em um importante instrumento para o desenvolvimento e enriquecimento de todos os países que adotassem

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esta estratégia. Países como os Estados Unidos e outros que pregavam uma postura mais liberal argumentavam que as conseqüências do processo de globalização seriam benéficas a todos. A redução de barreiras comerciais e não-comerciais viabilizariam a internacionalização dos fluxos de investimento e capital, serviços, tecnologia e informações (Santos, 1999).

Outro argumento amplamente difundido, conforme observaram Cassiolato & Lastres (2000) diz respeito à suposta vantagem que os países menos ricos, em especial os latino-americanos, africanos e de algumas regiões da Ásia, adquiririam nesta nova conformação. Não apenas os mercados internacionais se abririam para os produtos provenientes destas regiões, elevando o volume de suas exportações, mas também estes deteriam condições de acesso às tecnologias e conhecimentos advindos dos países mais ricos.

Entretanto, conforme observaram Cassiolato & Lastres (2000), Chesnais & Sauviat (1999) e Ianni (1996), dentre outros, os efeitos da globalização nos países mais pobres não foi aquele preconizado no Consenso de Washington. De fato, observa-se um crescente fosso que separa as economias mais ricas das economias em desenvolvimento ou subdesenvolvidas (Santos, 1999). Importante afirmar que a desigualdade não é decorrência intrínseca da globalização enquanto um processo, mas da forma como os países mais desenvolvidos o articularam. Este é favorável a seus próprios interesses, marginalizando com isso populações e países. A inserção nessa chamada “aldeia global”, de forma quase prescritiva, segundo os moldes ditados por estes países e organismos internacionais, como o FMI, o Banco Mundial e a OMC, conforma alterações importantes na organização de cada país. A adoção de um modelo administrativo que presume a retração da atuação do Estado, convertendo-se a um modelo minimalista, abriu espaço para a “regulamentação” via mercado, que por sua vez não se mostrou capaz de reverter ou minimizar a tendência à exclusão de países e populações. No que se refere à capacidade de articular políticas de CT&I, ferramenta estratégica em um mundo crescentemente competitivo, observa-se que os Estados nacionais têm se esforçado para adotar políticas e medidas de amparo à capacidade inovativa e aos sistemas de inovação existentes em cada região. Os Estados Nacionais – sobretudo no caso da OCDE - continuam desempenhando um expressivo papel no fomento à CT&I, assim como em atividades de coordenação, planejamento e prospecção, a despeito

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da proliferação da idéia de que o Estado não deve intervir na dinâmica econômica (Alem, 2000). Apesar do discurso de globalização irreversível, é preciso considerar, no entanto, que os efeitos da globalização não são geograficamente uniformes para todos os países e regiões, seja por condicionantes econômicas, sociais ou políticas. Há que se considerar as interações das tendências gerais com as especificidades locais. Para Abramo (1998), assim como o fordismo não assumiu as mesmas características em todos os países, é possível conceber que esse “novo modelo de acumulação” venha apresentar características distintas, pois são diferentes as formas de inserção das várias economias nacionais no processo de globalização. Assim, não se pretende afirmar que a globalização corresponda a algo necessariamente ruim. É razoável presumir que, sob determinadas condições e contextos, a inserção de um país no âmbito da globalização pode lhe trazer aspectos positivos. Desta forma, não se pretende afirmar que incorre em erro conduzir um processo de abertura comercial e financeira, mas sim que esta inserção deve estar pautada em parâmetros que levem em conta as possibilidades e riscos da entrada. Esta é uma decisão válida tanto para países como para empresas e demais organizações. No âmbito deste trabalho, discute-se mais o papel das empresas, em um contexto de reorganização das cadeias produtivas. Este é o tópico desenvolvido na próxima seção.

1.2 – As Empresas e a Reorganização das Cadeias Produtivas

O processo de globalização, a partir dos anos 70, não apenas conservou, mas também ampliou a assimetria de poder econômico e político existente entre os países, como também, entre empresas e organizações destes países. Observa-se um acentuado crescimento da escala de investimentos necessários à liderança tecnológica de produtos e processos, forçando um processo de concentração que capacita como líderes das principais cadeias de produção apenas um conjunto restrito de algumas centenas de empresas gigantes mundiais. Essas corporações têm decidido o que, como, quando, quanto e onde produzir os bens e os serviços utilizados pela sociedade.

Para Dicken (1998) o mundo tem assistido, em todas as áreas econômicas, a um violento processo de fusões e incorporações motivado pela nova lógica competitiva, que pressupõe saltos tecnológicos e busca mercados cada vez mais globais obrigando que as

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fábricas sejam construídas em joint ventures ou simplesmente aquisições. Para o autor, parece haver uma tendência bastante forte de que o movimento de concentração dessas últimas décadas persistirá, apesar de já serem em número muito restrito os líderes mundiais na fabricação de vários produtos em áreas fundamentais à economia contemporânea.

Essas mudanças permitiram a reformulação das estratégias de produção e distribuição das empresas e a formação de grandes redes de trabalho. A forma de organização da atividade produtiva foi radicalmente alterada, tornando-se global (Dicken, 1998). O advento das novas tecnologias da comunicação e informação, sobretudo a partir dos anos 80, deu novo impulso a este processo, conformando um novo paradigma técnico econômico, o qual se mostra apto a provocar substanciais transformações não apenas na dinâmica econômica, mas também social, política e mesmo cultural (Freeman & Perez, 1988).

Essa “nova divisão do trabalho” tem se tornado cada vez mais complexa, pois implica numa estrutura que envolve a fragmentação de alguns processos produtivos geograficamente realocados em escala global. Temos observado a emergência de novos centros de produção industrial interligados em modernas tecnologias de comunicação. Esses estão envoltos em um novo sistema de financiamento internacional caracterizado pela rapidez em suas transações.

Simultaneamente, este processo em busca de eficiência e conquista de mercados tem forçado a criação de uma onda de fragmentação – terceirizações, franquias e informalização –abrindo espaço para uma grande quantidade de empresas menores que alimentam a cadeia produtiva central com custos mais baixos, com menores salários e condições de emprego mais precários (Dupas, 1999).

A argumentação de Dicken (1998) é bastante pertinente, também, para se compreender os efeitos da globalização sobre as estratégias empresariais e na gestão da produção. Para o autor, a divisão do trabalho seria cada vez mais complexa, implicando uma estrutura que envolveria a fragmentação de alguns processos produtivos realocados em escala mundial. Novas formas de organização estariam emergindo; novos centros de produção estariam surgindo, enquanto lutariam pela sobrevivência em um ambiente de competição intensificado.

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Na mesma direção, Castells (1999) argumenta que as forças da globalização, especialmente aquelas dirigidas pelas novas tecnologias da informação, estariam substituindo os ‘espaços locais’ por fluxos de transação. As relações econômicas e sociais estariam, portanto, menos tangíveis.

Outros argumentos sobre tal perspectiva são ainda tratados por autores como Lopes & Lugonez (1998) ou Cooke, Uranga e Etchebarria (1999). Para tais autores, ainda que se vislumbre um período em que as tecnologias da informação parecem estreitar distâncias e favorecer a cooperação em âmbito global, a formação de clusters locais tem se tornado uma tendência, pois a proximidade física tende estimular a interação cultural, trocas de informação e, por conseguinte, maior possibilidade de geração de conhecimento e inovação, tão importantes em épocas de competição intensificada. De forma similar, Porter (1999) aponta que em meio a um contexto em que as vantagens comparativas são gradualmente suplantadas pela construção deliberada de vantagens competitivas, associadas, sobretudo à capacidade de inovar ou incorporar inovações técnicas, políticas voltadas à formação e consolidação de clusters e sistemas locais de inovação se mostram estratégias pertinentes.

O argumento de Freeman (2002) parece fazer, ainda, uma espécie de aproximação entre estas duas afirmações, ao afirmar que as novas tecnologias da informação e comunicação, a despeito de sua aptidão em aproximar e agregar organizações em moldes anteriormente inviáveis, não excluem a necessidade ou pertinência de políticas de fortalecimento local ou setorial. De fato, famosos clusters locais, como o têxtil do Norte da Itália ou o Vale do Silício, nos Estados Unidos, tem se aproveitado fortemente de vantagens auferidas pela emergência de tais tecnologias no sentido de fortalecer ainda mais sua unidade e coesão e alçar novas posições no mercado internacional.

A fim de compreender a extensão e magnitude deste processo, Dicken (1998) propôs uma análise que transcende a escala nacional4.

Para o autor, seria mister o estudo das cadeias produtivas enquanto unidades de análise. O autor utiliza a argumentação de Gereffi (1994), que define tais cadeias como uma seqüência de transações e funções nas quais cada fase soma valor para o processo de bem

4 Para Peter Dicken, os Estados seriam importantes unidades de análise utilizadas nos estudos sobre economia mundial. Dados como produção, comércio e negócios, estariam agregados às nações enquanto uma ferramenta útil que daria noção da mudança.

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ou serviço seguinte, e seriam coordenadas, principalmente, a partir das empresas transnacionais, já que têm o poder de controlar operações em mais de um país. Para Dicken (1998) estas corporações se envolveriam em redes de colaboração com outras empresas do globo e seus limites seriam continuamente transformados de acordo com os interesses do mercado e dos diferentes graus de poder e extensão. Nesse sentido, entender a estrutura de governança (coordenação) das cadeias produtivas globais é essencial para a compreensão de sistemas de produção transnacionais. É a partir da análise do tipo de coordenação, que Gereffi (19994) distingue:

1. producer – driven: seriam cadeias orientadas pelos produtores, geralmente grandes empresas transnacionais que coordenariam as redes de trabalho, utilizando capital intensivo e tecnologia;

2. buyer – driven: seriam cadeias orientadas pelos compradores, geralmente os grandes varejistas ou comerciantes de marcas transnacionais. Eles não fabricam, apenas controlam quando, como e onde a produção irá ocorrer.

Nas producer-driven, grandes manufaturas – em geral empresas transnacionais – desempenhariam papel central de coordenação das networks de produção. Esse modelo é característico de indústrias de capital e tecnologia-intensivas, como automóveis, aviação, computadores, semicondutores e maquinaria pesada.

Nas cadeias buyer-driven, grandes varejistas, designers e trading companies desempenhariam o papel principal na organização de networks de produção, descentralizadas em grande diversidade de países exportadores.

Dupas (1999), afirma que isso se tornou comum em indústrias de bens de consumo intensivas em trabalho, como calçados, brinquedos, roupas, produtos eletrônicos, utilidades domésticas etc. Tais indústrias não fabricam, somente controlam como, quando e onde a produção irá acontecer e que parcela de lucro deve ser auferida a cada estágio da cadeia. A produção é, em geral, desempenhada por subcontratados nos países em desenvolvimento, que produzem os bens finais para os compradores externos com base nas especificações fornecidas pelos grandes atacadistas ou designers que os encomendam. Eles desenham, mas não fabricam os produtos. Com isso, externalizam seus riscos: é bem mais fácil romper um

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contrato de subcontratação do que fechar uma indústria própria, acarretando desgastes de imagem e problemas legais. O mesmo se aplica à utilização de expedientes como trabalho informal, sonegação fiscal e agressão ao meio-ambiente. Quando isso ocorre, geralmente a subcontratada local é que assume o risco de eventuais operações irregulares.

A coordenação ao longo dessas cadeias, segundo Dupas, poderia representar uma dimensão chave na busca de vantagens competitivas. Uma das noções que permearia a abordagem de cadeias produtivas é de que a integração nesse tipo de arranjo representa uma oportunidade para produtores locais em países em desenvolvimento seguirem numa trajetória progressiva de modernização pela incorporação de novos conhecimentos através de sinergias com agentes de outras localidades. Trataria de situar os produtores locais nos países em desenvolvimento em rotas de aprendizagem potencialmente mais dinâmicas.

Para Dupas (1999), praticamente todas as novas lógicas organizacionais ordenam as cadeias produtivas em forma de networks ou de redes de empresas. Segundo o autor, a network conseguiu superar boa parte dos problemas apresentados pelo modelo anterior – a empresa integrada verticalmente –, já que apresentam maior flexibilidade e agilidade frente às necessidades de respostas rápidas do mercado.

É imperioso destacar, como afirma Dicken (1998), que não se deve desprezar a influência reguladora de políticas nacionais (como as legislações e seus alcances) e supranacionais (como, por exemplo, o Fundo Monetário Internacional – FMI). Segundo as conclusões do autor, poderíamos depreender que a nova ‘geo-economia’ estaria estruturada numa complexa e dinâmica interação entre empresas transnacionais, os Estados e as instituições supranacionais.

1.3 - A Organização do Trabalho e o Emprego

Deve-se atentar ainda para o fato de como as transformações ocorridas nas cadeias produtivas globais afetaram o mapa da produção mundial. A reorganização do processo produtivo assim como a progressiva fragilização das fronteiras nacionais suscitou uma profunda modificação dos padrões de produção bem como dos sistemas de gestão e utilização de mão-de-obra. Ao mesmo tempo em que ocorre uma forte concentração no topo das cadeias, como fusões, joint ventures, terceirização e parcerias como forma de

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otimizar recursos e diminuir custos favorecendo um fluxo progressivo de modernização, assistem-se profundas alterações no perfil e volume do emprego.

Como demonstra Dupas (1999), devido a essa nova articulação produtiva, as empresas multinacionais podem se aproveitar de vantagens nas relações contratuais informais sem um envolvimento direto de suas marcas, como por exemplo, a flexibilização de contratos de trabalho, subcontratação e achatamento dos níveis hierárquicos com conseqüente redução do emprego.

Como ressalta o autor, observa-se, atualmente, em muitos países a ruptura do compromisso Keynesiano de sustentação do emprego como forma de garantir uma demanda efetiva e estimular a produção e o investimento, dinamizando a conjuntura econômica. Disso decorrem grandes transformações no mundo do trabalho, com clara perda para uma significativa parcela da população. A adoção de modelos políticos de cunho neoliberal, dentro dos quais o fim do compromisso com a geração do pleno emprego é parte integrante, foi justificada, em relação às perdas nas relações de trabalho, como uma estratégia dolorosa, mas necessária para se garantir condições de competitividade em um mercado crescentemente globalizado. Várias empresas passaram a adotar novos métodos de gestão da produção bem como introduzir novas tecnologias que lhes garantissem patamares competitivos.

A partir da utilização de avanços nas áreas da microeletrônica, computação, e telecomunicações, pôde-se observar a constituição de uma nova base técnica, que alterou não apenas os instrumentos de trabalho, mas também o perfil das empresas e sua própria organização.

Dupas sugere ainda, que desse processo emerge um novo padrão de acumulação, caracterizado pelo uso de capital intensivo em substituição ao trabalho intensivo. Quando o modelo de acumulação era baseado no uso de mão-de-obra intensiva, a situação era mais favorável aos trabalhadores, pois os empresários precisavam do trabalho de grandes massas de trabalhadores/consumidores.

É mister destacar que a constituição de uma nova base técnica altera não apenas os instrumentos de trabalho, mas também o perfil das empresas e sua própria organização. Tais mudanças também conformam transformações na organização industrial, nas instituições existentes na sociedade, criando novos mercados e oportunidades para

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investimentos e lucros. Contudo, dependendo do setor e região no qual uma empresa se insere, os resultados possuem sua dinâmica específica.

Dicken (1998) lembra, com propriedade, que os problemas que atingem as economias industrializadas afluentes tornam-se insignificantes quando comparados com aqueles enfrentados pelos países em desenvolvimento. Para ele, restringindo-se o foco às empresas transnacionais, dois terços dos novos empregos por elas gerados estão nos países sedes. Dois terços do restante, pouco mais de 20% do total, encontram-se em suas filiais em países desenvolvidos, sobrando pouco mais de 10% do total para os países mais pobres.

O drama do emprego nos países da periferia, portanto, tende a se agravar com a baixa qualificação e a enorme oscilação da demanda, gerando problemas crônicos de subemprego e informalização. O relatório do Banco Mundial de 1997 lembrava:

“É uma situação de baixa produtividade, emprego esporádico e salários achatados (...) Enquanto alguns não estão totalmente empregados devido a fatores tais como variações sazonais na demanda por trabalho agrícola, outros trabalham longas horas durante todo o ano mas ganham muito pouco nesses trabalhos de baixa produtividade. Uma característica comum – baixos salários – identifica tais trabalhadores como o centro do problema da pobreza. Os pobres (...) não podem se dar ao luxo de ficar desempregados; eles são obrigados a aceitar o subemprego” (World Bank, 1997).

Para Dupas (1999) o efeito das transformações em diferentes cadeias produtivas sobre os empregos globais varia conforme uma série de fatores: a acomodação de cada país dentro das diferentes cadeias produtivas; a forma de entrada do investimento direto estrangeiro (fusão, aquisição ou participação minoritária); o tipo de cadeia (uso intensivo de capital ou mão-de-obra); substituição ou não de produção local; e complementação de investimentos domésticos, contribuindo para o crescimento da produção ao desfazer gargalos financeiros, tecnológicos e administrativos locais. Esse impacto dependeria também do período de tempo considerado. A curto prazo, ele poderia implicar restruturação das empresas domésticas e diminuição do emprego. A longo prazo, poderia garantir

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crescimento ao aumentar a produtividade da economia pela introdução, por exemplo, de novas tecnologias e técnicas organizacionais.

Para o autor uma tendência geral é de que os líderes das cadeias mundiais e seus fornecedores globais gerem menos empregos diretos e formais por dólar adicional investido. Isso se deveria a fatores associados à automação e à informatização crescentes dos sistemas de gestão e produção e aos radicais processos de reengenharia e downsizing. O que se passa nas cadeias varia caso a caso e dependeria da intensidade do uso de terceirização e fragmentação.

Ainda para Dupas (1999), apesar da relevância dos fatores macroeconômicos, algumas estratégias adotadas pelas corporações podem ter contribuído para a queda de emprego. Seriam elas: aceleração da integração das cadeias internacionais de produção; aplicação de tecnologias modernas a processos tradicionais; adoção de técnicas de lean production; e intensificação de acordos de outsourcing intrafirmas e de subcontratação, com queda do emprego direto e crescimento do indireto.

Conclui-se esta seção afirmando que as profundas transformações impelidas pelo fenômeno de abertura comercial e financeira nos modelos de gestão da produção e do trabalho, no âmbito das empresas, atingiram diferentemente as diversas cadeias produtivas. Afirma-se, antes de tudo, a natureza peculiar e as especificidades que envolvem o processo de globalização, tanto em termos locais, como setoriais. Em outras palavras, não é possível afirmar que a globalização atingiu de forma homogênea países ou segmentos industriais. Por esta razão, justifica-se a possibilidade de se empreender um estudo de caso, que dimensione ao mesmo tempo, um determinado local e um determinado segmento industrial. A indústria de linha branca guarda aspectos interessantes para um estudo desta natureza: trata-se de um segmento intensivo em mão-de-obra e, portanto, bastante influenciado pela emergência da globalização, e um setor que tem experimentado um processo de incorporação de novas tecnologias, sobretudo na última década.

Observaremos que a predominância de um caráter mais regional da indústria marchou em direção a um forte movimento de internacionalização produtiva, com expansão de sua capacidade para mercados emergentes, como por exemplo, o Sudeste Asiático e

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América Latina. Além disso, houve o aumento dos investimentos em processos de reestruturação produtiva das plantas das principais empresas mundiais, inclusive àquelas localizadas em países emergentes.

Enfatiza-se, devido aos aspectos supramencionados, a pertinência de se proceder, nas próximas duas seções, no detalhamento do contexto nacional e internacional da indústria de linha branca, para que se possa vislumbrar, através de uma análise mais pormenorizada, as principais transformações ocorridas nesta cadeia, já que a forma e o grau com que ocorrem as modificações, além de dependerem de fatores exógenos, como por exemplo a influência reguladora de políticas nacionais e instituições supranacionais, guarda importantes especificidades e diferenças entre as mais diversas cadeias produtivas.

1.4 – A Indústria Mundial de Linha Branca

A indústria de eletrodomésticos de linha branca agrega os bens de consumo duráveis, denominados de eletrodomésticos não–portáteis, como refrigeradores, freezers, lavadoras, secadoras, fogões, fornos de microondas e condicionadores de ar. Este segmento tem sofrido intensas transformações, especialmente a partir da década de 70, quando a grande heterogeneidade de plantas, em termos de porte, capacidade produtiva e tipo de produtos – foi gradualmente cedendo espaço para uma estrutura mais concentrada, caracterizada pelo reduzido número de grandes empresas especializadas (Cunha, 2003).

Em termos mundiais, a indústria de eletrodomésticos de linha branca tem sofrido um intenso processo de reconfiguração patrimonial nos últimos anos, em que suas principais empresas têm vislumbrando oportunidades em novos cenários internacionais com importantes potencialidades econômicas e acesso a novos mercados. Atualmente, como demonstra Cunha (2003), o segmento se configura pelo predomínio de um número reduzido de grandes empresas internacionalizadas, onde as cinco maiores respondem por quase 80% do faturamento mundial, como podemos observar a partir da tabela 1.1.

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Tabela 1.1 – Principais Empresas da Indústria Mundial de Eletrodomésticos de Linha Branca (2001)

Empresa País de Origem Faturamento(1) (US$ milhões) Participação no Faturamento das 10 Maiores Empresas (%) 1 Whirlpool EUA 10.343,0 23,6 2 Electrolux Suécia 8.900,0 20,3 3 General Electric EUA 5.810,0 13,3 4 Bosch-Siemens Alemanha 4.850,0 11,1 5 Haier China 4.500,0(2) 10,3 6 Maytag EUA 4.100,0 9,4 7 Merloni Itália 1.764,0 4,0 8 Miele Alemanha 1.477,0(2) 3,4

9 Elco Brandt França 1.029,0(2) 2,4

10 Liebherr Alemanha 985,0(2) 2,2

Total 43.758,0 100,0

(1) Faturamento decorrente exclusivamente das vendas de eletrodomésticos de linha branca. (2) Estimativa.

Fonte: Elaborado a partir de dados da World Appliance Companies, em Cunha (2003).

As principais regiões produtoras de eletrodomésticos de linha branca em 2000 eram: Europa Ocidental, EUA, China, Japão e América Latina (Gráfico 1.1). Estas regiões foram responsáveis nesse ano pela fabricação de aproximadamente 255 milhões de unidades (Cunha, 2003).

Os principais produtores europeus são a Itália e a Alemanha, responsáveis por mais de 62% da produção européia ocidental em 2000. A China forma o principal produtor individual, tendo atingido 61 milhões de unidades no mesmo ano. Os EUA fabricaram 57,6 milhões de unidades em 2000, representando 25% da produção mundial. O Japão produziu 23 milhões de unidades nesse ano, enquanto a América Latina alcançou 24 milhões de unidades (Cunha, 2003).

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Gráfico 1.1 – Produção Mundial de Eletrodomésticos de Linha Branca: Participação das Principais Regiões/Países (2000) Japão (8,3%) EUA (25,5%) (10,7%) China (27,4%) América Latina Europa (28,1%) 0 5 10 15 20 25 30

r de dados da Appliance Magazine, em Cunha (2003)

Os principais produtos de linha branca, fabricados no mundo são as lavadoras de roupa (22,2%), os refrigeradores (22,1%), os aparelhos de ar condicionado (14,2%) e os fogões (12,6%), conforme expresso pelo Gráfico 1.2

Gráfico 1.2 – Produção Mundial de Eletrodomésticos de Linha Branca: Participação dos Principais Produtos (2000)

Fonte: Elaborado a parti

Microondas (12,4%) Condicionador (14,2%) Fogão (12,6%) Lavadora (22,2%) Refrigerador (22,1%) Freezer (4,5%) Secadora Roupa (4,9%) Lavalouça (7,1%) 0 5 10 15 20 25

(30)

1

sas locais (Cunha, 2003).

os mudanças no layout do produto, acréscimo de novas funções, formas e cores, bem como novas possibilidades de

programação d tria de linh a difusão icas de con o e padron de linha b

s; desenvolvimento de sinergias entre diferentes unidades; intensificação do desenvolvimento e da adoção de inovações de produto e

pacidade produtiva e da escala de .4.1 – Estratégias Empresariais e Características Tecnológicas

Em relação às estratégias das empresas mundiais, tem-se observado a expansão de suas capacidades produtivas em mercados emergentes, por meio de investimentos diretos externos, formação de joint ventures ou aquisição de empre

A concentração em determinados espectros (nichos) de produtos também tem sido uma estratégia adotada pela maior parte das empresas de eletrodomésticos de linha branca. Além disso, esse é um processo que favorece a segmentação do mercado por estratos de renda, já que possibilita a produção de diversas linhas de eletrodomésticos de linha branca. Para Cunha (2003) essa especialização setorial tem sido acompanhada pela integração vertical, especialmente em empresas que atuam no segmento de refrigeradores, que se tornaram grandes produtoras de compressores herméticos.

Conforme Cunha (2003), a indústria de eletrodomésticos de linha branca pode ser considerada tecnologicamente madura, caracterizada pela existência de inovações incrementais de produto. Essas inovações fazem com que os consumidores sintam que seus aparelhos estejam obsoletos. Dessa forma, encontram

os aparelhos. Contudo, as principais características tecnológicas da indús a branca encontram-se relacionadas à inovações do processo produtivo, como de novos métodos de organização e gestão da produção, incorporação de técn trole de qualidade, difusão da automação em cada etapa do processo produtiv ização de componentes. No intuito de implementar tais estratégias, as empresas

ranca têm desenvolvido intensos programas de reestruturação. Cunha (1999:8) aponta as principais características desses programas:

Adoção de novas técnicas de organização e gestão; fusão de empresa

processo; aumento da utilização da ca

produção; desenvolvimento e qualificação de rede de fornecedores; e fechamento de fábricas e redução de pessoal

(31)

Há que se considerar que tais tendências têm atingido a cadeia produtiva de linha Branca no Brasil. É justamente sob esta perspectiva que desenvolvemos a última seção deste c

0, a indústria de linha branca no Brasil nos anos a ser angeiros. Atualmente, as principais

empre tor são upo Ele ux (que comprou as

a fripar, dona das a límax e White-Westinghouse) e o Whirlpool ( controle acion e detêm o controle das m s Brastemp,

C O rcado brasileiro em se todos os

i a Bosc AKO detêm tia i orta o mercado,

c de fogões. (Tabela 1.2 ) apítulo.

1.5 – A Indústria de Linha Branca no Brasil

A estrutura da indústria de eletrodomésticos de linha branca seguiu no Brasil as principais tendências internacionais. A partir de meados da década de 90 várias empresas do segmento passaram a ser controladas pelas principais empresas mundiais, como decorrência do processo de rearranjo patrimonial da indústria mundial de eletrodomésticos de linha branca (Cunha, 2003).

Assim como nas décadas de 70 e 8

90, continuou dominada por um número pequeno de empresas, mas estas passaram mais e mais controladas por grandes conglomerados estr

sas do se controladas por dois grandes gr s: o ctrol

ções da Re ntigas marcas C

que detém o ário da Multibrás S/A arca

ônsul e Semer.). s referidos grupos lideram o me qua tens. Além destes, h-Siemens e a GE-D fa mp nte n

omo produtoras

Tabela 1.2 – Participação das Principais Empresas na Indústria Brasileira de Eletrodomésticos de Linha Branca (% do Faturamento)

Empresa controle acionário (empresa e país) 1995 1997 1999

1. Multibrás Whirlpool (EUA) 32,9 36,3 47,1

2. Electrolux AB Electrolux (Suécia) 14,8 18,2 19,6

3. BSH Continental Bosch-Siemens Hausgërate (Alemanha) 6,5 9,8 17,0

4. GE-Dako General Electric (EUA) 4,6 7,9 10,1

Total (1+2+3+4) 58,8 72,2 93,8

Total da Indústria 100,0 100,0 100,0

Fonte: Elaborado a partir de dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE) e do Balanço Anual da Gazeta Mercantil, em Cunha (2003).

(32)

Quando tomamos por base os principais segmentos de mercado, como fogões, lavadoras de roupa e refrigeradores, apenas as três maiores empresas respondem por quase a totalidade das vendas (Tabela 1.3) No segmento de lavadoras de roupa e de refrigeradores, a liderança é da Multibrás, seguida pela Electrolux. A participação de mercado da Multibrás nestes segmentos foi de, respectivamente, 55,2% (1998) e 57,0%

$ 2,7 bilhões, correspondente a 93,8% do faturamento total da indústria

em 1999, o que demons áte ad ha, 2003). Além

e apontad a autora, o il despontou e 00, como o terceiro undial de fogões tendo atingido 12,9% da produção. O Brasil aparecia, ainda no

quinta po como produ e refrigeradores duzindo 6,5% do total armos por base, todos os produtos da indústria de linha branca, o

o o principal fabricante da América Latin

s por Segmento d Mercado Brasileiro de a (%)

(1999). As quatro maiores empresas brasileiras apresentaram um faturamento de aproximadamente R

tra o car r altamente concentr o do setor (Cun

disso, conform o pel Bras m 20

produtor m

mesmo ano, na sição tor d , pro

deste produto. Se tom

Brasil se destacava com a.

Tabela 1.3 – Participação das Principais Empresa o Linha Branc Empresas/Produtos Fogões (1997) Lavadoras de roupa (1998) Refrigeradores (1999) Multibrás 25,0 55,2 57,0 Electrolux - 19,8 26,3 BS Continental 29,0 12,7 7,0 GE-Dako 37,0 - - CCE Eletrodomésticos - - 7,5 Esmaltec 9,0 - - Enxuta - 12,3 Outras - 25,0 2,2

Fonte: Elaborado a partir de dados da Asso

Podemos observar, a partir da leitura das tabelas acima apresentadas, o caráter altam

, ciação Brasileira da Indústria Elétrica e

Eletrônica (ABINEE) e do Balanço Anual da Gazeta Mercantil, em Cunha (2003).

ente concentrado da indústria de eletrodomésticos de linha branca no Brasil. Esta característica é significativamente importante quando consideramos os diferentes segmentos de mercado, evidenciando ainda mais a tendência de concentração. Além disso

(33)

é importante observar, ta característica, seja, a ão do tem crescido n imos anos (Cunha, 2003).

processo de e e gran os nge ha

m provocado

ensão das parcer

as, principalmente, a partir m da d de 90. – Entradas e as Estra as na stri a Branca (Décad 0)

que es qual progressiva concentraç

mercado, os últ

Esse ntrada d des grup estra iros na indústria brasileira de lin branca ao longo dos anos 90 te mudanças no panorama patrimonial do segmento.

O Quadro 1.1 nos dá uma dim ias, participações acionárias e aquisições

verificad eados écada

Quadro 1 Parceri ngeir Indú a Brasileira de Eletrodomésticos

de Linh a de 9 Parceiras/Entrantes País de Origem Empresas Nacionais

Ano Tipo de Parceria/Entrada

Whirpool EUA Multibrás 1997 controle acionário

Electrolux Suécia Refripar 1993 acordo de transferência de tecnologia Electrolux Suécia Refripar 1994 aquisição de 10% das ações ordinárias

Electrolux Suécia Refripar 1996 aquisição

Bosch Siemens Alemanha Continental 1994 aquisição

General Electric EUA Dako 1996 aquisição

LG Electronics Coréia - 1997 instalação de fábrica

Daewoo Coréia CCE 1995 importação

Samsung Coréia CCE 1995 acordo de transferência de tecnologia

Merloni Itália CCE 1996 acordo de transferência de tecnologia

e assessoria técnica

Candy Itália Enxuta 1996 importação

SEB França Arno 1997 aquisição

Moulinex França Mallory 1998 controle acionário

Fonte: Elaborado a partir de dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e 003) Eletrônica (ABINEE) e do Balanço Anual da Gazeta Mercantil, em Cunha (2

(34)

1.5.1 -

como as princip

oderna assim como a modernização de unidades já existentes.

s principais características tecnológicas encontradas nas empresas de linha branca no Brasil seguem a tendência mundial, só que com relativo atraso temporal. As inovações subsidiárias brasileiras, já que relacionam-se às mudanças de gosto e hábitos dos consumidores locais. As inovações de process

empresa, da produção e do trabalho (Cunha, 2003).

1.5.2 Desempenho da Indústria de Linha Branca no Brasil

s ve estreitamente relacionado ao comportamento das vendas no mercado brasileiro no mesmo período. (Tabela 1.4)

Estratégias Empresariais e Principais Características Tecnológicas

Cunha (2003), demonstra que a estratégia predominante na indústria de linha Branca no Brasil tem sido a associação com empresas estrangeiras. Assim

ais empresas mundiais, a concentração em determinados espectros de produtos também tem sido uma estratégia adotada pelas empresas no Brasil. Além disso, a diferenciação e sofisticação de produtos, a especialização setorial, a segmentação dos mercados por renda e o desenvolvimento de uma rede de fornecedores qualificada têm sido largamente utilizados.

As associações com empresas estrangeiras têm motivado a modernização das plantas instaladas no Brasil. Dessa forma assistimos à criação de novas unidades produtivas com tecnologia m

A

de produtos são desenvolvidas, geralmente, pelas próprias

o, por sua vez, estão associadas à introdução de automação microeletrônica bem como uma maior automação e limpeza das fábricas e utilização de novas técnicas de planejamento, qualidade, organização e gestão da

Segundo Cunha (2003), o faturamento verificado na indústria de linha branca no anos 90 no Brasil este

(35)

Tabela 1.4 – (milha

E ão Ve de ro és d a a

0-res de unidades)

voluç das ndas Elet dom ticos e Linh Branc (199 2000) em

Produtos 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Fogões 2.222 2.570 2.378 2.706 3.091 3.917 4.409 3.922 3.397 3.488 3.659 Refrigeradores 1.910 2.117 1.382 1.656 2.400 3.031 4.042 3.720 3.207 3.007 3.239 Freezers Verticais 481 467 289 386 501 547 679 518 361 314 304 Freezers Horizontais - - - - 419 680 745 704 493 358 333 Lavadoras de Roupa 515 531 388 423 633 709 1.091 1.068 949 929 992 Secadoras de Roupa 333 352 125 152 135 38 60 63 64 43 41 Lavadoras de Louça 225 181 118 135 150 56 60 60 76 67 57 Fornos Microondas 209 262 306 385 558 789 1.316 1.497 1.374 1.004 - Ar Condicionado 427 331 262 330 258 472 534 492 661 519 - Total 6.322 6.811 5.248 6.173 8.145 10.239 12.936 12.044 10.582 9.729 8.625

Fonte: Elaborado a partir de dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE) e do Balanço Anual da Gazeta Mercantil, em Cunha (2003)

Segundo Cunha (2203), o país sofreu um ajuste econômico no período que compreende os anos de 1990 a 1992, quando houve o “confisco”, que na verdade correspondeu a uma espécie de empréstimo compulsório por 18 meses pelo então presidente Collor. A recessão decorrente desta política ocasionou um sensível declínio das vendas industriais de produtos de linha branca no ano de 1992, perfazendo uma redução da ordem de 22,9% em relação a 91.

Por sua vez, a relativa estabilidade no nível de emprego observada entre 1995 e 1997 tem um paralelo. A adoção do Plano Real pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1994 permitiu a elevação das taxas de crescimento anuais do consumo de linha branca, devido à estabilização da inflação e ao aumento da renda real da população. A queda dos juros possibilitou o aumento do crédito ao consumidor, principalmente com a expansão dos prazos dos financiamentos e o aumento das vendas a prazo. Dessa forma, os consumidores

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com renda mais reprimida puderam se inserir de maneira mais significativa no mercado. Este quadro se reverteu após 1997. A necessidade de manter metas de inflação provocou um desgaste da política econômica. O aumento da taxa de juros restringiu muito o crédito, reprimindo a produção interna (que já era deficiente após a abertura comercial desen

inaliza-se esta seção inferindo que, da análise do contexto da indústria de eletrodomésticos de linha branca no Brasil nos anos 90 pôde-se observar o alto momento de

das principais empresas da cadeia de linha branca. Para Cunha (2003) a reconfiguração patrimonial concentrou-se exatamente no período

ultados observados serão objeto de análise do capítulo 2.

rou que essa indústria tem sofrido um processo de internacionalização e concentração, principalmente na última década e especialmente através da realização de investimentos estrangeiros diretos, freada). A deterioração da situação econômica do país, como o aumento do desemprego, da inadimplência, decorrente da elevação expressiva do nível de endividamento, da crise do setor varejista, restringiram a capacidade de compra da população brasileira. As vendas que haviam atingido um patamar de 12,9 milhões de unidades em 1996, passaram a 9,7 milhões de unidades em 1999 e a 8,6 milhões de unidades em 2000. A queda das vendas industriais no ano de 2000 foi provavelmente segundo Cunha (2003), compensada pela recuperação de preços dos aparelhos eletrodomésticos, viabilizando inclusive um aumento do faturamento no ano de 2000.

F

concentração e o movimento de internacionalização

de recuperação da economia nacional, na metade dos anos 90, que viabilizou o aumento das vendas e dos preços, contribuindo para a elevação do faturamento e modificando o emprego de suas principais empresas. Contudo, a análise do emprego bem como a apresentação dos res

1.6 – Considerações Finais

Neste primeiro capítulo apresentamos as características mais recentes do processo de globalização destacando o aumento da assimetria entre países ricos e países pobres. Discutimos também a transformação das cadeias produtivas globais e o processo de relocalização do emprego.

Referências

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