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UMA REFLEXÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DA SEMED/MANAUS E A MATRIZ DE REFERÊNCIA DA PROVA BRASIL

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Academic year: 2021

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UMA REFLEXÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DA SEMED/MANAUS E A MATRIZ DE REFERÊNCIA DA PROVA BRASIL

Vanessa Cardoso – Semed/Manaus Resumo

O Brasil tem implementado e participado de avaliações em larga escala desde 1996 com o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Esse tipo de avaliação em larga escala tem sido amplamente utilizada em âmbito internacional, nacional e local (estados e municípios) e Manaus com seus 232.541 estudantes (2015, Semed/Manaus), não está de fora deste contexto. Neste sentido, o artigo tem como objetivo conhecer o processo histórico da implantação da avaliação em larga escala no Brasil; analisar a proposta curricular de Língua Portuguesa dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação de Manaus - SEMED/Manaus em relação às competências e habilidades exigidas pela Matriz de Referência da Avaliação Nacional do Rendimento Escolar - ANRESC, conhecida popularmente como Prova Brasil. Para encaminhamento desse estudo, optou-se por pesquisa bibliográfica, análise documental da Proposta Curricular da SEMED/Manaus junto a Matriz de Referência da ANRESC, e observações enquanto assessora da Divisão de Avaliação e Monitoramento da SEMED/Manaus e comparar os resultados da ANRESC dos anos anteriores (2009, 2011 e 2013) das escolas municipais de 9º ano. Os resultados apontam que a Proposta Curricular não contempla os descritores D8 (Tópico IV), D14 (Tópico I), D21 (Tópico III), D5 e D12 (Tópico II), equivalente a um déficit 24%; ainda os resultados mostram um certo declínio no desempenho geral das Escolas da Semed em Língua Portuguesa do 9º ano em relação à IDEB de 2009 até 2013. Muito se tem que fazer na SEMED/Manaus como rever sua proposta curricular e utilizar os dados das avaliações em larga escala como redimensionamento de suas ações pedagógicas.

Palavras-chave: Matriz de Referência da Prova Brasil. Proposta Curricular Semed/Manaus. Língua Portuguesa.

Introdução

Na formulação e implementação de políticas públicas no Brasil, a avaliação em larga escala tem ganhado grande espaço entre os entes federados, associando-se à promoção da qualidade de ensino, com foco na mensuração dos resultados do desempenho escolar dos estudantes, a partir de parâmetros curriculares que todos deveriam ter acesso, nos vários níveis e etapas do Sistema Nacional de Educação.

Da primeira edição nos anos de 1990, as avaliações em larga escala tiveram muitas mudanças, em 2005, criou-se a Anresc, também conhecida como Prova Brasil,

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uma avaliação censitária que permite a visualização dos resultados das escolas participantes, município, unidades da federação, regiões e geral do Brasil e que resulta no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica- Ideb.

Neste contexto, desde 2007 as escolas públicas municipais de Manaus, vêm atingindo as metas municipais e das redes públicas projetadas para os anos finais do ensino fundamental, no entanto ainda está equidistante das metas nacionais. Em virtude desses entraves, este estudo tem o propósito de analisar a Proposta Curricular de Língua Portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental da SEMED/Manaus, e sua correlação com as competências e habilidades estabelecidas pela Matriz de Referência da ANRESC.

1. A Matriz de Referência da ANRESC: Estrutura, Competências e habilidades, implicações nos currículos escolares

Para a efetivação da Anresc, foi organizada pelos pesquisadores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira-Inep, uma Matriz de Referência, na qual se fez um recorte do que se contempla nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN - em consonância às propostas curriculares das Secretarias de Educação, é por meio dessa matriz que é informado as competências e habilidades que se espera que o estudante possua em determinado ano.

Segundo Nery (apud Brasil, 2011, p. 17)

Toda Matriz Curricular representa uma operacionalização das propostas ou guias curriculares, que não pode deixar de ser considerada, mesmo que não a confundamos com procedimentos, estratégias de ensino ou orientações metodológicas e nem com conteúdo para o desenvolvimento do trabalho do professor em sala de aula.

É muito comum nas escolas professores confundirem as Matrizes de Referência com conteúdo curricular. É necessário que os estes compreendam que essas Matrizes têm como base os PCNs e as propostas curriculares de algumas redes de ensino municipais e estaduais. Desse modo, elas fazem referência às competências cognitivas e as habilidades que os alunos utilizam no desenvolvimento da aprendizagem em relação aos conteúdos praticados em sala de aula.

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Essas Matrizes têm por referência os Parâmetros Curriculares Nacionais e foram construídas a partir de uma consulta nacional aos currículos propostos pelas Secretarias Estaduais de Educação e por algumas redes municipais. O Inep consultou também professores regentes das redes municipal, estadual e privada e, ainda, examinou os livros didáticos mais utilizados para essas séries, nas citadas redes. (Brasil, 2011, p. 17)

A Matriz de Referência de Língua Portuguesa da Anresc foca na leitura e é dividida em duas dimensões: uma denominada Objeto do conhecimento, possuindo seis tópicos (Procedimento de Leitura; Implicações do Suporte, do Gênero e/ou do Enunciador na Compreensão do Texto; Relação entre textos, Coerência e Coesão no Processamento do Texto; Relações entre Recursos Expressivos e Efeito de Sentido e Variação Linguística) outra denominada Competência, com os indicadores das habilidades a serem avaliadas na prova. No 9º ano, são vinte e um descritores.

As Competências estabelecidas para elaboração da Anresc são embasadas nas competências utilizadas no processo de construção do conhecimento. Assim, não se subjuga a conteúdos curriculares e sim em habilidades que o estudante deveria minimamente possuir em determinada etapa. Dessa forma, a competência é uma habilidade de ordem geral, enquanto a habilidade é uma competência de ordem particular (MACEDO, 2011).

2. O processo de construção do currículo da SEMED/Manaus e sua relação com os resultados do 9º ano das escolas municipais na ANRESC de 2009, 2011 e 2013.

Em 2013, foi reformulada a proposta curricular da Semed/Manaus visando a garantia do direito à Educação de Qualidade, que é condição primeira para o exercício pleno dos direitos sociais, civis e político, assim, reuniram-se professores da rede municipal de ensino de cada Divisão Distrital Zonal com seus respectivos representantes das áreas afins, para a reorganização da Proposta Curricular da Secretaria Municipal de Educação – Semed.

A Proposta Curricular 6º ao 9º ano da Semed organiza-se por conteúdos especificados por eixos articuladores, sua organização contempla: caracterização da área, objetivos, expectativas de aprendizagem, eixos, capacidades e conteúdos lançados em tabela de fácil consulta, temas sociais contemporâneos, orientações didáticas, avaliação, instrumentos e critérios de avaliação, e as orientações metodológicas.

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Ao analisar esta proposta curricular percebeu-se quanta importância as avaliações externas vêm ganhando para as Secretaria de Educação e para as escolas da rede pública de ensino, conforme Bonamino; Sousa:

Em relação ao currículo, na maioria dos países, e independentemente do grau de descentralização ou centralização das formas de regulação dos currículos escolares, o que se constata é uma tendência à utilização de avaliações centralizadas para mensurar o desempenho escolar dos alunos, sob os mesmos parâmetros curriculares aos quais se considera que todos os estudantes deveriam ter acesso. (2012, p. 375)

Analisando a Proposta Curricular do 6º ao 9º de Língua Portuguesa da Semed/Manaus encontrou-se alguns recortes das Matrizes de Referência da Anresc, mas também a ausência de algumas competências e habilidades, conforme segue.

No Tópico I – Procedimentos de Leitura, composto por seis descritores, aparecem D1, D3, D4 e D6 em todos os bimestres do 6º ao 9º ano e o D14 que trata de distinguir um fato da opinião relativa a esse fato. No Tópico II – foi identificado apenas D5 e D12, que não constam na Proposta Curricular, no entanto facilmente poderá inserir-se em conteúdos que tratam de textos multimodais e gêneros textuais, pois o D5 trata de interpretar textos com auxílio de material gráfico diverso, e o D12 é a capacidade de identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.

O Tópico III possui dois descritores o D20 e D21, na proposta consta somente o D20, este está presente em todos os anos do ensino fundamental II alternado os bimestres. Referente ao Tópico IV – Coerência e Coesão no Processamento do Texto, de sete descritores somente o D8 não foi inserido, no entanto, pode se fazer presente em conteúdos que envolvam textos, basta o professor ter cuidado na utilização do descritor, pode ser considerado um nível difícil para o estudante.

Já o Tópico V – Relações entre recursos expressivos e efeito de sentido, todos os descritores constam em todos os anos do ensino fundamental II e em todos os bimestres. Por último, o Tópico VI – Variação linguística, possuindo apenas um descritor, insere-se no 6º e 9º ano, alternando os bimestres. Esinsere-se descritor pode ter um nível fácil ou muito difícil, o estudante introduzirá no 6º ano e no 9º ano consolidará a capacidade de identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e interlocutor de um texto.

Observou-se também que cronologicamente, os Indicadores Educacionais Ideb do 9º ano do ensino fundamental II no município de Manaus que em 2009 e 2011 o município superou a meta municipal e estadual projetada, mas não conseguiu superar a

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meta nacional. Em 2013, embora tenha alcançado a meta do município o Ideb ficou abaixo da meta projetada para o estado e para a nacional.

Considerações Finais

Na análise da Proposta curricular da Semed/Manaus, percebeu-se que pela sua natureza curricular é mais abrangente e tem capacidades que não se inserem na Matriz de Referência da Anresc de Língua Portuguesa, como: produção textual, oralidade, alguns aspectos gramaticais entre outros.

Mas uma reflexão torna-se importante nesta discussão, será que os descritores que não foram contemplados na Proposta não interferem nos resultados da Prova Brasil? Bem, pensando nesta situação, fala-se de um déficit de pelo menos 24% de possibilidade de acertos na Prova Brasil.

Assim, a Proposta curricular é um documento fundamental na escola e deve ser revisto e avaliado anualmente, para que possa apoiar aos professores de modo a garantir melhorias no ensino/aprendizado.

Referências

BRASIL. PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação: Prova Brasil: ensino fundamental: matrizes de referência, tópicos e descritores. Brasília: MEC, SEB; Inep, 2011.

BONAMINO, Alicia; SOUSA, Sandra Z. Três gerações de avaliação da educação básica no Brasil: interfaces com o currículo da/na escola. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 373-388, abr./jun. 2012.

ÍNDÍCE de Desenvolvimento da Educação Básica. Resultados do Ideb 2009 a 2013. Disponível em <http://ideb.inep.gov.br/Site/>. Acesso 15 março 2016.

LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Teorias do Currículo. São Paulo: Cortez, 2011.

MANAUS. Proposta Curricular do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. SEMED, 2013.

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