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Prevalência de problemas posturais em adolescentes em fase escolar

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Academic year: 2021

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Prevalência de problemas posturais em adolescentes em fase escolar

Autoras: Marcela Tofolli Voltarelli Vilcéia Cristina de Carvalho Renata Picoli Professora Orientadora: Ms. Giovana de Cássia Rosim* Centro Universitário Anhanguera - Câmpus Leme

Resumo

Introdução

A maioria dos problemas posturais inicia-se precocemente na infância e na adolescência. Devido à fase escolar, isto comumente é atribuído à inadequação das carteiras escolares associadas a padrões viciosos na postura sentada e descarga de peso em um só lado do corpo na postura em pé associada ao uso de bolsas e mochilas. O objetivo do trabalho foi avaliar a prevalência dos problemas posturais nos adolescentes em fase escolar enfatizando a importância do profissional fisioterapeuta em orientações, prevenções e correções posturais em razão do padrão ergonômico insuficiente de carteiras e cadeiras utilizadas em salas de aula. A metodologia empregada foi o uso de um questionário de posicionamento respondido por 58 alunos, com

idade entre 13 e 18 anos, de uma escola pública de Pirassununga/SP. Posteriormente foi realizada uma avaliação postural individual de cada aluno verificando as alterações posturais mais comuns. Com os dados obtidos, foi possível construir gráficos que nos evidenciaram a importância da atuação preventiva de vícios posturais nas escolas, além de nos guiar na elaboração de um protocolo de orientação e educação postural que foi confeccionado em formato de para distribuição à comunidade escolar que participou do estudo.

Palavras-chave: Postura; ergonomia;

problemas posturais; adolescentes.

* Bolsista FUNADESP

Diante dos problemas comumente enfrentados na sociedade em que se vive, o corpo humano, de forma geral, está envolvido numa complexa fusão entre os aspectos físicos, psicológicos e sociais aos quais se inserem num entendimento mais completo de saúde.1

As estruturas inertes que suportam o corpo são ligamentos, fáscias, ossos e articulações, enquanto que os músculos e suas inserções tendíneas são as estruturas dinâmicas que mantém o corpo em uma postura ou o movem de uma postura para outra.2 A gravidade sobrecarrega as estruturas responsáveis por manter o corpo numa postura ereta. Normalmente, a linha da gravidade passa através das curvaturas fisiológicas da coluna vertebral e elas são equilibradas. Se o peso em uma região desloca-se para longe da linha da gravidade, o restante da coluna compensa para recuperar o equilíbrio.2 Para que a articulação sustentadora

de peso fique estável, ou em equilíbrio, a linha da gravidade de sua massa precisa cair exatamente no eixo de rotação, ou precisa ter uma força para contrabalancear a força da gravidade. No corpo, a força de contrapeso é feita por músculos ou estruturas inertes. A postura ereta geralmente envolve um leve balanço ântero-posterior do corpo de cerca de quatro centímetros.2

Uma má postura é uma postura fora do alinhamento normal, mas sem limitações estruturais. Síndrome dolorosa postural refere-se à dor que ocorre devido à sobrecarga mecânica quando a pessoa mantém uma postura por um período prolongado, a dor é normalmente aliviada com atividade. Não ocorrem anormalidades em equilíbrio de força e flexibilidade muscular, mas se a má postura contínua, eventualmente se desenvolverão desequilíbrios de força e flexibilidade. 2,3

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O objetivo do trabalho foi avaliar a prevalência dos problemas posturais nos alunos em fase escolar e a importância da atuação preventiva da Fisioterapia nas escolas.

Metodologia

Participaram do estudo 58 alunos, sendo 26 do sexo masculino e 32 do sexo feminino (idade média de 15 anos, variando de 13 a 18 anos), estudantes da 7a e 8a Séries da escola “E.E. Terezinha Rodrigues”, situada no Jardim Morumbi em Pirassununga / SP. Inicialmente foi realizado um contato com a diretora da escola por telefone e em seguida foi agendado um horário para conversarmos pessoalmente para direcionar a amostra e prestar esclarecimentos dos objetivos e etapas da pesquisa. Após autorização, no mesmo dia os alunos responderam um questionário pessoalmente, individualmente e todas as dúvidas por parte dos alunos foram esclarecidas no próprio local, em suas salas de aula nos dias 10 e 17 de agosto de 2004.

No questionário os alunos responderam questões sobre seus dados pessoais (sexo, idade, peso e altura), questões sobre seus hábitos escolares (quanto tempo permanecem na escola, posicionamento nas carteiras e como carregam seus materiais escolares), questões sobre prática de esportes e atividades físicas e questões com seus hábitos em seus domicílios (posição que executam as tarefas escolares, como se posicionam para assistir TV, como se sentam na frente do computador, quanto tempo permanecem na frente do computador e como se posicionam para jogar vídeo-games).

Após os alunos responderem as questões, foi realizada uma avaliação postural, individual em uma sala reservada. O fisioterapeuta e o aluno se posicionaram em pé e na vista anterior foram analisados as deformidades dos pés, joelhos (plano frontal e sagital), exame pélvico (plano frontal e sagital), exame de tórax (plano frontal), exame de abdome (plano frontal), exame da cintura escapular (plano frontal e sagital), exame cervical (plano frontal e sagital), exame da coluna torácica (plano sagital), exame da coluna lombar

(plano sagital) e na vista posterior com flexão do tronco foi realizado o exame das gibosidades para detectar a presença de escoliose. A ficha de avaliação foi modificada das fontes dos livros do autor Marcel Bienfait10 e da autora Ângela Santos9.

Os dados obtidos nos questionários e na avaliação foram analisados a fim de torná-los um instrumento para a elaboração de um programa de tratamento e prevenção da postura incorreta em alunos em fase escolar.

Foram garantidos aos alunos o anonimato na divulgação dos resultados e a utilização dos mesmos somente para pesquisa.

Resultados e Discussão

Nesta amostra de alunos, 55% são do sexo feminino e 45% são do sexo masculino (FIG. 1).

Do total de alunos avaliados, 79% apresentam alterações em membros inferiores combinadas com alterações de tronco, 14% apresentam alterações somente em tronco e 7% somente em membros inferiores (FIG. 2). Hábitos posturais incorretos adotados desde o ensino fundamental são motivos de preocupação pelo fato do esqueleto estar em fase de formação, e por isso ser mais suscetível a deformações. 5

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Com relação às alterações dos pés, 54% possuem pés normais, 43% possuem pés planos e 3% possuem pés cavos. Observa-se também que no plano frontal, 74% apresentam joelhos normais, 14% apresentam joelhos varos e 12% apresentam joelhos valgos. No plano sagital 50% apresentam joelhos normais, 29% apresentam joelhos flexos e 21% apresentam joelhos recurvatum. Em relação às cristas ilíacas no plano frontal, 34% são equilibradas, 19% possuem o lado direito mais alto e 47% possuem o lado esquerdo mais alto. Já no plano sagital, 55% são equilibradas, 14% apresentam anteversão e 31% apresentam retroversão.

É possível observar que em relação às alterações de tórax devido à respiração, somente 2% apresentam respiração diafragmática, 45% apresentam respiração costal e 53% apresentam respiração costo-diafragmática. Com relação a alterações de abdome, 97% são normais e 3% são protrusos. Dentre os participantes, em relação às alterações de clavículas no plano frontal, 50% são ligeiramente oblíquas (normais), 17% são mais oblíquas e 33% são horizontais.

Já em relação aos ombros no plano frontal, 3% são alinhados, 47% possuem o lado direito mais alto e 50% possuem o lado esquerdo mais alto (FIG. 3). Segundo uma pesquisa realizada em 1997, onde foram observados 122 meninos e 121 meninas com idade entre 10 e 13 anos, 7% dos meninos e 5 % das meninas apresentavam ombros desnivelados.4 O resultado encontrado na presente pesquisa mostra que 3% dos participantes apresentam ombros nivelados.

No plano sagital, 38% dos ombros apresentam-se equilibrados, 34% com enrolamento lateral e 28% com enrolamento horizontal.

Em relação às alterações na coluna cervical no plano frontal, 21% são equilibradas, 26% possuem inclinação lateral direita, 26% possuem inclinação lateral esquerda, 9% possuem rotação à direita e 18% possuem rotação à esquerda. Já no plano sagital, 33% são equilibradas, 10% possuem hiperlordose, 31% possuem anteriorização e 26% possuem retificação cervical. Em relação à coluna torácica, no plano sagital, 49% são equilibradas, 26% apresentam hipercifose e 25% possuem retificação.

Na amostra de alunos com relação às alterações da coluna lombar, no plano sagital, 44% são equilibradas, 28% apresentam hiperlordose e 28% apresentam retificação. Com relação às gibosidades, 10% dos alunos não a possuem e 90% possuem gibosidades que variam de mínimas à gibosidades mais acentuadas. (FIG. 4) Este fato é um alarme pois sabemos que a presença de gibosidades caracterizam a presença de desvios laterais da coluna vertebral. Mesmo sem o diagnóstico de escolioses estruturadas, sabemos que as atitudes escolíóticas podem evoluir e quanto mais jovem a pessoa apresentar uma escoliose o risco evolutivo é maior, devido ao pico de crescimento.6 Esses dados podem ser acrescidos com os dados de um trabalho realizado com 378 escolas no município de Ribeirão Preto em 1995, onde foram encontrados 23,5% de casos de

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escoliose.7

Observa-se também, com relação à forma de carregar o material escolar que 51% carregam o material escolar em mochilas e 49% carregam o material escolar nas mãos. Se a mochila escolar é carregada através de apenas uma alça sobre um dos ombros, este é levantado para evitar que a alça escorregue, o que provoca uma tendência para que a coluna se curve homolateralmente.8

Em relação a dores na coluna, 25%

apresentam dores constantemente, 45% não apresentam dores na coluna e 30% apresentam dores ao realizar esforço físico (FIG. 5). Já em uma investigação realizada por Pereira (2001) em alunos na idade escolar de 10 a 13 anos houve evidência de 67% dos meninos e 72% das meninas com dores nas costas.4

A distribuição das alterações posturais em relação ao sexo está demonstrada na Fig. 6.

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Após ter sido realizada a pesquisa, os 400 alunos da escola avaliada participaram de um programa de prevenção quanto aos males posturais causados pelas mochilas carregadas inadequadamente, mau posicionamento nas carteiras, entre outros. Os professores foram orientados a não exigência de excesso de material, pausas mais freqüentes durantes as aulas e incentivo às posturas corretas. Uma outra alternativa, porém com custo para a escola, seria a compra de armários individuais para que os alunos não precisassem carregar materiais desnecessariamente. Os pais receberam orientações quanto ao posicionamento em casa, por exemplo, postura no sofá, modo de dormir e local de realização de tarefas.

Foi elaborado um folder, com ilustrações educativas, contendo treze orientações básicas de postura para a vida diária dos jovens e, através da arrecadação de fundos de empresas locais, esse folder foi confeccionado e será distribuído para os alunos, professores e familiares das escolas locais.

Conclusão

A partir da pesquisa realizada verificou-se que o mobiliário preverificou-sente na escola não é bom do ponto de vista ergonômico, porém os projetos ideais para as carteiras e cadeiras são economicamente inviáveis. Daí a importância da inserção da Fisioterapia Preventiva na idade escolar, que abrange as avaliações posturais periódicas, avaliações do ambiente e mobiliário escolar, intervenção preventiva através de correções e orientações quanto à postura e hábitos posturais, além das adaptações ergonômicas, evitando assim que conseqüências maiores como lesões e deformidades venham a aparecer e/ou se fixar. É importante enfatizar a necessidade de que os familiares e a escola também participem e se envolvam no programa de prevenção às alterações posturais na idade escolar.

Observamos também que os alunos que já sentem dores na coluna se preocuparam mais com a postura e procuraram maiores esclarecimentos a respeito das alterações

posturais, suas conseqüências e como resolver o problema da dor já instalada.

Acreditamos que o programa de orientações ergonômicas na escola fez com que os alunos tomassem consciência e modificassem seus maus hábitos posturais, proporcionando melhora da qualidade de vida e do aprendizado do aluno.

Referências Bibliográficas

1. GOULD, J. A. Fisioterapia na Ortopedia e na Medicina do Esporte. 2. ed. São Paulo: Manole, p.593, 1993.

2. KISNER, C; COLBY, L. A. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. 3. ed. São Paulo: Manole, p. 521-523, 1998.

3. HAMILL, J; KATHLEEN, M. K. Bases Biomecânicas do Movimento Humano. 1. ed. São Paulo: Manole, p.286, 1999.

4. PEREIRA, E. R. Fundamentos de Ergonomia e Fisioterapia do Trabalho. 3. ed. Rio de Janeiro: Taba Cultural, p. 45-50, 2001.

5. ZAPATER, A. R.; SILVEIRA, M. S.; VITTA, A.; PADOVANI, C.R.; SILVA, J.C.P. Postura sentada: a eficácia de um programa de educação para escolares. Revista Ciência & Saúde Coletiva, v.9, n.1, Rio de Janeiro, 2004.

6. SOUCHARD, P.; OLLIER, M. As Escolioses. 1. ed. São Paulo: É Realizações, p. 129-130, 2001.

7. FERRIANI, M.G.C.; CANO, M.A.T.; CANDIDO, G.T.; KANCHINA, A.S. Levantamento epidemiológico dos escolares portadores de escoliose da rede pública de ensino de 1º grau no município de Ribeirão Preto. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v.2, n.1, jan/jun. 2000. Disponível em:< http://www.fen.ufg.br/ revista>.

8. KENDALL, F.P.; MCCREARY, E.K.; PROVANCE, P.G. Músculos Provas e Funções. 1. ed. São Paulo: Manole, 1995.

9. SANTOS, A. Diagnóstico Clínico Postural – Um guia Prático. 2. ed. São Paulo: Summus Editorial, 2001. 10. BIENFAIT, M. Os Desequilíbrios Estáticos. 3. ed. São Paulo: Summus Editorial, 1995.

Referências

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