• Nenhum resultado encontrado

Acidentes em crianças e adolescentes, segundo o Inquérito VIVA 2011 em Campinas SP

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Acidentes em crianças e adolescentes, segundo o Inquérito VIVA 2011 em Campinas SP"

Copied!
71
0
0

Texto

(1)

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

SUZANA FERREIRA ZIMMERMAN

Acidentes em crianças e adolescentes, segundo o Inquérito

VIVA 2011 em Campinas SP

.

CAMPINAS 2017

(2)

Acidentes em crianças e adolescentes, segundo o Inquérito

VIVA 2011 em Campinas SP.

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ciências na área de concentração: Saúde

da Criança e do Adolescente

ORIENTADORA: PROFA DRA MARIA ÂNGELA REIS DE GÓES MONTEIRO ANTONIO

CO-ORIENTADOR: PROF. DR. ANDRÉ MORENO MORCILLO ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA

PELA ALUNA SUZANA FERREIRA ZIMMERMAN, E ORIENTADA PELA PROFª. DRª . MARIA

ÂNGELA R. G. MONTEIRO ANTONIO

CAMPINAS 2017

(3)
(4)

BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

SUZANA FERREIRA ZIMMERMAN

Orientador (a): MARIA ÂNGELA REIS DE GÓES MONTEIRO ANTONIO Coorientador: ANDRÉ MORENO MORCILLO

MEMBROS:

1. PROFa. DRa. MARIA ÂNGELA REIS DE GÓES MONTEIRO ANTONIO

2. PROF. DR. RICARDO MENDES PEREIRA

3. PROF. DR. JOSÉ ESPIN NETO

Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

(5)

Dedico aos meus filhos, Gustavo e Eduardo, que me inspiram todos os dias o desejo de proteção da infância, além da oportunidade ímpar de compreensão das suas diversas fases e características no processo de desenvolvimento e crescimento.

Dedico ao meu companheiro em várias instâncias da vida, Fabrício. Sempre presente, traz em sua contribuição o equilíbrio, sempre de modo tão afetuoso.

Dedico à minha família, meus pais e os meus irmãos, que enriquecem meu dia a dia, partilhando experiências e promovendo o meu crescimento, em vários aspectos.

(6)

À Profa. Dra Maria Ângela Reis De Góes Monteiro Antonio pela oportunidade que me foi concedida na Pós Graduação, assim como o aprendizado que veio através desta experiência e da prática do Ensino em Pediatria.

Ao Prof. Dr. André Moreno Morcillo, que alia competência, disponibilidade e dedicação para os seus alunos, entre os quais me incluo, desde a Graduação em Medicina, passando pela Residência Médica em Pediatria e agora, no Mestrado.

À Profa. Dra. Andrea de Melo Alexandre Fraga, que sempre se mostrou acessível e trouxe valiosas contribuições para a compreensão da temática de Acidentes na faixa etária pediátrica, o que foi imprescindível para a realização dessa Dissertação.

À Dra. Naoko Yanagizawa Jardim da Silveira, da Coordenação de Vigilância da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, cuja colaboração foi fundamental para a compreensão do processo de implantação e efetivação do VIVA em Campinas.

À minha família, que de modos diversos, me apóia, estimula e constitui a base de todos os meus conceitos.

Aos meus colegas de trabalho na Pediatria, parceiros na prática e ensino dos cuidados da criança e do adolescente. Promovem, através do seu companheirismo e da sua perseverança, grande estímulo para os meus projetos.

À Universidade Estadual de Campinas, pelas experiências e grande aprendizado que vem me proporcionando desde a Graduação na Faculdade de Ciências Médicas.

(7)

de mortalidade em crianças e adolescentes. Objetivo: Traçar o perfil dos acidentes sofridos por crianças e adolescentes residentes no município de Campinas, a partir de dados do inquérito VIVA de 2011 e revisar as estratégias de prevenção destes eventos existentes no Brasil que contemplam a faixa etária pediátrica. Método: Estudo observacional, de corte transversal, descritivo, em que foram incluídas as vítimas de acidentes, de 0 a 19 anos de idade, que procuraram atendimento de 1 a 30 de setembro de 2011, nos serviços sentinelas de Campinas. Pesquisou-se programas de prevenção de acidentes em sites de entidades governamentais, não governamentais e sociedades científicas. Determinou-se as frequências absolutas e relativas das variáveis qualitativas

Resultados: Ocorreram 284 atendimentos por acidentes em pacientes com idade de zero a dezenove

anos, nos serviços sentinela de urgência de Campinas, durante o mês de setembro de 2011: o Hospital Municipal Doutor Mário Gatti foi responsável por 51,4% dos atendimentos, seguido pelo Hospital de Clínicas da Unicamp (29,2%) e Hospital e Maternidade Celso Pierro (19,4%). Os acidentes foram mais frequentes no sexo masculino (59,9%), entre os adolescentes (54,2%). Quanto à forma com que o paciente se locomoveu até o hospital, a maioria chegou em veículo particular (66,9%). Os acidentes foram classificados em quatro grupos: queda (45,4%), outros acidentes (39,8%), acidente de transporte (12,7%) e queimadura (2,1%). Quanto ao tipo de ocorrência em relação a faixa etária, observou-se que as quedas foram mais frequentes até os 10 anos, diminuindo em frequência relativa quanto mais velha a criança. O tipo de queda mais frequente foi do mesmo nível (58,1%). Entre os “outros acidentes”, predominaram: choque contra objeto/pessoa (40,7%). Em relação às características dos acidentes de transporte, a maioria das vítimas era o condutor (66,7%) e o meio de locomoção da vítima mais comum foi a motocicleta (41,7%). Entre os agentes causais das queimaduras predominou substância quente (50%). Foi mais frequente a ocorrência dos acidentes nos dias úteis (64,4%) e entre 12:00 e 18:00 horas (51,8%). O local de ocorrência do acidente foi, em sua maioria, a própria residência do paciente (39,8%). Predominaram as lesões de menor gravidade: contusão (33,8%). As partes do corpo atingidas foram principalmente: membros superiores (38,6%); membros inferiores (33,7%). A evolução nas primeiras 24 horas foi, na grande maioria dos casos, alta (90,5%). Encontrou-se estratégias de prevenção de acidentes relevantes na faixa etária pediátrica. Conclusão: Predominaram vítimas do sexo masculino, adolescentes, que chegaram ao hospital em veículo particular. Prevaleceram quedas, na própria residência, no período da tarde, de segunda a sexta feira. Causaram contusões, em membros, com alta em sua maioria. As estratégias de prevenção para acidentes na faixa etária pediátrica devem ser ressaltadas.

Palavras-chave: Acidentes; Crianças; Adolescentes; Prevenção de acidentes; Vigilância de

(8)

Although accidents are preventable, they are the main cause of children and adolescent’s mortality. The objective of this study was to describe the characteristics of the accidents involving children and adolescents at the emergency sentinel health services of Campinas, on September 2011, based on VIVA Survey and review strategies to prevent accidents in Brazil which contemplate the pediatric age group. Method: An observational, cross-sectional, descriptive study with accident victims from 0 to 19 years old seeking treatment for the first time, from September the 1st to the 30th 2011). The absolute and relative frequencies of the qualitative variables were determined. Research has been done on accident prevention programs on websites of governmental, non-governmental entities and scientific societies. Results: There were 284 cases: 51,4% at Mario Gatti City Hospital; 29,2% at the University Hospital of Unicamp and 19,4% at Celso Pierro Hospital and Maternity. The most frequent victims were: male (59,9%), adolescents (54,2%), transported by private vehicles (66,9%). The accidents were: 45,4% fall (mainly from their own height), traffic accidents (12,7%), burn (2,1%), 39,8% others (mainly collision against object/person). When we analyzed the type of occurrence according to age group, falls were the most frequent up to 10 years (with decrease of the relative frequency the older the child). Regarding traffic accidents, most of the victims were conductors (66,7%), on motorcycles (41,7%). Analyzing the causal agents of burn we found predominance of hot substance (50%). The events occurred mainly at home (39,8%), from Monday to Friday (64,4%), between 12 p.m. and 6 p.m. (51,8%). The most frequent injury was contusion (33,8%), especially upper limbs (38,6%) and lower limbs (33,7%). In 90,5% of the cases, the evolution in the first 24 hours was discharge. Were found relevant accident prevention strategies in the pediatric age group. Conclusion: The main victims were males, teenagers that arrived at the hospital on private vehicles. Falls prevailed at home, in the afternoon, from Monday to Friday. The limb contusions with discharge prevailed. Prevention strategies for accidents in the pediatric age group should be highlighted.

Key words: Accidents; Children; Adolescents; Accident prevention; Sentinel surveillance

(9)

Pág Tabela 1 – Distribuição dos atendimentos em relação aos serviços sentinela

registrados pelo VIVA-2011, Campinas (SP) ... 27 Tabela 2 – Distribuição do dia da semana e horário dos acidentes registrados pelo

VIVA-2011, Campinas (SP) ... 27 Tabela 3 – Distribuição das faixas etárias dos acidentados segundo o VIVA-2011,

Campinas (SP) ... 28 Tabela 4 – Distribuição do sexo em relação à faixa etária das vítimas, registrados

pelo VIVA-2011, Campinas (SP) ... 28 Tabela 5 – Distribuição dos tipos de acidentes segundo o VIVA-2011, Campinas

(SP) ... 29 Tabela 6 – Distribuição dos outros acidentes registrados pelo VIVA-2011, Campinas

(SP) ... 29 Tabela 7 – Tipos de acidentes em relação à faixa etária das vítimas segundo o

VIVA-2011, Campinas (SP) ... 30 Tabela 8 – Distribuição dos tipos de queda segundo o VIVA-2011, Campinas (SP).

... 31 Tabela 9 – Local de ocorrência dos acidentes em relação ao tipo de queda registrados

pelo VIVA-2011, Campinas (SP)... 31 Tabela 10 – Faixa etária em relação ao tipo de queda segundo o VIVA-2011,

Campinas (SP) ... 32 Tabela 11 – Faixa etária em relação aos outros acidentes registrados segundo o

VIVA-2011, Campinas (SP) ... 33 Tabela 12 – Acidentes de transporte em relação ao meio de locomoção, tipo de

vítima e uso de capacete dos acidentados segundo o VIVA-2011, Campinas (SP).

... 33 Tabela 13 - Tipo de vítima em relação ao meio de locomoção segundo o VIVA-2011,

Campinas (SP) ... 34 Tabela 14 – Faixa etária das vítimas em relação ao local de ocorrência dos acidentes

(10)

VIVA-2011, Campinas (SP) ... 35 Tabela 16 - Tipo de acidente em relação ao meio de locomoção utilizado pela vítima

para chegar ao hospital, segundo o VIVA-2011, Campinas (SP)... 36 Tabela 17 – Faixa etária em relação à natureza da lesão entre os acidentes segundo o

VIVA-2011, Campinas (SP) ... 37 Tabela 18 – Tipo de ocorrência em relação à natureza da lesão segundo o

VIVA-2011, Campinas (SP) ... 38 Tabela 19 – Distribuição em relação à parte do corpo atingida segundo o

VIVA-2011, Campinas (SP) ... 39 Tabela 20 – Distribuição em relação à evolução nas primeiras 24 horas segundo o

VIVA-2011, Campinas (SP) ... 39 Tabela 21 – Tipo de ocorrência em relação à evolução segundo o VIVA-2011,

Campinas (SP) ... 40 Quadro 1 - Programas e Campanhas de Prevenção de Acidentes no Brasil... 41

(11)

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas AMB: Associação Médica Brasileira

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária APVP: anos potenciais de vida perdidos

CDC: Centers for Disease Control and Prevention CHOV: Complexo Hospitalar Ouro Verde

CID– 10: 10ª. Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde

Claves: Centro Latino Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli CMDCA: Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

CNES: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde Contran: Conselho Nacional de Trânsito

Conanda: Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente Condeca: Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente CTB: Código de Trânsito Brasileiro

DAPE/ SAS: Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde

DATASUS: Departamento de Informática do SUS

Detran SP: Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo DF: Distrito Federal

EAD: Ensino à Distância

ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente EJA: Educação de Jovens e Adultos

(12)

Fiocruz: Fundação Oswaldo Cruz HC: Hospital de Clínicas

Inmetro: Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia INPM: Instituto Nacional de Pesos e Medidas

MDS: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MPF: Ministério Público Federal

MS: Ministério da Saúde NBR: Norma Brasileira

NPVA: Núcleo de Prevenção de Violências e Acidentes

OCDE: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OMS: Organização Mundial de Saúde

ONG: Organização Não Governamental ONU: Organização das Nações Unidas

OPAS: Organização Pan-Americana de Saúde

OSCIP: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público P.A.R.T.Y.: Prevent Alcohol and Risk- Related Trauma in Youth PLS: Projeto de Lei do Senado

PUC-Campinas: Pontifícia Universidade Católica de Campinas RDC: Resolução de Diretoria Colegiada

RS-10: Segurança no Trânsito em Dez Países SAMU: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

(13)

SIH: Sistema de Informações Hospitalares SIM: Sistema de Informações sobre Mortalidade

SINAN: Sistema de Informação de Agravos de Notificação SISNOV: Sistema de Notificação de Violências

SMS: Secretaria Municipal de Saúde SUS: Sistema Único de Saúde

SVS: Secretaria de Vigilância em Saúde TCE: Traumatismo crânio- encefálico

Unicamp: Universidade Estadual de Campinas Unicef: Fundo das Nações Unidas para a Infância UPA: Unidade de Pronto Atendimento

UTI: Unidade de Terapia Intensiva

VDCCA: Violência Doméstica contra a Criança e o Adolescente VIVA: Vigilância de Violências e Acidentes

(14)

Pág 1. INTRODUÇÃO... 14 2. OBJETIVOS... 22 3. MÉTODOS... 23 4. RESULTADOS... 27 5. DISCUSSÃO... 42 6. CONCLUSÕES... 57 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 58 8. ANEXOS... 68

(15)

INTRODUÇÃO

As causas externas, acidentes e violências, são responsáveis por cerca de 9% de todas as mortes no mundo, contabilizando mais de cinco milhões por ano (1). Quando há sobrevida, as sequelas temporárias ou permanentes têm um índice elevado. Estima-se que para cada morte causada por acidente outras 30 pessoas são internadas e 300 são tratadas nos serviços de emergência pelas mesmas causas (2,3).

Em crianças e adolescentes, o trauma é a principal causa de morte e um dos maiores problemas de saúde pública mundial. Segundo o Relatório Mundial sobre Prevenção de Acidentes com Crianças e Adolescentes, de dezembro de 2008, lançado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), anualmente 830 mil morriam vítimas de acidentes, em todo o mundo, o que representava 2.300 óbitos por dia. Desse total, 90% aconteciam em países de baixa e média renda (4).

O crescimento acentuado das cidades, levando a uma ocupação desorganizada do espaço urbano, aliado a poucas oportunidades de trabalho, propicia a marginalização de indivíduos, inclusive de jovens e de crianças, que se associam, mais frequentemente, em eventos violentos. Outro fato que merece ser mencionado é o maior número de gestações que ocorrem na adolescência, o que resulta em mães menos preparadas para o cuidado de seus filhos e, até mesmo, em alguns casos, negligentes (5).

De acordo com a OMS (4), alguns fatores de risco podem ser considerados universais em relação ao acidente infantil: pobreza, devido às condições ambientais desfavoráveis; predominância das ocorrências no sexo masculino em todas as faixas etárias; associação entre a idade da criança e o ambiente físico onde ocorrem os acidentes, pois as crianças menores sofrem mais acidentes dentro ou nas proximidades da casa, enquanto as maiores sofrem acidentes longe de casa.

Sabe-se que atualmente lesões não intencionais, acidentes, são considerados problemas de saúde pública sendo a principal causa de morte em pessoas de um a 19 anos, principalmente nos países em desenvolvimento (6-8), enquanto que nos Estados Unidos (9) e na Europa (10) são a quinta causa de mortes. De acordo com a Unicef, em seu relatório de mortalidade (11), a maioria das mortes por trauma ocorrem em países em desenvolvimento e

(16)

os principais fatores de risco seriam: pobreza, mãe solteira e jovem, baixo nível de educação materna, habitações pobres, famílias numerosas, uso de álcool e drogas pelos pais.

Isso ocorre com mais frequência nos países em desenvolvimento porque há mais desigualdade social, assim como é mais comum a falta de acesso à educação, levando a um maior contingente de pessoas desinformadas e, portanto, mais suscetíveis a acidentes. Somado à isso, a escassez de infraestrutura adequada, de espaços de lazer, de creches e escolas e de políticas públicas direcionadas à prevenção de acidentes compõem um cenário mais propício à ocorrência destes eventos (12).

No Brasil, em 1999, as mortes por causas externas tiveram um incremento de 16%, ao passar de 59 óbitos por 100 mil habitantes, em 1980, para 69 por 100 mil e representam a segunda causa de morte no país, sobretudo entre os grupos mais vulneráveis, os jovens, os mais pobres e do sexo masculino. Isso tem produzido alterações importantes no perfil demográfico e de mortalidade brasileiro, comprometendo os ganhos em expectativa de vida da população, pois as causas externas são as maiores responsáveis pelos anos potenciais de vida perdidos (APVP), pela frequência com que ocorrem e por atingirem mais os adolescentes e adultos jovens (13,14).

Quanto à participação das causas externas no total das internações, esta ainda é subestimada, pois o Sistema de Informações Hospitalares (SIH) não considera os casos atendidos nos serviços de emergência, bem como as internações ocorridas em unidades de saúde não conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). Em 1999, na composição das 678.787 hospitalizações por esse grupo de causas, destacaram-se as quedas acidentais (42,1%) e os acidentes de transporte (18,6%) (14).

No ano 2000, ocorreram 652.249 internações hospitalares e 118.367 mortes por causas externas no Brasil (15), cujos dados foram provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informações Hospitalares. Neste mesmo ano, o coeficiente de mortalidade por causas externas foi 69,7/100 mil, sendo119, 0/100 mil para os homens e 21,8/100 mil para as mulheres.

As causas externas continuaram apresentando importância crescente. Segundo dados do SIM, foram responsáveis por 12,5% dos óbitos no Brasil em 2000 e por 12,9% em 2010 (16).

(17)

Em 2011, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), as causas externas representaram 8,6% do total de internações pelo SUS, sendo contabilizado em 929.893 internações, o que significa uma taxa de internação hospitalar de 50,4 por 10 mil habitantes, sendo esta 2,5 vezes maior entre os homens do que entre as mulheres (16).

Na faixa etária pediátrica, representam a principal causa de morte no Brasil, totalizando cerca de 4,7 mil mortes e 125 mil hospitalizações de crianças anualmente. Entre os adolescentes de 10 a 19 anos, as causas externas responderam por 16.050 óbitos e 128.316 internações em hospitais que integram o SUS. Conforme dados do DATASUS, acidentes e violências são responsáveis por 5% dos óbitos ocorridos na faixa etária até quatro anos de idade; 37% entre cinco e nove anos; 46% dos 10 aos 14 anos e 72% dos 15 aos 19 anos totalizando 23% das mortes de crianças e adolescentes (17,18).

Estimativas mostram que a cada morte, outras quatro crianças ficam com sequelas permanentes que poderão gerar consequências emocionais, sociais e financeiras a essa família e à sociedade. De acordo com o governo brasileiro, cerca de R$ 80 milhões são gastos no SUS devido a esses eventos nessa faixa etária (19,20).

Mediante este panorama, fica evidente a necessidade de ações preventivas. Os acidentes se diferenciam das violências por serem eventos não intencionais e são evitáveis em sua grande maioria. Em 1970, William Haddon Jr criou a Matriz de Haddon, onde pressupôs que os acidentes teriam causas ou determinantes epidemiológicos como qualquer outra doença e, em consequência, poderiam ser evitados e controlados. Segundo esta teoria, o hospedeiro seria visto como a vítima; o agente patogênico seria a energia, térmica nas queimaduras, mecânica em quedas e acidentes de transporte, química em intoxicações, elétrica em caso de choques; os vetores seriam todos os objetos, os elementos naturais como fogo, água, os produtos ou os animais que exerçam ação sobre a vítima; e o ambiente seria a situação em que a lesão ocorreu, como as más condições da pista em um acidente de transporte (21).

Em cada tipo de acidente, seria possível atuação pré-evento, durante o evento e pós-evento (21,22). A prevenção primária é aquela que procura evitar a ocorrência do acidente. A prevenção secundária refere-se ao sistema de atendimento e aos cuidados hospitalares. Já a prevenção terciária é aquela que busca reduzir as sequelas (23).

(18)

As estratégias de prevenção primária de acidentes podem ser divididas em ativas, passivas ou mistas. As ativas exigem determinada ação toda vez que a vítima em potencial precisa de proteção como, por exemplo, colocar as crianças no banco traseiro do automóvel com cinto de segurança. As estratégias de prevenção passiva não dependem de mudanças de comportamento para serem efetivas como tampas de segurança em embalagens de medicamentos, pois são estabelecidas por meio de leis que as normatizam. As estratégias mistas utilizam-se dos dois tipos anteriores. Um exemplo é a instalação de telas protetoras em janelas e varandas de um apartamento, em que a tela é proteção passiva, mas o ato de instalar e os gastos para tal são medidas ativas (23).

Segundo Waksman & Blank, as principais estratégias para prevenir os acidentes são: a orientação das pessoas para alterar seu comportamento e melhorar sua proteção; mudanças de comportamento individual por meio de leis ou regras administrativas e proteção automática promovida por produtos seguros (24).

Nos Estados Unidos, várias iniciativas visando a prevenção de acidentes vêm surgindo, dentre elas a “Safe Kids Worldwide”. Fundada em 1987, é a primeira rede internacional criada com a finalidade de prevenção de acidentes em crianças. Em 30 anos de atuação nos EUA, o índice de mortes de crianças por acidentes apresentou uma redução de 45%. Essa rede difundiu-se pelos cinco continentes e está presente em 26 países (25).

No Brasil, como nos demais países em desenvolvimento, a prevalência de acidentes é ainda maior do que nos países da Europa e Estados Unidos (26), o que vem motivando o surgimento de diversos documentos, campanhas e programas, visando a prevenção de ocorrência desses agravos em nosso país.

Em 1990, foi publicado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que em seu artigo 4º diz:

“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde... A garantia de prioridade compreende: primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas; destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude” (27).

(19)

Neste mesmo ano, foi elaborada a Convenção sobre os Direitos da Criança (28), segundo a qual deveria ser assegurado a todos os setores da sociedade, em especial aos pais e às crianças, o conhecimento dos princípios básicos de saúde e, entre outros, o de ações de prevenção de acidentes, recebendo apoio para a aplicação destes conhecimentos.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) vem dando ênfase à necessidade de prevenção destes eventos com a criação do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente que, em 1969, denominava-se Comitê de Acidentes. Em 12 de outubro de 1998, a SBP lançou a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes (29), que colaborou na formulação da “Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências” adotada pelo Ministério de Saúde em 2001 (30).

As diretrizes que compunham essa Política eram a promoção da adoção de comportamentos e de ambientes seguros e saudáveis; a monitorização da ocorrência de acidentes e de violências; a sistematização, ampliação e consolidação do atendimento pré-hospitalar; a assistência interdisciplinar e intersetorial às vítimas de acidentes e de violências; a estruturação e consolidação do atendimento voltado à recuperação e à reabilitação; a capacitação de recursos humanos e o apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas (30).

O Ministério da Saúde tem elaborado outros documentos e programas de acordo com a política de prevenção de acidentes, como o Relatório Final da 9ª Conferência sobre os Direitos da Criança e do Adolescente, 2012 (31).

Foram criados cursos de Ensino a Distância de Cuidados de Segurança da Criança (32) e desde 2014 outras estratégias intersetoriais vêm sendo implantadas com caráter preventivo, como o Programa Saúde na Escola (PSE).

Em 2007, o município de Campinas criou o Núcleo de Prevenção de Violências e Acidentes (NPVA) (33). Em conformidade com a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências manteve os fundamentos (30): atenção à vítima de violência, vigilância e monitoramento, prevenção de violências e acidentes, promoção de comportamentos seguros, articulação intersetorial e estruturação de redes (34).

A Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) foi criada pelo Ministério da Saúde em setembro de 2006 com o objetivo de conhecer as características dos eventos ocorridos por causas externas (35,36). Visava suprir uma deficiência de informações

(20)

principalmente em relação à morbidade, visto que os eventos de menor gravidade não eram computados nos dados do SIM ou do SIH/SUS, que monitorizavam informações sobre mortalidade e internações hospitalares apenas no SUS (37,38). Teve entre suas origens as recomendações de um manual elaborado pela OMS, que visava o desenvolvimento de sistemas de informação para a coleta sistemática de dados sobre as lesões, com a intenção de facilitar o desenvolvimento de programas de prevenção e consequente redução da incidência de mortes e incapacidades devido às lesões (39).

Em agosto de 2006 implantou-se o VIVA Contínuo nos serviços de referência para violências, porém em novembro de 2006, julgou-se necessária a integração deste ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) que possui abrangência nacional (37).

O VIVA Sentinela ou Inquérito VIVA, foi criado prevendo-se a realização de pesquisas, de início, anuais, com informações coletadas durante um mês, entre setembro e novembro de 2006 e 2007, nos hospitais de urgência e emergência selecionados e depois, a cada dois anos, setembro de 2009 e 2011 (37).

Para implantação do Inquérito VIVA, utilizou-se o conceito de evento sentinela:

“É a detecção de doença prevenível, incapacidade, ou morte inesperada cuja ocorrência serve como um sinal de alerta de que a qualidade da terapêutica ou prevenção deve ser questionada. Assim, toda vez que se detecta evento desta natureza, o sistema de vigilância deve ser acionado para que as medidas indicadas possam ser rapidamente acionadas, após identificação dos fatores relacionados.” (40,41)

A Rede Sentinela é uma ferramenta de vigilância em saúde que permite o monitoramento de agravos de importância em saúde pública (neste caso, as causas externas). O Sistema de Vigilância baseado em “serviços sentinela” é formado por redes de informação em que a prioridade não é o universo dos casos, mas a qualidade e oportunidade das ações (37,42).

Essas estratégias de vigilância focalizam apenas um subconjunto das fontes de dados possíveis com maior capacidade de detalhar informações, mas não possibilitam o cálculo de taxas de incidência (43).

(21)

Foram escolhidos alguns pontos de coleta de informações como os serviços de urgência e emergência de municípios selecionados que registraram a ocorrência de casos, acidentes em suas unidades. Essa coleta de dados sobre eventos, incluindo os menos graves, é fundamental para que o planejamento de medidas preventivas possa ocorrer.

“As unidades de saúde sentinela, quando bem selecionadas, são capazes de assegurar representatividade e qualidade às informações produzidas, ainda que não se pretenda conhecer o universo de ocorrências.” (40)

Os critérios para seleção de municípios foram: ranking de mortalidade por causas externas baseados no SIM do SUS; Matriz de exploração sexual da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República; municípios prioritários para ações na área de Saúde da Mulher do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde e para ações da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial; municípios do Programa Sentinela do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; que já tenham estruturado Núcleo de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde e Serviço de emergência hospitalar e de referência ao atendimento às vítimas de violência sexual, doméstica e outras violências; participação no teste piloto da “Ficha de Notificação Compulsória de Violência”; Projeto de Redução da Morbimortalidade por Acidentes de Trânsito; decisão política e capacidade de gestão (33).

Os serviços foram selecionados segundo critérios de referência para atendimento aos acidentes e importância local na área de urgência e emergência, número de atendimentos realizados, complexidade e resolutividade do serviço (33).

Em 2006, o VIVA Sentinela foi desenvolvido em 65 serviços, em 34 municípios e no Distrito Federal. Em 2007, foi realizado em 82 unidades de emergência distribuídas em 35 municípios e no Distrito Federal. Em 2009, a pesquisa incluiu 136 serviços de urgência e emergência situados no Distrito Federal, capitais de estados e municípios já anteriormente selecionados, com acréscimo de municípios dos estados do Espírito Santo, do Mato Grosso, do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, como estudo-piloto cujo objetivo era comparar capitais e interior. Neste ano de 2009, em Campinas, foi realizado um estudo diferenciado com a inclusão das Unidades de Pronto Atendimento 24 horas (Anchieta, São José, Centro, Ouro Verde e Doutor Sergio Arouca no Campo Grande) e também de serviços de saúde privados de maior participação no atendimento de urgências e emergências na cidade (Casa de

(22)

Saúde, Centro Médico, Hospital Metropolitano, Hospital Samaritano, Hospital Irmãos Penteado, Hospital Vera Cruz e Hospital Beneficência Portuguesa). Os objetivos eram conhecer a totalidade dos atendimentos e comparar os serviços privados aos públicos. Em 2011, o Inquérito VIVA foi realizado em 25 capitais, no Distrito Federal (DF) e em 11 municípios selecionados, num total de 105 serviços de urgência e emergência. Em Campinas, no ano de 2011, voltaram a participar do Inquérito os três serviços de referência vinculados ao SUS: Hospital Municipal Doutor Mario Gatti, Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Hospital e Maternidade Celso Pierro da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) (44).

(23)

OBJETIVOS

Geral: Traçar o perfil dos acidentes sofridos por crianças e adolescentes residentes no município de Campinas, a partir de dados do inquérito VIVA de 2011.

Específicos:

 Conhecer as características sociodemográficas: sexo e idade das crianças e adolescentes vítimas dos acidentes registrados.

 Conhecer as características das ocorrências que motivaram os atendimentos: tipo de acidente, hora, dia e local de ocorrência, meio de locomoção para chegar até o serviço.  Conhecer as consequências dos acidentes nas crianças e adolescentes envolvidos: natureza da lesão, parte do corpo atingida e evolução nas primeiras 24 horas.

 Revisar as estratégias de prevenção de acidentes existentes no Brasil para crianças e adolescentes.

(24)

MÉTODO

DELINEAMENTO DO ESTUDO

Realizou-se um estudo observacional, de corte transversal, descritivo, a partir de dados secundários do inquérito VIVA, referentes aos acidentes ocorridos no município de Campinas (SP) em 2011 e atendidos em serviços sentinelas.

CASUÍSTICA E PERÍODO DE ABRANGÊNCIA

Os dados foram obtidos a partir dos 284 registros correspondentes aos acidentes ocorridos entre crianças e adolescentes residentes no município de Campinas, de 1 a 30 de setembro de 2011.

FONTE DE DADOS

Utilizou-se o banco de dados do Inquérito VIVA do ano de 2011 (44), do Ministério da Saúde. A ficha de coleta é apresentada no Anexo 1, cujo preenchimento baseou-se nas instruções que constam no Manual do Entrevistador (45).

Serviços sentinela: Em 2011, o município de Campinas designou: Hospital Municipal Doutor Mario Gatti, Hospital de Clínicas da Unicamp e Hospital e Maternidade Celso Pierro da PUC-Campinas.

VARIÁVEIS DO ESTUDO

Foram selecionadas as seguintes variáveis: a) Serviço Sentinela:

 Hospital Municipal Doutor Mario Gatti

 Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas  Hospital e Maternidade Celso Pierro

(25)

b) Características sócio-demográficas do paciente:  Sexo: feminino, masculino

 Idade: calculada a partir da diferença entre a data da ocorrência do atendimento e a data de nascimento. Para fins de análise foram adotados os seguintes agrupamentos:

0 - 1 ano: 0 a 1 ano 11 meses e 29 dias;

2 - 5 anos: 2 a 5 anos 11 meses e 29 dias;

6 - 9 anos: 6 a 9 anos 11 meses e 29 dias;

10 - 14 anos: 10 a 14 anos 11meses e 29 dias;

15 - 19 anos: 15 a 19 anos 11meses e 29 dias

c) Características dos acidentes:  Tipo de acidente:

Acidente de transporte: tipo de vítima: pedestre/condutor/passageiro/outro; meio

de locomoção da vítima: a pé/automóvel/motocicleta/bicicleta/ônibus ou micro-ônibus/outro; uso de dispositivo de segurança: cinto de segurança/capacete/dispositivo de retenção para transporte de crianças/outro.

Queda: mesmo nível; leito e outras mobílias; escada ou degrau; brinquedos de

parquinho; outros níveis (colo, carrinho de bebê, janela, mureta, árvore, buraco, telhado ou laje, andaime).

Queimadura: substância quente; objeto quente; substância química; fogo ou

chama; choque elétrico; outros.

Outros acidentes: corpo estranho (ingestão; aspiração); afogamento; intoxicação

exógena; ferimento por objeto perfurocortante; ferimento por arma de fogo; acidentes com animais; queda de objetos sobre pessoa; choque contra objetos/pessoa, entorse.

(26)

 Ocorrência do acidente:

Dia da semana e horário em que houve a ocorrência.

Local: residência, escola, via pública (rua), recreação e outros: indústrias/

construção, habitação coletiva, bar, comércio/serviços, ignorado.

 Meio de locomoção usado para chegar até o serviço:

A pé

Veículo particular

Ônibus/micro-ônibus

Transporte especializado: veículo do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), ambulância, veículo do Resgate, viatura policial.

Outro.

d) Consequências dos acidentes  Características da lesão:

Natureza da lesão: sem lesão física, contusão, corte/laceração, entorse/luxação,

fratura, amputação, traumatismo crânio-encefálico, politraumatismo, queimadura, outra.

Parte do corpo atingida: cabeça/face, coluna/medula/pescoço, tórax/dorso,

abdômen/quadril, membros superior, membro inferior, genital, região anal.

 Evolução nas primeiras 24 horas

Alta

Encaminhamento ambulatorial Internação hospitalar

Encaminhamento para outro serviço Evasão ou fuga

(27)

Óbito

ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO

Foram pesquisados, a partir das palavras chave: prevenção de acidentes; crianças; adolescentes; accident prevention; children; adolescents, programas de prevenção de acidentes com crianças e adolescentes em sites de entidades governamentais, não governamentais e de sociedades científicas.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram processados com o software SPSS®16.0 (SBSS Inc. USA). Determinou-se as frequências absolutas e relativas das variáveis qualitativas.

ASPECTOS ÉTICOS

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp em 30/07/2012 (CAE 05379012.0.0000.5404). (Anexo 2)

(28)

RESULTADOS

De acordo com o VIVA, em 2011 ocorreram 284 acidentes registrados pelos três serviços sentinela do município de Campinas, entre crianças e adolescentes no mês de setembro (Tabela 1). Destes, 183 (64,4%) ocorreram em dias úteis e 142 (50,0%) entre 12 e 18 horas (Tabela 2).

Tabela 1 - Distribuição dos atendimentos em relação aos serviços sentinela, registrados pelo VIVA 2011, Campinas SP

Serviços Sentinela N %

Hospital Municipal Doutor Mario Gatti 146 51,4

Hospital de Clínicas da Unicamp 83 29,2

Hospital e Maternidade Celso Pierro 55 19,4

Total 284 100,0

N: frequência absoluta %: frequência relativa

Tabela 2 - Distribuição do dia da semana e horário dos acidentes registrados pelo VIVA-2011, Campinas (SP) N % Dia da Semana Dias úteis 183 64,4 Finais de semana 101 35,6 Horário (horas) 0 -| 6 5 1,8 6 -| 12 59 20,7 12 -| 18 142 50,0 18 -| 24 68 23,9 FI 10 3,6

(29)

Características sociodemográficas das vítimas

Entre as vítimas, observou-se que 280 (98,6%) eram procedentes de área urbana, três (1,1%) de área rural e um (0,4%) peri-urbana (área próxima à urbana, com aglomeração populacional menos concentrada, estruturas precárias e usos semelhantes aos rurais).

Em relação à idade das vítimas, observa-se que 154 (54,2%) acidentes ocorreram de 10 a 19 anos (Tabela 3).

Tabela 3 - Distribuição das faixas etárias dos acidentados segundo o VIVA-2011, Campinas (SP) Faixa Etária N % 0 – 1 36 12,7 2 – 5 58 20,4 6 – 9 36 12,7 10 -14 79 27,8 15 – 19 75 26,4 Total 284 100,0

N: frequência absoluta %: frequência relativa

Quanto ao sexo, verificou-se que 170 (59,9%) eram do sexo masculino. No entanto, a prevalência foi maior no sexo feminino nos grupos etários de zero a um ano (52,8%) e entre seis e nove anos (61,1%) (Tabela 4).

Tabela 4 - Distribuição do sexo em relação à faixa etária das vítimas, registrados pelo VIVA-2011, Campinas (SP)

Feminino Masculino Faixa Etária N % N % 0 -1 19 52,8 17 47,2 2 - 5 26 44,8 32 55,2 6 - 9 22 61,1 14 38,4 10 - 14 30 38,0 49 62,0 15 - 19 17 22,7 58 77,3 Total 114 40,1 170 59,9

(30)

N: frequência absoluta %: frequência relativa

Características dos acidentes

A distribuição dos acidentes quanto ao tipo pode ser observada na tabela 5, onde nota-se um predomínio das quedas (45,4%), seguido dos outros acidentes (39,8%).

Tabela 5 - Distribuição dos tipos de acidentes segundo o VIVA-2011, Campinas (SP) Tipos de Acidentes N % Queda 129 45,4 Outros Acidentes 113 39,8 Acidentes de Transporte 36 12,7 Queimadura 6 2,1 Total 284 100,0

N: frequência absoluta %: frequência relativa

Entre os outros acidentes, observou-se que 46 (40,7%) foram decorrentes de choque contra objetos ou pessoas, seguida de 25 (22,1%) entorses (Tabela 6).

Tabela 6 - Distribuição dos outros acidentes registrados pelo VIVA-2011, Campinas (SP)

Outros acidentes N %

Choque contra objetos ou pessoas 46 40,7

Entorse 25 22,1

Compressão/Queda de objeto 16 14,1

Acidentes com animais 9 8,0

Ferimentos por objeto perfuro-cortante 8 7,1

Envenenamento ou intoxicações 4 3,5

Corpo estranho/Sufocação 5 4,5

(31)

N: frequência absoluta %: frequência relativa

Em relação ao tipo de acidente e a faixa etária das vítimas, verificou-se que as quedas foram mais frequentes até os 14 anos. Destaca-se o grupo etário de zero a um ano, no qual 69,4% dos acidentes foram decorrentes de algum tipo de queda. Na faixa dos 10 aos 14 anos, as quedas ficaram em primeiro lugar junto com os outros acidentes (46,8% cada). Já entre os adolescentes de 15 aos 19 anos, os outros acidentes foram mais frequentes (53,3%), seguido dos acidentes de transporte (26,7%), ficando as quedas em terceiro lugar (18,7%) (Tabela 7).

Quanto às queimaduras, ressalta-se que dos seis casos registrados, três foram por substância quente; uma por objeto quente; uma por substância química e uma por fogo ou chama.

Tabela 7 - Tipos de acidentes em relação à faixa etária das vítimas, segundo o VIVA-2011, Campinas (SP)

Idade

(anos)

Queda Outros Transporte Queimadura

Total N % N % N % N % 0 – 1 25 69,4 9 25,0 0 0 2 5,6 36 2 – 5 34 58,6 14 24,1 8 13,8 2 3,4 58 6 – 9 19 52,8 13 36,1 4 11,1 0 0 36 10 -14 37 46,8 37 46,8 4 5,1 1 1,3 79 15 – 19 14 18,7 40 53,3 20 26,7 1 1,3 75 Total 129 45,4 113 39,8 36 12,7 6 2,1 284

N: frequência absoluta %: frequência relativa

Na tabela 8 observa-se em relação aos tipos de queda, que cair do mesmo nível é muito frequente (58,1%), seguido de quedas de móveis (10,8%).

(32)

Tabela 8 - Distribuição dos tipos de queda segundo o VIVA-2011, Campinas (SP) Tipo de queda N % Mesmo Nível 75 58,1 Móveis 14 10,8 Escada 11 8,5 Brinquedos de parque 9 7,0 Outros 20 15,6 Total 129 100,0

N: frequência absoluta; %: frequência relativa

Analisando as quedas com mais detalhes, observou-se que as do mesmo nível predominaram na residência da vítima (36%) seguidas pela escola (29,3%). Das 14 quedas de móveis, 78,6% destas aconteceram na residência do acidentado (Tabela 9).

Tabela 9 - Local de ocorrência dos acidentes em relação ao tipo de queda registrados pelo VIVA-2011, Campinas (SP)

Tipo de queda

Residência Escola Recreação Rua Outros

Total N % N % N % N % N % Mesmo Nível 27 36,0 22 29,3 11 14,7 9 12 6 8 75 Móveis 11 78,6 1 7,1 0 0 1 7,1 1 7,1 14 Escada 8 72,7 3 27,3 0 0 0 0 0 0 11 Parque 1 11,1 7 77,8 1 11,1 0 0 0 0 9 Outros 9 45,0 3 15,0 2 10,0 5 25 1 5 20 Total 56 43,4 6 27,9 14 10,9 15 11,6 8 6,2 129

N: frequência absoluta %: frequência relativa

A maior ocorrência das quedas deu-se nas crianças de 0 a 9 anos (60,5%), seguidos pelos adolescentes de 10 a 14 anos (28,7%). As quedas do leito ou outra mobília

(33)

foram, na maioria, em lactentes de zero a um ano, na própria residência, assim como quem caiu de escada ou degrau (Tabela 10).

As quedas de brinquedos de parque ocorreram, em sua maioria, com crianças na faixa de dois a cinco anos e depois em vítima de seis a nove anos, predominantemente na escola, mas também em áreas de recreação e na residência. As quedas de outros níveis (carrinho de bebê, colo, mureta, janela, árvore, telhado/laje, buraco, andaime) ocorreram em crianças de várias idades, predominantemente na residência (Tabelas 9 e 10).

Tabela 10 – Faixa etária em relação ao tipo de queda segundo o VIVA-2011, Campinas (SP) Tipo de queda 0 - 1 2 - 5 6 - 9 10 - 14 15 - 19 Total N % N % N % N % N % Mesmo nível 6 8,0 16 21,3 16 21,3 26 34,7 11 14,7 75 Móveis 7 50,0 3 21,4 0 0 4 28,6 0 0 14 Escada 5 45,5 1 9,1 2 18,2 2 18,2 1 9,1 11 Parque 0 0 8 88,9 1 11,1 0 0 0 0 9 Outros 7 35,0 6 30,0 0 0 5 25,0 2 10,0 20 Total 25 19,4 34 26,4 19 14,7 37 28,7 14 10,9 129

N: frequência absoluta %: frequência relativa

Em relação aos outros acidentes, observou-se que os choques contra objeto ou pessoas e as entorses e torções foram mais frequentes em adolescentes, em que ocorreram mais de 80% dos casos e nas crianças mais velhas. Verificou-se predomínio de intoxicação ou envenenamento acidental e corpo estranho (ingestão ou sufocação) em crianças menores de seis anos. Já os ferimentos por objetos perfuro-cortantes só ocorreram em vítimas a partir de seis anos (Tabela 11).

A análise dos acidentes de transporte revelou que 15 indivíduos (41,7%) se acidentaram em motocicleta, seguido de 12 (33,3%) em bicicleta. Dos 36 acidentes de transporte, em 24 (66,7%) as vítimas eram os condutores e entre os 15 acidentados em motocicleta, 80% estavam de capacete (Tabela 12).

(34)

Tabela 11 - Faixa etária em relação aos outros acidentes segundo o VIVA-2011, Campinas (SP) Outros acidentes 0-1 2-5 6-9 10-14 15-19 Total N % N % N % N % N % COP 0 0 1 7,7 7 53,8 20 62,5 18 40,0 46 Entorse 2 20,0 0 0 1 7,7 6 18,8 16 35,6 25 CQO 3 30 4 30,8 2 15,4 2 6,3 5 11,1 16 AA 1 10,0 4 30,8 1 7,7 0 0 3 6,7 9 FOPC 0 0 0 0 2 15,4 3 9,4 3 6,7 8 Intoxicações 2 20,0 2 15,4 0 0 0 0 0 0 4 Corpo estranho 2 20,0 2 15,4 0 0 1 3,1 0 0 5 Total 10 8,9 13 11,5 13 11,5 32 28,3 45 39,8 113

N: frequência absoluta; %: frequência relativa; COP: Choque contra objetos ou pessoas; CQO: Compressão por queda de objeto; AA: Acidentes por animais; FOPC: Ferimento por objeto perfuro-cortante;

Tabela 12 - Acidentes de transporte em relação ao meio de locomoção, tipo de vítima e uso de capacete dos acidentados segundo o VIVA-2011, Campinas (SP)

Acidente de transporte N %

Meio de locomoção da vítima

Motocicleta 15 41,7 Bicicleta 12 33,3 A pé 8 22,2 Ônibus/micro-ônibus 1 2,8 Tipo de vítima Condutor 24 66,7 Pedestre 8 22,2 Passageiro 4 11,1 Uso do capacete Sim 12 80,0 Não 2 13,3 Ignorado 1 6,7

(35)

Em relação aos tipos de vítimas nos acidentes de transporte, 66,7% eram os condutores, dos quais 12 dirigiam motocicleta e os outros 12 dirigiam bicicleta (Tabela 13).

Tabela 13 - Tipo de vítima em relação ao meio de locomoção segundo o VIVA-2011, Campinas (SP)

Meio de locomoção

Pedestre Condutor Passageiro

Total N % N % N % Motocicleta 0 0 12 80 3 20 15 Bicicleta 0 0 12 100 0 0 12 A pé 8 100 0 0 0 0 8 Micro-ônibus 0 0 0 0 1 100 1 Total 8 22,2 24 66,7 4 11,1 36

N: frequência absoluta %: frequência relativa

Quanto ao local de ocorrência do evento, a maioria aconteceu na própria residência do paciente (39,8%); seguido da escola (20,4%); via pública (18,3%) e área de recreação (13,7%) (Tabela 14).

Em relação aos locais de ocorrência por faixa etária, verificou-se que o predomínio dos acidentes na residência da vítima é mais importante quanto menor a criança. A escola é um local frequente de acidentes principalmente dos dois aos 14 anos. A ocorrência de eventos acidentais em áreas de recreação se deu principalmente a partir dos seis anos. Já os acidentes em via pública e outros locais (que englobam comércio/serviços, indústria/construção, habitação coletiva e bar ou similar) foram predominantes entre os adolescentes de 15 a 19 anos (Tabela 14).

Na análise do local de ocorrência do acidente em relação ao tipo, as quedas e os outros acidentes predominaram na residência, seguida da escola. Já os acidentes de transporte ocorreram principalmente em via pública, seguida da residência. As queimaduras também predominaram no domicílio da vítima (Tabela 15).

(36)

Tabela 14 – Faixa etária das vítimas em relação ao local de ocorrência dos acidentes segundo o VIVA-2011, Campinas (SP)

Local Ocorrência 0-1 2-5 6-9 10-14 15-19 Total N % N % N % N % N % Residência 31 27,4 32 28,3 12 10,6 26 32,9 12 23,0 113 Escola 0 0 13 22,4 10 17,2 23 39,6 12 20,7 58 Rua 3 5,8 10 19,2 4 7,7 10 19,2 25 48,0 52 Recreação 1 2,7 2 5,4 6 15,4 16 41,0 14 35,9 39 Outros 1 4,6 1 4,6 4 9,1 4 18,2 12 54.5 22 Total 36 12,6 58 20,4 36 12,6 79 27,8 75 26,4 284

N: frequência absoluta %: frequência relativa

Tabela 15 - Tipo de acidente em relação ao local de ocorrência dos acidentes segundo o VIVA-2011, Campinas (SP)

Local Ocorrência

Queda Outros Transporte Queimadura

Total N % N % N % N % Residência 56 43,4 48 42,5 4 11,0 5 83,3 113 Escola 36 27,9 22 19,5 0 0 0 0 58 Rua 15 11,6 6 5,3 31 86,1 0 0 52 Recreação 14 10,9 24 21,2 1 2,8 0 0 39 Outros 8 6,3 13 11,6 0 0 1 16,7 22 Total 129 45,4 113 39,8 36 12,7 6 2,1 284

N: frequência absoluta; %: frequência relativa

Quanto à forma com que o paciente chegou ao hospital, 190 (66,9%) chegaram em veículo particular, seguido de ônibus/micro-ônibus (23,9%) e a pé (2,1%). Apenas oito pessoas (2,8%) chegaram em transporte especializado, e que este ocorreu com mais frequência para as sete (19,5%) vítimas de acidentes de transporte (Tabela 16).

(37)

Tabela 16 - Tipo de acidente em relação ao meio de locomoção utilizado pela vítima para chegar ao hospital, segundo o VIVA-2011, Campinas (SP)

Meio de Locomoção

Queda Outros Transporte Queimadura

Total N % N % N % N % V Particular 84 65,1 75 66,4 26 72,2 5 83,3 190 T Coletivo 33 25,6 31 27,4 3 8,3 1 16,7 68 T Especializado 0 0 1 0,9 7 19,5 0 0 8 A pé 4 3,1 2 1,8 0 0 0 0 6 Outro 2 1,6 0 0 0 0 0 0 2 Ignorado 6 4,7 4 3,5 0 0 0 0 10 Total 129 45,4 113 39,8 36 12,7 6 2,1 284

V Particular: veículo particular; T Coletivo: transporte coletivo; T Especializado: Transporte especializado N: frequência absoluta; %: frequência relativa

Consequências dos acidentes

A natureza das lesões é apresentada na tabela 17 onde observou-se que as lesões de menor gravidade como contusão (33,8%); entorse/luxação (16,9%) ocorreram com maior frequência, seguidas de corte/laceração (15,8%); fratura (15,1%). A contusão predominou em todas as faixas etárias. A entorse/luxação foi mais frequente em adolescentes, assim como as fraturas. O corte/laceração ocorreu principalmente dos dois aos dez anos, enquanto o TCE foi mais prevalente em pacientes de até um ano do que nas demais faixas etárias. Nas crianças menores que dois anos foi bem comum não haver qualquer lesão na vítima. Já as intoxicações só ocorreram nos menores que seis anos, idade em que as queimaduras prevaleceram.

(38)

Tabela 17 - Faixa etária em relação à natureza da lesão entre os acidentes segundo o VIVA-2011, Campinas (SP) Natureza da lesão 0-1 2-5 6-9 10-14 15-19 Total N % N % N % N % N % Contusão 13 36,1 16 27,6 11 30,6 28 35,4 28 37,3 96 E/L 2 5,6 4 6,9 4 11,1 21 26,6 17 22,7 48 C/La 2 5,6 16 27,6 12 33,3 5 6,3 10 13,3 45 Fratura 1 2,8 7 12,1 6 16,7 16 20,3 13 17,3 43 Sem lesão 9 25 4 6,9 2 5,6 3 3,8 1 1,3 19 TCE 6 16,7 1 1,7 0 0 1 1,3 1 1,3 9 Queimadura 2 5,6 2 3,4 0 0 1 1,3 1 1,3 6 Politrauma 0 0 1 1,7 0 0 1 1,3 2 2,7 4 Intoxicação 1 2,8 2 3,4 0 0 0 0 0 0 3 Amputação 0 0 1 1,7 1 2,8 0 0 0 0 2 Outra 0 0 4 6,9 0 0 3 3,8 2 2,7 9 Total 36 12,7 58 20,4 36 12,7 79 27,8 75 26,4 284

E/L: entorse/luxação C/La: corte/laceração TCE: traumatismo crânio-encefálico N: frequência absoluta %: frequência relativa

A análise das lesões em relação aos tipos de acidente revelou que a contusão foi a forma mais frequente em todos os acidentes, com exceção das queimaduras. Em seguida vieram a entorse, a fratura e o corte/laceração nas quedas e outros acidentes. Já nos acidentes de transporte, as fraturas foram tão frequentes quanto as contusões, seguidas de cortes/lacerações. Pacientes sem lesão só apareceram entre as vítimas de quedas e outros acidentes. Os politraumatismos e os traumatismos crânio-encefálicos foram menos prevalentes e ocorreram nos acidentes de transporte e nas quedas. As intoxicações e amputações foram raras e apareceram na categoria dos outros acidentes (Tabela 18).

(39)

Tabela 18 - Tipo de ocorrência em relação à natureza da lesão segundo o VIVA-2011, Campinas (SP) Natureza da lesão Queda Outros acidentes Acidentes de

transporte Queimaduras Total

N % N % N % N % Contusão 51 53,1 35 36,4 10 10,5 0 0 96 E/L 19 39,6 29 60,4 0 0 0 0 48 C/La 15 33,4 22 48,9 8 17,7 0 0 45 Fratura 24 18,6 9 8 10 27,8 0 0 43 Sem lesão 9 47,4 10 52,6 0 0 0 0 19 TCE 8 88,9 0 0 1 11,1 0 0 9 Queimadura 0 0 0 0 0 0 6 100,0 6 Politrauma 0 0 0 0 4 100,0 0 0 4 Intoxicação 0 0 3 100,0 0 0 0 0 3 Amputação 1 50,0 1 50,0 0 0 0 0 2 Outra 2 22,2 4 44,4 3 33,4 0 0 9 Total 129 45,4 113 39,8 36 12,7 6 2,1 284

E/L: entorse/luxação C/La: corte/laceração TCE: traumatismo crânio-encefálico N: frequência absoluta %: frequência relativa

Na tabela 19 observa-se a parte do corpo atingida, onde os membros superiores tiveram um expressivo acometimento (38,6%); seguidos dos membros inferiores (33,7%) e cabeça/face (19,8%).

(40)

Tabela 19 - Distribuição em relação à parte do corpo atingida segundo o VIVA-2011, Campinas (SP) Parte de corpo N % Membros superiores 103 38,6 Membros inferiores 90 33,7 Cabeça/face 53 19,8 Múltiplos órgãos/regiões 10 3,7 Abdômen/quadril 5 1,9 Tórax/dorso 3 1,1 Coluna/medula/pescoço 3 1,1 Total 267 100,0

N: Frequência absoluta %: Frequência relativa

Quanto à evolução destes 284 acidentes, 90,5% evoluíram para alta nas primeiras 24 horas. Não foi encontrado nenhum óbito (Tabela 20).

Tabela 20 - Distribuição em relação à evolução nas primeiras 24 horas segundo o VIVA-2011, Campinas (SP) Evolução N % Alta 257 90,5 Encaminhamento ambulatorial 18 6,3 Internação hospitalar 6 2,1 Evasão/fuga 2 0,7

Encaminhamento para outro serviço 1 0,4

Total 284 100

N: frequência absoluta %: frequência relativa

Quanto à evolução de cada tipo de ocorrência, verificou- se que as quedas (92,2%) e os outros acidentes (94,7%) foram os eventos que mais frequentemente evoluíram para alta. Cerca de 8,3% das vítimas dos acidentes de transporte e 33,3% das queimaduras foram

(41)

encaminhadas para seguimento ambulatorial. Os acidentes de transporte foram os que mais demandaram internação hospitalar (13,9%). Apenas 0,9% de outros acidentes foram encaminhados para outro serviço, mesmo percentual destes que evadiu do hospital (Tabela 21).

Tabela 21 - Tipo de ocorrência em relação à evolução dos acidentados, segundo o VIVA-2011, Campinas (SP)

Evolução

Queda Outros acidentes

Acidentes de

transporte Queimadura Total

N % N % N % N % Alta 119 92,2 107 94,7 27 75 4 66,7 257 EA 9 7 4 3,5 3 8,3 2 33,3 18 IH 1 0,8 0 0 5 13,9 0 0 6 E/F 0 0 1 0,9 1 2,8 0 0 2 EOS 0 0 1 0,9 0 0 0 0 1 Total 129 45,4 113 39,8 36 12,7 6 2,1 284

EA: encaminhamento ambulatorial IH: internação Hospitalar E/F: evasão/fuga EOS: encaminhamento para outro serviço N: frequência absoluta %: frequência relativa

Estratégias de prevenção de acidentes existentes no Brasil

No quadro 1, são apresentados os programas e campanhas de prevenção de acidentes na faixa etária pediátrica, existentes nos níveis nacional, estadual e municipal.

(42)

Quadro 1: Programas e Campanhas de Prevenção de Acidentes em crianças e Adolescentes no Brasil

Programas de Prevenção Local Fonte

ONG Criança Segura Brasil www.criancasegura.org.br

Documentos, Campanhas, Leis, Projetos

de Lei Brasil Relatório de Mapeamento Evitando Acidentes (2014)

Casa + Segura Brasil www.amb.org.br

Campanhas da SBP Brasil www.sbp.com.br

Curso “A Aventura” Estado de São Paulo www.educacao.sp.gov.br

P.A.R.T.Y. Campinas, Ribeirão Preto,

Sorocaba (SP), São Luis (MA) www.sbait.org.br/partybrasil

Maio Amarelo Internacional www.maioamarelo.com

NPVA Campinas Campinas www.campinas.gov.br/saude

AMB: Associação Médica Brasileira; NPVA: Núcleo de Prevenção de Violência e Acidentes; ONG: Organização Não Governamental; P.A.R.T.Y.: Prevent Alcohol and Risk Related Trauma in Youth; SBAIT: Sociedade Brasileira de Atendimento Integral ao Traumatizado; SBP: Sociedade Brasileira de Pediatria

(43)

DISCUSSÃO

Nosso trabalho permitiu estudar especificamente a população de crianças e adolescentes do município de Campinas que foram notificadas pelo Inquérito VIVA 2011. Observou-se que de zero a 19 anos, os meninos foram mais propensos a sofrerem acidentes que as meninas, as quedas foram os acidentes mais prevalentes, os adolescentes do sexo masculino sofreram mais acidentes de transporte que as do sexo feminino e a maioria absoluta chegou ao hospital de modo próprio e recebeu alta nas primeiras 24 horas de atendimento.

O Inquérito VIVA iniciou em 2006, sendo reaplicado em 2007, 2009, 2011 e 2014. O primeiro inquérito abrangeu 23 unidades da Federação e totalizou 46.795 acidentes registrados. Em 2011, foi efetivado em 24 capitais, no Distrito Federal (DF) e em 11 municípios selecionados, perfazendo 105 serviços de urgência e emergência (16). No município de Campinas, foi realizado pela primeira vez em 2006, em 2009 incluiu-se as oito unidades de urgência e emergência públicas quanto incluiu-sete privadas e em 2011 optou-se por incluir somente as três unidades públicas de referência como serviços sentinelas (44).

No Brasil, o Inquérito VIVA 2011, revelou em todas as faixas etárias, que entre as ocorrências, 64,2% aconteceram no sexo masculino, 30,9% foram quedas, seguidas de acidentes de transporte (26,1%) e choque contra objetos/pessoas (6,5%). Cerca de 37,1% dos acidentes ocorreram no domicílio e o veículo particular foi o meio mais frequentemente usado para chegar ao hospital (52,2%) e 77,6% evoluíram para a alta nas primeiras 24 horas (16).

No estado de São Paulo, participaram do Inquérito VIVA 2011 os municípios de Campinas com 1.041 entrevistas, Diadema com 1.073, Ribeirão Preto com 764, Jundiaí com 1.856, Guarulhos com 1.345, Santo André com 2.641 e São José do Rio Preto com 1.492, totalizando 19 serviços sentinela de urgência. Entre os acidentados, 62,7% eram do sexo masculino, 20,4% tinham de 10 a 19 anos, a segunda faixa etária mais frequente após a de 20 aos 29 anos. A maioria dos pacientes (51,7%) chegou ao serviço por veículo particular. Predominaram as quedas (38,9% das ocorrências), seguidas de outros acidentes (34,4%), acidentes de transporte (25,3%) e

(44)

queimaduras (1,4%). A maioria destes eventos ocorreu no período da tarde e recebeu alta nas primeiras 24 horas (44).

No município de Campinas, em setembro de 2011, o Inquérito VIVA 2011 registrou 1.041 atendimentos nos serviços sentinela. Destes, 959 foram acidentes e 82 violências. Quanto aos acidentes, 15,5% ocorreram em menores de nove anos e 21,4% entre10 e 19 anos. As quedas foram responsáveis por 38,9% das ocorrências e as quedas do mesmo nível predominaram entre as demais. Em seguida, vieram os acidentes de transporte (19,5%). Cerca de 40,5% do total foi de outros acidentes, prevalecendo o choque contra objeto/pessoa (11,6%). A maioria das ocorrências evoluiu para alta e aconteceram predominantemente no domicílio (44).

A maior frequência destes eventos entre os meninos observada neste estudo é concordante com a literatura (16, 38, 46-58).

Entre março de 1997 e fevereiro de 1998, Baracat et al. verificaram predomínio do sexo masculino (62,1%) entre 3.214 crianças menores de 14 anos de idade, vítimas de acidentes, atendidas no serviço de Emergência Pediátrica do Hospital de Clínicas da Unicamp (49).

Filócomo et al. em 1999, avaliaram 890 crianças de 0 a 12 anos, vítimas de acidentes, atendidas em um pronto socorro pediátrico na cidade de São Paulo. Verificaram que 56,1% destes eram do sexo masculino, exceto entre as crianças menores de um ano como pudemos observar em nosso estudo (50).

No Inquérito VIVA de 2006 e 2007, Malta et al. constataram que as crianças menores de 10 anos de idade representaram cerca de 20% dos atendimentos por acidentes, com predomínio do sexo masculino sendo a razão Masculino/Feminino igual a 1,6 e 1,5, respectivamente nos anos de 2006 e 2007 (51).

Em outro estudo do Inquérito VIVA 2009, dos 6.897 pacientes registrados em 74 serviços de urgência do DF e 23 capitais, também houve predomínio de acidentes no sexo masculino (59,4%) entre as crianças menores de 10 anos (52). Já entre os 6.434 adolescentes de 10 a 19 anos do mesmo Inquérito, também houve predomínio do sexo masculino (65,6%) (53).

(45)

O mesmo foi observado no Inquérito VIVA 2011, no qual observou-se em 71 serviços de urgência em 24 capitais do Brasil e DF a preponderância do sexo masculino (60,5%) entre os 7.043 atendimentos de crianças menores de 10 anos (54).

No Inquérito VIVA de 2014, Malta et al. constataram que das 8.164 vítimas de acidentes atendidas nos 86 serviços de urgência das 24 capitais brasileiras e DF, 60,3% eram do sexo masculino (55).

A preponderância do sexo masculino é encontrada também nos estudos que analisaram todas as faixas etárias, como foi observado por Mascarenhas et al. (38) nos 41.677 atendimentos por acidentes do Inquérito VIVA 2006, em 65 serviços de emergência credenciados ao SUS (34 municípios e DF), onde 68,4% eram indivíduos do sexo masculino. O sexo masculino também foi mais frequente em 64,2% de 42.958 atendimentos devidos a causas acidentais no Inquérito VIVA 2011 em 71 serviços de urgência de 24 capitais e DF feito por Neves et al. (16).

Em duas revisões bibliográficas dos acidentes infantis, Martins verificou que em vários estudos brasileiros há predominância destes eventos no sexo masculino (57, 58). O mesmo foi constatado por Fraga et al. (56) quando analisaram 530 óbitos por causas externas de um total de 2.170, no período entre 2001 e 2008 em crianças e adolescentes menores de 18 anos da cidade de Campinas.

Esse fato poderia ser explicado por questões culturais, como o incentivo dos meninos a realizarem atividades com maior potencial de exposição a acidentes, concedendo-lhes mais liberdade e menos supervisão, o que tende a se ampliar na adolescência.

Em nosso estudo observou-se um ligeiro predomínio dos acidentes em adolescentes, o mesmo observado por outros autores. Baracat et al. encontraram maior frequência de acidentes com o aumento da idade em um Pronto-Socorro da cidade de Campinas (49), o mesmo encontrado por Filócomo et al. que obtiveram maior frequência dos acidentes dos sete aos 11 anos, seguido da faixa de um a três anos (50).

Os pré-escolares, em nosso estudo, foram a segunda faixa etária mais frequente entre as vítimas de acidentes. Esse dado foi semelhante ao encontrado por Malta et al. (51) que, no Inquérito VIVA 2006 e 2007, verificaram entre as crianças

Referências

Documentos relacionados

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) apresenta à categoria e à sociedade em geral o documento de Referências Técnicas para a Prática de Psicólogas(os) em Programas de atenção

No presente trabalho avaliou-se o efeito toxicológico (inibição da mobilidade) de formulações fungicidas à base de piraclostrobin e epoxiconazol, isoladamente e em

More importantly, we also needed the football clubs financial data such as the debt ratio, total liabilities, total financial debt, medium and long term

A USP se destaca por possuir produção significativamente maior que as dos demais programas (quase 70 artigos). O segundo grupo, composto por Unicamp, UnB, UFRGS

(2013 B) avaliaram a microbiota bucal de oito pacientes submetidos à radioterapia na região de cabeça e pescoço através de pirosequenciamento e observaram alterações na

O plug-in desenvolvido, acrescenta algumas funcionalidades à gestão de tarefas e compromissos do Outlook, com os seguintes objetivos: facilitar a gestão pessoal

Este dado diz respeito ao número total de contentores do sistema de resíduos urbanos indiferenciados, não sendo considerados os contentores de recolha

Para devolver quantidade óssea na região posterior de maxila desenvolveu-se a técnica de eleva- ção do assoalho do seio maxilar, este procedimento envolve a colocação de