Iniciativa de Educação Permanente em Enfermagem - IEPE
Eliane Marina Palhares Guimarães Helena Maria S. L. David A Iniciativa de Educação Permanente em Enfermagem - IEPE, proposta de trabalho colaborativo entre ABEn Nacional e OPAS, desde seu lançamento em outubro de 2002, durante o 54º Congresso Brasileiro de Enfermagem, vem envidando esforços no sentido de contribuir para a discussão de temas relativos a educação permanente em enfermagem e a apropriação de tecnologias de ensino, em especial, aquelas mediatizadas pela Internet.
Neste período, foi consolidado o Grupo de Trabalho IEPE, por meio de portaria da presidente da ABEn Nacional e foram realizadas atividades da IEPE durante os eventos da agenda nacional de enfermagem, promovidos pela ABEn Nacional, envolvendo dirigentes, docentes do ensino superior em enfermagem e profissionais de enfermagem dos serviços de saúde do país.
Em outubro de 2002, durante o Congresso Brasileiro de Enfermagem, foi lançado o website IEPE – http://www.abennacional.org.br/IEPE , como segmento da homepage da ABEn Nacional. O site apresenta a proposta da IEPE e oferece um espaço virtual para o trabalho colaborativo entre as escolas de graduação em enfermagem e unidades do SUS prestadoras de serviços de saúde, operacionalizadas na modalidade de cursos à distância e fóruns virtuais.
Como primeira experiência virtual da IEPE, no período de fevereiro a maio p.p. foi desenvolvido o Curso Internet no ensino de enfermagem: recursos e aplicações, em parceria com o Núcleo de Tecnologias Educacionais em Saúde - NUTES da Universidade Federal do Rio de Janeiro com o objetivo de oferecer recursos e atividades que orientem os professores na utilização da Internet em suas práticas de ensino. O curso propôs o oferecimento de um espaço de debate e cooperação entre professores universitários, de maneira a possibilitar a formação de uma comunidade virtual que possa refletir sobre o processo educativo, trocar
experiências e construir materiais que apóiem mudanças qualitativas no processo educativo. O curso foi coordenado pelo Prof. Enfermeiro Marcos Brandão e contou com a participação de 04 tutores e 02 monitores técnicos. Para este primeiro oferecimento foram inscritos 75 enfermeiros de 47 escolas de graduação em enfermagem distribuídas em 19 estados do país e, participaram efetivamente do curso, 59 enfermeiros. A avaliação parcial do curso aponta para o alcance dos objetivos propostos, constatado na fala dos participantes quando afirmam ter sofrido mudanças em sua prática docente a partir das vivências do curso. Na avaliação pessoal do coordenador “o curso alcançou plenamente os objetivos delineados representando um marco na capacitação de docentes de ensino superior em enfermagem para o uso da internet como ferramenta capaz de permitir melhores experiências de aprendizagem.”
Dando continuidade à agenda programática da IEPE, em abril passado, durante o 12º SENPE, foi realizada a Oficina de Trabalho IEPE 2003 com o objetivo de elaborar o plano de trabalho da IEPE para o ano de 2003, de forma conjunta e participativa com as escolas de graduação em enfermagem. Participaram da atividade os membros do Grupo Técnico IEPE, a Profa. Francisca Valda da Silva, presidente da ABEN, André Falcão do Rego Barros, representante da cooperação técnica/Área de Desenvolvimento de Recursos Humanos da OPAS/Brasil e 17 enfermeiras docentes de Escolas de Graduação em Enfermagem. A Proposta de Agenda para a IEPE em 2003, elaborada durante a oficina, propôs a realização de fóruns virtuais para discussão dos aspectos conceituais para a educação permanente em enfermagem e levantamento de temas para atividades de capacitação para os enfermeiros, na modalidade à distância. A agenda propôs ainda, a divulgação dos resultados parciais destes fóruns durante a Reunião de Trabalho da IEPE a ser realizada no 55º CBEn. Esta Oficina inaugurou uma nova etapa da IEPE, com o envolvimento concreto das escolas na consolidação do Projeto da Iniciativa, sendo especialmente destacada a importância da discussão dos temas nas instituições, o que será conseguido a partir da ação dos docentes envolvidos.
O primeiro fórum de discussão teve seu início no dia 12 de agosto com o objetivo de estabelecer discussão sobre o tema “Educação Permanente em Enfermagem” com vistas à identificação e construção, com a contribuição dos
participantes do Fórum, de um conceito de Educação Permanente que sirva de guia para as atividades da Rede IEPE; integrar professores e instituições de ensino à proposta da Rede IEPE; elaborar produtos específicos: publicações científicas (paper), temáticas para discussão, cursos e seminários em meio virtual e definir eixos temáticos para o desenvolvimento das atividades da Rede IEPE. O fórum contou com a participação aproximada de 32 enfermeiros, sendo 25 docentes, 03 enfermeiros de serviço, 03 representantes da ABEN. Os resultados parciais do fórum apresentados pela Profª Helena David, moderadora do fórum, sinalizaram que existe um interesse e acúmulo suficiente para permitir um avanço importante: a discussão não é incipiente, mas está fragmentada; a ferramenta do fórum não foi ainda incorporada à rotina das nossas discussões e a visão de Educação Permanente não é apenas instrumental, há uma preocupação metodológica e política em busca da transformação social. Uma vez que parece haver um alto grau de consenso no aspecto filosófico, político e metodológico, foi sugerido avançar mais na definição de propostas concretas, identificando:
•Quais as NECESSIDADES em educação permanente que temos;
•Quais os TEMAS GERADORES para o desenvolvimento desta proposta; •Como AMPLIAR E INTEGRAR as discussões entre os enfermeiros;
•Quais as RESPOSTAS E EXPERIÊNCIAS já existentes, e como DIVULGÁ-LAS E INTEGRÁ-DIVULGÁ-LAS;
•Como tornar a mediação virtual mais PRÓXIMA E VIVA.
A IEPE presente nas atividades da agenda nacional de enfermagem, realizou no dia 20 de setembro, na cidade de Brasília, durante o 7º SENADEn, a segunda Oficina de Trabalho com a presença da presidente da ABEn, profª Francisca Valda da Silva, do coordenador da área de desenvolvimento de recursos humanos da OPAS, Dr. José Paranaguá de Santana, dos enfermeiros membros do GT/IEPE e de um número significativo de enfermeiros representantes das escolas de graduação e unidades de serviço do país. A oficina teve como objetivo apresentar os resultados das atividades desenvolvidas no período de abril a outubro e realizar um levantamento das atividades de educação permanente desenvolvidas pelas escolas e as possibilidades de seu oferecimento no ambiente virtual da IEPE.
A avaliação do curso Internet no Ensino de Enfermagem foi apresentada pela Profª Eliane Palhares, coordenadora do GT IEPE e os resultados parciais do I Fórum
Virtual sobre Educação Permanente foram apresentados pela Profª Helena David, moderadora do fórum.
Como atividade subseqüente, foi realizada a III Oficina de Trabalho da IEPE, durante o 55º CBEN para concretização do acordo entre a IEPE e as Escolas de Enfermagem para oferecimento de atividades de educação permanente no ambiente virtual da IEPE. Nesta atividade, coordenada pela Profª Helena David, estiveram presentes a Enfermeira Milta Torrez, representando a Presidente da ABEn, Professora Francisca Valda, o Dr. José Paranaguá de Santana, Recursos Humanos, OPAS –Brasil, e a Professora Jane Dytz, pelo CEPEn. A Professora Milta falou sobre a importância do trabalho colaborativo em rede, mediado pela Internet, e sobre as características da IEPE, ressaltando ainda que não se trata da mesma proposta dos Pólos de Educação Permanente, mas sim de um trabalho que poderá, quando pertinente, estar integrado aos Pólos. A seguir, o Dr Paranaguá apresentou a IEPE dentro do panorama das outras redes colaboratirvas com apoio da OPAS, e informou que está sendo elaborada uma proposta de premiação, para 2004, para projetos e iniciativas de Educação Permanente desenvolvidas pela IEPE. A Professora Jane Dytz fez breve apanhado histórico da IEPE e, a seguir, a professora Helena apresentou uma visão geral do site e do I Fórum IEPE. Na discussão em grupo, foram sugeridos alguns temas para atividades de capacitação dos enfermeiros, tais como: Urgência e Emergência, Sistematização da Assistência, Ergonomia para enfermeiros, Psico –Oncologia, Saúde da Família, Farmacologia para Idosos, Biossegurança, DST, Saúde Mental. Os encaminhamentos da oficina apontam para a realização de um novo Fórum de discussão, para aprofundar a discussão iniciada no 55º CBEn; divulgação da IEPE pelos representantes das instituições presentes, tentando identificar parcerias internas e novas propostas para 2004; realização de um Fórum IEPE, presencial, com tempo maior para as discussões a ser realizado, provavelmente, no 56º CBEn em 2004.
Decorrido um ano de sua criação, é possível fazer algumas reflexões sobre o processo de implementação da IEPE, apontando alguns fatores que facilitaram e outros que limitaram as ações previstas. Entre os fatores facilitadores ressalta-se a) a proposta de trabalho colaborativo entre ABEn e OPAS, que viabilizou a concepção teórica e metodológica da rede, além da otimização de recursos para o desenvolvimento das atividades; b) a utilização de recursos tecnológicos que
garantissem a articulação e o trabalho compartilhado, nas modalidades presencial e virtual, entre os membros do GT IEPE. Entre os fatores dificultadores são apontados a pouca experiência dos enfermeiros para incorporar recursos tecnológicos no processo de trabalho, em especial, nas atividades de ensino; as experiências de EAD em enfermagem são poucas e envolvem um número pequeno de profissionais em relação à demanda de capacitação permanente; a adoção de metodologias alternativas para aprendizagem e capacitação exige do profissional um investimento que nem sempre é possível, por questões relacionadas ao interesse pessoal e de condições institucionais no que se refere às atribuições docentes rotineiras (docência, administração, pesquisa, extensão); a garantia de condições institucionais para sustentabilidade da proposta; a modalidade de ensino à distância requer do aluno disciplina para o cumprimento das atividades e para tanto, deve ser estimulado permanentemente.
Ciente destas dificuldades, a IEPE aposta na importância da mediação da internet como mais um recurso para viabilização da capacitação permanente, necessária aos profissionais de enfermagem, que atuam nas instituições formadoras de recursos humanos e nas unidades prestadoras de serviços de saúde.
