• Nenhum resultado encontrado

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO A

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO A"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL – JUÍZO A

JUIZADO ESPECIAL (PROCESSO ELETRÔNICO) Nº2007.70.64.001322-0/PR RELATORA : Juíza Federal Narendra Borges Morales

RECORRENTE : JOSÉ MARQUES

RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

VOTO DIVERGENTE

Com o devido respeito ao posicionamento da ilustre relatora, ouso manifestar divergência.

Na esteira do entendimento da TRU/41, esta Turma tem entendido que a atividade de mecânico não se encontra dentre aquelas passíveis de enquadramento, como especial, por categoria profissional. Precedente: 2008.70.95.0000119-8, relatora Luciane Merlin Clève Kravetz, sessão de 27.08.2009.

O reconhecimento da especialidade da atividade de mecânico somente é possível quando comprovada a exposição a agentes químicos derivados de petróleo – óleo diesel, gasolina e lubrificantes – e álcoois, os quais constam do Decreto nº 53.831/64, no item 1.2.11 do Quadro Anexo e do Decreto nº 83.080/79, no item 1.1.10 do Quadro Anexo. Ainda, é de se levar em consideração que “apenas a partir da Lei

nº 9.032, de 28 de abril de 1995, que alterou a redação do 3º do art. 57 da Lei nº 8.213/91, passou a ser exigida, para fins de configuração da atividade em condições especiais, a comprovação do seu exercício em caráter permanente.” (P.U

200671950214055, Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, TNU – Turma Nacional de Uniformização, 22/04/2009). Desta forma, até 28.04.1995, basta a comprovação da exposição habitual aos agentes nocivos, ainda que intermitente.

A comprovação da exposição pode ser feita por qualquer meio de prova, até a edição do Decreto 2.172/97, quando então a legislação passou a exigir a apresentação de laudo técnico para a demonstração do exercício de atividade especial.

Ademais, é de se considerar que após 05.03.1997 deixou de haver previsão nos Decretos 2.172/97 e 3.048/99 - os quais sucederam os decretos supramencionados - da natureza especial das atividades que sujeitam o trabalhador ao contato com os derivados de petróleo (Precedente: 2007.70.51.001207-0, relatora Luciane Merlin Clève Kravetz, sessão de 30.11.2009).

1

(2)

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL – JUÍZO A

Todavia, a falta de previsão nos Decretos 2.172/97 e 3.048/99 dos derivados de petróleo e hidrocarbonetos aromáticos não é óbice, por si só, ao reconhecimento da especialidade. Demonstrada a exposição habitual e permanente a agentes insalubres, penosos ou perigosos, ainda que não relacionados nos Decretos, é devido o reconhecimento da natureza especial da atividade, conforme súmula 198 do TFR: atendidos os demais requisitos, é devida a aposentadoria especial, se perícia

judicial constata que a atividade exercida pelo segurado é perigosa, insalubre ou penosa, a mesmo não inscrita em regulamento.

Em outras palavras, a inteligência da Súmula 198 do extinto TFR não foi superada porque agora estamos diante de um - novo - decreto regulamentar que reconheceu expressamente apenas a especialidade da atividade insalubre (Lei nº. 8.213/91 com as alterações da Medida Provisória nº. 1.523/96, convertida na Lei nº. 9.528/97, e Decretos nº. 2.172/97 e 3.048/99).

Portanto, para os períodos posteriores a 05.03.1997, para a comprovação da natureza especial da atividade de mecânico é imprescindível a apresentação de laudo técnico que relate expressamente a nocividade da atividade, não sendo suficiente a mera menção da exposição aos hidrocarbonetos e derivados do petróleo, já que não mais previstos nos Decretos. Se prova técnica demonstrar que a atividade do segurado é exercida “sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física’ (referencial constitucional reafirmado pela Lei de Benefícios da Previdência Social), o reconhecimento da natureza especial da atividade é devido, mesmo que os agentes nocivos não estejam previstos no atual Anexo IV do Decreto 3.048/99, mesmo que o risco à integridade física se dê pela via da periculosidade ou da penosidade.

No caso dos autos, o autor pretende o reconhecimento da especialidade da atividade de auxiliar de mecânico desenvolvida no período de 18/1/1982 a 31/10/1982 e de mecânico nos períodos de 1/11/1982 a 11/4/1988, 12/4/1988 a 28/4/1995, 6/3/1997 a 31/12/2003 e 1/1/2004 a 5/3/2007, para a empresa Reunidas S/A.

Para a comprovar a especialidade das atividades, apresentou DIRBEN-8030 que descreve as seguintes atividades exercidas no período de 18.01.1982 a 31.12.1982 (fl. 25), 12/4/1988 a 28/4/1995 (fl. 27) e 29.04.1995 a 31.12.2003 (fl. 21, ambas do processo administrativo anexado ao evento 11, doc 2):

"3 - DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE

Atividades na manutenção mecânica, fazer conserto mecânico nos carros, trocar óleo da caixa e diferencial, lubrificar,revisar e recuperar componentes. Contratar e corrigir falhas de execução. Realizar serviço de solda elétrica e oxiacetilênica, Operar máquinas e equipamentos (policorte, esmeril, lixadeira, furadeira, prensa,

(3)

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL – JUÍZO A

rebitadeira). Realizar serviço de furação de materiais, Instalar molas. Manipular peças contendo óleo e graxa."

4- AGENTES NOCIVOS - Agentes Físicos:

Radiação Não ionizante (Operações de solda elétrica e oxiacetilênica) Ruído (Operação de máquinas e equipamentos),

- Agentes Químicos: Manuseio de óleos e graxas minerais, fumos metálicos. - Agentes Ergonômicos: Postura, transporte manual de peso.

- Agentes Mecânicos: Cavacos metálicos."

Apresentou, ainda, Perfil Profissiográfico Previdenciário do período de 1/1/2004 em diante, apontando o cargo de "mecânico", exercido também em Porto União/SC, contendo as mesmas atividades e agentes nocivos mencionados acima (fl. 22 do processo administrativo, evento 11).

Na Justiça do trabalho, foi realizada perícia judicial a fim de se verificar a insalubridade da atividade (evento 34). O laudo judicial descreve as mesmas atividades mencionadas no DIRBEN e acrescenta que o autor fazia o engraxamento de eixo, trocando as peças necessárias, de dois a três ônibus por dia, levando aproximadamente 15 minutas para cada um. Além disso, realizava serviços de solda de duas a três por semana. Relata, ainda, que “mesmo utilizando creme protetor para as

mãos, estas ficam com resíduos de hidrocarbonetos e quanto o autor retira e coloca o protetor tipo plug, estes redícuos entram em contato com o mesmo”

Em relação aos agentes nocivos, o laudo conclui que “havia exposição

habitual e permanente ao agente químico hidrocarbonetos, ao agente físico ruído e ao agente químico fumos metálicos. A exposição era durante toda a jornada laboral para os agentes ruído e hidrocarbonetos. (...) A exposição do agente fumos metálicos era permanente para as atividade de solva, duas vezes por semana de meia á uma hora por evento” (quesito 1 do réu). Quanto ao ruído, o laudo fala que “o nível de pressão sonora medido foi de 96 dB ao lado do esmeril e de 100 dbA ao lado da policorte. Sem essas máquinas ligas foi medido 84,9 dBS” (quesito 7 do autor).

Quanto à exposição ao ruído, deve ser mantida a sentença que consignou que “não há que se falar em especialidade por exposição a ruído excessivo nos períodos anteriores a 29/5/1995 (ante a ausência de apontamento do agente nocivo, e ausência de laudo técnico), e no período posterior a 4/3/1997, pois o nível de ruído habitual é inferior a 85 dB (ou seja, não ultrapassa os limites máximos estabelecidos pela legislação, conforme a súmula n.º 32 da TNU)”

(4)

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL – JUÍZO A

Porém, penso que deve ser reconhecida a natureza especial da atividade em razão da exposição aos hidrocarbonetos os quais constam do Decreto nº 53.831/64, no item 1.2.11 do Quadro Anexo e do Decreto nº 83.080/79, no item 1.1.10 do Quadro Anexo.

Veja-se que a exposição aos hidrocarbonetos é relatada no DIRBEN, no laudo técnico anexado às fl. 15 e seguintes do processo administrativo do evento 11 e no laudo judicial confeccionado perante a Justiça do Trabalho, dos quais é possível extrair que tal contato era habitual e permanente.

Conforme adiantado no início do presente voto, o reconhecimento da especialidade com base na exposição aos hidrocarbonetos somente é possível até 05.03.1997 (entrada em vigor do Decreto 2172/97).

Para o período posterior a 05.03.1997, é necessário a apresentação de laudo técnico que demonstre, expressamente, a nocividade da atividade, não sendo suficiente a mera menção da exposição aos hidrocarbonetos e derivados do petróleo, já que não mais previstos nos Decretos.

No caso dos autos, o laudo técnico (fl. 15 e seguintes do processo administrativo – evento 11) que conclui: “atividade considerada não prejudicial a saúde, devido a exposição aos agentes agressivos físicos e químicos mencionados acima”.

Por outro lado, o laudo confeccionado na justiça do trabalho também não é claro acerca da nocividade da atividade. Embora mencione que há insalubridade em grau máximo, tal conclusão decorre da exposição aos hidrocarbonetos – que como visto não estão mais previstos nos Decretos atualmente em vigor – e do eventual uso de solda, que não é suficiente para caracterizar a especialidade da atividade desenvolvida após a Lei 9032/95.

Uma vez que o laudo não é hábil para comprovar a nocividade da atividade para os períodos posteriores ao Decreto 2172/97 e que a simples menção no laudo à exposição a hidrocarbonetos não é mais suficiente para a caracterização da especialidade, não é possível o reconhecimento da natureza especial das atividades desenvolvidas posteriormente a 05.03.1997.

- Conclusão:

Em relação à contagem realizada administrativamente pelo INSS, deve-se acrescentar, para fins de apodeve-sentadoria, o lapso de tempo de deve-serviço decorrente da

(5)

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL – JUÍZO A

conversão, de especial para comum, dos períodos de 18/1/1982 a 31/10/1982 e de mecânico nos períodos de 1/11/1982 a 11/4/1988, 12/4/1988 a 28/4/1995.

- Requisito específico para a concessão de aposentadoria:

A verificação do direito do segurado ao recebimento de aposentadoria por tempo de serviço ou de contribuição deve partir das seguintes balizas:

1) A aposentadoria por tempo de serviço (integral ou proporcional) somente é devida se o segurado não necessitar de período de atividade posterior a 16.12.98, sendo aplicável o art. 52 da Lei 8.213/91.

2) Em havendo contagem de tempo posterior a 16.12.98, somente será possível a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição.

3) Cumprida o requisito específico de 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos, se mulher, o segurado faz jus à aposentadoria por tempo de serviço (se não contar tempo posterior a 16.12.98) ou à aposentadoria por tempo de contribuição (caso necessite de tempo posterior a 16.12.98). Se poderia se aposentar por tempo de serviço em 16.12.98, deve-se conceder a aposentadoria mais vantajosa, nos termos do art. 122 da Lei 8.213/91.

4) Cumprido o tempo de contribuição de 35 anos, se homem, e 30 anos, se mulher, não se exige do segurado a idade mínima ou período adicional de contribuição (EC 20/98, art. 9º, caput, e CF/88, art. 201, §7º, I).

5) O segurado filiado ao RGPS antes da publicação da Emenda 20/98 faz jus à aposentadoria por tempo de contribuição proporcional. Seus requisitos cumulativos: I) idade mínima de 53 (homem) e 48 (mulher); II) Soma de 30 anos (homem) e 25 (mulher) com o período adicional de contribuição de 40% do tempo que faltava, na data de publicação da Emenda, para alcançar o tempo mínimo acima referido (EC 20/98, art. 9º, §1º, I).

- Data de início do benefício.

Nos termos do art. 49, II, c/c art. 54 da Lei 8.213/91, a aposentadoria é devida desde a data do requerimento administrativo (DER).

- Correção monetária e juros de mora.

Os valores atrasados deverão ser acrescidos de correção monetária, incidente a partir do vencimento de cada parcela devida, a ser calculada pelos índices oficiais e aceitos pela jurisprudência, quais sejam: IGP-DI (05-1996 a 03-2006, artigo 10 da Lei nº 9.711/98, combinado com o artigo 20, §§ 5º e 6.º, da Lei n.º 8.880/94) e INPC (04-2006 a 06-2009, conforme o artigo 31 da Lei n.º 10.741/03, combinado com

(6)

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL – JUÍZO A

a Lei n.º 11.430/06, precedida da MP n.º 316, de 11-08-2006, que acrescentou o artigo 41-A à Lei n.º 8.213/91, e REsp. n.º 1.103.122/PR). Os juros de mora devem ser fixados à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, com base no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.322/87, aplicável analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar, consoante firme entendimento consagrado na jurisprudência do STJ e na Súmula 75 do TRF/4.

A contar de 01-07-2009, data em que passou a viger a Lei n.º 11.960, de 29-06-2009, publicada em 30-06-2009, que alterou o artigo 1.º-F da Lei n.º 9.494/97, para fins de atualização monetária e juros haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.

Esclareço que as duas Turmas Recursais do Paraná têm entendimento no sentido de que a expressão “uma única vez”, constante do art. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação da Lei 11.960/09, quer dizer que os índices da poupança substituem, a

uma só vez, correção e juros moratórios. Não significa, todavia, impedimento à

aplicação capitalizada dos juros, até porque a intenção do legislador foi criar equivalência entre a remuneração da poupança (onde os juros são capitalizados) e a correção do débito da Fazenda. Precedentes: 200970510123708 (1ª TR/PR, sessão de 01.07.2010 e 200970510064455 (2ª TR/PR, sessão de 31.05.2010).

- Corolário do reconhecimento judicial de tempo de contribuição.

Uma vez reconhecido o direito do segurado ao acréscimo na contagem de tempo de contribuição, impõe-se ao INSS: a) a averbação de tal período de tempo de contribuição; b) a concessão de aposentadoria com estrita observância à norma contida no art. 122 da Lei 8.213/91, desde que alcançado o requisito específico (item supra), bem como a carência, que deverá ser observada conforme a tabela do artigo 142 da Lei 8.213/1991, referente ao ano em que foram implementados todos requisitos.

- Honorários:

Não são devidos honorários, nos termos do artigo 55 da Lei 9.099/95, eis que sucumbente, ainda que em parte, o recorrido.

Ante o exposto, DIVIRJO DA RELATORA e voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR, para reconhecer a natureza especial da atividade de auxiliar de mecânico e de mecânico nos períodos de 18/1/1982 a

(7)

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL – JUÍZO A

31/10/1982 e de mecânico nos períodos de 1/11/1982 a 11/4/1988, 12/4/1988 a 28/4/1995.

Curitiba, (data do ato).

Assinado digitalmente, nos termos do art. 9º do Provimento nº 1/2004, do Exmo. Juiz Coordenador dos Juizados Especiais Federais da 4ª Região.

José Antonio Savaris Juiz Federal

Referências

Documentos relacionados

• Preferência por estudos de equivalência (sendo necessárias margens de comparabilidade superior e inferior) para a comparação da eficácia e segurança entre o possível

Braço financeiro da CNH Industrial, o Banco CNH Industrial foca suas atividades na agricultura, construção e transportes, atuando ao lado de outras marcas do grupo,

Passzív

Khi phân tích đặc điểm cấu tạo hình thái của một loài thực vật cần phải mô tả các đặc điểm

E���� ����� �� ��������� � ������������: Asignar recursos Realización de los planes Planes detallados Plan estratégico (a dónde se

= Serão liberadas e disponibilizadas no site/Portal nte aos pagamentos efetuados das /Portal do Aluno, sendo que o próprio sistema corrigirá e emitirá a nota ou, se

Além disso, promovemos um debate nas duas classes (discussão geral com a classe toda) acerca das produções dos grupos. Esse debate desenvolveu-se em duas etapas. Na primeira,

- o valor do potencial de pite é maior no aço inoxidável austeno-ferrítico indicando uma resistência à corrosão em meios de cloreto superior ao do austenítico;... As