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Avaliação das Praticas Agriculas Nas Culturas de Regadio Ilha de Santiago -Cabo Verde

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Curso de Especialização em Gestão de Qualidade (CEGQ)

Discente: Zenaida Baptista Costa Orientadora: Vera Pinho

Agosto, 2013

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Índice Geral

Índice Geral ... i

Índice de Figura ... ii

Índice de Tabela ... iii

1. Agradecimentos ... iv

2. Dedicatória ... v

3. Resumo ... vi

4. Introdução ... 1

4.1. Objetivo ... 3

5. Caraterização Geográfica do País ... 4

6. Caracterização da Agricultura em Cabo Verde ... 7

7. Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário - INIDA ... 10

8. As Boas Práticas Agrícolas (BPA) ... 11

8.1. Produção Integrada ... 13 8.1.1. Fertilização ... 14 8.1.2. Rotações culturais ... 18 8.1.3. Gestão de Água ... 19 8.1.4. Proteção Integrada ... 21 8.1.4.1. Luta Biológica ... 22 8.1.4.2. Luta Biotécnica ... 23

8.1.4.3. Medidas Indiretas de Luta ... 23

8.1.4.4. Luta Química ... 25

9. Avaliação das Práticas agrícolas nas culturas de Regadio na Ilha de Santiago ... 30 9.1 Metodologia ... 30 9.2 Resultados e discussões ... 32 10. Conclusão ... 50 11. Recomendações ... 51 12. Bibliografias ... 53 Anexos ... 58

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ii

Índice de Figura

Figura 1: As diferentes etapas seguidas ... 30 Figura 2: Mapa das parcelas dos agricultores contemplados, no âmbito do projeto .... 33 Figura 3: Avaliação das práticas relacionadas com a higiene e segurança nas parcelas ... 36 Figura 4: Cartografia do uso de sistemas de rega nos concelhos contemplados ... 37 Figura 5: As diferentes fontes de água utilizadas, para irrigação, nas parcelas dos agricultores entrevistados. ... 38 Figura 6: A situação da utilização de fertilizantes químicos pelos agricultores ... 39 Figura 7: Aspetos relacionados com a prática da luta química ... 41 Figura 8: As diferentes formas de descartes das sobras de caldas dos produtos

fitossanitários usados pelos agricultores ... 42 Figura 9: Formas de descarte dos recipientes que contêm os produtos fitossanitários pelos agricultores. ... 43 Figura 10: As diferentes técnicas de luta integrada usadas no combate contra pragas ... 44 Figura 11: Níveis de formação dos agricultores entrevistados ... 46 Figura 12: Taxa de assistência técnica aos agricultores entrevistados ... 46 Figura 13: Ponto de situação da utilização de Boas Práticas Agrícolas na Ilha de Santiago em função dos agricultores entrevistados ... 48

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Índice de Tabela

Tabela 1: Os pontos críticos ao défice de humidade no solo de algumas espécies de cultura ... 20 Tabela 2: Classificação dos pesticidas ... 27 Tabela 3: Repartição dos agricultores por zona administrativa ... 31 Tabela 4: Distribuição dos agricultores por faixa etária e o sistema de rega

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iv

1.

Agradecimentos

Deixo um agradecimento, em especial, ao meu colega Dr. Jacques Tavares pelo brilhante apoio profissional pela coragem e motivação que me tem dado no decorrer deste trabalho e ao INIDA pelo apoio nas deslocações e disponibilização de meios para a execução deste trabalho.

Agradeço também aos meus colegas: assistente de campo Eduardo Monteiro, Técnico de extensão rural Sotério Pires, Eng.º Jorge Brito, Eng.º Alfisene Balde, Eng.º Samuel Gomes, Eng.º Gilberto Silva, Eng.º José Teixeira, Eng.º Eduardo Amarildo dos Reis, Eng.º Adriano Furtado, Designer Viriato Firmino, Biólogo Gilson Semedo, a Engª Maria de Jesus, Engª Regla H. e ao estagiário Daniel que de alguma forma (disponibilização de informações, declarações, artigos, publicações, orientação, apoio moral) me encorajaram na concretização deste projeto.

Agradeço também à minha orientadora Vera Pinho pela orientação e atenção disponibilizada.

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v

2.

Dedicatória

Dedico este trabalho em especial à minha família, ao meu filho Gabriel Tavares, aos meus colegas de trabalho, estão a contribuir bastante para a sustentabilidade da atividade agrícola em Cabo Verde, por conseguinte para a melhoria da agricultura. Da mesma forma dedico este trabalho para os meus colegas e formadores deste curso de especialização, pelos óptimos momentos de partilha vividos ao longo do curso.

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vi

3.

Resumo

As mudanças climáticas, a pressão sobre a biodiversidade, a degradação dos solos, a segurança alimentar a recessão climática (falta de água) são um conjunto de fatores que afetam os ecossistemas. Para mitigar os efeitos inerentes, as Boas Práticas Agrícolas (BPA) são ferramentas de peso que poderão ser usadas de um lado para evitar a agressão do ambiente e do outro contribuir para o aumento da produção e para a melhoria da qualidade dos produtos. Para uma região como Cabo Verde, onde as condições climáticas são difíceis, as terras aráveis limitadas e a produção agrícola instável. Tudo isso, associado a uma topografia muito acidentada, faz com que as BPA têm uma importância particular para Cabo Verde. No âmbito deste estudo, cuja área de intervenção é a ilha de Santiago, por ser uma das ilhas mais produtiva em termos agrícola, mais povoada, onde as pressões antrópicas são maiores. Este estudo debruça especificamente sobre as culturas de regadio com o objetivo de avaliar o nível de conhecimento dos agricultores sobre as Boas Práticas Agrícolas.

No quadro deste estudo foram selecionados vinte e sete agricultores, originários de oito concelhos. Os resultados obtidos, mostram que 52 % das práticas agrícolas, analisadas, estão sendo praticadas de forma inadequada pela maioria dos agricultores entrevistados, no âmbito deste estudo.

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4.

Introdução

A agricultura é uma das atividades desenvolvida pelo homem, cuja qualidade é um fator fundamental para a segurança alimentar e a preservação do ambiente. Todos os procedimentos adotados vão influenciar direta ou indiretamente o equiliíbrio da qualidade do meio em que vivemos, trazendo consigo consequências muitas vezes defíceis de serem controladas. A degradação do solo, por exemplo, é uma consequência de más práticas agrícolas. Um dos fatores que contribui para a sua degradação é a erosão resultante das chuvas, agravadas pela utilização de práticas agrícolas inadequadas às suas características, segundo o livro branco sobre o estado do ambiente (2013).

A atividade agrícola pode exercer, também, muito embora de uma forma menos significativa, influências sobre a qualidade do ar. Quando praticada de forma inadequada pode dar origem à produção de gases tóxicos ou outros, capazes de originar chuvas ácidas, interferir na evolução do clima (MBPA, s/d). Existe também o risco de contaminação através dos resíduos de pesticidas, o que pode se suceder a curto ou a longo prazo. Este fato justifica os cuidados que devem ser mantidos, aquando da sua utilização. Por conseguinte, a necessidade em adotar Boas Práticas Agrícolas é fundamental, o que está muito relacionada com a qualidade do ambiente e segurança alimentar do consumidor.

Para o controle da qualidade da produção agrícola é necessário avaliar os respetivos procedimentos ou práticas agrícolas, utilizadas pelos agricultores, tendo em conta os requisitos estabelecidos. Atualmente são várias as Organizações que estabelecem normas para o controlo de Boas Práticas Agrícolas. Estas Organizações permitem a cada parceiro da cadeia de fornecimento, a possibilidade de posicionar-se no mercado global e ao mesmo tempo respeitar as exigências dos consumidores. Sendo assim vai proporcionar de certa forma, uma maior qualidade dos produtos alimentares

desde a fase primária até à transformação

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Para reduzir todos esses riscos, associados às más práticas agrícolas, de acordo com http://www.apcer.pt, é necessário assegurar a qualidade e inocuidade dos alimentos na produção primária, objetivando a implementação das melhores práticas para uma produção sustentável, atravéz de procedimentos ou normas importantes para uma prática de agricultura saudável e sem impáctos negativos para o ambiente; primorando a manutenção da confiança do consumidor; a minimização do impacto negativo no ambiente; a redução no uso de agro-químicos; a melhoria da utilização dos recursos naturais; bem como a prática de uma atitude responsável para com a saúde e segurança dos trabalhadores.

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4.1. Objetivo

Este trabalho tem como objetivo determinar o nível de conhecimento teórico e prático dos agricultores, sobre as Boas Práticas Agrícolas, especificamente nas culturas de regadio.

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5.

Caraterização Geográfica do País

O Arquipélago, de origem vulcânica, é constituído por 10 ilhas e 13 ilhéus, que se encontram divididos em dois grupos, de acordo com a sua posição em relação aos ventos dominantes: a Norte o grupo do Barlavento, que comporta as Ilhas de Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau, Sal e Boavista e seis ilhéus, e a Sul o grupo do Sotavento a que pertencem as Ilhas de Maio, Santiago, Fogo e Brava e sete ilhéus (Santos, 2011).

Fica situado na continuação da grande área semi-árida e árida que atravessa o Continente Africano desde o Mar Vermelho até ao Atlântico. Localiza-se pela posição geográfica na Franja Saheliana da África Continental caraterizada ao Norte pela isoeta anual de 250 mm e ao sul pela de 900 mm. À Norte da Franja saheliana ficam situados os grandes desertos. Consequentemente o arquipélago é sujeita a ciclos periódicos de seca cuja frequência e duração tem aumentado durante os últimos anos (Soares,1985).

É conhecida a circulação geral da atmosfera do arquipélago a qual é afetada pelo anticiclone dos Açores, situado em média entre 35º e 4º Norte; anticiclone de Santa Helena situado em média entre 28º e 3 º Sul; um centro de ação não permanente, situado sobre o Continente Africano; anticiclone da Líbia no inverno boreal e que é substituido por uma pressão continental térmica durante o Outono boreal; o Harmatão, vento seco e quente que sopra ocasionalmente (Soares,1985).

O clima em Cabo Verde é caracterizado por duas estações. Uma longa estação seca que vai de Abril a Julho seguida da estação húmida de 3 meses: Agosto a Outubro onde se regista mais de 90 % das chuvas. As chuvas são caracterizadas por uma distribuição irregular no tempo e no espaço. A exposição e a altitude têm uma influência marcada sobre quantidades de precipitação nas ilhas montanhosas. As vertentes elevadas e voltadas ao Nordeste apresentam maior pluviosidade. A temperatura é o indicador climático mais estável no arquipélago segundo Soares (1985). A média mensal é de 25

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ºC. No entanto, este valor pode atingir os 19ºC nas zonas altas. Os ventos dominantes são de NE (78 % no Mindelo e 72% na Praia), N e E (cerca de 10 por cento e 5 por cento respetivamente). Os meses mais calmos são Junho e Outubro (Soares,1985).

As rochas dominantes são basaltos que ocupam mais de 80 por cento da superficie total, seguindo-lhes os fonolitos com cerca de 9 por cento. Encontram-se formações sedimentares ns ilhas mais antigas, Maio, Boa Vista e Sal, cuja origem é provavelmente jurassico. As formações sedimentares mais importantes são o calcário dolomíticos e marmorosos. Algumas destas formações encontam-se cobertas por lavas ou revestimentos basálticos (Soares,1985).

Nas ilhas do Maio e Boa Vista as dunas ocupam superfícies apreciáveis.

Todas as ilhas com excepção das mais orientais apresentam relevo bastante acidentado. Como consequência da diferente composição química das rochas, dos vários agentes da erosão e das oscilações repetidas do nivel da base o relevo apresenta um certo poliformismo resultante das erupções vulcânicas da erosão hídrica, da abrasão marinha e da ação do vento. Devido ao carácter acidentado das ilhas e ao relevo erosionado de outras não é fácil encontrar solos evoluídos. Mesmo em zonas de altitude com um clima mais húmido o declive dificulta o parecimento de solos espessos e diferenciados. Nos locais com fraco declive aparecem no entanto solos mais desenvolvidos e por vezes profundos e com diferenciação de horizontes. Como regra os solos apresentam reação neutra embora nos locais com clima mais húmido apareçam solos com reação ligeiramente ácida (Soares,1985).

Nos locais com relevo pouco acentuado aparecem solos que apresentam afinidade com as terras tropicais ou com argilas castanho-avermelhadas.

A grande maioria das ilhas é ocupada por litossolos e solos litolicos. No fundo dos vales aparecem solos aluvionares bastante férteis e com grande espessura que constituem o suporte da agricultura de regadio (Soares,1985).

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A população, em 2010, era estimada em 525.310 habitantes, em que a população urbana representava 60,6% (318.491 habitantes) e a rural 39,4% (206.819 habitantes) (RGA, 2004).

O crescimento económico é devido principalmente ao sector dos serviços. Contudo, o sector agrícola garante emprego a 45% da população e constitui a principal fonte de rendimentos de cerca de 40% da população activa (Santos, 2011).

5.1. Caracterização da ilha de Santiago

A Ilha de Santiago, com uma área de 991 km2, está dividida administrativamente em nove concelhos, nomeadamente: Praia, Ribeira Grande de Santiago, São Domingos, Santa Cruz, São Lourenço dos Órgãos, São Salvador do Mundo, Santa Catarina, São Miguel e Tarrafal. Os nove concelhos estão repartidos em 11 freguesias. A ilha alberga aproximadamente 57% da população total do país, o que corresponde a 299.920 habitantes, divididos em população urbana com um peso de 59,5% e população rural, representando 40,5% (Santos, 2011).

Como parte integrante do arquipélago de Cabo Verde enquanto país saheliano, a ilha de Santiago é uma ilha altamente afectada pela seca e pelos efeitos decorrentes deste fenómeno. Esta particularidade climática, caracterizada pela extrema insuficiência e irregularidade das chuvas, conjugada com a exiguidade do território e a alta propensão para a erosão dos solos é a causa principal da fraqueza estrutural do sector agrícola, (PADA, 2009).

Segundo os dados do Recenseamento Geral da Agricultura (2004), a ilha de Santiago detém a maior área cultivável do país, rondando os 52,7 % do total. A cultura de sequeiro é a cultura predominante, em que a ilha de Santiago é considerada a principal ilha agrícola na prática do sequeiro, com 54, 9 % do total da área cultivável neste regime, e também a segunda mais importante em termos da prática da cultura de regadio (RGA, 2004).

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6.

Caracterização da Agricultura em Cabo Verde

O arquipélago de Cabo Verde, pela sua designação e para um desconhecedor da realidade em que assenta atividade agrícola, fica a ideia de ser um país muito verde e com muitas potencialidades agrícolas. O certo é que em apenas 3 meses (Agosto, Setembro e Outubro) se regista precipitações no país, mas em valores muito reduzidos, que por sua vez não ultrapassa a frequência de 6 vezes por ano. O último mês de “azágua”, por vezes não chove. Quando isso acontece a produção é praticamente nula (Mendes, 2009).

De acordo com os dados do Recenseamento Geral da Agricultura (2004), apenas 10,9 % da superfície total do país é cultivável, sendo 8,6 % é cultivado em regime de sequeiro. A atividade agropecuária depende exclusivamente das precipitações. A exiguidade do solo aliada às condições climáticas desfavoráveis, fazem com que a agricultura cabo-verdiana seja pouco produtiva. Apesar destes constrangimentos, ela continua tendo grande importância no meio rural, mesmo nas regiões áridas onde as incertezas de colheita são cada vez mais acentuadas. Estima-se cerca de 70 % da população vive no meio rural e que o peso da agricultura na formação do PIB é somente 10,5 % (Mendes, 2009).

No arquipélago pratica-se dois tipos de agricultura: a de sequeiro que ocupa uma área de 41332,3 hectares, praticada durante a época das chuvas (Julho a Outubro). É geralmente praticada nas encostas íngremes com declive muito acentuado (Mendes, 2009).

O regadio ocupa uma área de 3026,5 hectares e pratica-se durante a época seca (Novembro e junho), aproveitando as águas subterrâneas e a partir de 2006 com a construção de Barragem de Poilão na ilha de Santiago, passou a existir mais água disponível, permitindo a intensificação do regadio, por enquanto apenas nas zonas vizinhas da barragem. Cultivam-se cana-de-açúcar, banana, papaia, tubérculos, hortícolas várias, etc. (Mendes, 2009).

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A atividade agrícola mais importante no país é o cultivo de milho e feijões. Esses dois produtos representam a base tradicional das dietas alimentares da população cabo-verdiana, não obstante estarem na dependência das precipitações (Mendes, 2009).

A previsão do aumento da produção de hortícola em Cabo Verde, era baseada fundamentalmente na introdução e seleção de variedades melhoradas e melhorias das técnicas de produção de hortícolas introduzidas em Cabo Verde. A agricultura irrigada é praticada em menor escala, por razões já referidas. Representa 17,1 % das explorações agrícolas familiares (Mendes, 2009).

De um modo geral e particularmente na ilha de Santiago, segundo os dados do RGA (2004), a maioria das explorações agrícolas familiares reside em zonas rurais, com exceção do concelho da Praia, dos quais 57 % são chefiadas por mulheres, com predominância nos concelhos de Santa Catarina e Tarrafal (61 %) ao contrário de São Domingos (44,7 %). A faixa etária dos chefes das famílias agrícolas cabo-verdianas situa-se a partir dos 40 anos, que equivale a 68 % do total, em que a maioria tem como nível de instrução o ensino básico (48 %), entre os quais uma das taxas mais baixas de escolaridade encontram-se na ilha de Santiago. Ainda na ilha de Santiago, as taxas mais elevadas de explorações agrícolas familiares que contituem as principais fontes de rendimento, regista-se nos concelhos onde se verifica taxas mais elevadas de explorações, nomeadamente Santa Catarina, Tarrafal e Santa Cruz.

A utilização de insumos (estrume, pesticidas) na agricultura é mais frequente nas culturas de regadio, dado que, segundo os dados do RGA (2004), 62 % das explorações agrícolas na ilha de Santiago mantêm esta prática, com predominância no concelho de São Domingos, e apenas 13 % das explorações agrícolas utilizam insumos no sequeiro.

As principais origens da água para rega das explorações com regadio em Cabo Verde, são as nascentes (44 %) e poços (26 %), onde 32 % das explorações na ilha de Santiago, utilizam águas das nascentes para rega. Existem ainda outras origens de água, nomedamente, furos, ribeiras e ainda águas provinientes de galerias (RGA, 2004).

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O sistema de rega predominate é o sistema por alagamento, onde 82 % das parcelas e 76 % da área da ilha são irrigadas desta forma. A rega Gota gota por sua vez, domina apenas 10,8 % das parcelas e 14 % da área. São também utilizados outros tipos de rega, o qual se destaca no concelho de Tarrafal (RGA, 2004).

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7.

Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário - INIDA

O centro de estudos agrários (CEA) criado em 1979 evoluindo posteriormente, passou a ser denominado por Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário (INIDA). Em Cabo Verde, é um Instituto Público, dotado de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, tutelado pelo Ministério de Desenvolvimento Rural (MDR). Tem sua sede em São Jorge dos Órgãos e está estruturada em três departamentos: Ambiente, Economia Agrária e Sociologia Rural e Agricultura e Pecuária. Os órgãos de gestão são constituídos por um Presidente que dirige e o representa, por um conselho de Gestão e por um conselho administrativo (INIDA, 2012).

A missão do INIDA centra-se na investigação, experimentação e desenvolvimento nos domínios das ciências e tecnologias agrícolas e recursos naturais; na difusão das inovações científicas e tecnologias utilizáveis nos sectores agrícola, silvícola, pecuária e ambiental. Predominantemente, as suas atividades consistem em promover, coordenar e harmonizar atividades de programas / projetos de investigação, em estreita concertação com os diversos

agentes que intervêm no meio rural

(http://www.dzoo.uevora.pt/index.php/dzoo/parceiros/estrangeiros/africa/institut o_nacional_de_investigacao_e_desenvolvimento_agrario_republica_de_cabo_ verde).

Com base na investigação, tem trabalhado neste sentido, para a melhoria das técnicas de produção agrícola, na introdução de novas variedades de cultura no país, na análise da rentabilidade da atividade agrícola e na luta integrada contra as mais diversas pragas e doenças identificadas no território nacional segundo as declarações da Presidente do INIDA, Rendall (2014)1.

1

Entrevista concedida pela presidente do INIDA à TCV, Dra. Aline Rendall em 2014 no âmbito da feira de Agronegócios.

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8.

As Boas Práticas Agrícolas (BPA)

As Boas Práticas Agrícolas são um conjunto de práticas e procedimentos para a produção primária (campo agrícola), economicamente viáveis com a finalidade de garantir maior segurança, produtividade e qualidade dos produtos agrícolas segundo Embrapa (2004).

A segurança dos alimentos é consequência do controle de todas as etapas e de cada elo da cadeia produtiva, desde a produção primária (campo), até à mesa do consumidor. Os principais beneficiários de Boas Práticas Agrícolas são os próprios agricultores e as suas famílias, os consumidores e a população em geral de acordo com BPA (s/d).

As Boas Práticas Agrícolas têm como objetivos: proteger a saúde do consumidor de doenças e injúrias físicas por consumo direto e indireto de produtos agrícolas; garantir que o produto agrícola seja adequado para o consumo humano e manter a confiança dos produtos agrícolas no mercado nacional e internacional (Embrapa, 2004). Contribui para a segurança das pessoas, a segurança alimentar e do meio ambiente de acordo com BPA (s/d).

Observam-se dois aspetos importantes na aplicação das Boas Práticas Agrícolas: atividades pré-colheita que por sua vez, inclui atividades que visam a seleção de área física, a avaliação de solo, a seleção da cultura vegetal e de suas variedades, as formas de plantio (sementes, mudas, enxertia, etc.), os cuidados com a cultura (combate às pragas do campo, irrigação, podas, proteção da cultura às intempéries, aplicação de hormônios vegetais, adubação, colheita e outros) e a colheita do produto agrícola (Embrapa, 2004).

Atividades pós-colheita, são as atividades relacionadas com o tratamento do produto após a colheita até sua expedição pela área agrícola. Dependendo do produto, o beneficiamento é diferenciado: seleção, lavagem, secagem, debulha, tratamento térmico, impermeabilização da superfície do produto e outros. Pode incluir ensilagem e embalamento ou empacotamento do produto agrícola. A natureza e características dessas atividades são similares aos

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processos desenvolvidos pelas indústrias de transformação de alimentos. A Sistema APPCC é aplicável nas atividades pós-colheita, como ferramenta essencial para a segurança (Embrapa, 2004).

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8.1. Produção Integrada

A produção integrada é um sistema agrícola de produção de alimentos de alta qualidade e de outros produtos, utilizando os recursos naturais e os mecanismos de regulação natural em substituição de fatores de produção prejudiciais ao ambiente e de modo a assegurar, a longo prazo, uma agricultura viável (Amaro, 2003). Neste contexto apresenta 11 princípios onde estão realçadas preocupações de carater ambiental e toxicológicos na sua maioria, segundo Amaro (2003).

Na produção integrada são adotadas orientações que podem ser agrupadas de seguinte modo:

I - com o objetivo essencialmente de produção: as fertilizações, o fomento de adequado teor em matéria orgânica do solo e as regas realizadas de acordo com as necessidades das plantas, tudo condicionado por adequadas análises, e o recurso a reguladores de crescimento e à monda dos frutos (Amaro, 2003).

II - simultaneamente visando a produção e com carácter de medidas indirectas de luta na área da protecção integrada, nomeadamente o uso óptimo dos recursos naturais, as práticas culturais sem impacto negativo nos ecossistemas agrários, a protecção e o aumento dos auxiliares (Organismos que facilitam o combate a doenças derivadas do solo), as medidas legislativas de carácter preventivo em relação a inimigos das culturas (Amaro, 2003)

III - exclusivamente na área da protecção integrada (combate às pragas), através de meios directos de luta, nomeadamente a luta física (mecânica e térmica), a luta cultural, a luta biológica, a luta biotécnica e a luta química (Amaro, 2003).

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8.1.1. Fertilização

A fertilização é um dos processos que tem um grande impacto na qualidade do solo. Consiste na preparação dos solos agrícolas no sentido de melhorar significativamente a sua capacidade produtiva e consequentemente o rendimento e a qualidade dos produtos, segundo INIDA (1997). Geralmente antes da sua aplicação, é preciso fazer análises de fertilização do solo e posteriormente aplicar os fertilizantes de acordo com o relatório de análises, de acordo com INIDA (1997).

Com base no manual de fertilzação do solo e das culturas, INIDA (1997), as análises para a averiguação da fertilidade de um determinado solo po dem ser realizadas visualmente para o diagnóstico do estado nutritivo das culturas, através da análise foliar, rápido e sem custos. Em alguns casos torna-se pouco eficáz e fiável, dado que outros fatores podem influenciar os sintomas que normalmente se verificam, nomeadamente ataques de praga, aplicação de pesticidas, no caso de deficiencia de dois ou mais nutrientes , de acrodo com INIDA (1997). Nestes casos recomenda-se a realização da análise química do solo ou de um orgão da planta, para a obtenção de um resultado fiável, em que apesar dos custos é muito eficaz. A análise química vem permitir juntamente com a análise foliar definir o plano de fertilização capaz de garantir os nutrientes dentro da gama de valores mais adequados à cultura, segundo INIDA (1997). Contudo, a análise física também contribui para uma melhor tomada de decisão, quanto à fertilização, dado que muitas vezes, a falta de nutrientes observada deve-se a outros fatores que dificultam a absorção destes nutrientes pelas plantas, anteriormente referido.

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8.1.1.1. Caracterização dos fertilizantes 8.1.1.1.1. Adubos

Os adubos possuem um teor mais ou menos elevado de nutrientes, cuja função principal é fornecê-los às plantas. Podem ser elementares e composto (INIDA, 1997).

8.1.1.1.2. Adubos Elementares

As variedades de adubos elementares, de acordo com (INIDA, 1997), é enorme, e cada qual com a sua respetiva característica, especificidade e particularidade, nomeadamente adubos azotados, fosfatados e potássicos. Dada às suas especificidades torna-se necessário ter em conta alguns cuidados na sua aplicação.

Distinguem-se a adubação de fundo, a adubações de cobertura e a fertirrega, segundo INIDA (1997).

No processo de adubação, em alguns casos pode ocorrer perdas de nutrientes por lixiviação, podendo originar a poluição dos lençóis freáticos ou dos cursos de água entre outros males para a evolução das sementes segundo INIDA, 1997). A possibilidade de ocorrer perdas por lixiviação acontece, caso o adubo não possuir propriedades químicas capazes de evitar a sua mobilização a partir da sua interação química com outros constituintes do solo, declarações referidas pelo INIDA (1997). Sendo assim devido à grande mobilidade de nitrogénio, os adubos nítricos ou azotados não devem ser utilizados em adubação de fundo. Todos os adubos devem ficar afastados das sementes, raízes e das jovens plantas, dado que a concentração em excesso da salina pode conduzir a sua queima, segundo INIDA (1997). Relativamente aos adubos fosfatados, estes podem perfeitamente ser utilizados em adubações de fundo, assim como os adubos potássicos que podem ser utilizados tanto em adubações de fundo como de cobertura segundo as recomendações do INIDA (1997).

8.1.1.1.3. Adubos compostos

Adubos compostos, segundo INIDA (1997), são adubos que contêm mais do que um nutriente na sua composição. Geralmente são utilizados em adubações

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de fundo, mas da mesma forma que os adubos elementares, os que contêm todo o componente azoto na sua forma nítrica, só podem ser utilizados em adubações de cobertura, seguindo o manual de fertilização do INIDA (1997). No comércio internacional circulam uma enorme variedade de adubos compostos, com concentrações e equilíbrios diferentes e fornecendo os nutrientes sob diversas formas uns mais adequados que outros para o agricultor aplicar (INIDA, 1997). É aplicada conforme a cultura, o tipo de solo e seu estado de fertilidade, o clima, a técnica de fertilização, o preço das unidades fertilizantes fornecidas por cada adubo (INIDA, 1997). Entretanto acontece que nem sempre os adubos disponíveis no mercado adequam-se às características dos solos e das culturas que se deseja fertilizar, tornando-se necessário recorrer-se às misturas de diferentes adubos (INIDA, 1997). Essas misturas não podem ser realizadas aleatoriamente, uma vez que existe a probabilidade dos componentes reagirem entre si com consequências negativas. É necessário certificar-se sobre as misturas que podem ser efetuadas sem inconvenientes, entre as quais devem ser identificadas as que podem ser armazenadas e as que devem ser aplicadas logo após a mistura segundo INIDA (1997).

8.1.1.2. Fertirrega

A fertirrega é uma forma de adubação onde os fertilizantes são aplicados através da água de rega, onde a escolha dos adubos deve ser feita de acordo com a sua capacidade de se dissolver em meio aquoso segundo INIDA (1997). Antes da sua aplicação deve-se ter em conta algumas propriedades físicas da água em causa e do adubo utilizada, nomeadamente a salinidade, o sistema de rega, a época do ano e a fase vegetativo da cultura, dado que a elevada concentração de adubo pode afetar o desenvolvimento das culturas de acordo com a sua sensibilidade aos sais segundo INIDA (1997).

8.1.1.3. Corretivos

Os corretivos têm por finalidade corrigir ou melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, podendo conter quantidades significativas de nutrientes (INIDA, 1997). Destacam-se os estrumes, os produtos compostos de materiais orgânicos diversos. Além de ser uma prática de baixo custo, as

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quantidades de nutrientes fornecidos ao solo pelos estrumes que não foram utilizados pela cultura estrumada poderão, embora em menor grau, beneficiar as culturas seguintes (INIDA, 1997). No entanto, a quantidade e tipo de corretivo a aplicar depende dos resultados das análises de terra e faz parte da recomendação de fertilização indicada pelo laboratório (MBPA, s/d). No que respeita aos estrumes e compostos não convirá aplicar anualmente quantidades superiores às correspondentes a 170 kg de azoto total por hectare como medida de prevenção contra a poluição das águas com nitratos (Dias, s/d).

8.1.1.4. Fertilização Racional

Fazer uma fertilização racional das culturas é aplicar ao solo ou à planta, nas épocas mais apropriadas e sob as formas mais adequadas, os nutrientes que não se encontram disponíveis no solo, em quantidade suficiente para obter uma boa colheita (MBPA, s/d).

A prática da fertilização racional exige que se conheça, segundo o Manual Básico de Práticas Agrícolas (s/d):

 Quais as disponibilidades do solo em nutrientes (através de análise);  Quanto é que cada cultura necessita de cada nutriente para atingir

determinada produção ou nível de qualidade;  Quando é que cada cultura necessita de nutrientes;  Como devem ser aplicados os fertilizantes;

 Em caso de rega, saber que nutrientes existem na água de rega.

Em cada exploração agrícola deve ser elaborado um plano de fertilização respeitando as seguintes indicações, segundo Manual Básico de Práticas Agrícola (s/d):

 Efetue análises de terra e/ou foliares em amostras colhidas de acordo com as regras e a periodicidade definidas pelos laboratórios especializados (Serviços);

 Deverá conhecer a composição dos fertilizantes provenientes da própria exploração (estrumes, chorumes, etc.) que deverão ser previamente analisados;

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 Deverá determinar a qualidade da água de rega através de análises feitas por laboratórios especializados, pois esta pode conter nutrientes úteis para a planta ou, pelo contrário, ter uma composição química inadequada, capaz de provocar a degradação das características químicas e físicas do solo;

 Baseia-se nas recomendações de fertilização feitas pelo laboratório (Serviços) na sequência do resultado;

 Tire o máximo partido das matérias fertilizantes produzidas na exploração, particularmente estrumes, chorumes e outros, constituindo os adubos minerais apenas o complemento necessário ao défice de nutrientes eventualmente existente.

Mantenha registos, por parcela, das quantidades de fertilizantes aplicados anualmente e dos materiais fertilizantes utilizados e guarde os resultados das análises laboratoriais: os boletins de análise de terra, foliar ou de água de rega e as recomendações de fertilização.

Por último, tenha em atenção as recomendações.do manual supracitado (ou outro manual de boas práticas agrícolas), para evitar a poluição das águas com nitratos e fosfatos, resultante das práticas de fertilização.

8.1.2. Rotações culturais

As culturas e as rotações culturais a usar na exploração agrícola devem ser escolhidas em função de vários factores, entre os quais se destacam a dimensão da exploração, os objectivos do produtor, a natureza do solo e as condições climáticas (MBPA, s/d).

É importante fazer rotações na exploração agrícola porque, segundo o Manual Básicas de Boas Práticas:

• Aumentam a fertilidade do solo - se as culturas e o período da rotação forem mais adequados;

• Reduzem o empobrecimento do solo - a alternância de culturas leva a que sejam exploradas em profundidade as diversas camadas por raízes com diferentes características;

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• Facilitam o controlo de pragas, doenças e infestantes - através da alternância de culturas com características diferentes.

8.1.3. Gestão de Água

A água é um dos principais elementos indispensáveis para o setor agrícola. Quando o seu uso é associado com uma boa gestão permitirá uma redução substancial do custo da água e um aumento da qualidade e também da quantidade da produção.

A água é um recurso natural escasso e a rega deve ser baseada em previsões adequadas e ou com equipamentos técnicos que permitem uma utilização eficiente da água para a rega (GlobalG.A.P., 2012ª). Seguindo este critério, um

dos procedimentos utilizados para uma rega racional, é a definição de um ciclo com quatro fases distintas, nomeadamente, planeamento, implementação, monitorização e avaliação. A fase do planeamento permite determinar algumas propriedades físicas do solo e da conjuntura do sistema de rega mais apropriada às condições ambientais apresentadas. Deste modo é possível minimizar gastos desnecessários, custos de operação, impactos ambientais, permitindo uma gestão eficaz de água com a elaboração de uma estratégia e um plano de rega. Na fase de implementação em função da estratégia definida proceder-se-á definição da quantidade e do momento mais adequado para irrigação, pelo que a rega depende do tipo de cultura, do solo e das condições climáticas http://www.coopalcobaca.pt. Em geral, são frequentes e em menor quantidade na fase inicial de crescimento, atingindo o seu máximo nas fases de floração e frutificação (Tabela 1), fim do qual começa a decrescer até a colheita (INIDA, 2013).

Um dos fatores fundamentais para a determinação da necessidade de água nas plantas é a evapotranspiração, o processo de perda conjunta de água por transpiração da planta e evaporação do solo (INIDA, 2013).

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Tabela 1: Os pontos críticos ao défice de humidade no solo de algumas espécies de cultura Produtos agrícolas Período crítico

Batata comum Floração e tuberização

Cebola Desenvolvimento do bolbo

Cenoura Durante os primeiros 40 dias

Melancia, melão e pepino Florescência até a colheita

Pimentão Formação e desenvolvimento de frutos Repolho Formação e desenvolvimento da cabeça Tomate Formação e desenvolvimento de frutos Fonte: Adaptado do Instituto do Desenvolvimento e Investigação Agrária (INIDA, 2013)

A fase de monitorização por sua vez, tem como objetivo principal verificar se a quantidade de água utilizada na rega satisfaz o objetivo definido na fase de planeamento, tendo em conta alguns parâmetros físicos. Nesta fase é também indispensável a supervisão, devendo ser efetuada por técnicos capacitados, em diferentes estados fenológicos das culturas, para examinação de sinais de stress hídrico. A avaliação como a ultima fase deste ciclo, deve ser feita durante e após o ciclo, com a intenção de propor medidas corretivas na fase do planeamento para melhorar o plano de Gestão de água para uma próxima época http://www.coopalcobaca.pt.

8.1.3.1. Sistema de rega gota a gota

O sistema de rega gota a gota é uma forma de irrigação mais racional de forma mais eficiente recomendado aos agricultores. A falta de manutenção preventiva por sua vez, pode contribuir para o custo da não qualidade, onde pode aumentar os riscos de entupimento dos gotejadores e danos mecânicos causados por utensílios de manejo do terreno (INIDA, 2013).

8.1.3.2. Rega por alagamento

A rega por alagamento antes dos anos 90 representava o único sistema de rega das culturas de regadio. No meado dos anos 90 introduziu-se um novo sistema de rega moderno, ou seja, a rega localizada ou gota-gota. Segundo as

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declarações do Engº. Teixeira (2013)2, a rega por alagamento no contexto atual, é uma forma de esbanjamento desnecessário de água, dado que a quantidade de água de rega é determinada de acordo com as necessidades hídricas da cultura e tendo em consideração alguns parâmetros físicos para uma melhor gestão de água, nomeadamente a evapotranspiração potencial (ETp), fase fenológica e o coeficiente cultural (Kc), segundo INIDA (2013). Esta particularidade pode ser determinada precisamente na fase da implementação da gestão de água.

8.1.4. Proteção Integrada

Hoje em dia a agricultura é uma atividade que exige do agricultor muitos mais do que saber preparar a terra, tornou-se mais complexa e muito mais exigente resultante das constantes evoluções tecnológicas, mudanças climáticas e uma oferta considerável ultimamente verificada.

Uma praga agrícola pode ser definida como qualquer organismo que entra em concorrência com o homem no cultivo agrícola, constituindo uns dos diversos fatores que podem limitar a produção agrícola. Essas pragas incluem espécies de insetos, pássaros, roedores, doenças, nematoides, ácaros, centopeias, caramujos e, em alguns casos, grandes mamíferos como macacos e elefantes. Calcula-se que 90% de todas as espécies conhecidas de insetos não são economicamente importantes, cerca de 7 % são considerados benéficas e apenas 3 % podem ser chamadas pragas. Pode acontecer que algumas espécies atuam como pragas em certas épocas e em outras podem ser consideradas benéficas (Castleton & Overhold, s/d).

O ataque de pragas nas culturas e falta de conhecimento tem contribuído para o aumento dos custos associados à atividade agrícola. Este problema vem agravando-se com a introdução de novas espécies trazidas do exterior, uma das principais vias de propagação das pragas em todo mundo. Os meios de combate contra as pragas não são poucos, mas nem todos são apropriados e os respetivos métodos utilizados constituem uma das principais preocupações

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vividas por algumas entidades como a FAO, as delegacias de saúde e o Ministério do Desenvolvimento Rural.

A proteção integrada vem neste sentido, utilizar os meios e técnicas possíveis, tendo em conta as interações naturais entre os diferentes componentes do ambiente, a capacidade de proliferação das pragas e o respetivo carater taxiológico, cujo objetivo principal é a minimização dos prejuízos provenientes dos ataques das pragas. Dado que os prejuízos ocorridos são proporcionais à quantidade do inóculo (doença) existente ao instalar-se a cultura, deve-se preocupar-se em criar condições que sejam desfavoráveis ao parasita e na implementação de medidas preventivas (medidas indiretas). Contudo a proteção integrada não procura a exterminação das populações das pragas em concreto, visa, portanto, uma melhor gestão dos fatores componentes do ecossistema agrário, através de uma estratégia limitativa ou corretiva (Audemard et al, 1982).

O fator económico é também um aspeto essencial para agricultura, sendo necessário estar em equilíbrio com o aspeto ecológico, surgindo então a noção de um nível de tolerância, que constitui a base fundamental da proteção integrada. Este nível é designado por nível económico de ataque. Este método permite ao agricultor aceitar até certo nível a presença de pragas ativas na sua cultura utilizando outros meios para o seu controlo que não seja químico (método de controle ás pragas), evitando assim a sua multiplicação. Além do nível económico de ataque, existe também o nível prejudicial de ataque, o qual indica a intensidade mínima de ataque do inimigo da cultura que já causará prejuízos de importância económica. De acordo com o nível de ataque verificado será assim determinado os meios de combate para o abate, contribuindo para uma melhor qualidade do ambiente e da saúde dos consumidores (Audemard et al, 1982).

8.1.4.1. Luta Biológica

A luta biológica consiste, sobretudo em recorrer à ação de certas espécies de artrópodos estomófagos (parasitoides e predadores) ou de microrganismos entomopatogénicos (fungos, bactérias e vírus), a fim de reduzir as populações

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dos inimigos da cultura. De acordo com os princípios da luta integrada não se pretende eliminar o organismo prejudicial, mas antes manter a intensidade do seu ataque a um nível suficientemente baixo para que os prejuízos económicos sejam suportáveis. Neste contexto a luta biológica permite o restabelecimento do equilíbrio biológico, sendo necessário a realização de estudos prévios (biologia, ecologia, etologia das espécies alvo) que permitam assegurar ótimos resultados e preservar este equilíbrio. Essas ações resumem-se essencialmente em intervenções que levam a conservação ou multiplicação das populações amigas da cultura e ou através da implantação deliberada dessas mesmas espécies (Audemard et al, 1982).

Além das espécies aqui referidas, são também conhecidas espécies como as aves insetívoras que contribuem bastante para a limitação de várias pragas ou inimigos de cultura (Audemard et al, 1982).

8.1.4.2. Luta Biotécnica

A designação, meios de luta Biotécnica abrange todos os meios, normalmente presentes no organismo ou no habitat da praga, passíveis de certa manipulação, através da qual se consegue fazer alterar negativamente certas funções vitais que deles dependem de forma mais ou menos profunda, verifica-se, em geral, a morte dos indivíduos afetados (Audemard et al, 1982).

Encontram-se, desde 1980, em estudos ou aplicação alguns meios de luta biotécnica, nomeadamente as hormonas, as precocenas ou anti-hormonas, as antiquitinas, as feromonas, as substâncias esterilizantes utilizadas em luta autocida e os inibidores de alimentação (Audemard et al, 1982).

8.1.4.3. Medidas Indiretas de Luta

8.1.4.3.1. Luta Genética

A luta Genética é uma medida indireta de luta em que consiste na obtenção ou utilização de cultivares ou plantas resistentes aos principais patogénios e pragas (Audemard et al, 1982). Tem como objetivo principal impedir os prejuízos muito prováveis e eminentes resultantes dos inimigos das culturas

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através da fomentação de condições desfavoráveis, a prazo, ao seu desenvolvimento (Amaro, 2003).

8.1.4.3.2. Luta Legislativa

É conhecida também, nesse mesmo contexto, a Luta Legislativa que corresponde à adopção de medidas legislativas e regulamentares e de outra natureza, mas afins, para minimizar o transporte e dispersão de inimigos das culturas através de actividades humanas (Amaro, 2003).

8.1.4.3.3. Luta Cultural

A luta Cultural consiste na utilização de práticas agrícolas que visam a preservação da saúde das plantas e consequentemente a prevenção contra o aparecimento ou multiplicação dos inimigos das culturas resultantes das más técnicas culturais. Os meios de luta cultural mais comuns são: a fertilização racional, rotações de cultura, solarização ou pasteurização do solo, limpeza das áreas de cultivo, etc. (Audemard et al, 1982).

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8.1.4.4. Luta Química

Apesar dos vários métodos de controlo de pragas das culturas existentes, a presente trabalho coloca ênfase no método químico.

A luta química é um dos métodos considerado mais eficaz para o combate das pragas de culturas, mas que sozinha não satisfaz, nem no plano técnico, nem no económico e nem no ambiental, (Audemard et al, 1982). Consiste na utilização de substâncias tóxicas, os pesticidas, na luta contra os inimigos de cultura. Apesar do seu poder de controlo das pragas e doenças ou infestantes, os pesticidas poderão dar origem a efeitos secundários em diferentes níveis inclusive nos próprios inimigos de cultura que têm mais resistência, sendo necessário aplicar cada vez mais e com doses cada vez mais elevada, (Audemard et al, 1982).

Pesticida é definido como substâncias ou misturas de substâncias utilizadas para prevenir ou combater o ataque de espécies de vegetais ou animais nocivos e ainda, as substâncias ou misturas de substâncias usadas como reguladores de crescimento, os desfolhantes e os dessecantes. Estão também incluídos os produtos de natureza biológica, os biopesticidas. São classificados de acordo com o grupo de pragas a atacar (herbicidas, inseticidas, fungicidas, bactericidas, acaricidas e raticidas), a sua natureza química, a formulação e a toxidade. Na sua maioria caracterizam-se pela sua elevada toxicidade e persistência, antes de se desfazerem em substância não tóxica, podendo variar entre substâncias altamente tóxicas e não tóxicas (Audemard et al, 1982). A sua utilização, quando as normas não são respeitadas, tem impactos negativo para o ambiente e para o homem, nomeadamente a contaminação dos cursos de águas, constituindo uma ameaça para os peixes, onde também, partículas de determinado tipo de pesticidas, podem vir a atingir grandes distâncias, daí o risco de intoxicação por inalação e ou por absorção pela pele. A tomada de decisão relativo à utilização de pesticidas deve ser fundamentada num profundo conhecimento das suas características e que o seu emprego seja rodeado de todas as restrições tendentes a reduzir ao mínimo os

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inconvenientes e a tirar todo o partido das vantagens inerentes à sua aplicação (Audemard et al, 1982).

Devido à sua toxicidade, encontram-se estabelecidas algumas regras a respeitar antes e depois da aplicação de um determinado pesticida, nomeadamente o vestuário protetor, as condições atmosférica, avaliação do tratamento, o armazenamento, descarte de pesticidas, entre outros fatores importantes para evitar doenças, e até morte, aos operadores e não só quando manuseados, armazenados ou aplicados.

8.1.4.4.1. A toxicidade dos pesticidas

A intoxicação resultante do mal emprego do pesticida pode ocorrer através da boca quando são ingeridos alimentos contaminados, ao fumar ou comer no momento da aplicação ou pela utilização de recipientes anteriormente usados para pesticidas. A sua absorção através da pele e dos pulmões é mais comum nas pessoas que trabalham com este produto. Pulverizador de mochila com vazamento é uma das potenciais vias de contaminação através da pele. Deve-se tomar medidas para evitar este tipo de intoxicação, usando o Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado e tomar precauções (lavar as mãos antes de comer, beber ou fumar) (Castleton & Overhold, s/d).

8.1.4.4.2. Classificação dos pesticidas

Os valores relativos à categoria da toxicidade de um determinado pesticida encontram-se normalmente indicados nos rótulos dos pesticidas e nas publicações sobre o tema, classificados como aguda ou crónica. A toxicidade aguda é dada a partir do DL50 e CL50 (Doce Letal), os quais indicam a quantidade de ingrediente ativo de pesticidas, líquido ou sólido e no ar respetivamente, capaz de matar 50 % dos animais testados num período de 24 horas. Existem casos em que o pesticida é constituído pelo ingrediente ativo (venenosos) e outros ingredientes inertes (não venenosos), sendo necessário a aplicação da fórmula útil para determinação da toxicidade (Tabela 2) relativa de uma formulação de pesticida (Castleton & Overhold, s/d).

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Tabela 2: Classificação dos pesticidas

TOXICOLÓGICA AMBIENTAL

CLASSE I CLASSE I

Extremamente tóxico Altamente perigoso ao meio ambiente

CLASSE II CLASSE II

Altamente tóxico Muito perigoso ao meio ambiente

CLASSE III CLASSE III

Medianamente tóxico Perigoso ao meio ambiente

CLASSE IV CLASSE IV

Pouco tóxico Pouco perigoso ao meio ambiente

Fonte: Adaptado do Schiesari (s/d)

Entre tanto esta classificação se refere apenas à toxicidade da formulação, que é, basicamente, a dose necessária para causar morte no curto prazo. Em outras palavras, não diz nada sobre os efeitos a longo prazo ou ao “modo de ação”. Esta informação também é muito importante, porque algumas substâncias causam danos específicos consideráveis. Esta informação também é muito importante, porque algumas substâncias causam danos específicos consideráveis, podendo ser cancerígenos, tóxicos ao sistema reprodutivo ou ao desenvolvimento de fetos, tóxicos ao sistema nervoso, prejudiciais ao sistema hormonal, persistentes no ambiente, e contaminantes de águas subterrâneas (Schiesari, s/d).

8.1.4.4.3. Dosagem de pesticidas recomendada

Relativamente às dosagens a utilizar como regra geral, a quantidade depende da fase do crescimento da planta e da população da praga, onde a dosagem mínima deve ser aplicada na fase inicial e a máxima na fase de maturação, tanto do insecto como da planta. A quantidade a medir depende também da área a aplicar ou do volume do pulverizador a utilizar, sendo assim é necessário efetuar cálculos de acerto para um volume diferente do indicado na rotulagem, evitando o descarte de pesticidas excedentes (Castleton & Overhold, s/d).

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8.1.4.4.4. Calibração dos tanques ou pulverizadores

O equipamento utilizado para a aplicação do pesticida deve ser calibrado, ou seja deve-se medir o volume de pesticida, designado por índice de descarga (l/hectare ou Kg/hectare) aplicado pelo equipamento numa área. Existem diferentes métodos para a calibração e todos eles podem ser efetuados pelo próprio aplicador. A não calibração dos equipamentos podem causar prejuízo para as plantas, ao homem, ao meio ambiente, além de ser desperdício de pesticida, salvo quando é o caso das aplicações em que é recomendada a pulverização até as folhas gotejarem (Castleton & Overhold, s/d).

8.1.4.4.5. Formas de descarte dos pesticidas excedentes O melhor método para descartar o pesticida excedente no pulverizador é aplicá-lo numa área em que o seu efeito adverso será o mínimo possível. Para aumentar a velocidade de decomposição do pesticida, pode-se acrescentar alvejante, mesmo antes da pulverização, o que vai ajudar na neutralização. No caso de ser um pesticida que não sofreu nenhum tipo de diluição, pode depois ser devolvido para o recipiente original. Contudo é importante consultar técnicos ou profissionais a respeito da forma de descarte, no que tange os pesticidas indesejados, em virtude dos perigos associados (Castleton & Overhold, s/d).

8.1.4.4.6. Formas de descarte dos recipientes tóxicos

Cabo Verde ainda não tem políticas estabelecidas ou uma legislação a respeito do descarte de recipientes vazios de pesticidas (Silva, 2013), contudo em países como Brasil, a lei obriga após a utilização, lavar a embalagem do defensivo e devolvê-la no local de compra do produto ou nas unidades de recebimento informadas na nota fiscal da compra.

A embalagem deve ser lavada por pressão ou através da “tríplice lavagem” (passar por um quarto do volume de água por três vezes). Por meio da tríplice lavagem, aproveita-se de forma mais completa o defensivo e reduz o risco de contaminação do homem e do meio ambiente (Schiesari, s/d).

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De uma forma geral, os recipientes de pesticida depois de esvaziados, devem ser eliminados e nunca reutilizados para outros fins. Podem ser queimados em incineradores de alta temperatura. Se não houver incineradores, podem ser queimados ao ar livre, apesar de este procedimento acarretar sérios riscos. Mas, existem normas de descarte para recipientes que não podem ser queimados, em que é preferível enterrar, apesar de ainda a respetiva legislação não entrou em vigor. Sendo assim em caso de queima de recipientes é necessário seguir o procedimento recomendado como também em caso de recipientes que não podem ser queimados, nomeadamente os de vidro e de metal mencionados no Guia para uso de pesticida (Audemard et al, 1982).

8.1.4.4.7. Armazenamento de pesticidas

Os pesticidas apresentam um tempo de armazenamento designado por “duração no depósito de pesticida”. Caso o tempo de armazenamento ultrapassar esta duração, o pesticida pode perder a sua eficácia no combate contra as pragas. Portanto, devem ser armazenados corretamente a fim de minimizar os riscos para pessoas e animais e prevenir a elevada degradação do mesmo. O respetivo edifício deve preencher alguns requisitos de modo a evitar contaminações indesejadas. Nesse caso deve ser exclusivo para armazenamento de pesticidas, afastado das residências, das fontes de água, com piso de cimento, com boa ventilação e não acessível a animais e a pessoas que desconheçam os riscos de contato com estes produtos, as crianças por exemplo, etc. Os pesticidas em concreto devem ficar abrigados do sol e da chuva, devidamente rotulados, mantidos afastados dos alimentos e sempre que houver necessidade de serem transferidos para um recipiente diferente deve se ter atenção de que o mesmo não continha pesticida destinado a outros fins. É de extrema importância separar pesticidas diferentes, de acordo com a sua classificação (Castleton & Overhold, s/d).

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9.

Avaliação das Práticas agrícolas nas culturas de Regadio na Ilha de Santiago

9.1 Metodologia

A abordagem adaptada no quadro deste trabalho divide-se em várias etapas Figura 1).

Figura 1: As diferentes etapas seguidas 1. Consulta Bibliográfica

Foram consultados por um lado, alguns manuais sobre as práticas agrícolas em Cabo Verde e do outro, vários outros manuais produzidos fora do contexto nacional. Adotou-se esta abordagem, com o intuito de definir os critérios de avaliação, de acordo com a realidade de Cabo Verde, ou seja, com as práticas mais comuns, etc. Entre os documentos consultados, podemos citar “Manual de Boas Práticas Agrícolas e Sistema APPCC” e “Boas práticas agrícolas, para a produção de hortaliças”.

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2. Seleção das práticas e a elaboração da ficha de entrevista.

Foram selecionadas no total de vinte e duas práticas agrícolas, no âmbito deste estudo, provenientes na sua maioria, dos manuais sobre as BPA de alguns países incluindo Cabo Verde, embora a literatura existente sobre as BPA no país é extremamente limitada. A ficha está estruturada em cinco partes (ver anexo 1), nomeadamente, tratamentos pré e pós colheita, capacitação técnica, nas quais se encontram distribuídas as respetivas práticas que constituem a base deste trabalho. As sugestões de melhorias e observações constituem os dois últimos grupos.

3. Levantamento dos dados perto dos agricultores.

Esta etapa foi realizada perto de alguns agricultores de regadio em diferentes concelhos da ilha. Os agricultores alvos foram escolhidos aleatoriamente no seu respetivo campo e no período da manhã. A recolha de dados demorou aproximadamente quinze minutos por agricultor. O levantamento foi dirigido exclusivamente a vinte e sete agricultores que praticam a cultura de regadio, em oito concelhos da ilha. No total foram, sete agricultores do concelho de Santa Cruz, cinco do concelho de São Lourenço dos Órgãos, cinco do concelho de Tarrafal, dois do concelho de Ribeira Grande Santiago, três do concelho de São Domingos, um do concelho de São Miguel, um do concelho da Praia e três do concelho de Santa Catarina.

A Tabela 3 resume a distribuição dos agricultores alvo por concelho. Tabela 3: Repartição dos agricultores por zona administrativa

Nº de agricultores Concelho

1 7 Santa Cruz

2 5 Tarrafal

3 5 São L. dos Órgãos

4 2 Ribeira Grande de Santiago

5 3 São Domingos

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Nº de agricultores Concelho

7 3 Santa Catarina

8 1 Praia

Total 27 8

4. Numerização e tratamento dos dados

Depois do trabalho de campo realizado no período da manhã exclusivamente, foram introduzidos todos os dados obtidos no programa Excel. A partir do qual, criou-se uma base de dados com o intuito de facilitar o tratamento e a posterior actualização dos dados.

9.2 Resultados e discussões

A entrevista decorreu, num total de dezasseis dias, alternadamente, na qual foi possível entrevistar em média dois agricultores por dia.

A Figura 2 mostra a espacialização das diferentes parcelas contempladas de acordo com os concelhos. A maioria dos agricultores contemplados encontra-se no concelho de Santa Cruz e faltou apenas o concelho de São Salvador do Mundo que não ficou contemplado na pesquisa.

O grupo alvo de agricultores contemplados neste trabalho é bastante heterogéneo em termos de idade (Tabela 4). A maioria dos agricultores tem uma idade compreendida entre 37 a 47 anos. Em segundo lugar, vêm os agricultores com a idade compreendida entre 48 a 58 anos, o que corresponde a 37 %. Somente 15 % representa os agricultores mais jovens, ou seja, com a idade compreendida entre 26 a 36 anos. Os restantes representam a faixa etária mais elevada, com mais de 59 anos, ou seja, 4 % do total. Um dos aspetos relevante a realçar é o fato de que 67 % dos agricultores recorrem ao sistema de rega gota-gota. No entanto, 26 % continuam com o sistema tradicional de rega, ou seja, a rega por alagamento.

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Figura 2: Mapa das parcelas dos agricultores contemplados, no âmbito do projeto

Tabela 4: Distribuição dos agricultores por faixa etária e o sistema de rega correspondente

Faixa etária % Gota-gota Alagamento Ambos os

sistemas 26 - 36 15 4 2 1 1 37 - 47 44 12 9 2 1 48 - 58 37 10 7 3 0 > 59 4 1 0 1 0 Total 100 27 18 (67%) 7 (26%) 2 (7%)

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Para a avaliação das práticas agrícolas selecionadas, foram consideradas como critérios de avaliação:

1. Higiene e Segurança das parcelas, com seis práticas agrícolas, por analisar, nomeadamente prática de queimadas, formas de armazenamento de estrumes, vedação das parcelas contra entrada de animais, descarte de recipientes de fitossanitários e a rotação de cultura; 2. Monitorização de águas e solos de cultivo, com três práticas,

nomeadamente sistema de rega utilizado, fonte de água para a rega, a realização de análises físico-químicos e microbiológico do solo e água; 3. Gestão de fertilizantes, com duas práticas, nomeadamente a

pontualidade na aplicação de fertilizantes, a respetiva quantidade aplicada e o armazenamento de estrume;

4. Procedimento usado na luta química, com nove práticas, nomeadamente espécies de fitossanitários utilizados, realização da calibração do pulverizador, aplicação de dois ou mais produtos fitossanitários em simultâneo, realização da limpeza do pulverizador, utilização da proteção individual na aplicação de pesticida, realização de exame médico, respeito pelo intervalo de segurança, forma de descarte de recipientes e de sobras de pesticidas;

5. Formas de combate utilizadas contra as pragas, com apenas uma prática, nomeadamente a utilização de outros meios de luta contra as pragas que não sejam químicas.

6. Capacitação e assistência técnica aos agricultores, com duas práticas, nomeadamente a formação dos agricultores e a pontualidade de assistência técnica;

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9.1.1. Higiene e Segurança das Parcelas

De acordo com os resultados obtidos na Figura 3, constatou-se que, das cinco práticas selecionadas para avaliação, de entre os cuidados de higiene e segurança, a rotação de cultura, o descarte de recipientes de pesticidas e as queimadas dos resíduos das culturas, são as três práticas mais bem respeitadas pelos agricultores, com respetivamente 81 %, 70 %, 70 %.

A rotação de cultura também considerada como sendo um dos meios de luta contra pragas (preventiva) contra a multiplicação dos inimigos da cultura, foi uma das práticas que está a ser utilizada pela maioria dos agricultores entrevistados.

De um modo geral, a prática de queimadas, como forma de limpar as parcelas, é muito utilizada na ilha de Santiago, onde 30 % dos agricultores entrevistados afirmaram manter esta prática, que por sua vez, trás consigo sérios riscos para o ambiente, nomeadamente a perda da matéria orgânica, a poluição do ar, incêndios, etc.

No que tange as duas restantes, ou seja, o armazenamento de estrume e vedação das parcelas contra a entrada de animais, representam as práticas com uma maior taxa da não conformidade, na medida em que mais de 70 % dos agricultores não estão a executa-las corretamente. Da análise feita aos agricultores entrevistados em relação a este ponto, verificou-se que um número considerável de áreas de cultivo não se encontrava vedada, permitindo desta forma a circulação livre dos animais nesta zona e a vulnerabilidade dos produtos agrícolas. Esta situação constitui uma fonte de contaminação do ponto de vista químico e microbiológico, sendo fundamental ter em atenção alguns aspetos que constituem potenciais ameaças para a saúde pública e ambiental (Moretti, 2003).

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Figura 3: Avaliação das práticas relacionadas com a higiene e segurança nas parcelas

9.1.2. Monitorização de água e solo de cultivo

Constatou-se, na quase totalidade dos concelhos, uma prevalência muito positiva do uso do sistema de rega gota-gota, em vez do sistema tradicional de rega, ou seja, rega por alagamento. Os dados obtidos apontam que em todos os concelhos se usa o sistema de rega gota-gota. Todos os agricultores dos concelhos da Praia (1 agricultor), Santa Cruz (7 agricultores), Tarrafal (5 agricultores) e São Miguel (1 agricultor) usam somente o sistema de rega gota-gota. No entanto nos concelhos de São Lourenço dos Órgãos, Santa Catarina, São Domingos e Ribeira Grande, alguns agricultores mantêm o sistema de rega tradicional, ou seja, um total de 26 %. Somente 8% da totalidade dos agricultores entrevistados usam ambos os sistemas, particularmente nos concelhos de Santa Catarina (4 %) e Ribeira Grande (4 %). Contudo, os dados do Recenseamento Geral da Agricultura (2004), aponta que o sistema de rega predominante, na ilha de Santiago, é o alagamento.

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Figura 4: Cartografia do uso de sistemas de rega nos concelhos contemplados

As razões apresentadas, pelos agricultores que usam o sistema de rega tradicional, da não instalação do sistema de rega gota-gota, estão na origem, por um lado, de alguns fatores naturais (o relevo) que dificultam a instalação do sistema gota a gota e também devido à abundância de água que em algumas localidades, como é o caso da Boa Entrada (concelho de Santa Catarina). Por outro lado, a falta de recursos financeiros é a principal responsável da não instalação do sistema de rega gota-gota.

Os resultados obtidos apontam que existem várias fontes de água para a irrigação das culturas, nomeadamente furos em 6 concelhos (São Domingos, Santa Cruz, Santa Catarina, São Lourenço dos Órgãos e São Miguel), nascentes em 3 concelhos (Ribeira Grande, São Lourenço dos Órgãos e Santa Catarina), poços em 5 concelhos (São Domingos, São Lourenço dos Órgãos, Santa Catarina e São Miguel), barragens em 2 concelhos (Praia e Santa Cruz). Os furos representam, a fonte mais usadas pelos agricultores entrevistados com uma taxa de 44 %. Depois vêm os poços com uma taxa de 19%. De seguida vêm as nascentes com uma taxa de 11%. As barragens vêm em último lugar (Figura 5). É preciso também salientar que em alguns concelhos, os agricultores recorrem a mais de uma fonte de água, como por exemplo, nos concelhos de Ribeira Grande, Praia, São Lourenço dos Órgãos e São Miguel.

Referências

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