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ANÁLISE DA ROTULAGEM NUTRICIONAL DE ALIMENTOS QUE COMPÕEM A CESTA BÁSICA ANALYSIS OF THE NUTRITIONAL LABELING OF FOOD COMPRISING THE FOOD BASKET

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NUTRIR GERAIS, Ipatinga, v. 7, n. 13, p. 1030-1043 ago./dez. 2013.

ANÁLISE DA ROTULAGEM NUTRICIONAL DE ALIMENTOS QUE

COMPÕEM A CESTA BÁSICA

ANALYSIS OF THE NUTRITIONAL LABELING OF FOOD COMPRISING

THE FOOD BASKET

HORTENCIA FRANCISCA DOS SANTOS

Graduanda em nutrição pela Faculdade Santo Agostinho-FSA E-mail: htrtsantos@gmail.com

LINA SILVA OLIVEIRA

Graduanda em nutrição pela faculdade Santo Agostinho-FSA E-mail: li23fufu@hotmail.com

WELLINGTON DOS SANTOS ALVES

Prof. Msc. Docente do curso de nutrição, farmácia e fisioterapia da Faculdade Santo Agostinho-FSA

E-mail: wellingtonsa74@hotmail.com

RESUMO

A rotulagem nutricional facilita ao consumidor conhecer as propriedades nutricionais dos alimentos, contribuindo para um consumo adequado e complementando as estratégias e a Políticas de Saúde em benefício da saúde do consumidor. Nessa perspectiva, o estudo propôs-se a avaliar a adequação nutricional das informações declaradas nos rótulos dos produtos de uma cesta básica brasileira. Foram coletados e avaliados dados presentes nos rótulos de produtos contidos na cesta básica que se encontra em comercialização. A análise dos rótulos das embalagens dos treze tipos de alimentos de cinco marcas diferentes, atingindo um total de sessenta e cinco produtos analisados, evidenciou que o consumo de carboidrato, de sódio e de gorduras totais, em especial o de gorduras saturadas está com o percentual elevado em relação às DRIs. Por outro lado, verificou-se baixo consumo de fibra alimentar e de gorduras trans. Esses resultados indicam a inadequação nutricional dos alimentos da cesta básica disponibilizada ao consumo dos brasileiros, podendo gerar um desequilíbrio alimentar e o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, exigindo a Segurança Alimentar e Nutricional, bem como a promoção da alimentação saudável a partir da efetivação de políticas públicas, essenciais para a saúde e qualidade de vida e de nutrição dos consumidores brasileiros.

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NUTRIR GERAIS, Ipatinga, v. 7, n. 13, p. 1030-1043 ago./dez. 2013. ABSTRACT

Nutrition labeling facilitates consumers to know the nutritional properties of food, contributing to an adequate intake and complementing strategies and Health Policy for the health of the consumer. In this perspective, the study aimed to assess the nutritional adequacy of the information declared on the product labels of one basic Brazilian. Were collected and evaluated data on its product labels contained in the basket that is in marketing. The analysis of the packaging labels of the thirteen types of food from five different brands, reaching a total of sixty-five products analyzed, showed that consumption of carbohydrate, sodium and total fat - especially saturated fat percentage is higher in compared to DRIs. On the other hand there is low consumption of dietary fiber and trans fats. These results indicate the nutritional inadequacy of the basic basket of food available to the Brazilian consumption, can generate a dietary imbalance and the development of chronic diseases, requiring the Food and Nutritional Security, as well as promoting healthy eating from the application of policies public, essential to the health and quality of life and nutrition of Brazilian consumers.

KEYWORDS: Food, labeling, diseases.

INTRODUÇÃO

A alimentação e a nutrição são elementos básicos para a promoção e a proteção da saúde, pois possibilitam a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania. O consumo constante de alimentos sem qualidade e/ ou em proporções menores que as necessidades podem levar leva à deficiência de nutrientes pelo organismo, acarretando sérios distúrbios devido à carência e/ ou excesso de nutrientes, bem como de macro e micronutrientes. Sendo assim, torna-se necessária a alimentação adequada proporcionalmente e com combinação de uma ingestão variada para evitar o desequilíbrio nutricional, representado por doenças como infecções, desnutrição, doenças crônicas e fatores de risco como sobrepeso, obesidade e ingestão inadequada de alimentos (JAIME, 2011).

Para Cuppari (2009) a alimentação constitui-se elemento fundamental ao contribuir para a manutenção da condição nutricional, da qualidade de vida e para a prevenção das complicações. Por outro lado, sabe-se que na economia brasileira o acesso diário a certos alimentos depende do poder aquisitivo da população, ou da disponibilidade de renda para aquisição de alimentos.

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A inacessibilidade aos alimentos em primeira instancia leva à fome e posteriormente à deficiência de nutrientes na alimentação; embora se deva chamar atenção para o fato de que a fome em sua forma abrangente não atinge somente a população em situação de extrema pobreza, pois se considerando que a fome e a obesidade são fenômenos de desnutrição, cabe inferir que este desequilíbrio atinge também a outras classes socioeconômicas por inadequação de nutrientes (MAZETTO et al., 2011).

A transição nutricional, caracterizada por mudanças no estilo de vida e no hábito alimentar, maior consumo de alimentos industrializados, alimentação fora de casa e substituição de refeições por lanches, tem sido observada tanto no âmbito nacional como mundial (BARROS, 2008).

Percebe-se um aumento no padrão de vida da população e uma maior disponibilidade de alimentos e serviços; mas também se observam mudanças negativas no padrão alimentar, relacionando a dieta com o aumento das doenças crônicas não transmissíveis (WHO, 2003). Consoante com tal associação, Barros (2008) chama atenção para o fato de que a incidência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) associadas ao alto consumo de alimentos com elevado teor de energia, açúcares, gorduras e sódio vem crescendo tanto em países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento.

Frente a essa realidade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) chama atenção para o fato de que essas mudanças na alimentação e no estilo de vida impactam significativamente a saúde e o estado nutricional das pessoas. O estado nutricional de um indivíduo é resultado da relação entre o consumo de alimentos e as necessidades nutricionais (BARROS, 2008).

A situação epidemiológica da população brasileira demonstra alta incidência de doenças crônicas não transmissíveis e requer que medidas preventivas sejam adotadas em todas as faixas etárias. No entanto, além de promover a alimentação saudável, é preciso, também, promover a alimentação sustentável, que utiliza os produtos industrializados com moderação, valorizando os produtos regionais e a culinária tradicional (RODRIGUES et al., 2012).

Nessa perspectiva, construiu-se uma pirâmide alimentar adaptada da americana, composta por oito grupos alimentares - cereais, frutas, vegetais, leguminosas, leite, carnes, gorduras e açúcares, de acordo com a contribuição de cada nutriente básico na dieta. Estabeleceram-se três dietas-padrão – de 1600 kcal, 2200 kcal e 2800 kcal, com distribuição

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dos macronutrientes - carboidratos (50-60%), proteínas (10-15%), lipídios (20-30%). Donde cada nível foi apresentado em porções mínimas e máximas a serem consumidas de acordo com as dietas referidas. A pirâmide alimentar adaptada pode ser utilizada como instrumento para orientação nutricional de indivíduos e grupos populacionais, respeitando-se os hábitos alimentares e as diferentes realidades regionais e institucionais (PHILIPPI et al., 1999).

O consumo de alimentos por determinada sociedade e hábitos alimentares vem condicionado e limitado por uma série de valores e sentimentos que se inter-relacionam com os outros aspectos e práticas da vida social. Quando há necessidade de se modificar ou melhorar um hábito alimentar, deve-se educar a população de forma lenta e gradual quando for necessária uma mudança de hábito (VITOLO, 2008).

Desse modo, a Segurança Alimentar e Nutricional e a promoção da alimentação saudável são essenciais para a saúde e qualidade de vida e a informação nutricional representa uma boa ferramenta para a sensibilização quanto à educação alimentar ao evidenciar a quantidade de nutrientes por porção do alimento, a partir de porções baseadas em uma dieta de 2000 Kcal diárias, correspondente a um padrão aceitável (CUPPARI, 2009).

Considera-se, portanto, que a leitura dos rótulos represente uma boa maneira de se informar sobre o que se está consumindo e assim poder escolher alimentos mais saudáveis (CUPPARI, 2009). Nessa perspectiva é que se insere o estudo da temática proposta, haja vista que a rotulagem nutricional facilita ao consumidor conhecer as propriedades nutricionais dos alimentos, contribuindo para um consumo adequado dos mesmos e considerando que a informação que se declara na rotulagem nutricional complementa as estratégias e políticas de saúde dos países em benefício da saúde do consumidor (SCHLÕSSER, 2007).

METODOLOGIA

Realizou-se um estudo transversal onde se coletou e avaliou dados presentes nos rótulos de produtos pré-embalados contidos na cesta básica do piauiense em supermercados que se encontram em comercialização.

Considerou-se que a cesta básica é um termo genérico utilizado para designar um conjunto de bens, que atendem às necessidades elementares de uma família pelo período de

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um mês e que esta deve conter alimentos necessários para que esta consiga se alimentar por esse período de tempo (BRASIL, 2011).

O valor nutricional declarado foi o ponto importante a ser analisado, independente das marcas. Inicialmente foram identificados e listados todos os produtos básicos alimentares que a compõem, para cada produto foram analisadas 05 marcas totalizando 65 produtos.

Realizou-se análise quantitativa dos elementos nutricionais considerando-se a dieta de 2.000kcal como vem prevista nos rótulos: Valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar, sódio, glúten, % VD, dos produtos que a compõem: Biscoito de sal, arroz, feijão, farinha de mandioca, açúcar, farinha de milho, macarrão, óleo, margarina, sardinha, leite, doce de goiaba e sal. Observou-se também a presença das expressões “Contém glúten” ou “Não contém glúten”.

Ao comparar a média da composição dos alimentos com as recomendações dietéticas, pode-se conhecer os níveis de adequação nutricional. Fez-se a análise e avaliou-se o seu grau de adequação, compararam-se os valores encontrados da média diária com os valores recomendados diários pela Dietary Reference Intake (DRIs), e conferiu-se o percentual de adequação destas quantidades considerando o percentual de adequação 90 a 110 %.

Analisaram-se qualitativamente de acordo com a pirâmide adaptada brasileira as porções recomendadas comparando com as encontradas na cesta básica. Ao final destas etapas, foram analisados os níveis de adequação dos itens alimentares da cesta básica em relação às necessidades nutricionais, identificando os percentuais que se encontravam inadequados utilizando - se como valores de referência as Dietary Reference Intake (DRIs), correlacionado os problemas nutricionais detectados com as patologias oriundas da má alimentação que envolve e desenvolve na população.

Os dados foram tabulados em programa Microsoft Office Excel2009® sendo apresentados em forma de tabelas e gráficos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Valores encontrados de cada alimento, considerando-se a dieta de 2.000 kcal como vêm previstos nos rótulos (Tabela1).

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TABELA 1 - Análise da Média Quantitativa da Composição e Valores Nutricionais da Cesta

Básica. Produtos Quantidade por porção Valor Energético (Kcal) Cho (g) Ptn (g) Gorduras Totais (g) Gorduras Saturadas (g) Gorduras Trans (g) Fibra Alimentar (g) Sódio (g) Glúten %VD Biscoito de Sal 30g 132,8 20 3,22 5,1 1,82 0,3 0,54 215,4 3/sim 2/não 6,8 Arroz 50g 172,2 39,4 3,3 - - - ≤1g - - 7,8 Feijão 30/40g 139,8 24,4 9,14 0,2 - - 3,2 39,2 - 5 Farinha de Mandioca 50g 143,4 43 ≤1g - - - 0,98 - - 7,4 Açúcar 5g 20 5 - - - 1 Farinha de Milho 50g 175,2 38,2 3,76 0,8 - - 1,88 3,6 1/sim 4/não 8,4 Macarrão 80g 279,6 59,6 0,06 1,02 0,22 - 1,6 12 Contém 14 Óleo 13ml 108 - - 12 1,92 - - - - 4 Margarina 10g 63 - - 7 1,83 0,43 - 78,6 - 3,3 Sardinha 60g 104,75 - 13,75 5,47 2,1 - - 322,5 - 5,5 Leite 25/26g 127,6 10,8 6,24 6,5 4,3 - - 100,6 - 4,8 Doce de Goiaba 40g 129 31,3 - 0,26 0,1 - 0,83 3,33 - 6,6 Sal 1g - - - 390 - 16

Fonte: Dados da Pesquisa.

A análise quantitativa dos produtos que compõem a cesta básica como biscoito de sal, arroz, feijão, farinha de mandioca, açúcar, farinha de milho, macarrão, óleo, margarina, sardinha, leite, doce de goiaba e sal ocorreu conforme descrito na Tabela 1 e baseada em uma dieta de 2.000 kcal, observando-se os elementos nutricionais previsto nos rótulos, tais quais: o valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar, sódio, glúten, % VD. Observou-se também a presença das expressões “Contém glúten” ou “Não contém glúten”. Porém a avaliação quantitativa da inadequação do consumo dietético requer a determinação acurada das quantidades habituais de alimentos consumidos pelo indivíduo e a definição de parâmetros conforme os estabelecidos nas tabelas e figuras subsequentes.

A análise dos rótulos das embalagens dos treze (13) tipos de alimentos de cinco (05) marcas diferentes, atingindo um total de sessenta e cinco (65) produtos analisados, evidenciou

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as quantidades de cada nutriente fornecido, bem como o percentual de adequação em relação à distribuição apresentados, como se pode constatar na tabela a seguir:

TABELA 2 - Análise Quantitativa do Consumo Diário da Composição Alimentar da Cesta

Básica calculada pelas DRIs.

Composição Valores Encontrados Valores Recomendados Percentual de

Adequação (90-110%) Gorduras Totais 38,35g 28,78g 133% Gorduras Saturadas 12,29g 8,49g 144% Gorduras Trans 0,73g 3,35g 21% Fibra Alimentar 9,03g 12,07g 74% Sódio 5,83g 1,77g 329% PTN 48,47g 39,05g 124%

Fonte: Dados da Pesquisa.

Evidenciou-se no estudo que o consumo de carboidrato, de sódio e de gorduras totais - em especial o de gorduras saturadas está percentualmente elevado em relação às DRIs. Por outro lado verificou-se baixo consumo de fibra alimentar e de gorduras trans. Esses resultados indicam a inadequação nutricional dos alimentos da cesta básica disponibilizada ao consumo dos brasileiros, podendo gerar um desequilíbrio alimentar e o desenvolvimento de doenças, uma vez que de acordo com Cuppari (2005), o excesso ou falta de nutrientes podem causar doenças.

Cabe lembrar que o excesso de nutrientes como carboidratos, sódio e gorduras saturadas, que incidem em riscos para doenças crônicas não transmissíveis e que podem resultar em alto índice de mortalidade quando associadas a outras patologias que afetam a saúde da população pode ter seus efeitos exacerbados diante do consumo insuficiente de nutrientes protetores como as fibras e gorduras trans; que pode ser visualizado no gráfico a seguir:

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FIGURA 1 - Índice de Valores do Consumo de Nutrientes Encontrados e Recomendados da Cesta

Fonte: Dados da Pesquisa.

A análise da figura acima demonstra uma desordem nos valores encontrados na concentração de gorduras totais e saturadas que se encontram em excesso. E, uma insuficiência na adequação em relação às fibras, pois encontram- se em um índice menor que o recomendado, devido a pouca ingestão oferecida na cesta básica. Contrariando-se a importância crescente conferida às fibras na fisiologia humana e seu beneficio para prevenção e manutenção da saúde, e cujos estudos já permitem uma recomendação mais específica deste nutriente, que pode ser verificada na nova Ingestão Dietética de Referência ou Dietary

Reference Intake - DRIs (2011).

Visualiza-se também que o teor de carboidrato, proteína e sódio encontra-se em um índice maior que o recomendado. Assim, a partir desses dados, nota-se a dificuldade da família brasileira de baixa renda para ter uma alimentação adequada em valores nutricionais, o que indica tendências desfavoráveis no seu padrão alimentar.

Desse modo, considera-se relevante lembrar que todo o ser humano tem direito a uma alimentação adequada e que de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (2011), o plano de concretização destes direitos consiste na efetivação do acesso regular e permanente de todos a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem que outras necessidades

Valores Encontrados (g) 0 10 20 30 40 50 Valores Encontrados (g)

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essenciais sejam comprometidas. Sendo assim, a segurança alimentar e nutricional deve ser assegurada pelo poder público.

Nesse contexto, concorda-se com Rodrigues et al. (2012), ao inferirem que a Segurança Alimentar e Nutricional e a promoção da alimentação saudável são essenciais para a saúde e qualidade de vida, pois a situação epidemiológica da população brasileira demonstra alta incidência de doenças crônicas não transmissíveis e requer que medidas preventivas sejam implementadas no sentido de promover a alimentação saudável e também sustentável, utilizando os produtos industrializados com moderação, valorizando os produtos regionais e a culinária tradicional.

Vale ressaltar que de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (2011), a seleção de alimentos constitui-se complexa e bastante influenciada por vários fatores, dentre os quais se destaca o componente comportamental, que determina a escolha. Constata-se assim que a abundância por si só não assegura ótima nutrição e que a disponibilidade dos alimentos na cesta básica não impede que ocorram deficiências, como se pode constatar na Tabela abaixo.

TABELA 3 -Análise Qualitativa dos Componentes da Pirâmide Alimentar Brasileira

Comparada com os Componentes da Cesta Básica Piauiense.

Grupos Alimentares Porções

Recomendadas

Porções Encontradas

Resultados

Grupo 01 (Cereais, Pães, Tubérculos e Raízes) 05-09 porções 05 porções Adequado

Grupo 02 (Hortaliças) 04-05 porções - -

Grupo 03 (Frutas) 03-05 porções - -

Grupo 04 (Leite e Produtos Lácteos) 03 porções 02 porções Não Adequado Grupo 05 (Carnes e Ovos) 01-02 porções 01 porção Adequado

Grupo 06 (Leguminosas) 01 porção 02 porções Adequado

Grupo 07 (Óleos e Gorduras) 01-02 porções 02 porções Adequado Grupo 08 (Açúcares e Doces) 01-02 porções 02 porções Adequado

Fonte: Dados da Pesquisa.

É notório, na tabela acima, que no que se referem ao grupo das porções de Cereais, Pães, Tubérculos e Raízes, que há um resultado dentro dos padrões da pirâmide alimentar brasileira. O que representa um ganho para a saúde dos consumidores, já que estes alimentos constituem-se as principais fontes de energia para o organismo, além de uma quantidade

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maior de fibras que conferem um efeito protetor para as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) quando consumidos sem excesso. Desse modo, uma alimentação saudável inclui a ingestão diária de cereais integrais, pois de acordo com Ornelas (2001), esses são capazes de tornar a absorção da glicose mais lenta e de reduzir a absorção de gorduras.

A porção do grupo de hortaliças e frutas na amostra da pirâmide adaptada brasileira não se encontra incluída na cesta básica do piauiense e conseguintemente, a ingestão diária de micronutrientes pode estar inadequada. Cabe lembrar que, o consumo adequado de vitaminas e sais minerais é importante para a manutenção das diversas funções metabólicas do organismo. Sendo assim, a ingestão inadequada destes micronutrientes pode potencialmente levar a estados de carência nutricional, produzindo diversas manifestações patológicas, cabendo inferir que a baixa ingestão de frutas e vegetais é um dos fatores que contribui para o aumento dos casos de doenças crônicas não transmissíveis (MAHAN et al., 2005).

O modo como vivemos atualmente e que somos submetidos a níveis muito alto de estresse e agente poluentes contribuem significativamente a produção dos radicais livres pelos nossos organismos sendo a forma mais eficaz de combate é uma nutrição equilibrada, composta principalmente de antioxidantes, pelo aumento da ingestão de frutas, hortaliças, legumes evitando alimentos à base de agrotóxicos (BERGEROT E BERGEROT, 2006).

Em relação ao consumo médio de Leite e Produtos Lácteos, verificou-se que este encontra-se a abaixo da porção recomendada, sendo assim, a ingestão insuficiente destes produtos pode acarretar em danos à saúde ao longo da vida.

Os laticínios são alimentos que fornecem quantidades necessárias para a manutenção e proteção do organismo contra doenças, por serem abundantes em proteínas, vitaminas e minerais como cálcio - necessário ao crescimento e desenvolvimento durante a maturidade, servindo como estoque futuro agindo na redução de risco de osteoporose e hipertensão.

O consumo da porção do grupo de carnes e ovos encontra se nos padrões da amostra. Este dado aponta para questões relacionadas à cultura da nossa região, onde a carne faz parte dos hábitos alimentares diários da população, porém seu preço é alto. Entretanto, o consumo excessivo destes alimentos pode ser prejudicial à saúde, devido ao teor de gordura, que está associada à ocorrência de doenças cardiovasculares e obesidade (PHILIPPI et al.,1999).

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As leguminosas da porção do grupo 06 estão no padrão da amostra. Sendo o feijão a leguminosa mais consumida no país. São alimentos ricos em proteínas, carboidratos e fibras solúveis e insolúveis. Essas substâncias são responsáveis pela construção de nossos tecidos, pelo fornecimento de energia ao corpo e pelo bom funcionamento de alguns órgãos. Os nutrientes das leguminosas estão contidos, inclusive, na casca. A combinação entre cereais e leguminosas, nosso “arroz com feijão” de todos os dias, oferece uma proteína de alto valor biológico, ou seja, completa- haja vista que contém todos os aminoácidos essenciais (SALINAS, 2002).

Em relação ao grupo óleos e gorduras os valores encontram se dentro dos padrões recomendados e seu excesso acarreta há varias doenças principalmente patologias arteriosclerose (CUPPARI, 2005). O excesso de gordura é considerado uma doença metabólica complexa que é desencadeada por vários motivos comuns nos dias atuais causando outras complicações á saúde para uma redução ou ate mesmo uma manutenção do peso é necessário uma reeducação alimentar com baixa ingestão calórica (ROMERO e ZANESCO, 2006).

No que se refere à porção do grupo de Açucares e Doces - alimentos energéticos extras, de onde provêm muitas calorias e poucos nutrientes e que devem ser consumidos com moderação, verificou-se o consumo adequado, embora na atualidade se perceba um declínio no consumo de alimentos básicos e tradicionais como arroz e feijão nas grandes refeições do dia e que há aumento na admissão de produtos industrializados e consumo insuficiente de hortaliças e frutas, relacionado com o aumento do teor de gordura e açúcar na dieta brasileira (GAVA, 2007).

Deve-se registrar que obesidade, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer e outras enfermidades crônicas são riscos decorrentes da transição alimentar em curso nas últimas três décadas conseqüentes de transformações ocorridas no país, como a urbanização, que contribuem para as modificações na composição das refeições domiciliares.

Portanto, concorda-se com Philippi et al. (1999) quando destaca a necessidade de ações para a promoção da alimentação saudável, acredita-se que o uso de guias alimentares como a Pirâmide dos Alimentos é adequado, visto que se trata de um instrumento que se baseia nas necessidades nutricionais específicas, respeitando-se o número de porções segundo idade, gênero e nível de atividade física, de acordo com a individualidade de cada um.

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A análise dos rótulos das embalagens dos treze (13) tipos de alimentos de cinco (05) marcas diferentes, atingindo um total de sessenta e cinco (65) produtos analisados, evidenciou que o consumo de carboidrato, de sódio e de gorduras totais - em especial o de gorduras saturadas está percentualmente elevado em relação às DRIs. Por outro lado verificou-se baixo consumo de fibra alimentar e de gorduras trans. Esses resultados indicam a inadequação nutricional dos alimentos da cesta básica disponibilizada ao consumo dos brasileiros, podendo gerar um desequilíbrio alimentar e o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.

Evidenciou-se no estudo o declínio no consumo de alimentos básicos e tradicionais como arroz e feijão nas grandes refeições do dia e que há aumento na admissão de produtos industrializados e consumo insuficiente de hortaliças e frutas, relacionado com o aumento do teor de gordura e açúcar na dieta brasileira.

Assim, a partir desses dados, nota-se a dificuldade da família brasileira de baixa renda para ter uma alimentação adequada em termos nutricionais, o que indica tendências desfavoráveis no seu padrão alimentar e exige a implementação da Segurança Alimentar e Nutricional, bem como a promoção da alimentação saudável a partir da efetivação de políticas públicas, essenciais para a saúde e qualidade de vida e de nutrição dos consumidores brasileiros.

REFERÊNCIAS

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Pública/Universidade de São Paulo, 2008.

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BRASIL. Governo do Estado do Amazonas. Panorama Geral da Cesta Básica: Amazonas-AM. v. 69. 2011.

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GAVA, A. J. Princípios de Tecnologia de Alimentos. São Paulo: Nobel. 5ª edição, 2007.

JAIME, P. C. Ações de alimentação e nutrição na atenção básica: a experiência de organização no Governo Brasileiro. Revista de Nutrição. v.24, n. 6. Campinas: 2011.

MAZETTO, F. A. et al. Fome Oculta. Revista Geográfica de América Central. Número Especial, II Semestre, 2011.

MAHAN, L. K. et al.Alimentos,nutrição&dietoterapia. Rio de Janeiro: Roca, 2005.

ORNELLAS, L. H. Técnica dietética. São Paulo: Atheneu, 2001.

PHILIPPI, S. T. etal.Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos. Revista

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RODRIGUES, L. P. F. et al. Sustentabilidade, segurança alimentar e gestão ambiental para a promoção da Saúde e qualidade de vida. Participação.n. 19. 2012.

ROMERO, C.E.M. e ZANESCO, A. O papel dos hormônios leptina e crelina na gênese da obesidade. Revista de Nutrição, Campinas, v.19, n.1, jan/fev. 2006.

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SCHLÕSSER, K.Soluções em Alimentação. Empresa Júnior de Consultoria em Nutrição-Nutri Jr. Jornal Eletrônico. n.1, Jul. 2007.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Departamento de Nutrição e Metabologia

da SBD. 3 ed. São Paulo: 2011.

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diseases.Geneva: 2003. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/trs/WHO_TRS_916.pdf

Acesso em: 01 maio 2013.

Recebido em: 11/06/2013 Revisado em: 22/10/2013 Aprovado em: 18/11/2013

Referências

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