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Fundamentações da contabilidade como uma ciência.

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Academic year: 2021

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Fundamentações da contabilidade como uma ciência.

Prof. MSc. Wilson Alberto Zappa Hoog

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Resumo:

Apresenta-se uma breve análise sobre as fundamentações de que a contabilidade é uma ciência. Considerando para isto a concepção clássica inicial da ciência e as características gerais tais como: objeto, objetivo, função, método de investigação, método de interpretação, além das teorias, teoremas e princípios. Separando a ciência da contabilidade das tecnologias contabilísticas.

Nesta resumida apreciação, busca-se contribuir com o desenvolvimento de um modelo para uma melhor formação dos acadêmicos, a partir de noções da teoria pura da contabilidade, pois é necessário que o mundo acadêmico possa participar efetivamente da discussão, acompanhando-a de perto. Logo, deve se disseminar a certeza de que a contabilidade não é uma arte ou uma técnica.

Palavra-chave:

Contabilidade; ciência; tecnologia, teoria pura da contabilidade; ciência contábil; política contábil.

Desenvolvimento:

Inicialmente necessitamos separar a ciência da tecnologia. Pois a ciência da contabilidade usa de tecnologia sem se confundir com ela. Assim como a política contábil usa de técnica sem se confundir com ela.

A ciência em seu sentido amplo, acadêmico e profissionalizante é a sabedoria aplicada à atividade de investigação vinculada a um objeto, e tem métodos, teorias, teoremas, princípios e axiomas próprios, busca o(s) objetivo(s) específico(s) e próprio(s), e está comprometida com a evolução do conhecimento humano na dimensão moral, ética, filosófica, social e intelectual.

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E a tecnologia contábil é um conjunto de conhecimentos científicos e especiais, oriundos da ciência da contabilidade, como os princípios contábeis, convenções, que são aplicados pelos cientistas contábeis e desenvolvidos pelos professores-doutrinadores. Envolvem ferramentas como dissertações, teses, axiomas, teorias e teoremas para realizar a ciência contábil, ou seja, o uso da biocontabilidade, das teorias, enunciados e teses contábeis consuetudinários no procedimento de valorimetria da riqueza. Como exemplos de ferramentas tecnológicas contábeis puras temos: o método holístico de avaliação do aviamento/goodwill ou do fundo de comércio, o balanço de determinação1 e o método Zappa de avaliação do valor imaterial da carteira de fregueses2.

Técnica é diferente de tecnologia, pois técnica vem do empírico ou da imposição de uma política; e tecnologia vem do científico, mas não são as tecnologias que determinam o caráter científico da ciência e sim, o método, logo tecnologia também não é sinônimo de ciência.

Neste ponto de vista devemos ressaltar também que ciência contábil é diferente de política contábil, pois a ciência utiliza-se das tecnologias para descrever a riqueza, enquanto que a política contábil prescreve como devem ser os registros da riqueza.

Sendo que o conhecimento científico representa o conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou produzidos, historicamente acumulados, fato este, notório no meio acadêmico, pois os conhecimentos científicos são dotados de universalidade e objetividade que permitem sua transmissão efetuada normalmente na academia, por curso de graduação que são estruturados sobre métodos, teorias e linguagens próprias, que visam estudar, pesquisar, compreender e orientar a natureza e as atividades humanas.

A partir deste início, temos a figura do cientismo contábil que é a atitude segundo a qual a ciência contábil dá a conhecer os atos e fatos como são, ou seja, a essência prevalecendo sobre a forma. Resolve todos os reais pontos controvertidos e é suficiente para satisfazer, via espancamento científico, toda a necessidade de revelação da verdade, de direitos e obrigações das células sociais. É ato pelo qual os métodos

1

O balanço de determinação não está vinculado à política contábil uma vez que este possibilita uma justa aferição de haveres, pois preserva a equidade e evita o enriquecimento sem causa.

2

Trata-se duma tese contábil desenvolvida a partir do quociente de rentabilidade. Pois esta tecnologia busca mensurar o valor do direito sobre negócios oriundos de uma freguesia, para fins de alienação ou indenização.

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científicos devem ser estendidos, sem exceção, a todos os produtos contábeis gerados pelo cientista ou perito-contábil.

Se possuirmos a ciência da contabilidade e muitas tecnologias e métodos de pesquisa, é lógico que existe, também, a figura do ilustre cientista contábil que é o contador que se esforça para revelar e entender o fenômeno que ocorre com a riqueza das células sociais, e a verdade de suas teses, métodos, sistemas e teorias, de forma organizada com suas próprias observações e o uso de sua inteligência privilegiada como uma orientação ao seu método de pesquisa.

Lembrando que não é o consenso de outros profissionais, que leva o cientista a revelar e a aceitar a verdade real, mas, sim, o seu próprio convencimento científico sobre a realidade pesquisada. Indivíduo que vai além de repetir; ele faz a ciência da contabilidade, não se limita a ver o jogo na arquibancada, mais aprende pelos seus próprios erros e experimentos, pois tem que entrar em campo e decidir a partida, mesmo que para isto tenha que se expor ao rigor da crítica acadêmica e do azedume daqueles que nada produzem e limitam-se apenas a críticas destrutivas.

A concepção clássica inicial da ciência surge com o início do renascimento3 e o afastamento da inquisição4. A ciência, sabedoria é aceita pela humanidade, a partir da observação e experimentação.

As ciências se construíram a partir de uma compreensão filosófica da realidade. Onde se buscou um conhecimento universalmente aceito no aspecto descritivo como explicativo.

3 O período do renascimento envolveu o século XIV e XVI, e difundiu-se por toda a Europa, foi

assinalada pela busca, amparada pela ciência, de explicações racionais para os fenômenos da natureza. E tem como características gerais: a racionalidade; a dignidade do ser humano; pelo rigor científico e pelo ideal humanista. Este período marca o final da idade média e o início da idade moderna pela transição do feudalismo para o capitalismo, significando uma ruptura com as estruturas medievais.

4

Inquisição ou Santa Inquisição - foi um tribunal de censura, criado pela igreja católica e utilizado para eliminar e purificar os inimigos, além de averiguar heresias, feitiçarias, sodomia, pestes, e outros atos, muitas vezes por uma simples "crise ou falta da fé". O acusado era entregue às autoridades, que os puniam. As penas variavam desde o confisco de bens, até a morte pela fogueira. Pois o fogo era considerado elemento imprescindível à purificação, eliminando-se com isto a possibilidade de desobediência a igreja e o surgimento de ideias e de poderes outros. A inquisição destruia publicamente os supostos absurdos. A caça aos pseudo bruxos foi uma forma lamentável de restringir o desenvolvimento científico, pelo receio de divulgar uma descoberta e ser queimado vivo. Cabe destacar que remeter um cientista, ou um pseudo bruxo a fogueira, foi tido pela igreja como um favor, pois se o cientista não se queimasse, a sua tese seria considerada verdadeira, se o cientista se queimasse, este seria purificado pelo fogo, obtendo com isto um grande favor da igreja.

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Este pensamento continua válido, como demonstra Rocha5 em três pontos fundamentais:

“A ciência é um conhecimento estritamente experimental, isto é, totalmente baseado na observação e na experimentação; as proposições científicas têm caráter absoluto porque exprime a captação da mais intima essência da realidade; caminhando de proposições mais restritas para proporções cada vez mais gerais, a ciência tende a atingir uma visão perfeitamente unificada e universal da realidade, substituindo assim, por completo, a filosofia.”

Apesar das ciências surgirem a partir da filosofia, somos da opinião de que as ciências, não substituirão a filosofia, pois a filosofia, como amor a sabedoria, ensina a pensar, e a ciência, como a sabedoria, se utiliza da filosofia nos procedimentos de investigação e apreciação dos fenômenos.

A contabilidade está perfeitamente caracterizada como ciência autônoma, pois tem o seu campo próprio de investigação, o patrimônio que é o seu objeto, o seu objetivo que é registrar e analisar a movimentação da riqueza das células sociais; e a sua função, a informação econômica, financeira e social; possui ainda amplas teorias, contemporâneas como à teoria pura da contabilidade e o neopatrimonialismo, entre outras teorias apresentadas no passado, como o patrimonialismo no ano de 1923 por Vincenzo Masi (1893-1977) e no ano de 1926 o reditualismo por Gino Zappa (1879-1960), e princípios, e métodos de investigação como o do raciocínio contábil por nós defendido e o método indutivo axiomático defendido por Lopes de Sá.

A práxis da ciência da contabilidade apresenta-se com várias vertentes:

a) a epistemologia - conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os seus condicionamentos tecnológicos, históricos, sociais, lógicos, matemáticos, ou linguísticos; b) a axiologia - estudo crítico dos conceitos de valor monetário revelado pelos produtos contábeis, particularmente dos valores tidos como justos ou reais;

c) a teoria - a estrutura para a elaboração da linguagem científica que determina a sentido e alcance dos conceitos;

5

ROCHA, Armandino. Lições de teoria da contabilidade. Universidade lusíada editora: Lisboa, Portugal, 2004. p.50.

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d) a do equilíbrio - pois se preocupa com os acontecimentos que possam influenciar o equilíbrio da equação patrimonial, logo busca a identificá-los, e a estudá-los;

e) as de configuração - modelos estruturais como plano de contas de relatórios e equilíbrio patrimonial;

f) as de valor - todo o patrimônio é mensurável, pelo seu valor de utilidade, logo todo a ativo e todo a passivo como todo o patrimônio líquido possuem valores;

g) e a vertente tecnológica - que é usada nos diagnósticos de situações patrimoniais.

A ciência da contabilidade, vista como uma ordem social, estuda as riquezas patrimoniais, e suas relações dinâmicas, em hipóteses e situações reais, sempre sujeitas a revisões para se obter uma versão melhorada do experimento.

E por fim, avulta como fator deveras importante, na teoria pura da contabilidade, a “interpretação literal-lógica-semântica, dos atos e fatos”, pois esta forma de interpretação é um dos requisitos essenciais para a operacionalização e concretização da teoria pura da contabilidade, pois é necessária para se elaborar as prestações de contas, relatos financeiros, econômicos e sociais, além de se exercer as funções: informativa, quantitativa e valorativa da contabilidade.

A interpretação literal de um pacto, de um relatório contábil, de uma norma, da constituição de uma sociedade ou de um contrato é baseada no que está grafado; e consiste na compreensão do sentido possível das palavras. Logo, temos presente a hermenêutica6, a lógica7, o prestígio à semântica8 e aos fatores consuetudinários9 da ciência.

6

Hermenêutica contábil – provém do grego hermeneúe (designação de uma ciência, da interpretação de textos científicos). A hermenêutica contábil dá a interpretação correta do sentido das palavras, alcance que se pretende com a terminologia científica ou tecnológica grafada. O cerne da questão, que se enfatiza, tem na sua gênese conceptiva a parametrização da essência da sentença, ou de um ponto controvertido, ou o objeto da uma análise científica, que é o referentee suas categorias operacionais, onde se faz necessária a viripotente utilização da hermenêutica contábil e jurídica; em especial, destacamos uma correta opinião em laudos, pareceres, contratos, estatuto, doutrina e relatórios. A hermenêutica contábil revela-se como sendo uma referência metodológica, além do conhecimento mediano dos lidadores da ciência contábil, por fundamentar-se na filosofia, ou seja, na sabedoria científica que é capaz de tornar a contabilidade uma ciência social objetiva, guiada pelos rigorosos critérios que são próprios dos cientistas. E, neste foco, a hermenêutica contábil se firma modernamente. Como saber científico de um sistema normatizado por fatores consuetudinários idealizado pelos estudiosos da ciência do patrimônio, confere coerência e lógica à compreensão e operacionalização contábeis.

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Contudo, com uma interpretação exclusivamente literal, sem a semântica, pode-se obter uma radicalização, ou pode-seja, favorecer o surgimento de pessoas, posições ou atitudes que não são moderadas e equilibradas, logo sem a equidade e isonomia; portanto, corre-se o risco de uma interpretação igual aos dos que visam a combater pela raiz as anomalias sociais mediante a implantação de reparos absolutos e inflexíveis, inclusive alheios, e a mudança dos costumes e evolução do direito contábil, o que pode provocar antagonismos.

Cabe destacar, para fins de referências bibliográficas e direitos autorais, que este artigo, verte, in verbis de nossa obra: “Teoria pura da contabilidade” que se encontra em finalização com previsão de publicação para o início de 2010.

i Breve Currículo do Autor: Prof. Msc. Wilson Alberto Zappa Hoog – e-mail

wilson@zappahoog.com.br, www.zappahoog.com.br, Bacharel em Ciências Contábeis;

Membro ACIN - Associação Científica Internacional Neopatrimonialista; Mestre em Ciência Jurídica, Perito-Contador, Auditor, Consultor Empresarial, Palestrante, Especialista em Avaliação de Sociedades Empresárias; Sócio-fundador e administrador da Zappa Hoog e Cia SS; Escritor 15 livros publicados; e pesquisador de matéria contábil, professor- doutrinador de perícia contábil, direito contábil e de empresas em cursos de pós-graduação de várias instituições de ensino, mentor intelectual do Método Zappa de Avaliação da Carteira de Clientes e do Método Holístico de Avaliação do Fundo Empresarial, antigo fundo de comércio, e do Método de Amortização a Juros Simples - MAJS.

7

Lógica - é o conjunto de estudos tendentes a expressar em linguagem matemática as estruturas e operações do pensamento, deduzindo-as de número reduzido de axiomas, com a intenção de criar uma linguagem rigorosa, adequada ao pensamento científico contemporâneo tal como o concebe a ciência.

8

Semântica contábil – é o estudo das mudanças sofridas pelos verbetes contábeis, no tempo e no espaço, pela evolução dos estudos e acepção do alcance dos conceitos e das palavras ou linguagem técnica.

9

Fatores Consuetudinários – são os costumes que levarão em consideração os objetivos, os fins da informação; tem-se que observar a finalidade de um documento ou de norma descobrindo-se sua racionalidade, qual o seu conteúdo, qual a sua missão e a utilidade para os utentes. A intenção é que, quando o documento ou norma for omisso ou, quiçá, dúbio, o intérprete contador deva seguir os princípios universais da ciência. Pois o direito contabilístico costumeiro representa um complexo de normas não escritas originárias dos usos e costumes tradicionais da classe dos lidadores da ciência da contabilidade.

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