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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 38ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO ACÓRDÃO

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Registro: 2015.0000656894

ACÓRDÃO

Vistos,

relatados

e

discutidos

estes

autos

de

Apelação

0010064-85.2013.8.26.0011, da Comarca de São Paulo, em que é apelante V R G

LINHAS AEREAS S/A, são apelados ADRIANA ANDRADE MARTINS DECO e

LEANDRO AURELIO DECO.

ACORDAM, em 38ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de

São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V.

U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores SPENCER

ALMEIDA FERREIRA (Presidente), FERNANDO SASTRE REDONDO E

FLÁVIO CUNHA DA SILVA.

São Paulo, 2 de setembro de 2015.

Spencer Almeida Ferreira

RELATOR

Assinatura Eletrônica

(2)

VOTO Nº:

11535

APELAÇÃO:

0010064-85.2013.8.26.0011

COMARCA:

SÃO PAULO

APTE.:

V R G LINHAS AÉREAS S/A

APDO.:

ADRIANA ANDRADE MARTINS DECO E OUTRO

INTERDO.:

BANCO SANTANDER BRASIL S/A (banco santander banespa s/a)

INTERDO.:

DELTA AIR LINES INC

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO Danos morais Transporte aéreo Viagem internacional Aquisição de passagens aéreas internacionais por meio de milhagens junto ao programa Smiles Alegação, de parte dos autores, que receberam das corrés VRG e Delta a confirmação da compra das passagens aéreas por e-mail e que apenas no aeroporto de Nova Iorque descobriram que a compra das passagens não foi efetivada pela corré VRG ante a falta de pagamento da taxa de embarque, motivo pelo qual tiveram que arcar com os custos para retornar ao Brasil Corrés que não impugnaram a alegação de que os autores adquiriram as passagens pelo programa Smiles, limitando-se a atribuir uma à outra a responsabilidade pelo ocorrido Responsabilidade objetiva Verificação Artigo 14 do CDC Aplicabilidade E-mails que não alertaram para o fato de que os autores estariam realizando tão somente a reserva das passagens e que deveriam adotar outros procedimentos para efetivar a compra e emissão dos bilhetes aéreos Violação ao dever de informação Responsabilidade solidária das prestadoras de serviço Danos materiais, relativos à compra das passagens para retornarem ao Brasil, fixados em R$ 8.257,94 Danos morais fixados em R$ 5.000,00 por passageiro Valor condizente à reparação do dano experimentado Sentença de parcial procedência

CORREÇÃO MONETÁRIA Danos morais Enunciado 362 da Súmula do STJ Aplicabilidade Incidência a partir do arbitramento Modificação nesta parte.

JUROS DE MORA Responsabilidade contratual Artigo 405 do CC Contagem a partir da citação Sentença parcialmente reformada Recurso parcialmente provido.

1.- A sentença de fls. 255/259 (retificada a fls. 268/269), cujo

relatório é adotado, julgou improcedente o pedido com relação ao réu Santander,

condenando os autores ao pagamento de honorários advocatícios fixados em R$

1.000,00. Com relação a Delta Air Lines Inc. e VRG Linhas Aéreas S.A., julgou

parcialmente o pedido, para condenar a rés, solidariamente, a pagarem aos autores a

(3)

quantia de R$ 8.257,94, a título de danos materiais, acrescidos de juros de mora e

correção monetária a partir do evento danoso, bem como pagamento de R$ 5.000,00

a cada um dos autores, como indenização pelos danos morais sofridos, corrigido

monetariamente a partir do evento danoso. Condenou as rés ao pagamento de

despesas e honorários advocatícios fixados em 10% do valor da condenação.

Recorre VRG Linhas Aéreas S/A a fls. 272/282, alegando,

preliminarmente, ilegitimidade passiva, uma vez que os fatos dizem respeito ao

impedimento de embarque em voo da companhia Delta Air Lines Inc. Quanto ao

mérito, exara que não há nexo causal a ensejar a caracterização de sua

responsabilidade. Salienta que os autores não fizeram qualquer prova acerca de sua

conduta. Assevera que não houve danos morais passíveis de indenização, devendo

ser afastados. Requer, subsidiariamente, sua redução. Postula seja afastada a

indenização por danos materiais.

O recurso de apelação foi ratificado a fls. 288/291,

acrescentando que os juros de mora e a correção monetária devem incidir desde o

arbitramento dos danos morais (data da sentença).

Recurso tempestivo, preparado e respondido.

É o relatório.

2.- A sentença prolatada pelo juízo de primeiro grau avaliou

corretamente os elementos fáticos e jurídicos apresentados pelas partes, dando à

causa o justo deslinde que se impõe. In verbis:

Os autores afirmam que realizaram a compra de passagens aéreas pelo programa de milhagem Smiles e que receberam da co-ré VRG, por e-mail, a confirmação desta transação.

Também alegaram que após a efetivação da compra, esta mesma companhia encaminhou e-mail confirmando a data do vôo, todavia, alertando quanto à alterações no horário de embarque.

Acrescentaram que já no aeroporto JFK em Nova Iorque foram obrigados a pagar pelas passagens de volta para o Brasil, já que a co-ré Delta impediu o

embarque, alegando que a co-ré VRG apenas havia efetuado as reservas e não a compra das passagens aéreas do casal.

(...)

As empresas co-rés não impugnaram a alegação de que os autores adquiriram passagens aéreas pelo programa de pontos Smiles. Deste modo, tais fatos devem ser presumidos como verdadeiros.

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O mesmo se verifica quanto à alegação de que os autores não teriam arcado com a taxa de embarque no valor de R$ 5,00. Note-se que tanto a co-ré

VRG, bem como a Delta, de certo modo, não impugnam essa afirmação, resumindo-se a atribuir uma a outra a responsabilidade pelo ocorrido.

Observe-se que o caso em tela cuida de uma relação de consumo. E, diante desta hipótese, tanto as companhias Delta como a VRG integram a relação de consumo na condição de fornecedoras, já que possuem um acordo comercial.

Ademais, o programa Smiles permite a emissão de passagens pela empresa Delta, parceira comercial do programa e, portanto, não há que se falar em

desconhecimento dessa relação comercial.

Deste modo, por conhecerem e integrarem a relação de consumo, ambas as empresas respondem solidariamente pelos danos causados aos autores, já que fornecedoras.

Cabe notar que os e-mails juntados pelos autores não deixam claro a informação de que o procedimento efetuado pela internet resumia-se a uma mera reresumia-serva e que as passagens ainda não estavam compradas.

Ora, sabe-se que o fornecedor tem o dever de informar o consumidor de forma clara e evidente, cumprindo o disposto no art. 14 do Código do Consumidor, sob pena de responder objetivamente pelos prejuízos causados:

(...)

Saliente-se, inclusive, que os e-mails encaminhados pela co-ré VRG, em nenhum momento, alertam para o fato de que os autores estavam realizando tão somente a reserva das passagens e que deveriam adotar outros procedimentos para efetivar a compra e emissão dos bilhetes aéreos. Verifica-se, ademais, que o documento de f. 19 emitido pela co-ré Delta apresenta detalhes sobre o vôo, inclusive indicando aos autores data e horário de embarque e assentos a eles destinados, não havendo, igualmente, qualquer indicação de que se tratava de uma reserva.

Portanto, todos esses documentos levam a crer que as passagens foram efetivamente adquiridas pelos autores e, se assim não fosse, qual seria a razão da companhia VRG em encaminhar e-mail informando sobre alteração dos horários das reservas (f. 21)? Ora, se os bilhetes não tivessem sido realmente emitidos, certamente não haveria qualquer preocupação por parte desta companhia em informar eventuais alterações do vôo, já que, atualmente, ante a grande demanda de passageiros, as companhias aéreas

não costumam reservar passagens por um período muito anterior à data da viagem, como supostamente teria se verificado caso dos autores.

Daí, têm-se como abusivas e, consequentemente, ilícitas, as condutas das co-rés que terminaram por gerar danos materiais e morais aos autores.

Os danos materiais se resumem aos valores efetivamente pagos pelos autores na compra das passagens para retornarem ao Brasil,

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ou seja, o total de R$ 8.257,94, conforme comprovam os documento de f. 24/28.

Quanto ao dano moral, cabe ressaltar que é evidente que um casal que se encontre de férias pelos EUA e que, ao chegar ao aeroporto, é impedido de

embarcar pela falta de emissão dos bilhetes, se encontre em uma situação desesperadora. O fato de estarem em outro país e de ter que lidar com todas as dificuldades impostas pela língua sugere um abalo significativo.

Deste modo, ponderando os fatos relativos ao caso concreto, arbitra-se a quantia de R$ 5.000,00 para cada uma das partes, a título de danos morais.

Respeitado o entendimento exarado pelo juízo a quo, a

modificação do julgado se impõe apenas em relação em relação ao termo inicial de

contagem de correção monetária e juros de mora.

Em virtude da existência de relação jurídica entre as partes

não é possível reconhecimento de se tratar de responsabilidade extracontratual,

devendo-se aplicar o disposto no artigo 405 do Código Civil (Contam-se os juros de

mora desde a citação inicial) e no enunciado 362 da Súmula do STJ (O termo inicial

da correção monetária incidente sobre a indenização por danos morais é a data do

arbitramento).

Merece, portanto, a sentença ser parcialmente reformada, para

que os juros de mora incidam a partir da citação e a correção monetária atinente aos

danos morais conte a partir do arbitramento (sentença de 1º grau). Mantém-se o

julgado, quanto ao restante, tal como prolatado.

3.- Ante o exposto, dá-se parcial provimento ao recurso.

SPENCER ALMEIDA FERREIRA

Relator

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