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Idelvon da Silva Poubel Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória/ES

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Academic year: 2021

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Idelvon da Silva Poubel Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória/ES idelvonpoubel@yahoo.com.br Ramires Maurício Brilhante Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória/ES rmbrilhante@correio1.vitoria.es.gov.br Andressa Lemos Fernandes Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória/ES alfernandes@correio1.vitoria.es.gov.br Fernando Fiorotti Poltronieri Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória/ES fernandofiorotti@hotmail.com

A TERRITORIALIZAÇÃO DOS CENTROS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA – ES: CONTRIBUIÇÕES DA GEOGRAFIA NA

GESTÃO DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PRIMEIROS APONTAMENTOS

Os Centros de Educação Ambiental – CEAs foram criados em Vitória/Brasil em fins do decênio de 1990, como tentativa de implantar e implementar ações e políticas de Educação Ambiental visando estabelecer novas racionalidades (SANTOS, 2000) para o enfretamento à crescente degradação ambiental – com interface imbricada nos problemas sociais. Desde então, os CEAs têm se consolidado como lócus para a concretização da Educação Ambiental no município.

Cabe ressaltar que o contexto em que os CEAs são criados reflete toda tensão global-local relacionadas às questões ambientais que emergem em fins dos anos 1980 e evidenciam-se nos anos de 1990 quando da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92) ou Cúpula da Terra.

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Os CEAs enquanto espaçostempos responsáveis pelas ações e implementações das políticas de Educação Ambiental a partir dos lugares onde estão inseridos, possibilitam a capilarização da Educação Ambiental a partir de processos contínuos que integrem os diversos seguimentos da sociedade presentes nos territórios que compõem o entorno dos CEAs.

Ao delimitar as áreas de atuação dos Centros de Educação Ambiental, surgiu a necessidade de se compreender as intencionalidades que permearam estas áreas territoriais definidas. Assim sendo, ao tomar as reflexões tecidas por Andrade (1998, pág. 213), é preciso inferir que o entendimento de território, aqui apresentado,

[...] não deve ser confundido com o de espaço ou de lugar, estando muito ligado à idéia de domínio ou de gestão de uma determinada área. Assim, deve-se ligar sempre a idéia de território à idéia de poder, quer se faça referencia ao poder público, estatal, quer ao poder das grandes empresas que estendem os seus tentáculos por grandes áreas territoriais, ignorando as fronteiras políticas.

As contribuições do pensamento de Milton Santos acerca do território também balizam as análises aqui apresentadas:

“O território é o lugar em que desembocam todas as ações, todas as paixões, todos os poderes, todas as forças, todas as fraquezas, isto é, onde a história do homem [entenda-se sociedades humanas] plenamente se realiza a partir das manifestações da sua existência”. (SANTOS, 2007, pág. 13)

“O território não é apenas um conjunto dos sistemas naturais e de sistemas de coisas superpostas, o território tem que ser entendido como território usado, não o território em si. O território usado é o chão mais a identidade. A identidade é o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é o fundamento do trabalho; o lugar da residência, das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida”. (SANTOS, 2007, pág. 14)

Os atores sociais e os empreendimentos de caráter privado presentes no entorno dos CEAs são, geralmente, constituídos por múltiplos seguimentos que apresentam difusas interligações e que materializam intencionalidades no território. Logo, ao se pensar o território, a intenção é a de ampliar o campo de atuação dos CEAs levando-se em consideração as comunidades nele inseridas e os elementos que as compõem e que promovem a interação entre si e com o lugar.

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Todos esses pressupostos se baseiam no entendimento de uma Educação Ambiental que se presta enquanto instrumento de transformação social (CORTELLA, 2004) para a promoção da qualidade de vida pautada na coletividade, no protagonismo social, e na emancipação dos sujeitos (FREIRE, 1996). Uma Educação Ambiental que prevê ações articuladas, sem as quais não se pode garantir o avanço no tratamento das urgentes e emergentes questões socioambientais.

CENTROS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – CEAs NO TERRITÓRIO

Situados em parques municipais urbanos e naturais, os CEAs são equipamentos públicos entendidos como espaços educadores que possibilitam catalisar e capilarizar políticas e ações de Educação Ambiental.

Por ter uma área relativamente pequena 96,76 Km² (IBGE, 2012), sendo que dessa aproximadamente 40% constitui-se em área de proteção ambiental, e com uma população de cerca de 327.801 habitantes (IBGE, 2010), as reflexões sobre as dinâmicas de apropriação e ocupação do solo em Vitória exigem estudos e apontamentos que possam contribuir para equacionar as constantes problemáticas que emergem nos contextos social e ambiental cotidianamente.

A densidade demográfica em Vitória é alta 3.387,8 hab/km², esse fator, associado à pequena dimensão territorial, demanda esforços contínuos na implementação de políticas públicas que garantam o acesso e a inclusão da população aos bens e serviços sem comprometer o que ainda resta dos ambientes naturais e, ainda, promover a qualidade de vida nos ambientes urbanos.

As ações e os processos de Educação Ambiental promovidos de forma espraiada e ao mesmo tempo articuladas no município de Vitória são também atribuições da Secretaria de Meio Ambiente – SEMMAM, por meio da Gerência de Educação Ambiental – GEA1. Assim sendo, a dimensão territorial de abrangência dos CEAs foi traçada a partir

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Consideramos as ações e práticas realizadas pelos docentes nas salas de aula das escolas espalhadas pelo município, pois é também, por força da legislação federal Lei 9795/99, atribuição das secretarias de educação – municipal e estadual – a promoção/realização da Educação Ambiental.

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da definição das áreas de influências direta e indireta de cada um desses equipamentos, com a proposição de uma cartografia que levou em consideração as análises socioambientais dos territórios em que estão inseridos como forma de melhor potencializar as políticas públicas de Educação Ambiental.

O pensamento de Milton Santos (1998) foi muito importante nesse processo. A partir de suas considerações sobre território foi possível entender três sentidos diferentes e complementares: de demarcação de limites das áreas de atuação dos CEAs; de reconhecimento dos ambientes, das populações e dinâmicas sociais existente nessas áreas; e de estabelecimento de relações com outros equipamentos públicos como escolas, centros de referência (juventude, terceira idade, assistência social, entre outros), bem como instituições privadas e organizações não-governamentais.

Assim, para atender a população (327.801 hab., IBGE, 2010), atualmente o município de Vitória conta com 06 Centros de Educação Ambiental distribuídos em parques naturais e urbanos:

CENTROS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM PARQUES NATURAIS São 02 parques naturais:

 Centro de Educação Ambiental do Parque Estadual da Fonte Grande: Situado no Maciço Central de Vitória, o local onde está o CEA possui uma área de 218 hectares cercado de vegetação da Mata Atlântica, mirantes naturais, e relevo é acidentado, com o ponto mais alto do município atingindo o pico de 309 metros de altitude.

 Centro de Educação Ambiental do Parque Natural Municipal Gruta da Onça: O CEA está em num parque em meio a nascentes, riachos e uma vegetação típica da Mata Atlântica de encostas dentro do Centro de Vitória, em uma área de 68 hectares.

CENTROS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM PARQUES URBANOS São 04 parques urbanos:

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 Centro de Educação Ambiental do Parque Moscoso: Localizado no bairro Parque Moscoso, a abordagem do CEA tem como principal características os aspectos históricos.

  

 Centro de Educação Ambiental do Parque Barreiros: Localizado no bairro Barreiros, a área onde se encontra o CEA era uma antiga fazenda que ainda abriga uma nascente e árvores frutíferas.

  

 Centro de Educação Ambiental do Parque Mata da Praia: Localizado no bairro Mata da Praia, o CEA está situado em um dos poucos espaços de restinga do município. 

 

 Centro de Educação Ambiental do Parque Pedra da Cebola: herança de uma antiga área de exploração de rochas, o parque é um exemplo de área que pode ser recuperada visando a qualidade ambiental.

Ao todo são 06 CEAs em funcionamento, o que denota a relação de 54.633 habitantes/CEA. Quando analisados em escala nacional, esses dados apontam a cidade de Vitória como uma das capitais de estados brasileiros com os maiores quantitativos expressos na relação nº hab./CEA e número de CEAs/município. Existe, ainda, a expectativa, por parte da Gerência de Educação Ambiental, quanto ao funcionamento de mais 05 CEAs. Esse fator possibilita ampliar a potência de alcance das ações de Educação Ambiental no município – 29.800 habitantes/CEA.

Os contextos socioambientais vinculados ao cotidiano das populações onde os CEAs estão inseridos são objetos das discussões junto às comunidades, envolvendo equipamentos públicos e privados, e abarcam temáticas como resíduos sólidos, água, ambientes naturais (restinga, manguezal, mata atlântica, praias, etc.), consumo e geração de renda, uso e ocupação do solo, etc.

Como frutos dessas interrelações são constituídos projetos, parcerias e ações que promovam a qualidade de vida, o respeito aos ambientes naturais, o protagonismo cidadão e a inclusão dos munícipes na execução das políticas públicas.

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Vitória é um município que tem 100% da sua população residindo em área urbana, logo, a pressão sobre as áreas de interesse ambiental é exercida das mais variadas formas e intensidades, o que requer grande esforço do poder público e da comunidade em geral para sua preservação. Daí a necessidade de se pensar o município como um todo levando-se em consideração as peculiaridades existentes nos territórios onde os CEAs estão inseridos. Como exemplo de metodologia de trabalho dos CEAs, a utilização de trilhas interpretativas em ambiente de mata atlântica presentes nos Parques Gruta da Onça e Fonte Grande tem contribuído sobremaneira para a preservação do que ainda resta desse bioma.

REFERÊNCIAS:

ANDRADE, Manuel Correia de. Territorialidades, desterritorialidades, novas territorialidades: Os limites do poder nacional e do poder local, In: SANTOS, Milton; SOUZA, Maria A. de; SILVEIRA, Maria Laura (Orgs.). Território, Globalização e

Fragmentação. 4 ed. São Paulo: HUCITEC, 1998. págs. 213-220.

CORTELLA, Mario Sérgio. Educação como instrumento de mudança social. In: VARGAS, Heliana Comin; RIBEIRO, Helena (Orgs.). Novos instrumentos de gestão

ambiental urbana. São Paulo: Edusp, 2004.

Dados Censo IBGE 2010. Disponíveis em

http://legado.vitoria.es.gov.br/regionais/Censo_2010/Tab1_sinopse_pop.asp

Dados IBGE – 2012. Disponíveis em http://legado.vitoria.es.gov.br

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

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SANTOS, Milton. O dinheiro e o território, In: SANTOS, Milton et. al. Territórios,

territórios: Ensaios sobre o ordenamento territorial. 3 ed. Rio de Janeiro: Lamparina,

2007. págs. 13-21.

______. Por uma outra globalização - do pensamento único à consciência universal. São Paulo: Editora Record, 2000.

______. O retorno do território, In: SANTOS, Milton; SOUZA, Maria A. de; SILVEIRA, Maria Laura (Orgs.). Território, Globalização e Fragmentação. 4 ed. São Paulo: HUCITEC, 1998. págs. 15-20.

SANTOS, Milton; SOUZA, Maria A. de; SILVEIRA, Maria Laura (Orgs.). Território,

Globalização e Fragmentação. 4 ed. São Paulo: HUCITEC, 1998.

SANTOS, Milton et. al. Territórios, territórios: Ensaios sobre o ordenamento territorial. 3 ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.

POUBEL, Idelvon da Silva; PAULO, Marcio da Conceição. Projeto Político

Pedagógico do Centro de Educação Ambiental – CEA Parque Natural Municipal Gruta da Onça – PNMGO. Núcleo de Informação e Geoprocessamento da Secretaria

Referências

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