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Relatório. Cuida-se de recurso interposto pelo Ministério Público do Estado do Paraná em face da decisão proferida nos autos em que fora decretada

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Academic year: 2021

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 722.190-7. ORIGEM: 10ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA – PR.

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ.

AGRAVADOS: TRANSPARANÁ S/A E OUTROS. INTERESSADO: LEÔNIDAS GIL BENETELO DE ALMEIDA – SÍNDICO DA MASSA FALIDA. RELATOR: DES. CARLOS MANSUR ARIDA

EMENTA:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DO

MINISTÉRIO PÚBLICO. HONORÁRIOS

FIXADOS EM FAVOR DO ADMINISTRADOR JUDICIAL DA MASSA FALIDA. VALOR CONDIZENTE COM O TRABALHO QUE SERÁ DESENVOLVIDO PELO ADMINISTRADOR NOMEADO. GRUPO DE EMPRESAS QUE PEDIU AUTO FALÊNCIA. OBSERVÂNCIA AO LIMITE ESTABELECIDO POR LEI. RECURSO DESPROVIDO.

Relatório

Cuida-se de recurso interposto pelo Ministério Público do Estado do Paraná em face da decisão proferida nos autos em que fora decretada

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a falência das empresas Transparaná S/A, Dimaro Tratores S/A, Dimaro Oeste S/A e Siderúrgica Ribas do Rio Pardo S/A, tendo sido nomeado como administrador judicial o Sr. Leônidas Gil Benetelo de Almeida, a qual homologou a proposta de remuneração apresentada por este no valor de R$120.000,00 (em parcelas mensais de R$5.000,00).

Aduz o recorrente, em síntese, que: (i) a legitimidade do MP para recorrer decorre do art. 499, §2º do CPC, por ser este fiscal da Lei; (ii) o valor arbitrado a título de remuneração contraria expressa disposição legal; (iii) o valor máximo a ser arbitrado é de 5% do valor de venda dos bens da falência, conforme dispõe o art. 24, §1º da Lei 11.101/2005; (iv) as 4 empresas declaram na autofalência que o valor total de seu ativo imobilizado é estimado em aproximadamente R$360.000,00, de modo que o valor da remuneração corresponde a 1/3 do valor total dos ativos da massa falida; (v) ainda que se considere os créditos judiciais da massa, o valor da remuneração corresponde a 10% destes; (vi) o STJ já consolidou o entendimento de que a remuneração do síndico não pode ultrapassar o limite legal; (vii) por mais relevante e complexo que seja o trabalho do administrador, o valor de sua remuneração não pode ultrapassar o teto legal de 5% do valor dos bens da falida, o que revela a desproporcionalidade da remuneração arbitrada. Pugnou pela concessão de efeito suspensivo e pelo provimento final do recurso.

O pedido de efeito suspensivo foi indeferido pela decisão de fls. 53.

O administrador judicial respondeu o recurso às fls. 59/60, aduzindo, em síntese, que a decisão agravada é acertada e levou em conta a

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situação concreta dos autos. Afirma que a proposta de honorários considerou a relevância e complexidade dos trabalhos, o acompanhamento direto e freqüente dos expedientes das empresas; horas que serão consumidas na execução dos trabalhos; elaboração de prestação de contas; qualificação técnica do profissional e sua equipe; despesas com material de expediente e demais custos operacionais. Afirma, ainda, que o valor se justifica pelo volume de trabalho a ser desempenhado, bem como pela quantidade de empresas que compõe a falência. Aduz que cabe a mitigação do disposto no art. 24, §1º da Lei 11.101/2005 e que valor menor implicaria em prejuízos operacionais ao administrador. Sustenta que além do patrimônio da empresa, o agravado cuidará de créditos e débitos alusivos a 242 processos judiciais. Pugna pela manutenção da decisão.

A massa falida, mesmo após intimada, não respondeu o recurso.

Remetidos os autos à D. Procuradoria Geral de Justiça, esta se pronunciou pelo provimento do recurso, conforme parecer de fls. 80/82.

É o relatório.

Voto e fundamentos

1. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.

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2. Segundo a lei, é dever e obrigação do administrador judicial conduzir o processo obedecendo aos prazos previstos e administrando a massa no sentido da satisfação total ou parcial dos credores.

O art. 22 da Lei 11.101/2005 explicita a gama de deveres do administrador, entre os quais, a arrecadação dos bens, a consolidação do passivo, a representação da massa em todos os processos e a adequada apresentação dos relatórios, bem como do quadro geral dos credores que irá refletir a situação dos vários créditos que serão admitidos ou não no processo.

No caso específico dos autos, o experiente juiz “a quo” para fixar os honorários ora combatidos, pode antever o elevado trabalho a ser prestado pelo administrador não só a uma, mas a outras tantas empresas do grupo, conforme bem especificado na resposta ao recurso.

Veja-se, o caso concreto é singular, pois não se trata apenas da administração de uma empresa falida, mas de um grupo de 4 empresas, todas falidas.

Não é só. Pelo rol apresentado na resposta ao recurso, é possível ter uma ideia da quantidade de trabalho a ser despendido na condução das incontáveis ações trabalhistas e fiscais, as quais demandam dedicação atenciosa, cuidando o administrador de cada uma para não permitir a cobrança de valores indevidos, que possam acarretar redução substancial (ou a quase nada) do patrimônio dos falidos.

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É fato notório que estas espécies de demanda impõem a máxima cautela do administrador, colacionando documentos, arrolando testemunhas, etc, exigindo muito zelo.

Neste sentido, vale citar os comentários de Fábio Ulhoa Coelho sobre a correta remuneração do administrador (in Comentários à nova Lei de Falências e de Recuperação de Empresas, p.68):

“A remuneração deve refletir, na falência, a ponderação de quatro fatores. O primeiro é pertinente á diligência demonstrada pelo administrador judicial e pela qualidade do trabalho devotado ao processo (o mais diligente e competente merece proporcionalmente mais). O segundo atenta á importância da massa, isto é, o valor do passivo envolvido, inclusive quantidade de credores (o administrador judicial de uma falência com passivo elevado, distribuído entre poucos credores, merece proporcionalmente menos que o de uma outra com passivo mais baixo, com muitos credores). O terceiro diz respeito aos valores praticados no mercado para trabalho equivalente. O derradeiro fator ponderável pelo juiz é o limite máximo da lei, fixado em percentual de 5% sobre o valor de venda dos bens.”

Ainda, entendo que não há afronta ao dispositivo de lei apontado pelo ora agravante, em especial ao percentual de 5 % de que trata o art. 24, §º 1º (Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco

por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência.)

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Diferente do que afirma o Ministério Público agravante, não há que se considerar apenas o ativo imobilizado das empresas, mas sim, “o valor da venda dos bens”. E, conforme consta no quadro de ativos e passivos da petição inicial de autofalência, as sociedades hoje têm um ativo juntas, declarado, de R$1.691.086,07. Ou seja, o valor da venda destes bens, em especial do ativo imobilizado, por certo ultrapassará em muito o valor aqui apontado.

Assim, o valor mensurado pelo administrador e deferido pelo juiz é condizente e apto a remunerar o administrador, sem qualquer prejuízo a quem quer que seja.

Para se chegar a esta conclusão, basta fazer-se um cálculo do número de ações a serem administradas, do número de credores envolvidos bem como dos valores reais do ativo submetido a juízo, não dos declarados, mas do que valem na realidade.

Por tais fundamentos, voto no sentido de negar provimento ao recurso, mantendo a decisão agravada por seus termos.

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Decisão

ACORDAM os Desembargadores integrantes da

Décima Oitava Câmara Cível do Eg. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por

unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.

A sessão foi presidida pelo Des. Roberto de Vicente que compôs o quórum de julgamento, acompanhado do Des. José Sebastião Fagundes Cunha.

Curitiba, 30 de março de 2011.

DES. CARLOS MANSUR ARIDA

Referências

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