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A importância do ensino de Libras para os discentes do bacharelado em Biblioteconomia: uma reflexão necessária

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A importância do ensino de Libras para os discentes

do bacharelado em Biblioteconomia: uma reflexão

necessária.

GTI – Educação, Política e Sociedade Artigo Completo Para Comunicação Oral

GERMANO JÚNIOR, Manoel Messias Soares1

SANTOS, Thaiana Barros dos2 SOUZA, Claudia Barbosa dos Santos de3

RESUMO

Pesquisa que objetivou relatar a importância da obrigatoriedade da disciplina Libras para estudantes do bacharelado em Biblioteconomia, como forma de aquisição de competências que visam ao atendimento aos usuários surdos. Relata através de revisão de literatura na área de Pedagogia, além de código de ética do CFB e IFLA, que tal disciplina é fator inclusivo e comunicacional para aqueles que deles utilizam. Reafirma o caráter social da biblioteconomia que tem como objetivo o acesso aos bens culturais e a promoção da cidadania àqueles que em muitos momentos são invisíveis socialmente. Mapeia e demonstra as universidades que dispõe de tal disciplina nos cursos de graduação. Propõe da necessidade urgente de inserção desta disciplina como obrigatória. Destaca a atuação do bibliotecário como agente de transformação social.

Palavras-chave: Biblioteconomia. Biblioteconomia Social. Cidadania. Inclusão. Libras

1 Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e discente da licenciatura em Pedagogia

pela Faculdade de Tecnologia do Nordeste (FATENE). Email: manoelmessiasufc@gmail.com

2 Discente do bacharelado em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Email:

thaianabarrosds@gmail.com

3 Bacharela em Arquivologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Pedagogia

Empresarial (UCAM), MBA Gestão Empresarial e Sistemas de Informação (UFF) e graduanda do Bacharelado em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). E-mail: claudia.bs.souza@gmail.com

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The importance of the teaching of LIBRAS to the students of the

bachelor in Librarianship: a necessary reflection

ABSTRACT

This research aimed to report the importance of the compulsory Libras for students of the baccalaureate in Librarianship, as a way of acquiring skills that aim at attending deaf user. It reports through literature review in the area of Pedagogy, in addition to the code of ethics of the CFB and IFLA, that such discipline is an inclusive and communicational factor for those who use them. It reaffirms the social character of librarianship which has as its objective the access to cultural goods and the promotion of citizenship those who are at times invisible socially. Map and demonstrate the universities that have such discipline in undergraduate courses. It proposes the urgent need to insert this discipline as compulsory. It emphasizes the action of the librarian as agent of social transformation.

Keywords: Librarianship. Pounds. Social Librarianship. Citizenship. Inclusion. Libras 1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo dissertar sobre a importância da obrigatoriedade do ensino de Libras nos cursos de bacharelado em Biblioteconomia no Brasil e suas particularidades em relação a atuação do bibliotecário nas unidades informacionais, e em especial nas bibliotecas escolares e universitárias.

É importante superar as práticas segregacionistas e realizar ações eficientes frente ao usuário surdo, e para que essas mudanças aconteçam adaptações curriculares são necessárias, que devem ser realizadas para que haja uma qualificação dos futuros bibliotecários para as diferentes necessidades que possam surgir no processo de mediação informacional.

Para Durozoi e Roussel (1993, p.319) a mediação, num sentido mais comum, é “a ação de servir como intermediário entre dois termos, dois seres ou dois objetos”. O bibliotecário é o intermediário entre objeto (informação) e ser (usuário).

Mas para que a mediação feita pelo bibliotecário ocorra de forma eficiente, é importante que ele saiba se comunicar com o usuário de forma mais plena possível. Assim, para uma análise direcionada à importância da comunicação e consequentemente da mediação tomaremos como referência as proposições de Vygotsky (1993) que ponta que a comunicação tem um lugar central como mediadora das interações dos sujeitos. E no caso dos usuários

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surdos, o bibliotecário com conhecimento em LIBRAS poderá se comunicar com os mesmos de maneira mais eficaz.

Mediante as inferências iniciais, no decorrer do artigo será efetuada uma pequena análise histórica sobre a inclusão social no mundo e sobre o surgimento e implementação do ensino de Libras no Brasil. Também será efetuada uma análise de fundo ético tendo como base os códigos de ética do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) e IFLA sobre a importância da inclusão social e análise curricular dos cursos de Biblioteconomia na modalidade bacharelado em nosso país.

2 METODOLOGIA

Para a classificação da pesquisa, toma-se como base a taxionomia apresentada por Vergara (2010), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios.

Quanto aos fins: trata-se de uma investigação explicativa e descritiva. Explicativa por ter como principal objetivo tornar algo inteligível justificar-lhes os motivos. Visa esclarecer quais os fatores contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno. Descritiva, por expor características de determinada população ou de um determinado fenômeno. (VERGARA, 2010, p.42)

Quanto aos meios: trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental. Bibliográfica, tambémconhecida como pesquisa teórico-conceitual, que é desenvolvida a partir de materiais bibliográficos para fundamentar as nossas reflexões acerca do tema abordado, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos como livros, artigos, teses etc. (PEREIRA, 2007;SEVERINO, 2007; VERGARA,2010).

E documental, de acordo com Severino (2007), pois tivemos como corpus documental para análise o Código de Ética do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) e o Código de Ética da IFLA para bibliotecários e outros profissionais da informação como também dos currículos dos cursos de Biblioteconomia na modalidade bacharelado.

3 INCLUSÃO SOCIAL

Na atualidade, a inclusão social vem ganhando espaço na sociedade e nas discussões acadêmicas, nas quais sua aplicabilidade está sendo inserida em diversas áreas do saber. Sua

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aplicação se dá nos âmbitos político, educacional, da saúde e do lazer. Esse termo surgiu para poder minimizar as desigualdades sociais, de forma que crie possibilidades de incluir pessoas que sofrem algum preconceito no desenvolvimento coletivo.

Sassaki (1999 apud MAGALHÃES, 2007, p. 69) argumenta que

A inclusão social é um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, [...] simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. [...] Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir do entendimento de que ela é que precisa ser capaz de atender às necessidades de seus membros. [...].

A inclusão social orienta a elaboração de políticas e leis para criar programas e serviços voltados ao público que apresenta algum tipo de deficiência. Este parâmetro consiste em desenvolver mecanismos que adaptem as pessoas com deficiências aos sistemas sociais comuns ou para aqueles que possuam alguma incapacidade mais específica; são criados sistemas especiais para que possam participar ou mesmo tentar acompanhar a rotina dos que não possuem alguma deficiência.

Assim, a sociedade deve modificar em suas estruturas e serviços oferecidos, e cada vez mais abrir espaços conforme as necessidades de adaptação específicas para cada pessoa com deficiência, para que as mesmas sejam capazes de interagir no mundo social. Contudo, este parâmetro não promove nem a discriminação e nem a segregação na sociedade. A pessoa com deficiência passa a ser vista pelo seu potencial, suas habilidades e suas aptidões.

4 HISTÓRICO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRA)

A sigla LIBRAS significa Língua Brasileira de Sinais e é utilizada por surdos para a comunicação entre eles, e também para as pessoas interessadas em adquirir esse conhecimento. Podemos chamá-la também de “Linguagem do Silêncio”, de modo que facilite a vida das pessoas portadoras de deficiência auditiva para a sua relação com o mundo que as rodeiam, deste modo, promovendo uma comunicação muito mais acessível para essas pessoas. Ela é constituída pelo canal gestual-visual, não se originando da língua portuguesa, mas sim da Língua de Sinais Francesa, cuja origem se deu na sistematização realizada por religiosos franceses, entre eles, o professor francês Ernest Huet, que era surdo.

No Brasil, foi apresentada por Dom Pedro II, que trouxe consigo o alfabeto manual e alguns sinais. De acordo com Ramos (2012, p.6), Dom Pedro II se interessou pela língua de sinais, pois sua filha, a princesa Isabel, era mãe de um filho surdo e era casada com o conde

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___________________________________________________ D`Eu que era parcialmente surdo.

Em 1857 foi criada no Brasil, através da Lei nº 839, de 26 de setembro de 1857, a primeira escola para surdos no Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Surdos, e que atualmente é o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), voltado à educação literária e ensino profissionalizante de meninos.

Essa língua é derivada tanto da língua de sinais nativa quanto da língua gestual francesa, apresentando semelhanças com outras línguas de origens europeias e americanas. Contudo, é preciso salientar que a LIBRAS não é apenas gestos que traduzem a língua portuguesa, mas é uma língua à parte que possui níveis linguísticos como fonologia, morfologia, sintaxe e semânticos bem definidos. A diferença está na sua modalidade de articulação na qual se faz necessário que se conheça tanto a sua gramática para combinar as frases para estabelecer uma comunicação com o outro, quanto conhecer os sinais. (Ramos, 2012, p.5)

A Lei nº 10.436/2002 regulamenta a inserção da disciplina de Libras na matriz curricular como disciplina obrigatória na formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior. Ela foi regulamentada em 22 de dezembro de 2005, pelo Decreto de nº. 5.626/2005. Nesse decreto também é estabelecida, como facultativa, a inclusão da disciplina nos bacharelados. Demonstra a sua importância e necessidade dentro da educação, também para a inclusão social de estudantes e para a sociedade como um todo.

Nos cursos de Biblioteconomia, apenas a modalidade licenciatura, ofertada somente na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), tem essa disciplina como obrigatória em sua matriz curricular, enquanto que nos cursos na modalidade bacharelado (em diversas universidades brasileiras), a disciplina é ofertada, como optativa ou eletiva, ou seja, não tem o caráter obrigatório.

Entretanto, observamos uma dicotomia na elaboração da legislação, pois apesar de que a modalidade bacharelado do curso habilitar os formados para se registrarem e atuarem como bibliotecários, uma boa fatia desses profissionais atua em ambientes educacionais, como bibliotecas escolares e universitárias. Dessa forma, além de profissionais da informação, são também profissionais da educação como os licenciados.

5 A INCLUSÃO DA DISCIPLINA DE LIBRAS NO CURRÍCULO DOS CURSOS DE BIBLIOTECONOMIA NA MODALIDADE BACHARELADO

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O currículo ou grade curricular apresenta uma lista de disciplinas que são fundamentais para a formação do futuro profissional, e a sua criação se dá sob o ponto de vista dos formadores ou docentes. De acordo com Vasconcellos (2009 apud MACHADO, 2012, p. 27) currículo significa carreira, curso, percurso, lugar onde se corre ou campo.

A necessidade de “humanizar” o profissional, expandindo seus estudos baseados no papel que a informação exerce na sociedade, o que ela significa e a sua interferência na vida das pessoas, significa intensificar esses estudos, uma vez que tal profissão atua em prol das necessidades tanto informacionais como sociais.

Contudo, com as mudanças político-sociais e culturais na atual sociedade da informação, propiciar adequações dentro dos currículos como o intuito de atender as demandas, de modo que o estudante de Biblioteconomia esteja ciente dessas transformações sociais, políticas e culturais, se faz necessário cada vez mais. Uma mudança curricular deve ocorrer de modo conjunto, ou seja, dialogar com os docentes do curso, alunos e entidades de classe.

Nessa perspectiva, a disciplina de Libras deve ser inserida de modo obrigatório nos cursos de Biblioteconomia tendo em vista que a inclusão social e a participação do surdo na atual sociedade da informação se fazem presentes, o que implica no direcionamento social do bibliotecário para a inserção do sujeito surdo na biblioteca e nos produtos e serviços nela ofertados, para que este possa exercer a sua cidadania, participando de maneira ativa no meio social.

Também não se pode esquecer que a disciplina proporciona ao estudante de Biblioteconomia a compreensão das dificuldades encontradas pelo surdo e os preconceitos por ele vividos, fazendo com que o estudante pense e repense o papel que o bibliotecário tem enquanto profissional e como cidadão.

Sendo assim, a obrigatoriedade dessa disciplina deve se fazer presente, assim como já acontece nos cursos de licenciatura, nos quais a mesma é vista como uma forma de contribuir para o aprendizado e inclusão do estudante no contexto social, quebrando as barreiras educacionais, sociais e culturais.

Não se deve esquecer do papel humanístico que a profissão de bibliotecário desempenha e que, ainda na graduação, é ensinado que são prestadores de serviços para os usuários, ou seja, devem se moldar em relação às necessidades informacionais e comunicacionais dos usuários. Por isso, a necessidade de compreender a língua de sinais, tanto

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para comunicação e diálogo com o surdo, entender a sua cultura e o mundo do mesmo, e, assim, criar ferramentas e serviços que atendam a este público.

6 ANÁLISE CURRICULAR DOS CURSOS DE BIBLIOTECONOMIA NA MODALIDADE BACHARELADO

Foi feita uma análise documental das matrizes curriculares como forma de reforçar as inferências acerca dessa discussão, foi realizada buscas nas grades curriculares dos cursos de Biblioteconomia existentes no Brasil. Dos 34 cursos existentes, verificou-se que em 14 cursos a disciplina de Libras está presente na matriz curricular. Foi ainda constatado que em 12 cursos era ofertada como disciplina optativa e nas outras 2 era ofertada como disciplina eletiva4 .

Quadro 1 – Universidades que oferecem a disciplina de LIBRAS na matriz curricular

ESTADO UNIVERSIDADE MODALIDADE DA

DISCIPLINA

Rondônia Fundação Universidade

Federal de Rondônia (UNIR)

OPTATIVA

Bahia Universidade Federal da

Bahia (UFBA)

OPTATIVA

Ceará Universidade Federal do

Ceará (UFC)

Universidade Federal do Cariri (UFCA)

OPTATIVA

OPTATIVA

Pernambuco Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

ELETIVA

Sergipe Universidade Federal de

Sergipe (UFS)

OPTATIVA

4 Disciplinas eletivas são disciplinas que podem ser cursadas à livre escolha do aluno e que não estão previstas

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___________________________________________________ Mato Grosso Universidade Federal de

Mato Grosso (UFMT)

OPTATIVA

Minas Gerais Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Centro Universitário de Formiga (UNIFOR/MG)

OPTATIVA

OPTATIVA

Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense (UFF)

OPTATIVA

São Paulo Centro Universitário

Assunção (UNIFAI)

OPTATIVA

Paraná Universidade Estadual de

Londrina (UEL)

OPTATVA

Rio Grande do Sul Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

OPTATIVA

ELETIVA

Fonte: Dados da pesquisa.

Nota-se que a adesão da disciplina de Libras é relativamente baixa em comparação ao número total de cursos que há no Brasil, o que reforça o argumento de que estamos cada vez mais tecnicistas e não priorizando o cerne da profissão e o produto final das atividades do bibliotecário, que é o usuário. Como tal, deve-se ter em mente o papel humano e social que tem para a sociedade e que para ela servimos. As práticas bibliotecárias são necessárias em consonância com a criticidade e questionamentos acerca de como disponibilizar a informação de modo que o usuário compreenda e consiga encontrar a informação que supra a sua necessidade informacional.

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7 A RELAÇÃO ENTRE A ÉTICA BIBLIOTECÁRIA E O USO DE LIBRAS NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO

Segundo o Artigo 3º no item “a” da Resolução CFB N.º 42 de 11 de janeiro de 2002 dispõe sobre Código de Ética do Conselho Federal de Biblioteconomia também conhecido como “Juramento do Bibliotecário” é o dever dos bibliotecários preservar a dignidade da pessoa humana.

Art. 3º – Cumpre ao profissional de Biblioteconomia:

a) preservar o cunho liberal e humanista de sua profissão, fundamentado na liberdade da investigação científica e na dignidade da pessoa humana; (CFB, 2002)

O acesso à informação sem barreiras é um direito que faz parte da dignidade humana. Os surdos não podem ter o acesso à informação negada dentro da biblioteca. Afirma o Código de Ética do Bibliotecário e de Outros Profissionais da Informação da IFLA que a missão dos bibliotecários é garantir o acesso à informação livre de todo tipo de discriminação e incentivar a inclusão social (IFLA, 2012, p.3).

Para promover a inclusão e erradicar a discriminação, os bibliotecários e outros profissionais da informação asseguram que o direito de acesso à informação não pode ser negado e que serviços equitativos são fornecidos para qualquer pessoa de qualquer idade, nacionalidade, crença política, condição física ou mental, gênero, descendência, educação, renda, condição imigratória ou de asilo, situação matrimonial, origem, raça, religião e orientação sexual.

É um dever ético dos bibliotecários promover a inclusão dos usuários com necessidades especiais nas unidades de informação em que atuam. No caso dos usuários surdos é essencial que o profissional entenda a linguagem de sinais.

A responsabilidade de facilitar e ampliar o acesso e uso da informação também deve está em mente no papel que a profissão de bibliotecário tem por exercer, refletindo acerca das possibilidades de melhoria social, pois, um sujeito informado poderá atuar de modo proativo, identificando e reivindicando os seus direitos. O sujeito informado exercerá com maestria a cidadania, que conforme Targino (1991) é “[...] um status concedido àqueles que são elementos integrais de uma comunidade”. Logo, a cidadania se aproxima e se relaciona com o conceito de igualdade, uma vez que todos os que possuem esse status são iguais. (TARGINO, 1991).0

O profissional da informação, além de permitir a inclusão social dos sujeitos surdos, também deve atuar na inclusão digital dos mesmos, permitindo o seu acesso às novas tecnologias, como também favorecendo o desenvolvimento das habilidades e competências

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___________________________________________________ associadas na utilização dessas.

Os cursos de Biblioteconomia deveriam inserir nos seus currículos a disciplina de Libras, pois além de uma vitória da comunidade surda que por anos batalhou por essa conquista, deve-se pensar que o futuro bibliotecário se deparará com situações em que pode atender um usuário surdo e não saber como agir. Se faz necessário que esse percalço seja discutido dentro dos cursos, como modo de estimular o pensamento crítico e social do discente em Biblioteconomia e proporcionar para os mesmos conhecimentos elementares acerca da língua de sinais.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Bacharelado em Biblioteconomia tem como objetivo principal formar profissionais aptos a atuar como agentes em processos sociais, culturais, educacionais, e da democratização da informação, sendo capazes de contribuir para o progresso de pesquisas em ciência e tecnologia para o desenvolvimento social e econômico no país, além de dar suporte informacional a empresas e organizações.

Como visto, o caráter social da Biblioteconomia está voltado a promover o acesso à informação, ao livro e à leitura, independente do seu suporte e a todos o quanto necessitarem. Desta forma, a biblioteca transcende o caráter de depósito de publicações e passa ser o meio de comunicação da informação ao usuário, ao cidadão. O foco passa ser o usuário e não mais o acervo. É pelo usuário e para o usuário a preocupação na forma de promover o acesso à informação, à leitura e a cidadania. Ranganthan, ao formular as cinco leis da Biblioteconomia já preconizava a preocupação em atender ao usuário quando enfatiza que cada leitor tem o seu livro, e cada livro terá o seu leitor, além de poupar o tempo do leitor.

Acessibilidade aos bens e patrimônios culturais é direito de todos, independentemente da sua limitação física, psíquica ou motora; no entanto, a graduação – na modalidade bacharelado – ainda não “prepara” o futuro bibliotecário para tal realidade. A disciplina de Libras – é obrigatória somente para discente de licenciatura, atendendo o caráter normativo na formação dos profissionais da educação, contudo, é um equívoco o estudante do bacharelado em Biblioteconomia não ter em sua grade – como obrigatória – tal disciplina.

É importante salientar que bibliotecários têm a responsabilidade de promover o acesso à informação, seja ela qual for, a quem é de direito. Por isso, se faz importante a disponibilização

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de disciplinas de caráter inclusivo, como a LIBRAS, para todos os estudantes de Biblioteconomia (bacharelado) sejam sensibilizados a buscar essa nova competência. Buscar entender a realidade da pessoa que possui surdez (em qualquer grau) é um desafio constante, para o surdo, para os familiares, amigos e sociedade.

REFERÊNCIAS

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de 2002. Dispõe sobre Código de Ética do Conselho Federal de Biblioteconomia. Disponível

em: <http://www.cfb.org.br/UserFiles/File/Resolucao/Resolucao_042-02.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2018.

DUROZOI, G.; ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. 5. ed. Campinas: Papirus, 1993. IFLA. CÓDIGO DE ÉTICA DA IFLA PARA BIBLIOTECÁRIOS E OUTROS

PROFISSIONAIS DA INFORMAÇÃO. Disponível em:

<https://www.ifla.org/files/assets/faife/codesofethics/portuguesecodeofethicsfull.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2018.

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MACHADO, Maria Elizete Barbosa. Análise curricular dos cursos de graduação em

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MAGALHÃES, Abigail Guedes. Desafios de uma educação inclusiva: utopia ou realidade.

Instrumento: revista de estudo e pesquisa em educação, Juiz de Fora, v. 9, p. 61-70, jan./dez.

2007. Disponível em:

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PEREIRA, J. M. Manual de metodologia da pesquisa científica. São Paulo:Atlas, 2007. RAMOS, C. R. LIBRAS: a língua de sinais dos surdos brasileiros. Disponível em: <http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/artigo2.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2018.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. In:______. Teoria prática

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TARGINO, M. G. A. Biblioteconomia, informação e cidadania. Revista da Escola de

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Acesso em: 09 abr. 2018.

UFBA. Lista de Disciplinas Optativas - Biblioteconomia e Documentação. Disponível em: <https://alunoweb.ufba.br/SiacWWW/ConsultarDisciplinasOptativasPublico.do;jsessionid=4 D9C6588F1CBC529469E6E800A091733>. Acesso em: 09 abr. 2018.

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UFPE. Relatório Perfil Curricular. Disponível em:

<https://www.ufpe.br/proacad/images/cursos_ufpe/biblioteconomia_perfil_0406.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2018.

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VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2010

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