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Estado da Paraíba Poder Judiciário Tribunal de Justiça

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Academic year: 2021

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Estado da Paraíba Poder Judiciário Tribunal de Justiça

DECISÃO

APELAÇÃO CÍVEL N° 200.2001.026206-7/001 — CAPITAL

RELATOR: Miguel de Britto Lyra filho, Juiz de Direito Convocado, APELANTE: Maria Betânia de Oliveira Melo.

ADVOGADO: Vatter de Melo.

APELADO: Unibanco — União de Bancos Brasileiros S/A.

ADVOGADO: Luiz Fernando Visconti, André Costa Fernandes de 0i5veira e outros.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. CARTÃO DE CRÉDITO. ADMINISTRADORA QUE INTEGRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. ENTENDIMENTO PACÍFICO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. JUROS ACIMA DO LIMITE DE 12% (DOZE POR CENTO) AO ANO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA 283 DO STJ E DA SÚMULA VINCULANTE NT° 7 DO STF. DESPROVIMENTO DO RECURSO.

- As administradoras de cartão de 'crédito são enquadradas na definição legal de instituição financeira, integrando, em razão disso, o Sistema Financeiro Nacional. Logo, não há que se falar, a princípio, em limitação de juros, por não ser aplicável a Lei de Usura.

- "A norma do §3° do . artigo : 192 da. Constituição, revogada pela Emenda Constitucional N° 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a'12% ao ano, tinha sua aplicação :condicionada à .edição de lei complementar"

(Súmula Vinçulante Te 7 do STF).

.- Não se aplica a limitação de juros de 12% ao ano prevista na Lei de Usura aos contratás de cartão de crédito.•

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VISTOS.

MARIA BETÂNIA DE OLIVEIRA MELO inconformada com a sentença proferida pelo Juiz de Direito da i a Vara Cível da Capital, interpôs o presente recurso de apelação visando reformar o julgamento que rejeitou o seu pedido formulado na inicial.

Em suas razões recursais, a apelante argumenta, em síntese, que o período postulado na presente demanda teve início no ano de 1999 e término na data da propositura ação, que se deu em 27/06/2001, portanto, anterior a Súmula 283, do STJ e a EC n°40/2003, que revogou o art. 192, da CF. Razão pela qual aqueles preceitos não eram aplicados a espécie naquela poca. Aduz, ainda, que a Lei de Usura não foi aplicada ao caso e, muito menos, o art. 192, §3', da CF. Requer, ao final, o provimento do recurso apelatório, para que a sentença objurgada seja totalmente refolinada, julgando procedente o pedido da inicial.

• .A apelada apresentou contra-razões, às fls. 302/317, pugnado • pelo desprovimento do recurso • apelatório, bem como que a recorrente seja

condenada no pagamento das custas e honorários advocatícios arbitrados em 20% (vinte por cento).

Instada a se manifestar (fls. 365/369), a douta Procuradoria de Justiça opinou pelo provimento do apelo.

É o relatório.

DECIDO

A recorrente vem rebelar-se tão somente da inaplicabilidade . ao da Súmula 283 do STJ e da EC n° 40/2003 que revogou o artigo 192, §3°, da CF, entendo que é ilegal a cobrança da taxa de juros superior a 1270' (doze por cento) ao ano.

A análise da presente Ação Ordinária de Indenização de Danos Econômicos, Financeiros, Materiais e Morais deve ser realizada partindo-se de um pressuposto básico, qual seja, o fato da empresa Administradora de Cartão de Crédito ser ou não qualificada como uma instituição financeira. Nesse contexto, observe-se que o Julgador de Primeiro Grau de Jurisdição externou, com o costumeiro acerto, o seu entendimento pela possibilidade desse enquadramento.

Chega-se a tal entendimento a partir da interpretação que se faz ao disposto no art. 17 da Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1.964, que "dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências", o qual possui a seguinte redação:

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"Art. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros."

A administradora de cartões de crédito atua exatamente no sentido de intermediar a aquisição de compras e serviços entre o consumidor e o produtor ou fornecedor. Com efeito, o consumidor adquire os produtos ou serviços de seu • interesse 'perante terceiros, que recebem o seu crédito. diretamente da empresa administradora, .sendo esta ressarcida posteriormente qu'ando da quitação das faturas mensais'. Entendo que essa situação, sem sombra de dúvida, retrata uma "atividade de intermediação de recursos financeiros de terceiros".

Com base nesses argumentos, entendo que as empresas administradoras de cartão de crédito• são qualificadas como institui ções financeiras, nos moldes do dispositivo legal acima citado, não havendo no que se falar da aplicação da Lei de Usura a recorrida.

Pois bem. Superada esta questão, deve-se verificar "a possibilidade ou não de limitação dos juros cobrados pelas administradoras de cartão de crédito.

Não há que se falar em limitação de juros para as instituições financeiras integrantes do Sistema Financeiro Nacional em decorrência de fundamentação de natureza constitucional (Art. 192, §3 0) e infraconstitucional (Lei de Usura) como pretende a promovente, ora 'recorrente.

Acerca da matéria o Supremo Tribunal Federal lançou seguinte súmula:

"As disposições do Decreto 22626/1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o Sistema Financeiro Nacional." (Súrkrnfla n° 596 do Supremo Tribunal Federal)

Em relação a aplicabilidade da Súmula n° 283 ao caso concreto, o Superior Tribunal de Justiça apenas pacificou entendimento há muito já sedimentado, cuja redação adiante segue:

"As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas 'cobrados não

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• , sofrem as limitações da Lei de Usura." (Súmula n°283 do Superior Tribunal de Justiça) No que diz respeito ao art. 192, §3°, da Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal, mesmo antes da revogação do mencionado dispositivo constitucional pela EC n° 40/2003, já firmava entendimento de que tal artigo não era auto-aplicável, necessitando para a sua aplicabilidade a edição de Lei Complementar nesse sentido.

Nessa esteira nossa Corte Suprema editou a Súmula 648: ‘‘A. norma do •§ 3° do art: 192 da Constituição, revogada pela Emenda Constitucional 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicabilidade condicionada à. edição de lei complementar." (Súmula n° 648 do Supremo Tribunal Federal)

• Tal entendimento também já foi objeto da Súmula Vin.culante n° 7 da mesma Corte:

"A norma do §3° do artigo 192 da Constituição, revogada pela Emenda Constitucional N° 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicação condicionada à edição de lei complementar." (Súmula Vineulante 7 do Supremo Tribunal Federal)

No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal também firmaram jurisprudência:

"PROCESSO CIVIL - RECURSO ESPECIAL - AGRAVO REGIMENTAL - CONTRATO BANCÁRIO - ABERTURA DE CP_ÉDITO - CARTÃO DE CRÉDITO - JUROS REMUNERATÓRIOS - LIMITE DE 12% AO ANO AFASTAMENTO

PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO - COBRANÇA ABUSIVA DE JUROS - COMPROVAÇÃO - ANÁLISE DE MATÉRIA FÁTICA. - VEDAÇÃO - SÚMULA 7 1STj - DESPROVIMENTO.

1 - Conquanto não conste expressamente qualquer menção no v. acórdão recorrido acerca dos dispositivos suscitados pelo agravado, a matéria inserta nos mesmos - relativa à limitação dos juros remuneratórios em 12% ao ano - foi indubitavelmente apreciada e decidida

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pela eg. Corte a quo. Trata-se do chamado prequestionamento implícito, cuja admissibilidade restou pacificada pela Corte Especial deste Superior Tribunal de Justiça. 2 - Inexistente o alegado reexame de matéria fática, porquanto a decisão foi alicerçada exclusivamente, em matéria de direito, no. moldes de entendimento solidificado nas duas . Turmas que compõem a Segunda Seção, deste STJ, no sentido de que, quanto os juros remuneratórios, com a edição da Lei 4.595/64, não se aplicam as limitações fixadas pelo Decreto 22.626/33, de 12% ao ano, • nos contratos celebrados com as administradoras de cartão de crédito, instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, a teor das Súmulas n° 596/STF e 283/STJ.

3 - Somente são considerados abusivos os juros fixados em limite superior a 12% ao ano, se efetivamente comprovada a discrepância em relação à taxa de mercado, após vencida a obrigação. Esta sim, é matéria fática, cuja, apuração não é possível nesta instância especial, , face à vedação contida na Súmula 7/STJ,

4 - Agravo Regimental desprovido." (STJ. AgRg no REsp 716407/RS Agravo Regimental no Recurso Especial 2005/0004090-8; Ministro Jorge Scartezzini (1113); T4 - Quarta Turma; DJ 17:10.2005 p. 311)

"1. RECURSO. extraordinário. inadmissibilidade, taxa de juros. limitação. art. 192, § 3°, da CF/88. aplicação da súmula 648. Agravo Regimental Não Provido. A norma do § 3° do art. 192 da Constituição. Federal, revogada pela EC 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicabilidade condicionada à edição de lei complementar. 2. RECURSO. Agravo. Regimental. Jurisprudência assentada sobre a matéria. Caráter meramente abusivo. Litigância de má-fé. Imposição de multa. Aplicação do art. 557, § 2°, cc. arts. 14, II e III, e -17, VII, do CPC. Quando abusiva a interposição de agravo, manifestamente inadmissível ou infundado, deve o . Tribunal condenar o agravante a pagar multa ao agravado. (STF. RE-AgR 539265 /RS - Rio Grande do. Sul. Rei. Mm Cezar Peluso J. em 11/09/2007)

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"JUROS - LIMITAÇÃO - § 3' DO ARTIGO 192 DA CONSTITUIÇÃO » FEDERAL - VERBETE VINCULANTE N° 7 DA SÚMULA , DO SUPREMO. O § 30 do artigo 192 da Constituição Federal, revogado pela Emenda Constitucional n° 40/2003, não era auto-aplicável." (STF. RE-AgR 450305 / MG - Minas Gerais. Rel. Min. Marco Aurélio. J. em 12/08/2008).

Verificando-se a total impropriedade dos argumentos apresentados nas razões recursais, o relator negará seguimento monocraticamente ao recurso, em confronto com súmula e/ou jurisprudência de tribunal superior, conforme permite o artigo 557, do CPC.

Vejamos, então, o que prescreve o "caiout", do art. 557, do Código de Processo Civil:

"Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribuna! Superior." Grifo nosso.

Deste modo, por tudo que foi exposto, a luz do art. 357, do CPC, NEGO PROVIMENTO à apelação, para manter incólume a sentença guerreada.

Intimações necessárias. Cumpra-se.

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DE JUSTIÇA

Coordenadoâa Jgriárta

Rogistrado

Referências

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