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As mudanças na política educacional finlandesa

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AS MUDANÇAS NA POLÍTICA EDUCACIONAL FINLANDESA: O DESEMPENHO FINLANDÊS NO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO INTERNACIONAL DE ALUNOS E

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PARA A ECONOMIA FINLANDESA

Florianópolis 2013

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AS MUDANÇAS NA POLÍTICA EDUCACIONAL FINLANDESA: O DESEMPENHO FINLANDÊS NO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO INTERNACIONAL DE ALUNOS E

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PARA A ECONOMIA FINLANDESA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Luciano Daudt da Rocha, Msc.

Florianópolis 2013

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AS MUDANÇAS NA POLÍTICA EDUCACIONAL FINLANDESA: O DESEMPENHO FINLANDÊS NO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO INTERNACIONAL DE ALUNOS E

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PARA A ECONOMIA FINLANDESA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais e aprovado em sua forma final pelo Curso de Relações Internacionais, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 19 de novembro de 2013.

_______________________________________________ Prof. e orientador Luciano Daudt da Rocha, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_______________________________________________ Prof. Letícia Cristina Bizarro Barbosa, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_______________________________________________ Prof. Rafaela Duarte, Msc.

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Agradeço à minha família por possibilitar todas as oportunidades de necessárias para a minha criação, educação e experiência de vida.

À todos os professores da Universidade do Sul de Santa Catarina por toda a transmissão do conhecimento. Agradeço também aos professores da Central Ostrobothnia University of Applied Sciences, na Finlândia, por me proporcionar um ensino acima das expectativas de um intercambista. Agradeço, em especial, ao meu Orientador Luciano Daudt da Rocha, pela amizade, pelos ensinamentos e pela disponibilidade para a elaboração deste trabalho.

Aos amigos da faculdade, principalmente as colegas da minha turma de 2009/2, por todos os momentos divididos em sala e pelos cinco anos de amizade.

Sou grato aos colegas do Centro Internacional de Negócios, também aos colaboradores da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), por todos os ensinamentos práticos, pela experiência do estágio, no qual tenho certeza de que será de extrema importância para a formação de minha carreira profissional.

Agradeço aos meus amigos “irmãos” de infância, do ensino médio, do Clandestino, por todas as histórias vividas, por todas as partidas de futebol, por todas as confraternizações na Brava.

Por fim, agradeço aos amigos, brasileiros e estrangeiros, que conheci nas viagens ao Canadá, aos Estados Unidos, à Finlândia e à Espanha, por todos os bons momentos, por todas as festas e viagens, sempre os lembrarei. Espero que um dia os encontre outra vez.

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Este Trabalho de Conclusão de Curso aborda as principais mudanças ocorridas na educação finlandesa, as quais foram fundamentais para que este país apresente, conforme relatórios de Organizações Internacionais, um dos melhores Sistemas de Ensino do mundo. O trabalho descreve os conceitos econômicos de desenvolvimento e de economia do conhecimento, bem como alguns conceitos políticos, como a ideologia do nacionalismo e as características dos Estados de Bem-Estar Social. Esta monografia aborda a história da Finlândia, a partir da Idade Média, bem como a formação do povo e da cultura finlandesa. O trabalho descreve as reformas educacionais desenvolvidas pelo governo finlandês e a importância da educação para a reestruturação da economia deste país nórdico. A monografia também relata os objetivos das Organizações Internacionais na questão das avaliações dos Sistemas de Educação, em especial, no Programa de Avaliação Internacional de Alunos.

Palavras-chave: Finlândia, Reforma Educacional, Programa de Avaliação Internacional de Alunos.

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This Final Paper addresses about the major changes in the Finnish education, in which were essential to this country maintain, as reports from international organizations, one of the best education systems. The Paper describes the concepts of economic development and the knowledge economy, as well as some political concepts, like the ideology of nationalism and the some characteristics of the Welfare State. The Paper covers the history of Finland, beginning in the Middle Age, as well as the formation of the Finnish nation and culture. The paper describes about the educational reforms undertaken by the Finnish government and the importance of education for economic restructure of this Nordic country. This Paper also describes the objectives of the International Organizations on the issue of evaluate the Education Systems on the Program for International Student Assessment.

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1 INTRODUÇÃO ... 7

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA... 7

1.2 OBJETIVOS... 9 1.2.1 Objetivo geral... 9 1.2.2 Objetivos específicos... 9 1.3 JUSTIFICATIVA ... 9 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 10 1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA... 11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 13 2.1 CONCEITOS ECONÔMICOS ... 13 2.1.1 Desenvolvimento ... 13 2.1.2 Economia do Conhecimento ... 15 2.2 CONCEITOS POLÍTICOS ... 17 2.2.1 Nacionalismo ... 18

2.2.2 Estado de Bem-Estar Social... 20

2.3 EDUCAÇÃO... 21

2.3.1 Organizações Internacionais e as Políticas de Avaliação da Educação... 22

3 HISTÓRIA E CULTURA FINLANDESA... 26

3.1 DOMÍNIO SUECO ... 26

3.2 GRÃO-DUCADO RUSSO ... 28

3.3 REPÚBLICA DA FINLÂNDIA ... 29

3.3.1 Estado de Bem-Estar Finlandês ... 31

3.4 CULTURA FINLANDESA ... 33

4 EDUCAÇÃO FINLANDESA ... 36

4.1 REFORMA EDUCACIONAL... 36

4.2 ESTRUTURA DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO FINLANDÊS... 41

5 DESEMPENHO DO ENSINO FINLANDÊS ... 46

5.1 IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO FINLANDÊS... 52

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 56

REFERÊNCIAS ... 59

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1 INTRODUÇÃO

As reformas educacionais ocorridas durante a década dos anos de 1980, defendiam que a qualidade do ensino era uma questão fundamental para as reformulações das políticas sociais. Portanto, uma educação com qualidade, somente ocorrerá no momento em que todos os centros de ensino promoverem o desenvolvimento dos conhecimentos, nos quais são fundamentais para que todos os estudantes consigam sua inserção no mundo e auxiliem na constituição de uma sociedade mais justa e igualitária. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005).

Sendo assim, o presente Trabalho de Conclusão de Curso analisará as principais mudanças socioeconômicas ocorridas na Finlândia após a sua reforma educacional, o que resultou em um país com um dos melhores sistemas de educação do mundo.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

Os sistemas educacionais possuem como função a promoção do respeito, da igualdade e da não discriminação nas sociedades. A comunidade internacional aprova o consenso de que as atividades em educação são o pilar para a orientação e difusão dos direitos humanos fundamentais. Sendo assim, a educação promove a liberdade individual, trazendo benefícios importantes ao desenvolvimento social e econômico (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA, 2012).

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma instituição internacional composta por 34 países que defendem os princípios da democracia e da economia baseada no livre mercado. O fórum dessa organização visa buscar respostas às ações dos Estados nos temas relacionados ao crescimento econômico sustentável e à melhoria do nível de vida da sociedade de seus países-membros. Estes utilizam o princípio da administração da estabilidade financeira de suas economias para a contribuição do desenvolvimento da economia mundial. Seus países-membros apresentam economias com um elevado Produto Interno Bruto (PIB) per capita e um alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Além do fórum, a OCDE é responsável pelo desenvolvimento do Programa de Avaliação Internacional de Alunos (PISA), um estudo mundial sobre o desempenho dos alunos com quinze anos de idade nas disciplinas de matemática, ciências e leitura. Os resultados obtidos por esse Programa são utilizados para avaliar a qualidade do sistema de

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educação da comunidade internacional. A análise do ranking final ajuda a Organização a compreender as principais causas que diferenciam os primeiros países colocados na lista dos Estados que apresentam os piores resultados (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2013).

O país que se mantém com o melhor desempenho na avaliação do PISA é a Finlândia. Após a Segunda Guerra Mundial, esse país nórdico adotou políticas que investiram na educação, na eliminação da pobreza e na superação do atraso econômico. Até o período dos anos de 1980, a Terra dos Lagos, como a Finlândia também é conhecida, expunha uma baixa diversificação de sua capacidade produtiva e exportadora, sendo despreparada para os avanços de uma integração com a União Europeia. Sustentando-se em uma estrutura de proteção e bem-estar social, dentro de um período de trinta anos, os finlandeses transformaram sua economia baseada em recursos naturais em uma economia puxada pela inovação, cujo desenvolvimento valeu a condição de ser o país mais especializado do mundo em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). A educação ocupou um posicionamento fundamental na rentabilização da economia finlandesa (ARBIX; FERRAZ, 2009).

Os investimentos em educação contribuíram para o aumento do nível de qualificação da força de trabalho finlandesa. Entre os países-membros da OCDE, os trabalhadores jovens finlandeses são os que apresentam o maior de nível de escolaridade. No ano de 2000, na primeira edição da avaliação do PISA, os estudantes finlandeses foram os melhores nos testes de literatura, os terceiros em matemática e ocuparam a quarta colocação em ciências. Três anos mais tarde, no ranking final do PISA, a Finlândia foi líder em literatura, ciências e a segunda posição em matemática (HONKAPOHJA et al., 2006).

O bem-estar da sociedade finlandesa está baseado em um sistema de educação igualitário e de ensino público. O governo finlandês é responsável por promover o direito de participação na educação de seus cidadãos em todos os diferentes níveis de ensino. A Terra dos Lagos foi capaz de transformar seu sistema de educação em um centro de referência para a comunidade internacional. Pela relevância do tema educação na sociedade, o trabalho conduz à seguinte pergunta de pesquisa: Quais foram as principais mudanças ocorridas na

educação finlandesa e de que forma essas mudanças impactaram no desenvolvimento econômico e social deste país?

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1.2 OBJETIVOS

Os objetivos do trabalho apresentam uma função de orientação à realização da pesquisa. Com base no problema de pesquisa, o objetivo geral e os específicos demonstram os resultados pretendidos para a concretização deste Trabalho de Conclusão de Curso.

1.2.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo geral analisar as principais transformações ocorridas na educação da Finlândia, as quais conduziram este país nórdico a se tornar referência mundial em educação.

1.2.2 Objetivos específicos

A seguir, os objetivos específicos são as etapas que garantiram o sucesso na busca do objetivo geral do trabalho:

- entender historicamente a formação do povo finlandês e da nação finlandesa; - estudar quais as principais mudanças ocorridas na educação, tendo como marco temporal os anos de 1980 aos dias atuais;

- analisar os relatórios do PISA, que comprovam que a Finlândia possui o melhor sistema de educação mundial;

- analisar o impacto das mudanças produzidas pela reforma da educação finlandesa no campo econômico.

1.3 JUSTIFICATIVA

Durante o período do segundo semestre de 2011 e do primeiro de 2012, o autor realizou um intercâmbio universitário para a Finlândia, estudando na cidade de Kokkola, pela

Central Ostrobothnia University of Applied Sciences. Nesse tempo, o autor conviveu com a

cultura e o costume de vida dos cidadãos finlandeses, adaptando-se a eles. E assim, após realizar pesquisas nos campos econômicos e sociais de tal país nórdico, o autor se motivou a pesquisar o sistema de educação da Terra dos Lagos, considerado por organismos

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internacionais um dos melhores sistemas de ensino do mundo. Durante o período do intercâmbio, o autor teve a oportunidade de estudar o profissional de Relações Internacionais e reconhecer que ele deve possuir o conhecimento sobre as mais diferentes culturas e também deve ser qualificado nas áreas de economia e política para poder realizar qualquer negociação internacional, sempre respeitando diferentes maneiras e costumes das pessoas com quem está se relacionando.

O trabalho apresentará a importância da educação para a sociedade, e os seus resultados sociais e econômicos para o Estado finlandês. A nova Constituição finlandesa é a pedra angular de toda a legislação desse Estado, entrando em vigor em 1º de março de 2000. Essa Carta Magna é baseada em quatro antigos Atos Constitucionais: a Lei Constitucional da Finlândia, a Lei do Parlamento Europeu e duas leis em Matéria de Responsabilidade Ministerial (PARLAMENTO DA FINLÂNDIA, 1999). O Segundo Capítulo da Constituição aborda o Tema de Direitos Básicos e das Liberdades, e o Artigo XVI descreve os Direitos Educacionais:

Toda pessoa tem direito à educação básica gratuita. Disposições sobre o dever de receber educação são estabelecidas por uma lei. As autoridades públicas devem, conforme previsto em mais detalhes por uma lei, garantir a todos igualdade de oportunidades para receber outros serviços educacionais de acordo com suas habilidades e necessidades especiais, bem como a oportunidade de desenvolver-se sem ser impedido por dificuldades econômicas. A liberdade da ciência, das artes e do ensino superior está garantida.1(PARLAMENTO DA FINLÂNDIA, 1999, p. 4, tradução nossa).

A educação é essencial para a formação da sociedade, consequentemente, o trabalho apresentará uma análise da educação finlandesa, a qual poderá servir de ferramenta a outros trabalhos científicos que se dispuserem a pesquisar e expor uma comparação entre os diferentes sistemas educacionais mundiais, bem como o desempenho dos países no Programa de Avaliação Internacional de Alunos.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos possuem como finalidade a demonstração do modo como a pesquisa será realizada. Segundo Gil (1996), a pesquisa se desenvolve ao longo

1Everyone has the right to basic education free of charge. Provisions on the duty to receive education are laid down by an Act. The public authorities shall, as provided in more detail by an Act, guarantee for everyone equal opportunity to receive other educational services in accordance with their ability and special needs, as well as the opportunity to develop themselves without being prevented by economic hardship. The freedom of science, the arts and higher education is guaranteed.

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de um processo que envolve inúmeras fases, que vão desde a formulação do problema até a apresentação dos resultados. Dessa forma, Andrade (1998) preconiza que a pesquisa é um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, com objetivo de encontrar soluções para os problemas propostos.

A abordagem do problema do projeto será de uma pesquisa qualitativa. Conforme Oliveira (1997), na qualitativa o autor do trabalho deve realizar uma série de leituras sobre o assunto da pesquisa, descrevendo e relatando minuciosamente o que diferentes autores ou especialistas escreveram sobre o tema e, a partir dos estudos realizados, o autor deve estabelecer uma série de correlações dos argumentos apresentados para, ao final do trabalho, expor um ponto de vista conclusivo sobre a pesquisa.

Na classificação dos objetivos, o trabalho se qualifica como pesquisa exploratória. Para Gil (1996), a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar ao autor uma maior familiaridade com o problema, sendo seu planejamento caracterizado por um modo flexível, que considera a possibilidade de refletir sobre diferentes aspectos do fato estudado. Andrade (1998) complementa que a pesquisa exploratória tem como finalidade facilitar a exploração bibliográfica, proporcionando maiores informações sobre determinado assunto, facilitando assim a escolha do tema de trabalho e definindo os objetivos da pesquisa.

Para Fachin (2003), a utilização das informações recolhidas pela pesquisa bibliográfica tem como função a determinação do assunto para a redação do trabalho científico. Dessa maneira, a leitura de livros sobre políticas governamentais, história e cultura, educação internacional e artigos que mencionam o assunto abordado transformam os procedimentos desse trabalho em bibliográficos. Adicionalmente, o trabalho científico apresentará informações sobre documentos e relatórios oficiais elaborados por organismos internacionais e também pelo governo finlandês. Nesse sentido, Gil (1996) afirma que a pesquisa documental vale-se de materiais que se constituem de fonte rica e estável de dados, e, ao longo do tempo, esses documentos se tornam importantes para o processo de pesquisa do trabalho.

1.5ESTRUTURA DA PESQUISA

O presente trabalho está organizado em seis seções. A primeira aborda a exposição do tema e do problema, expondo a educação como fator gerador de desenvolvimento social e econômico. Esta seção ainda apresenta uma introdução dos programas internacionais de desempenho estudantil no país foco do trabalho, a Finlândia.

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Desta forma, o trabalho expõe o tema e o problema da pesquisa. Na sequência, os objetivos, tanto o geral e como os específicos, são apresentados. Estes são indispensáveis ao desenvolvimento da pesquisa. Os objetivos específicos, subdivididos em etapas, que demonstrarão os principais fundamentos que caracterizam e descrevem a forma como esta monografia será realizada. Posteriormente, a justificativa revela os fatos que levaram o autor a desenvolver esta pesquisa, apontando como o tema de educação internacional pode influenciar no desenvolvimento de futuros trabalhos e pesquisas acadêmicas. Por fim, os procedimentos metodológicos são expostos, esclarecendo a natureza da pesquisa e as técnicas utilizadas pelo autor para a coleta e análise das informações e dos dados.

O capítulo dois, por sua vez, descreve a fundamentação teórica do trabalho, a importância dos conceitos econômicos e políticos relacionados ao tema do trabalho. Os conceitos econômicos revelam o que literatura demonstra sobre os fundamentos de desenvolvimento e economia do conhecimento. A parte dos conceitos políticos da fundamentação teórica apresenta as características do Nacionalismo e dos Estados de Bem-Estar Social. Concluindo a fundamentação teórica, o trabalho apresenta a importância do monitoramento do desempenho dos sistemas de educação mundial, por parte os organismos internacionais.

O capítulo três abordará a história da Finlândia, desde o período medieval, quando o território atual deste país era dominado pelo Reino da Suécia. Este capítulo mostrará a formação do Grão-Ducado Russo na Finlândia, e também a história da independência finlandesa. Por fim, esta seção descreverá a história da República da Finlândia no século XX, e as características da cultura e do povo finlandês.

A educação finlandesa será tema do quarto capítulo, que mostrará as reformas educacionais desenvolvidas pelo governo finlandês, durante as décadas de 1970 e 1980 e descreverá também a estrutura do sistema de educação deste país.

A última seção de desenvolvimento deste trabalho será a explicação do desempenho educacional finlandês perante as avaliações dos organismos internacionais. A importância da educação para o desenvolvimento será apresentada na segunda seção deste capítulo.

Por fim, serão apresentadas as considerações finais do autor sobre a pesquisa e as referências utilizadas para a elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso.

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2 FUNDAMENTAÇÃOTEÓRICA

A Finlândia passou por transformações econômicas e culturais durante as últimas décadas do século XX. Dentro desse período, o governo finlandês conseguiu, com uma política de bem-estar social, transformar sua economia tradicional em uma moderna economia de conhecimento. Desde 1950, o desenvolvimento industrial e econômico da Terra dos Lagos foi baseado em uma economia na qual seus principais elementos de produção eram máquinas de engenharia e o setor de indústria florestal. No final dos anos de 1980, a economia finlandesa foi marcada pelo início da especialização da produção, comércio e pesquisa e desenvolvimento (SAHLBERG, 2009).

Inicialmente, este capítulo abordará uma contextualização dos conceitos econômicos que possibilitam um melhor entendimento sobre as questões de desenvolvimento e economia do conhecimento. Também apresentará uma fundamentação sobre as políticas do Estado de Bem-Estar Social, com a finalidade de apontar as teorias que explicam as transformações políticas ocorridas na Finlândia. Por fim, analisará a importância das organizações internacionais na avaliação da educação mundial.

2.1 CONCEITOS ECONÔMICOS

A macroeconomia é o estudo da economia como um todo, e a teoria na qual se fundamenta nas questões estruturais de longo prazo é a chamada teoria do desenvolvimento e crescimento econômico. Tal teoria incorpara as questões estruturais da economia, objetivando uma melhor distribuição de renda social e um estável crescimento econômico (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004).

2.1.1 Desenvolvimento

O desenvolvimento econômico é um fenômeno caracterizado pelo aumento sustentado da produtividade e da renda por habitantes, implicando um sistemático processo de acumulação de capital. Esse fenômeno relaciona-se com o surgimento de duas instituições fundamentais, o Estado e o mercado. O mercado é a instituição que, por meio da competição, coordena a divisão do trabalho e a alocação dos recursos produtivos. Por sua vez, os Estados modernos incorporaram o progresso da tecnologia ao trabalho e ao próprio capital, regularizando-os ao mercado. Para que haja desenvolvimento econômico, é essencial que os

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Estados e os mercados garantam, fundamentalmente, a ordem pública e a estabilidade política, o bom funcionamento da competitividade e, por fim, a promoção de oportunidades na qual a obtenção do lucro estimule a realização de investimentos (BRESSER-PEREIRA, 2006).

Por décadas o desenvolvimento dos países em geral continuava a ser um sinônimo medido pelo crescimento e agregado do Produto Interno Bruto e, acima de tudo, o PIB per

capita. No ano de 1995, Boutros Boutros-Ghali, então Secretário-Geral da Organização das

Nações Unidas, publicou o relatório intitulado “Uma Agenda para o Desenvolvimento”. Nesse documento, o Secretário-Geral definiu cinco dimensões do desenvolvimento, que seriam: a paz, o crescimento econômico, o ambiente, justiça social e democracia (BOISER, 2001). As explicações dessas cinco dimensões para o desenvolvimento são:

1) A paz como um pilar: A abordagem tradicional pressupõe que o desenvolvimento ocorre em condições de paz. No entanto, isso raramente é o caso.... O desenvolvimento não pode prosseguir facilmente nas sociedades onde as preocupações militares estão perto do centro da vida.

2) A economia como motor do progresso: O crescimento econômico é o motor do desenvolvimento como um todo.... Acelerar a taxa de crescimento econômico é uma condição para a expansão da base de recursos, portanto, para a transformação econômica, tecnológica e social... Não é suficiente, contudo, prosseguir o crescimento econômico por si só.

3) O ambiente como base para a sustentabilidade: O desenvolvimento e o meio ambiente não são conceitos separados, não pode haver sucesso sem que sem ocorra com o outro.

4) Justiça como um pilar da sociedade: O desenvolvimento não acontece no vácuo, nem é construído sobre uma base abstrata. O desenvolvimento ocorre dentro de um contexto social específico e em resposta às condições sociais específicas... O povo é o principal recurso de um país. Seu bem-estar define o desenvolvimento.

5) A democracia como uma boa governança: A relação entre desenvolvimento e democracia é intuitivo, mas o seu reflexo é difícil de elucidar... No contexto do desenvolvimento, melhorar a governança tem vários significados. Em particular, no entanto, entre seus projetos deve estar à busca de uma estratégia nacional global para o desenvolvimento. Projetos que garantam a capacidade, confiabilidade e integridade das instituições centrais do Estado moderno.2 (BOUTROS-GHALI, 1995 apud BOISER, 2001, p. 4, tradução nossa).

21) Peace as the foundation: Traditional approach to development presuppose that it takes place under

conditions of peace. Yet that is rarely the case....Development cannot proceed easily in societies where military concerns are at or near the centre of life.

2) The economy as the engine of progress: Economic growth is the engine of development as a

whole....Accelerating the rate of economic growth is a condition for expanding the resource base nad hence for economic, technological and social transformation...It is not sufficient, however, to pursue economic growth for its own sake.

3) The environment as a basis for sustentability: Development and environment are not separate concepts, nor can one be succesfully address witout reference to the other.

4) Justice as a pillar of society: Development does not takes place in a vacuum, nor its is built upon an abstract foundation. Development takes place within a specific societal context and in response to specific social conditions....People are a country´s principal asset. Their well-being defines development.

5) Democracy as good governance: The link between development and democracy is intuitive, yet its remains difficult to elucidate...In the context of development, improve governance has several meanings. In particular however, its means the design and pursuit of a comprehensive national strategy for development. Its means ensuring the capacity, reliability and integrity of the core institutions of the modern State.

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O desenvolvimento econômico, embora autossustentado, ocorre por etapas, estando sujeito a crises e a eventuais paralisações de longo prazo. Em alguns momentos a economia acelera, em outros, entra em semiestagnação, crescendo muito lentamente. O desenvolvimento econômico promove a melhoria dos padrões de vida, mas não resolve todos os problemas da sociedade. Por isso a busca pelo desenvolvimento é um dos grandes objetivos políticos que as sociedades se propõem, ao lado da segurança, da liberdade, da justiça social e da proteção do meio ambiente (BRESSER-PEREIRA, 2006).

Dentro da economia de mercado, a busca pelo desenvolvimento econômico sempre foi um dos principais objetivos perseguidos pelos governos, independentemente de suas ideologias. O conceito de desenvolvimento era visto apenas como um sinônimo de crescimento econômico, porém, concepções mais complexas, como a justiça, qualidade de vida e bem-estar passaram a compor o conceito de desenvolvimento. O surgimento do desenvolvimento sustentável traz o princípio da preocupação com o uso consciente dos recursos produtivos com necessidade de um desenvolvimento global, proporcionado pela busca do equilíbrio econômico, social, institucional e ambiental (MATOS; RODAVELLA, 2010).

2.1.2 Economia do Conhecimento

Os processos de globalização e de abertura comercial têm ampliado o número de competidores e demandado um maior nível de competitividade das empresas e dos países, fazendo com que a busca por um melhor desempenho econômico se constitua no centro das preocupações das políticas públicas. A expansão dos mercados tem sido acompanhada pelo crescente desenvolvimento tecnológico, envolvendo aspectos relacionados à política industrial, à educação e ao desenvolvimento do empreendedorismo, assim estabelecendo nichos de mercado por meio de produtos e serviços inovadores. As economias não são mais construídas exclusivamente pela acumulação física de capital e de recursos humanos, mas também por insumos intangíveis, como a informação, aprendizado e adaptação (REZENDE; VEDOVELLO, 2005).

A Economia do Conhecimento é baseada nos investimentos em educação e na geração de pesquisas científicas e tecnológicas. A busca pelo conhecimento se tornou uma das principais forças para o desenvolvimento econômico e social, tanto para os países já industrializados como para aqueles em desenvolvimento. Para os países desenvolvidos, a Economia do Conhecimento proporciona vantagens competitivas na fabricação dos produtos

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de alta tecnologia e na eficiência da realização dos serviços de infraestrutura. No caso dos países em desenvolvimento, que apresentam economias baseadas em recursos naturais, a tecnologia desenvolvida pela Economia do Conhecimento proporciona o aumento da oferta de produtos com um maior valor agregado, facilitando assim o ingresso do país na economia global, tornando-o mais atraente aos investimentos internacionais. O rápido avanço tecnológico na área de Informação e Comunicação ofereceu à Finlândia as possibilidades de aumentar a sua produtividade e a sua competitividade perante o mercado internacional. Sendo assim, o caso de sucesso da Economia do Conhecimento da Finlândia mostra que é possível um país pequeno e periférico se transformar de uma economia baseada em recursos naturais em uma economia dinâmica (DAHLMAN; ROUTTI; YLÄ-ANTTILA, 2006).

A integração da economia do conhecimento a todos os setores da economia, e não apenas a realização de investimentos nos setores de alta tecnologia, permite ao Estado um aumento no seu quadro de vantagens comparativas, proporcionando uma maior competitividade e criando uma escala de valor agregado para os seus bens de produção. A economia do conhecimento apresenta também uma dimensão econômico-social, que é levar o conhecimento a todos os segmentos da sociedade, incluindo às pessoas de baixa renda, o que resulta na qualificação dos recursos humanos e no crescimento econômico do Estado (VELLOSO, 2005).

O conhecimento e a capacitação são reconhecidos como uma das principais fontes de crescimento e de competitividade, sendo assim, a aquisição e a criação de conhecimento são essenciais na economia global. Consequentemente, a competitividade de cada país depende da sua capacidade de acessar, adaptar, utilizar e criar o conhecimento. Com o conhecimento, os países podem desenvolver os seus pontos fortes no seu mercado interno e explorá-los no mercado internacional, melhorando assim a sua carteira de produtos oferecidos na economia global (DAHLMAN; FRISCHTAK, 2005).

A educação é fator fundamental ao desenvolvimento de uma economia do conhecimento. A educação básica que forneça os fundamentos para a aprendizagem continua com a educação secundária e superior, desenvolvendo o pensamento criativo e crítico sobre as soluções dos problemas econômico-sociais. O papel crescente do setor privado na provisão e financiamento da educação e treinamento, em grande parte como uma resposta ao fracasso do sistema público em prover a quantidade e qualidade de pessoas educadas e capacitadas, faz com que as empresas atuem de forma proativa na promoção dos trabalhadores do conhecimento, ou seja, os profissionais que possuem um considerável conhecimento e aprendizado teórico (DAHLMAN; FRISCHTAK, 2005).

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As ideias até aqui abordadas demonstram que os Estados podem transformar economias de recursos naturais em dinâmicas. A economia do conhecimento busca melhorar a competitividade das economias por meio de investimentos em ciência e tecnologia. Sendo assim, além da parte econômica, a economia do conhecimento apresenta um caráter político, na medida em que os Estados passaram a se reorganizar politicamente na busca do crescimento econômico e social.

2.2 CONCEITOS POLÍTICOS

Nas teorias das relações internacionais que apresentam o Estado como um dos atores do sistema internacional, Gonçalves (2004, p. 14) apresenta a definição de Estado:

A definição de Estado como sujeito de direito internacional continua a ser aquela atribuída pela Convenção de Montevidéu (1933), segundo a qual todo Estado deve possuir: população permanente, territoritório definido, governo e capacidade de honrar compromissos contraídos com os outros Estados.

O Estado-Nação é uma unidade política independente, cujo povo compartilha um idioma, envolve-se em um mesmo espaço físico e, por fim, acredita que possui uma herança cultural comum. As circunstâncias para a formação dos Estados foram os processos que marcaram a queda dos grandes impérios. Os métodos de administração estavam centralizados no poder de um único soberano, que impedia uma resposta eficaz às mudanças econômicas e sociais, bem como todas as aspirações de liberdade de pensamento e de ação política. Para a consolidação dos Estados, a sociedade intelectual recorreu à criação de um passado, como forma de inspiração de uma identidade, a fim de legitimar e reforçar o momento presente (VENTO, 1992 apud BRANCH, 1991).

A soberania do Estado dá à Finlândia a condição de governar livremente o seu território e população, escolhendo seus sistemas governamentais e econômicos. A autonomia e a igualdade externa oferecem ao Estado o direito de escolher a maneira de praticar suas políticas externas. Sendo assim, os Estados possuem o direito de autodefesa, integridade territorial e independência política (WENDZEL, 1985 apud CARVALHO, 2003).

Os Estados, no começo do século XX, comportavam-se de forma liberal, não se comprometendo com o recolhimento do imposto sobre a renda, com os programas de combate à pobreza e nem com os regulamentos sobre a segurança dos alimentos. À medida que o século prosseguiu e atravessou a Primeira Guerra Mundial, a revolução Russa, a depressão

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econômica e a Segunda Guerra Mundial, a ordem mundial liberal ruiu. Com isso, o Estado liberal minimalista foi substituído, em grande parte do mundo, por uma forma muito mais centralizada e ativa. No final dos anos 1980 e início dos anos 1990, com o colapso da forma mais extrema de intervenção do Estado, o comunismo – impulso extra pela redução do porte da atuação do Estado na economia – tornou-se tema dominante na área política (FUKUYAMA, 2005).

Após ter sido apresentada uma introdução sobre a definição e as características do Estado, esta seção do trabalho irá relatar a importância da ideologia do nacionalismo para a formação do Estado Nacional. Em seguida, serão descritos os conceitos e as principais características dos Estados de Bem-Estar Social.

2.2.1 Nacionalismo

A formação do Estado-Nação é marcada pelo fim do feudalismo e o início do período da modernidade. Os primeiros indícios do Estado nacional surgiram na Europa do século XVI, ainda sob a forma de Estados territoriais. Ou seja, os feudos estavam localizados em fronteiras definidas, porém a autonomia destes era referendada pelos monarcas, consolidando assim a noção de que todos os habitantes de uma determinada área estavam submetidos à obediência de seu soberano. Com isso, os monarcas foram obrigados a criar instituições modernas que centralizavam a burocracia, as forças militares e também o comércio. O resultado desta centralização de poder foi a criação do Estado absolutista, no qual o rei era a personificação do Estado territorial (ARBEX, 1993).

Segundo Strenger (1998), o conceito de nação pode ser analisado como um agrupamento de indivíduos que se mostra unido por uma afinidade de idioma, religião, costumes e tradições estabelecidas na consciência de uma nacionalidade; mas nem sempre esta sociedade constitui uma organização política, pois um Estado pode ser composto por mais de uma nação. O nacionalismo como ideologia compreende todos os elementos de um sentimento de identidade nacional, de um apego a uma cultura nacional, de uma consciência de pertencer a uma comunidade, com o seu próprio passado. A literatura esclarece que não é possível indicar com precisão o momento histórico do nacionalismo. Certos autores aconselham que o nacionalismo surgiu com a criação dos Estados-Nação, durante os séculos XV e XVI. Porém há um grupo de pensadores que indica que esta ideologia nacional tenha aparecido apenas pela primeira vez após as primeiras revoluções burguesas, na Inglaterra, no

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século XVII, e também na Revolução Francesa de 1789, quando o Estado real se tornou um Estado do povo ou nacional (LÖWY, 2000).

As lutas e as questões nacionais estão ligadas ao Iluminismo. Este movimento filosófico, do século XVIII, colaborou com a formação da cultura ocidental. Os iluministas defendiam o controle dos Estados pela vontade da maioria, e não mais por herança ou pelo direito divino; também afirmavam que este poder sobrenatural não determinava as ações e o destino dos homens. A Constituição francesa de 1791 forneceu o modelo universal do Estado contemporâneo, visto que separava, de forma independente e harmônica entre si, os poderes do Estado – em Executivo, Legislativo e Judiciário (ARBEX, 1993).

Em muitos países, o nacionalismo se mistura com a religião, como é o caso do catolicismo na Polônia, na Croácia e também na Irlanda do Norte. O nacionalismo sérvio e russo se relaciona com a igreja ortodoxa, assim como o protestantismo conservador nos Estados Unidos, o judaísmo em Israel e o islamismo na Líbia. Entretanto, há países em que a religião e o nacionalismo geram relações conflituosas, como o fundamentalismo islâmico com a identidade nacional árabe na África do Norte e no Oriente Médio. O nacionalismo foi defendido no leste europeu, principalmente nos Estados da antiga União Soviética, fato que pode ser relacionado com o fim do regime socialista quando, em período de crise e insegurança, pertencer a uma língua e cultura comum era fazer parte de uma sociedade (LÖWY, 2000). No caso finlandês, o surgimento do nacionalismo deste país relacionou-se mais precisamente com a língua. Durante o século XIX, as lutas internas se davam pela classe baixa, que ansiava por uma única nação que falasse o idioma finlandês, contra a classe dominante e minoria, de língua sueca, que defendia a ideia de que no território finlandês havia duas línguas, portanto, duas nações (HOBSBAWM, 2002).

Em síntese, o nacionalismo deve gerar ao Estado-Nação um poder de autonomia, de segurança e de desenvolvimento econômico nacional. O nacionalismo é uma ideologia originalmente burguesa, mas também envolve uma conotação popular, já que só poderá ser desenvolvido no momento em que tanto as classes empresárias como a dos trabalhadores conseguirem superar os seus conflitos internos, e se solidarizarem para o desenvolvimento nacional. Como a sociedade atual é altamente competitiva, o nacionalismo é essencial para que os Estados possam formular suas estratégias de desenvolvimento socioeconômico (BRESSER-PEREIRA, 2008).

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2.2.2 Estado de Bem-Estar Social

Historicamente, a crise financeira das décadas de 1920 e 1930 firmou o surgimento das políticas do Estado de Bem-Estar Social, ou também chamado em inglês de

Welfare State. Essas políticas apresentavam a busca pela solução das reivindicações da

degradação das condições de vida da sociedade, também a política de welfare foi uma alternativa encontrada pelo capital para que a sociedade se solidarize com o indivíduo no momento em que o mercado o coloca em dificuldades. Na visão da política de Bem-Estar, a miséria passou a não ser mais um problema individual, mas uma responsabilidade de política pública social (VIANNA, 2000 apud OLIVEIRA, 2008).

John Maynard Keynes forneceu as bases para a implantação de uma teoria econômica que divergia da autorregulamentação do mercado e da ideia de que a “mão-invisível” possuía o controle de assegurar o equilíbrio entre a oferta e a procura. A doutrina keynesiana pregava que o Estado deveria promover a construção maciça de obras públicas, com o objetivo de gerar despesas capazes de erradicar o desemprego, mantendo assim aquecida a demanda global de produtos postos à venda. A teoria de Keynes estimulou a criação de medidas macroeconômicas que incluíam a regulamentação do mercado, a formação e controle dos preços, a emissão de moedas, a distribuição de renda, o investimento público e o combate à pobreza. O Welfare State recebe, como um dos conceitos, a proteção social básica como um direito de todos, independentemente da renda dos cidadãos e de sua capacidade de contribuição para o financiamento do sistema (PEREIRA, 2007).

Pereira (2007) defende que a grande depressão de 1929 provocou em todo mundo ocidental grandes tensões sociais, tendo o Estado capitalista que assumir despesas consideráveis para conseguir sustentar o emprego aos trabalhadores e oferecer melhores condições de vida a eles. O corpo doutrinário do keynesianismo serviu como suporte teórico e político para o surgimento do Estado de Bem-Estar Social.

Após o reconhecimento das limitações do mercado na capacidade de providenciar as necessidades para a reprodução da força de trabalho, os Estados sentiram a obrigação de reorganizar a vida econômica por meio da intervenção dos governos na economia, controlando o mercado financeiro, combatendo o desemprego, estimulando a elevação da produção de renda, reduzindo a jornada de trabalho e atuando no comércio internacional (VIEIRA, 1992 apud OLIVEIRA, 2008).

Sobre o Welfare State, O'Connor (2000 apud CORTEZ, 2008) afirma que o Estado tem como objetivo político a busca da harmonização dos conflitos entre capital e

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trabalho. Sendo assim, as políticas de bem-estar social foram as formas encontradas pelos governos para o cumprimento de duas funções fundamentais: a acumulação de capital e a legitimidade frente aos diferentes grupos sociais. Complementando as políticas de Bem-Estar social, Offe (2000 apud CORTEZ, 2008) alega que os pilares centrais das políticas relativas ao Estado de Bem-Estar Social são o compromisso formal do aparelho estatal em prover políticas de assistência e suporte aos indivíduos que possuem necessidades e riscos sociais típicos de uma sociedade de mercado, ou seja, a promoção de uma noção de responsabilidade coletiva acerca das questões sociais e o conhecimento da legitimidade das demandas coletivas feitas pelas associações de trabalhadores.

O consenso sobre as políticas do Welfare State foi corroído no final do século XX. As políticas públicas e o receituário macroeconômico que pareciam a fórmula para a superação das contradições inerentes ao desenvolvimento de uma economia capitalista tornaram-se alvo de contestação política. Sob esse prisma, as turbulências financeiras enfrentadas pelas economias desenvolvidas estariam fortemente associadas ao papel do Estado na economia. O ressurgimento de teses econômicas de tradição liberal, que enfatizava os malefícios da intervenção governamental no mercado, afetou as políticas sociais. O argumento central era a incapacidade de as políticas do Welfare State alterarem a natureza classista do funcionamento da economia, uma vez que os investimentos públicos ocorrem posteriormente ao surgimento de demandas sociais. Além disso, as políticas sociais estariam sempre pressionadas por questões fiscais relativas ao equilíbrio das contas públicas dos países (CORTEZ, 2008).

Uma das políticas sociais investidas pelo Estado de Bem-Estar Social é a educação. As políticas de educação providas pelos Estados de Bem-Estar apresentam como fundamento a questão da qualidade e da equidade. Sendo assim, os sistemas educacionais dos países estão em constante avaliação de desempenho. O tema da educação internacional será o próximo assunto deste trabalho.

2.3 EDUCAÇÃO

A educação é essencial para a criação da noção de identidade e liberdade, as descobertas dos pilares da cultura de uma sociedade reforçam o seu sentimento de solidariedade. Além disso, a educação deve também tornar os indivíduos mais conscientes de suas raízes, com a intenção de se situarem no mundo e de promoverem o respeito às outras culturas. A educação ajuda a sociedade a compreender os fluxos de informações sobre os

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fenômenos mundiais, pois somente com a posse do conhecimento é que a sociedade pode realizar uma análise crítica das informações políticas, econômicas e sociais transmitidas pelos meios de comunicação (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA, 1996).

Os sistemas educacionais necessitam de um constante monitoramento. Esta função é desenvolvida pelas Organizações Internacionais especializadas na área de educação internacional.

2.3.1 Organizações Internacionais e as Políticas de Avaliação da Educação

As teorias das relações internacionais apresentam as Organizações Internacionais como um dos atores do sistema, abordando um dos conceitos para essas instituições: “A Organização Internacional é uma entidade constituída pela vontade comum dos Estados, dotada de órgãos próprios investidos de uma certa permanência e encarregada de cumprir as funções de tipo internacional que lhe são atribuídas por ato constitutivo” (MAMIN apud STRENGER, 1998, p. 106).

As mais constantes discussões dos temas referentes à promulgação de normas e regras, a utilização de força militar e a implementação de programas de assistência ao desenvolvimento por parte dos Estados, dentro das Organizações Internacionais, tornam essas instituições atores centrais nas áreas da política internacional e da vida da sociedade mundial. A atuação das Organizações Internacionais é representada por uma relativa autonomia em relação aos seus Estados-Membros, visto que as Organizações Internacionais possuem uma própria personalidade jurídica, que é defendida pelo Direito Internacional Público (HERZ; HOFFMAN, 2004).

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada após a II Guerra Mundial com o objetivo de designar uma instituição internacional que apresentasse a capacidade de solucionar as disputas internacionais, manter a paz e evitar outros conflitos bélicos entre os Estados. O Sistema das Nações Unidas é uma ampla rede de agências e organizações especializadas em suas respectivas áreas de atuação, no qual essas instituições trabalham de forma coordenada com a ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2013).

Um dos Organismos Especializados que fazem parte do Sistema da ONU é a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), na qual se utiliza da educação como uma das principais formas do alcançar seus objetivos, que são: a contribuição para a construção da paz, a erradicação da pobreza e a promoção do

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desenvolvimento duradouro e intercultural do diálogo. A UNESCO adota a política de uma visão holística sobre a qualidade da educação mundial, defendendo o direito de todos ao acesso à educação e acreditando na crença de que a educação é fundamental para o desenvolvimento econômico e social. Uma das formas em que a UNESCO trabalha com o desenvolvimento da educação é por meio da realização do projeto Educação para Todos3 (EFA) (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA, 2011).

O relatório do programa Educação para Todos tem como principal objetivo a avaliação dos benefícios oferecidos pela educação para todas as crianças, jovens e adultos no mundo. Conseguir uma educação de qualidade é um desafio para as Nações, tendo em vista que um grande número de estudantes nos países ainda não adquiriu as competências básicas para ser tornar pessoa competitiva no mercado. O Projeto de Educação para Todos busca o compromisso dos governos em garantir o acesso, em especial – das crianças e dos jovens – aos programas de educação que promovem o bem-estar social. No ano de 2000, durante o Fórum Mundial de Educação em Dakar, Senegal, a comunidade internacional concordou com a realização de um plano de ação, que deveria proporcionar oportunidades de educação primária a todas as crianças. Também, entre outras medidas políticas, estariam o melhoramento da qualidade da infraestrutura educacional, a redução das disparidades de gênero no ensino e, por fim, a diminuição dos níveis de analfabetismo entre os adultos (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA, 2000).

Para que o programa de Educação para Todos se desenvolva de forma abrangente, a sociedade internacional acordou com seis metas de educação, que visam atender às necessidades de aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos até o ano de 2015.

Meta 1: Expandir e melhorar o cuidado e a educação primária, especialmente para as crianças mais vulneráveis e desfavorecidas;

Meta 2: Garantir que, até 2015, todas as crianças, especialmente meninas, crianças em circunstâncias difíceis e as pertencentes a minorias étnicas, tenham acesso e educação primária completa, gratuita e obrigatória de boa qualidade;

Meta 3: Assegurar que as necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos sejam satisfeitas mediante o acesso equitativo a programas de aprendizado e habilidades apropriadas;

Meta 4: Alcançar uma melhoria de 50 por cento nos níveis de alfabetização de adultos até 2015, especialmente para as mulheres, e acesso equitativo à educação básica e continuada para todos os adultos;

Meta 5: Eliminar as disparidades de gênero na educação primária e secundária até 2005 e alcançar a igualdade de gênero na educação até 2015, com foco em garantir o 3O projeto foi lançado em Jomtien, Tailândia, no ano de 1990, durante a Conferência Mundial sobre Educação.

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acesso pleno e equitativo de meninas e de realização na educação básica de boa qualidade;

Meta 6: Melhorar todos os aspectos da qualidade da educação e assegurar a excelência de todos, para que resultados de aprendizagem reconhecidos e mensuráveis sejam alcançados por todos, especialmente em alfabetização, cálculo e habilidades essenciais para a vida.4 (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA, 2000, p. 15-16, tradução nossa).

Além da UNESCO, outra Organização Internacional que se preocupa com avaliação da educação, principalmente dos países europeus, é a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O objetivo da criação dessa Instituição foi a busca para a promoção de políticas que melhorassem o bem-estar econômico e social. A OCDE é um fórum no qual os governos podem trabalhar juntos para compartilhar experiências e buscar soluções aos problemas mundiais comuns. A OCDE defende que os governos precisam estabelecer uma melhor regulamentação nos mercados e uma governança mais eficaz para poderem restaurar a confiança nas instituições e empresas que os compõem. Outra política aderida por essa Organização é a decisão de constituir metas nas quais os governos devessem restabelecer finanças públicas saudáveis, como base ao futuro crescimento econômico sustentável de seus respectivos países. Finalmente, a OCDE apoia a inovação voltada ao crescimento econômico. Para essa Organização, a garantia de que as pessoas de todas as idades possam desenvolver as habilidades para trabalhar de forma produtiva é fundamental para o desenvolvimento. O Secretariado da Organização é composto de cerca de 2.500 funcionários, que apoiam as atividades das Comissões e realizam o trabalho em resposta às prioridades decididas pelo seu Conselho (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2013).

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos, elaborado pela OCDE, contribui para a mensuração do nível de educação internacional. Os testes são aplicados aos estudantes com quinze anos idade, justamente durante o período em que estes completam o

4Goal 1: Expanding and improving comprehensive early childhood care and education, especially for the most vulnerable and disadvantaged children;

Goal 2: Ensuring that by 2015 all children particularly girls, children in difficult circumstances and those belonging to ethnic minorities, have access to and complete free and compulsory primary education of good quality;

Goal 3: Ensuring that the learning needs of all young people and adults are met through equitable access to appropriate learning and life skills programmes;

Goal 4: Achieving a 50 per cent improvement in levels of adult literacy by 2015, especially for women, and equitable access to basic and continuing education for all adults;

Goal 5: Eliminating gender disparities in primary and secondary education by 2005, and achieving gender equality in education by 2015, with a focus on ensuring girls’ full and equal access to and achievement in basic education of good quality;

Goal 6: Improving every aspect of the quality of education, and ensuring their excellence so that recognized and measurable learning outcomes are achieved by all, especially in literacy, numeracy and essential life skills.

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ensino fundamental. As avaliações do PISA acontecem a cada três anos, e os testes do programa são divididos em três áreas de conhecimento: Leitura, Matemática e Ciências. Após a coleta dos dados obtidos, o PISA tem como objetivo produzir indicadores que colaborem para a discussão da qualidade da educação dos países participantes do programa, de modo que a comunidade internacional possa propor melhorias sobre as políticas de educação. Os resultados desse estudo são utilizados pelos governos dos países envolvidos, como forma de definir as estruturas das políticas educacionais, de modo a atingir os objetivos propostos à formação dos jovens (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOVIMENTO ECONÔMICO, 2001).

A análise do Programa Internacional de Avaliação de Alunos será aprofundada posteriormente, quando também serão apresentados os resultados obtidos pela Finlândia, país-foco deste trabalho. A análise dos dados se compromete a comprovar que esse país nórdico possui o melhor sistema de educação mundial.

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3 HISTÓRIA E CULTURA FINLANDESA

Os grandes fatos históricos que mudaram a trajetória da humanidade e que ainda fazem parte da rotina do ser humano nos obrigam a refletir sobre eles. A Historiografia apresenta um papel relevante para a sociedade contemporânea, pois é por meio da história que o planejamento das ações no presente e no futuro se torna possível (CAVALCANTI, 2011).

Este primeiro capítulo de desenvolvimento mostrará a história da Finlândia em três períodos. Primeiro, descreverá a formação do domínio Sueco na região nórdica; em seguida, explicará o período de influência russa sobre o território finlandês. Por fim, mostrará o processo de independência finlandês e os principais fatos históricos da República da Finlândia. A segunda parte deste capítulo será sobre a cultura finlandesa, analisando como a cultura desse povo transformou o modelo de educação desta nação.

3.1 DOMÍNIO SUECO

Desde o período medieval até o final do século XIX, a Suécia controlou a maior parte das porções central e ocidental da Finlândia, sendo assim, o domínio sueco sobre o território atual finlandês durou mais de 650 anos. Devido à proximidade territorial, a Finlândia era ponto natural de parada entre as rotas comerciais suecas com a Rússia, com o Mar Negro e também com o mundo árabe. Com o domínio da expansão marítima e territorial, os suecos eram a força influente da região nórdica. A Finlândia medieval, durante o século XVI, apresentava uma sociedade dividida em quatro classes: uma pequena nobreza sueca dominante, seguida pelo clero e pela burguesia e, por fim, na base da pirâmide encontravam-se os camponeencontravam-ses, os únicos que encontravam-se comunicavam pela língua finlandesa (PHILLIPS, 2008).

No ano de 1517, Martinho Lutero, líder religioso alemão e principal autor da Reforma Protestante, publicou a “Noventa e Cinco Teses sobre o Poder e Eficácia das Indulgências”, criticando os excessos e indulgências da Igreja Católica. No ano de 1527, o Rei sueco Gustaf Vasa5 introduziu o Protestantismo no Reino da Suécia. Sob esse reinado, a

Suécia ampliou o seu controle sobre a Finlândia, fundando cidades ao longo da costa sul; entre as principais, a atual capital finlandesa, Helsinki. Dentro do território finlandês, as reformas religiosas foram inspiradas por Petrus Särkilahti6 e Mikael Agricola7. 5Reinou a Suécia de 1523 a 1560.

6Primeiro estudante finlandês de Martinho Lutero. 7Clérigo finlandês e aluno de Petrus Särkilahti.

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Posteriormente, em 1548, Mikael Agricola traduziu o Novo Testamento para o finlandês, tornando-o um líder religioso, mas também sendo considerado o criador do finlandês escrito.

Gustaf Vasa evitou guerras e estendeu o alcance da Suécia à Finlândia e a outras áreas ao

redor do Mar Báltico. Porém este não foi o caso de seus sucessores. Durante os últimos três séculos de domínio sueco na Finlândia, mais de um quarto deste tempo foi vivido por conflitos com os demais Estados Bálticos (PHILLIPS, 2008).

A disputa por territórios assumiu grandes proporções, que levaram as grandes potências europeias ao conflito da Guerra dos Trinta Anos8, cujo cenário de guerra foi a Europa Central, no território compreendido pelo antigo Sacro Império Romano9. A geopolítica europeia visava a uma maior participação territorial, econômica e política por parte das nações. Como exemplos dessas disputas, é possível apresentar o seguinte panorama: a busca por parte da Espanha em se tornar uma potência hegemônica no continente europeu e, por outro lado, a França procurando desestabilizar a atuação e o poder da Casa de Habsburgo. A Inglaterra se preparava para uma futura dominação dos mares, enquanto a Dinamarca e a Suécia disputavam a hegemonia na região Báltica. O Império Otomano visava ao avanço em solo europeu, a fim de manter o controle e o comércio com o Oriente. Por fim, a Igreja Católica lutava pela reconquista do espaço perdido pela Reforma Protestante (BRANDÃO, 2012).

A Paz de Westfália, de 1648, pôs fim à Guerra dos Trinta Anos, consistiu na celebração do Tratado de Osnabrück, entre o Sacro Império Romano e a Suécia Protestante e também com o Tratado de Münster entre o Sacro Império Romano e a França Católica. Esses Tratados também proporcionaram a redemarcação das fronteiras políticas e de um precedente de ações de tolerância religiosa, estabelecendo uma nova ordem mundial de nações soberanas na Europa Ocidental (FLEWELLING, 2011).

Após a expansão territorial do Império Sueco por toda a região Báltica, o território da Rússia ficou sem fronteiras com o Mar Báltico. A Grande Guerra do Norte iniciou no ano de 1700, sendo uma guerra travada entre uma união composta pelo Império Russo, Reino da Dinamarca e Noruega; e a Polônia e Saxônia contra o Império Sueco. As razões desta guerra eram políticas, militares, econômicas e as posições geográficas desses Estados beligerantes. O território sueco foi invadido a oeste pelo Reino da Dinamarca e Noruega, e a leste pela Rússia, invadindo o território Finlandês. A guerra terminou no ano de 1721, com a derrota da Suécia e o fim deste Império. Os domínios suecos foram divididos entre os membros da

8Esta Guerra durou de 1618 a 1648. 9Atual território da Alemanha.

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Aliança, por meio dos Tratados de Estocolmo, em 1719, Tratado de Frederiksborg, em 1720 e o de Tratado de Nystad, em 1721 (BUSHKOVITCH, 2006).

Apesar das influências da Suécia na Finlândia, os resultados das guerras durante o século XVIII trouxeram um novo domínio externo aos finlandeses. A próxima seção deste capítulo mostrará a relação entre a Finlândia e a Rússia.

3.2 GRÃO-DUCADO RUSSO

Do ponto de vista estratégico, o território finlandês era de grande importância para o Império Russo, primeiramente pela proximidade com a cidade de São Petersburgo e também para impedir a entrada de navios inimigos no Golfo da Finlândia. Os motivos consistiam na possibilidade de, durante outras guerras, a Suécia ou até mesmo uma Finlândia independente aliando-se contra a Rússia, fornecesse o território finlandês como uma base de ataque (KLINGE, 1981).

Após o fim da guerra russo-sueca de 1808-1809, o Império Russo definitivamente conquistou a Finlândia e transformou o território em um Grão-Ducado Autônomo, no qual alguns assuntos administrativos eram de responsabilidade do Senado finlandês, criado após esta guerra. Embora a maioria dos habitantes do país falasse o idioma finlandês, o Grão-Ducado era liderado por uma elite de língua nativa sueca. Durante o início do século XIX, o ideal do nacionalismo se espalhou da Europa para a Finlândia. Os dois principais defensores do nacionalismo finlandês foram Adolf Ivar Arwidsson e Johan Vilhelm Snellman. Adolf foi o responsável pela seguinte declaração: “Nós não somos mais os suecos e não queremos ser russos, então nos deixem ser finlandeses". No ano de 1863, Johan convenceu o grão-duque russo de oficializar o idioma finlandês como língua-pátria (JENSEN-ERIKSEN, 2011).

O Grão-Ducado durou até 1917, durante a longa era russa as raízes do nacionalismo finlandês foram plantadas. A língua finlandesa tornou-se mais forte e havia uma crescente resistência ao idioma sueco. Em 1812, os russos mudaram a capital da Finlândia da cidade de Turku para Helsinki. Os russos, em um primeiro momento, apoiaram o movimento de nacionalismo finlandês, com o objetivo de remover as influências suecas na região. No entanto, no ano de 1899, o Czar Nicolau II emitiu uma nova política chamada de “O Manifesto de Fevereiro”, que amplia o domínio russo na Finlândia, tornando a região uma província russa, quebrando os compromissos do Czar Alexandre I em permitir que os finlandeses mantivessem sua própria constituição e tradições (PHILLIPS, 2008).

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A Revolução Russa, de março de 1917, fez com que a Finlândia voltasse a receber um status de autonomia. Com essas mudanças, os finlandeses passaram a adotar a ideia de uma possível independência da Rússia, em que os mais favoráveis à separação eram os esquerdistas e os pró-germânicos da burguesia. Após os acontecimentos da Revolução de Outubro, o Senado da Independência apresentou ao Parlamento a proposta de que a Finlândia deveria declarar-se como um novo Estado Soberano, na forma de República. Esta proposta de independência foi aprovada no dia 6 de dezembro de 1917 (KLINGE, 1981).

O nacionalismo foi fundamental para a independência da Terra dos Lagos. A Finlândia, como país independente, não possui um século de história. Os finlandeses, porém, participaram ativamente dos maiores acontecimentos do século XX. A seção do trabalho sobre principais eventos históricos da República da Finlândia relatará a guerra civil finlandesa, o período das Guerras Mundiais e a construção do Estado de Bem-Estar Social Finlandês.

3.3 REPÚBLICA DA FINLÂNDIA

A Guerra Civil finlandesa teve duração de janeiro a maio de 1918, com o combate entre as forças do grupo chamado “Vermelhos”, que recebia apoio da União Soviética, e as forças do grupo denominado “Brancos”, financiado pelo Império Alemão e formado por voluntários suecos. As forças conservadoras venceram o conflito civil. Com o fim da Primeira Guerra Mundial em novembro de 1918 e a derrota do Império Alemão, a Finlândia conseguiu se afastar da influência germânica e, finalmente, obteve a capacidade de representar uma república (JÄÄSKELÄINEN, 1999).

A Constituição de 1919, a primeira da República da Finlândia, promulgou a formação de novos partidos políticos e também declarou que os idiomas sueco e finlandês seriam ambos línguas nacionais e oficiais. No ano de 1920, a Finlândia aderiu à Liga das Nações, marcando o início da participação dos finlandeses, como um país independente nos assuntos mundiais. Pouco tempo depois, a industrialização começou a ser desenvolvida, a indústria madeireira liderou o crescimento econômico, auxiliando no equilíbrio econômico e fiscal do país. O governo finlandês também ampliou os investimentos de previdência e de proteção dos trabalhadores, dos idosos e das crianças, promovendo as políticas de bem-estar social (PHILLIPS, 2008).

Poucos dias da invasão alemã à Polônia, a qual originou o início da II Guerra Mundial, a Alemanha Nazista e a União Soviética assinaram o Pacto Ribbentrop-Molotov.

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Foi estabelecido então um Acordo mútuo de não agressão, que também continha uma divisão de áreas de influência entre esses dois Estados, na qual a União Soviética ficaria com supremacia sobre a Região Báltica e a Finlândia. Durante o outono daquele ano, e após a invasão nazista sobre o território polonês, a União Soviética influenciou a Finlândia a remarcar suas fronteiras 25 quilômetros a mais de distância da cidade de Leningrado10; em

troca, os finlandeses receberiam uma parte da região russa da Carélia. No entanto, o fracasso das negociações, juntamente com o aumento das tensões militares, fez com que a Finlândia fosse bombardeada pelos soviéticos no dia trinta de novembro daquele ano, 1939. Este confronto entre russos e finlandeses ficou conhecido como a Guerra de Inverno. As consequências principais deste conflito foram a remoção da União Soviética da Liga das Nações e também a oportunidade criada para a Alemanha Nazista de procurar um aliado fronteiriço que a ajudasse nas futuras invasões alemãs; isso seria possível devido ao sentimento antissoviético instalado na Finlândia (ABELEV, 2009).

Após a derrota finlandesa na Guerra de Inverno, Hitler aproximou as relações com a Finlândia, conseguindo assim a autorização para o envio de tropas alemãs para o território finlandês. O ataque alemão à União Soviética foi iniciado no dia 22 de junho de 1941; em resposta, os soviéticos atacaram os finlandeses. Este segundo confronto entre soviéticos e finlandeses recebeu o nome de Guerra de Continuação, em referência aos acontecimentos ocorridos na Guerra de Inverno. A batalha durou até o ano de 1944, com a assinatura do Armistício de Moscou e mais uma derrota para o país nórdico. Os resultados desta luta foram a legalização do Partido Comunista da Finlândia, a redemarcação das fronteiras entre os dois países, o pagamento de reparações de guerra e, por fim, a expulsão do exército alemão do território finlandês, pela Finlândia. Como consequência, finlandeses e alemães se confrontaram na Guerra da Lapônia, no norte do país. A Finlândia consagrou-se vitoriosa, recuando as tropas nazistas para a Noruega, no ano de 1945 (PHILLIPS, 2008).

Durante os primeiros anos após o fim da Segunda Guerra, a Finlândia apresentava uma política exterior, cujo objetivo era permanecer fora dos conflitos entre as grandes potências, a União Soviética e os Estados Unidos. Outro fundamento da política finlandesa foi o estreitamento da cooperação política e econômica com os outros países nórdicos, especialmente após a anexação dos Estados Bálticos por parte da União Soviética. Esta união foi responsável pela a criação do Conselho Nórdico, um órgão interparlamentar de cooperação, sobretudo nas áreas de administração, social e cultural (KLINGE, 1981).

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