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Superior Tribunal de Justiça

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 8.267 - EX (2013/0069174-1)

RELATOR : MINISTRO ARI PARGENDLER

REQUERENTE : V L R

ADVOGADO : MARIANA LIMA DE CARVALHO E OUTRO(S) REQUERIDO : V D K R

ADVOGADOS : RODOLFO KERKHOFF

JALILA MASCHIO E OUTRO(S) EMENTA

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. DIVÓRCIO. CONTESTAÇÃO. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO. FUNDAMENTOS DA SENTENÇA.

O domicílio das partes nos Estados Unidos da América define a competência das autoridades judiciárias daquele país e a conseqüente aplicação da respectiva legislação (art. 7º,

caput , da LINDB).

Quem na ação originária é autor dela não precisa ser citado, sendo, portanto, absurda a nulidade invocada.

Questionamento acerca dos alimentos fixados e da ausência de fundamentação da sentença que desbordam do mero juízo de delibação, não cabendo ao Superior Tribunal de Justiça o exame de matéria pertinente ao mérito, salvo para, dentro de estreitos limites, verificar eventual ofensa à ordem pública e à soberania nacional, o que não é o caso.

Sentença homologada.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da CORTE ESPECIAL do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, deferir o pedido de homologação de sentença estrangeira nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Gilson Dipp, Eliana Calmon, Francisco Falcão, Nancy Andrighi, João Otávio

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Superior Tribunal de Justiça

Relator

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Superior Tribunal de Justiça

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 8.267 - US (2013/0069174-1)

RELATÓRIO

EXMO. SR. MINISTRO ARI PARGENDLER (Relator):

V. L. R., brasileira, qualificada na inicial, requer a homologação de sentença estrangeira de divórcio contra V. D. K. R., brasileiro (e-stj, fl. 1/5).

A sentença homologanda foi proferida pelo Tribunal do Vigésimo Circuito Judicial do Condado de Lee, Flórida, Estados Unidos da América, em 6 de setembro de 2007 (e-stj, fl. 14/16).

Citado, o requerido apresentou contestação (e-stj, fl. 112/120), alegando ofensa à ordem pública em razão da falta de citação válida no processo de divórcio, da ausência de fundamentação da sentença e da condenação em alimentos retroativos à data do ajuizamento da ação.

A teor da resposta, in verbis:

"(...) como devidamente comprovado pela documentação anexa, bem como pela própria argumentação exposta pela parte Requerente, o Requerido havia ingressado com pedido de divórcio naquele juízo alienígena, no entanto, como acabou retornando para o Brasil em 20/03/2007, a referida ação não obteve sucesso.

Ocorre que, sabedora do seu retorno para o Brasil, assim como do seu endereço nesta nação, a Requerida (sic), munida de má-fé, ingressou com pedido próprio de Divórcio o qual teve seguimento sem citação válida e presença do Requerido, resultando na sentença que se pretende homologar.

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Superior Tribunal de Justiça

Brasileira, porquanto não preenche, dentre outros, o requisito, tido como essencial no direito processual pátrio, da sua fundamentação, requisito expresso no artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, onde se lê: 'todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade...".

...

Outrossim, a decisão ora comentada peca pela falta de coerência lógico-jurídica, entre a pretendida motivação e o dispositivo.

De mais a mais, o julgador norte-americano ignorou inúmeras questões de fato, essenciais à solução do caso concreto, ou seja, qualquer ponto de dúvida que surge no processo, competindo ao juiz resolve-la, antes de decidir a questão final, pertinente ao próprio mérito da causa. A insuficiência de fundamentação atenta aos preceitos legais e constitucionais, constituindo matéria de ordem pública e, de tão relevante, prescinde de alegação da parte. Logo, a referida sentença é nula, também por não ter procedido à análise das profundas questões de fato, indispensáveis ao deslinde da causa" (e-stj, fl. 113/115).

Em réplica, a requerente alegou que "válida é a decisão

proferida, tendo o requerido sido revel, e tendo abandonado uma ação inicialmente proposta por ele mesmo, o que demonstra pleno consentimento no rompimento, preenchidos assim todos os requisitos para a homologação da decisão no Brasil" (e-stj,

fl. 163/169).

O Ministério Público Federal, na pessoa do Subprocurador-Geral da República Edson Oliveira de Almeida, opinou pelo deferimento do pedido (e-stj, fl. 175/178).

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SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 8.267 - US (2013/0069174-1)

VOTO

EXMO. SR. MINISTRO ARI PARGENDLER (Relator):

O pedido visa à homologação de uma sentença estrangeira de divórcio.

Constam dos autos os documentos necessários ao deferimento do pedido, a saber: a sentença homologanda, autenticada por autoridade consular brasileira (e-stj, fl. 12/13 e 19/52), a respectiva tradução (e-stj, fl. 14/16 e 77/98) e a comprovação do trânsito em julgado da decisão (e-stj, fl. 16).

Ainda que se trate de divórcio de brasileiros, o domicílio das partes, à época, justifica a competência da autoridade judiciária norte-americana, assim como a aplicação da legislação daquele país (art. 7º, caput , da LINDB).

Não há o que questionar, também, acerca da ausência de citação no processo de divórcio.

Como demonstram os documentos juntados aos autos (e-stj, fl. 12, 14 e 81), a ação foi proposta pelo próprio Requerido (Petitioner ) contra a Requerente (Respondent ) - e posteriormente abandonada por ele (e-stj, fl. 79).

De fato, consta do Relatório que acompanha a sentença que o processo em questão se refere ao "Julgamento de Petição de

Divórcio Ajuizada pelo Marido e Pedido Contraposto feito pela Mulher por Divórcio" (e-stj, fl. 81).

No entender do Ministério Público Federal, "não cabe

alegar que a requerente tenha ingressado com um novo pedido de divórcio. Verifica-se dos autos que o 'counter-petition (fls.

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Superior Tribunal de Justiça

Destarte, os pressupostos indispensáveis ao deferimento do pleito foram observados - a sentença foi proferida por autoridade competente e a pretensão não ofende a soberania nacional, a ordem pública nem os bons costumes (arts. 17 da LINDB e 5º e 6º da Resolução n. 9 de 2005, do STJ).

Voto, por isso, no sentido de deferir o pedido de homologação da sentença estrangeira de divórcio.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO CORTE ESPECIAL

Número Registro: 2013/0069174-1 PROCESSO ELETRÔNICO SEC 8.267 / US

Número Origem: 201200840152

PAUTA: 06/11/2013 JULGADO: 20/11/2013

SEGREDO DE JUSTIÇA Relator

Exmo. Sr. Ministro ARI PARGENDLER Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. ODIM BRANDÃO FERREIRA Secretária

Bela. VANIA MARIA SOARES ROCHA

AUTUAÇÃO

REQUERENTE : V L R

ADVOGADO : MARIANA LIMA DE CARVALHO E OUTRO(S)

REQUERIDO : V D K R

ADVOGADOS : RODOLFO KERKHOFF

JALILA MASCHIO E OUTRO(S) ASSUNTO: DIREITO INTERNACIONAL - Casamento e Divórcio

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Corte Especial, por unanimidade, deferiu o pedido de homologação de sentença estrangeira, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Os Srs. Ministros Gilson Dipp, Eliana Calmon, Francisco Falcão, Nancy Andrighi, João Otávio de Noronha, Arnaldo Esteves Lima, Humberto Martins, Maria Thereza de Assis Moura,

Referências

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