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O USO DE RECURSOS COMPUTACIONAIS PARA DAR SUPORTE AO ENSINO DE PESQUISA OPERACIONAL

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Academic year: 2021

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O USO DE RECURSOS COMPUTACIONAIS PARA DAR

SUPORTE AO ENSINO DE PESQUISA OPERACIONAL

Ricardo Villarroel Dávalos1 Universidade do Sul de Santa Catarina1 Campus Universitário – Grande Florianópolis Ponte Imaruim – 88130-000 – Palhoça - SC

e-mail: rdavalos@unisul.br

Resumo. A Pesquisa Operacional (PO) é utilizada em grande parte dos cursos de administração,

engenharia e informática, e seu ensino torna-se muito abrangente, sendo difícil para os professores

atingirem todos os itens nela considerados, de forma satisfatória. Da literatura existente, aquela

voltada para o ensino apresenta uma grande variedade de exemplos sendo alguns, porém,

desatualizados ou fora do novo perfil que vem sendo aplicado nos cursos, não fornecendo

suficiente suporte ao ensino de PO através do uso de recursos computacionais. O objetivo principal

deste artigo é avaliar algumas experiências para dar suporte ao ensino de PO na Universidade do

Sul de Santa Catarina - Unisul, baseadas no uso de recursos computacionais tais como planilhas

eletrônicas, linguagens de programação, pacotes específicos e pesquisas na internet. Além disso,

para verificar as melhorias alcançadas no ensino, serão comentadas algumas aplicações já

realizadas pelos alunos. As principais contribuições deste artigo estão ligadas ao uso adequado

destes recursos, tendo estas práticas apresentado bons resultados no ensino por considerar a

motivação e a participação efetiva dos alunos.

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1. INTRODUÇÃO

Um estudo típico de PO agrega em sua teoria quatro ciências fundamentais para o processo de análise e preparação de uma decisão: a economia, a matemática, a estatística e a informática. Existe uma grande variedade de aplicações em diferentes indústrias como, por exemplo, aviação e mísseis, automóveis, comunicações, computadores, energia elétrica, eletrônica, alimentos, metalúrgica, mineração, papel, petróleo, transporte, etc. As instituições financeiras e de negócios, as agências governamentais e os hospitais também vêm manifestando maior interesse na sua aplicação, sendo que possui como característica importante facilitar o processo de tomada de decisão racional em problemas complexos.

A PO é considerada como uma ciência aplicada cujo objetivo é a melhoria da performance em organizações, ou seja, em sistemas produtivos, recursos materiais, financeiros, humanos e ambientais (os chamados "meios de produção"). Trabalha através da formulação de modelos matemáticos a serem resolvidos com o auxílio de computadores, sendo feita em seguida a análise e a implementação das soluções obtidas. Desta forma, a técnica de solução é precedida pela modelagem e seus resultados estão sujeitos à análise de sensibilidade.

A modelagem tem muito de arte e exige o desenvolvimento de uma capacidade de interação com o problema, com seus agentes, com a escassez de recursos e com seu meio ambiente. O modelo matemático, que é uma simplificação, dificilmente pode levar em conta muitos aspectos não qualificáveis que aparecem no exame do problema e por isso a análise de sensibilidade deve ser realizada para avaliar o seu significado e a sua influência. Enfim, a implementação da decisão relata o contato com a realidade do problema e com o meio no qual ele se encontra inserido.

A aplicação da PO numa grande variedade de problemas táticos pode ser representada por problemas típicos. Desenvolveram-se técnicas para modelá-los e obter soluções a partir dos modelos. Alguns dos problemas típicos são: alocação, estoque, substituição ou reposição, filas de espera, seqüência e coordenação, determinação de rotas, situações de competição, busca de informação, etc.

Os modelos, dependendo de sua natureza, podem ser solucionados por métodos e técnicas matemáticas específicas. Algumas destas técnicas são: Programação Linear, Programação Dinâmica, Programação Inteira, Teoria dos Estoques, Teoria das Filas, Simulação, Teoria dos Jogos, Teoria dos Grafos, Planejamento com PERT/CPM, Análise de Risco, etc.

Quando se fala no ensino de PO a atenção se volta, principalmente, para a modelagem, solução e análise de problemas decisórios, sendo que um estudo de caso completo corresponde à realização de experimentos numéricos com modelos lógico-matemáticos. Estes experimentos envolvem geralmente grande volume de cálculos repetitivos, fazendo-se necessário o uso intensivo do computador. Também torna-fazendo-se necessário o emprego de um conjunto de fórmulas e técnicas matemáticas que, se não forem ilustradas de forma aplicada, corre-se o risco de que o alcance destas não seja compreendido pelos alunos.

A literatura voltada para o ensino de PO apresenta uma grande variedade de exemplos sem suficiente suporte de recursos computacionais. Se por um lado o uso de pacotes, com interfaces gráficas cada vez mais amigáveis, favorece o ensino quando aplicados de forma criteriosa, por outro, o uso destes, sem uma orientação teórica adequada, poderá prejudicar o alcance pretendido.

Este trabalho apresenta algumas experiências do ensino de PO na Unisul, baseadas no uso de recursos computacionais, tais como planilhas eletrônicas, linguagens de programação, pacotes específicos e pesquisas na

internet. Além disso, serão avaliadas as melhorias alcançadas no ensino mediante algumas aplicações já realizadas pelos

alunos.

2. O ENSINO DE PESQUISA OPERACIONAL

Educadores, pedagogos e psicólogos há tempos propõem novos paradigmas para o processo de ensino-aprendizagem. Os estudos de Papert e a Teoria das Múltiplas Inteligências, de Gardner, são dois importantes exemplos dessas mudanças. Nessa nova visão o professor deixa de ser o centro irradiador de conhecimento, passando o aluno a ser o centro de construção desse conhecimento.

Nos cursos de administração, engenharia e informática é comum o uso de práticas de laboratório e desenvolvimento de projetos como forma de complementação do conteúdo teórico. Essas práticas costumam apresentar bons resultados justamente por atenderem alguns princípios como motivação, participação e personalização. O emprego de recursos computacionais pode complementar algumas dessas práticas e possibilitar o atendimento dos requisitos e conceitos aqui apresentados no ensino de PO, onde os objetivos procurados são normalmente mais difíceis de ser atingidos pelos meios convencionais de ensino.

O ensino de PO deve dar ao estudante uma grande visão de modelagem, solução e análise de problemas decisórios a partir dos conhecimentos adquiridos nas disciplinas dos cursos, tais como Cálculo, Economia, Probabilidade e Estatística, Linguagens de Programação e aquelas que estão destinadas a dar a base teórica e aprofundamento dos problemas e sistemas típicos, abordados no ensino.

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Dependendo dos cursos, o seu ensino pode ser dado em uma disciplina que considera uma introdução básica ou também pode ser lecionada em até três disciplinas, sendo que seu conteúdo está baseado em exemplos e estudos de caso adequados com o perfil empreendedor e inovador dos cursos, fazendo uso intensivo de recursos computacionais.

Os planos de ensino propostos nos cursos onde é ministrado PO apresentam uma metodologia que está definida por aulas expositivas, seminários, trabalhos de pesquisa, exercícios teóricos e práticos, assim como o atendimento paralelo aos alunos.

O conteúdo programático geral do ensino da PO nos diferentes cursos é definido conforme o projeto pedagógico da Universidade, onde são consideradas as necessidades de atualização, boa formação teórico-acadêmica e evolução gradual para enfoques aplicados e específicos, conduzindo naturalmente ao estabelecimento dos seguintes Blocos:

Base teórica

Os tópicos apresentados a seguir têm por objetivo proporcionar ao aluno uma revisão de conceitos gerais adequados para o curso.

- Conceitos básicos; - Formulação de Problemas; - Construção de Modelos;

- Principais técnicas matemáticas e métodos; - Obtenção de soluções a partir de modelos e - Análise de sensibilidade.

Neste Bloco é dada grande importância à teoria e à utilização dos princípios na aplicação prática de sistemas reais.

Uso de recursos computacionais

Este Bloco tem por objetivo dar ao aluno uma visão geral sobre o uso de recursos computacionais utilizados na PO e à aplicação mais criteriosa dos conceitos estudados no Bloco anterior. A seguir são apresentados os principais tópicos abordados.

- Uso de Planilhas Eletrônicas;

- Implementação de modelos mediante linguagens de programação (Delphi e Pascal); - Utilização de pacotes específicos;

- Uso de programas desenvolvidos pelo professor e pelos alunos e - Utilização de outros recursos computacionais disponíveis na internet.

Mediante o estudo de caso de vários exemplos adequados para os cursos, aplica-se aqui o uso de recursos computacionais para dar suporte ao ensino de PO.

Aplicações reais e pesquisas

Este Bloco apresenta a seguir um estudo das aplicações da PO que se vem realizando em sistemas reais e a forma de como implementar sistemas com características reais nos pacotes.

- Pesquisa de aplicações de sistemas reais; - Experiências relatadas pelo professor; - Visitas técnicas realizadas às empresas e

- Projeto de implementação de um sistema com características reais nos pacotes estabelecidos.

Neste último Bloco, a participação do aluno é importante e o projeto final é criteriosamente orientado pelo professor. São verificadas as habilidades de modelagem e análise de problemas decisórios.

Conforme descrito anteriormente nos três Blocos, a PO é lecionada nos diferentes cursos da Unisul. Nos itens 3., 4. e 5. apresenta-se o uso de recursos computacionais utilizados no ensino da Programação Linear, Simulação e Planejamento com PERT/CPM,respectivamente. Dado que o ensino da Teoria dos Estoques, Grafos, Jogos, Risco, etc. depende especificamente de alguns cursos, este trabalho se limita a comentar as experiências de ensino das técnicas lecionadas em comum, para os cursos em consideração, ou seja, administração, engenharia e informática.

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3. RECURSOS COMPUTACIONAIS UTILIZADOS NO ENSINO DE PROGRAMAÇÃO LINEAR O ensino de Programação Linear na Unisul está baseado na modelagem e solução de problemas e o uso dos recursos computacionais para dar suporte ao seu ensino é basicamente definido pela utilização de planilhas eletrônicas, linguagens de programação, pacotes específicos e pesquisas na internet.

A Fig. 3.1 ilustra a solução gráfica de Problemas de Programação Linear (PPL) via planilhas eletrônicas. As restrições inicialmente são consideradas como equações e a estas são atribuídos conjuntos de valores positivos, para logo representar estas equações num gráfico. A seguir é colorida a área do domínio de soluções limitado pelas restrições originais do problema e a seguir são medidos os principais pontos para, posteriormente, dar solução ao problema.

Figura 3.1 Solução gráfica via planilhas

eletrônicas

O procedimento de solução gráfica via planilhas eletrônicas é muito simples de implementar e este se torna um importante exercício para apoiar a compreensão do problema a ser resolvido. Neste sentido, também é recomendado que pelo menos um problema seja solucionado manualmente.

Os aplicativos utilizados para dar solução ao PPL podem ser vistos como a conjunção de dois softwares, distintos um do outro, mas complementares nas suas funções. A seguir são apresentadas as características principais destes programas:

• No primeiro, a interface tem a função básica de gerar a matriz que representa o PPL, a partir de um formato que dependerá da implementação, podendo ser uma linguagem de modelagem algébrica, planilha eletrônica, etc. As interfaces possuem instrumentos para preparação de dados, análises de resultados, alteração e preparação de modelos.

• O segundo recebe como dado a matriz que representa o PPL com suas restrições e função objetivo, aplica métodos de otimização (Simplex, Dual Simplex, Simplex Revisado, etc.), retornando os valores ótimos das variáveis.

No ensino de Programação Linear são utilizados aplicativos com interfaces baseadas em planilhas eletrônicas (SOLVER) e em linguagens de modelagem algébricas (LINDO). O uso de planilhas não exige o conhecimento de álgebra, cálculo ou mesmo de uma notação matemática tradicional e o uso de linguagens de modelagem algébricas é familiar aos alunos, que têm bom conhecimento de matemática.

A Fig. 3.2 (a) ilustra a solução de um problema de transportes através do programa SOLVER que utiliza, como entrada de dados, a planilha eletrônica EXCEL. As principais vantagens apresentadas são a facilidade de compreensão sem exigir o conhecimento de uma linguagem de programação específica, facilidade de alterar e incluir características ao modelo, e facilidade de importação e exportação de dados.

A Fig. 3.2 (b) ilustra a solução de um PPL através do programa LINDO. Este programa é de fácil compreensão e pode apresentar em detalhe algumas características relevantes da solução do problema. Apresenta dificuldades para a inclusão de características ao problema e, também, dificuldades de importação e exportação de dados.

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Figura 3.2 (a) e (b) Solução do PPL via SOLVER e LINDO

É importante enfatizar que os programas LINDO e SOLVER não são utilizados apenas para encontrar resultados, sendo que o uso de recursos neles contidos favorece a interpretação adequada dos resultados, modificação da solução pela alteração de alguns dados do problema (Análise de Sensibilidade) e verificação de sua abrangência.

A Fig. 3.3 apresenta um programa elaborado pelo professor e pelos alunos que tem como objetivo dar uma solução iterativa ao PPL, através do Método Simplex. O uso deste recurso computacional serve de base para aprimorar o entendimento do processo de solução.

Figura 3.3 Programa de Apoio ao Ensino do

Método Simplex

É importante pesquisar na internet aplicações que se vem realizando em diferentes sistemas e países, assim como a existência de outros programas disponíveis. Recomenda-se realizar debates críticos destas pesquisas para tornar o aprendizado mais inovador e mais adequado aos objetivos do curso. Isto pode implicar uma maior motivação dos alunos no uso de outros pacotes tais como MATLAB, WATH’s BEST!, etc., também em conhecer outras aplicações da Programação Linear como a Análise Envoltória de Dados (DEA) e sua implementação nos aplicativos existentes mediante o uso de linguagens de programação (VBA, Fortran, C++, etc.).

4. RECURSOS COMPUTACIONAIS UTILIZADOS NO ENSINO DE SIMULAÇÃO

O uso dos recursos computacionais para dar suporte ao ensino de simulação de sistemas na Unisul é basicamente definido pela utilização de planilhas eletrônicas, linguagens de programação, pacotes de simulação e pesquisas na internet, conforme detalhado em VILLARROEL DÁVALOS [12].

A aplicação de planilhas eletrônicas em modelos com um e dois servidores em série e paralelo e em estudos preliminares de estoques estabelecem um melhor entendimento dos conceitos básicos de simulação. A facilidade de uso deste recurso proporciona maior participação dos alunos até a constatação das dificuldades de construção e alteração de lógicas mais detalhadas, as quais são contornadas pelo uso de linguagens de programação.

Devido a sua interface gráfica, recursos de animação e a facilidade de modelagem de sistemas, o uso de pacotes específicos de simulação se traduz numa maior motivação dos alunos em aprender e aplicar esta ferramenta em sistemas que são estudados no curso. No ensino de simulação discreta apresenta-se uma introdução à linguagem de simulação Arena, podendo ser amplamente empregada para a modelagem, programação e simulação dos diversos exemplos, exercícios e estudos de casos propostos.

5. RECURSOS COMPUTACIONAIS UTILIZADOS NO ENSINO DE PLANEJAMENTO COM PERT/CPM

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Os métodos de Planejamento de Projetos podem ser considerados como ferramentas da PO, sendo que os mais importantes são o PERT (Técnica de avaliação e controle de programas) e CPM (Caminho Crítico).

A aplicação do método PERT, quando existem aspectos probabilísticos, e do método CPM, quando existem aspectos determinísticos, tornou-se conhecida com a sigla PERT/CPM, sendo esta técnica possível de ser empregada para várias finalidades, tais como lançamento de um novo produto, construção de um prédio, implantação de um programa de qualidade, etc.

O ensino de Planejamento de Projetos na Unisul está baseado no estudo da técnica PERT/CPM e inicialmente são dados conceitos básicos relativos a Teoria de Grafos. Definem-se os grafos direcionados, arcos, vértices, predecessores, sucessores, caminhos, árvore, rede e caminhos.

Dá-se o nome de Rede de Planejamento ou Redes PERT/CPM à representação gráfica de um programa (conjunto de tarefas, duração, suas interdependências e prazos), na qual se apresenta a seqüência lógica do planejamento visando um objetivo.

Constrói-se uma rede usando um exemplo adequado para o curso e são discutidos os princípios de uma administração de projetos, tais como previsão, organização, execução, coordenação e controle. Também é importante responder questões como: quais os objetivos do projeto e quais são os resultados finais esperados.

O que se deseja num planejamento é uma estrutura lógica de tarefas a serem executadas, suas interdependências e suas durações normais de tempo, possibilitando saber qual a duração mínima da execução total planejada e, com relação a cada tarefa, qual a data mais apropriada para iniciá-la e conclui-la.

Depois de compreendido o alcance do Planejamento de Projetos mediante um estudo de caso manual é utilizado o programa MICROSOFT PROJECT 98 para efetuar o planejamento de exemplos mais completos. Assim, por exemplo, a Fig. 5.1 ilustra o gráfico de Gantt, que apresenta as durações das várias tarefas previstas e também ilustra o gráfico PERT permitindo aos alunos concentrar-se mais facilmente nas implicações dos vínculos entre as tarefas.

Figura 5.1 Gráfico de Gantt e PERT

Note-se que na Fig. 5.1 os relacionamentos entre tarefas são apresentados como linhas vermelhas e pretas. As linhas vermelhas apresentam relacionamentos de caminho crítico (tarefas que devem ser consideradas dentro do prazo, para manter a agenda do projeto) e as linhas pretas representam os relacionamentos de caminho não crítico (tarefas com margem de atraso e podem ser concluídas após sua data de término).

A interface do MICROSOFT PROJECT 98 facilita a aplicação e o entendimento dos exercícios propostos e apresenta um tutorial de demonstração, de conceitos básicos e uso do programa, tornando este aplicativo fácil de ser utilizado.

O ensino de Planejamento de Projetos produziu resultados animadores, sendo que os alunos vêm realizando aplicações em diferentes lugares e com os mais diversos fins. Também se tem constatado a necessidade de planejar e controlar os empreendimentos, seguindo técnicas apropriadas.

6. APLICAÇÕES REALIZADAS

Como trabalho final da disciplina os alunos apresentam um projeto de implementação de um sistema com características reais, num dos aplicativos comentados anteriormente, onde o objetivo é aplicar os conhecimentos adquiridos na disciplina e propor algumas alternativas para uma melhoria do desempenho do sistema a ser aplicado. Considerando a abrangência das técnicas comentadas nos itens 3., 4. e 5., são mencionados apenas, abaixo, nos próximos parágrafos, alguns trabalhos desenvolvidos pelos alunos.

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Tubarão, nos trevos Humaitá, Morretes e Acesso Sul. Os veículos, na sua maioria, têm duas procedências: Porto Alegre e Florianópolis. O objetivo é verificar qual dos acessos possui maior tráfego, detalhado na Ref. [12].

Existem outros trabalhos baseados em simulação que na atualidade servem de base para estudos que se vêm realizando em Indústrias Cerâmicas, Sistemas Help Desk e Sistemas de Transporte Coletivo. A Fig. 6.1 apresenta um modelo de simulação do processo de produção de azulejos, aplicado à Indústria Cerâmica Portinari, do Grupo Cecrisa. O objetivo deste trabalho foi verificar um programa de manutenção preventiva das máquinas e equipamentos que intervêm neste processo, visando incrementar a capacidade de produção anual destes produtos, detalhado em BORGES

et al. [2].

Figura 6.1 Modelo de Simulação do Processo de Produção de Azulejos

Como aplicações da Programação Linear foram apresentados modelos de planejamento de uma indústria têxtil, onde os tecidos de algodão (não acabados) comprados são submetidos a uma série de operações (preparação, tinturaria e acabamento), a fim de obter tecidos de diversas cores, brilhos, texturas, padrões e, ainda, acabamentos especiais. Considerando a capacidade produtiva horária, a margem bruta total das vendas de cada tecido é maximizada. Apresentou-se também um modelo de planejamento agrícola em nível microeconômico, isto é, da unidade de produção. O problema consiste em considerar recursos escassos, tais como superfície arável, mão-de-obra, água, etc., à produção de diversos bens, de modo a maximizar o resultado de exploração. Consideram-se estudos técnicos e economicamente viáveis para a região das atividades vegetais (culturas) e atividades relacionadas com animais (criação de novilhos para produção de carne).

Existem outros trabalhos de aplicação da Programação Linear, onde são apresentadas propostas para modelar os indicadores da saúde através de uma Análise Envoltória de Dados (DEA). Comparam-se as condições de saúde encontradas nas 20 Microrregiões de Saúde do Estado de Santa Catarina e constitui-se uma ferramenta de apoio às decisões em relação a investimentos sociais. A avaliação dos indicadores é desenvolvida através da análise da produtividade em saúde, nas diferentes Microrregiões. Os índices gerados pelo modelo permitirão elaborar uma análise da situação da saúde nos diferentes setores avaliados. Entende-se como produtividade numa Microrregião a razão entre o que gera em produtos e o que consome para termos apropriados. Como insumos, são considerados a rede hospitalar, rede ambulatorial, recursos e, como produtos, a produção ambulatorial e as intervenções hospitalares. O objetivo é fornecer subsídios aos órgãos da saúde para contribuir com o processo de planejamento e avaliação do setor. A Fig. 6.2 apresenta o mapa colorido geral com as Microrregiões de Saúde divididas em eficientes e ineficientes (verde para as Microrregiões eficientes e vermelho para as ineficientes), conforme os resultados gerados pelo modelo, detalhado em MAGAJEWSKI et al. [5] e VILLARROEL DÁVALOS [11].

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Figura 6.2 Mapa Colorido das Microrregiões Catarinenses

O método PERT/CPM foi aplicado ao planejamento de diferentes projetos considerando várias finalidades, tais como lançamento de um novo produto, construção de um prédio, implantação de um programa de qualidade, etc. A Fig. 6.3 apresenta a implementação e lançamento de um pacote computacional que considera as atividades de desenvolvimento lógico, implementação do banco de dados, estudos ergonômicos da interface, utilização via internet e intranet, elaboração de manuais, publicidade, documentação, etc.

Figura 6.3 Gráfico de Gantt e PERT Aplicados à

Produção de um Software

Os dados utilizados em todos os trabalhos comentados neste item foram coletados via telefone, fax, manualmente, através de visitas às instalações e pesquisas na internet. É importante realizar este contato para motivar os alunos com aplicações de problemas reais, sendo que a participação das equipes nestes trabalhos é grande, desde a obtenção dos dados até a implementação do modelo.

As melhorias alcançadas no ensino de PO na Unisul podem ser verificadas mediante a evolução paulatina dos trabalhos finais, sendo que estes apresentam um aprimoramento no uso dos conceitos, de desenvolvimentos lógicos e do detalhamento das partes envolvidas no desempenho do sistema.

7. CONCLUSÕES

Considerando a natureza abrangente e multidisciplinar da PO, seu ensino se torna obrigatório para os cursos de administração, engenharia e informática da Unisul e, de forma geral, o conteúdo básico abordado considera o estudo da Programação Linear, Simulação de Sistemas e Planejamento com PERT/CPM.

Este trabalho apresentou algumas experiências realizadas no ensino de PO, a partir do conteúdo programático definido no projeto pedagógico da Universidade e explicado no item 2., mediante os três Blocos apresentados. Procurou-se, através do conteúdo dado, atingir objetivos concretos, pois permite considerar desde aspectos básicos até

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processo de aprendizagem. Essas práticas apresentaram bons resultados justamente por atenderem princípios como motivação, participação e personalização. O emprego destes recursos computacionais possibilitou o atendimento das práticas de laboratório e desenvolvimento de projetos, como forma de complementação do conteúdo teórico, sendo estes, normalmente, mais difíceis de serem atingidos pelos meios convencionais de ensino.

A aplicação de planilhas eletrônicas estabelece um melhor entendimento dos conceitos básicos relacionados com a PO. A facilidade de uso deste recurso proporciona maior participação dos alunos. O uso de linguagens de programação ajuda à aplicação de soluções iterativas e podem complementar a utilização das planilhas.

Devido a sua interface gráfica, recursos de animação e a facilidade de modelagem de sistemas, o uso de pacotes específicos de PO se traduz em maior motivação dos alunos em aprender e aplicar esta ferramenta em sistemas que são estudados nos diferentes cursos. O bom uso destes recursos depende da experiência do professor e da fundamentação teórica ministrada. Recomenda-se desenvolver habilidades de modelagem e análise de problemas decisórios com apoio de recursos computacionais.

É importante realizar visitas técnicas a instalações industriais e mostrar as aplicações reais que se vêm realizando. Também o uso de uma apostila elaborada pelo professor com orientação para o curso, pode produzir um melhor entendimento do alcance pretendido com a(s) disciplina(s) de PO. Além disso, para poder atingir satisfatoriamente a finalidade do trabalho final, é importante realizar uma orientação criteriosa e motivar a apresentação de pesquisas relativas a sua aplicação.

O emprego dos recursos computacionais propostos verifica as melhorias alcançadas no ensino, pois as aplicações relatadas no item anterior servem atualmente para estudos e pesquisas em desenvolvimento na Unisul. Através destas aplicações pode-se notar a complexidade e abrangência dos trabalhos, sendo que estes modelos apresentaram muitas simplificações. Os alunos têm percebido estas simplificações e se encontram motivados para apresentar o modelo aperfeiçoado em Congressos de Iniciação Científica, publicações internas da Universidade e nas indústrias aplicadas que têm demonstrado interesse pelos estudos.

Considerando que a PO é ministrada em vários cursos e seu ensino torna-se muito abrangente, sendo difícil para os professores atingirem todos os tópicos nela considerados de forma satisfatória, propõe-se e recomenda-se aqui levar a cabo discussões com o objetivo de rever a forma de como deve ser lecionada nos diferentes cursos, com base nas experiências aqui relatadas.

8. REFERÊNCIAS

[1] BARNETT, R. A.; ZIEGLER, M. R. Applied Calculus with Linear Programming for Business, Economics, Life Sciences and Social Sciences. New York, College Mathematics Series, 1995.

[2] BORGES, C.; COSTA, M. Um modelo de simulação do uma Indústria Cerâmica. Tubarão: Unisul, 2000, 124 p. (Projeto de Conclusão de Curso).

[3] DOUCETTE, M. Microsoft Project 98, Rio de Janeiro, Editora Campus, 1998.

[4] KELTON, D.; SADOWSKI, D. A.; SADOWSKI, R. P. Simulation with ARENA. New York, McGraw-Hill, 1998.

[5] MAGAJEWSKI, F. R. L.; VILLARROEL DÁVALOS, R. Avaliação dos indicadores de qualidade de vida no Estado de Santa Catarina mediante o uso de informações epidemiológicas. XXXI SBPO – Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional, Juiz de Fora - MG, Outubro de 1999.

[6] PRADO, S. H. Programação Linear, Editora Belo Horizonte, Ed. de Desenvolvimento Gerencial, 1999. [7] PRADO, D. Usando o ARENA em Simulação. Belo Horizonte, Ed. de Desenvolvimento Gerencial, 1999. [8] RAO, S. S.; Optimization: Theory and Practice. New York, 3. ed., John Willey & Sons, 1996.

[9] SOFER, A.; NASH, S. G. Linear and Non Linear Programming. New York, McGraw – Hill (Series in Industrial Engineering and Management Science), 1996.

[10] VASCONCELO, J. A.; Programação Linear com Aplicações em Microcomputador. São Paulo, Editora Ciência Moderna, 1999.

[11] VILLARROEL DÁVALOS, R.; TCHOLAKIAN, A. M.; MAGAJEWSKI, F. R. L; SCHLICKMANN, T. J. Uma proposta para modelar os indicadores da saúde através de uma análise envoltória de dados. XXXI SBPO – Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional, Juiz de Fora - MG, Outubro de 1999.

[12] VILLARROEL DÁVALOS, R. Uso de recursos computacionais para dar suporte ao ensino de simulação de sistemas XXVIII Congresso Brasileiro de Ensino e Engenharia – COBENGE 2000, Ouro Preto - MG, Outubro de 2000.

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