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ESPAÇOS E TEMPOS NA ESCOLA BELCHIOR

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Academic year: 2021

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ESPAÇOS E TEMPOS NA ESCOLA BELCHIOR

Giana da Costa (E.E.B.Belchior) educabelchior@gmail.com

INTRODUÇÃO

Sair da rotina é quase sempre um problema, procurar formas diferentes de motivar a aprendizagem ou de avaliar uma criança, nem sempre é bem aceita, uma vez que exige uma mudança não só de atitudes, mas também de toda a estrutura curricular do ensino. É preciso procurar formas diferentes de organizar o tempo e o espaço escolares.

A primeira tarefa que se impõe àqueles que aceitam esse desafio, é abandonar os parâmetros que dificultam a criatividade e elaborar outros, que libertem e desinibam o aluno em vez de o aprisionarem no sistema. É necessário deixar de viver o tempo escolar apenas na sua dimensão do trabalho e passar a vivê-lo mais na dimensão criativa. Na 1ª reunião pedagógica deste ano, fevereiro de 2012, a equipe gestora com o grupo de professores, decidiu planejar semanalmente os espaços utilizados com as crianças na Escola de Educação Básica Belchior, localizada no Bairro Belchior Central, em Gaspar. Combinamos que cada turma, durante este ano, deveria ter aulas em três espaços diferentes que não fossem a sala de aula e meio período de um turno de aula sem carteiras na sala de aula. Nosso objetivo com este planejamento é variar os espaços utilizados na escola, utilizar estratégias diversificadas para que as crianças se sintam motivadas nas aulas e estas se tornem dinâmicas, prazerosas e que dispertem a criatividade. Desmistificando a rotina diária, explorando mais os espaços externos.

Todas as turmas da escola (educação infantil ao 5o ano) estão envolvidas neste planejamento semanal. Adotamos um quadro onde os professores reservam os espaços que utilizarão na semana, dia e horário, para que não sejam surpreendidos com outra turma utilizando o mesmo espaço. A turma do 3o ano planeja os tempos e espaços também em cantos na sala de aula. Geralmente, fazem circuitos com propostas diferentes em cada canto.

Para que se construa uma nova relação com o tempo e espaço escolar, é preciso haver um grande esforço de todos quantos fazem parte do processo de ensino / aprendizagem.

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Esse esforço, para as crianças será traduzido na possibilidade de uma aprendizagem que faça sentido, que não esteja dissociada das suas vidas e que vá ao encontro dos seus desejos, além de uma vida escolar agradável.

Para os professores, representará a possibilidade de autonomia diante do seu trabalho, de sua vida profissional. Mostrará acima de tudo, a possibilidade de haver uma relação entre os diferentes atores de uma mesma realidade e, ainda mais, nos facilitará a criação de condições que nos permitam contribuir para a formação de alunos críticos, atuantes, capazes de lutar pelos seus sonhos e pela construção de uma sociedade melhor.

Neste artigo organizei os capítulos falando num primeiro momento baseada na teoria de Bakhtin, trazendo uma pequena reflexão sobre a relação tempo/espaço. Num segundo momento relaciono o tempo/espaço conforme apresentado na Proposta Curricular do Município de Gaspar. Apresento algumas conclusões que o grupo já obteve no decorrer desses seis meses.

1 RELAÇÃO ESPAÇO -TEMPO

A relação de espaço e tempo nos ambientes escolares vem sendo discutida há vários anos por diversos estudiosos. Percebe-se que com o passar dos anos, a estrutura curricular vem sendo modificada, estudada e a cada dia os educadores necessitam estar mais abertos para as mudanças. As crianças que estão hoje nas escolas também não são as mesmas. As tecnologias avançaram e automaticamente a escola sente a necessidade de mudanças.

Segundo Bakhtin citado em Brait, existem dois conceitos que falam da relação espaço-tempo que são cronotopo e exotopia. A cronotopia foi concebida no âmbito do texto literário e a exotopia refere-se à atividade criadora em geral. Os dois conceitos aparecem em momentos distintos, tratando a relação espaço-tempo também de maneira distinta, mas, no pensamento bakhtiniano, em nenhum momento uma substitue a outra (2006, p 95).

O conceito de exotopia tem uma importante relação com as pesquisas das Ciências Humanas, pois estas

São entendidas por Bahktin como ciências do texto, pois o que há de fundamentalmente humano no homem é o fato de ser um sujeito falante, produtor de textos. Pesquisador e sujeito pesquisado são ambos produtores de texto, o que

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confere às Ciências Humanas um caráter dialógico (BRAIT, 2006, p.98).

É de suma importância obter os dois pontos de vista, mantendo-se um caráter de diálogo. O espaço é a dimensão que fixa, onde deixa sua marca registrada. Cada indivíduo vive num tempo diferenciado, o acontecimento pode mudar dependendo da década em que se está vivendo.

Portanto, discutir os tempos e espaços no ambiente escolar é uma necessidade que vivencia-se, sente-se a importância de explorar outros ambientes, além da sala de aula. Estamos em tempo de transformação, onde as gerações evoluíram, mudaram.

1.1 PROPOSTA PEDÁGOGICA NO MUNICIPIO DE GASPAR

Desde 2009, a equipe da Secretaria Municipal de Educação, juntamente com os gestores, coordenadores e professores vem intensificando os estudos no intuito de uma reformulação da proposta curricular municipal com ações que visam à implementação de uma proposta curricular que atenda às orientações da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, com a ampliação do ensino fundamental de 8 anos para 9 anos, conforme prevista no Art. 32 da Lei no 9394/96, a LDB, e sua redação é dada pela Lei 11.274, de 7 de fevereiro de 2006. Segundo Elias citado na Proposta Pedagógica para a Infância no Ensino Fundamental de 9 anos (2012, p.10), “Para assegurar aos professores deste ciclo uma atuação em conformidade com as novas diretrizes curriculares, a Secretaria de Educação promoveu um amplo movimento de formação continuada”.

Um dos princípios da Secretaria Municipal de Educação de Gaspar é o oferecimento da formação continuada aos profissionais da educação e, em consequência, esta proposta foi reformulada durante este período. Nesse sentido, a Secretaria Municipal de Educação tem como premissa promover, por meio da gestão democrática, uma educação pública de qualidade e inclusiva, contemplando a valorização profissional, boas condições de trabalho, formação continuada e inovação pedagógica, na busca da transformação social.

No ano de 2010, aconteceu o lançamento da Proposta Pedagógica da Rede Municipal da educação infantil e, em 2012 o lançamento da Proposta Pedagógica para a Infância no Ensino Fundamental de Nove anos, quando foram repensados os espaços e tempos no ambiente escolar. A proposta da educação infantil (2010, p. 15) orienta que:

Excluído:

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“A organização curricular na e para a Educação Infantil tem uma forma escolar, não no sentido escolarizante, mas tem regras, uma organização/sistematização de tempo e espaço, relação pedagógica, planejamento e relação aprendente”.

Seguindo este pensamento, concretizou-se uma proposta que respeite a bagagem cultural que cada criança traz consigo, que respeite o tempo de cada criança, para que se possa desenvolver habilidades através das interações, das brincadeiras e das diferentes linguagens.

Saber aprender é tão importante quanto saber ensinar. Ensinar é desenvolver estratégias e metodologias de aprendizagem. Saber aprender é perceber o outro, é saber ouvir, e falar, é ter olhar sensível. É respeitar a infância, o seu tempo de vida, suas relações. Perceber a necessidade do brincar, do movimento, do lúdico dentro e fora da sala de aula. (PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA A INFÂNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS, 2012, p.31).

A Proposta Curricular Municipal, foi elaborada com objetivos que vão muito além do transmitir conhecimentos, sendo assim o planejamento deverá ser elaborado considerando as especificidades da infância e criando espaços e tempos significativos. Pensando na aplicação efetiva da proposta municipal, o grupo de educadores, juntamente com a equipe gestora, reorganizou o planejamento na Escola de Educação Básica Belchior, onde os professores planejam três espaços diferentes na semana e um período de aula na semana sem carteiras na sala de aula.

Passaram-se seis meses e podemos notar mudanças significativas nas crianças e educadores. Percebemos que as crianças estão mais entusiasmadas para virem à escola, as aulas estão prazerosas, a mudança de espaço acaba fazendo com que o tempo passe rápido. As crianças desligaram-se da rotina, de todos os dias sentarem no mesmo lugar, fazerem o mesmo tipo de atividade e estarem sempre na sala de aula. A aprendizagem acontece, mas num ambiente diferente. Observe a fala do aluno João(3º ano): “A gente faz atividades em grupos, cada grupo faz uma atividade diferente. Depois trocamos de grupo e todos fazem todas as atividades. É legal vir para a escola, porque aprendemos brincando”.

Percebe-se na fala do aluno, que sente-se à vontade, sem pressão para aprender, cada dia é algo diferente, então todos ficam ansiosos para virem à escola. Para os alunos eles não estão estudando e sim brincando, mas essa brincadeira está trazendo um aprendizado.

A Professora Ana Paula (Educação Infantil)salienta que: “essa proposta de utilizar diferentes espaços requer dos professores outras dinâmicas, outros métodos de trabalho. Quando nós, professores, observamos os grupos nos diferentes espaços, percebemos que a sincronia e harmonia do grupo com o professor e a proposta de trabalho é bem maior.

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Consequentemente, as crianças também se envolvem mais com a aula planejada do professor”.

CONCLUSÃO

Buscar novas experiências, ousar, muitas vezes causa insegurança e medo do novo. Porém, como profissionais da educação, precisamos encarar os desafios que nos são designados. É desta maneira que a equipe pedagógica da Escola de Educação Básica Belchior iniciou este ano letivo: encarando um grande desafio.

Podemos perceber mais a circulação das crianças e professores pelos diferentes ambientes da escola, desenvolvendo aprendizagens instigantes. O entusiasmo e interesse das crianças está mais evidente, percebemos que todos sentem-se motivados a aprender. Os ambientes externos, com o contato com a natureza trás uma serenidade nos alunos. Pode-se perceber mais inspiração, a relação com esse espaço diferente faz com que a criança crie, imagine, e muitas vezes sem perceber que está desenvolvendo um conhecimento que não tinha sobre aquele conceito que está sendo trabalhado. A possibilidade de desenvolver uma certa autonomia na criança, diante do seu trabalho, também é um aspecto positivo nesta forma de planejamento. Os trabalhos em grupos tem a participação de todos os integrantes, uma interação entre eles que estava sendo difícil de trabalhar, hoje percebe-se um grande avanço.

Para nós, educadores também está sendo uma nova experiência, com uma grande melhora na qualidade do trabalho desenvolvido. A maneira de planejar de uma forma diferente da tradicional sempre trás insegurança, um certo medo, mas é preciso ousar, usar nossa criatividade para que o aluno cresça e saiba construir uma sociedade melhor, mais justa, mais humana.

REFERÊNCIAS

Ampliação do Ensino fundamental de Nove anos. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. 2006

BRAIT, Beth (org.). Bakhtin outros conceitos chaves. São Paulo: Contexto, 2006.

Gaspar. Secretaria Municipal de Educação. Referencial prático metodológico: educação infantil/Organização de Patrícia Helena dos Santos e Sanira Cristina Dias. Gaspar: 2010

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LDB. Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional. 5ª edição. 2010

Ministério da Educação. Secretaria de educação Básica. Ensino fundamental de Nove anos. Orientações Gerais. Brasília, 2004.

Proposta Pedagógica para a Infância no Ensino Fundamental de Nove Anos/(revisora: Queli Cristina Bona Busarello) – Gaspar: Prefeitura Municipal, 2012. 94p. : il

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