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Caracterização do perfil técnico gerencial dos produtores de leite no município de Piraí/RJ

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Caracterização do Perfil Técnico Gerencial dos Produtores de Leite no Município de Piraí/RJ

Resumo

O estudo busca apresentar a situação de gestão perfil técnico gerencial dos produtores de leite do município de Piraí/ RJ, município a qual está inserido na mesorregião do Sul fluminense. O estudo traz uma síntese da cadeia do leite no Brasil de forma a demonstrar sua importância na economia brasileira. Por meio do mais recente Censo Agropecuário (2006) foi possível fazer uma caracterização inicial do perfil do produtor, identificando o uso ou não de indicadores de gestão. Através de pesquisa bibliográfica e de campo, com entrevistas em campo juntamente com os proprietários rurais. Conclui-se que os produtores de leite do município são considerados de pequeno porte, proprietários da terra, fornecem para laticínios ou cooperativas, com maior enfoque no controle de indicadores zootécnicos, ao invés de econômicos, e sem assistência técnica governamental.

Palavras Chave: Produção leiteira; Indicadores; Gestão; Perfil; Cadeia do leite. 1. INTRODUÇÃO

A agricultura evoluiu nos últimos tempos para um sistema integrado composto de diferentes agentes, distribuídos em atividades cada vez mais específicas e complexas. Esta evolução fez com que a agricultura, atualmente, seja vista como um negócio (agribusiness). Com o aumento da eficiência dos agentes participantes e o aumento da competitividade, surgiu a necessidade de elaboração de ações de coordenação, para o desenvolvimento do setor e sustentabilidade do negócio (CAMPOS, 2007).

A complexidade desse sistema deve-se a diversos fatores: diferenças tecnológicas, qualidade dos produtos produzidos, temporalidade e perecibilidade dos produtos, instabilidade nos preços, alterações climáticas, entre outras. Estes fatores podem alterar o desempenho de um agente ou de todo o sistema produtivo dificultando o seu desenvolvimento e elaboração de estratégias (NEVES, 2006).

Segundo Martins (2004, p. 98), “as mudanças impostas à pecuária leiteira do Brasil, sobretudo no início dos anos 90, após a abertura do mercado, fizeram com que um novo perfil fosse criado para o setor”. Os produtores rurais necessitam cada vez mais de aumentar seu conhecimento, informação e tecnologia para uma melhor administração, tendo uma preocupação em satisfazer não somente o mercado, mas também questões de bem-estar social e ambiental (CEZAR; EUCLIDES, 2002).

No entanto, a atividade leiteira, ao longo de sua história, já viveu sucessivas crises, tanto na produção quanto no abastecimento, destacando-se a baixa produção e produtividade, o baixo nível tecnológico utilizado, a elevada sazonalidade com alto custo de produção e a ausência de uma política global bem definida de longo prazo para o setor (BORGES, 2014).

Vários fatores podem explicar a baixa produtividade das propriedades produtoras de leite, como: baixo investimento financeiro, a não adoção de tecnologia e a baixa capacidade gerencial (MOREIRA FILHO, 2004).

A pecuária leiteira é praticada em todo território nacional. As condições edafoclimáticas do País permitem a adaptação da atividade às peculiaridades regionais, observando-se, consequentemente, a existência de diversos sistemas de produção. Quanto à adoção de tecnologia, encontram-se produtores utilizando técnicas rudimentares, bem como propriedades comparáveis às mais competitivas do mundo (MARTINS, 2004).

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Segundo Diel (2013), a produção de leite é uma das principais fontes de renda para as famílias, e com isso elas buscam, cada vez mais, aumentar a quantidade de sua produção.

De acordo com Fernandes e Lima (1991, p. 191), “para conhecer a realidade das propriedades rurais e encontrar subsídios para gerar e transferir tecnologias compatíveis com esta realidade torna-se necessário ter conhecimento do perfil das propriedades”.

Neste contexto, procurando compreender a realidade do produtor, o problema de pesquisa desse estudo pode ser estabelecido através da seguinte pergunta: Qual é o perfil técnico gerencial do produtor de leite do município de Piraí/RJ?

O município de Piraí está situado no Estado do Rio de Janeiro, em uma posição de destaque dentro da importante mesorregião do Sul Fluminense, e da microrregião do Vale do Paraíba Fluminense. Atualmente sua produção encontra-se menor que nos anos antecedentes, porém apresenta número mais eficientes em sua produção, produzindo mais leite por cabeça de gado do que a média nacional, 4,48 litros por cabeça ordenhada por dia, contra 4,40 da média nacional (IBGE, 2016)

A produção no município apresenta grande potencial de crescimento devido a sua posição geográfica, próxima às grandes bacias leiteiras já consagradas no mercado, como Valença, Resende e Barra Mansa, que juntas são responsáveis por mais de 50% da produção leiteira da microrregião do Vale do Paraíba Fluminense (IBGE, 2016).

Vale comentar também que os produtores do município sofrem pela escassez da assistência técnica. Em 2015, somente 6,68% dos produtores do município de Piraí tiveram acesso regularmente a uma orientação técnica (IBGE, 2016).

Para tanto este trabalho tem como objetivo principal caracterizar o perfil técnico gerencial do produtor de leite do município de Piraí/RJ. Como objetivos específicos espera-se: descrever suas características principais e examinar seus indicadores econômicos, identificando problemas e potencialidades.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Cadeia Produtiva do Leite no Brasil

A cadeia do leite congrega importantes segmentos da economia brasileira, atua diretamente na geração renda, e mantem o papel social dentro das pequenas propriedades onde é responsável pelo modo de vida de seus produtores. Devido ao seu papel de alimento de extrema importância na dieta humana, a produção leiteira é essencial às cooperativas, indústrias de laticínios e seus consumidores. O leite serve para produção e consumo de produtos como: leite fluido, leite em pó, manteiga, queijo, iogurte, creme de leite, leite condensado, bolinhos, entre outros (NEVES, 2006).

Representada por um faturamento de R$66,30 bilhões e uma produção de 23,5 bilhões de litros de leite em 2004, a cadeia produtiva do leite está entre as maiores cadeias existentes no Brasil (NEVES, 2006). A Figura 1 apresenta os atores da cadeia produtiva do Leite e suas inter-relações.

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Fonte: Adaptado de Neves (2006)

Segundo Neves (2006), os principais atores da cadeia são:

• Insumos Agropecuários: Entre os segmentos que fazem parte desse elo, pode-se destacar rações animais, produtos veterinários, comercialização de sêmen e suplementos minerais. O Brasil é o terceiro maior produtor de rações do mundo, com produção inferior apenas aos Estados Unidos e China. Entre os países da América Latina, o Brasil é o maior produtor de rações, com produção de aproximadamente 50% do total da região (ALMANAQUE CAMPO, 2009). Já a cadeia do leite foi responsável por 55,6% do mercado de medicamentos veterinários em 2004, tendo como principal segmento o de vacinas contra febre aftosa, que representa 25% do mercado de medicamentos (NEVES, 2006).

• Produção de Leite: o valor bruto da produção nacional de leite foi R$ 33,77 bilhões em 2014 e R$ 34,70 bilhões em 2015. No Sudeste (SP, MG, RJ, ES), estão concentrados os principais produtores, com uma produção avaliada em R$ 12,05 bilhões em 2015 (IBGE, 2015).

• Cooperativas: em média 40% da produção de leite é captada por cooperativas, percentual razoável se comparado a países como Alemanha e França, que são referências na captação mundial, com percentual em torno de 49%. A importância aumenta quando são analisados dados comparativos entre cooperativas e laticínios, onde as cooperativas captaram cerca de 19% mais leite do que os principais laticínios do país (NEVES, 2006).

• Industria: Considerada a segunda maior indústria de alimentos no Brasil, a indústria de laticínios faturou em torno de R$ 14,47 bilhões em 2004, o que representa cerca de 8% da indústria de alimentos no país (NEVES, 2006). Segundo Neves (2006, p. 21), “a grande maioria da produção de leite é comercializada na forma de derivados e apenas 6,8% são comercializados como leite puro tipo A, B ou C, sendo o leite UHT responsável por mais de 18% do volume total produzido”.

• Canais de Distribuição: Os distribuidores do varejo faturaram cerca de R$ 15,50 bilhões com leite e derivados em 2004, representando 15,86% do faturamento total dos varejistas no mesmo período (NEVES, 2006).

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• Consumidor Final: Segundo pesquisa do Latin Panel (2005), os refrigerantes estão presentes em 98% das residências brasileiras, ficando atrás do leite que está presente em 99,4% dessas mesmas residências.

2.2. Principais regiões produtoras de leite no Brasil

Segundo a IBGE (2016), de 2010 a 2015, a produção brasileira de leite teve um aumento acumulado de 13,9%. Outro índice importante demostra que o rebanho nacional diminuiu cerca de 5,4% no mesmo período. Portanto, o país está produzindo mais leite com um rebanho menor e isso resulta de uma melhora na eficiência da produção. O valor da produção também demonstra otimismo e vem aumentando através dos anos, tendo um aumento de 43% no valor do litro de leite no mesmo período (Tabela 1).

Tabela 1 – Crescimento da produção de leite no Brasil de 2010 a 2015

Ano Vacas ordenhadas (cabeças) Produção (Mil Litros) Valor da produção (Mil reais) Produtividade por Cabeça (Litros/ 365 dias)

Valor por litro de leite (Reais) 2010 22.924.914 30.715.460 21.210.252 3,67 0,69 2011 23.229.193 32.096.214 24.388.387 3,78 0,75 2012 22.803.519 32.304.421 26.797.462 3,86 0,82 2013 22.954.537 34.255.236 32.417.960 4,08 0,94 2014 23.027.951 35.124.360 33.735.353 4,16 0,96 2015 21.751.073 35.000.227 34.707.737 4,40 0,99 Cresc. (%) (-)5,12% 13,94% 63,63% 19,89% 43,47% Fonte: IBGE (2016).

Apesar do crescimento notório, esses índices de produtividade ainda são considerados baixos comparados a outros países. O setor ainda pode esperar por ganhos mais consideráveis de produtividade com o ajuste da alimentação, melhoria da qualidade de volumosos (pastagens, cana-de-açúcar, silagens, etc.), e principalmente ganhos genéticos (MOREIRA FILHO, 2004).

A produção de leite está concentrada principalmente nas regiões Sul e Sudeste, onde estão os maiores estados produtores de leite do país. Conforme apresentado na Tabela 2, as duas regiões juntas representam 69,2% de toda produção nacional (IBGE, 2016).

Tabela 2 – Produção de leite no Brasil por região em 2015

Vacas ordenhadas Produção (Mil litros) Valor da produção (Mil reais) Produtividade por Cabeça (Litros/ 365 dias) Valor por litro de leite (Reais) Brasil 21.751.073 35.000.227 34.707.737 4,40 0,99 Norte 2.072.633 1.832.765 1.586.419 2,42 0,86 Nordeste 4.301.743 4.143.038 4.887.379 2,63 1,17 Sudeste 7.452.812 11.901.959 12.054.150 4,37 1,01 Sul 4.248.380 12.320.002 11.772.165 7,94 0,95 Centro-Oeste 3.675.505 4.802.463 4.407.624 3,57 0,91 Fonte: IBGE (2016).

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No entanto, outras regiões também possuem estados importantes para a produção nacional. Pode-se verificar na tabela 3, o exemplo de Goiás e Bahia, pertencentes as regiões Centro-Oeste e Nordeste, respectivamente.

Deve-se destacar a hegemonia do estado de Minas Gerais liderando a produção nacional (26,1% do total), com um volume 96,2% maior que o segundo estado, o Paraná. Sozinho o estado de Minas Gerais consegue participação maior que a soma das produções das regiões Nordeste e Centro-Oeste.

Destaca-se também o estado do Rio Grande do Sul, que entre os sete maiores estados produtores, tem a produção mais eficiente, produzindo mais litros por cabeça do rebanho; e da Bahia, por ter o preço ais alto por litro de leite.

Tabela 3 – Sete maiores estados produtores de leite do Brasil em 2015.

Estado Vacas ordenhadas Produção (Mil litros) Valor da produção (Mil reais) Produtividade por Cabeça (Litros/365 dias) Valor por litro de leite (Reais) Minas Gerais 5.423.676 9.144.957 9.213.777 4,61 1,00 Paraná 1.641.009 4.669.174 4.520.638 7,79 0,96 Rio Grande do Sul 1.496.671 4.599.925 4.398.369 8,42 0,95 Goiás 2.544.301 3.518.057 3.310.257 3,78 0,93 Santa Catarina 1.110.700 3.059.903 2.853.158 7,54 0,93 São Paulo 1.240.569 1.774.351 1.862.529 3,91 1,04 Bahia 1.585.941 1.170.953 1.315.255 2,02 1,12 Fonte: IBGE (2016).

2.3. Produção de Leite na Região Vale do Paraíba Fluminense e na Cidade de Piraí/RJ

O estado do Rio de Janeiro está alocado na 14ª posição dentre os estados produtores de leite, representando 1,4% da produção nacional, e ficando à frente somente do estado de Espirito Santo.

Acompanhando o cenário nacional, o Estado vem diminuindo seu rebanho e aumentando sua produção, e seu valor de produção por litro de leite está equivalente ao nacional, assim mostrando uma melhor eficiência, conforme demonstrado na Tabela 4. Tabela 4 – Crescimento do setor leiteiro estado do Rio de Janeiro.

Ano Produção (Mil Litros) Vacas ordenhadas (cabeças) Valor da produção (Mil reais) Produtividade por Cabeça (Litros/ 365 dias)

Valor por litro de leite (Reais) 2010 488.786 414.860 318.808 3,22 0,65 2011 499.515 427.418 371.475 3,20 0,74 2012 538.890 429.473 437.535 3,43 0,81 2013 569.088 441.483 537.510 3,53 0,94 2014 540.056 421.460 527.470 3,51 0,97 2015 513.276 405.706 510.774 3,46 0,99 Cresc. (%) 5% 2,2% 60,21% 7,64% 52% Fonte: IBGE (2016).

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O estado está dividido em seis Mesorregiões, destacando-se o Noroeste Fluminense e o Sul Fluminense na produção de leite, sendo os dois responsáveis por 55,7% da produção do estado (Figura 2).

Figura 2 – Divisão do estado do Rio de Janeiro em mesorregiões

1. Baixada litorâneas 2. Centro Fluminense

3. Metropolitana do Rio de Janeiro 4. Noroeste Fluminense

5. Norte Fluminense 6. Sul Fluminense

Fonte: Wikipédia (2016).

Para melhor foco geográfica, o estado também é dividido em Microrregiões, destacando-se o Vale do Paraíba Fluminense e Barra do Piraí, dentro da região Sul Fluminense. A Figura 3 apresenta a distribuição das microrregiões pelo estado.

Figura 3 – Divisão do estado do Rio de Janeiro em Microrregiões

1. Bacia de São João 2. Baía da Ilha Grande 3. Barra do Piraí

4. Campos dos Goytacazes 5. Cantagalo-Cordeiro 6. Itaguaí 7. Itaperuna 8. Lagos 9. Macacu-Caceribu 10. Macaé 11. Nova Friburgo 12. Rio de Janeiro 13. Santa Maria Madalena 14. Santo Antônio de Pádua 15. Serrana

16. Três Rios

17. Vale do Paraíba Fluminense 18. Vassouras

Fonte: Wikipédia (2016).

A microrregião do Vale do Paraíba Fluminense é responsável por 68,10% da produção leiteira da mesorregião Sul Fluminense, uma posição de destaque entre as demais microrregiões. Essa produção está dividida entre 9 municípios sendo eles: Barra Mansa; Itatiaia; Pinheiral; Piraí; Porto Real; Quatis; Resende; Rio Claro e Volta Redonda (IBGE, 2016).

O município de Piraí está situado no Estado do Rio de Janeiro, em uma posição de destaque dentro da importante mesorregião do Sul Fluminense, e da microrregião do Vale do Paraíba Fluminense, no que tange a produção leiteira, representando

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respectivamente 2,6% e 3,9% da produção regional. No entanto ao contrário do cenário nacional, Piraí apresenta queda no crescimento tanto da produção como do tamanho de seu rebanho. O rebanho teve uma diminuição de mais 50% no período de 2010 a 2015. E o valor de produção equivalente também está abaixo da média nacional (IBGE, 2016).

No entanto, o município de Piraí apresenta maior eficiência na produção, produzindo mais leite por cabeça. A produtividade está acima da média da nacional (Tabela 5).

Tabela 5 – Crescimento da produção de leite no município de Piraí/RJ.

Ano Vacas ordenhadas Produção (Mil Litros) Valor da produção (Mil reais) Produtividade por Cabeça (Litros/ 365 dias) Valor por litro de leite (Reais) 2010 5277 4.913 3.193 2,55 0,65 2011 5572 5.124 3.331 2,51 0,65 2012 5935 4.739 3.791 2,30 0,79 2013 3213 3.213 2.571 2,73 0,80 2014 3826 3.846 3.077 2,75 0,80 2015 2230 3.653 3.105 4,48 0,84 Cresc. (%) -57,7% -25,6% -2,7% 75,9% 30% Fonte: IBGE (2016).

2.4. Perfil dos Produtores Rurais no Município de Piraí/RJ

Segundo o Censo Agropecuário de 2006 (IBGE, 2006), detalhado na Tabela 6, foram identificados no município de Piraí/RJ, 299 produtores rurais envolvidos na atividade de pecuária leiteira e criação de outros animais. Destes, 253 são proprietários de suas terras, levando a um total de 84,6% dos estabelecimentos. Estes resultados mostram que a produção está concentrada nas mãos de quem detém o poder sobre as terras. Porém, a prática de arrendamento não está extinta, com uma representação menor no município, mas responsável por 5,3% dos estabelecimentos.

Tabela 6 – Número de estabelecimentos por condição do produtor em relação a terra

Condição do Produtor Estabelecimentos Percentual

Proprietário 253 84,61%

Assentado sem titulação definitiva 2 0,67%

Arrendatário 16 5,35%

Parceiro - 0,00%

Ocupante 3 1,00%

Produtor sem área 25 8,36%

Fonte: IBGE (2006).

A distribuição do número de estabelecimentos rurais no município de Piraí/RJ por área varia de 0,1 até 2.500 hectares. Pela Tabela 7, pode-se verificar uma maior concentração em estabelecimentos com área de 20 a 50 hectares (23%), sendo que mais de 60% dos estabelecimentos estão entre 5 e 100 hectares.

Tabela 7 – Número de estabelecimentos por área

Grupos de área total Estabelecimentos Percentual

Mais de 0 a menos de 0,1 ha 1 0,36%

De 0,1 a menos de 0,2 ha 2 0,73%

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De 0,5 a menos de 1 ha 2 0,73% De 1 a menos de 2 ha 12 4,38% De 2 a menos de 3 ha 9 3,32% De 3 a menos de 4 ha 1 0,36% De 4 a menos de 5 ha 26 9,49% De 5 a menos de 10 ha 31 11,31% De 10 a menos de 20 ha 33 12,04% De 20 a menos de 50 ha 63 22,99% De 50 a menos de 100 ha 53 19,34% De 100 a menos de 200 ha 19 6,93% De 200 a menos de 500 ha 17 6,20% De 500 a menos de 1000 ha 4 1,46% De 1000 a menos de 2500 ha 1 0,36% Acima de 2500 ha - 0,00% Fonte: IBGE (2006).

De acordo com o Incra (2013) é considerada uma pequena propriedade rural aquelas que possuem de 1 a 4 módulos fiscais, sendo que no município de Piraí/RJ, cada modulo fiscal representa 16 hectares. Então, uma pequena propriedade rural em Piraí varia de 16 a 64 hectares. Portanto, em torno de 50% das propriedades rurais de Piraí podem ser enquadradas como de pequeno porte.

Pode-se verificar na Tabela 8, que 205 (68,5%) estabelecimentos não receberam nenhum tipo de orientação técnica e somente 20 (6,7%) receberam regularmente orientação.

Tabela 8 - Número de estabelecimentos agropecuários por condição em relação a orientação técnica

Orientação Técnica Estabelecimentos Percentual

Ocasionalmente 74 24,75%

Regularmente 20 6,68%

Não recebeu 205 68,56%

Fonte: IBGE (2006).

2.5. Desafios da Gestão da Propriedade Leiteira

O sentindo morfológico, define a palavra gestão como ato de gerir; gerência, administração (AURELIO, 1975), dar a direção (recursos, metodologia, estrutura, diretrizes) fazendo com que a empresa alcance os resultados esperados, mantendo assim uma posição de destaque no mercado competitivo. A gestão empresarial é composta por dois conjuntos mais importantes de habilidades expressas no cotidiano organizacional: as de administração e as de liderança (GODINHO, 2009).

De acordo com Carvalhal (2000), a prática da gestão simplificadamente é a reunião da racionalidade da administração com a intuição/pragmatismo da liderança. A parte da administração trata das técnicas, dos recursos tangíveis, dos processos, das regras e do uso das tecnologias. A parte da liderança trata das atitudes, dos comportamentos, das intenções, da motivação humana, da criatividade, da comunicação.

Para Hunter (2004, p.25), liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum. Segundo este mesmo autor, na gestão de qualquer organização a liderança é importante por que as atividades são realizadas por pessoas. Daí a afirmativa que o gestor gerencia e controla os recursos da empresa, suas finanças, estoques, mas não pode gerenciar seres humanos, ou seja, ele gerencia coisas e lidera pessoas, porque as

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coisas não têm capacidade e liberdade para escolher, só as pessoas as têm e o gestor pode influenciar nessas escolhas.

As ações empresariais ocorrem nos diversos níveis e se referem a diversos recursos: financeiros, humanos, físicos e mercadológicos. Cada grupo destes recursos pode ser visualizado separadamente e dá origem às denominadas áreas funcionais, conforme descrito pela Teoria Geral da Administração (ANDRADE, 1992). Segundo esse autor, estas áreas podem ser observadas em qualquer tipo de empresa, e apresentam uma intensa inter-relação:

• Área de Produção: Quatro pontos importantes estão relacionados à área de produção: quantidade produzida, produtividade, qualidade dos produtos e custos. Envolve decisões como a definição das tecnologias de produção para cada exploração da empresa rural, a localização das benfeitorias, estradas, cercas e áreas de exploração, e o dimensionamento e utilização das máquinas, equipamentos e ferramentas.

• Área de Recursos Humanos: Está relacionado às pessoas que promovem o funcionamento da empresa, independentemente de suas posições, cargos e tarefas. Os recursos humanos apresentam duas características importantes: podem-se evoluir, por meio de capacitações e estímulos e fazem “funcionar” os demais recursos, por si só, estáticos. Uma característica, que pode se tornar negativa, é que o tempo de atuação das pessoas nas empresas não pode ser armazenado, fato que pode reduzir a produtividade do trabalho.

• Área de Finanças: Refere-se às receitas, despesas, financiamentos e investimentos, necessários para o alcance dos objetivos propostos para a empresa rural.

• Área de Comercialização e Marketing: Refere-se à compra e venda. Conecta a empresa com seu ambiente. O administrador deve ter a preocupação de saber onde e como devem ser colocados os produtos e quais são os melhores canais de comercialização. A busca continuada de informações sobre preços de produtos e insumos, o que poderá aumentar seu poder de barganha.

2.5.1. Indicadores de Desempenho

Toda tomada de decisão, deve ser feita após análise de dados e informações, abrangendo todas as partes interessadas. As medições devem refletir as necessidades e estratégias da organização e fornecer informações confiáveis sobre processos e resultados (FNQ, 2008).

Segundo Oliveira et al (2007), a identificação de indicadores de referência em sistemas reais de produção de leite, caracterizando aqueles mais diretamente correlacionados à eficiência econômica, é uma importante ferramenta de apoio gerencial e pode trazer esclarecimentos para o debate sobre a viabilidade econômica de sistemas de produção de leite.

Indicadores de desempenho em uma propriedade rural compreendem os dados que quantificam as entradas (recursos ou insumos), os processos e as saídas (produtos). São usados para acompanhar o desempenho ao longo do tempo. Um indicador de desempenho é um dado numérico a que se atribui uma meta e que é trazido, periodicamente, à atenção dos gestores de uma organização. Se constituem no elo entre as estratégias e o resultado das atividades, devendo evidenciar o valor agregado às partes interessadas. Devem atender as seguintes características: fácil visibilidade; possibilitar uma visão balanceada da performance da empresa rural; facilitar o entendimento dos direcionadores do negócio; suportar a tomada de decisões visando influenciar os ambientes interno e externo (SUELL, 1998).

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No entanto, dirigir uma empresa rural considerando-se somente o custo/lucro é como dirigir um carro olhando o espelho retrovisor. Pode-se ver o que já passou e não onde se está indo. Por isso, é importante um equilíbrio entre os tipos de indicadores, os quais devem subsidiar decisões econômicas e zootécnicas.

2.5.1.1. Indicadores Zootécnicos

Quanto ao desempenho produtivo, os índices zootécnicos traduzem a principal ferramenta de avaliação de desempenho. Refletem em forma numérica o desempenho dos diversos parâmetros da exploração pecuária. A interpretação dos índices deve ser feita de forma conjunta com as características de produção empregadas na propriedade. Diversas formas e nomenclaturas são encontradas, sendo assim, deve-se atentar quanto à metodologia de cálculo do índice em discussão (Neto, 2009).

Bergmann (2009) relata ainda que os indicadores zootécnicos sejam fundamentais para um programa de melhoramento genético. Segundo ele, a definição de quais critérios utilizar dependerá dos objetivos da seleção, ditados pela demanda do mercado, do status produtivo e fisiológico do rebanho e pelas limitações do sistema produtivo. A otimização dos programas de seleção passa, sem dúvidas, pela avaliação econômica resultantes das mudanças genéticas nas diferentes características, e pela implantação de índices de seleção que levem em consideração esta avaliação.

Alguns indicadores relevantes que podem ser utilizados: indicador de produção; indicador de reprodução; indicador de sanidade; indicador de criação e indicador de nutrição (EDUCAMPO, 2014)

2.5.1.2. Indicadores Econômicos

A análise econômica da atividade mediante o custo de produção e de indicadores de eficiência econômica, como a margem bruta, margem líquida e resultado (lucro ou prejuízo), é um forte subsídio para a tomada de decisões na empresa agrícola. Justifica-se o cálculo dos vários indicadores por que eles têm maior ou menor importância dependendo do prazo de tempo (curto, médio ou longo) em questão. Tal importância pode ser assim constatada: no curto prazo o produtor deve estar mais preocupado é com a margem bruta; no médio prazo, com a margem líquida e, no longo prazo, com o resultado (lucro ou prejuízo) (LOPES; CARVALHO, 2006).

Gomes (1999) constata importância do uso do conceito de custo operacional. O autor considera que a clássica divisão dos custos em variáveis e fixos, muitas vezes, é arbitrária e difícil de ser executada, já que um fator de produção pode ser classificado como fixo ou variável, dependendo do tempo considerado. O mesmo fator pode ser fixo no curto prazo e variável no longo prazo. Em razão destas dificuldades, existem outros critérios para se classificarem os custos, que se ajustam melhor às necessidades do empresário, tais como custos diretos e indiretos e custos operacionais.

2.5. Programas de Assistência Técnico Gerencial aos Produtores de Leite

Modificações tecnológicas e financeiras nos últimos anos vêm afetando as propriedades rurais. Novas legislações relativas a qualidade introduziu mais exigências aos produtores e o uso acelerado de insumos ocasionou a um aumento nos custos de produção. Os avanços ocorridos nas últimas décadas impactaram muitos produtores, penalizando principalmente os pequenos produtores que dependem de capital próprio

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para produção. Mesmo com incentivos ainda são poucas as políticas públicas voltadas a produção leiteira (WISNIEWSKI, 2013).

A produção nacional convive com uma baixa produtividade, fazendo com que o retorno econômico seja muito abaixo do esperado. Isso se dá ao uso de práticas conservadoras por parte dos produtores. Para uma produção mais rentável deve haver uma reformulação de conceitos ultrapassados e de uma nova assistência técnica (FERREIRA, 2000).

Com isso a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou o programa Balde Cheio, em 1997, no município de Quatis localizado no estado do Rio de Janeiro. Atualmente o Programa Balde Cheio está introduzido em 348 municípios brasileiros, totalizando 9 estados, sendo que, 28 estão localizados no estado no Rio de Janeiro. O programa prevê uma metodologia inédita de transferência de tecnologia para o pequeno produtor de leite, que consiste em técnicas de produção intensiva, tais como recuperação da fertilidade do solo, utilização de fertilizantes orgânicos, manejo rotacionado das pastagens, utilização de cana-de-açúcar mais ureia durante o período de seca, realização de exames nos animais, plantio de arvores e uso de irrigação na pastagem (RBAS, 2011).

Os produtores são supervisionados por meio do uso de planilhas de controle zootécnico e econômico, e a utilização de um quadro dinâmico de controle reprodutivo, de higiene e de qualidade do leite. Complementando as técnicas do programa, também procura-se realizar a identificação dos animais, a melhoria do padrão genético do rebanho, a anotação de dados climáticos, e a utilização de práticas associativistas (RBAS, 2011).

Além disso, ainda em 1997, foi criado o projeto EDUCAMPO, uma iniciativa do SEBRAE, do estado de Minas Gerais. Tem como ideal não ser um projeto de assistência técnica tradicional, mas com foco na gestão de negócios, tendo em vista que uma das maiores deficiências encontradas nos produtores está na capacidade de gerir sua atividade. Através desse diferencial é possível adquirir ganhos quantitativos e qualitativos ao produto primário, melhorando os indicadores tecnológicos e econômicos da propriedade (EDUCAMPO, 2014).

O projeto trabalha com mais de 60 indicadores gerenciais e tecnológicos, que facilitam e permitem o planejamento dos produtores envolvidos, pois é capaz de gerar dados em tempo real, orientando assim a tomada de decisão (EDUCAMPO, 2014). Alguns desses indicadores são: Produção Média de leite; Renda Bruta da atividade leiteira; e Custo Total do leite.

Mesmo que alguns estados tenham aperfeiçoado a assistência aos pequenos agricultores, ao analisar esse processo em nível nacional, destaque-se a tendência a apoiar os agricultores mais ricos e instruídos. Em 2006, os agricultores assistidos tinham em média 228 hectares, enquanto os não assistidos tinham apenas 42 hectares. Só 16,8% dos agricultores com escolaridade incompleta recebeu alguma assistência técnica, enquanto 44,7% dos agricultores com nível universitário declararam ter recebido algum tipo de assistência (IBGE, 2009). Vale ressaltar que a maioria dos produtores de leite manifestaram interesse em receber assistência técnica (GOMES e FERREIRA FILHO, 2006).

3. METODOLOGIA

Segundo Engel (2009, p.31) “a pesquisa é a atividade nuclear da Ciência. Ela possibilita uma aproximação e um entendimento da realidade a investigar. A pesquisa é um processo permanentemente inacabado. Processa-se por meio de aproximações sucessivas da realidade, fornecendo-nos subsídios para uma intervenção no real. A

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pesquisa científica é o resultado de um inquérito ou exame minucioso, realizado com o objetivo de resolver um problema, recorrendo a procedimentos científicos.”.

Lehfeld (1991) refere-se à pesquisa como sendo a inquisição, o procedimento sistemático e intensivo, que tem por objetivo descobrir e interpretar os fatos que estão inseridos em uma determinada realidade.

3.1. Tipo de Pesquisa

Quanto ao seu objetivo, a pesquisa é: exploratória e descritiva. A pesquisa exploratoria tem o objetivo de proporcionar familiaridade com o problema, tornando o explícito. Esse tipo de pesquisa envolve: levantamento bibliografico; entrevistas com pessoas que tiveram experiencias praticas com o problema pesquisado; e analise de exemplos que auxiliem o entendimento (GIL, 2007). Juntamente a pesquisa descritiva exige do pesquisador um “know how” de informações sobre o seu objeto de pesquisa a fim de descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987). 3.2. Método de pesquisa

Esta pesquisa utilizou o método de pesquisa bibliográfica e de campo. Sendo o método de pesquisa bibliográfica responsável desenvolver um estudo sistematizado a parti de material publicado em livros, revistas e jornais. Enquanto a pesquisa de campo se dá por meio de investigação empírica a ser realizada onde ocorre o fenômeno a ser objeto de estudo, podendo incluir aplicação de questionários, entrevistas ou testes. De forma a explicar os fenômenos estudados (ANTÔNIO, 2007).

3.3. Procedimentos Metodológicos

De acordo com a Figura 4 os procedimentos metodológicos foram divididos nas seguintes etapas.

Figura 4 – Fluxograma dos procedimentos metodologicos

Fonte: Elaborado pelo autor. 3.4. Plano Amostral

Revisão da

Literatura Coleta documental

Elaboração do roteiro de entrevista

Visita as propriedades

Construção do

banco de dados Análise dos dados

Discussão dos dados

Registro dos resultados alcançados

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O estudo utiliza, como plano amostral, dez propriedades leiteiras localizadas no município de Piraí/RJ, microregião do Vale do Paraíba Fluminense, conforme demostrado na Figura 5.

Figura 5 – Plano Amostral

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.4. Instrumento de Coleta de Dados

Um roteiro de entrevista semiestruturado foi utilizado como instrumento para coleta de dados. Esse instrumento foi desenvolvido através do questionário do programa de extensão rural Balde Cheio e o embasamento do referencial teórico. Seu preenchimento seja feito em conjunto pelo pesquisador e pelo entrevistado. Segundo César (2012), este procedimento tem a vantagem de permitir flexibilidade no seqüenciamento das questões propostas e a entrevista direta possibilita não somente maior esclarecimento quanto às perguntas do questionário, como, também, a obtenção de informações suplementares.

3.5. Análise de Dados

Os dados coletados foram analisados qualitativamente por meio da discussão dos casos. Os resultados da pesquisa de campo, potencializados pela sistematização das informações, foram utilizados para identificar o perfil dos produtores e suas características principais (CESAR, 2012). Segundo Quivy e Campenhoudt (1995, p. 243) a análise de dados é “a etapa que faz o tratamento das informações obtidas pela coleta de dados para apresentá-la de forma a poder comparar com os resultados esperados pelas hipóteses.”

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O levantamento do perfil dos produtores de Piraí/RJ constatou a não incidência de produtores com idade inferior a quarenta anos, ficando mais concentrado na faixa que vai de quarenta a setenta anos (Tabela 9).

Tabela 9 – Faixa etária dos Produtores de leite do município de Piraí/RJ

Idade Produtores

Menor que 40 anos 0

Entre 40 e 50 anos 3

Entre 50 e 60 anos 4

Entre 60 e 70 anos 2

Maior que 70 anos 1

Indicações de laticínios, cooperativas associações rurais e secretarias de agricultura Contato telefônico para apresentação da pesquisa e agendamento da visita Visitas as propriedades para aplicação dos questionários, observação e coletas de informações. Tabulação, Análise e Discussão dos Resultados

(14)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Também foi constatado que, em sua totalidade, os produtores são do sexo masculino (Tabela 10).

Tabela 10 –Sexo dos Produtores de leite do município de Piraí/RJ

Sexo Produtores

Masculino 10

Feminino 0

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os produtores possuem um nível de escolaridade que varia entre ensino fundamental e ensino médio, não havendo nenhum registro de ensino superior ou analfabetismo (Tabela 11).

Tabela 11 - Escolaridade dos Produtores de leite do município de Piraí/RJ

Escolaridade Produtores

Ensino Fundamental 7

Ensino Médio 3

Ensino Superior 0

Fonte: Elaborado pelo autor.

As propriedades leiteiras envolvidas nesta pesquisa apresentaram uma predominância de produtores que são proprietários de suas terras, com a incidência mínima da pratica de arrendamento (Tabela 12). Esse resultado se equipara às propriedades avaliadas pelo censo agropecuário do IBGE (2006).

Tabela 12 – Número de estabelecimentos por condição do produtor em relação a terra

Condição do Produtor Estabelecimentos Percentual

Proprietário 9 90%

Arrendatário 1 10%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na pesquisa, notou-se uma grande ocorrência de propriedades de pequeno porte, que segundo o INCRA (2013), se estendem de 16 a 64 hectares (Tabela 13).

Tabela 13 – Número de estabelecimentos por área

Grupos de área total Estabelecimentos Percentual

Até 5 ha 2 20%

De 5 a menos de 10 ha 3 30%

De 10 a menos de 20 ha 4 40%

De 20 a menos de 50 ha 1 10%

Fonte: Elaborado pelo autor

Grande parte dos gastos com insumos apontados na pesquisa tem como origem a alimentação do gado e os medicamentos veterinários, citados como exemplo: silagem de milho e vacinas. Conforme levantado pelos produtores a alimentação tem grande impacto nos gastos com a produção, principalmente na estação do inverno, quando as pastagens estão prejudicadas devida a baixa temperatura. Resultados que segundo o Almanaque Campo (2009) são destacados como principais segmentos desse elo.

Em se tratando da produção leiteira, a pesquisa revelou um decréscimo na produção devido a redução do tamanho do rebanho, o que se assemelha ao resultado do

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IBGE (2016), quando avaliado o período entre 2010 e 2015. Quando perguntado aos produtores o motivo da redução do rebanho, a maioria relatou a dificuldade em gerir um rebanho de maiores proporções.

Registrou-se um valor médio pago por litro de leite de R$1,20 no ano de 2015, valor acima do constatado pelo IBGE (2016) para o mesmo ano que foi de R$0,84. Acredita-se, pois que o preço do leite não foi um influenciador da redução do rebanho.

Não foi possível constatar uma predominância de um canal no escoamento da produção, ou seja, a pesquisa não indica a hegemonia dos laticínios ou cooperativas (Tabela 14). Segundo relatado pelos produtores a escolha se dá exclusivamente pelo valor pago pelo litro de leite, não revelando nenhum tipo de fidelização dos produtores para com algum laticínio ou cooperativa. Segundo Neves (2006), estes números podem ser comparados a países como Alemanha e França, que são referências na captação mundial de leite.

Tabela 14 - Estabelecimentos agropecuários por condição em relação ao destino da produção

Destino Estabelecimentos Percentual

Cooperativa 5 50%

Laticínio 4 40%

Outros 1 10%

Fonte: Elaborado pelo autor.

A pesquisa revelou o uso limitado de métodos e técnicas de gestão adequadas pela maioria dos produtores. Gestão que, segundo Aurélio (1975), faz com que a empresa alcance os resultados esperados e mantenha-se em posição de destaque no mercado competitivo. Não houve nenhuma incidência de preocupação por parte dos proprietários no gerenciamento das áreas de recursos humanos, marketing e comercialização. Segundo Andrade (1992), são estas as áreas de destaque e devem ser observadas em qualquer tipo de empresa. Como reflexo dessa situação, a maioria das propriedades entrevistadas não possuem um gestor contratado (Tabela 14).

Tabela 14 – Propriedades com Gestores

Gestor Estabelecimentos Percentual

Possui 2 20%

Não possui 8 80%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Foi comentado o uso de indicadores de desempenho por parte dos produtores, porém de maneira limitada. Há uma maior preocupação na utilização de indicadores zootécnicos, como, por exemplo, o indicador de reprodução, que é a eficiência em fazer a vaca ficar gestante o mais rápido possível. Em se tratando de indicadores econômicos foi relatado somente a utilização do indicador de margem bruta por todos os produtores. Quando perguntado aos produtores o motivo da maior preocupação com os indicadores zootécnicos em detrimento dos econômicos, muitos relataram dificuldade no entendimento dos indicadores econômicos, o que não ocorre com os indicadores zootécnicos, por estarem mais familiarizados com a prática.

De qualquer forma, não foi demonstrado nem encontrado evidências de que realmente os produtores fazem uso (correto ou não) desses indicadores de desempenho na gestão das suas propriedades rurais.

Segundo Carvalho (2006), deve se haver um equilíbrio entre os indicadores utilizados de forma a subsidiar uma melhor tomada de decisão. Para Oliveira (2007), o

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uso de indicadores de desempenho pode servir de ferramenta de apoio a tomada de decisão.

A participação em programas oficiais de assistência técnica nas propriedades pesquisadas é mínima. Observa-se uma maior incidência de políticas públicas voltadas ao controle de doenças, como por exemplo: programa de vacinação da brucelose. No entanto, a maioria tem interesse no acesso a assistência técnica, desde que seja de forma gratuita.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo os objetivos deste trabalho, buscou-se traçar o perfil dos produtores de leite do município de Piraí/RJ, compreendendo suas relações com a gestão da propriedade e os indicadores de desempenho utilizados na mesma.

A grande totalidade dos produtores apresentam faixa etária entre quarenta e setenta anos, são do sexo masculino, possuem escolaridade entre ensino fundamental e médio, são proprietário de suas terras, em maioria de pequeno porte. Resultados que concordam com o censo agropecuário do IBGE (2006).

De modo geral os proprietários demonstram interesse em desenvolver uma gestão eficaz nas propriedades, mas ainda possuem algumas dificuldades, como registrar os resultados obtidos. Além disso, a maioria dos proprietários fazem uso limitado de indicadores de desempenho, por não assimilarem sua importância, fazendo um uso amplo somente de indicadores zootécnicos e deixando a desejar no que diz respeito aos indicadores econômicos, com exceção do indicador de margem bruta. Ressalta-se que na maioria das propriedades o proprietário é o próprio gestor.

O estudo realizado apresentou limitações importantes, deve-se destacar a utilização de pesquisa qualitativa e a utilização de uma amostra reduzida. Limitações essas que são justificáveis em função da inexistência de um censo atualizado. No momento que foi produzido esse trabalho, o IBGE estava em processo de elaboração de um novo censo. Vale comentar que a dificuldade de acesso aos produtores, o que demandou um esforço pessoal do pesquisador e limitou o tamanho da amostra.

Dada a importância do tema, em um estudo posterior, pode-se aprofundar o trabalho aqui descrito, aplicando o questionário em mais propriedades, de forma a aumentar a amostra e consequentemente a validade dos dados.

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APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista

Questionário Perfil Técnico Gerencial dos Produtores de Leite no Município de Piraí/RJ Propriedade: Proprietário: Idade: Sexo: Escolaridade: Condição do produtor

( ) Proprietário ( ) Arrendatário ( ) Parceiro ( ) Ocupante ( ) Produtor sem área ( ) Outros A propriedade possui gestor?

( ) Sim ( ) Não

A propriedade possui controle de gastos e ganhos? ( ) Sim, qual?____________________. ( ) Não Tamanho do estabelecimento ________________ ha. Área produtiva ________________ ha. Vacas ordenhadas ________________ Cabeças. Produção ________________ Litros/dia. Valor da produção ________________ Reais. Outras atividades? ____________________________________________________________________. Qual o maior cliente da propriedade?

( ) Laticínio ( ) Cooperativa ( ) Outros _____________________________________. Quais os fornecedores de insumos?

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Orientação técnica

( ) Regular ( ) Ocasionalmente ( )Não recebe Se sim, de qual órgão público ou empresa?

____________________________________________________________________. Possui algum tipo de indicador de desempenho? Econômico ou Zootécnico.

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