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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Seção de Direito Privado 10ª Câmara de Direito Privado Apelação

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº

0010198-07.2011.8.26.0198, da Comarca de Franco da Rocha, em que é apelante ITHALLO AUGUSTO CAVALHERI ROSA (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado RAINBOW DANCE DANCETERIA - CASA DE SHOWS, ESPETÁCULOS E EVENTOS LTDA ME.

ACORDAM, em 10ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de

São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JOÃO CARLOS SALETTI (Presidente) e CARLOS ALBERTO GARBI.

São Paulo, 15 de abril de 2014.

Marcia Dalla Déa Barone RELATOR

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VOTO Nº 7055

Apelante: Ithallo Augusto Cavalheri Rosa

Apelado: Rainbow Dance Danceteria - Casa de Shows, Espetáculos e Eventos Ltda. Me

Comarca: Franco da Rocha Juiz: Raul Márcio Siqueira Junior

Ação de indenização por danos materiais e morais Consumidor que foi acusado do uso de dinheiro falso Nota que foi inutilizada por expressão nela aposta por preposto da empresa requerida Conjunto probatório que confirma a versão apresentada na inicial Caracterização da responsabilidade civil Danos materiais representados pelo valor da nota de dinheiro inutilizada Danos morais representados pela situação vexatória à qual foi o consumidor exposto Fixação do valor da indenização de acordo com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade Correção monetária a contar da fixação e juros de mora a contar do evento danoso Sentença de improcedência reformada Recurso provido.

Vistos,

Ao relatório de fls. 97/98 acrescento ter a sentença apelada julgado improcedente a ação para o fim de não condenar a empresa requerida no pagamento de verba indenizatória na forma reclamada. Ao autor foram carreados os ônus de sucumbência.

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buscando a reforma do julgado, com a condenação da requerida no pagamento da verba indenizatória e ônus de sucumbência. Invoca a aplicação do disposto no Código de Defesa do Consumidor para o fim de concluir pela presença dos requisitos legais para a imposição do dever de indenizar. Entende que o conjunto probatório tenha sido satisfatório, tecendo considerações acerca dos depoimentos colhidos.

O recurso foi recebido e processado. Contrarrazões a fls. 112/116.

É o relatório.

O recurso de apelo comporta acolhimento e a sentença apelada, a despeito do entendimento do Juízo “a quo” merece reforma.

Inequívoca a existência de relação de consumo entre as partes, figurando o autor como consumidor dos serviços prestados pela requerida e mercadorias que são fornecidas. Este fato não impõe à requerida o ônus de demonstrar fato negativo, como ressaltado pelo julgador de primeiro grau, mas não se pode olvidar que o autor arrolou testemunhas que confirmaram integralmente os fatos narrados na inicial, incluindo detalhes.

O autor demonstrou que compareceu ao estabelecimento comercial requerido acompanhado de amigos e após o consumo de bebidas dirigiu-se ao caixa para efetuar o pagamento da conta de consumo, oportunidade em que entregou à preposta da requerida duas notas de R$ 50,00, sendo que neste momento a funcionária deixou o local, e retornou devolvendo uma nota para o autor com a inscrição “falça” (com erro de grafia) anotada com caneta vermelha. Ambas as testemunhas ouvidas confirmam exatamente estes fatos, incluindo o erro de grafia acima referido, acrescentando que a funcionária se dirigiu ao autor, mas se fez ouvir por todos os presentes nos arredores do caixa do estabelecimento comercial, noticiando a todos que a nota entregue para pagamento era falsa e que o autor deveria se aperfeiçoar para “fazer” outra melhor.

A requerida, por sua vez, demonstrou apenas, através do depoimento de uma testemunha que não se encontrava no local, como é o procedimento normal para este tipo de evento, nada acrescentando às circunstâncias concretas envolvendo os fatos descritos na inicial.

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O procedimento adotado pela empresa requerida, através de seus prepostos, foi impróprio, pois diante da constatação de que haveria dúvidas acerca da veracidade da nota de R$ 50,00 entregue por um usuário para pagamento de conta de consumo, já que apesar da credibilidade que os apetrechos elaborados para verificar a falsidade de notas de dinheiro apresentam, somente através de perícia seria possível afirmar que a nota era realmente falsa, deveria a requerida, apenas recusar aquela nota que deveria ter sido devolvida ao autor no mesmo estado em que entregue ou, se o autor insistisse na utilização daquela nota comunicar o fato à autoridade policial competente para avaliar a questão. O comportamento da preposta da requerida não se mostrou adequado e assim cabe a análise das consequências daí decorrentes.

A requerida não postulou a elaboração de prova pericial visando comprovar a falsidade da nota de dinheiro que lhe teria sido entregue pelo autor na oportunidade descrita na inicial, e não há elementos de prova que permitam afirmar, sem a menor dúvida, referida falsidade. A conduta acima descrita deve ser classificada como lesiva, preenchendo o primeiro requisito para a caracterização da responsabilidade civil.

Os danos materiais e morais, com a comprovação do nexo de causalidade entre a conduta lesiva e o resultado danoso também se encontram presentes.

O consumidor passou por situação constrangedora quando foi acusado de tentar utilizar nota de dinheiro falsa e assim deverá a requerida ser instada a compor os danos experimentados. O valor da nota de R$ 50,00 cujo uso foi inviabilizado diante da expressão nela aposta pela preposta da requerida deverá representar os danos materiais, devendo a requerida recompor o patrimônio do postulante.

Os danos morais, representados pelo abalo psicológico sofrido pelo autor ao ser apontado como usuário de dinheiro falso, diante de amigos e pessoas conhecidas da cidade, também devem ser objeto de indenização, pois extrapolam o mero dissabor não indenizável.

Assim leciona a doutrina a respeito da responsabilidade civil e o dano moral: [O dano moral] “é a dor, a

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angústia, o desgosto, a aflição espiritual, a humilhação, o complexo que sofre a vítima de evento danoso, pois estes estados de espírito constituem o conteúdo, ou melhor, a consequência do dano.” (MARIA

HELENA DINIZ, Curso de direito Civil Responsabilidade Civil, Ed. Saraiva, 18ª ed. 7º v., c.3.1, p. 92). No mesmo sentido e direção, cabe invocação do ensinamento doutrinário de Sérgio Cavalieri Filho que, em sua obra “Programa de Responsabilidade Civil”, ed. Atlas, 2010, fls. 87, pontifica: “só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame,

sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar."

Com relação ao valor da indenização por danos morais, tem-se que o montante não pode representar premiação à vítima, destinando-se à justa compensação pelos danos experimentados, não podendo caracterizar enriquecimento sem causa, vedado pelo ordenamento jurídico. Da mesma forma, o valor da indenização não pode ser ínfimo e não deve premiar o ato ilícito, devendo ser observada a capacidade financeira do requerido e os danos causados à parte por sua conduta quando da fixação do montante indenizatório, atendendo-se, assim, aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

Neste diapasão, o montante correspondente a R$ 10.000,00, se mostra compatível com os danos verificados, servindo, outrossim, para evitar a reiteração da conduta ilícita, inviabilizando o enriquecimento ilícito da autora e deixando de onerar de forma desnecessária a requerida. Referido valor deverá sofrer correção monetária a contar da fixação (Súmula 362 do Superior Tribunal de Justiça). Os juros de mora devem ser contados a partir do evento danoso (Súmula 54 do Superior Tribunal de Justiça).

A requerida deverá suportar, outrossim, o pagamento das custas processuais corrigidas a partir de cada desembolso e honorários advocatícios na base de 20% do valor de condenação.

Em face do exposto, pelo voto, Dá-se provimento ao recurso, para o fim de Condenar a requerida no pagamento de verba indenizatória, em favor do autor, a título de danos materiais no valor correspondente a R$ 50,00, com acréscimo de correção monetária e juros de mora a contar do evento danoso, e a título

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de danos morais no valor de R$ 10.000,00, com acréscimo de correção monetária a contar da fixação e juros de mora a contar do evento, além disso, deverá a requerida suportar o pagamento de custas processuais corrigidas a partir de cada desembolso e honorários advocatícios na base de 20% do valor de condenação.

MARCIA DALLA DÉA BARONE

Referências

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