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Poder Judiciário da União TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

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Academic year: 2021

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E M E N T A

Órgão : 3ª TURMA CÍVEL

Classe : APELAÇÃO CÍVEL

N. Processo : 20160110645550APC

(0017331-64.2016.8.07.0001)

Apelante(s) : ELISEU SILVA COUTO

Apelado(s) : CENTAURO VIDA E PREVIDENCIA S/A

Relator : Desembargador ALVARO CIARLINI

Acórdão N. : 1101168

APELAÇÃO CÍVEL. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. C O B E R T U R A . I N D E N I Z A Ç Ã O . S I M P L E S P R O V A D O A C I D E N T E E D O D A N O . P R O V A P E R I C I A L . C L A S S I F I C A Ç Ã O D O P R E J U Í Z O .

1. A cobertura oferecida pelo Seguro Obrigatório DPVAT compreende indenizações por morte, por invalidez permanente total ou parcial, bem como por despesas de assistência médica e suplementares, de acordo com o art. 3º da Lei nº 6194/1974. 2. Para o pagamento da indenização decorrente de acidente de trânsito, é necessária a prova do sinistro e do dano decorrente, independentemente da existência de culpa.

3. É indispensável ainda a submissão da vítima de acidente de trânsito a exame pericial com o intuito de averiguar a etiologia, a eventual permanência, bem como a amplitude da lesão sofrida, nos termos da classificação proposta pelo art. 3º, caput, da Lei nº 6194/1974.

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A C Ó R D Ã O

Acordam os Senhores Desembargadores da 3ª TURMA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, ALVARO CIARLINI - Relator, FLAVIO ROSTIROLA - 1º Vogal, GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA - 2º Vogal, sob a presidência da Senhora Desembargadora MARIA DE LOURDES ABREU, em proferir a seguinte decisão: CONHECER. DAR PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME., de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasilia(DF), 6 de Junho de 2018.

Documento Assinado Eletronicamente ALVARO CIARLINI

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Na origem, o autor, ora apelante, ajuizou ação submetida ao procedimento comum contra a sociedade anônima Centauro Vida e Previdência S/A, ora apelada.

Narrou ter sido vítima de acidente de trânsito ocorrido aos 21 de setembro de 2014. Afirmou também que o referido sinistro causou-lhe “debilidade permanente no membro inferior direito” (fl. 3).

Pugnou, ao fim, pelo pagamento da indenização do Seguro Obrigatório DPVAT no montante de R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais), valor máximo, devidamente atualizado.

Decorrida a marcha processual, foi proferida a sentença de fls. 145-147, que julgou o pedido improcedente sob o fundamento de ausência de comprovação de que o dano sofrido pelo autor teria sido causado por veículo automotor.

Em suas razões recursais (fls. 152-154), o apelante alega ter restado demonstrado nos autos que as lesões por ele suportadas decorreram de atropelamento por automóvel.

Requer, portanto, a reforma da sentença para que o pedido seja julgado procedente.

Ausente o recolhimento do valor do preparo, pois o recorrente goza dos benefícios da gratuidade de justiça (fl. 146).

A apelada ofertou contrarrazões às fls. 157-161, pugnando pelo desprovimento do recurso.

É o relatório.

R E L A T Ó R I O

Trata-se de apelação interposta por Eliseu Silva Couto (fls. 152-154), contra a sentença de fls. 145-147, proferida pelo Juízo da 11ª Vara Cível de Brasília-DF, que julgou o pedido improcedente.

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A autora alega que estão comprovados os requisitos aptos a autorizar o pagamento da indenização referente ao Seguro DPVAT.

Inicialmente, cumpre destacar que a cobertura oferecida pelo Seguro Obrigatório DPVAT compreende indenizações por morte, por invalidez permanente total ou parcial, e por despesas de assistência médica e suplementares decorrentes de acidentes de trânsito, de acordo com o art. 3º da Lei nº 6194/1974.

Ressalte-se que nos termos do art. 5º da Lei nº 6194/1974, para o pagamento da indenização correspondente ao acidente de trânsito, é necessária a simples prova do acidente e do dano decorrente, independentemente da existência de culpa.

Nesse sentido, observem-se as seguintes ementas promanadas deste Egrégio Tribunal de Justiça:

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. S E G U R O D P V A T . R E Q U E R I M E N T O D E COMPLEMENTAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DO VALOR PAGO ADMINISTRATIVAMENTE PARA FINS DE COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA QUE INCIDE APENAS SOBRE O PAGAMENTO SUPRIMIDO Á ÉPOCA DO SINISTRO. TERMO INICIAL. EVENTO DANOSO. JUROS DE MORA A PARTIR DA CITAÇÃO. RECURSO DESPROVIDO.

1. O seguro DPVAT é regulamentado pela Lei 6.194/1974, que prevê, em seu art. 5º, as normas sobre o direito à i n d e n i z a ç ã o d o s e g u r o D P V A T . O p a g a m e n t o d a indenização será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, independentemente da existência de culpa, haja ou não resseguro.

2. Não há se falar em correção monetária do valor já pago V O T O S

O Senhor Desembargador ALVARO CIARLINI - Relator

O recurso interposto merece ser conhecido, pois se encontram preenchidos seus pressupostos extrínsecos e intrínsecos, sendo tempestivo e apropriado à espécie.

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administrativamente, eis que a ré deveria ter feito o pagamento da indenização em valor maior. Assim, tratando-se de condenação ao pagamento de valores que foram suprimidos da indenização do autor, apenas o valor pendente de pagamento deve ser atualizado para a preservação de sua expressão econômica.

3. O termo inicial da correção monetária, in casu, é a data do evento danoso, entendido este como a data do acidente de trânsito.

4. Sobre a diferença do valor pago administrativamente por indenização e o valor efetivamente devido incidirá correção monetária desde o evento danoso e juros de mora a partir da citação.

5. Recurso conhecido e desprovido.

(Acórdão nº 1086260, 20170110157899APC, Relator: ALFEU M A C H A D O 6 ª T U R M A C Í V E L , D a t a d e J u l g a m e n t o : 04/04/2018, Publicado no DJE: 10/04/2018, p. 419-441) (Ressalvam-se os grifos)

DE COBRANÇA. DPVAT. SEGURO DE DANOS PESSOAIS CAUSADOS POR VEÍCULOS AUTOMOTORES DE VIAS TERRESTRES. SEGURO OBRIGATÓRIO. DECORRE DE LEI QUE É NORMA OBRIGATÓRIA, IMPERATIVA E COGENTE. ARTIGO 5º, CAPUT, DA LEI Nº 6.194/1974. INDENIZAÇÃO D E V I D A . R E C U R S O C O N H E C I D O E D E S P R O V I D O . S E N T E N Ç A M A N T I D A .

1. O seguro DPVAT tem por objetivo indenizar as vítimas de acidentes de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, em razão de morte, invalidez p e r m a n e n t e e d e s p e s a s d e a s s i s t ê n c i a m é d i c a e s u p l e m e n t a r e s .

2. A obrigatoriedade de pagar o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores decorre de lei, por esta ser imperativa e cogente, se aplica de forma impositiva a todos. 3. Para que o beneficiário tenha direito à indenização do seguro DPVAT, basta que comprove que houve o acidente e o dano dele decorrente, independentemente da culpa,

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qualquer valor a título de franquia de responsabilidade do segurado, nos termos do artigo 5º, caput, da Lei nº 6.194/1974.

4. Provado o acidente e o dano dele decorrente, há a comprovação do nexo causal entre a conduta e o resultado, sendo suficiente para que haja o pagamento do seguro DPVAT.

5.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

(Acórdão nº 1081688, 20170110199449APC, Relator: ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO 5ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 07/03/2018, Publicado no DJE: 15/03/2018, p. 276-281)(Ressalvam-se os grifos)

No caso em exame, verifica-se que aos 21 de setembro de 2014, foi relatado acidente de trânsito envolvendo um automóvel VOYAGE prata, placa JHV-1379, conduzido por Edvaldo Pereira de Castro, e uma bicicleta conduzida pelo autor. No Boletim de Ocorrência registrado pela Polícia Civil do Distrito Federal (fls. 93-95), foi lavrado o seguinte (fls. 93-94):

"Tomamos conhecimento por intermédio do CIADE (WANDA), sobre Acidente de Trânsito com Vítima, envolvendo veículo x bicicleta, ocorrido no conjunto "G" da QNP 16 - Setor P Sul. No local do fato, preservado pelo Auditor de Trânsito do Detran/DF, GONÇALVES, matrícula nº 250822, o condutor do veículo VW/Voyage, placa JHV-1379, EDVALDO PEREIRA DE CASTRO, encontrava-se no local, aguardando perícia, enquanto o condutor da bicicleta, ELISEU SILVA COUTO, foi encaminhado ao HRC para atendimento médico".

O Boletim de Ocorrência registrado pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (fls. 58-59), por sua vez, relatou o atendimento a acidente de trânsito com vítima, ressaltando que "carro atropelou um ciclista" (fl. 58) e que havia "uma

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vítima com suspeita de TCE, corte na cabeça e no MID. Transportado ao HRC" (fl. 58).

Observa-se também que foram realizados Exames de Corpo de Delito no Instituto de Medicina Legal-IML Leonídio Ribeiro (fls. 20-21 e fls. 22-23), por requisição da 23ª Delegacia de Polícia, para averiguar as lesões decorrentes do acidente relatado no boletim da ocorrência nº 8090/2014.

Nos termos do laudo produzido aos 4 de janeiro de 2016 (fls. 22-23), o apelante ficou incapacitado para as ocupações habituais por mais de trinta dias, tendo sofrido "lesões contusas resultando em debilidade permanente em grau moderado no membro inferior direito", padecendo de "grandes dificuldades em atividades laborais que necessitem deambulação frequente".

De acordo com o relatório médico de fl. 132, o autor foi atendido na data do acidente no Hospital Regional de Ceilândia com "fratura exposta de tíbia proximal direita". O prontuário eletrônico de fls. 134-136v atesta o atendimento ao demandante e sua submissão a procedimento cirúrgico ortopédico. Esses documentos, portanto, corroboram as alegações do demandante a respeito do nexo causal entre o dano sofrido e o acidente de trânsito em que se envolveu.

"Periciando apresenta cicatriz cirúrgica condizente com tratamento cirúrgico de fratura de plator tibial, porém não apresenta exames ou relatórios médicos da data do ocorrido, nem fichas de atendimento em unidade hospitalar, ficando prejudicado o nexo causal" (Ressalvam-Ocorre que o laudo do exame pericial (fls. 121-121v) não esclareceu se o recorrente se encontra em situação de invalidez permanente, bem como se esse estado fisiológico poderia ser enquadrado como "total" ou "parcial", cuidando-se de informações escuidando-senciais para a devida quantificação de eventual indenização, nos termos da classificação proposta pelo art. 3º, caput, da Lei nº 6194/19741. Na

ocasião, restou consignado que (fl. 121v):

1 Art. 3o. Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2o desta Lei compreendem as indenizações por morte, por invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas de assistência médica e suplementares, nos valores e conforme as regras que se seguem, por pessoa vitimada: (Redação dada pela Lei nº 11.945, de 2009).(Produção de efeitos).

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se os grifos)

Ressalte-se que no momento do exame pericial ainda não havia sido coligido aos autos o prontuário médico do autor, de acordo com o requerimento de fl. 120. Destaque-se ainda que o prazo para a referida medida foi dilatado na decisão de fl. 129 em razão da demora da disponibilização dos documentos pelo Hospital Regional de Ceilândia.

Assim, fica evidenciada a necessidade de submissão do demandante a novo exame pericial, com a indispensável exibiçãodos relatórios e prontuário médicos, o que possibilitará a análise da etiologia e da classificação das lesões sofridas.

Diante do exposto, dou provimento ao recurso para desconstituir a sentença e determinar a remessa dos autos aoJuízo de origem para que seja realizada nova perícia.

É como voto.

O Senhor Desembargador FLAVIO ROSTIROLA - Vogal Com o relator

O Senhor Desembargador GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA - Vogal Com o relator

D E C I S Ã O

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