• Nenhum resultado encontrado

Estudos dos impactos da política de fixação do preço dos combustíveis em São Tomé e Principe

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Estudos dos impactos da política de fixação do preço dos combustíveis em São Tomé e Principe"

Copied!
81
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DE ÉVORA

ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

Estudo dos Impactos da Política de Fixação do

Preço dos Combustíveis em São Tomé e Príncipe

Nome do Mestrando | Hearton Daunetty Amado de Menezes

Orientação | Professora Doutora Dulce Maria de Oliveira Gomes

Mestrado em Matemática e Aplicações

Área de Especialização

| Matemática e Aplicações

Dissertação

(2)

ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

Estudo dos Impactos da Política de Fixação do

Preço dos Combustíveis em São Tomé e Príncipe

Nome do Mestrando | Hearton Daunetty Amado de Menezes

Orientação | Professora Doutora Dulce Maria de Oliveira Gomes

Mestrado em Matemática e Aplicações

Área de Especialização

| Matemática e Aplicações

Dissertação

(3)

Dedicat ´oria

A Deus, porque sem ele nada seria poss´ıvel; A Maria de Madre Deus Nazar ´e, minha saudosa av ´o. Tudo o que hoje sou, devo-o a esta grande mulher; ´

A minha fam´ılia.

(4)
(5)

Agradecimentos

Agradec¸o a todos que direta ou indiretamente participaram da elaborac¸ ˜ao deste trabalho.

Aos meus parentes mais pr ´oximos, minha av ´o, minha m ˜ae, minha esposa e minhas filhas, meus tios pelo amor e paci ˆencia nas horas mais dif´ıceis.

´

A Prof. Dra. Dulce Gomes pelo conhecimento, colaborac¸ ˜ao e empenho em tornar este trabalho uma realidade.

A Universidade de ´Evora pela oportunidade de realizar essa formac¸ ˜ao. A empresa ENCO, SARL, pelo dados disponibilizados.

Aos colegas do mestrado, pela ajuda durante este per´ıodo.

Pec¸o desculpas se nesta hora esquec¸o de algu ´em, mas saiba que voc ˆe tamb ´em foi muito importante.

(6)
(7)

Resumo

A flutuac¸ ˜ao do prec¸o do petr ´oleo e a sua subvenc¸ ˜ao praticada por alguns pa´ıses, incluindo S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe, ´e um tema de grande relev ˆancia dada a enorme import ˆancia que o petr ´oleo assume nas economias dos pa´ıses que, tal como o nosso, n ˜ao disp ˜oem de recursos energ ´eticos pr ´oprios (salvo a ´agua, o vento e o sol).

A Empresa Nacional de Combust´ıveis e ´Oleo (ENCO, SARL), representa o monop ´olio de importac¸ ˜ao e venda dos produtos petrol´ıferos (gasolina, gas ´oleo, Jet-A1 e Petr ´oleo) em S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe. A mesma ´e encarregada de elaborar a estrutura de prec¸os dos produtos acima mencionados sempre que h ´a uma importac¸ ˜ao. A elaborac¸ ˜ao desta estrutura de prec¸os ´e baseadas nas leis e normas de importac¸ ˜ao e vendas de produtos petrol´ıferos vigentes no Pa´ıs, onde o prec¸o de venda ao consumidor final ´e fixo causando com isto um diferencial de prec¸o que ser ´a o nosso objecto de estudo.

Pretendemos com esta dissertac¸ ˜ao identificar os benefici ´arios da pol´ıtica de fixac¸ ˜ao do prec¸o dos produtos petrol´ıferos praticado pelo Estado santomense durante os anos de 2001 a 2017 e construir modelos estat´ısticos que permitam explicar a evoluc¸ ˜ao desse diferencial e fazer uma previs ˜ao futura desse mesmo diferencial.

No final apresentaremos as conclus ˜oes e, caso se justifique, algumas recomendac¸ ˜oes futuras.

Palavras-chave: Produtos petrol´ıferos, estrutura de prec¸os dos produtos petrol´ıferos, s ´eries

temporais.

(8)
(9)

Abstract

STUDY OF THE IMPACTS OF FUEL PRICE FIXING POLICY IN S ˜

AO TOM ´

E E

PR´INCIPE

The fluctuations in oil prices and its subsidy practiced by some countries, including S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe, is a subject of great importance given the enormous importance of oil in the economies of countries that, like ours, do not have their own energy resources (except water, wind and sun).

The National Fuel and Oil Company (ENCO) represents the monopoly on the import and sale of petroleum products (gasoline, diesel, Jet-A1 and Petroleum) in S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe, which is responsible for elaborating the price structure of the products mentioned above whenever there is an import. The elaboration is made based on the laws and norms of importation and sales of petroleum products in force in the Country, where the sale price to the final consumer is fixed causing with this a differential of price that will be our object of study.

We intend with this dissertation to identify the beneficiaries of the petroleum products pricing policy practiced by the State of S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe during the years 2001 to 2017, and to construct statistical models that allow to explain the evolution of this differential and to make a future prediction of this same differential.

In the final chapter, we will present the conclusions and, if appropriate, some future recommendations.

Keywords: Petroleum products, structure of prices of petroleum products, time series.

(10)
(11)

´Indice

1 Introduc¸ ˜ao 17

1.1 Motivac¸ ˜ao do estudo . . . 18

1.2 Breve hist ´oria das S ´eries Temporais e alguns exemplos de aplicac¸ ˜ao . . . 19

1.2.1 Breve hist ´oria das S ´eries Temporais . . . 19

1.2.2 Alguns exemplos de aplicac¸ ˜ao . . . 19

1.3 Organizac¸ ˜ao da tese . . . 20

2 Contextualizac¸ ˜ao do caso de estudo 21 2.1 Introduc¸ ˜ao . . . 22

2.2 Caracterizac¸ ˜ao da ENCO, SARL . . . 22

2.3 Mapa de estrutura de prec¸o . . . 23

2.4 Mercado dos combust´ıveis . . . 23

2.4.1 Mercado global . . . 23

2.4.2 Mercado nacional . . . 27

3 M ´etodos quantitativos estoc ´asticos de ajustamento e de previs ˜ao 30 3.1 Introduc¸ ˜ao . . . 31

3.2 S ´eries temporais: breve introduc¸ ˜ao . . . 31

3.2.1 Conceitos gerais sobre processos estoc ´asticos . . . 32

3.2.2 Func¸ ˜oes de autocovari ˆancia, autocorrelac¸ ˜ao e autocorrelac¸ ˜ao parcial . . . 34

3.2.3 Estimac¸ ˜ao da m ´edia, vari ˆancia e func¸ ˜oes de autocovari ˆancia, autocorrelac¸ ˜ao e autocorrelac¸ ˜ao parcial . . . 35

3.3 Modelos para s ´eries temporais lineares estacion ´arias . . . 36

3.3.1 Modelos autoregressivos . . . 36

3.3.2 Modelos de m ´edias m ´oveis . . . 38

3.3.3 Modelos autoregressivos e de m ´edias m ´oveis . . . 40

3.4 Modelos para s ´eries temporais lineares n ˜ao estacion ´arias . . . 41

3.4.1 Transformac¸ ˜oes para estabilizar a vari ˆancia . . . 42

3.4.2 Transformac¸ ˜oes para eliminar as tend ˆencias . . . 43

3.4.3 Modelo ARIMA . . . 43

3.4.4 Modelo SARIMA . . . 44

3.5 Modelac¸ ˜ao de s ´eries temporais . . . 45

3.5.1 Identificac¸ ˜ao do modelo . . . 45

3.5.2 Estimac¸ ˜ao dos par ˆametros do modelo . . . 46

3.5.2.A Estimador dos momentos para o modelo AR(p) . . . 46

3.5.2.B Estimador dos m´ınimos quadrados condicionais para o modelo AR(p) . 47 3.5.2.C Estimador de m ´axima verosimilhanc¸a condicionada para o modelo AR(p) . . . 47

3.5.3 Avaliac¸ ˜ao do diagn ´ostico . . . 48

3.5.3.A Signific ˆancia estat´ıstica dos par ˆametros do modelo . . . 48

3.5.3.B Estacionariedade e invertibilidade do modelo . . . 48

3.5.3.C Estabilidade do modelo . . . 49

3.5.3.D Redund ˆancia dos par ˆametros do modelo . . . 49

3.5.3.E Avaliac¸ ˜ao da qualidade do modelo . . . 49

3.5.4 Crit ´erios de selecc¸ ˜ao de modelos . . . 50

3.6 Previs ˜ao de s ´eries temporais . . . 51

3.6.1 Performance preditiva . . . 52

(12)

4 Aplicac¸ ˜ao ao caso de estudo 53

4.1 Introduc¸ ˜ao . . . 54

4.2 Tratamento pr ´evio dos dados . . . 54

4.3 An ´alise descritiva dos dados . . . 54

4.4 Modelac¸ ˜ao das s ´eries . . . 58

4.4.1 Modelac¸ ˜ao dos diferenciais de prec¸o da gasolina . . . 58

4.4.2 Modelac¸ ˜ao dos diferenciais de prec¸o do gas ´oleo . . . 62

4.4.3 Modelac¸ ˜ao dos diferenciais de prec¸o do petr ´oleo . . . 66

4.5 Benefici ´ario da pol´ıtica de controlo do prec¸o de combust´ıvel 2001-2017 . . . 71

5 Conclus ˜oes 73 6 Anexos 76 6.1 Anexos . . . 77

Refer ˆencias bibliogr ´aficas 81

(13)

Lista de Figuras

2.1 Estrutura dos acionistas (Relat ´orio e conta da ENCO, SARL 2017) . . . 22

2.2 Mapa de Estrutura de Prec¸o (ENCO, SARL) . . . 24

2.3 An ´alise comparativa, entre a IEF e a OPEC, sobre a procura de petr ´oleo (Relat ´orio mensal de Abril de 2018) (https://www.ief.org/_resources/files/ comparative-analysis/april-2018-comparative-analysis_final.pdf) . . . 25

2.4 An ´alise comparativa, entre a IEF e a OPEC, sobre a oferta de petr ´oleo (Relat ´orio mensal de Abril de 2018) (https://www.ief.org/_resources/files/ comparative-analysis/april-2018-comparative-analysis_final.pdf) . . . 26

2.5 Mapa de estrutura de mercado (Hearton De Menezes, 2017) . . . 27

3.1 S ´erie temporal com tend ˆencia crescente at ´e 2008 (FRED government work https: //fred.stlouisfed.org/series/GASREGCOVM) . . . 32

3.2 S ´erie temporal com sazonalidade (Samia, Keimara e Pedro, 2017 https://online. unisc.br/seer/index.php/cepe/article/download/9063/6870) . . . 32

3.3 S ´erie temporal, FAC e FACP de um ru´ıdo branco . . . 36

3.4 S ´erie temporal, FAC e FACP de um AR(2) (https://www.slideshare.net/ SrinivasKNS1/presentation-42950288) . . . 39

3.5 S ´erie temporal, FAC e FACP de um MA(2) (dados simulados) . . . 40

3.6 S ´erie temporal, FAC e FACP de um ARMA(1,1) (https://www.xycoon.com/arma11_ process.htm) . . . 42

4.1 Cronogranma dos diferenciais de prec¸o da gasolina (dobras/m ˆes) . . . 54

4.2 Cronograma dos diferenciais de prec¸o do gas ´oleo (dobras/m ˆes) . . . 55

4.3 Cronograma dos diferenciais de prec¸o do petr ´oleo (dobras/m ˆes) . . . 55

4.4 Decomposic¸ ˜ao dos diferenciais de prec¸o da gasolina . . . 56

4.5 Decomposic¸ ˜ao dos diferenciais de prec¸o do gas ´oleo . . . 56

4.6 Decomposic¸ ˜ao dos diferenciais de prec¸o do petr ´oleo . . . 56

4.7 Gr ´afico dos diferenciais de prec¸o da gasolina (dobras/m ˆes) por ano . . . 57

4.8 Gr ´afico dos diferenciais de prec¸o do gas ´oleo (dobras/m ˆes) por ano . . . 57

4.9 Gr ´afico dos diferenciais de prec¸o do petr ´oleo (dobras/m ˆes) por ano . . . 57

4.10 An ´alise descritiva dos diferenciais de prec¸o da gasolina, gas ´oleo e petr ´oleo, por ano . . 58

4.11 FAC e FACP dos diferenciais de prec¸o da gasolina (gats) . . . 59

4.12 S ´erie transformada dos diferenciais de prec¸o da gasolina (diff(gats)) . . . 59

4.13 Res´ıduos dos diferenciais de prec¸o da gasolina (modelo SARIMA(0, 1, 0) × (0, 0, 1)12) . 60 4.14 Ajustamento do modelo SARIMA(0, 1, 0) × (0, 0, 1)12 aos diferenciais de prec¸o da gasolina. Dados originais (a preto) e ajustados (a verde) . . . 61

4.15 Previs ˜ao dos diferenciais de prec¸o da gasolina para 2018-2019 (a azul) . . . 61

4.16 Dados reais (gats.real) e previs ˜ao da gasolina para o ano de 2017 modelo SARIMA(0, 1, 0) × (0, 0, 1)12 . . . 62

4.17 C ´alculo dos erros de previs ˜ao da gasolina . . . 62

4.18 FAC e FACP dos diferenciais de prec¸o do gas ´oleo at ´e 2016 . . . 63

4.19 S ´erie dos diferenciais de prec¸o do gas ´oleo transformada . . . 63

4.20 Res´ıduos do diferencial de prec¸o do gas ´oleo modelo ARIMA(0,1,0) . . . 64

4.21 Teste Ljung-Box realizado a s ´erie do gas ´oleo modelo ARIMA(0,1,0) 2016 . . . 64

4.22 Gr ´afico comparativo do real e previs ˜ao 2017 de gas ´oleo . . . 66

(14)

4.23 Ajustamento do modelo ARIM A(0, 1, 0) aos diferenciais de prec¸o do gas ´oleo. Dados

originais (a preto) e ajustados (a vermelha) . . . 66

4.24 Previs ˜ao dos diferenciais de prec¸o da gas ´oleo para 2018-2019 modelo ARIMA(0, 1, 0) . 67 4.25 Tabela comparativa da previs ˜ao e real 2017 do Gas ´oleo . . . 67

4.26 C ´alculo dos erros de previs ˜ao do gas ´oleo . . . 67

4.27 FAC e FACP dos diferenciais de prec¸o do petr ´oleo at ´e 2016 . . . 68

4.28 S ´erie dos diferenciais de prec¸o do petr ´oleo transformada . . . 68

4.29 Res´ıduos do diferencial de prec¸o do petr ´oleo modelo ARIMA(0,1,0) . . . 69

4.30 Teste Ljung-Box realizado a s ´erie do petr ´oleo modelo ARIMA(0,1,0) 2016 . . . 69

4.31 Gr ´afico comparativo do real e previs ˜ao 2017 de petr ´oleo do modelo ARIMA(0, 1, 0) . . . 70

4.32 Ajustamento do modelo ARIM A(0, 1, 0) aos diferenciais de prec¸o da gasolina. Dados originais (a preto) e ajustados (a azul . . . 71

4.33 Previs ˜ao dos diferenciais de prec¸o do petr ´oleo para 2018-2019 modelo ARIMA(0, 1, 0) . 71 4.34 Tabela comparativa da previs ˜ao e real 2017 do petr ´oleo . . . 72

4.35 Benefici ´arios da pol´ıtica do diferencial de prec¸o . . . 72

6.1 Gr ´afico da s ´erie original da gasolina (Diferecial de prec¸o, prec¸os real e de venda) . . . 77

6.2 Gr ´afico da s ´erie original do gas ´oleo (Diferecial de prec¸o, prec¸os real e de venda) . . . . 77

6.3 Gr ´afico da s ´erie original do petr ´oleo (Diferecial de prec¸o, prec¸os real e de venda) . . . . 77

6.4 Teste Li-McLeod para a s ´erie do petr ´oleo modelo ARIMA(0, 1, 0) . . . 78

6.5 Teste Li-McLeod para a s ´erie do petr ´oleo modelo ARIMA(1, 1, 0) . . . 78

6.6 Teste Ljung-Box para a s ´erie do petr ´oleo modelo ARIMA(1, 1, 0) . . . 78

6.7 Teste Li-Mcleod para a s ´erie do gas ´oleo modelo(0, 1, 0) . . . 79

6.8 Teste Li-Mcleod para a s ´erie do gas ´oleo modelo(1, 1, 0) . . . 79

6.9 Teste Ljung-Box para a s ´erie do gas ´oleo modelo(1, 1, 0) . . . 79

(15)

Lista de Tabelas

4.1 Crit ´erios de comparac¸ ˜ao relativos ao ajustamento dos diferenciais de prec¸o da gasolina 61 4.2 Crit ´erios de comparac¸ ˜ao relativos ao ajustamento dos diferenciais de prec¸o do gas ´oleo 65 4.3 Crit ´erios de comparac¸ ˜ao relativos ao ajustamento dos diferenciais de prec¸o do petr ´oleo 70

(16)
(17)

1

Introduc¸ ˜ao

1.1 Motivac¸ ˜ao do estudo . . . . 18 1.2 Breve hist ´oria das S ´eries Temporais e alguns exemplos de aplicac¸ ˜ao . . . . 19 1.3 Organizac¸ ˜ao da tese . . . . 20

(18)

1.1

Motivac¸ ˜ao do estudo

J ´a no s ´eculo XXI, e depois de muito se falar sobre a necessidade de se adoptarem energias alternativas que comportem menos riscos para o planeta, o petr ´oleo (que j ´a foi a causa, e ainda continua a ser, de muitas guerras) continua a ser a principal fonte de rendimento de muitos pa´ıses.

Em geral, o prec¸o dos produtos ´e estabelecido pela lei da oferta e da procura. Contudo, no que diz respeito ao petr ´oleo o seu prec¸o est ´a em constante flutuac¸ ˜ao uma vez que a definic¸ ˜ao do seu valor rege-se por quest ˜oes de geopol´ıtica.

As flutuac¸ ˜oes constantes no prec¸o do petr ´oleo causa grandes incertezas na economia mundial e em S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe (STP), um pa´ıs subdesenvolvido e com uma economia muito fr ´agil e pequena, os efeitos negativos dessas flutuac¸ ˜oes constitui um grande problema para os seus governantes.

A prospecc¸ ˜ao de petr ´oleo em STP teve seu in´ıcio em 1997 e, atrav ´es das avaliac¸ ˜oes feitas na ´epoca, tudo previa que a produc¸ ˜ao se iniciasse em 2002. Contudo, as perfurac¸ ˜oes de explorac¸ ˜oes feitas posteriormente produziram resultados insatisfat ´orios, tendo em conta que as reservas de hidrocarbonetos eram pequenas demais e o custo de extrac¸ ˜ao t ˜ao grande para justificar novos investimentos, isto fez com que as empresas de grandes portes (Exxon, Chevron, Sinopec e Total) desistissem de explorar a Zona de Explorac¸ ˜ao Conjunta (ZEC), segundo o relat ´orio do FMI n.o14/2.

Tendo em conta a localizac¸ ˜ao geogr ´afica dos bolcos petrol´ıferos, criou-se uma ZEC com a Nig ´eria em 2001 e uma Zona de Explorac¸ ˜ao Exclusiva (ZEE).

S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe ainda n ˜ao faz parte dos pa´ıses produtores de petr ´oleo, mas existem perspetivas para se realizar a primeira perfurac¸ ˜ao na ZEE em 2019.

Todo o combust´ıvel consumido ´e importado de Angola, o armazenamento do mesmo ´e assegurado pela Empresa Nacional de Combust´ıvel e ´Oleos (ENCO, SARL), cujo o acionista maiorit ´ario ´e a Sonangol. A ENCO, SARL, ´e a ´unica importadora de combust´ıvel do pa´ıs e, em conjunto com outras empresas, realiza a sua distribuic¸ ˜ao e venda.

A pol´ıtica de prec¸os de combust´ıvel adaptada pelo governo de STP, antes do in´ıcio desta tese, consistia em alterar menos vezes que poss´ıvel os prec¸os de venda ao p ´ublico, independentemente das flutuac¸ ˜oes do prec¸o a n´ıvel internacional, mesmo estando sujeito aos diferencias de prec¸os (positivos ou negativos) que esta pol´ıtica implica. Este procedimento est ´a sendo praticado h `a v ´arios anos por sucessivos governos. Isto leva-nos a questionar se esta pol´ıtica ´e a mais adequada e se n ˜ao existir ´a uma pol´ıtica melhor.

Para responder a esta quest ˜ao iremos analisar o comportamento dos dados hist ´oricos do diferencial dos prec¸os dos combust´ıveis (do gas ´oleo, da gasolina e do jet-A1/petr ´oleo) desde 2001-2017, as causas que possam ter contribu´ıdo para os mesmos, descrever a evoluc¸ ˜ao desses diferenciais no per´ıodo em estudo e prever os valores para o ano de 2019.

Com a an ´alise dos dados hist ´oricos, tamb ´em iremos analisar qual o maior benefici ´ario da pol´ıtica de controlo do prec¸o de combust´ıvel, se ´e o Estado santomense ou o consumidor final.

Tal como foi referido, da necessidade de um melhoramento no planeamento da pol´ıtica de compra de combust´ıveis por parte do governo de STP surgiu o interesse em estudar o diferencial dos prec¸os dos combust´ıveis ao longo do per´ıodo de estudo, nomeadamente atrav ´es de modelos estoc ´asticos que, ao longo do tempo, considerassem os registos estatisticamente relacionados entre si. Estes modelos estoc ´asticos designam-se por modelos de S ´eries Temporais.

A vantagem em usar modelos estoc ´asticos, ´e que ´e poss´ıvel fazer previs ˜oes a longo prazo dos diferenciais dos combust´ıveis atrav ´es dos modelos ajustados. As previs ˜oes a longo prazo ajudam na melhoria da planificac¸ ˜ao orc¸amental do governo, bem como numa melhor gest ˜ao da empresa ENCO, SARL.

(19)

1.2

Breve hist ´

oria das S ´eries Temporais e alguns exemplos de

aplicac¸ ˜ao

1.2.1

Breve hist ´

oria das S ´eries Temporais

Desde h ´a centenas de anos que s ˜ao registadas quantidades, relativas a certos fen ´omenos, que variam ao longo do tempo. Atrav ´es destes registos pretendeu-se sempre compreender a evoluc¸ ˜ao, ou o comportamento, destes fen ´omenos. Outro dos grandes objetivos foi, atrav ´es da compreens ˜ao desse comportamento, fazer previs ˜oes. As previs ˜oes s ˜ao, em geral, entendidas como sendo para a valores futuros. Contudo, tamb ´em se pode fazer previs ˜oes para valores passados (num certo espac¸o de tempo), que por algum motivo n ˜ao foram registados.

A ´area da Estat´ıstica que estuda fen ´omenos que variam ao longo do tempo chama-se S ´eries Temporais. A ´area das S ´eries Temporais t ˆem aplicac¸ ˜ao em diversas ´areas que v ˜ao desde a Economia e Gest ˜ao, `a Meteorologia, `a Sociologia, `as diversas `areas da Engenharia, `as Ci ˆencias da Sa ´ude, entre muitas outras.

Os desenvolvimentos te ´oricos na an ´alise de s ´eries temporais comec¸aram cedo com a teoria dos Processos Estoc ´asticos. A primeira aplicac¸ ˜ao real de modelos autorregressivos (AR) a dados temporais vem do trabalho de Yule e Walker nas d ´ecadas de 1920 e 1930 (Stockholm University, Department of Statistics, 2017).

Mais tarde, em 1937, Slutsky introduziu os modelos de m ´edias m ´oveis (MA) e, em 1938, Wold combinou ambos os modelos AR e MA e desenvolveu os modelos autoregressivos de m ´edias m ´oveis (ARMA). Os modelos ARMA s ˜ao os modelos mais usuais para a modelac¸ ˜ao de s ´eries temporais estacion ´arias. Contudo, Wold n ˜ao conseguiu deduzir a func¸ ˜ao de verosimilhanc¸a do modelo ARMA e, portanto, n ˜ao foi poss´ıvel estimar-se os par ˆametros do modelo, pelo que a aplicac¸ ˜ao destes a casos reais s ´o foi poss´ıvel em meados dos anos de 1960, quando os computadores foram capazes de realizar os c ´alculos necess ´arios para optimizar os c ´alculos para a estimac¸ ˜ao dos par ˆametros do modelo (Makridakis, S. and Hison, M. ,1995).

Mais tarde, em 1970, os modelos ARMA tornaram-se populares atrav ´es do trabalho de Box e Jenkins e, em 1976, estes autores publicaram um livro intitulado ”Time Series Analysis: Forecasting and Control”, onde sistematizaram a metodologia de an ´alise de uma s ´erie temporal atrav ´es dos seguintes passos: identificac¸ ˜ao do modelo, estimac¸ ˜ao dos seus par ˆametros e sua validac¸ ˜ao. Box e Jenkins foram mais longe e introduziram tamb ´em metodologias para transformar uma s ´erie n ˜ao-estacion ´aria numa s ´erie estacion ´aria, introduzindo, assim, os modelos autoregressivos integrados de m ´edias m ´oveis sazonais (ARIMA), apropriados para a modelac¸ ˜ao de s ´eries n ˜ao estacion ´arias que apresentem tend ˆencia e/ou sazonalidade. (Time Series and Forecasting: Brief History and Future Research. Journal of the American Statistical Association, Vol. 95, No. 450 (Jun., 2000), pp. 638-643).

Muitos autores designam os modelos autoregressivos integrados de m ´edias m ´oveis sazonais simplesmente por ARIMA ou por ARIMA sazonais. Aqui iremos usar a designac¸ ˜ao tamb ´em bastante usual de modelos SARIMA.

1.2.2

Alguns exemplos de aplicac¸ ˜ao

Tal como foi referido, existe uma longa aplicac¸ ˜ao dos modelos de S ´eries Temporais `as mais variadas ´areas. Iremos apresentar alguns trabalhos apenas os que dizem respeito `a ´area dos combust´ıveis.

Tularam e Saeed (2016) aplicaram modelos ARIMA (entre outros modelos de S ´eries Temporais que n ˜ao iremos abordar, como s ˜ao o caso do m ´etodo de Holt-Winters e da suavizac¸ ˜ao exponencial) aos prec¸os do petr ´oleo nos Estados Unidos da Am ´erica, entre 2011 e 2016, com o objectivo de com a sua aplicac¸ ˜ao, e comparac¸ ˜ao entre os v ´arios m ´etodos, poder indicar quer a quem elabora as pol´ıticas do sector, quer os estrategas de marketing qual o melhor m ´etodo de previs ˜ao para o mercado do petr ´oleo. Dos tr ˆes m ´etodos estudados os modelos ARIMA foi aquele que obteve os melhores resultados.

Outra aplicac¸ ˜ao dos modelos ARIMA pode encontra-se num artigo sobre a exportac¸ ˜ao de petr ´oleo bruto da Nig ´eria, entre de 2002 e 2011 (Samson, B. and Mercy, O. ,2015).

Muitos outros trabalhos t ˆem surgido nesta ´area de aplicac¸ ˜ao, alguns mantendo esta metodologia ARIMA/SARIMA e outros usando outras metodologias mais avanc¸adas que permitem incorporar

(20)

as grandes mudanc¸as nas s ´eries dos prec¸os do petr ´oleo causadas pelas grandes oscilac¸ ˜oes do mercado. Em particular, destaca-se a aplicac¸ ˜ao dos modelos vetorial auto-regressivos (VAR), por exemplo no trabalho de Kilian e Park (2009).

1.3

Organizac¸ ˜ao da tese

De forma `a alcanc¸ar os objectivos anteriormente definidos, est ´a dissertac¸ ˜ao encontra estruturada nos cinco cap´ıtulos que s ˜ao descritos em seguida.

Neste cap´ıtulo inicial descreve-se a motivac¸ ˜ao do estudo e apresenta-se uma breve s´ıntese da literatura sobre a aplicac¸ ˜ao de modelos de s ´eries temporais `a produc¸ ˜ao e/ou consumos de combust´ıveis, como o caso do petr ´oleo, da gasolina ou do gas ´oleo.

O segundo cap´ıtulo descreve-se o in´ıcio os mercados de petr ´oleo ao n´ıvel global, africano e nacional, incluindo uma breve explicac¸ ˜ao da cadeia petrol´ıfera em STP e dos principais agentes que nela actuam. Destaque natural para a empresa ENCO, SARL, e a estrutura de prec¸o de combust´ıvel que ´e elaborada pela mesma de acordo com as leis vigentes no pa´ıs. Tamb ´em se ilustra como ´e elaborado do mapa de estrutura de prec¸os, onde se encontra o ”diferencial de prec¸o”que ´e o problema principal a estudar nesta dissertac¸ ˜ao.

No terceiro cap´ıtulo faz-se uma breve introduc¸ ˜ao `a teoria das s ´eries temporais, apresentando os conceitos mais relevantes e os modelos que se ir ´a aplicar, de uma forma simples, mas tentando n ˜ao perder o rigor matem ´atico.

Nos fundamentos te ´oricos ser ´a dada especial atenc¸ ˜ao aos m ´etodos quantitativos, nomeadamente ao m ´etodo estoc ´astico, j ´a que no caso em estudo s ˜ao-nos disponibilizados os dados hist ´oricos referentes aos anos anteriores, e os mesmos t ˆem origem em eventos aleat ´orios, o que possibilita o desenvolvimento de um modelo com base neste tipo de m ´etodos.

No quarto cap´ıtulo, ap ´os a identificac¸ ˜ao e a definic¸ ˜ao do problema, procede-se `a recolha e an ´alise de dados relativos ao diferencial de prec¸os dos combust´ıveis (petr ´oleo, gasolina e gas ´oleo). Na an ´alise dos dados, as representac¸ ˜oes gr ´aficas e as estat´ısticas resumo s ˜ao duas etapas bastante importantes antes da modelac¸ ˜ao e previs ˜ao dos diferenciais dos prec¸os dos combust´ıveis. Da´ı, numa primeira fase ter-se procedido a uma an ´alise descritiva dos dados. Seguidamente, atrav ´es da an ´alise gr ´afica identificaram-se padr ˜oes e/ou tend ˆencias que caracterizam os nossos dados possibilitando, assim, a escolha dos modelos que melhor se adaptam a esses padr ˜oes. Por ´ultimo, atrav ´es dos modelos ajustados, procedeu-se `a previs ˜ao de valores futuros dos diferenciais dos prec¸os.

No quinto cap´ıtulo, apresenta-se as conclus ˜oes deste estudo. Ou seja, as vantagens da previs ˜ao do diferencial de prec¸o do combust´ıveis a m ´edio prazo, bem como a proposta de pol´ıticas alternativas e tamb ´em identificar os benefici ´arios da pol´ıtica de fixac¸ ˜ao do prec¸o praticado pelo Estado santomense durante os anos de 2001 a 2017. S ˜ao tamb ´em identificados aspectos a abordar em trabalhos futuros.

Todas as an ´alises estat´ısticas foram efectuadas atrav ´es do software R version 3.3.2 (www. rproject.org).

(21)

2

Contextualizac¸ ˜ao do caso de estudo

2.1 Introduc¸ ˜ao . . . . 22

2.2 Caracterizac¸ ˜ao da ENCO, SARL . . . . 22

2.3 Mapa de estrutura de prec¸o . . . . 23

2.4 Mercado dos combust´ıveis . . . . 23 21

(22)

2.1

Introduc¸ ˜ao

Este cap´ıtulo d ´a a conhecer a Empresa Nacional de Combust´ıveis e ´Oleo (ENCO, SARL) e o mercado dos combust´ıveis petrol´ıferos, descrevendo de forma detalhada as caracter´ısticas das ´areas onde se insere o caso de estudo a analisar ao longo desta dissertac¸ ˜ao. Para a compreens ˜ao do sector dos combust´ıveis torna-se fulcral a identificac¸ ˜ao das tend ˆencias de mercado, da depend ˆencia de cada mercado em termos energ ´eticos e dos principais efeitos que as flutuac¸ ˜oes dos prec¸os de combust´ıveis poder ˜ao causar nas economias, que aqui ser ˜ao divididas e descritas a partir de uma escala decrescente (desde o n´ıvel mundial at ´e ao nacional).

Para o mercado nacional descreve-se a situac¸ ˜ao actual da ENCO, SARL, no que diz respeito `a sua pol´ıtica de importac¸ ˜ao de combust´ıveis. Dar-se- ´a especial atenc¸ ˜ao `a descric¸ ˜ao do centro de recepc¸ ˜ao e distribuic¸ ˜ao da ENCO, SARL (instalac¸ ˜ao de Neves, capital do distrito de Lemb ´a, situada na zona norte da Ilha de S ˜ao Tom ´e), especificando os tipos de combust´ıveis importados e armazenados, tal como as condic¸ ˜oes de importac¸ ˜ao e como se elabora o mapa de estrutura de prec¸os. Ser ´a tamb ´em descrito nesta dissertac¸ ˜ao todo o ciclo de distribuic¸ ˜ao e venda do petr ´oleo em S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe e os principais respons ´aveis em cada etapa do ciclo, desde a sua requisic¸ ˜ao at ´e `a sua comercializac¸ ˜ao nos postos de abastecimento ao cliente final.

2.2

Caracterizac¸ ˜ao da ENCO, SARL

A Empresa Nacional de Combust´ıveis e ´Oleos foi constitu´ıda sobre a forma de sociedade an ´onima de responsabilidade limitada, atrav ´es do Decreto No. 60/97 de 15 de Dezembro, com a denominac¸ ˜ao de ENCO, SARL. A sua sede ´e na Rua da Guin ´e, cidade de S ˜ao Tom ´e, e tem como objecto social a importac¸ ˜ao e a comercializac¸ ˜ao de produtos petrol´ıferos, nomeadamente, combust´ıveis, ´oleos e massas lubrificantes e g ´as butano (plano de neg ´ocios 2018/2020).

Actualmente a estrutura accionista da Empresa ´e a seguinte:

Figura 2.1: Estrutura dos acionistas (Relat ´orio e conta da ENCO, SARL 2017)

Quota de mercado

A ENCO, SARL ´e a ´unica empresa a operar no sector de importac¸ ˜ao de combust´ıveis brancos em S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe e controla maioritariamente o mercado de ´oleos e massas lubrificantes. Ao n´ıvel do mercado de g ´as a ENCO, SARL estabeleceu como pol´ıtica a expans ˜ao e o consumo, tendo em vista a conquista duma maior quota de mercado do GPL (g ´as de petr ´oleo liquefeito).

Formulac¸ ˜ao das estrat ´egias

Na formulac¸ ˜ao de estrat ´egia, a ENCO, SARL decidiu dividir o foco em tr ˆes partes, que s ˜ao a vis ˜ao, miss ˜ao e objectivo, como fio condutor para alcanc¸ar as suas metas em S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe (plano de neg ´ocios 2018/2020).

(23)

Vis ˜ao

• Ser uma empresa moderna, rent ´avel e a maior em volume de neg ´ocios (comercializac¸ ˜ao de produtos petrol´ıferos e derivados);

• Desenvolver parcerias e compet ˆencias para se posicionar como uma das l´ıderes da ind ´ustria de hidrocarbonetos e petroqu´ımica;

• Assumir em cada projeto uma postura de lideranc¸a na defesa do meio ambiente, em parceria com o Estado e a comunidade, rumo ao desenvolvimento sustent ´avel;

• Transformac¸ ˜ao em empresa regional de energia digital e reduc¸ ˜ao da forte depend ˆencia do estado santomense, EMAE e a Sonangol.

Miss ˜ao

• Criar valor para o acionista; • Satisfazer o cliente;

• Contribuir para o bem-estar social dos colaboradores.

Objectivos

Objetivo prim ´ario da ENCO, SARL ´e comercializar os servic¸os/produtos aos clientes de forma a que haja da parte destes o reconhecimento de que adquiriram valor, isto ´e, atendimento personalizado no qual se d ´a primazia indiscut´ıvel a qualidade, rapidez e efici ˆencia (plano de neg ´ocios 2018/2020).

2.3

Mapa de estrutura de prec¸o

O Mapa de estrutura de prec¸o (MEP) ´e elaborado pela ENCO, SARL de acordo com a lei de importac¸ ˜ao e venda de combust´ıveis vigente no pais, aquando da chegada do navio de combust´ıvel, ou seja, sempre que h ´a uma importac¸ ˜ao elabora-se um MEP para cada produto.

Primeiramente lanc¸a-se a taxa de c ˆambio do d ´olar (USD) em relac¸ ˜ao `a dobra do dia em que se est ´a a elaborar o MEP, seguidamente coloca-se o prec¸o CIF (USD), que multiplicando pela taxa de c ˆambio obt ´em-se o prec¸o CIF em dobrar. Ap ´os essa passagem do prec¸o CIF d ´olar para dobra, imputa-se as Receitas Fiscais e Custos Adicionais, para alcanc¸ar o prec¸o base.

Ao prec¸o base, acrescido da margem grossista, resulta o prec¸o de venda grossista que somando os encargos com a distribuic¸ ˜ao e margem para o retalhista d ´a o prec¸o real. O diferencial de prec¸o ´e a diferenc¸a entre o prec¸o real e o prec¸o de venda actual. Ou seja, se o prec¸o real for maior que

o prec¸o de venda actual o diferencial ser ´a negativo, caso contr ´ario ser ´a positivo. Portanto, quando o diferencial de prec¸o for negativo debita-se ao estado Santomense, e quando for positivo credita-se.

2.4

Mercado dos combust´ıveis

2.4.1

Mercado global

Flutuac¸ ˜oes de mercado

Segundo Ignacio M ´artil1, nos anos 2001 a 2008, o prec¸o do petr ´oleo sofreu uma subida lenta durante

esse per´ıodo, devido diversos factores que contribu´ıram para essa tend ˆencia, como por exemplo: Os

1Professor catedr ´atico de Electr ´onica na Universidad Complutense de Madrid e membro da Real Sociedade Espanhola de

F´ısica.

(24)

Figura 2.2: Mapa de Estrutura de Prec¸o (ENCO, SARL)

atentados de 11 de setembro, a segunda Guerra do Golfo (2003), a eterna crise do M ´edio Oriente e a enorme bolha financeira que foi inchando desde os ´ultimos anos do s ´eculo XX, chegando pr ´oximo dos 140 d ´olares na primavera de 2008.

Ap ´os a primavera de 2008, comec¸ou a t ˜ao conhecida “Grande Recess ˜ao”, onde os prec¸os sofreram grandes quedas, alcanc¸ando valores perto dos 40 d ´olares por barril, na primavera de 2009. Depois dos momentos dif´ıcil no mundo ´arabe, os prec¸os vieram a estabilizar no ano 2012 e permaneceu assim at ´e finais de 2014, onde os valores rondavam 80 a 100 d ´olares por barril.

Nos finais de 2014, comec¸ou a registar-se quedas sistem ´aticas nos prec¸os e, tudo indica, que foi devido os seguintes factores: a reduc¸ ˜ao da procura por parte da China, o aumento de produc¸ ˜ao por parte da Ar ´abia Saudita e tamb ´em o levantamento do embargo ao Ir ˜ao ap ´os os acordos do ver ˜ao de 2015 sobre o seu programa nuclear. Resumindo pode dizer-se que o prec¸o por barril de petr ´oleo ´e muito vol ´atil, sofrendo ao longo de muitos anos, grandes subidas e descidas em curto per´ıodo de tempo tornando, asssim, dif´ıcil para qualquer governo orc¸amentar (ingresso ou custo) os valores dessa vari ´avel econ ´omica https://blogs.publico.es/econonuestra/2016/02/ 13/la-historia-del-precio-del-petroleo-subidos-a-una-montana-rusa/.

Movimentos do prec¸o do petr ´oleo bruto

Depois da reduc¸ ˜ao repentina de prec¸o por barril de petr ´oleo a partir de 2014, tudo indicava uma reduc¸ ˜ao nas quantidades produzidas, mas isto n ˜ao se verificou, deixando prova de que n ˜ao est ´avamos presentes num mercado de livre concorr ˆencia. O mercado de petr ´oleo ´e do tipo oligopolista de competic¸ ˜ao, mas tamb ´em s ˜ao afectados pelas entradas de novos agentes e rupturas tecnol ´ogicas. Essas caracter´ısticas, em nada ajuda `a estabilizac¸ ˜ao dos prec¸os dessa mat ´eria prima (Luis Dutra, 2017).

(25)

Procura mundial de petr ´oleo

A organizac¸ ˜ao dos pa´ıses exportadores de petr ´oleo (OPEP) projectou o crescimento da procura mundial de petr ´oleo para 2018, em 1,63 milh ˜oes de barris di ´arios (mb/d), esta previs ˜ao optimista ´e fruto do aumento inesperado da procura, principalmente dos pa´ıses que fazem parte da Organizac¸ ˜ao para a Cooperac¸ ˜ao e Desenvolvimento Econ ´omico (OCDE), e tamb ´em apoiado pelo incremento das actividades industriais mais do que esperadas e pelas fortes actividades de minerac¸ ˜ao na Am ´erica e na regi ˜ao da ´Asia-Pac´ıfico da OCDE (Relat ´orio mensal da OPEP, Abril 2018).

Dentro da regi ˜ao n ˜ao-OCDE, e alguns pa´ıses da ´Asia, a procura registou uma revis ˜ao em alta de 30 mil barris di ´arios (tb/d) no primeiro trimestre de 2018 (1T18), resultante de uma revis ˜ao realizada que obteve resultados melhores do que o esperado. Em contrapartida, o crescimento da procura de petr ´oleo foi ajustado para menos de 30 tb/d no 1T18 na regi ˜ao do M ´edio Oriente. Isso reflete principalmente desenvolvimentos da procura de petr ´oleo regionais mais lentos do que o esperado. A procura mundial de petr ´oleo para 2018 est ´a prevista para uma m ´edia de 98,70 mb/d segundo a OPEP (Relat ´orio mensal da OPEP, Abril 2018).

Figura 2.3: An ´alise comparativa, entre a IEF e a OPEC, sobre a procura de petr ´oleo (Relat ´orio mensal de Abril

de 2018) (https://www.ief.org/_resources/files/comparative-analysis/ april-2018-comparative-analysis_final.pdf)

An ´alise comparativa do IEF dos Relat ´orios Mensais da AIE e da OPEP sobre o Mercado de Petr ´oleo Abril de 2018

Oferta mundial de petr ´oleo

Em quatro revis ˜oes mensais consecutivas as projec¸ ˜oes para o ano 2018, realizadas pela OPEP e pela Ag ˆencia Internacional de Energia (AIE), as diferenc¸as entre os dados diminu´ıram ao longo das revis ˜oes, estando a oferta n ˜ao-OPEP em 59,61 mb/d e 59,93 mb/d, respectivamente. Isto representa um crescimento ano ap ´os ano de 1,71 mb/d e 1,79 mb/d (For ´um Internacional para a Energia, que se realizou em Riyadh, Ar ´abia Saudita, Abril 2018, https://www.ief.org/_resources/files/ comparative-analysis/april-2018-comparative-analysis_final.pdf).

Tanto a AIE, como OPEP, apresentam dados que indicam uma diminuic¸ ˜ao da produc¸ ˜ao de petr ´oleo bruto da OPEP em m ˆes de Marc¸o de 2018. Esta diminuic¸ ˜ao continua m ˆes ap ´os m ˆes, segundo fontes secund ´arias da OPEP, tem apresentando diminuic¸ ˜ao de 0,2 mb/d para uma m ´edia de 31,83 mb/d de acordo com os dados da AIE. Segundo os dados da OPEP, a oferta de petr ´oleo bruto da OPEP-14 tamb ´em diminuiu 0,2 mb/d em relac¸ ˜ao ao m ˆes anterior, para uma m ´edia de 31,96 mb/d (For ´um Internacional para a Energia, que se realizou em Riyadh, Ar ´abia Saudita, Abril 2018, em https://www.ief.org/_resources/files/comparative-analysis/ april-2018-comparative-analysis_final.pdf).

(26)

Figura 2.4: An ´alise comparativa, entre a IEF e a OPEC, sobre a oferta de petr ´oleo (Relat ´orio mensal de Abril

de 2018) (https://www.ief.org/_resources/files/comparative-analysis/ april-2018-comparative-analysis_final.pdf)

An ´alise global

A procura global por petr ´oleo tem apresentado solidez no seu crescimento, estando os valores projetados para o ano 2018, a rondar um aumento de 3,8% e 3,9%, de acordo com os relat ´orios da OPEP e da AIE de Marc¸o.

Os dados globais apresentam certa contradic¸ ˜ao entre os par ˆametros de crescimento econ ´omico e indicadores de lideranc¸a e sentido, visto que o primeiro aponta um valor sempre otimista, enquanto que o segundo apresenta alguma moderac¸ ˜ao na din ˆamica de crescimento. Esse crescimento da procura poder ´a ser afectado pelo aumento da volatilidade nos mercados e tens ˜oes disruptivas no com ´ercio global. Isto pode servir de motivac¸ ˜ao para fugir da era de flexibilizac¸ ˜ao quantitativa, que poder ´a influenciar o crescimento econ ´omico (For ´um Internacional para a Energia, que se realizou em Riyadh, Ar ´abia Saudita, Abril 2018, https://www.ief.org/_resources/files/ comparative-analysis/april-2018-comparative-analysis_final.pdf).

Mercado africano

Ap ´os a abordagem do mercado global de combust´ıveis, passar-se- ´a a analisar o mercado africano, onde se vai relatar algumas das suas caracter´ısticas.

´

Africa ´e o terceiro maior continente, com 54 pa´ıses numa extens ˜ao de 30.200 mil quil ´ometros quadrados, e um bili ˜ao de pessoas. A sua produc¸ ˜ao de petr ´oleo representa um d ´ecimo da produc¸ ˜ao mundial. A China ´e um dos principais parceiros dos pa´ıses africanos e essa parceria tamb ´em passa pelo sector do petr ´oleo, onde um terc¸o das importac¸ ˜oes de petr ´oleo ´e garantida pelos pa´ıses africanos (Dr Thomas Chaize, 2010, http://www.dani2989.com/matiere1/chinaafrica0810pt. htm).

Os governos africanos t ˆem total autonomia na tomada de decis ˜ao no sector petrol´ıferos, tanto na escolha das companhias internacional que desejam que operem nas suas fronteiras, como tamb ´em na aplicac¸ ˜ao das receitas proveniente do petr ´oleo. As instituic¸ ˜oes governamentais africanas, principalmente do Golfo da Guin ´e, carecem de estruturas (recursos humanos) com experiencia na negociac¸ ˜oes de contratos de petr ´oleo. Tendo em conta a quantidade de companhias estrangeiras que operam em ´Africa, podemos considerar este mercado bastantes aberto (Gary e Karl, 2003).

A OPEP est ´a constitu´ıda neste momento por 15 pa´ıses membros, sendo que 8 deles s ˜ao dos 15 maiores produtores mundiais. A ´Africa est ´a representada na OPEP pelos seguintes pa´ıses: Angola, Arg ´elia, Gab ˜ao, Guin ´e Equatorial, L´ıbia, Nig ´eria e Rep ´ublica do Gongo. Onde podemos destacar a Nig ´eria e Angola pela luta ao p ´odio de maior produtor de petr ´oleo da ´Africa https://www.opec.org/ opec_web/en/about_us/25.htm

(27)

Melhores perspectivas e desenvolvimentos

Na ´Africa ocidental, Angola e Nig ´eria s ˜ao os maiores exportadores de petr ´oleo e ambos est ˜ao empenhados em arrancar com novos projetos de petr ´oleo e g ´as em 2018 como forma de estimular a ind ´ustria. As caracter´ısticas do continente africano s ˜ao prop´ıcias para a implementac¸ ˜ao de energias renov ´aveis. Por esse motivo, existe um aumento constante de projetos que visam aproveitar esta abund ˆancia em recursos naturais para se materializar ainda mais a utilizac¸ ˜ao desse tipo de energia, porque a produc¸ ˜ao de energia cont´ınua ´e um dos primeiros passos para o progresso. (africaHRsolutions em http://africa-hr.com/pt/2017/06/ 20/petroleo-e-gas-a-africa-em-busca-de-novos-projetos/)

2.4.2

Mercado nacional

O ciclo do petr ´oleo em S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe

A ind ´ustria petrol´ıfera nacional est ´a intimamente ligada `a publicac¸ ˜ao da designada “Lei Quadro da Actividade Petrol´ıfera”, Lei n.o4/2000. Contudo, as taxas e os prec¸os aplicados aos importadores e

revendedores s ˜ao regulados por Decreto Lei. S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe, ao longo de v ´arios anos, continua a ter um s ´o importador de combust´ıveis, que ´e a ENCO, SARL, mas existem diversos revendedores, incluindo tamb ´em a ENCO, SARL, visto que a mesma tamb ´em possui postos de abastecimento de venda para o consumidor final. Os produtos s ˜ao expedidos na instalac¸ ˜ao da ENCO, SARL, em Neves e, em seguida, s ˜ao distribu´ıdos atrav ´es dos cami ˜oes cisterna para os revendedores, onde os prec¸os praticados pelos mesmos devem ser iguais, de acordo com o Decreto lei vigente.

Figura 2.5: Mapa de estrutura de mercado (Hearton De Menezes, 2017)

O transporte desta mat ´eria-prima, sendo S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe um pais que importa a totalidade do petr ´oleo de que necessita, ´e efectuada pelos navios pertencentes `a Sonangol EP, que ´e o ´unico fornecedor de combust´ıveis da ENCO, SARL e na conjuntura actual do pa´ıs.

Na armazenagem dos produtos, s ˜ao utilizados os tanques localizados na instalac¸ ˜ao de Neves, que possui um parque de armazenamento e enchimento com 10 tanques e com uma capacidade de armazenagem de 22.890.000 litros, sendo 15.100.000 litros para gas ´oleo, 3.290.000 litros para gasolina e os restantes para jet-A1/petr ´oleo, com um consumo m ´edio di ´ario de 110.000 litros de gas ´oleo, 30.000 litros de gasolina e 30.000 litros tamb ´em para jet-A1/petr ´oleo.

Quanto `a distribuic¸ ˜ao de produtos petrol´ıferos em S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe, esta ´e efectuada por cami ˜oes-cisterna estando a sua tecnologia enquadrada pela regulamentac¸ ˜ao do transporte rodovi ´ario de subst ˆancias perigosas. Este aspecto realc¸a a elevada depend ˆencia do transporte

(28)

rodovi ´ario por parte da actividade de distribuic¸ ˜ao de produtos petrol´ıferos. As empresas distribuidoras cobram uma taxa (regulamentada pelo estado) por cada litro de combust´ıvel transportado. Quanto `a distribuic¸ ˜ao de Jet-A1, ´e transportado da Instalac¸ ˜ao de Neves para a Instalac¸ ˜ao do Aeroporto internacional, atrav ´es dos caminh ˜oes cisterna (pertencentes `a ENCO, SARL) pr ´oprio para transporte desse produto.

A venda ´e feita nos postos de abastecimento pertencentes aos revendedores espalhados pelo pa´ıs, onde o prec¸o praticado ´e determinado pelo Estado. A Ilha do Pr´ıncipe n ˜ao foge a regra, onde o custo transporte mar´ıtimo ´e assumido pela ENCO, SARL, para que os prec¸os praticados pelos revendedores da Ilha do Pr´ıncipe sejam iguais ao resto do pa´ıs. Quanto `a venda de Jet-A1, ´e feita pela ENCO, SARL atrav ´es da Instalac¸ ˜ao que a mesma possui no aeroporto internacional de S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe, onde o prec¸o praticado n ˜ao tem interfer ˆencia do Estado santomense.

Efeitos do c ˆambio

O momento de queda no prec¸o do petr ´oleo leva alguns exportadores a se prepararem para uma significativa queda de receitas. Ao mesmo tempo, pa´ıses importadores como ´e o caso de S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe podem beneficiar, j ´a que o prec¸o tende a cair para os seus consumidores.

S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe, n ˜ao obstante as flutuac¸ ˜oes dos prec¸os dos combust´ıveis, tamb ´em ´e afetado pelo c ˆambio do d ´olar em relac¸ ˜ao a dobra, visto que as compras s ˜ao feitas em d ´olar e as vendas feitas em dobra. Na elaborac¸ ˜ao do Mapa de Estrutura de Prec¸o (MEP), quando se realiza a passagem do prec¸o CIF (d ´olar) para prec¸o CIF (dobra), materializa-se o efeito do c ˆambio sobre o prec¸o de venda real e, consequentemente, ao diferencial de prec¸o. N ˜ao obstante os efeitos acima citados, no processo de pagamento ao fornecedor tamb ´em se verifica o efeitos do c ˆambio, tendo em conta que a empresa importadora (Enco, SARL) necessita comprar d ´olar para liquidar as facturas ao fornecedor.

Efeitos sobre a inflac¸ ˜ao

Na economia mundial, os prec¸os da maioria dos produtos derivam do prec¸o de petr ´oleo e, em S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe, essa depend ˆencia ´e ainda maior, visto que grande parte dos produtos que se consomem s ˜ao importados, a produc¸ ˜ao de energia que alimenta as casas ´e quase na totalidade produzida em centrais t ´ermicas.

Os canais atrav ´es dos quais os prec¸os do petr ´oleo afectam os prec¸os do consumidor podem dividir-se em efeitos de primeira ordem - desagregados ainda em efeitos directos e indirectos - e em efeitos de segunda ordem (Esteves e Neves, 2004).

Os efeitos de primeira ordem, como citado anteriormente, podem ser directos ou indirectos. Ambos os casos espelham que tanto os combust´ıveis, como os bens e servic¸os que dependem destes para o seu funcionamento, est ˜ao inclu´ıdos no ´ındice de prec¸os do consumidor (IPC)2. A diferenc¸a ´e que no efeitos directos o impacto incide sobre as componentes energ ´eticas do ´ındice de prec¸os (taxas aplicadas `a gasolina, gas ´oleo, g ´as, etc) e nos indirectos, o impacto incide sobre as componentes do ´ındice que t ˆem um conte ´udo energ ´etico (prec¸os de passagem de avi ˜ao, barco, t ´axi, etc).

O impacto dos efeitos directos sobre o IPC depende da percentagem de produtos energ ´eticos consumidos. Ou seja, quanto maior for o consumo de produtos energ ´eticos, maior ser ´a o impacto directo sobre o IPC de uma determinada variac¸ ˜ao dos prec¸os de energia.

A dimens ˜ao dos efeitos de primeira ordem directos tamb ´em podem ser afectado pela import ˆancia e pela estrutura das taxas de impostos. Se a taxa do imposto for baseada em percentagem (por exemplo, 5% + o prec¸o por unidade de produto) o aumento do custo dos produtos energ ´eticos ser ´a totalmente transmitido ao consumidor. Entretanto, se for um valor fixo, independente (por exemplo, 5 dobras + o prec¸o por unidade produto) o aumento do custo dos produtos energ ´eticos ser ´a apenas parcialmente transmitido ao consumidor, porque o valor a pagar ser ´a sempre 5 dobras independentemente do prec¸o de produto (Esteves e Neves, 2004).

2´ındice que mede o custo de um determinado cabaz fixo, e que pode variar de acordo com o pa´ıs, de bens e servic¸os de

consumo.

(29)

No caso de S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe, os impostos que recaem sobre os produtos petrol´ıferos s ˜ao calculados com base nas percentagem (por exemplo, 5% + o prec¸o por unidade de produto). Portanto, um aumento do custo dos produtos energ ´eticos ser ´a totalmente transmitido ao consumidor. Ao contr ´ario dos efeitos directos, a magnitude de afectac¸ ˜ao dos efeitos indirectos ´e dif´ıcil de avaliar. Contudo, grande parte dos prec¸os dos produtos est ˜ao afectados por esses efeitos. Caso o prec¸o do combust´ıvel sofresse um aumento consider ´avel, muitos dos prec¸os dos bens e servic¸os com alguma depend ˆencia dos combust´ıveis reagiriam a esse aumento. Os exemplos mais claros em S ˜ao Tom ´e e Pr´ıncipe s ˜ao os servic¸os de t ´axi, e moto-t ´axi, que t ˆem quase total depend ˆencia do combust´ıvel para o seu funcionamento. Entretanto, a magnitude da afectac¸ ˜ao depende da import ˆancia do combust´ıvel como factor de produc¸ ˜ao (Esteves e Neves, 2004).

No que diz respeito aos efeitos de segunda ordem, estes est ˜ao associados com a reacc¸ ˜ao macroecon ´omica `a variac¸ ˜ao dos prec¸os do petr ´oleo, os mesmos causam efeitos contempor ˆaneos e actuam de forma desfasados sobre as restantes componentes do IPC (Esteves e Neves, 2004).

Esses efeitos s ˜ao o fruto de uma relac¸ ˜ao entre sal ´arios e prec¸os. Sempre que houver um aumento do prec¸o no consumidor, e os trabalhadores exerc¸am press ˜ao sobre as entidades patronais para ajustar os sal ´arios nominais3 de acordo com o aumento do prec¸o no consumidor, em vez

de aceitarem os sal ´arios reais4 mais baixo, apareceriam outros tipos de press ˜oes inflacionistas,

atrav ´es de uma espiral sal ´arios-prec¸os. Neste caso, a flexibilidade do mercado de trabalho e pol´ıtica monet ´aria na formac¸ ˜ao das expectativas de inflac¸ ˜ao t ˆem grande influ ˆencia na dimens ˜ao desses esfeitos no IPC (Esteves e Neves, 2004).

3E o valor do trabalho expresso em moeda.´

4E o que se pode comprar (poder de compra) com o sal ´ario nominal.´

(30)

3

M ´etodos quantitativos estoc ´asticos

de ajustamento e de previs ˜ao

3.1 Introduc¸ ˜ao . . . . 31 3.2 S ´eries temporais: breve introduc¸ ˜ao . . . . 31 3.3 Modelos para s ´eries temporais lineares estacion ´arias . . . . 36 3.4 Modelos para s ´eries temporais lineares n ˜ao estacion ´arias . . . . 41 3.5 Modelac¸ ˜ao de s ´eries temporais . . . . 45 3.6 Previs ˜ao de s ´eries temporais . . . . 51 30 3. M ´etodos quantitativos estoc ´asticos de ajustamento e de previs ˜ao

(31)

3.1

Introduc¸ ˜ao

Neste cap´ıtulo, iremos descrever o enquadramento te ´orico sobre as s ´eries temporais, principalmente sobre os m ´etodos de previs ˜ao. Existem dois tipos de m ´etodos de previs ˜ao, o m ´etodo qualitativo onde frequentemente n ˜ao se utiliza nenhum modelo matem ´atico formal, porque se houver dados dispon´ıvel, normalmente eles n ˜ao s ˜ao considerados como representativos do futuro. Enquanto que o m ´etodo quantitativo, existem sempre dados hist ´oricos das vari ´aveis de interesse dispon´ıveis, tamb ´em examina as relac¸ ˜oes de causa e efeito da vari ´avel com outras vari ´aveis relevantes, e normalmente se utiliza modelos matem ´aticos e software para processamentos dos dados, mas actualmente a tend ˆencia ´e usar os dois m ´etodos de maneira complementar.

Os m ´etodos quantitativos est ˜ao divididos em m ´etodos determin´ısticos, que n ˜ao cont ´em nenhuma vari ´avel aleat ´oria, e os m ´etodos estoc ´asticos, que cont ´em pelo menos uma vari ´avel aleat ´oria, e com ela vem associada a incerteza, que s ˜ao carater´ısticas semelhantes ao caso de estudo desta dissertac¸ ˜ao, j ´a que s ˜ao-nos disponibilizados os dados hist ´oricos referentes aos anos anteriores, e os mesmos t ˆem origem em eventos aleat ´orios, o que possibilita o desenvolvimento de um modelo com base neste tipo de m ´etodos.

No decorrer deste cap´ıtulo, iremos fazer uma breve abordagem `as s ´eries temporais e aos rspectivos m ´etodos de previs ˜ao, mas somente os m ´etodos quantitativos estoc ´asticos, considerando que ´e o m ´etodo utilizado nesta dissertac¸ ˜ao. Tamb ´em se ir ´a descrever os passos para modelac¸ ˜ao de s ´eries temporais e, para finalizar, explicar como fazer a previs ˜ao a partir do modelo ajustado e quais s ˜ao os crit ´erios para se avaliar a qualidade dessas previs ˜oes.

3.2

S ´eries temporais: breve introduc¸ ˜ao

Uma s ´erie temporal (tamb ´em designada por s ´erie cronol ´ogica) ´e uma sucess ˜ao de observac¸ ˜oes, associadas a um certo acontecimento aleat ´orio, que s ˜ao registadas ao longo do tempo e que est ˜ao estatisticamente relacionadas, ou seja, que s ˜ao dependentes entre si (at ´e um certo horizonte de tempo). Os casos mais usuais de s ´eries temporais, sobre os quais nos vamos centrar, t ˆem por pressuposto que as observac¸ ˜oes ao longo do tempo s ˜ao igualmente espac¸adas.

Analisar uma s ´erie temporal tem por detr ´as dois grandes objectivos: o primeiro consiste em conseguir identificar o tipo de evoluc¸ ˜ao ao longo do tempo do acontecimento em estudo e traduzir essa evoluc¸ ˜ao num modelo matem ´atico. Ou, por outras palavras, modelar a depend ˆencia das observac¸ ˜oes. O segundo em fazer previs ˜oes de valores futuros do acontecimento em estudo, atrav ´es desse modelo matem ´atico.

As representac¸ ˜oes gr ´aficas de s ´eries temporais t ˆem um papel fundamental e devem constituir o primeiro passo de qualquer an ´alise pois atrav ´es destas ´e poss´ıvel identificar padr ˜oes e, deste modo, pensar em classes de modelos que se possam vir a adequar aos dados em estudo.

Existem diversos padr ˜oes, mas iremos apenas abordar os casos de s ´eries que oscilam em torno de uma m ´edia fixa, de s ´eries que apresentam uma evoluc¸ ˜ao crescente (ou decrescente) e as que apresentam movimentos oscilat ´orios.

Quando uma s ´erie temporal apresenta uma evoluc¸ ˜ao crescente (ou decrescente), ao longo do tempo diz-se que possui tend ˆencia crescente (ou decrescente). Quando apresenta movimentos oscilat ´orios (ou ciclos) que se repetem ao longo do tempo com o mesmo per´ıodo (ou com a mesma regularidade) diz-se que possui sazonalidade. Ou seja, a s ´erie tem uma variac¸ ˜ao ao longo do tempo de natureza peri ´odica. Se estes ciclos n ˜ao tiverem a mesma regularidade ao longo do tempo, ou seja, n ˜ao se repetirem num mesmo per´ıodo fixo, ent ˜ao diz-se que a s ´erie tem um comportamento c´ıclico. Uma s ´erie temporal pode ainda apresentar conjuntamente tend ˆencia e sazonalidade, sazonalidade e ciclicidade ou tend ˆencia, sazonalidade e ciclicidade.

Os padr ˜oes sazonais surgem quando a sucess ˜ao das observac¸ ˜oes, num certo horizonte temporal, ´e influenciada por factores sazonais, por exemplo, o m ˆes, o ano, o dia da semana, entre outros.

Se uma s ´eries que oscila em torno de uma m ´edia fixa diz-se que ´e estacion ´aria. Caso possua tend ˆencia e/ou sazonalidade ent ˜ao diz-se que ´e n ˜ao estacion ´aria. Se tiver um comportamento c´ıclico, mas n ˜ao tiver tend ˆencia nem sazonalidade, ent ˜ao tamb ´em se diz estacion ´aria. Em resumo, podemos dizer que, em geral, uma s ´erie estacion ´aria n ˜ao tem um padr ˜ao previs´ıvel a longo prazo.

Seguidamente apresentaremos alguns exemplos de s ´eries temporais.

Tal como referido anteriormente, um dos objectivos da an ´alise de s ´eries temporais consiste

(32)

Figura 3.1: S ´erie temporal com tend ˆencia crescente at ´e 2008 (FRED government work

https://fred.stlouisfed.org/series/GASREGCOVM)

Figura 3.2: S ´erie temporal com sazonalidade (Samia, Keimara e Pedro, 2017

https://online.unisc.br/seer/index.php/cepe/article/download/9063/6870)

em conseguir identificar o tipo de evoluc¸ ˜ao ao longo do tempo do acontecimento em estudo e traduzir essa evoluc¸ ˜ao num modelo matem ´atico que melhor consiga descrever o comportamento do fen ´omeno em estudo, que evolui ao longo do tempo. Dizemos, portanto, que o fen ´omeno depende do tempo e do acaso.

O modelo matem ´atico que descreve este tipo de fen ´omenos ao longo do tempo ´e denominado processo estoc ´astico. Por este motivo vamos, na secc¸ ˜ao seguinte, apresentar algumas generalidades sobre processos estoc ´asticos.

3.2.1

Conceitos gerais sobre processos estoc ´asticos

Um processo estoc ´astico {X(t), t ∈ T } (ou {Xt}t∈T) ´e uma sucess ˜ao de vari ´aveis aleat ´orias

indexadas no tempo (ou no espac¸o. Nesta abordagem apenas nos iremos referir ao tempo).

Define-se vari ´avel aleat ´oria (v.a.) como uma func¸ ˜ao, digamos X(ω), que associa a cada acontecimento ω ∈ Ω, sendo Ω o espac¸o amostral, um valor pertencente a R. Usualmente usa-se apenas a letra X para designar a v.a. n ˜ao esquecendo que o valor assumido X depende do ponto ω. Tal como na definic¸ ˜ao de uma v.a., tamb ´em um processo estoc ´astico (p.e.) ´e uma func¸ ˜ao, digamos X(t, ω), que associa a cada acontecimento ω ∈ Ω e a cada ponto t ∈ T um valor em E, a que se chama espac¸o dos estados do processo. A T chama-se espac¸o par ˆametro.

Se o tempo t for fixo X(t, ω) ≡ X(ω) ≡ X ´e uma v.a., e se ω for fixo, X(t, ω) ≡ X(t) chama-se uma realizac¸ ˜ao ou traject ´oria do processo.

O tempo, ou conjunto qualquer de ´ındices T , pode ser discreto ou cont´ınuo e o espac¸o de estados Etamb ´em pode ser discreto ou cont´ınuo. Assim, os p.e. classificam-se do seguinte modo:

(i) Quanto `a natureza do espac¸o par ˆametro:

Se T ´e finito ou infinito numer ´avel o p.e. diz-se de par ˆametro discreto. Se, pelo contr ´ario, T ´e infinito n ˜ao-numer ´avel o p.e. diz-se de par ˆametro cont´ınuo (ou permanente).

(ii) Quanto `a natureza do espac¸o de estados:

(33)

Se E ´e finito ou infinito numer ´avel o p.e. diz-se discreto, se E ´e infinito n ˜ao-numer ´avel o p.e. diz-se cont´ınuo. Se E ⊆ Z o p.e. diz-se de valores inteiros.

Uma outra classificac¸ ˜ao dos processos estoc ´asticos diz respeito ao tipo de relac¸ ˜ao de depend ˆencia entre as suas vari ´aveis. Ou seja, tal como referimos inicialmente, um processo (ou uma sua realizac¸ ˜ao, isto ´e, uma s ´erie temporal) pode ser estacion ´aria ou n ˜ao estacion ´aria. Dentro da estacionariedade ainda se pode definir estacionariedade forte ou estacionariedade fraca.

De agora em diante iremos apenas considerar T = Z.

Definic¸ ˜ao 3.2.1. Um processo estoc ´astico {Xt}t∈Zdiz-se fortemente estacion ´ario (ou estacion ´ario

em sentido estrito) se, ∀n ≥ 1, ∀k ≥ 0 e qualquer escolha de ´ındices (t1, t2, . . . , tn) ∈ Z, a distribuic¸ ˜ao

dos vectores

(Xt1, Xt2, . . . , Xtn) e (Xt1+k, Xt2+k, . . . , Xtn+k)

´e id ˆentica.

Como esta propriedade ´e muito dif´ıcil de provar na pr ´atica usualmente recorre-se a uma definic¸ ˜ao de estacionariedade mais fraca mas f ´acil de verificar, que apresentamos a seguir.

Definic¸ ˜ao 3.2.2. Um processo estoc ´astico {Xt}t∈Z diz-se estacion ´ario de segunda ordem (ou

fracamente estacion ´ario ou, ainda estacion ´ario em covari ˆancia) se, para todo o t, E[X2

t] < +∞,

∀k ≥ 0 e

1. E[Xt] = m(constante), t ∈ Z

2. V ar[Xt] = σ2(constante), t ∈ Z

3. Cov(Xt, Xs) = Cov(Xt+k, Xs+k) = γ(|t − s|), t, s ∈ Z.

Ou seja, a m ´edia e a vari ˆancia s ˜ao constantes ao longo do tempo e a covari ˆancia entre as vari ´aveis Xte Xs(representada por γ(t, s)) depende apenas da dist ˆancia temporal entre as vari ´aveis,

|t − s|.

Em geral, na teoria de s ´eries temporais quando aparece referido estacionariedade, sem qualquer outro atributo, isto quer dizer que se est ´a a referir `a estacionariedade fraca.

O exemplo mais simples, e usual, de p.e. estacion ´ario ´e o chamado ru´ıdo branco (do ingl ˆes white noise) e que n ˜ao ´e mais do que um processo puramente aleat ´orio e que ir ´a servir para a definic¸ ˜ao de quase todos os modelos de s ´eries temporais.

Definic¸ ˜ao 3.2.3. Um processo estoc ´astico {Xt}t∈Zdiz-se um processo de ru´ıdo branco se

1. E[t] = µ

2. V ar[t] = σ2

3. Cov(t, t+k) = γ(k) = 0, k = ±1, ±2, . . ..

Em geral considera-se µ = 0. Assim, sempre que nos referirmos ao processo de ru´ıdo branco

estamos a considerar que µ = 0. O processo de ru´ıdo branco, de m ´edia nula e vari ˆancia σ2

representa-se, abreviadamente, como t∼ RB(0, σ2), ou, do ingl ˆes, t∼ W N (0, σ2).

Por exemplo, uma s ´erie temporal Xtpoderia ser descrita ao longo de um certo per´ıdo de tempo

em termos de uma componente regular, digamos uma tend ˆencia µt, mais o acaso (ou o ru´ıdo). Ou

seja,

Xt= µt+ t, t ∈ Z

(34)

3.2.2

Func¸ ˜

oes de autocovari ˆancia, autocorrelac¸ ˜ao e autocorrelac¸ ˜ao parcial

Vamos considerar que {Xt}t∈Z ´e um p.e. estacion ´ario. Ent ˜ao, ∀t ∈ Z, E[Xt] = m, V ar[Xt] = σ2e,

portanto, a func¸ ˜ao de autocovari ˆancia, {γ(k), k ∈ Z}, ´e dada por γ(k) = Cov(Xt, Xt+k)

Nota: γ(0) = V ar[Xt].

Por este motivo, a func¸ ˜ao de autocorrelac¸ ˜ao (designada usualmente pela sigla FAC), {ρ(k), k ∈ Z}, vem dada por

ρ(k) = Corr(Xt, Xt+k) = Cov(Xt, Xt+k) pV ar[Xt]V ar[Xt+k] , ou seja, ρ(k) = Cov(Xt, Xt+k) V ar[Xt] =γ(k) γ(0) Nota: ρ(0) = 1.

Prova-se (Pacheco, 2001) que se {Xt}t∈Z ´e um p.e. estacion ´ario ent ˜ao, ∀k ∈ Z,

• γ(k) = γ(−k), • |γ(k)| ≤ γ(0), • ρ(k) = ρ(−k), • |ρ(k)| ≤ 1.

Chama-se func¸ ˜ao de autocorrelac¸ ˜ao parcial de ordem k (abreviadamente FACP), {φ(k, k), k ∈ Z}, `a correlac¸ ˜ao entre as vari ´aveis Xte Xt+ksem que as vari ´aveis interm ´edias (Xt+1, . . . , Xt+k−1)

tenham qualquer influ ˆencia. Assim, a FACP ´e definida como

φ(k, k) = Cov(Xt, Xt+k|Xt+1, . . . , Xt+k−1)

pV ar[Xt|Xt+1, . . . , Xt+k−1]pV ar[Xt+k|Xt+1, . . . , Xt+k−1]

Ao valor de k chama-se, por vezes, a dimens ˜ao da mem ´oria.

Prova-se ainda que se pode estabelecer uma relac¸ ˜ao entre as FAC e as FACP do seguinte modo (Pacheco, 2001)

ρ(h) = φ(k, 1)ρ(h − 1) + φ(k, 2)ρ(h − 2) + · · · + φ(k, k)ρ(h − k), h = 1, 2, . . . , k.

Nota: φ(0, 0) = 1 e φ(1, 1) = ρ(1).

Nota: Se t∼ RB(µ, σ2), com µnulo ou n ˜ao, ent ˜ao,

γ(k) =  σ2, k = 0 0, k 6= 0 e ρ(k) = φ(k, k) =  1, k = 0 0, k 6= 0

(35)

3.2.3

Estimac¸ ˜ao da m ´edia,

vari ˆancia e func¸ ˜

oes de autocovari ˆancia,

autocorrelac¸ ˜ao e autocorrelac¸ ˜ao parcial

Seja {Xt}t∈Zum p.e. estacion ´ario. Para conhecermos o processo ´e necess ´ario conhecer algumas

medidas definidas anteriormente, tais como a m ´edia, a vari ˆancia e as func¸ ˜oes de autocovari ˆancia, autocorrelac¸ ˜ao e autocorrelac¸ ˜ao parcial. Como estas medidas s ˜ao desconhecidas ´e preciso estim ´a-las.

Seja (X1, X2, . . . , Xn)uma realizac¸ ˜ao do processo estacion ´ario {Xt}t∈Z.

O estimador do valor esperado do processo, E[Xt] = µ, ser ´a dado por

ˆ µ = X = 1 n n X t=1 Xt.

Relativamente `a func¸ ˜ao de autocovari ˆancia, γ(k) = E[(Xt− µ)(Xt+k− µ)], s ˜ao considerados

dois estimadores, mas o que apresenta melhores propriedades estat´ısticas ´e o dado pela seguinte express ˜ao ˆ γ(k) = 1 n − k n−k X t=1 (Xt− X)(Xt+k− X).

Portanto, o estimador para a func¸ ˜ao de autocorrelac¸ ˜ao ser ´a dado por ˆ ρ(k) = γ(k)ˆ ˆ γ(0) = Pn−k t=1(Xt− X)(Xt+k− X) Pn t=1(Xt− X)2 , k > 0.

O estimador da func¸ ˜ao de autocorrelac¸ ˜ao parcial ´e obtido a partir do estimador da func¸ ˜ao de autocorrelac¸ ˜ao, atrav ´es de um m ´etodo designado de Durbin-Levinson, tal que: ˆφ(0, 0) = 1,

ˆ φ(1, 1) = ˆρ(1) e ˆ φ(k, k) = ρ(k) −ˆ Pk−1 j=1φ(k − 1, j) ˆˆ ρ(k − j) 1 −Pk−1 j=1φ(k − 1, j) ˆˆ ρ(j) , k > 1 e ˆ φ(k, j) = ˆφ(k − 1, j) − ˆφ(k, k) ˆφ(k − 1, k − j), j = 1, . . . , k − 1. Todos estes estimadores verificam boas propriedades estat´ısticas (Pacheco, 2001).

Nota: Se t∼ RB(0, σ2), ent ˜ao, para k ∈ N e n suficientemente grande,

ˆ ρ(k) ≈ N (0, 1 n) e ˆ φ(k, k) ≈ N (0, 1 n)

onde ≈ significa que o estimador segue aproximadamente uma distribuic¸ ˜ao Normal.

Seguidamente iremos apresentar um exemplo de uma s ´erie de ru´ıdo branco com as respectivas FAC e FACP. Nos gr ´aficos das FAC e FACP (ali ´as de todas, em quaisquer modelos) as linhas horizontais a tracejado representam os intervalos de confianc¸a a 95% destas func¸ ˜oes. Ou seja, os valores em cada k quer da FAC, quer da FACP, que estiverem fora dos intervalos de confianc¸a s ˜ao considerados diferentes de zero, enquanto os que estiverem dentro dos intervalos s ˜ao considerados nulos.

Como se pode observar, quase todos os valores quer da FAC quer da FACP est ˜ao dentro dos intervalos de confianc¸a. Existem dois que est ˜ao fora, mas pela definic¸ ˜ao de intervalo de confianc¸a a 95%, por exemplo, se tivermos 100 valores 5 t ˆem probabilidade de estar fora.

(36)

Figura 3.3: S ´erie temporal, FAC e FACP de um ru´ıdo branco

3.3

Modelos para s ´eries temporais lineares estacion ´arias

Iremos agora introduzir uma classe de modelos lineares de s ´eries temporais estacion ´arias, designados por modelos autoregressivos e de m ´edias m ´oveis, abreviadamente modelos ARMA. Estes modelos s ˜ao combinac¸ ˜oes de modelos mais simples, os chamados modelos autoregressivos (AR) e de modelos de m ´edias m ´oveis (MA).

Em geral, os modelos do tipo ARMA s ˜ao usados quando nos modelos do tipo AR, ou do tipo MA, s ˜ao necess ´arios demasiados par ˆametros para a modelac¸ ˜ao de uma determinada s ´erie temporal.

3.3.1

Modelos autoregressivos

Definic¸ ˜ao 3.3.1. Diz-se que um processo {Xt}t∈Z admite uma representac¸ ˜ao autoregressiva de

ordem p, abreviadamente AR(p), se existirem n ´umeros reais φ1, φ2, . . . , φp e um processo de ru´ıdo

branco {t}t∈Z, de m ´edia nula e de vari ˆancia σ2, e o processo Xtverificar a seguinte equac¸ ˜ao

Xt= µ + φ1Xt−1+ φ2Xt−2+ · · · + φpXt−p+ t (φp6= 0), t ∈ Z

onde µ ´e uma constante. Neste caso diz-se que o processo Xttem m ´edia n ˜ao nula.

Exige-se que o coeficiente φpseja diferente de zero pois ´e este ´ultimo coeficiente que dita a ordem

do processo. Por exemplo, um processo pode ser do tipo AR(p)) e ser da forma Xt= µ + φpXt−p+ t.

Ou seja, todos os coeficientes interm ´edios podem ser nulo, inclusive a constante.

Os processos AR(p) nem sempre s ˜ao estacion ´arios. Como apenas interessa o caso estacion ´ario foram feitos estudos para avaliar em que condic¸ ˜oes estes processos s ˜ao estacion ´arios.

Para tal, defina-se o chamado operador atraso, designado por B, tal que BXt= Xt−1 e BkXt= Xt−k

Ent ˜ao, usando o operador atraso, pode escrever-se o processo AR(p) na forma Φ(B)Xt= µ + t,

onde Φ(B) = 1 − φ1B − φ2B2− · · · − φpBp.

Donde se prova (Pacheco, 2001) que o processo AR(p) ´e estacion ´ario se e s ´o se o polin ´omio Φ(B) = 1 − φ1B − φ2B2− · · · − φpBpn ˜ao possuir ra´ızes no c´ırculo unit ´ario.

(37)

Vamos agora ver algumas caracter´ısticas deste tipo de modelos. Facilmente se prova que se o processo Xtfor estacion ´ario ent ˜ao

E[Xt] = µ 1 − φ1− φ2− · · · − φp V ar[Xt] = σ2  1 − φ1ρ(1) − φ2ρ(2) − · · · − φpρ(p)

E prova-se (Gomes, 2005) que a sucess ˜ao de func¸ ˜oes de autocorrelac¸ ˜ao de um processo AR(p) estacion ´ario verifica a seguinte condic¸ ˜ao de recorr ˆencia

ρ(k) = φ1ρ(k − 1) + φ2ρ(k − 2) + · · · + φpρ(k − p), k > 0,

Existem dois teoremas muito importantes que nos permitem atrav ´es das representac¸ ˜oes gr ´aficas das FAC e das FACP avaliar n ˜ao s ´o o tipo de modelo(s) a ajustar aos dados mas tamb ´em a ordem desse(s) modelo(s).

Teorema 3.3.1. A sucess ˜ao de func¸ ˜oes de autocorrelac¸ ˜ao de um processo AR(p) estacion ´ario

tendem exponencialmente e/ou de forma sinusoidal para zero, `a medida que o valor de k aumenta.

Teorema 3.3.2. A sucess ˜ao de func¸ ˜oes de autocorrelac¸ ˜ao parcial de um processo AR(p) estacion ´ario

anulam-se a partir da ordem p + 1.

Exemplo 3.3.1. Considere-se agora o caso particular de um processo AR(1), com a seguinte

representac¸ ˜ao

Xt= µ + φXt−1+ t (φ 6= 0), t ∈ Z

onde t∼ RB(0, σ2).

Este processo ´e estacion ´ario se e s ´o se |φ| < 1.

Prova-se facilmente que se o processo Xt ´e estacion ´ario ent ˜ao

E[Xt] = µ 1 − φ V ar[Xt] = σ2 1 − φ2 ρ(k) = φk, k = 0, 1, . . .

donde se conclui que as FAC de um processo AR(1) estacion ´ario tendem exponencialmente, e/ou de modo sinusoidal, para zero, `a medida que o valor de k aumenta.

E que as FACP de um processo AR(1) estacion ´ario s ˜ao da forma 

φ(1, 1) = φ; φ(k, k) = 0, k ≥ 2.

Ou seja, as FACP de um processo AR(1) estacion ´ario anulam-se a partir da ordem 2.

(38)

Exemplo 3.3.2. Se considerarmos agora um processo AR(2), com a seguinte representac¸ ˜ao

Xt= µ + φ1Xt−1+ φ2Xt−2+ t (φ26= 0), t ∈ Z

t∼ RB(0, σ2).

Prova-se (Gomes, 2005) que um processo AR(2) ´e estacion ´ario se e s ´o se φ2+ φ1< 1, φ2− φ1< 1 e |φ2| < 1

Se o processo Xtfor estacion ´ario ap ´os alguns c ´alculos obtem-se que

E[Xt] = µ 1 − φ1− φ2 V ar[Xt] = σ2  1 − φ1ρ(1) − φ2ρ(2) ρ(k) = φ1ρ(k − 1) + φ2ρ(k − 2), k > 0

E obt ´em-se os seguintes teoremas (Gomes, 2005)

Teorema 3.3.3. A sucess ˜ao de func¸ ˜oes de autocorrelac¸ ˜ao de um processo AR(2) estacion ´ario

tendem exponencialmente, e/ou de modo sinusoidal, para zero, `a medida que o valor de k aumenta. E tamb ´em que

     φ(1, 1) = φ1 1−φ2 φ(2, 2) = ρ(2)−ρ1−ρ(1)2(1)2 φ(k, k) = 0, k ≥ 3 Ou seja,

Teorema 3.3.4. A sucess ˜ao de func¸ ˜oes de autocorrelac¸ ˜ao parcial de um processo AR(2) estacion ´ario

anulam-se a partir da ordem 3.

No exemplo seguinte apresentamos uma s ´erie temporal (transformada) do prec¸o da gasolina. Iremos na secc¸ ˜ao 3.4 introduzir o caso das s ´eries temporais lineares n ˜ao estacion ´arias e das transformac¸ ˜oes necess ´arias para as transformar em estacion ´arias. Apresenta-se tamb ´em nesta figura as func¸ ˜oes de autocorrelac¸ ˜ao (FAC) e autocorrelac¸ ˜ao parcial (FACP). Como se pode observar, a FAC tem um decaimento sinusoidal, para zero, `a medida que o valor de k aumenta e a FACP anulam-se ou a partir da ordem 3 ou a partir da ordem 5. Pelo que temos dois modelos poss´ıveis para modelar esta s ´erie temporal, um modelo AR(2) e um modelo AR(5). Mais `a frente iremos averiguar como avaliar (testar) qual dos dois modelos ´e o mais adequado para modelar a s ´erie e tamb ´em testar se a s ´erie tem m ´edia nula ou n ˜ao. Ou seja, se o modelo inclui a constante µ ou n ˜ao.

3.3.2

Modelos de m ´edias m ´

oveis

Definic¸ ˜ao 3.3.2. Diz-se que um processo {Xt}t∈Zadmite uma representac¸ ˜ao m ´edia m ´ovel de ordem

q, abreviadamente MA(q), se existirem n ´umeros reais θ1, θ2, . . . , θq e um processo de ru´ıdo branco

{t}t∈Z, de vari ˆancia σ2> 0, tais que o processo Xtverifica a seguinte equac¸ ˜ao

Xt= µ + t− θ1t−1− θ2t−2− · · · − θqt−q (θq 6= 0), t ∈ Z

Imagem

Figura 2.3: An ´alise comparativa, entre a IEF e a OPEC, sobre a procura de petr ´oleo (Relat ´orio mensal de Abril de 2018) (https://www.ief.org/_resources/files/comparative-analysis/
Figura 2.4: An ´alise comparativa, entre a IEF e a OPEC, sobre a oferta de petr ´oleo (Relat ´orio mensal de Abril de 2018) (https://www.ief.org/_resources/files/comparative-analysis/
Figura 3.3: S ´erie temporal, FAC e FACP de um ru´ıdo branco
Figura 3.4: S ´erie temporal, FAC e FACP de um AR(2)
+7

Referências

Documentos relacionados

Constatou-se que a maioria dos estudantes, 73,7% não tinham conhecimento do significado da sigla ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, o que sugere a falta de informação

In Brazil, the species Echinolittorina lineolata (d' Orbigny, 1840) is distributed throughout the coast, where some studies on genetics, herbivory and ecological

O Design Thinking Canvas para jogos veio mostrar que é possível pensar em competitividade na concepção de artefatos, sem abrir mão da simplicidade, da

W enn dann noch einige W orte über die B e ­ deutung der Kirche im öffentlichen Leben, über die „moralische Kraft des Christentums“, über das „Erbe der

Outro aspecto, não menos importante, é a quase inexistente promoção de reuniões empresariais com o setor privado de ambos países, de seminários, simpósios,

Assim, além de suas cinco dimensões não poderem ser mensuradas simultaneamente, já que fazem mais ou menos sentido dependendo do momento da mensuração, seu nível de

O Estágio Profissional “é a componente curricular da formação profissional de professores cuja finalidade explícita é iniciar os alunos no mundo da

Sixteen simulated bovine dentine discs were prepared and randomly assigned into four groups according to the following treatment (n = 4): Group 1: No treatment; Group 2: