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A TECNOLOGIA EDUCACIONAL E SUAS REPERCUSSÕES PARA A “FORMAÇÃO” E “PRÁTICA” DOCENTE1

Márcia H. M. Ferreira2 Introdução

O uso da tecnologia digital vem se solidificando e destacando como condição necessária para que se possa estar informado e em permanente comunicação com o mundo, sendo que sua aplicabilidade ao campo educacional vem sendo vista por uma parcela considerável de educadores, bem como também por instituições educacionais, como uma possibilidade de modernização do sistema escolar.

A escola, enquanto instituição social, acaba por assimilar essas mudanças, e conseqüentemente, por tentar se inserir dentro desse processo de renovação, que é, antes de tudo, cultural, através de seus princípios e métodos de ensino. A tecnologia digital insere-se, então, no universo escolar, assumindo a faceta de “Tecnologia Educacional”. Sua incorporação demanda por recursos materiais e humanos para que o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem se dê de forma eficaz.

A tecnologia digital mostra-se importante para integrar o sujeito-aluno com a realidade apresentada pela sociedade da informação à qual se insere, sociedade esta que busca priorizar a questão do tempo e do espaço para a efetivação de suas práticas sociais.

Devido a todo este contexto, constrói-se a linguagem tecnológica como instrumento de uso para a prática educativa/educacional, onde o ato de ler e escrever precisam ser reconceitualizados e retraduzidos, assim como também a prática docente nela inserida.

Torna-se, inevitável, então, alguns questionamentos, tais como: as escolas estão preparadas para trabalhar junto à esfera digital? Os professores encontram-se devidamente capacitados a operar com estas inovações tecnológicas? E os alunos, encontram estímulo/resposta para suas reais necessidades de aprendizagem neste novo aparato denominado “educativo”?

Como qualquer ferramenta educacional, a linguagem tecnológica apresenta vantagens e desvantagens quanto ao seu uso, não sendo, pois, de forma alguma, a solução para todos os problemas que permeiam o universo educativo. Sua eficiente aplicabilidade

1 Artigo orientado pela Profª Drª Isabel Cristina Alves da Silva Frade – FaE/UFMG 2 Aluna do curso de Pedagogia da FaE/UFMG

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vai estar condicionada à competência humana e profissional daquele que fará a intermediação no processo de ensino-aprendizagem: o docente.

Damo-nos conta, então, de que esta nova faceta do processo educativo requer uma nova identidade para o sujeito docente, que deve estar devidamente capacitado a operar junto a este novo panorama: um professor capaz de ressignificar a aprendizagem e estimular a produção coletiva -de forma autônoma e organizada- através das redes digitais3. ASSMAN (2005, p.19) nos alerta sobre estas novas “formas de saber” que se apresentam através de uma parceria dos aspectos cognitivos com as máquinas:

... as tecnologias da informação e da comunicação se transformaram em elemento constituinte (e até instituinte) das nossas formas de ver e organizar o mundo. Aliás, as técnicas criadas pelos homens sempre passaram a ser parte das suas visões de mundo. Isto não é novo. O que há de novo e inédito com as tecnologias da informação e da comunicação é a parceria cognitiva que elas estão começando a exercer na relação que o aprendente estabelece com elas. Termos como“ usuário” já não expressam bem essa relação cooperativa entre o ser humano e as máquinas inteligentes. O papel delas já não se limita à simples configuração e formatação, ou, se quiserem, ao enquadramento de conjuntos complexos de informação. Elas participam ativamente do passo da informação para o conhecimento.

Quanto ao papel do docente, LOPES (2005, p.34) diz que

sobre as funções do professor diante das tecnologias, o ponto de partida é analisar as implicações de sua presença no processo educativo. A função do professor está condicionada à forma com que as tecnologias digitais são apresentadas no processo de ensino: como máquinas de instrução, ferramentas auxiliares do processo educativo ou parceiras evolutivas, co-autoras.

Um novo desafio se apresenta aos profissionais docentes: eles devem fazer com que seus alunos aprendam a buscar o conhecimento e, por conseguinte, que saibam formulá-los e reformulá-los. Para tanto, a construção do conhecimento na esfera digital deve ser permeada por formação de valores que ressignifiquem o saber, tais como: capacidade de discernimento, competência quanto à atenção, concentração e organização do conhecimento, bem como o gosto e a capacitação pela e para a pesquisa. O exercício da

3 ASSMAN (2005, p.7) refere-se ao termo como sendo este um meio de “redificação” e “enredamento” das

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prática docente voltado à formação de alunos com competências para as redes digitais do saber deve, pois, buscar, conforme PERRENOUD (2000, p.128),

...formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e análise de textos e imagens, a representação de redes, de procedimentos e de estratégias de comunicação.

Como se vê, a capacitação do profissional docente quanto à utilização da “Tecnologia Educacional” requer muito mais que o oferecido (quando oferecido) por pequenos cursos instrumentais. Sua formação tecnológica educativa deve vir embasada cientificamente na sua formação profissional, para que o mesmo tenha condições de agregar a utilização da tecnologia digital ao pensamento reflexivo, buscando, assim, a tão almejada integração entre teoria e prática na constante metamorfose4 do aprender digital. O professor para a era cibernética deverá ser um estrategista capacitado a criar formas, caminhos e relações de aprendizagem em um ambiente digital, reconhecendo seus alunos –seres individuais específicos- como sujeitos coletivos e co-autores deste “novo saber”.

Este artigo tem por objetivo problematizar a questão da formação e atuação do educador frente às novas tecnologias, uma vez que depende diretamente deste a aplicação ética e consciente desta nova linguagem educacional, que se reflete através do campo sociológico, antropológico e político, mostrando as novas formas de organização e interação da era digital.

A Tecnologia Educacional no contexto social

Por apresentar-se “em” e “para” um mundo globalizado, esta linguagem tecnológica não se apresenta de forma neutra, visto que sofre influências das leis de mercado e da sociedade à qual se insere. Torna-se, pois, necessário descobrir a serviço de quem estaria a presença da tecnologia digital no campo educacional, observando, conforme FRADE (2001, p.60), que esta se torna objeto de luta política em torno da regulação, conteúdo e formato, já que procura atender um mercado, e, por isso mesmo, torna-se vulnerável às exigências deste.

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ARRUDA (2004, p.124), nos diz que as tecnologias digitais e seus significados se apresentam para a sociedade contemporânea constituídas por relações de poder que se circunscrevem no sistema produtivo hegemônico, tornando-se, pois, indispensável repensar as relações de trabalho aí produzidas, inclusive no meio educacional. Como se vê, mostra-se indispensável uma melhor identificação das funções da tecnologia no campo educativo, bem como dos mecanismos aí utilizados.

Segundo LÉVY (1999), o desenvolvimento das tecnologias digitais apresenta-se como produto do espírito de visionários movidos pela “efervescência de movimentos sociais

e de práticas de base”(p.27), onde o crescimento da cibercultura resulta de uma

sociabilidade comunicativa que busca a emancipação e exaltação do humano, e o “universal

significa a presença virtual da humanidade para si mesma”(p.247). Na cibercultura, o saber

se constrói pela real interação entre os sujeitos envolvidos, e a internet apresenta-se como sendo um agente capaz de democratizar a informação e possibilitar a defesa de interesses de grupos de baixa expressividade social. A internet caracteriza-se por ser um pólo de construção e partilha do saber coletivo, permitindo a valorização de competências e uma pluralidade prática de conhecimentos.

A realidade brasileira, entretanto, mostra que a educação digital/tecnológica está estreitamente ligada a um processo de inclusão/exclusão social, visto que são poucos os que têm como dominar e utilizar essa “cyberlinguagem” (manutenção do status quo). FREIRE E GUIMARÃES (1982, p.83), problematizam esta questão ao afirmarem que seu uso, trata-se, de uma “experiência de classe, indiscutivelmente”; apesar de encontrarmos respaldo na política governamental, através das diretrizes curriculares nacionais, para a sua utilização desde a educação infantil.

A compreensão da linguagem tecnológica enquanto linguagem educativa, e desta como um meio para o exercício da cidadania -uma vez que se apresenta como função de inserção social- torna-se condição necessária para que esta -a cyberlinguagem- possa assumir uma posição científica, e não meramente instrumental, perante a produção social do conhecimento.

Quem detém o saber no espaço cibernético é a própria sociedade, que se apresenta viva e cooperativa numa relação de interações informacionais, ampliando-se, em busca da afirmação de sua própria identidade: “sociedade do conhecimento/da informação”.

4 Segundo ASSMAN (2005, p.8) o termo metamorfose tem sua origem no grupo das Biociências, conservando

em si a imensa força expressiva da palavra grega morphé (forma), sugerindo, pois, aqui, o trânsito ou entrelaçamento sucessivo de formas que se encadeiam em um único processo.

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A tecnologia educacional deve, pois, buscar a emancipação dos sujeitos educandos enquanto seres humanos, classe ou como indivíduos, buscando articular noções de tempo, espaço, comunicação, expressão, natureza, cidadania, saúde, linguagens, política, economia e cultura no processo construtor do conhecimento.

A verdadeira essência da tecnologia educacional encontra-se na sua capacidade de desenvolvimento e partilha de saberes através de atividades cooperativas e coletivas, possibilitando, assim, uma verdadeira gestão social do conhecimento. Torna-se mister, então, a interação entre as diversas áreas do conhecimento e aspectos da vida cidadã para uma efetiva e íntegra constituição de valores sociais pela tecnologia educacional.

A Tecnologia Educacional na “prática” e “formação” docente

A grande expansão dos recursos tecnológicos, bem como sua crescente acessibilidade, contribuem para a presença de uma “cyberlinguagem” no campo educacional, representada por produtos determinados como “educativos”, sobretudo, sites e cdroms. ARRUDA (2004, p.113-127), fala da fetichização das novas tecnologias presentes em nossos dias, sobretudo o computador e a internet, onde o produto do homem ganhou vida própria em sua superioridade racional sobre o ser humano, uma vez que seus objetos são lógicos. Entretanto, tais recursos necessitam de uma análise e posterior distinção quanto aos seus reais pressupostos pedagógicos.

Para uma efetiva e positiva integralização da “cyberlinguagem” ao contexto educacional, esta deve deixar de lado o aspecto instrumental e assumir uma posição “científica”, apta a atender as demandas educacionais, visto que o central é a aprendizagem. Diante desse fato surge a necessidade de se preparar o educador, para que este, de forma ética e consciente, saiba fazer uso dessa nova linguagem e possa aplicá-la de maneira correta ao processo educativo, pois, conforme LÉVY (1999, p.238):

não basta estar na frente de uma tela, munido de todas as interfaces amigáveis que se possa pensar, para superar uma situação de inferioridade. É preciso antes de mais nada estar em condições de participar ativamente dos processo de inteligências coletiva que representam o principal interesse do ciberespaço.

Os professores devem conceber os espaços digitais como sendo uma extensão do espaço físico e conceitual criados até agora para a escola, diferenciando-se desta por não ser um lugar, mas sim, um processo dinâmico e interativo do conhecimento, onde a escrita, conforme diz LÉVY (1993, p.89): “permite uma forma de comunicação totalmente

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nova, através dela pela primeira vez os discursos podem ser separados das circunstâncias particulares em que foram produzidos”. Entretanto, a concepção de aprendizagem pela

tecnologia educacional deve estar arraigada a bases epistemológicas que forneçam o suporte necessário às práticas educativas.

A Lei de Diretrizes e Bases Nacionais n° 9394/96, com o objetivo de proporcionar conhecimentos tecnológicos úteis à integração dos alunos de ensino básico aos avanços tecnológicos pertinentes à atual sociedade, diz:

Seção III Do Ensino Fundamental Artigo 32 – O ensino fundamental, com duração de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante: (...) II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade.

Como também o Conselho de Educação Básica se posiciona em relação ao uso da tecnologia educacional também para a Educação Infantil:

Parecer CEB 022/98, MEC: ao reconhecer as crianças como seres íntegros, que aprendem a ser e conviver consigo próprias, com os demais e o meio ambiente de maneira articulada e gradual, as Propostas Pedagógicas das Instituições de Educação Infantil devem buscar a interação entre as diversas áreas de conhecimento e aspectos da vida cidadã, como conteúdos básicos para a constituição de conhecimentos e valores. Desta maneira, os conhecimentos sobre espaço, tempo, comunicação, expressão, a natureza e as pessoas devem estar articulados com os cuidados e a educação para a saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, a cultura, as linguagens, a ciência e a tecnologia. O profissional docente deve, pois, estar apto a lidar com as especificidades do universo midiático, de modo a aplicar uma metodologia que englobe tecnologia e educação, através de um processo de comunicação educativa que busque privilegiar a interação do educando com o processo construtor do conhecimento. O “fato” e o “ato” educativo estarão aí intrinsecamente ligados à concepção pedagógica subjacente à formação/preparação do educador para o mesmo, como também o seu posicionamento frente às possibilidades e necessidades de seus alunos. Segundo OLIVEIRA NETTO (2005, p.22), o papel primordial do educador face às novas tecnologias educacionais é o de transformar sujeitos passivos em cidadãos ativos e críticos, através de uma postura de mediador, de supervisor e de consultor do educando, procurando, para isso, aliar a

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“inteligência artificial” e a “realidade virtual” a educação. Trata-se de um nível de realidade que não pode ser quantificado, visto que engloba significação de ações e relações educativas mediadas pela tecnologia. O computador serviria, neste caso, como um canal visualizador das construções mentais do aluno, ao mesmo tempo em que permitiria que seus erros se tornassem objeto de análise, aprendizagem e desenvolvimento, devido às possibilidades de construção, reformulação e interação dos mesmos. A função da tecnologia educacional deve ser, portanto, a de promover o desenvolvimento do homem enquanto ser social, e, para tanto, o educador deverá repensar a relação professor-aluno, de modo a torná-la uma relação mais educadora e oportunizadora de aprendizagem para ambos.

A urgência do presente mundo globalizado em reconstruir as práticas didáticas pedagógicas através de um contexto tecnológico/midiático apóia-se no fato de que, ampliar a direção das práticas educacionais para além dos limites da escola e sala de aula tradicionais é ampliar a visão do processo educativo, bem como, também, ampliar e diversificar o público que se pretende atingir. A tecnologia educacional disponibiliza a possibilidade de exploração de recursos midiáticos em sala de aula (sites, cdroms, blogs, e-mails, etc), buscando otimizar e reelaborar o processo de aprendizagem através do desenvolvimento de outras linguagens (cyberlinguagem). ARRUDA (2004, p.124) fala que è necessário uma retomada das discussões sobre inovação e o trabalho do professor, visto que “o grande viés das discussões sobre a introdução de novas tecnologias na escola se dá

na sua resistência em compreendê-las não como técnica ou equipamentos, mas como uma relação entre o homem e o seu projeto de mundo”. Esse fenômeno midiático torna a

identidade do conhecimento socialmente construído submetido às apropriações e/ou desapropriações próprias do universo digital/virtual.

A imagem do processo de ensino-aprendizagem tecnológicos está intimamente ligado ao poder que esta (tecnologia) exerce ou representa para a sociedade à qual se insere o sujeito aprendiz, e, para tanto, é necessário que o educador tenha uma plena consciência dos significados existentes e dos significados a se construir pelos indivíduos aí envolvidos. É necessário que o docente tenha a sensibilidade de compreender o seu papel de formação humana e sócio-cultural, e, assim, não repasse aos seus aprendizes um discurso que reproduza as relações de poder que acabam por determinar o valor/prestígio da tecnologia enquanto ferramenta operacional para o processo educativo.

A instituição escolar constituí-se num lugar privilegiado de construção de identidades, onde não só se realiza este papel construtivo, como também contribui para

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reproduzir o que já existe e é considerado natural. É consenso que a instituição escolar tem a obrigação de nortear as suas ações por um padrão, daí a preocupação em formar sujeitos de acordo com o que é imposto pela sociedade. Para tanto, se mostra de suma importância a sua postura frente à mesma: sua missão, sua trajetória e seus compromissos.

A escola, enquanto instituição social, não pode ficar alienada à composição midiática do conhecimento na era da informação, precisando, pois, aprender, através de seus sujeitos, a trabalhar com o computador e todo o contexto à qual este se insere, bem como as relações aí produzidas. Para isso é preciso investir na constituição de competências tecnológicas de seus profissionais, para que os mesmos obtenham as habilidades necessárias ao exercício da informática.

A tecnologia educacional, enquanto linguagem, não deve ser usada para uma naturalização global, através da negação das diferenças, diversidades e especificidades culturais, procurando impor os valores construídos por uma classe dominante. Antes, deve possibilitar o questionamento dos sujeitos educandos diante de todo o processo e contingências sociais que os afirmam como cidadãos, através de uma prática educativa não excludente. Experienciar a educação através dos múltiplos meios semióticos proporcionados pelo universo midiático, implica em uma ressignificação da mesma tanto pelo docente quanto pelo discente, e, por conseguinte, nas relações por estes estabelecidas.

A visão do universo educacional deve se ampliar para uma visão que contemple a integração da gestão do conhecimento social, buscando uma formação qualitativa para docentes e discentes, através de uma linguagem tecnológica educativa, capaz de contribuir ao processo de formação e/ou transformação da realidade.

A formação do educador deve buscar uma proximidade com as tecnologias atuais, tentando aliar informação e comunicação ao ato educativo. O uso da informática, através do computador, está previsto nos cursos de formação de professores (licenciaturas e normal superior), através do artigo 2°, inciso III da Resolução CP n°1, de 30 de setembro de 1999, buscando integrar as características próprias da sociedade da informação e de comunicação ao processo de formação docente:

Art.2°- Visando assegurar a especificidade e o caráter orgânico do processo de formação profissional, os institutos superiores de educação terão projeto institucional próprio de formação de professores, que articule os projetos pedagógicos dos cursos e integre:

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II – os conteúdos curriculares da educação básica;

III – as características da sociedade de comunicação e informação.

O poder de interação propiciado pela tencnologia educacional não está fundamentado nas tecnologias, mas sim, na mente, reflexão e ação dos docentes frente a todo este novo aparato educacional. Para tanto, torna-se necessário que os mesmos saibam gerenciar o processo de aprendizagem propiciado pelas redes digitais, já que os mesmos são os facilitadores e mediadores deste novo paradigama educacional, conforme KRAMER (1993, p.192): “Se se pretende de fato qualificar professores, há que se ampliar

os seus conhecimentos.Há que se forjar a sua paixão pelo conhecimento. Pois quem além do ser humano conhece? Quem além dele cria linguagem e nela se cria?”

Entretanto, apesar de previsto e amparado pela lei educacional, o desenvolvimento de habilidades tecnológicas na formação docente não é algo que faça parte, explicitamente, do currículo em ação nas IES. E, é essa formação que irá possibilitar, ou não, uma atitude ética, coerente e reflexiva dos mesmos perante as novas tecnologias e o processo de ensino e aprendizagem.

Conclusão

O espaço cibernético possibilita a complexidade, diversidade e total multiplicidade das subjetivações humanas e formas culturais de vida, abrindo espaço para diferentes possibilidades de construções sociais, devendo, pois, deixar de lado a formatação de “ascensão profissional” e forma de “reconhecimento social”, para adotar uma postura de direito e eficaz exercício da cidadania, visando uma completa inserção do sujeito em seu meio enquanto ser social.

As novas tecnologias constituem-se em um importante conjunto de oportunidades e desafios para o universo educacional –tempos, espaços, sujeitos, organização, conteúdos, metodologias, objetivos, posturas, compromissos- gerando um desconforto e insegurança ante as possibilidades de transformação proporcionadas pelos seus meios midiáticos. Entretanto, a linguagem tecnológica educativa deve se pautar pelo seu real aproveitamento e significação social, e não se apresentar apenas como mais um aspecto instrumental para a socialização e ressocialização do conhecimento, devendo, antes, assumir uma postura de agente modificador, restaurador e construtor deste.

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O papel primordial do educador frente às novas tecnologias vai estar ligado à sua preparação e capacitação diante das mesmas, pois, há necessidade, na prática, de que os mesmos saibam operar com os diferentes signos lingüísticos propiciados pelo universo midiático, e assim, garantir uma verdadeira práxis pedagógica frente às práticas tecnológicas.

Deve-se buscar, através da tecnologia educacional, uma melhor identificação para a mediação didática pedagógica nas práticas tecnológicas, para que estas deixem de lado o aspecto pronto e acabado de “criação” e assumam o dinamismo de “potencialidade” para o sistema educacional, ressignificando seus sujeitos, tempos e espaços, com uma constante reflexão quanto ao seu melhor direcionamento. O profissional docente deve ter em mente, conforme MORIN (1999, p.27), a necessidade de se entender melhor o novo espaço que a revolução cibernética e informacional fizeram surgir, como também, conforme CASTELLS (1999, p.435), entender que o espaço cibernético é a sociedade, e a interação entre os seus agentes necessita e envolve o domínio de uma técnica. E é esta técnica, epistemologicamente fundamentada, que propiciará o valor pedagógico da tecnologia educacional e as decorrentes transformações para o universo educativo.

Conclui-se, portanto, como necessária ao profissional docente uma formação de cunho epistemológico e não meramente instrumental frente às tecnologias educacionais propiciadas pelas redes digitais, para que os mesmos tenham a capacitação técnica pedagógica necessária `a reconfiguração do conhecimento, sua produção e partilha, de modo a tornar possível e real a aprendizagem, conforme SANCHO (1998, P.13):

“... os profissionais do ensino, qualquer que seja sua função no sistema, necessitam conhecer e avaliar, para poder tomar decisões informadas, as tecnologias da informação e comunicação disponíveis, que já fazem parte do ambiente de socialização dos corpos discente e docente. Necessitam pensar em uma tecnologia que seja educacional, quer dizer, útil para educar. Precisam de um conhecimento que possibilite a organização de ambientes de aprendizagem (físicos, simbólicos e organizacionais) que situem os alunos e o corpo docente nas melhores condições possíveis para perseguirem metas educacionais consideradas pessoal e socialmente valiosas. Isso sem cair na ingenuidade de crer que com isso acabaremos com os problemas do ensino, nem no engano de pensar que, ignorando o que ocorre ao nosso redor, salvaguardaremos a escola dos perigos tecnológicos”.

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Referências Bibliográficas

ARRUDA, Eucídio Pimenta. Ciberprofessor- novas tecnologias, ensino e trabalho docente. Belo Horizonte: Autêntica/FCH-FUMEC, 2004.

ASSMANN, Hugo (org). Redes digitais e metamorfose do aprender. Petrópolis: Vozes, 2005.

BRASIL. Ministério da educação e cultura. Legislação sobre a educação infantil e a educação básica. Disponível em: < http://www.mec.gov.br >Acesso em 12 mar. 2005. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

DOWBOR, Ladislau. Tecnologias do conhecimento: os desafios da educação. 2°ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

FRADE, Isabel Cristina Alves S. Aproximações entre educação e comunicação. In: Presença Pedagógica. vol.7.n.41, Belo Horizonte.set./out.2001.

FREIRE, Paulo; GUIMARÃES, Sérgio. Sobre educação: diálogos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2° ed. 1984.

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.

____________ Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.

LOPES, Rosana. Um novo professor: novas funções e novas metáforas. In: ASSMANN, Hugo (org). Redes digitais e metamorfose do aprender. Petrópolis: Vozes, 2005.

KRAMER, S. Por entre as pedras: armas e sonhos na escola. São Paulo: Ática, 1993. MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

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NISKIER, Arnaldo. LDB: A nova lei de diretrizes e bases da educação: tudo sobre a lei de diretrizes e bases da educação nacional: uma visão crítica. Rio de Janeiro: Consultor, 1997. OLIVEIRA NETTO, Alvim Antônio de. Novas tecnologias & universidade: da didática tradicionalista à inteligência artificial: desafios e armadilhas. Petrópolis: Vozes, 2005.

PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SANCHO, Juana Maria (org). Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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