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PERFIL EMPREENDEDOR: UMA ANÁLISE A PARTIR DE ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

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Academic year: 2021

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Recebido em 21/05/2015. Aprovado em 25/08/2015.

Avaliado pelo sistema double blind peer review.

Marcelo Roger Meneghatti1 Ivano Ribeiro2 Guilherme Rafael Cancelier3 Jenipher Morgana da Silva4 Paulo Sergio dos Santos5 Resumo:

Este artigo teve como objetivo identificar o perfil empreendedor de alunos de diferentes séries do curso de administração. Para tanto, um questionário foi aplicado a 122 alunos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de Cascavel, Paraná – Brasil, no ano de 2014. O instrumento conteve 30 questões destinadas a identificação de cinco diferentes dimensões: comprometimento e determinação; obsessão por oportunidades; tolerância ao risco, ambiguidades e incertezas; criatividade, autoconfiança e habilidade de adaptação; e motivação e superação. Os dados foram analisados de forma quantitativa por meio da análise de correlações (Pearson) e das funções de distribuição (Kruskal-Wallis). Os resultados indicam que o perfil empreendedor dos alunos analisados é o mesmo, independente da série em que ele está matriculado, confirmando resultados anteriores que apontam que questões culturais, valores e outras capacidades podem influenciar no perfil empreendedor.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Perfil empreendedor. Alunos de administração.

PROFILE ENTREPRENEUR: AN ANALYSIS FROM MANAGEMENT COURSE STUDENTS

Abstract:

This article aimed to identify the students entrepreneurial profile of different management course series (first to fourth year). For this, a questionnaire was administered to 122 students from the State University of Western Paraná - UNIOESTE, on campus Cascavel, Paraná - Brazil in 2014. The instrument contained 30 questions aimed at identifying five different dimensions: impairment and determination; obsession with opportunities; risk tolerance, ambiguities and uncertainties; creativity, self-confidence and ability to adapt; and motivation and resilience. Data were analyzed quantitatively by correlation analysis (Pearson) and distribution functions (Kruskal-Wallis). The results indicate that the entrepreneurial profile of the analyzed students is the same, regardless of the series in which the student is enrolled, confirming previous results which show that cultural issues, values and other capabilities can influence the entrepreneurial profile.

1

Mestre em Desenvolvimento Rural Sustentável pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. E-mail: frmeneghatti@hotmail.com

2

Doutorando em Administração pelo Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Nove de Julho - UNINOVE. E-mail: ivano.adm@gmail.com

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Keywords: Entrepreneurship. Profile entrepreneur. Business students. 1. INTRODUÇÃO

Cada vez mais os jovens encontram no empreendedorismo uma oportunidade para alcançar seus objetivos profissionais e financeiros. A conclusão de um curso de graduação é o momento em que muitos buscam esta experiência, mas nem sempre o empreendedorismo se encontra dentre as disciplinas do curso desenvolvido. Assim, para que estes jovens possam tornar-se empreendedores de sucesso, é necessário que além uma formação adequada eles possuam um perfil empreendedor que os direcione para a busca por novas oportunidades, geração de novas ideias, e que estejam dispostos a superar os obstáculos de uma nova atividade.

A mensuração de um perfil empreendedor não é uma tarefa fácil, existindo na literatura uma diversa gama de estudos que se propuseram a identificar instrumentos e modelos para sua medição. Alguns exemplos são: os estudos de intenção e atitude empreendedora (PETERMAN; KENNEDY, 2003; CARVALHO, 2006; LOPES-JR; SOUZA, 2005); e estudos sobre o perfil adequado para um empreendedor (DORNELAS, 2003; SCHMIDT; BOHNENBERGER, 2009).

Neste artigo objetivamos identificar o perfil empreendedor de alunos do curso de administração. A escolha por alunos deste curso se deve ao fato da formação profissional nos cursos superiores terem passado por fortes modificações nos últimos 15 anos, e hoje cursos das áreas de Ciências Sociais Aplicadas (como a Administração) contam com uma disciplina diretamente associada ao empreendedorismo (Costa, 2008).

Assim, a pergunta de pesquisa proposta foi: o perfil empreendedor de alunos do curso de Administração varia de acordo com as séries que estão matriculados? Para isto 122 alunos do curso de Administração da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE matriculados da primeira a quarta série foram questionados sobre cinco diferentes dimensões: comprometimento e determinação; obsessão pelas oportunidades; tolerância ao risco, ambiguidade e incertezas; criatividade, autoconfiança e habilidade de adaptação; motivação e superação.

O instrumento de pesquisa utilizado foi elaborado a partir de Dornelas (2003), sendo aplicado durante o mês de setembro de 2014. Os dados foram analisados de forma quantitativa observando as correlações e distribuições dos dados por meio dos testes de Pearson e Kruskal-Wallis. Os resultados indicam que a série em que o aluno está matriculado não é determinante para a formação do perfil empreendedor. Isto está alinhado com resultados de estudos anteriores que demonstram que, além do grau educacional e de conhecimentos adquiridos, variáveis relacionadas com fatores culturais e comportamentais também podem influenciar neste perfil.

A apresentação deste artigo está organizado em seis capítulos, sendo o primeiro esta introdução, o segundo no qual apresentamos um referencial teórico sobre empreendedorismo e o perfil empreendedor, o terceiro com o método utilizado na pesquisa, o quarto com a apresentação dos resultados, o quinto onde fazemos uma discussão apontando também as limitações e sugestões para futuras pesquisas, e por fim no sexto fazemos uma conclusão destacando as contribuições deste artigo.

2. O EMPREENDEDORISMO E O PERFIL EMPREENDEDOR

Tanto instituições públicas como privadas tem incentivado pesquisadores com interesse na área de empreendedorismo, principalmente nos últimos anos em que o tema ganhou grande visibilidade, e muitos negócios começaram a surgir (BRITTO; WEVER,

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2003). Para Dornelas (2005 p. 25), “o empreendedorismo é o combustível para o crescimento econômico, criando emprego e prosperidade”.

Degen (1989) reforça a ideia que o empreendedorismo deve ser um fomentador da evolução econômica. E com estes destaque, nas últimas décadas a palavra empreendedorismo tem sido usual, não somente na academia, como também pela maioria dos gestores de negócios.

Empreender significa se dedicar em um projeto para criar algo inovador que tenha um valor comercial, assumindo os riscos de uma falha de projeto que pode acarretar perdas financeiras, psicológicas e sociais. Porém cabe também ao empreendedor o correspondente, e satisfatório retorno econômico do seu esforço que é o resultado do sucesso do empreendimento (HISRICH; PETERS, 2004).

Empreendedorismo pode ser definido como um modelo de vida, uma forma de realização, um percurso a se seguir. Este modelo de vida deve se relaciona a criação de empreendimentos e a modelos e processos de inovação. O termo empreendedor pode ser definido como sendo aquela pessoa que opta pela renovação contínua, que não se contenta com a estabilidade, mas que busca constantemente criar novos percursos (DOLABELA, 2008).

Com a globalização e a difusão da informação principalmente a partir da década de 90 o empreendedorismo deslanchou. Atualmente o empreendedorismo se destaca, existindo uma grande quantidade de novas empresas sendo criadas todos os anos, assim como, muitas pessoas também deixam seus empregos formais e tornam-se empreendedoras (AIDAR, 2007). Empreendedorismo também é a forma pela qual as pessoas descobrem ideias viáveis, ou seja, oportunidades de negócio que podem ser transformadas em negócios lucrativos. As mesmas requerem investimento de capital, esforço e trabalho com a finalidade de produzir bens ou serviços (FROES; MELO, 2002). Pereira (1995, p.15) ressalta que empreendedorismo é combinar recursos para satisfazer necessidades:

...todas as realizações humanas constroem-se pela ação empreendedora de pessoas com capacidade de agir para tornar reais seus sonhos. Para fazerem seus sonhos, visões e projetos se transformarem em realidade, estes empreendedores utilizam a própria capacidade de combinar recursos produtivos – capital, matéria prima e trabalho – para realizar obras, fabricar produtos e prestar serviços destinados a satisfazer necessidades de pessoas.

O empreendedor precisa ser formado, preparado para exercer essa função social, a carência deste atributo aumenta o índice de empreendimento que não alcançam o sucesso. Schumpeter (1982) afirma que o empreendedorismo, por si só, não gera mudanças nem cria novos produtos ou serviços, para idealizar projetos e criar novos negócios é preciso que exista um empreendedor.

Para Filion (1999), os empreendedores são os maiores responsáveis pela globalização, pois são eles que estão extinguindo todas as dificuldades comerciais e transpassando barreiras entre as culturas, reduzindo distâncias, gerando novos conceitos para a economia, renovando as formas de trabalho e construindo riqueza para a sociedade. O autor ainda afirma que grandes empreendedores imaginam, desenvolvem e realizam suas ideias e visões, tornando-as oportunidades.

Toda pessoa que tem a iniciativa de criar um negócio fazendo-o crescer e prosperar, por meio do desenvolvimento e transformação de novas ideias e que, identifica na mudança sempre uma nova oportunidade pode ser denominado empreendedor (LEZANA, 1998). Este empreendedor deve ter iniciativa para promover e aplicar suas ideias de negócio, ser criativo modificando o meio econômico e social através da combinação dos recursos que detém e saber assumir riscos (DORNELAS, 2010).

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Segundo Chiavenato (2007), o perfil empreendedor independe de fundar ou não um negócio. Pessoas que nunca se propuseram a tal finalidade podem apresentar perfil empreendedor, apenas sendo capazes de ariscar e inovar. De acordo com Chiavenato (2007, p. 3):

...não é somente o fundador de novas empresas ou construtor de novos negócios. Ele é a energia da economia, a alavanca de recursos, o impulso de talentos, a dinâmica de ideias. Mais ainda: ele é quem fareja oportunidades e precisa ser muito rápido, aproveitando as oportunidades fortuitas, antes que os outros aventureiros o façam.

Assim, definir empreendedorismo e perfil empreendedor é aventurar em uma série de conceitos, que ajudam a formar um personagem ideal. Porém uma vez que a inovação faz parte desse conceito, o empreendedor possui um perfil sempre em mudanças, das quais busca se adaptar a novas oportunidades.

3. MÉTODO

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário estruturado, que segundo Fachin (2005), deve ser fundamentado numa série de questões ordenadas sucessivamente e relacionadas com o objetivo do estudo. Para tanto, nesta pesquisa utilizamos o instrumento para mensuração do perfil empreendedor apresentado por Dornelas (2003).

O instrumento é composto por 30 questões com escala de cinco pontos, sendo: excelente, bom, regular, fraco e insuficiente. Estas 30 questões são subdivididas em cinco dimensões: comprometimento e determinação; obsessão por oportunidades; tolerância ao risco, ambiguidades e incertezas; criatividade, autoconfiança e habilidade de adaptação; e motivação e superação (Ver Anexo 01).

A pesquisa foi realizada com os discentes do curso de Administração da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, no campus de Cascavel – PR. De um total de duzentos alunos que estão matriculados no curso, a amostra contou com 122 alunos que estavam presentes e se dispuseram a responder o questionário nos dias de aplicação que ocorreu entre 22 e 25 de setembro de 2014.

O curso de Administração UNIOESTE do campus de Cascavel, surgiu em 1976, e seu reconhecimento oficial perante aos órgãos públicos aconteceu em 1979. A carga horária do curso é de 2.748 horas, podendo ser concluído no tempo mínimo de quatro anos e máximo de seis anos. O curso ocorre no período noturno, sendo disponibilizadas anualmente 50 vagas para ingresso de novos alunos. No Quadro 01 apresentamos dados de gênero e quantidades de alunos matriculados nos últimos 18 anos.

Quadro 01. Alunos matriculados no curso de Administração no período de 1997-2014.

Ano Sexo Feminino Sexo Masculino Total por ano

1997 68 91 159 1998 70 102 172 1999 81 90 171 2000 84 99 183 2001 85 98 183 2002 80 102 182 2003 108 103 211 2004 87 75 162 2005 71 45 116 2006 47 29 76 2007 27 20 65

(5)

2008 18 42 60 2009 34 64 98 2010 57 77 134 2011 93 83 176 2012 101 90 191 2013 108 86 194 2014 98 67 165

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Desde 1997 o curso de Bacharel em Administração do Campus Cascavel recebeu 590 alunos, sendo que destes 464 concluíram a graduação e 126 abandonaram ou cancelaram suas matriculas, ou seja, aproximadamente 79% dos ingressantes se formaram no curso.

A análise de dados foi efetuada quantitativamente por meio da análise de correlação e do teste de Kruskal-Wallis, este último é um teste não paramétrico que a partir das funções de distribuição de uma variável ou da mediana, caso as funções de distribuição sejam idênticas, pode apontar existem diferenças significantes, sendo adotado um nível de significância de 0,05. Assim, p-values abaixo de (0,05) indicam a existência de diferenças estatísticas significativas entre as duas amostras (MARÔCO, 2011).

4. RESULTADOS

Inicialmente verificamos as médias, desvios e correlações das variáveis de pesquisa. Na Tabela 1 as séries dos alunos são apresentadas no item 1, onde estão presentes alunos do primeiro ao quarto ano do curso de Administração. Na sequência (itens 2, 3, 4, 5 e 6) são apresentados os dados referentes as cinco dimensões, sendo: comprometimento e determinação; obsessão pelas oportunidades; tolerância ao risco, ambiguidade e incertezas; criatividade, autoconfiança e habilidade de adaptação; e motivação e superação.

Tabela 01. Descritivas das variáveis de pesquisa

I tens da escala Média padrãoDesvio 1 2 3 4 5

6

1 Série 2,41 1,13 1

2 Comprometimento e determinação 3,98 0,54 0,139 1 3 Obsessão pelas oportunidades 3,78 0,75 0,079 ,205* 1 4 Tolerância ao risco, ambigüidade e incertezas 3,61 0,59 0,150 ,189* ,479** 1 5Criatividade, autoconfiança e habilidade de

adaptação 3,78 0,65 0,151 ,287** ,313** ,284** 1

6 Motivação e superação 3,97 0,60 0,054 ,305** ,365** ,401** ,256** 1

* Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed). ** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). Fonte: Dados de pesquisa (2014).

Analisando as correlações entre as séries dos alunos e as cinco dimensões do modelo não observamos nenhuma que fosse significante, todos com p-value > 0,05. Isto sugere que independente da série que o aluno esteja cursando seu perfil em relação as dimensões analisadas é muito semelhante. A maior média encontrada foi em relação ao comprometimento e determinação (Média - 3,98), e a menor foi a tolerância ao risco, ambiguidade e incertezas (Média - 3,61). Estes valores também apontam que existe certa homogeneidade nas respostas em relação as cinco dimensões analisadas, já que apresentam médias e desvios muito próximos.

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Na sequência observamos o perfil dos 122 alunos separados pelas respectivas séries em que estavam matriculados. Desta forma, foi possível verificar se cada uma das cinco dimensões do perfil empreendedor é influenciado pelas séries em que o aluno se encontra. Na Tabela 02, apresentamos os números de alunos de cada série, a média das ordens e os p-values segundo o teste estatístico de kruskal-Wallis.

Tabela 02. Dimensões do perfil empreendedor dos alunos pesquisados

Itens da escala Série N Média das

ordens p-value Comprometimento 1 série 33 58,85 0,279 2 série 35 55,63 3 série 25 60,90 4 série 29 72,12 Total 122

Obsessão por oportunidade

1 série 33 60,48 0,476 2 série 35 59,10 3 série 25 56,24 4 série 29 70,09 Total 122 Tolerância ao risco, ambiguidade e incertezas 1 série 33 57,92 0,159 2 série 35 57,60 3 série 25 56,66 4 série 29 74,45 Total 122 Criatividade 1 série 33 53,64 0,412 2 série 35 60,87 3 série 25 65,78 4 série 29 67,52 Total 122 Motivação e superação 1 série 33 56,62 0,818 2 série 35 64,39 3 série 25 62,94 4 série 29 62,33 Total 122

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

A partir da Tabela 02 é possível afirmar que os alunos da primeira, segunda, terceira e quarta série do curso de Administração não possuem diferenças estatísticas significantes em relação as dimensões analisadas, todas apresentaram p-value > 0,05. Mesmo não observando indícios de diferenças estatísticas, seja por meio da análise de correlação, seja pelo teste de distribuição, buscamos ainda verificar o perfil empreendedor dos alunos das diferentes séries com o perfil elaborado a partir do agrupamento das médias das cinco dimensões, conforme sugerido por Dornelas (2003).

Os resultados desta análise são apresentados na Tabela 03, onde novamente relacionamos cada uma das quatro séries dos alunos do curso de Administração.

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Tabela 03. Perfil empreendedor dos alunos pesquisados

Série N Média das

ordens p-value Perfil empreendedor 1 série 33 56,08 0,180 2 série 35 58,59 3 série 25 58,18 4 série 29 74,05 Total 122

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Esta última análise nos permite afirmar que o perfil empreendedor dos alunos do curso de Administração não está relacionado com a série em que ele estuda (p-value > 0,05), mesmo que na Tabela 03 seja possível observar que na média da ordens os alunos da primeira série tenham indicadores menores (56,08) em relação aos alunos da quarta série (74,05) estes valores não são estatisticamente significantes ao nível de 0,05, conforme estabelecido para esta pesquisa.

5. DISCUSSÃO, LIMITAÇÕES E PESQUISAS FUTURAS

Os resultados deste estudo indicam que a série que o aluno está matriculado não possui relação direta com o perfil empreendedor. Neste sentido, cabe destacar que aspectos culturais, valores individuais, e capacidade de resolução de problemas, e que são resultado de um processo de aprendizagem de longo prazo, são alguns elementos que podem auxiliar a caracterizar o indivíduo empreendedor (FEUERSCHÜTTE; GODOI, 2007). Assim, o aluno quando ingressa no curso superior pode já ter arraigando algumas destas capacidades, valores, ou questões culturais que fará que seu perfil não se altere durante, ou até mesmo, após a conclusão do curso.

Outra perspectiva a ser considerada é que alguns traços individuais, as próprias particularidades dos empreendimentos, e ainda fatores externos como os ambientais e econômicos também podem interferir no perfil empreendedor (FERREIRA; GIMENEZ; RAMOS, 2005). Estes elementos podem então ser alguns dos preditores dos resultados deste estudo, no qual não observamos diferenças entre as séries analisadas.

Destacamos que os resultados deste estudo não podem ser generalizados, já que, nossa amostra foi composta por alunos de um único curso (Administração) de uma universidade pública. Como estudantes de outras áreas do conhecimento podem apresentar diferentes perfis em relação ao empreendedorismo, sugerimos que novas pesquisas sejam desenvolvidas em áreas da saúde, biológicas, humanas, exatas e outras. Estes estudos podem utilizar o mesmo instrumento desenvolvido por Dornelas (2003), proporcionando assim, uma possibilidade de futuras comparações. Novas pesquisas também podem buscar relacionar algumas outras características com o perfil empreendedor, onde fatores demográficos como sexo, idade e renda dentre outras variáveis poderiam ser utilizadas.

6. CONCLUSÃO

Neste estudo investigamos se o perfil empreendedor de alunos do curso de Administração varia de acordo com as séries que estão matriculados. Os resultados apontam que não há uma relação entre estas variáveis, e que os scores em relação as cinco dimensões analisadas: comprometimento e determinação; obsessão pelas oportunidades; tolerância ao

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motivação e superação são muito similares. Este artigo contribui para um melhor entendimento sobre o perfil empreendedor, já que, identifica este perfil especificamente em estudantes do curso de Administração de uma universidade pública.

REFERÊNCIAS

AIDAR, M. M. Empreendedorismo. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

BRITTO, F.; WEVER, L. Empreendedores brasileiros: vivendo e aprendendo com

grandes nomes. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

CARVALHO, P. M. R. Modelo explicativo sobre a intenção empreendedora.

Comportamento Organizacional e Gestão, v. 12, n. 1, p. 43-65, 2006.

CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo: Saraiva, 2007.

COSTA, F. J. Fatores de influência no interesse empreendedor: uma análise junto a estudantes de turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, v. 2, n. 4, p. 116-129, 2008.

DEGEN, R. J. O Empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: McGraw-Hill., 1989.

DOLABELA, F. O segredo de Luíza. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2005.

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo corporativo: como ser empreendedor, inovar e

se diferenciar em organizações estabelecidas. Rio de Janeiro, Campus, 2003

DORNELAS, J. C. A. Criação de novos negócios: empreendedorismo para o século 21. São Paulo: Elsevier, 2010.

FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Saraiva, 2005.

FERREIRA, J. M.; GIMENEZ, F. A. P.; RAMOS, S. C. Potencial empreendedor e liderança criativa: Um estudo com varejistas de materiais de construção da cidade de Curitiba/Pr. In: ENANPAD: 2005. Anais... Brasília/DF.

FEUERSCHÜTTE, S. G.; GODOI, C. K. Competências empreendedoras: Um estudo historiográfico no setor hoteleiro. In: ENANPAD: 2007. Anais... Rio de Janeiro/RJ. FILION, L. J. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários - gerentes de

pequenos negócios. Revista de Administração da USP, v. 34, n. 2, 1999.

FROES, C.; MELO-NETO, F. P. Empreendedorismo social: a transição para a sociedade

sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.

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LEZANA, A. G. R.; TONELLI, A. O comportamento do empreendedor. In.: MORI, F. Empreender: identificando, avaliando e planejando um novo negócio. UFSC, ENE, 1998. LOPES-JR, G. S.; SOUZA, E. C. L. Atitude empreendedora em proprietários-gerentes de pequenas empresas. Construção de um instrumento de medida. Revista Eletrônica de

Administração, v. 48, n. 11, p. 1-21, 2005.

MARÔCO, J. Análise estatística com a utilização do SPSS. Lisboa: Pero Pinheiro, 2011. PEREIRA, H. J. Criando seu próprio negócio: como desenvolver o potencial

empreendedor. Brasília: Ed. SEBRAE, 1995.

PETERMAN, N. E.; KENNEDY, J. Enterprise education: influencing students' perceptions of entrepreneurship. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 28, n. 2, p. 129-144, 2003. SCHMIDT, M. C.; BOHNENBERGER, S. Perfil Empreendedor e Desempenho

Organizacional. Revista de Administração Contemporânea, v. 13, n. 3, p. 450-467, 2009. SCHUMPETER, J. Teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982.

(10)

ANEXO 01

Auto avaliação do perfil empreendedor

1- Atribua à sua pessoa uma nota de 1 a 5 para cada uma das características a seguir e escreva a nota na última coluna.

2- Some as notas obtidas para todas as características.

3- Responda o questionário com base nas atividades do seu dia a dia.

Características Exc elente B om Re gu lar Fr ac o In su fic iente Not a 5 4 3 2 1 Comprometimento e determinação

1. Proatividade na tomada de decisão. 2. Tenacidade, obstinação.

3. Disciplina, dedicação.

4. Persistência em resolver problemas.

5. Disposição ao sacrifício para atingir metas. 6. Imersão total nas atividades que desenvolve.

Obsessão pelas oportunidades

7. Procura ter conhecimento profundo das necessidades de pessoas ao seu redor.

8. É motivado pelas oportunidades do dia a dia em realizar algo para si ou para outros.

9. Obsessão em criar valor e satisfazer pessoas ao seu redor.

Tolerância ao risco, ambigüidade e incertezas

10. Toma riscos calculados (analisa tudo antes de agir). 11. Procura minimizar os riscos.

12. Tolerância às incertezas e falta de estrutura. 13. Tolerância ao estresse e conflitos.

14. Hábil em resolver problemas e integrar soluções.

Criatividade, autoconfiança e habilidade de adaptação

15. Não-convencional, cabeça aberta, pensador.

16. Não se conforma com o status quo (com as coisas no mesmo estado que antes).

17. Hábil em se adaptar a novas situações. 18. Não tem medo de falhar.

19. Hábil em definir conceitos e detalhar idéias.

Motivação e superação

20. Orientação a metas e resultados.

21. Dirigido pela necessidade de crescer e atingir melhores resultados.

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23. Autoconfiança.

24. Ciente de suas fraquezas e forças.

25. Tem senso de humor e procura estar animado. 26. Tem iniciativa.

27. Poder de autocontrole.

28. Transmite integridade e confiabilidade. 29. É paciente e saber ouvir.

30. Sabe construir times e trabalhar em equipe.

TOTAL

Imagem

Tabela 01. Descritivas das variáveis de pesquisa
Tabela 02. Dimensões do perfil empreendedor dos alunos pesquisados
Tabela 03. Perfil empreendedor dos alunos pesquisados

Referências

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