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Caracterização elástica da madeira de Eucalyptus citriodora

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66 BALLARIN, A.W., NOGUEIRA, M.

CARACTERIZAÇÃO ELÁSTICA DA

MADEIRA DE Eucalyptus citriodora

Adriano Wagner Ballarin1, Marcelo Nogueira2

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo contribuir para a caracterização elástica da madeira de Eucalyptus citriodora, a partir de um modelo ortotrópico, avaliando-se suas principais constantes elásticas. No programa experimental utilizou-se a madeira de Eucalyptus citriodora originária de um plantio tecnicamente controlado do Horto Florestal “Navarro de Andrade”, situado no município de Rio Claro, SP. Considerando-se ser um trabalho referencial inicial, foi amostrado um único indi-víduo arbóreo, com idade aproximada de 65 anos. Toda a metodologia experimental seguiu, no ge-ral, as prescrições da NBR 7190/97, tendo sido realizados ensaios mecânicos destrutivos de compres-são e tração. Os resultados evidenciaram igualdade estatística entre os módulos longitudinais obtidos na tração e na compressão. A relação observada entre o módulo de elasticidade longitudinal e o mó-dulo de elasticidade radial foi próxima de 10 (EL/ER≈ 10) e semelhante relação, considerando-se o

módulo de elasticidade transversal, foi igual a 20 (EL/GLR ≈ 20). Esses resultados, associados aos

principais coeficientes de Poisson determinados neste trabalho, permitem a modelagem teórica do comportamento mecânico dessa madeira, como, por exemplo, os dormentes ferroviários.

Palavras-chave: madeira, Eucalyptus citriodora, propriedades elásticas, módulo de elasticidade, coefi-ciente de Poisson.

ELASTIC CHARACTERIZATION OF

Eucalyptus citriodora WOOD

ABSTRACT: This paper contributed to the elastic characterization of Eucalyptus citriodora grown in Brazil, considering an orthotropic model and evaluating its most important elastic constants. Considering this as a reference work to establish basic elastic ratios — several important elastic constants of Brazilian woods were not determined yet - the experimental set-up utilized one tree of 65 years old from plantations of “Horto Florestal Navarro de Andrade”, at Rio Claro-SP, Brazil. All the experimental procedures attended NBR 7190/97 – Brazilian Code for wooden structures –with conventional tension and compression tests. Results showed statistical identity between compression and tension modulus of elasticity. The relation observed between longitudinal and radial modulus of elasticity was 10 (EL/ER≈ 10) and same relation, considering shear modulus (modulus of rigidity) was

20 (EL/GLR ≈ 20). These results, associated with Poisson’s ratios herein determined, allow theoretical

modeling of wood mechanical behavior in structures.

Key words: wood, Eucalyptus citriodora, elastic parameters, modulus of elasticity, Poisson ratio. 1 Docente do Departamento de Engenharia Rural – FCA/UNESP – Botucatu/SP. E-mail: awballarin@fca. unesp.br 2 Aluno do Programa de Pós-Graduação na Energia na Agricultura – FCA/UNESP – Botucatu/SP.

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CERNE, V.9, N.1, p.066-080, 2003

1 INTRODUÇÃO

Os primeiros ensaios na madeira, com o objetivo elementar de analisar a relação entre o carregamento e seus efeitos (tensões e deforma-ção), foram feitos por Galileu, em 1638 e Hooke, em 1678. Segundo Hearmon (1966), os pri-meiros experimentos com o objetivo específico de determinar as constantes elásticas da madeira (considerada como material ortotrópico) foram realizados somente em 1920 por Jenkin & Canington.

Nos dias atuais, contabilizam-se inú-meros trabalhos com esse objetivo. As metodologias empregadas nesses estudos vão desde os ensaios estáticos convencionais (compressão, tração, flexão e torção) até os ensaios não-destrutivos (vibração longitudinal, vibração transversal) (Abbott & Elcock, 1987; Ross et al., 1997), ultra-som (Bucur, 1995; Bartholomeu et al., 1998; Fuentealba & Baradit, 2000; González & Karsulovic, 2000) e ondas de tensão (Bertholf, 1965; Hearmon, 1966; Kairserlik & Pellerin, 1977; Ross, 1985; Brashaw et al., 1996; Ross & Pellerin, 1994), sobretudo.

Lekhnitskii (1981), assim como outros pesquisadores, encaminham o equacionamento dessas relações tensão-deformação partindo de uma situação genérica (material sem qual-quer simetria elástica) e particularizando-a, a seguir, em função das hipóteses simplifi-cadoras de simetria que os materiais apre-sentam em particular.

Fusco (1989), dentre outros, sugere a validade de utilização do modelo ortotrópico (hipótese simplificadora de três planos prin-cipais de simetria elástica) à madeira. Mascia (1991), em trabalho teórico experimental, comprovou a adequação desse modelo ao ma-terial. Bodig & Jayne (1993) frisam que, para o caso da madeira, devido à sua própria estrutura física e anatômica mais complexa, pode-se, simplificadamente, assumir ortotro-pia retilínea.

O conhecimento dos principais parâme-tros elásticos da madeira, que expressam relações tensão-deformação ou relações entre deforma-ções nas diredeforma-ções de simetria elástica, é de fun-damental importância para que seja possível a modelagem matemática de seu comportamento estrutural.

Para a grande maioria das madeiras comerciais americanas, esses parâmetros elás-ticos estão diagnosticados e encontram-se ta-belados em termos de valores médios por es-pécie (FPL, 1999). No Brasil, a despeito do grande emprego comercial de diversas espé-cies nativas e de reflorestamento, poucos são os valores disponíveis a respeito desses parâ-metros, destacando-se quase que exclusiva-mente o módulo de elasticidade na direção longitudinal – paralela às fibras.

Assim, considerando-se ser este um traba-lho referencial inicial, além da determinação das principais constantes elásticas desse material, é de grande importância o estabelecimento de rela-ções entre essas constantes e o parâmetro elástico já disponível — módulo de elasticidade longitu-dinal.

As propriedades elásticas dos sólidos po-dem ser definidas por meio da generalização da Lei de Hooke:

σij = Cijkl εkl (1)

ou

εij = Sijkl σkl (2)

em que Cijkl é o tensor das constantes

elás-ticas — matriz de rigidez— Sijkl contém os

termos da matriz de flexibilidade e i,j,k,l = 1,2 ou 3.

Simplificadamente, expressando-se os tensores de tensão e deformação na forma vetorial, e os tensores Cikjl e Sijkl na

for-ma for-matricial, as equações podem ser escritas como:

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Pelas expressões, nota-se que a matriz de rigidez [C] é a inversa da matriz de flexibilidade [S], ou seja, [S] = [C]-1.

Experimentalmente, os termos da matriz [C] podem ser determinados pelas me-dições realizadas por ensaios não-destrutivos (ultra-som, ondas de tensão) enquanto os

ter-mos da matriz [S] podem ser determinados por ensaios estáticos convencionais, opção ado-tada, até o momento, pela maioria dos pes-quisadores.

Considerando a ortotropia linear da madeira, os termos da matriz de flexibilidade são: S11 S12 S13 0 0 0 S22 S23 0 0 0 Sij = S33 0 0 0 S44 0 0 (sim) S55 0 S66 Os valores de Sqq (q = 1,2,3) relacionam

uma tensão longitudinal a uma deformação longitudinal, ambas na mesma direção. Par-ticularmente para a madeira, esta relação fornece os módulos de elasticidade de Young nas direções longitudinal (L), radial (R) e transversal (T):

S11 = 1/EL , S22 = 1/ER , S33 = 1/ET (4)

Os valores de Sqr (q≠r e q,r = 1,2,3)

relacionam uma deformação longitudinal a uma tensão perpendicular, e esta relação é dada por:

Sqr = -νrq/Er (5)

Os seis coeficientes de Poisson podem ser determinados pela relação (5).

Os valores de Sqq (q = 4,5,6) relacionam

uma deformação tangencial com um tensão tangencial no mesmo plano e a relação é dada por:

Sqq = 1/Gq (6)

Para a madeira, os termos S44, S55 e S66

correspondem aos plano RT, LT e LR, respecti-vamente.

Dessa maneira, considerando-se os três eixos de simetria L, R e T, a matriz de flexi-bilidade se relaciona às constantes utilizadas na engenharia da seguinte maneira:

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Caracterização elástica da madeira de Eucalyptus citriodora. 69 CERNE, V.9, N.1, p.066-080, 2003 L E 1 R E RL ν − T E TL ν − 0 0 0 L E LR ν − R E 1 T E TR ν − 0 0 0 Sij = EL LT ν − R E RT ν − T E 1 0 0 0 0 0 0 RT G 1 0 0 0 0 0 0 LT G 1 0 0 0 0 0 0 LR G 1

Considerando-se a simetria da matriz (7), tem-se que: R RL E ν = L LR E ν ; T TL E ν = L LT E ν ; T TR E ν = R RT E ν Para um corpo-de-prova com perfeita co-incidência entre os eixos geométricos e os eixos de simetria física-elástica, submetido a uma car-ga de compressão axial na direção 1 (en-saio de compressão paralela às fibras), tem-se:

0

L

σ

;

σ

R

=

σ

T

=

0

;

0

LT RT LR

=

σ

=

σ

=

σ

Das expressões (2) e (7), tem-se: L 1 σ = ε L E L ; (8) L σ ν − = ε L E LR R , e (9) L σ ε ν − = ε L LT T (10)

Assim, substituindo-se a relação (8) nas (9) e (10), têm-se: L R LR

ε

ε

=

ν

(11) L T LT

ε

ε

=

ν

(12)

e pela relação (8) tem-se

L L L

E

ε

σ

=

(13)

Para a análise do módulo de elasticida-de transversal Gij utiliza-se a transformação

tensorial para mudança de bases. Para o ca-so da Figura 1, em que considera-se a rotação de um ângulo θ em relação ao eixo 3, particularizado como direção tangencial, tem-se: 1 2 2 L LR LR L 4 11 ' E 1 cos sen E 2 G 1 E cos ' S  θ θ=      ν + θ = (7)

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70 BALLARIN, A.W., NOGUEIRA, M.

Evidencia-se, pois, a dependência de S’11

em relação a GLR. Para o caso específico da

Figura 1, onde θ=45º, tem-se: L R 1

LR LR L 11 ' E 1 E 4 1 4 1 E 2 G 1 E 4 1 ' S  + =      ν − + = , ou

Figura 1. Corpo-de-prova de ensaio de compressão paralela às fibras, com defasagem de 45º entre os eixos geométricos e os de simetria elástica.

Figure 1. Sample for parallel to grain compression test, considering a 45º distortion between geometric and elastic symmetry axis.

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Caracterização elástica da madeira de Eucalyptus citriodora. CERNE, V.9, N.1, p.066-080, 2003 71 L LR L R 1 LR 4E 2 E 4 1 E 4 1 ' E 1 G 4 1 = + ν

Isolando-se o termo GLR, obtém-se:

L LR L R 1 LR E 2 4 . E 4 1 E 4 1 ' E 1 G 1 + ν       − − = (14)

A expressão (14) generalizada ficaria:

1 12 2 4 . 1 4 1 2 4 1 1 ' 1 12 1 E E E E G ν +       − − = (15)

Bodig & Jayne (1993) sugerem as seguin-tes relações entre constanseguin-tes elásticas da madeira: EL : ER : ET ≈ 20 : 1,6 : 1

GLR : GLT : GRT ≈ 10 : 9,4 : (16)

EL : GLR ≈ 14 : 1

Os mesmos autores apresentam, ainda, os valores médios dos coeficientes de Poisson para co-níferas e folhosas de clima temperado (Tabela 1). Tabela 1. Média dos coeficientes de Poisson.

Table 1. Medium Poisson’s Coeficients.

Índice Coníferas Folhosas

νLR 0,37 0,37 νLT 0,42 0,50 νRT 0,47 0,67 νTR 0,35 0,33 νRL 0,041 0,044 νTL 0,033 0,027

Este trabalho teve como objetivo contri-buir para a caracterização elástica da madeira de Eucalyptus citriodora, avaliando-se suas princi-pais constantes elásticas.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Para a determinação das principais constantes elásticas da madeira de Eucalyptus citriodora foi utilizado um único indivíduo arbó-reo, de um plantio do ano de 1935, da cole-ção em Linha Arboreto do Horto Florestal de Rio Claro, SP. A árvore apresentou altura co-mercial de 28 m, com diâmetro da base (“pé”) de 0,90 m e diâmetro do topo de 0,47 m.

Compilando-se as informações e equações desenvolvidas,observa-se que, na determinação de todas as constantes elásticas da madeira, seria neces-sária a confecção de corpos-de-prova em seis posi-ções distintas em relação às direposi-ções L, R e T da ár-vore, conforme sugerem a Figura 2 e a Tabela 2.

Neste trabalho foi feita a caracterização da madeira no plano LR (longitudinal-radial), contem-plando-se, assim, corpos-de-prova nas posições I, II e IV, conforme Figura 2. Para essa caracterização empregaram-se, no geral, ensaios de compressão. No caso particular da determinação do módulo de elasticidade na direção 1 (longitudinal), utilizaram-se, adicionalmente, ensaios de tração. Foram feitas seis repetições por tipo de ensaio (compressão ou tração) e por direção de solicitação (long., radial e tang. - compressão - e long. - tração).

Considerando-se que a perfeita coincidên-cia entre os eixos de simetria fisica-elástica da madeira (longitudinal, radial e tangencial) e os eixos de simetria geométrica dos corpos-de-prova é fator extremamente condicionante da qualidade dos resultados obtidos nesses ensaios de caracterização, para os ensaios de compressão utilizaram-se corpos-de-prova com 4cm x 4cm de seção transversal e comprimento de 12 cm. A diminuição de 1 cm do lado do corpo-de-prova em relação às dimensões estipuladas pela NBR 7190 (ABNT, 1997) propiciou uma maior proximidade entre a suposição teórica básica (material com ortotropia retilínea) e a situação real (material com ortotropia curvilínea). Para esses ensaios foram escolhidas as amostras de madeira que favorecessem a definição mais pre-cisa das direções principais de elasticidade (Fi-gura 3).

(7)

Caracterização elástica da madeira de Eucalyptus citriodora. 72

Figura 2. Posições para retirada de corpos-de-prova de ensaio de compressão paralela às fibras, bus-cando a determinação de todas as constantes elásticas da madeira.

Figure 2. Standard positions for compression parallel to grain sample production, considering a complete elastic characterization of wood.

Tabela 2. Posições básicas dos corpos-de-prova para mensuração dos parâmetros elásticos.

Table 2. Samples basic position for measurements of elastic parameters.

Posição I II III IV V VI L L L E ε σ = R R R E ε σ = T T T E ε σ = Parâmetros elásticos mensurados L R LR =−εε ν R L RL =−εε ν T L TL =−εε ν GLR GRT GLT L T LT=−εε ν R T RT =−εε ν T R TR =−εε ν

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Figura 3. Detalhe da etapa do preparo dos corpos-de-prova. Evidencia-se a preocupação com a cor-reta definição dos eixos principais de elasticidade do torete, para a retirada do corpo-de-prova.

Figure 3. Detail of sample production, considering prior definition of elastic main axis to obtain a perfectly oriented sample.

Os corpos-de-prova de tração foram con-feccionados de acordo com as prescrições da NBR 7190 (ABNT, 1997). Todos os procedi-mentos de ensaio, relativos ao tipo de máquina de ensaio, velocidades de carregamento e méto-dos para determinação da densidade do material e do módulo de elasticidade, seguiram o preconi-zado pela mesma NBR 7190 (ABNT, 1997). Todos os ensaios foram realizados com a

ma-deira na umidade de equilíbrio higroscópico

aproximadamente igual a 13%.

Os ensaios de compressão foram realiza-dos com máquina universal de ensaios hidráulica com capacidade de carga de 1200 kN, utilizando-se célula de carga de capacidade igual a 100 kN. A aquisição dos dados de carregamento e defor-mação específica, nas diversas etapas de carre-gamento previstas, foi feita com uso de um System 5000 – Model 5100 Scanner DA Vishay Measurementes Group. Os extensômetros elétri-cos de resistência – strain-gages – (KYOWA KFG-10-120-C1-11 linear e KFG-5-120-D17-11 roseta) foram ligados ao sistema a ¼ de ponte, sem compensação de temperatura.

Os ensaios de tração foram realizados com máquina universal de ensaio EMIC – DL 10.000, servo controlada, com acionamento ele-tro-mecânico e capacidade de carga de 100kN. As deformações específicas desses corpos-de-prova foram avaliadas com sistema tipo clip-gage com sensibilidade de 10 µm/m.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A densidade aparente da madeira (densi-dade média da árvore) resultou em 1,043g/cm3.

Os resultados obtidos para os parâmetros elásticos estudados estão apresentados nas Tabelas 3 e 4. As constantes elásticas foram calculadas considerando-se exclusivamente os valores indi-viduais que se situavam dentro de um intervalo de confiança da média de 95%.

Ressalta-se o bom coeficiente de variação (C.V.) obtido nas determinações de módulo de elasticidade (em torno de 15%). Para os valores de coeficientes de Poisson, os coeficientes de va-riação resultaram, em alguns casos, excessiva-mente altos. Tal fato já havia sido comentado por

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Mascia (1991) e Furlani (1995), sendo aceitá-veis e, até, característicos desses tipos de ensaio,

onde são avaliadas deformações específicas normais às direções de solicitação.

Tabela 3. Resultados finais dos parâmetros elásticos da madeira de Eucalyptus citriodora, determinados a partir de ensaios de compressão paralela às fibras.

Table 3. Elastic parameters for Eucalyptus citriodora obtained from parallel to grain compression tests.

Parâmetros elásticos – ensaios de compressão paralela às fibras

EL ER EL’ GLR

c.p.(1)

(MPa) (MPa) νLR νLT νRL νRT (MPa) (MPa)

C1-L 14.076 0,35 0,47 C2-L 11.622 0,39 0,61 C3-L 18.030 0,14 0,48 C4-L 20.339 0,15 0,90 C5-L 15.478 0,28 0,37 C6-L 20.719 *(2) 0,79 C7-I 2.382 909 C8-I 2.446 947 C9-I 2.819 1.192 C10-I 1.935 672 C11-I 2.207 811 C12-I 2.141 776 C13-R 2.168 0,030 0,74 C14-R 2.411 *(2) 1,27 C15-R 1.799 *(2) 0,52 C16-R 1.614 0,000 0,52 C17-R 1.331 0,070 0,78 C18-R 1.719 0,030 0,94 Média 16.981 1.825 0,23 0,48 0,013 0,70 2.294 861 D. Padrão 2.773 241 0,10 0,10 0,021 0,18 144 81 C.V (%) 16,3 13,2 44,5 20,4 164,9 25,8 6,3 9,4 Observações:

1 - as letras à esquerda correspondem ao tipo de ensaio a que foram submetidos: C (compressão), T (tração) e as letras a direita referem-se a direção: L (longitudinal), I (inclinado), R (radial) 2 - corpo-de-prova descartado

3 - Simbologia c.p. - corpo-de-prova

Ei - módulo de elasticidade na direção i

Gij - módulo de elasticidade transversal no plano ij

νij - coeficiente de Poisson ij (relação entre deformações nas direções j e i, causadas por uma força na

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Os valores dos módulos de elasticidade obti-dos na direção 1 (longitudinal) estão coerentes com aqueles apresentados em tabelas técnicas (IPT, 1956; ABNT, 1997). Os módulos de elasticidade nessa direção, avaliados por meio de ensaios de compressão e tração (Ecomp= 16.981 MPa e Etrac=

16.583 MPa), revelaram-se estatisticamente iguais ao nível de significância de 5%. A NBR 7190 (1997) preconiza a igualdade estatística desses dois parâmetros.

A relação EL/ER resultou em 9,3. A NBR

7190 (1997) sugere que a relação entre módulos de

elasticidade longitudinal e transversal seja adotada como 20, na falta de determinação experimental. Entretanto, o código normativo faz referência geral ao módulo transversal, sem especificar a direção ra-dial ou tangencial. Conforme indicado por vários autores, o módulo de elasticidade radial deve ser su-perior ao módulo elasticidade tangencial. No caso de consideração específica do módulo de elasticida-de radial, a relação longitudinal/radial normalmente diminui, ficando com valores teóricos da ordem de 12,5, de acordo com o apresentado nas relações (16).

Tabela 4. Resultados finais dos parâmetro elásticos da madeira de Eucalyptus citriodora, determinados a partir de ensaios de tração paralela às fibras.

Table 4. Elastic parameters for Eucalyptus citriodora obtained for parallel to grain tension tests.

Parâmetros elásticos – ensaio de tração paralela às fibras EL (MPa) T1-L 18.803 T2-L 16.034 T3-L 15.063 T4-L *(2) T5-L 19.433 T6-L 13.584 Média 16.583 D. Padrão 2.483 C.V (%) 15,0 Observações:

1 - as letras à esquerda correspondem ao tipo de ensaio a que foram submetidos: C (compressão), T (tração) e as letras a direita referem-se a direção: L (longitudinal), I (inclinado), R (radial)

2 - corpo-de-prova descartado 3 - Simbologia

c.p. - corpo-de-prova

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O valor obtido para coeficiente de Poisson no plano LR (νRL)

apresentou-se inferior ao obtido por Mascia (1991) e ao sugerido por Bodig & Jayne (1993) para outras madeiras. Contudo, estes resultados são os primeiros obtidos experimentalmente para Eucalyptus citriodora, madeira, que, por sua gênese distinta, pode evidentemente guar-dar certas particularidades em relação às outras madeiras duras, como acontece com sua estabilidade dimensional, por exemplo. Os coeficientes de Poisson nos planos LT (νLT) e RT (νRT) resultaram bastante

pró-ximos aos apresentados por Bodig & Jayne (1993).

A relação EL/GLR resultou em 19,7. Bodig

& Jayne (1993) sugerem o valor 14 para essa relação, no caso das folhosas.

O módulo de elasticidade à tração parale-la às fibras foi obtido com um coeficiente de variação relativamente baixo, em torno de 15%.

Os diagramas tensão–deformação especí-fica, representativos dos ensaios de compressão para determinação dos demais parâmetros elásti-cos da madeira (módulos de elasticidade longitu-dinal EL , radial ER , e coeficientes de Poisson

νRL, νLT, νRT e GLR), que permitem a

caracteri-zação elástica do material são apresentados nas Figuras 4 a 6. A Figura 7 ilustra o mesmo dia-grama para o ensaio de tração.

Figura 4. Diagrama tensão–deformação para os exemplares ensaiados à compressão longitudinal.

Figure 4. Stress-strain curves for parallel to grain compression test.

0 10 20 30 40 0 1000 2000 3000 4000

ε

LL (µε)

σ

LL (MPa) CP 01CP 02 CP 03 CP 04 CP 05 CP 06 Compressão longitudinal

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Figura 5. Diagrama tensão–deformação para os exemplares ensaiados à compressão radial.

Figure 5. Stress-strain curves for radial compression test.

Figura 6. Diagrama tensão–deformação para os exemplares ensaiados à compressão inclinada.

Figure 6. Stress-strain curves for inclined compression test.

0 1 2 3 4 5 6 0 1000 2000 3000 4000 5000

ε

RR (µε)

σ

RR (MPa) CP 13 CP 14 CP 15 CP 16 CP 17 CP 18 Compressão radial 0 5 10 15 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

ε

L'L' (µε)

σ

L'L' (MPa) CP 07CP 08 CP 09 CP 10 CP 11 CP 12 Compressão a 45 graus Plano L-R

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Figura 7. Diagrama tensão–deformação para os exemplares ensaiados à tração longitudinal.

Figure 7. Stress-strain curves for parallel to grain tension test.

Observam-se claramente os trechos e-lásticos, onde é possível a avaliação dos pa-râmetros estudados. Evidencia-se, ainda, o comportamento elasto-frágil da madeira à tra-ção longitudinal (Figura 7).

As deformações específicas experimen-tadas pelos corpos-de-prova nos ensaios de compressão foram da ordem de 2000µε a 3500µε para a compressão longitudinal e de 2500µε a 4000µε para a compressão radial. Os corpos-de-prova submetidos à compressão inclinada em 45º em relação às fibras experi-mentaram deformações específicas elevadas, acima de 5000µε.

Todos os corpos-de-prova ensaiados à tração longitudinal apresentaram deformações específicas elásticas superiores a 4000µε. Este valor é superior àquele do ensaio de com-pressão na mesma direção, comprovando o modelo teórico sugerido pela NBR 7190 (1997).

4 CONCLUSÕES

Neste trabalho realizou-se o desenvolvi-mento teórico da caracterização elástica da ma-deira, com adoção do modelo ortotrópico, deter-minando-se experimentalmente as principais constantes do Eucalyptus citriodora. Ainda, es-tabeleceram-se as relações entre essas constantes e o módulo de elasticidade longitudinal do materi-al, principal parâmetro elástico com dados dis-poníveis na bibliografia nacional.

Para a modelagem teórica do comporta-mento mecânico dessa madeira, com uso de softwares, os resultados obtidos permitem a indi-cação dos seguintes valores e relações gerais:

O módulo de elasticidade na direção longitudinal da madeira, avaliado por meio de ensaio de compressão, tem valor médio 16.980 MPa;

O módulo de elasticidade na direção lon-gitudinal da madeira, avaliado por meio de en-saio de tração, tem valor médio 16.580 MPa, po-dendo ser assumido como estatisticamente igual

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ao obtido no ensaio de compressão (El, tração = El, compressão);

O módulo de elasticidade na direção ra-dial tem valor aproximado de 1/10 do módulo de elasticidade longitudinal (ER ≈EL/10);

O módulo de elasticidade transversal no plano LR tem valor aproximado de 1/20 do

módulo de elasticidade longitudinal (GLR

≈EL/20);

Os coeficientes de Poisson obtidos foram: νLR = 0,23;

νLT = 0,48;

νRL = 0,013

νRT = 0,70

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