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Morfologia linear de caprinos da raça Serrana

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Morfologia Linear de caprinos da raça Serrana

Dissertação de Mestrado em Engenharia Zootécnica

Cátia Filipa Martins Quitério

Orientador:

Prof. Doutor Jorge Manuel Teixeira de Azevedo

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Morfologia Linear de caprinos da raça Serrana

Dissertação de Mestrado em Engenharia Zootécnica

Cátia Filipa Martins Quitério

Orientador:

Prof. Doutor Jorge Manuel Teixeira de Azevedo

Composição do Júri:

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

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“As doutrinas apresentadas no presente trabalho são da exclusiva responsabilidade do autor”

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Agradecimentos

Ao Professor Doutor Jorge Azevedo expresso o meu profundo agradecimento pelo apoio ao tema a partir do primeiro momento que foi proposto, por toda a disponibilidade a qualquer momento mesmo tendo uma agenda cheia, pela paciência, pelo apoio prestado no tratamento estatístico e correção desta tese e pela amizade e dedicação demonstrada ao longo deste trabalho, tornando a sua realização possível.

Ao Professor Doutor Manuel Sánchez e à sua filha Maria Sánchez pela formação inicial em avaliação morfológica linear e material disponibilizado.

Ao Professor Severiano Silva pela amabilidade ao emprestar o material para iniciar a realização das medidas.

A todos os Docentes qua ao longo destes cinco anos transmitiram todos os conhecimentos.

Ao Engenheiro Paulo Fontes pela paciência quando iniciamos a realização das medidas. A todos os funcionários do Cabril da UTAD pela ajuda prestada na contenção dos primeiros animais medidos para a realização do trabalho.

À Direção da ANCRAS – Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana, que autorizou a cedência da informação utilizada neste trabalho e cedência das instalações.

Aos criadores da raça Serrana pelo apoio sempre manifestado, disponibilidade de tempo e contenção dos animais de forma a ser possível a medição dos mesmos.

Ao atual corpo técnico da ANCRAS, pois sem eles não seria possível uma amostra de animais tão elevada e a todos os técnicos que ao longo dos anos prestaram serviço nesta associação, dando um valioso contributo nos dados recolhidos.

Ao Engenheiro Francisco Pereira, secretário técnico da raça Serrana por toda a paciência e ajuda disponibilizada.

Ao secretário executivo da ANCRAS Fernando Pintor pelo apoio desde a escolha do tema.

À ACRIGUARDA, à ACRO e à ACORO pela amabilidade com que nos recebiam sempre que nos tínhamos de deslocar para medir os animais por todo o país.

Ao Engenheiro Manuel Silveira, coproprietário da Rural Bit e à Engenheira Cláudia Moreira, que através da aplicação GenPro, foi possível aceder a toda a informação de cada animal.

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Ao departamento de Zootecnia e à UTAD por me deixarem utilizar as instalações sempre que foi necessário.

A todos os amigos e colegas que estiveram a meu lado nesta fase, pelo apoio e companheirismo.

Ao meu namorado, um agradecimento especial, porque sempre esteve ao meu lado desde o início, pelas noites sem dormir, pelos dias de mau humor, pelo cansaço, pela compreensão e pela revisão feita ao trabalho, que tem também um bocadinho dele.

Aos meus pais e à minha irmã pelo apoio incondicional ao longo destes 5 anos fora de casa. Sem eles nada disto seria possível nem nunca chegaria tão longe quer a nível pessoal, quer a nível profissional, são o principal pilar da minha vida.

Às minhas avós pela preocupação sempre demonstrada.

À minha família agradeço todo o apoio demonstrado sempre que necessário.

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Resumo

O objetivo desde trabalho foi avaliar a morfologia linear dos caprinos da raça Serrana através da medição das 17 características que fazem parte desta, e verificar como estão relacionadas com a produção leiteira dos mesmos.

Foram utilizadas 820 cabras, das quais 604 eram do ecótipo Transmontano, 89 do Ribatejano, 81 do Jarmelista e 46 do da Serra. Apenas medimos cabras em lactação, independentemente da fase da mesma. Medimos animais em várias regiões do país de forma a que a amostra fosse o mais representativa possível para evitar que os diferentes maneios de cada uma das regiões afetasse os resultados. Aquando da análise estatística e de modo a se avaliar o efeito das interações ecótipo x idade apenas nos foi possível usar os dados de animais com idades compreendidas entre os 2 e os 8 anos, pois apenas tínhamos animais dos quatro ecótipos nestas idades, sendo então usados dados de 756 animais.

Para a realização deste trabalho foram usados os dados das lactações que terminaram imediatamente antes à realização das medidas que foram recolhidos pela Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana (ANCRAS).

Quando analisamos cada uma das 17 características da avaliação morfológica para cada ecótipo, vemos que o Ribatejano é aquele que apresenta mais vezes a média mais próxima do valor que é desejável de acordo com a bibliografia existente, seguido pelo da Serra, o Jarmelista e por fim o Transmontano que é aquele que tem menos vezes a média mais próxima dos valores desejáveis. Estas diferenças influenciam a produção leiteira, pois temos por ordem decrescente em relação à produção leiteira: o ecótipo Ribatejano com P150d=220,73 litros, PT=234,95 litros e PMD=1,60 litros; o Jarmelista com P150d=143,37 litros, PT=161,50 litros e PMD=0,96 litros; da Serra com P150D=126,16 litros, PT=127,73 litros e PMD=0,89 litros, e o Transmontano P150D=99,85 litros, PT=115,07 litros e PMD=0,72 litros.

Das 17 características da morfologia linear avaliadas umas apresentaram uma variação estatisticamente significativa de acordo com o ecótipo, outras de acordo com a idade do animal e outras com a interação destes dois fatores:

 Variação por ecótipo: Estatura, Angulosidade, Qualidade do osso, Largura da garupa, Inserção anterior, Altura da inserção posterior, Ligamento suspensor, Largura posterior do

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x

úbere, Profundidade do úbere, Colocação dos tetos, Diâmetro dos tetos, Patas traseiras vista posterior e as Patas traseiras vista lateral;

 Variação pela idade: Estatura, Largura do peito, Altura da inserção posterior e a Profundidade do úbere;

 Variação pela interação ecótipo x idade: Estatura, Largura posterior do úbere e as Patas vista posterior;

Com a aplicação do teste de regressão Stepwise foi possível verificar que há características da morfologia linear que têm mais influência na produção leiteira do animal.

A análise discriminante, utilizando todas as variáveis da morfologia linear permitiu-nos a criação de grupos de ecótipos mais homogéneos, independentemente da classificação anterior que é feita tendo em conta os aspetos morfológicos, como a pelagem.

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Abstract

The objective of this work was to evaluate the linear morphology of the Serrana goats by measuring the 17 characteristics that are part of this breed, and to see how they influence the milk production of the same.

820 animals were used, of which 604 were from the Transmontano ecotype, 89 from the Ribatejo ecotype, 81 from the Jarmelista ecotype and 46 from the Serra ecotype.

We only measured females and they had to be lactated, regardless of the stage of the same. We measured animals in several regions of the country in order to make the sample as

representative as possible and to avoid that the handling and the type of feeding practiced in a region affected the results. At the time of the analysis we were only able to use the animals between the ages of 2 and 8 years, since we only had animals of the four ecotypes at these ages, and data of 756 animals were used.

In order to carry out this work, the lactation data that ended immediately before the

measurements were collected by the Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana (ANCRAS).

When we analyzed each of the 17 characteristics of the morphological evaluation for each ecotype, we noticed that the Ribatejano is the one that presents in the average

the closest to the value that is desirable according to the existing bibliography, followed by the Serra, the Jarmelist and finally the Transmontano that is the one that has less times the average closer to the desired values. These differences influence the milk production, since we have in descending order in relation to milk production: the Ribatejano ecotype with P150d = 220.73 liters, PT = 234.95 liters and PMD = 1.60 liters; The Jarmelista with P150d = 143,37 liters, PT = 161,50 liters and PMD = 0,96 liters; The Serra with P150D = 126.16 liters, PT = 127.73 liters and PMD = 0.89 liters, and the Transmontano P150D = 99.85 liters, PT = 115.07 liters and PMD = 0.72 liters.

Of the 17 characteristics of the linear morphology we have some that present a statistically significant variation according to the ecotype, others according to age and others with the intersection of these two variants.

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Then we have:Variation by ecotype: EST, ANG, QO, LG, IA, AIP, LS, LU, PU, CT, DT, PTP and PTL;

Age variation: EST, LP, AIP and PU

Variation by ecotype and age interaction: EST, LU and PTP

With the application of the Stepwise regression test it was possible to verify that there are characteristics of the linear morphology that have more influence on the milk production of the animal.

The discriminant analysis, using all variables of the linear morphology allowed us to create groups of more homogeneous ecotypes, independently of the previous classification that is made taking into account the morphological aspects, such as the coat.

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xiii

Índice

Índice de figuras ... xvii

Índice de tabelas ... xix

Índice de gráficos ... xxi

Lista de Abreviaturas ... xxiv

Capítulo I - Introdução……….1

Introdução ... 3

Capítulo II - Estado da Arte………..5

1.Caprinicultura no Mundo ... 7

2.Caprinicultura na Europa ... 8

3.Caprinicultura em Portugal ... 9

4. A origem da cabra Serrana ... 12

5. Raça Serrana ... 15

6. Melhoramento genético ... 19

7. Avaliação Morfológica Linear ... 20

7.1. Morfologia externa da glândula mamária ... 23

7.2. Classificação Linear ... 23

7.2.1. Estrutura e capacidade ... 23

7.2.2. Carácter leiteiro ... 27

7.2.3. Sistema mamário ... 28

7.2.4. Patas e pés ... 32

7.2.5. Quadro resumo das características lineares ... 34

7.3. Defeitos existentes em cabras ... 35

7.4. Morfologia linear em cabritas nulíparas ... 36

7.5. Morfologia linear nos machos ... 37

7.5.1. Características a avaliar em machos ... 37

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xiv

Capítulo III - Trabalho Experimental………41

1. Objetivos ... 41

2. Material e Métodos ... 41

2.1. Animais ... 41

2.2. Avaliação dos animais ... 43

2.3. Análise Estatística ... 45

3. Resultados e Discussão ... 46

3.1. Número de partos ... 46

3.2. Peso ... 47

3.3. Caracteres da Morfologia Linear ... 48

3.3.1. Estatura ... 48 3.3.2. Largura do peito ... 50 3.3.3. Profundidade corporal ... 52 3.3.4. Angulosidade ... 54 3.3.5. Qualidade do osso ... 56 3.3.6.Largura da garupa ... 58 3.3.7. Ângulo da garupa ... 61 3.3.8. Inserção anterior... 62

3.3.9. Altura da inserção posterior ... 64

3.3.10. Ligamento suspensor médio ... 66

3.3.11. Largura posterior do úbere ... 68

3.3.12. Profundidade do úbere ... 71

3.3.13.Colocação dos tetos ... 73

3.3.14. Diâmetro dos tetos ... 75

3.3.15. Patas traseiras – vista posterior ... 76

3.3.16. Patas traseiras – vista lateral ... 78

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xv

3.4. Produção leiteira ... 83

3.4.1. Produção média diária... 83

3.4.2. Produção leiteira aos 150 dias de lactação ... 85

3.4.3. Dias em lactação ... 87

3.4.4. Produção leiteira total ... 89

3.5. Correlação entre as variáveis ... 90

3.6. Quadro resumo das características lineares ... 93

3.7. Avaliação Morfológica Linear Simplificada ... 94

3.7.1. Cabra Serrana ... 94

3.7.2. Transmontana ... 95

3.7.3. Jarmelista ... 95

3.7.4. Da Serra ... 96

3.7.5 Ribatejana ... 97

3.7.6. Produção por distrito ... 98

3.8. Relação entre os ecótipos e as características ... 100

Capítulo IV - Conclusões.………..103

Conclusões ... 103

Capítulo V - Referências Bibliograficas……….……….107

Bibliografia ... 107

Anexos ... 111

Anexo 1 – Fotografias da Avaliação Morfológina Linear obtidas em campo ... 112

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Índice de figuras

Figura 1: Distribuição geográfica do efetivo Serrano e respetivos ecótipos. Fonte: ANCRAS,

2016 ... 18

Figura 2: Animal tipo leiteiro. Fonte: Silva & Prado, 2013 ... 20

Figura 3: Animal tipo carne. Fonte: Silva & Prado, 2013 ... 21

Figura 4: Estatura. Fonte: (Sánchez et al, 2009). ... 24

Figura 5: Profundidade Corporal. Fonte: Sánchez et al, 2009 ... 25

Figura 6: Largura do peito. Fonte: (Sánchez, et al, 2009). ... 25

Figura 7: Largura da garupa. Fonte: Sánchez, et al, 2009. ... 26

Figura 8: Ângulo da garupa. Fonte: Sánchez., et al, (2009). ... 27

Figura 9: Angulosidade. Fonte: Sánchez R., et al, (2009). ... 27

Figura 10: Profundidade do úbere. Fonte: Sánchez R., et al, (2009). ... 28

Figura 11: Colocação dos tetos. Fonte: Sánchez R., et al, (2009). ... 29

Figura 12: Diâmetro dos tetos. Fonte: Sánchez et al, 2009 ... 29

Figura 13: Altura da inserção posterior do úbere. Fonte: Sánchez R., et al, (2009). ... 30

Figura 14: Largura do úbere. Fonte: Sánchez R., et al, (2009). ... 30

Figura 15: Ligamento suspensor médio. Fonte: Sánchez R., et al, (2009). ... 31

Figura 16: Inserção anterior do úbere. Fonte: Sánchez R., et al, (2009). ... 32

Figura 17: Colocação das patas, vista posterior. Fonte: Sánchez R., et al, (2009). ... 32

Figura 18: Colocação das patas traseiras - vista lateral. Fonte: Silva & Prado, 2013. ... 33

Figura 19: Mobilidade. Fonte: Sánchez R., et al, (2009). ... 33

Figura 21: Distribuição dos animais avaliados por distrito ... 42

Figura 22: Distribuição dos animais avaliados por NUT II ... 43

Figura 23: Largura do peito. Fonte: Própria. ... 112

Figura 24: Profundidade corporal. Fonte: Própria. ... 112

Figura 25: Estatura. Fonte: Própria... 112

Figura 26: Qualidade do osso. Fonte: Própria ... 112

Figura 27: Angulosidade. Fonte: própria ... 112

Figura 28: Largura da garupa. Fonte: Própria. ... 113

Figura 29: Ângulo da garupa. Fonte: Própria. ... 113

Figura 30: Altura da inserção posterior. Fonte: Própria. ... 113

Figura 31: Inserção anterior. Fonte: Própria. ... 113

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Figura 32: Profundidade do úbere. Fonte: Própria ... 114 Figura 34: Largura posterior do úbere. Fonte: própria. ... 114

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Índice de tabelas

Tabela 1: Parâmetros reprodutivos da cabra Serrana ... 15

Tabela 2: Produções médias dos quatro ecótipos da raça Serrana ... 16

Tabela 3: Peso dos cabritos da raça Serrana em diferentes idades ... 16

Tabela 4: Correlações para as características do tipo e a produção leiteira na cabra Serrana .. 92

Tabela 5: Medias de cada característica e significância estatística da mesma ... 93

Tabela 6: Características mais influentes na cabra Serrana ... 94

Tabela 7: Características mais influentes no ecótipo Transmontano ... 95

Tabela 8: Características mais influentes no ecótipo Jarmelista... 96

Tabela 9: Características mais influentes no ecótipo Serra ... 96

Tabela 10: Características mais influentes no ecótipo Ribatejano ... 97

Tabela 11: Características mais influentes na raça Serrana de acordo com o distrito onde se encontra ... 99

Tabela 12: Divisão dos ecótipos de acordo com a morfologia linear ... 100

Tabela 13: Divisão de acordo com o teste t de Student - Largura do peito ... 115

Tabela 14: Divisão de acordo com o teste ... 115

Tabela 15: Divisão de acordo com o teste t de Student - Angulosidade ... 115

Tabela 16: Divisão de cordo com o teste ... 115

Tabela 18: Divisão com o teste... 115

Tabela 17: Divisão de acordo com o teste t de Student - Largura da garupa ... 115

Tabela 19: Divisão de acordo com o teste t de Student - Inserção anterior ... 116

Tabela 20: Divisão de acordo com o teste ... 116

Tabela 21: Divisão de acordo com o teste t de Student - Ligamento suspensor ... 116

Tabela 22: Divisão de acordo com o teste ... 116

Tabela 23: Divisão de acordo com o teste t de Student - Profundidade do úbere ... 116

Tabela 24: Divisão de acordo com o teste ... 116

Tabela 25: Divisão de acordo com o teste t de Student - Diâmetro dos tetos ... 117

Tabela 26: Divisão de acordo com o teste ... 117

Tabela 27: Divisão de acordo com o teste t de Student - Patas traseiras vista lateral ... 117

Tabela 28: Divisão de acordo com o teste ... 117

Tabela 30: Divisão de acordo com o teste ... 117

Tabela 29: Divisão de acordo com o teste t de Student - Produção média diária ... 117

(20)

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Tabela 31: Divisão de acordo com o teste t de Student – Dias em lactação ... 118 Tabela 33: Divisão de acordo com o teste ... 118

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Índice de gráficos

Gráfico 1: Evolução mundial do efetivo caprino desde 2005 até 2014. Fonte: FAOSTAT, 2016

... 7

Gráfico 2: Efetivo caprino nos principais países da Europa. Fonte: FAOSTAT, 2016 ... 8

Gráfico 3: Efetivo caprino (nº) dos diferentes distritos do continente do reino em 1873. Adaptado de: Ministério das Obras Públicas, 1873. ... 10

Gráfico 4: Distribuição regional do efetivo caprino em Portugal em 2015. Fonte: INE, 2016 11 Gráfico 5: Distribuição do número de partos por animal de acordo com o ecótipo ... 47

Gráfico 6: Distribuição do peso de acordo com o ecótipo ... 48

Gráfico 7: Distribuição da estatura de acordo com o ecótipo ... 49

Gráfico 8: Variação da estatura de acordo com a idade do animal... 49

Gráfico 9: Variação da estatura de acordo com a interação ecótipo x idade ... 50

Gráfico 10: Distribuição da largura do peito de acordo com o ecótipo ... 51

Gráfico 11: Variação da largura do peito de acordo com a idade do animal ... 51

Gráfico 12: Variação da largura do peito de acordo com a interação ecótipo x idade ... 52

Gráfico 13: Distribuição da profundidade corporal ... 53

Gráfico 14: Distribuição da profundidade corporal com a idade dos animais ... 53

Gráfico 15: Distribuição da profundidade corporal por idade e ecótipo ... 54

Gráfico 16: Distribuição da angulosidade ... 54

Gráfico 17: Distribuição da angulosidade ... 55

Gráfico 18: Variação da angulosidade ao longo da idade dos animais ... 55

Gráfico 19: Variação da angulosidade de acordo com a interação ecótipo x idade ... 56

Gráfico 20: Distribuição da qualidade do osso de acordo com o ecótipo... 57

Gráfico 21: Variação da qualidade do osso de acordo com a idade do animal ... 58

Gráfico 22: Variação da qualidade do osso de acordo com a interação ecótipo x idade ... 58

Gráfico 23: Distribuição da largura da garupa de acordo com o ecótipo ... 59

Gráfico 24: Variação da largura da garupa de acordo com a idade do animal ... 60

Gráfico 25: Variação da largura da garupa de acordo com a interação ecótipo x idade ... 60

Gráfico 26: Distribuição do ângulo da garupa de acordo com o ecótipo ... 61

Gráfico 27: Variação do ângulo da garupa de acordo com a idade do animal ... 62

Gráfico 28: Variação do ângulo da garupa de acordo com a interação ecótipo x idade ... 62

Gráfico 29: Distribuição da inserção anterior de acordo com o ecótipo ... 63

Gráfico 30: Variação da inserção anterior de acordo com a idade do animal ... 64

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xxii

Gráfico 32: Distribuição da altura da inserção posterior de acordo com o ecótipo ... 65 Gráfico 33: Variação da altura da inserção posterior de acordo com a idade do animal ... 66 Gráfico 34: Variação da altura da inserção posterior de acordo com a interação ecótipo x idade ... 66 Gráfico 35: Distribuição do ligamento suspensor médio de acordo com o ecótipo ... 67 Gráfico 36:Variação do ligamento suspensor médio de acordo com a idade do animal ... 68 Gráfico 37: Variação do ligamento suspensor médio de acordo com a interação ecótipo x idade ... 68 Gráfico 38: Distribuição da largura posterior do úbere de acordo com o ecótipo ... 69 Gráfico 39: Variação da largura posterior do úbere de acordo com a idade do animal ... 70 Gráfico 40: Variação da largura posterior do úbere de acordo com a interação ecótipo x idade ... 70 Gráfico 41: Distribuição da profundidade do úbere de acordo com o ecótipo ... 71 Gráfico 42: Variação da profundidade do úbere de acordo com a idade do animal ... 72 Gráfico 43: Variação da profundidade do úbere de acordo com a interação ecótipo x idade .. 72 Gráfico 44: Distribuição da colocação dos tetos de acordo com o ecótipo ... 73 Gráfico 45:Variação da colocação dos tetos de acordo com a idade dos animais ... 74 Gráfico 46: Variação da colocação dos tetos de acordo com a interação ecótipo x idade ... 74 Gráfico 47: Distribuição do diâmetro dos tetos de acordo com o ecótipo ... 75 Gráfico 48: Variação do diâmetro dos tetos ao longo da idade do animal ... 76 Gráfico 49: Variação do diâmetro dos tetos de acordo com a interação ecótipo x idade ... 76 Gráfico 50: Distribuição da avaliação das patas traseiras vista posterior, de acordo com o ecótipo ... 77 Gráfico 51:Variação da colocação das patas traseiras vista posterior, de acordo com a idade do animal ... 78 Gráfico 52: Variação da colocação das patas traseiras - vista posterior - de acordo com a interação ecótipo x idade ... 78 Gráfico 53: Distribuição da avaliação das patas traseiras vista lateral, de acordo com o ecótipo ... 79 Gráfico 54: Variação do ângulo das patas traseiras vista lateral, de acordo com a idade do animal ... 80 Gráfico 55: Variação do ângulo das patas traseiras vista lateral, de acordo com a interação ecótipo x idade ... 80 Gráfico 56: Distribuição da mobilidade de acordo com o ecótipo ... 81

(23)

xxiii

Gráfico 57: Variação da mobilidade de acordo com a idade do animal ... 82 Gráfico 58: Variação da mobilidade de acordo com a interação ecótipo x idade ... 82 Gráfico 59: Distribuição da produção média diária de acordo com o ecótipo ... 83 Gráfico 60: Variação da produção média diária de acordo com a idade do animal ... 84 Gráfico 61: Variação da produção média diária de acordo com a interação ecótipo x idade ... 84 Gráfico 62: Distribuição da produção leiteira aos 150 dias de acordo com o ecótipo ... 85 Gráfico 63: Variação da produção leiteira aos 150 dias de acordo com a idade do animal ... 86 Gráfico 64: Variação da produção de leite aos 150 dias de lactação de acordo com a interação ecótipo x idade ... 86 Gráfico 65: Distribuição dos dias em lactação de acordo com o ecótipo ... 87 Gráfico 66: Variação dos dias em lactação de acordo com a idade do animal ... 88 Gráfico 67: Variação dos dias em lactação de acordo com a interação ecótipo x idade ... 88 Gráfico 68: Distribuição da produção total de acordo com o ecótipo ... 89 Gráfico 69: Variação da produção leiteira total de acordo com a idade do animal ... 90 Gráfico 70: Variação da produção leiteira total de acordo com a interação ecótipo x idade ... 90

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xxiv

Lista de Abreviaturas

PL Produção leiteira PM Produção média PT Produção total

P150D Produção aos 150 dias de lactação PMD Produção média diária

DL Dias em lactação

NP Número de partos que o animal teve até ao momento NPano Número de partos que o animal tem por ano

EST Estatura LP Largura do peito LG Largura da garupa PC Profundidade corporal AG Ângulo da garupa ANG Angulosidade QO Qualidade do osso IA Inserção anterior

AIP Antura da inserção posterior LU Largura do úbere

PU Profundidade do úbere CT Colocação dos tetos DT Diâmetro dos tetos LS Ligamento suspensor

PTVP Patas traseiras vista posterior PTVL Patas traseiras vista lateral MB Mobilidade

J Ecótipo Jarmelista R Ecótipo Ribatejano S Ecótipo Serra

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1

(26)
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3

Introdução

Estamos cientes da necessidade de preservar as nossas raças autóctones, uma vez que elas ocupam um importante lugar nos sistemas de produção natural e possuem várias implicações no meio rural: permitem o aproveitamento das zonas marginais, contribuindo para a não desertificação, animal e da paisagem, estimulam e defendem a biodiversidade e enriquecem, com produtos tradicionais, o património histórico, cultural e social português (Portugal, 2001). Para estes sistemas se manterem terão de se tornar mais eficientes, de forma a serem rentáveis sem comprometer o produto final, nem sair do contexto de “produção animal sustentável” (Correia, 2004).

A eficiência produtiva varia com os efeitos ambientais circunscritos à exploração animal e com o melhoramento genético dentro da própria raça (Fonseca, 2015). A variação genética em características de interesse económico é a base para futuros programas de melhoramento (Azevedo & Vitali, 2016). O melhoramento genético tem e ser aplicado, especialmente nas raças autóctones, de forma a tirar partido da variabilidade destas raças ainda pouco exploradas (Fonseca, 2015).

Quanto mais eficientes forem os animais melhores desempenhos zootécnicos apresentam, em termos de produção são animais mais eficientes, e quanto mais elevada performance, menor a proporção de alimento ingerido destinado à satisfação das necessidades de conservação do animal e menor dispêndio alimentar por unidade de leite, neste caso (Azevedo & Vitali, 2016). A vida produtiva das cabras é influenciada pela sua conformação funcional com reflexos no aumento de tempo de permanência no rebanho e diminuição na taxa de refugo involuntário. Portanto, uma avaliação e conformação funcional criteriosa auxilia na produção e aumenta a longevidade, com reflexo direto no desempenho económico da atividade (Ribeiro, 1997). Quando vemos um animal conseguimos retirar informações como a idade, o sexo, a raça e a aptidão. Pessoas mais especializadas na área conseguem aperceber-se do carácter do animal, da possibilidade de presença de doenças, inclusivamente da sua capacidade produtiva, da sua beleza e dos seus defeitos (Astiz, 2009).

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4

A classificação para tipo em animais de leite foi desenvolvida inicialmente como uma medida subjetiva da capacidade de produção do animal, antes do desenvolvimento dos esquemas de controlo leiteiro (McManus & Saueressig, 1998)

O objetivo deste trabalho é estudar como a morfologia linear se comporta nos quatro ecótipos da raça Serrana e ver se esta influência a produção leiteira dos mesmo. Pretende-se também perceber quais as características da avaliação morfológica que mais influência têm na produção leiteira de cada um dos ecótipos.

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7

1.Caprinicultura no Mundo

Os caprinos são de todas as espécies animais provavelmente a mais adaptada à utilização de áreas marginais, pela baixa fertilidade dos solos e características edafoclimáticas restritas, principalmente por possuir as seguintes características diferenciadoras:

 Pastar de forma seletiva, ingerindo as partes mais nutritivas das plantas;

 Pastorear perto do chão por causa do pequeno tamanho da sua boca e grande mobilidade dos lábios que parecem “beliscar” os alimentos;

 Consumir vegetação lenhosa;

 Destreza acrobática, inclusivamente posição bipedal e trepar nas árvores;  Baixas necessidades de ingestão de água por peso metabólico,

comparativamente a bovinos e ovinos;

 Construir reservas adiposas, permitindo a acumulação de reservas de gordura, principalmente mesentérica, que podem construir fonte energética para épocas de seca ou escassez de alimentos (Fonseca, 2015).

A exploração caprina pratica-se no mundo através da produção de leite, carne, peles, pelo, fibra, estrume e carga, encontrando-se a população mundial distribuída por diversos ambientes, desde as regiões de elevado nível de intensificação até às mais áridas, de débil cobertura vegetal (Fonseca, 2006a).

Gráfico 1: Evolução mundial do efetivo caprino desde 2005 até 2014. Fonte: FAOSTAT, 2016

0 100000000 200000000 300000000 400000000 500000000 600000000 700000000

África América Ásia Europa Oceânia

UN IDA DE S DE CA BE ÇA S CONTINENTES

Censos Gado Caprino

2005 2008 2011 2014

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8

De acordo com os dados da FAOSTAT (Food and Agriculture Organization Corporate Statistical Data base) apresentados no gráfico 1 o continente com mais caprinos é a Ásia e teve um aumento de 0,88% ao ano, representava 58,21% do efetivo mundial no ano 2014. O continente africano é o segundo continente com mais caprinos tendo o correspondente a 36,19% no mesmo ano e um aumento de 3,32% ao ano. Em relação à Oceânia podemos ver que é o continente com menor efetivo caprino, tendo o correspondente a 0,40% a nível mundial e teve um aumento de 0,40% ao ano.

A Europa e a América foram os únicos continentes em que se verificou diminuição do efetivo entre 2005 e 2014 de 0,92% ao ano e de 0,60% ao ano respetivamente. Em relação ao efetivo mundial no ano 2014 a Europa tinha 1,67% e a América 3,54%.

2.Caprinicultura na Europa

As técnicas de produção de caprinos varia muito dentro dos países da Europa. Vai desde os mais evoluídos sistemas intensivos em estabulação permanente que proporcionam as condições de expressão produtiva e reprodutiva ao limiar da capacidade genética das raças especializadas até aos sistemas de produção extensivos tradicionais, onde se realiza o pastoreio e se dá mais valor à capacidade de sobrevivência dos animais do que à sua capacidade leiteira (Fonseca, 2015). 0 1000000 2000000 3000000 4000000 5000000 6000000 N ÚM ER O DE CA BE ÇA S PAÍSES

Efetivo caprino na Europa

2002 2005 2008 2011 2014

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9

Como podemos ver pelo Gráfico 2 o efetivo caprino tem vindo a diminuir, de uma forma geral, em grande parte dos países da europa. No entanto, de acordo com o Gráfico apresentado, o país com mais efetivo caprino é a Grécia apesar da diminuição de 1,49% ao ano entre 2002 e 2014 representando em 2014 25,33% do efetivo europeu. Segue-se a nossa vizinha Espanha com 16,10% do efetivo europeu e com uma diminuição de efetivo de 0,94% ao ano.

Dos países apresentados a França, o Reino Unido e a Holanda tiveram um aumento do efetivo caprino entre 2002 e 2014 de 0,40%, 2,81% e 7,51% ao ano, respetivamente, tendo este último quase duplicado o efetivo quando comparamos os dados de 2002 com os de 2014.

É apresentado o Liechtenstein como o país da europa com menor efetivo caprino tendo este mais que duplicado o efetivo até 2011 e deste ano até 2014 voltou a ser reduzido praticamente para metade, mas no geral teve um aumento ao anual de 3,17% ficando com um efetivo em 2014 de 283 cabras.

Em Portugal o efetivo caprino também tem diminuído como na generalidade dos países, sendo esta diminuição de 2,66% ao ano e tem um efetivo correspondente a 2,27% do efetivo europeu. No entanto vamos aprofundar mais um pouco a evolução do efetivo caprino em Portugal no ponto seguinte.

3.Caprinicultura em Portugal

Em Portugal, a caprinicultura está ligada a aspetos sociais, culturais e ecológicos, combatendo a desertificação humana das regiões mais desfavorecidas do país, como o interior e as terras de montanha (Fonseca, 2015).

O mesmo autor afirma que a caprinicultura em Portugal constitui uma atividade assente no sistema extensivo, sendo os rebanhos constituídos por núcleos de animais heterogéneos do ponto de vista racial, ou por animais das raças autóctones Serrana, Bravia, Preta de

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No ano 1870 existiam 936 869 cabeças de caprinos em Portugal (Ministério das Obras Públicas, 1873).

Se compararmos os dois próximos gráficos podemos ver a diferença na distribuição dos caprinos por Portugal no ano 1873, e agora mais recentemente, no ano 2015. No gráfico 3, podemos ver que em 1873 os caprinos se localizavam mais na região de Castelo Branco, passando os 100 000 caprinos só nesta região. Já no ano 2015 havia mais caprinos na região do Alentejo, no entanto, não ultrapassa os 95 000 animais.

0 50 000 100 000 150 000

1873

Efetivo caprino (nº) dos diferentes distritos do continente do

reino em 1873

Aveiro Beja Braga Bragança Castelo Branco

Coimbra Évora Faro Guarda Leiria

Lisboa Portalegre Porto Santarém Viana do Castelo

Vila Real Viseu

Gráfico 3: Efetivo caprino (nº) dos diferentes distritos do continente do reino em 1873. Adaptado de: Ministério das Obras Públicas, 1873.

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11

Em 1989 existiam em Portugal 697 471 caprinos em 85 259 explorações. Ao longo dos anos 90, o efetivo do gado caprino diminuiu 25% e o número de explorações 42%. Desde o ano 2000 a 2010 houve uma diminuição de 20% no número de animais para cerca de 140 000 caprinos e uma diminuição de cerca de 33% no número de explorações tendo chegado a cerca de 33 000. Com tudo isto deu-se uma queda aproximada de 7.5% na produção de leite de cabra, tendo reduzido de 29 087 para 26 877 milhares de litros de leite entre 2005 e 2009 (Marques et al, 2011).

No Gráfico 4 temos Portugal dividido nas suas Regiões Agrárias apresentado, em percentagens, o efetivo caprino existente em cada região e como podemos ver, a região com mais cabras é o Alentejo com 25%, seguido da Beira Interior com 18%. Temos Trás-os-Montes e a Beira Interior com 13% cada uma, Entre Douro e Minho e a Beira Litoral cada com 11% e com menor significância o Algarve com 5% e os Açores e a Madeira com 2% cada um.

No Gráfico 5 podemos ver a evolução do efetivo caprino em Portugal desde que há registos até ao ano 2013 e no Gráfico 6temos a evolução desde 2011 até 2015 e podemos ver que o número de caprinos tem diminuído, tendo ocorrido uma diminuição, com alguma evidência, de 412 700 cabeças em 2011 para, aproximadamente, 372 000 cabeças em 2015.

Entre Douro e Minho 11% Trás-os-Montes 13% Beira Litoral 11% Beira Interior 18% Ribatejo e Oeste 13% Alentejo 25% Algarve 5% Açores 2% Madeira 2%

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A conclusão que podemos tirar após análise dos quatro gráficos é que o efetivo sempre se concentrou mais no Alentejo e na Beira Interior, e que apesar do efetivo caprino ter vindo a diminuir, a sua distribuição pelo país tem-se mantido inalterada.

4. A origem da cabra Serrana

A origem da cabra Serrana perde-se na história, tendo os seus primeiros ancestrais uma idade de aproximadamente 3 milhões de anos.

No ano de 1870 as raças das cabras eram divididas de acordo com o tamanho e forma das suas orelhas e com o tipo de pelagem. Assim temos:

 Cabras de orelhas curtas e direitas

 Cabras de orelhas pendentes ou semi-pendentes, mas não compridas  Cabras de orelhas pendentes e tão compridas, pelo menos, como a cabeça A classificação taxonómica dos animais da espécie caprina é a seguinte:

350 360 370 380 390 400 410 420 2011 2012 2013 2014 2015 Milh ar es Anos

Efectivo caprino em

Portugal

Gráfico 5: Efetivos caprino (nº x 1000) por localização geográfica (NUTS – 2002) e anual. Fonte: Fonseca, 2015

Gráfico 6: Evolução do efetivo caprino em Portugal entre 2011 e 2015. Fonte: INE, 2016

M

ilha

re

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13  Classe: Mammalia  Ordem: Ungulata  Subordem: Artiodactila  Família: Bovidae  Subfamília: Ovinae  Género: Capra.

A enorme variedade de raças (embora muito inferior à da espécie ovina) é agrupada segundo a maioria dos autores, pela sua área de dispersão, constituindo três grandes grupos ou troncos:  Europeu: Ovis capra europaea

 Asiático: Ovis capra asiática  Africano: Ovis capra africana

A cabra deve ter sido domesticada ao mesmo tempo que os Carneiros. Também no Oriente, na época do neolítico há aproximadamente 8000 anos, encontrando-se vestígios desta espécie nas cidades lacustres da Europa Ocidental (Vale, 1949).

Um ponto importante para a domesticação foi a “Revolução Neolítica” que ficou marcada pela passagem da apropriação de recursos espontâneos, à produção destes mesmos recursos domesticados. Desta forma, o homem garantiu, em termos de recursos necessários à sua sobrevivência, uma melhor disponibilidade e acessibilidade, ao mesmo tempo que foi moldando esses animais de forma a adaptá-los a novos ecossistemas, para além de os ajustar às suas necessidades (Enciclopédia Einaudi, 1989, citado por Correia, 2004).

Aparentemente, a domesticação foi iniciada de uma forma inconsciente. Mais tarde, a pressão que o aumento demográfico exerceu sobre os recursos alimentares e em especial sobre o terreno cultivável, terá feito o homem tomar consciência sobre os reais benefícios da sua utilização (Smith e Cuyler Young. 1972, citado por Correia, 2004).

Geoffroy Saint-Hilaire atribui origem asiática à cabra doméstica, e com a imigração destes povos para a Europa defende que a sua domesticação ocorreu neste último continente (Anónimo, 1873).

O nosso gado caprino é considerado originário da cabra Cabra Comum da Europa que pertence às cabras de orelhas curtas e direitas. Podiam ver-se nas serras do Barroso, nas cercanias de

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Lisboa e Serra da Estrela (cabras de Jarmello ou Serra da Estrela), nos plainos charnequenhos do Alentejo e Ribatejo, estando em maior presença na Serra da Estrela, Alentejo e Saloio oferecendo cabras mais leiteiras. No entanto, as cabras de leite representavam apenas 12% do total do efetivo (Anónimo, 1873).

Nos anos cinquenta, sobressaíam, pela sua importância numérica, dois agrupamentos definidos com base nas respetivas características morfo-funcionais: a raça Serrana e a Charnequeira, cujos efetivos se estimavam em 43% e 25% respetivamente (Barreto Magro, 1959 citado por Almendra, 1996).

No princípio dos anos oitenta era admitida a existência de quatro raças nacionais morfologicamente bem caracterizadas: Serrana, Raiana-Serpentina, Charnequeira e Algarvia por apresentarem uma maior uniformidade de características (Fonseca, 1984, citado por Almendra 1996)

A raça Serrana era a mais representativa das raças caprinas portuguesas constituindo cerca de 45% do efetivo caprino nacional, sendo a sua área de dispersão, mais de metade do território continental português (Almendra, 1996).

Almendra (1996) afirma que a cabra Serrana originária da Serra da Estrela se expandiu em várias direções. Chegou a Trás-os-Montes, expandiu-se pelas Beiras, chegou até ao Ribatejo e à península de Setúbal, chegando ainda a passar para a vizinha Espanha na Estremadura. Selecionada pelo gosto do caprinicultor e adaptada ao clima e geografia de cada região surgiram os quatro ecótipos: Trasmontano, Ribatejano Jarmelista e da Serra.

Atualmente temos em Portugal seis raças de caprinos: a Serpentina, a Algarvia, a Bravia, a Charnequeira nos ecótipos Beiroa e Alentejano, a Serrana nos ecótipos Transmontano, Ribatejano, Jarmelista e da Serra e agora mais recentemente a Preta de Montesinho.

A origem da cabra Serrana ainda não foi bem determinada, mas pode considerar-se derivada do tronco Pirenaico, tipo aegagrus, de origem europeia (Correia, 2004).

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5. Raça Serrana

Atualmente a cabra Serrana é a raça com maior expressão em Portugal. Existindo exemplares na Serra da Estrela, local de onde esta é originária, predomina a Norte do Tejo, com exceção do distrito de Castelo Branco e da península de Setúbal (Correia, 2004).

É um animal rústico e bem adaptado ao meio e apresenta aptidão mista (carne/leite). No entanto a aptidão leiteira vem assumindo maior relevância conseguindo manter a produção mesmo em condições de alimento escasso.

A raça Serrana apresenta 4 ecótipos: Transmontano, Jarmelista, Ribatejano, e da Serra divididos por várias regiões do país. Ao dia 9 de Janeiro de 2017 o ecótipo Transmontano apresentava 9684 fêmeas e 540 machos, o Jarmelista 1927 fêmeas e 60 machos, o Ribatejano 6445 fêmeas e 274 machos e o da Serra 354 fêmeas e 15 machos.

O ecótipo Transmontano apresenta pelagem que denominamos como ruça, o da Serra tem pelagem preta, o Jarmelista e o Ribatejano são castanhos, no entanto o primeiro apresenta linhas amarelas na face, orelhas e patas, enquanto o segundo apresenta um castanho claro nas patas, barriga e algumas vezes também na face.

Podemos ver o padrão da raça em: http://www.ancras.pt/raca-serrana/padrao

Parâmetros reprodutivos – Animal poliéstrico com comportamento de cio em intervalos

regulares, tendo o ciclo éstrico uma duração de 21 dias.

Tabela 1: Parâmetros reprodutivos da cabra Serrana

Parâmetros reprodutivos Valor

Taxa de Fertilidade 90 – 95%

Taxa de Prolificidade 170 – 180%

Taxa de Fecundidade 150 – 160%

Fonte: ANCRAS, 2016

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A fertilidade deve aproximar-se, sempre que possível, aos 100%. A seleção dos animais é importante para obter alta prolificidade e o nascimento de grande número de crias é um dos aspetos mais relevante para o melhoramento genético dos rebanhos. Os partos gemelares favorecem uma maior produtividade, no entanto é fundamental que se garanta a sobrevivência e o desenvolvimento ponderal das crias, o que implica uma análise das condições do ambiente. A fertilidade e a prolificidade são influenciadas significativamente pelo ambiente, pelo genótipo e pela ordem de parto (Simões, 1996).

Parâmetros produtivos – A produção leiteira apresenta grandes variações entre os 4 ecótipos

e também de acordo com o sistema de produção e da região onde se encontra a exploração. O leite destina-se ao consumo direto, ou ao fabrico de queijo caseiro ou industrial. A produção varia com o ecótipo como podemos ver na Tabela 2.

Tabela 2: Produções médias dos quatro ecótipos da raça Serrana

Transmontano Ribatejano Jarmelista Da Serra PL150D (litros) 90,5±32,5 206,4±69,2 163,7±46,1 146,3±35,8 PT (litros) 105,3±41,5 247,7±99,7 178,4±52,6 156,2±40,0 PMD (litros) 0,59±0,20 1,45±0,47 1,14±0,31 1,02±0,24 DL (dias) 177,2±32,9 170,2±36,2 157,8±27,7 154,6±23,4 Prolificidade (crias/ parto) 1,45±0,56 1,63±0,58 1,37±0,51 1,38±0,53 Fonte: ANCRAS, 2016

A venda dos cabritos ocorre ente os 30 a 60 dias de idade com 6 a 10 kg de peso vivo e rendimento em carcaça de 58 a 65%. Os cabritos apresentam ganhos médios diários entre 90 a 120 g/dia em sistema extensivo tradicional, dependendo do ecótipo e da região (Tabela 3).

Tabela 3: Peso dos cabritos da raça Serrana em diferentes idades

Produção de Carne Valores

Peso ao nascimento 2,2 – 3,0 kg

Peso aos 30-40 dias 6,0 – 8,0 kg

Peso aos 60 dias 11,0 kg

GMD extensivo 120 g/dia

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Na Figura 1 está demonstrada a distribuição da raça Serrana e respetivos ecótipos, e como podemos verificar encontra-se praticamente em todo o país, considerando-se uma raça com razoáveis potencialidades produtivas e com muitas possibilidades de expansão, devido à sua elevada capacidade de adaptação ao meio e por conseguir apresentar índices produtivos e reprodutivos muito satisfatórios em sistemas de exploração extensivo (Almendra, 1996).

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6. Melhoramento genético

A competitividade do mercado faz com que haja cada vez mais uma busca incessante pelo aumento da produção dos animais fazendo com que os programas de melhoramento sejam utilizados como uma ferramenta indispensável e eficiente, de forma a alcançar ganho genético na direção desejada (Corrêa et al, 2007).

Todos os animais sofrem uma seleção genética em que o principal objetivo é aumentar a frequência dos genes desejáveis na população e diminuir a frequência dos genes indesejáveis (Eler, 2014).

De acordo com Corrêa, et al, (2007) a produção e o desenvolvimento genético são fortemente influenciados pelo ambiente onde os animais são criados.

Em cabras leiteiras o objetivo da seleção é a melhoria da produção leiteira e do morfotipo. No entanto, esta seleção complica-se pois grande maioria dos caracteres de tipo e a produção têm correlação negativa (Sánchez & Cárdenas, 2010). Tem-se observado que em raças mais produtivas e/ou selecionadas existe com relativa frequência uma difícil adaptação do indivíduo à máquina de ordenha por problemas de morfologia do úbere (Fernández, 1985 citado em García, 2013). Alguns autores salientam que, ao incrementar a produção leiteira, a morfologia mamária tem piorado progressivamente diminuindo a facilidade de ordenha dos animais (García, 2013).

A melhoria conjunta só se consegue através de programas rigorosos que utilizem todas as ferramentas disponíveis para conseguir animais com uma grande produção permanente (Sánchez & Cárdenas, 2010).

Sánchez e Cárdenas (2010) defendem que os caracteres a ter em conta de forma a melhorar a morfologia do animal para obter uma maior produção leiteira sempre foram questionáveis, pois não se conhecia ao certo a sua heritabilidade. No entanto, atualmente com a avaliação morfológica linear, estas variáveis são mais objetivas e fáceis de medir e só se tem em conta caracteres com heritabilidade elevada.

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7. Avaliação Morfológica Linear

A morfologia atende ao estudo da forma, dando atenção ao aspeto exterior dos corpos materiais, pois a estrutura é a distribuição e composição das partes desse corpo, aquela que permite que os animais mantenham a sua forma particular (Griffin, 1962, citado em Herrena & Luque, 2009). As características morfológicas são palpáveis ou mensuráveis, tais como a forma das orelhas, cor da pelagem, peso ou estatura (Silva & Prado, 2013).

As avaliações de tipo iniciaram-se com as exposições de animais. A Classificação Linear foi desenvolvida no final dos anos 70, e a maioria das associações de criadores de bovinos leiteiros americanos iniciou o seu uso no início dos anos 80 (Ribeiro & Ribeiro, 2003).

A quando da avaliação temos de ter em atenção se os animais são de tipo leiteiro (Figura 2): aspeto descarnado, formas angulares, fineza acentuada dos tecidos; ou de tipo carne (Figura 3): formas cilindricas ou quadradas, longilíneos, hipermétricos, membros curtos, boa massa muscular (Silva & Prado, 2013).

Figura 2: Animal tipo leiteiro. Fonte: Silva & Prado, 2013

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A avaliação morfológica linear é a base dos atuais sistemas de classificação do tipo. Baseia-se nas medidas dos caracteres do tipo de forma individual e não nas opiniões. Descreve o bom e mau dos caracteres. É um método que se baseia na valorização dos caracteres mamários com base numa escala linear que vai de um extremo biológico a outro (1 a 9 pontos), onde as pontuações classificadas com o valor 5 correspondem a uma morfologia de valor médio (García, 2013), isto de acordo com o sistema francês, pois existe também o sistema americano em que os valores vão de 1 a 50 (Ribeiro & Ribeiro, 2003).

Este autor afirma que cada característica é avaliada individualmente, e não como uma parte de um grupo de características, daí a denominação Linear.

As vantagens da avaliação linear são:

 Os animais são avaliados individualmente;  A variação dos caracteres é identificável;

 Valoriza-se o bom de cada caracter e desvaloriza-se o indesejável. A avaliação da morfologia dá-nos a possibilidade de:

 Trabalhar com raças especializadas e animais selecionados;

 Diminuição das diferenças entre animais da mesma raça, pois os animais devem cumprir o padrão da raça;

 Os controlos de produção e análises estatísticas utilizadas são mais rigorosos e específicos, analisando um maior número de animais (Sierra, 2009).

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A precisão dos valores obtidos varia com a contenção dos animais, que nem sempre é fácil. O pelo dos animais pode também induzir em erro padrão algumas medidas. O estado fisiológico em que o animal se encontra tem elevada importância. Por exemplo Salako (2006) afirma que em fêmeas gestantes os valores relacionados com o tórax são completamente alterados (Parés i Casanova, 2009).

A avaliação morfológica linear tem elevada importância pois permite que o animal tenha maior aptidão leiteira e maior longevidade, produzindo mais leite no final da sua vida.

Segundo Sánchez & Cárdenas (2010) uma boa morfologia leiteira contribui para melhorar a rentabilidade das explorações nos seguintes pontos:

 Facilita o maneio do gado, principalmente a ordenha, pois animais com melhor úbere têm uma ordenha muito mais rápida e menos traumática;

 Influência a vida produtiva de cada animal, pois as cabras com grande capacidade corporal e grande capacidade de ingestão, apresentam maior resistência ao desgaste devido ao alto rendimento leiteiro. As cabras com melhores patas e boa garupa vivem mais tempo sem problemas, tal como as cabras com bom úbere têm menos lesões mamárias.

O melhoramento dos caracteres morfológicos é também importante para os animais pois permite que estes sejam mais saudáveis, evitando um desgaste mais rápido o que permite ao indivíduo expressar com mais facilidade e durante mais tempo o máximo potencial leiteiro. Dentro de todos os caracteres morfológicos temos alguns que são mais relevantes a melhorar pois têm maior influência na produção leiteira:

 Aprumos, talões e unhas corretos evitam problemas de manqueiras, dores, etc., que produzem uma possível descida na produção leiteira;

 Bom desenvolvimento, vascularização e implantação do úbere, com firme ligamento suspensor de forma a evitar a queda antecipada da glândula mamária;

 Forma, tamanho e colocação dos tetos, permitindo uma ordenha mecânica eficiente diminuindo a probabilidade de ocorrerem mamites;

 Amplo desenvolvimento ósseo do terço posterior o que oferecerá uma maior capacidade de ingestão e de alojar o aparelho reprodutor e úbere proporcionando maior facilidade de parto, eliminando distocias;

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 Bom volume corporal, indicativo de uma maior capacidade geral tanto para ingerir alimentos, como para permitir uma maior quantidade de leite. Este caracter tem uma correlação positiva com a produção leiteira (Sierra, 2009).

Os custos de amortização por litro de leite são muito diferentes dependendo da vida produtiva alcançada pelo animal (Sánchez & Cárdenas, 2010).

Este tipo de avaliação é já utilizado em países com uma caprinicultura leiteira reconhecidamente desenvolvida, como a França e os Estados Unidos (Ribeiro & Ribeiro, 2003).

7.1. Morfologia externa da glândula mamária

A tipologia tem elevada importância para a triagem de animais, pois permite uma padronização dos grupos das máquinas de ordenha, na escolha de animais para o rebanho e na seleção dos animais a abater (Gallego et al., 1985; Carta et al., 1999 citado em Caja et al., 2000).

Caja et al. (2000) defendem que um úbere bem formado e saudável deve ter:  Grande volume com forma globosa e tetos bem definidos;

 Tecido macio e elástico com cisternas da glândula palpáveis;  A altura deve ser moderada, mas sem ultrapassar o jarrete;  Ligamento intermamário bem demarcado;

 Tetos de tamanho médio (comprimento e largura) e a implantação deve ser próxima da vertical.

7.2. Classificação Linear

De acordo com os estudos realizados por Sánchez (2012), reponsável pela raça Florida (em Espanha), a avaliação divide-se em 4 secções e cada uma delas em várias subsecções:

7.2.1. Estrutura e capacidade

A estrutura e capacidade representam a harmonia entre todas as partes do animal, assim como a valoração da capacidade do mesmo (Sánchez, 2012).

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Estatura

A importância da estatura está relacionada com a lei anatómica da proporcionalidade dos órgãos: um animal maior deverá ter pernas maiores, um úbere maior, maior capacidade de ingestão, etc. (APCRF, 2008).

As cabras devem ser relativamente altas de forma a manterem os úberes a uma maior distância do solo evitando lesões. Estas cabras tendem a ter maior formato corporal proporcionando maior capacidade de ingestão e, consequentemente, maior produção leiteira (Sánchez, 2012).

Figura 4: Estatura. Fonte: (Sánchez et al, 2009).

A estatura avalia-se pela distância desde o solo, ao nível dos membros anteriores, até à cernelha (Sánchez et al, 2009) (Figura 4).

Segundo Sánchez (2012) o animal deve demonstrar vigor, feminilidade e correlação entre as suas formas apresentando um conjunto proporcional. A cabeça, orelhas e cornos, se presentes, devem seguir as características próprias da raça. O animal deve ser harmonioso movendo-se mais facilmente e sendo mais atrativo. O pescoço deve encaixar-se corretamente com o peito e omoplatas, e estas anteriormente com as costelas. Uma boa inserção das omoplatas permite um bom funcionamento dos membros anteriores. A linha dorso-lombar deve ser reta e forte desde o garrote à garupa, com um dorso muito bem unido com o lombo que deve ser também largo.

Profundidade corporal

A capacidade corporal é um caracter de fácil avaliação através da largura, longitude e profundidade corporal. Um animal com grande capacidade corporal deve ter um tronco largo, com costelas profundas e bem arqueadas. Uma boa profundidade corporal relaciona-se com o

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espaço ocupado pelos compartimentos gástricos que podem permitir uma maior ingestão de alimentos, sendo particularmente importante no final da gestação dado que o feto ocupa grande parte da cavidade abdominal, reduzindo a capacidade de ingestão (APCRF, 2008).

Figura 5: Profundidade Corporal. Fonte: Sánchez et al, 2009

A profundidade corporal é a distância entre a coluna dorsal e a parte mais baixa do externo ao nível da última costela, pois é o ponto mais profundo (Figura 5). Nas cabras leiteiras medimos a distância entre a base do esterno e o cotovelo, pois é proporcional à profundidade (Sánchez et al, 2009).

Largura do peito

Um peito largo é característico de um animal forte e demostra a sua capacidade de produção, pois animais de alta produção têm de ter um coração grande e grandes pulmões que oxigenem a grande quantidade de sangue necessária para uma boa produção leiteira (Sánchez et al, 2009).

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A largura do peito é medida através da distância entre os ombros (Sánchez et al, 2009) (Figura 6).

Largura da garupa

Um bom desenvolvimento ósseo do terço posterior oferece uma maior capacidade para alojar o aparelho digestivo, o aparelho reprodutor e o úbere (Serra, 2009).

Garupa larga, com coxofemorais separados determina um canal de parto amplo, o que vai facilitar o mesmo reduzindo a probabilidade de distocias, e maior será probabilidade de o úbere ser largo (Ribeiro & Ribeiro, 2003), mas garupas excessivamente largas estão associadas a animais muito pesados, por conseguinte menos eficientes. Defendem ainda que animais com garupa muito larga têm menor longevidade (APCRF, 2008).

Figura 7: Largura da garupa. Fonte:Sánchez et al, 2009.

Este caracter é avaliado através da distância entre as articulações coxofemorais (Sánchez et al, 2009) (Figura 7).

Ângulo da garupa

A inclinação da garupa merece também especial atenção, pois quanto mais reta mais fácil será o parto, a drenagem do trato reprodutivo, favorece o comprimento do úbere, a força do ligamento anterior e a profundidade do úbere (Ribeiro & Ribeiro, 2003). No entanto uma ligeira inclinação é desejável pois facilita a drenagem no pós-parto(Sánchez et al, 2009).

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27 Figura 8: Ângulo da garupa. Fonte: Sánchez et al, (2009).

A angulosidade da garupa é, então, obtida através da diferença de nível entre as protuberâncias ilíacas e isquiáticas (Sánchez et al, 2009) (Figura 8).

7.2.2. Carácter leiteiro

Uma cabra com bom carácter leiteiro é uma cabra que apresenta uma cabeça modelada, com olhos vivos e expressivos. O pescoço será fino e largo livre de papada. As apófises das vértebras dorsais devem ser salientes em cima das escápulas, dando um aspecto anguloso ao animal (Sánchez, 2012).

A angulosidade demonstra o carácter leiteiro do animal e um animal leiteiro deverá, não só, mostrar o propósito de produzir muito leite mas também o potencial para o fazer (APCRF, 2008).

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28

A angulosidade é das poucas áreas morfológicas relacionadas positivamente com a produção leiteira pontual. É medida através do ângulo que as costelas fazem com a coluna dorsal e deve ser medido ao nível da última costela (Sánchez et al, 2009) (Figura 9).

As costelas devem distinguir-se facilmente debaixo da pele, devem ser largas e dirigidas para trás formando um ângulo âmplo. O flanco apresentará músculos côncavos quando vistos na lateral. Os ossos devem ser planos e fortes, nunca redondos (Sánchez, 2012).

7.2.3. Sistema mamário

As cabras mais rentáveis são as que produzem mais leite durante mais tempo e para tal as características do úbere são determinantes, tendo principal relevância a capacidade e forma do úbere e a inserção e colocação dos tetos (APCRF, 2008 e Sánchez, 2012).

Profundidade do úbere

Um úbere grande e descaído está mais propenso a sofrer lesões, úberes mais recolhidos e protegidos estão relacionados com maior longevidade produtiva e adaptam-se melhor à ordenha mecânica (Sánchez, 2012), no entanto, úberes demasiado altos têm pouca capacidade para armazenar leite (Sánchez et al, 2009). Assim sendo, o desejável são úberes intermédios, com a base do úbere aproximadamente à altura das pontas dos curvilhões, estando protegidos, permite uma ordenha fácil e têm uma boa capacidade (Sánchez et al, 2009).

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A profundidade do úbere avalia-se tendo em conta a distância entre a base do úbere e a ponta dos curvilhões (Sánchez et al, 2009) (Figura 10).

Colocação dos tetos

Uma boa implantação e orientação dos tetos permite uma ordenha mais rápida e completa e evita mamites (Sánchez, 2012). Os tetos devem estar colocados o mais vertical possível para facilitar a ordenha por gravidade. A implantação é o carácter mais importante dos tetos e está relacionada com a inclinação e orientação dos mesmos. Tetos com boa implantação, mesmo que a orientação não seja a mais correta, permitem uma ordenha fácil (Sánchez et al, 2009).

Figura 11: Colocação dos tetos. Fonte: Sánchez et al, (2009).

Os tetos completamente verticais são os mais desejáveis (Sánchez et al, 2009) (Figura 11).

Diâmetro dos tetos

Outra característica a avaliar nos tetos é o diâmetro dos mesmo que é medido a meio do teto (Figura12). Esta característica é importante pois influência o ajuste da tetina e está diretamente correlacionado com a forma e longitude dos mesmos (Sánchez et al, 2009).

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Existem tetos muito estreitos até tetos muito grossos, sendo os intermédios os melhores (Sánchez et al, 2009).

Largura e inserção posterior do úbere

A parte posterior do úbere deve ser larga e estendida até o mais próximo, possível, da vulva o que permitirá ter uma grande capacidade sem necessidade de ser excessivamente profundo (Sánchez, 2012), o que iria dificultar a ordenha, aumentar a probabilidade de traumatismos e diminuir a longevidade do animal (APCRF, 2008).

Estes autores defendem também que uma inserção posterior do úbere alta representa maior capacidade para armazenar leite e consequentemente maior potencialidade de produção.

Figura 13: Altura da inserção posterior do úbere. Fonte: Sánchez et al, (2009).

A altura da inserção posterior do úbere avalia-se em função da distância entre o início do úbere e a vulva do animal (Figura13). Quanto menor for esta distância melhor será a inserção do úbere o que vai fazer com que o animal aguente mais lactações sem o úbere descair (Sánchez et al, 2009).

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A largura do úbere avalia-se em função da inserção posterior do úbere e é medido a, aproximadamente, cinco centímetros a baixo do início da inserção (Figura 14). O mais desejável são os úberes mais largos pois permitem uma maior capacidade leiteira e têm maior probabilidade de se manterem em boas condições produtivas em sucessivas lactações (Sánchez et al, 2009).

Ligamento suspensor

O úbere deve ser equilibrado e com duas metades simétricas bem divididas pelo ligamento suspensor médio, que deve marcar bem, mas não em excesso, a separação entre as duas metades (Sánchez, 2012). O ligamento suspensor médio é o constituinte do úbere que mais influência tem na funcionalidade da glândula mamária e que determina a longevidade produtiva (APCRF, 2008), pois é o principal suporte do úbere mantendo úberes de grande produção em boas condições (sem descair), durante muito tempo (Sánchez et al, 2009).

Figura 15: Ligamento suspensor médio. Fonte: Sánchez et al, (2009).

Para avaliar este carácter vê-se a distância existente entre a base do úbere e o início do ligamento suspensor (Figura 15). Existem úberes sem ligamento, ou onde este não se manifesta, e outros onde é excessivamente forte partindo o úbere em duas partes fazendo com que se perca capacidade. Assim, o que nos interessa são ligamentos do tipo intermédio (Sánchez et al, 2009).

Inserção anterior

A parte anterior do úbere deve estender-se para a frente ligando-se firmemente com o abdómen o que vai proporcionar maior capacidade (Sánchez, 2012). Quando a inserção anterior é fraca pode diminuir o comprimento do úbere, com evidente redução do tecido glandular e pode ainda afetar a profundidade do úbere, o que pode levar à ocorrência de traumatismos (APCRF, 2008).

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32 Figura 16: Inserção anterior do úbere. Fonte: Sánchez et al, (2009).

Este carácter avalia-se em função da forma como o úbere se insere no abdómen (Figura 16). Podemos ter animais em que o úbere apresenta total falta de inserção e outros em que o úbere se estende e está fortemente aderente ao abdómen que é o desejável (Sánchez et al, 2009).

7.2.4. Patas e pés

Aprumos e cascos corretos evitam problemas de coxeiras, dores nas extremidades, etc., que podem levar a um declínio da produção leiteira (Sierra, 2009).

Quando a cabra está a caminhar, e é vista da parte posterior deve apresentar umas boas patas traseiras que devem ser retas (Sánchez, 2012) e paralelas, permitindo que o úbere possa expandir-se para trás e de igual forma ter uma correta locomoção (APCRF, 2008).

Figura 17: Colocação das patas, vista posterior. Fonte:Sánchez et al, (2009).

Avaliamos pela proximidade entre os curvilhões, tendo como referência o ângulo formado entre a nádega e a quartela (Sánchez et al, 2009) (Figura 17).

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Quando vistas na lateral (Figura 18), e com o animal bem colocado, não devem ser nem muito retas nem muito curvas, com adequado arqueamento desde o coxofemoral até ao curvilhão e a partir deste devem ser praticamente retas (Sánchez, 2012). As patas curvas são

completamente indesejáveis em qualquer tipo de exploração, as consequências das patas retas podem ser atenuadas com espaços reduzidos e pavimento macio (APCRF, 2008).

Os pés são elementos importantes na mobilidade dos animais verificando-se uma forte ligação entre o ângulo podal, a longevidade e a saúde geral do animal (APCRF, 2008).

O animal deve mover-se de forma cómoda e eficiente, que lhe permita mover-se facilmente quer em pastoreio que em estábulo.

Figura 19: Mobilidade. Fonte: Sánchez et al, (2009).

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Avaliamos a mobilidade pela forma como a cabra usa as suas patas para caminhar, sendo o mais correto que a pata posterior pise o mesmo local onde pisou a pata anterior (Figura 19). O animal deve ser visto pela parte posterior e lateral (Sánchez et al, 2009).

7.2.5. Quadro resumo das características lineares (Sánchez, 2012)

Estrutura e capacidade

 A cabra deve ser alta, ligeiramente mais do garrote do que da garupa.

 Boas omoplatas e patas anteriores bem separadas.

 Dorso reto e forte e um lombo largo que se une fortemente à garupa que deve ser o mais larga e nivelada possível.

 O tronco deve ser comprido, largo e profundo.

 É importante ter um peito profundo o que vai determinar uma grande capacidade de ingestão.

 Na visão lateral tem de se valorizar o comprimento e profundidade do peito.

 Na visão frontal tem de se valorizar a largura do peito e da garupa e o arqueamento das costelas.

Estrutura leiteira

 Pele fina e solta.

 Pescoço largo e fino, garganta limpa e sem papada.  Costelas evidentes, separadas, largas e planas.  Garrote destacado e afiado, aparência angulosa.

 Coxas descarnadas com perfil lateral côncavo e plano.  Ossos fortes, mas refinados e finos.

Sistema mamário

 Úbere com fortes e amplas inserções.

 Úbere recolhido, com base acima dos curvilhões.

 Boa colocação dos tetos, colocados a meio da base de cada mama.

 Úbere posterior alto e largo.

 Ligamento suspensor médio forte, marcando apropriadamente a divisão entre as duas mamas.

 Tetos bem definidos, de tamanho e forma apropriados, com diâmetro e comprimento médio.

 Boa textura, úbere macio e flexível. Patas e pés  Unhas curtas e fortes.

 Quartela curta e forte, mas com certa flexibilidade.  Patas nem muito retas nem muito curvas.

 Curvilhão limpo.

 Articulação coxofemoral localizada a meio entre os íliones e os ísquiones.

Imagem

Gráfico 1: Evolução mundial do efetivo caprino desde 2005 até 2014. Fonte: FAOSTAT, 20160100000000200000000300000000400000000500000000600000000700000000
Gráfico 2: Efetivo caprino nos principais países da Europa. Fonte: FAOSTAT, 2016
Gráfico 4: Distribuição regional do efetivo caprino em Portugal em 2015. Fonte: INE, 2016
Figura 1: Distribuição geográfica do efetivo Serrano e respetivos ecótipos. Fonte: ANCRAS, 2016
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