UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE sANTA CATARINA
CURso DE
GRADUAÇÃD
EM
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
CoMPos1ÇÃo DA
DÍVIDA
PÚBLICA
INTERNA
FEDERAL
FORA
Do
BANCO
CENTRALz
1950
_
2000
Monografia
submetida aoDepartamento
de CiênciasEconômicas
para obtenção de carga horáriana
disciplinaCNM
5420
-
Monografia.
Por: Adelita Pandini
Orientador: Roberto
Meurer
Área
de Pesquisa:Macroeconomia
Palavras - Chaves: 1. Inflação
2. Expectativas
3. Títulos
da
Dívida PúblicaCURSO DE
GRADUAÇAO
EM
CIENCIAS
ECONOMICAS
A
Banca
Examinadora
resolveu atribuir a notaÉL5
a aluna Adelita Pandrnina
disciplina
CNM
5420
-
Monografia,
pela apresentação deste trabalho.Banca
Examinadora:fi«lw‹›M-¬
Presidente
4‹â“"~"
Prof.
FERNANDO
ÊÍ
HE)KA
Membro
Prof.
305€
bz l\l\ÇoL.l"\UsUMÁR1o
LISTA
DE
ANEXDS
iii vLISTA
DE
FIGURAS
viLISTA
DE
TABELAS
RESUMO
1.INTRODUÇÃO
1.1.PROBLEMÁTICA
1.2.OBJETIVOS
1.2.1. Geral vii viii I 1 2 2 1.2.2. Específicos 1.3.METODOLOGIA
2.REVISÃO
DA
TEORD1
2 36
2.1.A
ORIGEM DA
DÍVIDA
PÚBLICA
62.1.1. Os Gastos e Receitas do
Govemo
2.1.2.
Como
Financiar o Déficit do Governo2.2.
OS
MECANISMOS DE
CRESCIMENTO
DA
DIVIDA
PÚBLICA
2.3.DÍVIDA
PÚBLICA E
ESTADDJDADE
MACROECONÔMICA
6
7 8
11
2.3.1.
A
Dívida Pública e a Política Monetária 112.3.2.
A
Dívida Pública e a Política Fiscal 133.1.
DÍVIDA
PÚBLICA BRASILEIRA
3.2.
A EVOLUÇÃO DA COMPOSIÇÃO DA
DÍVIDA
PÚBLICA
3.2.1. Os anos de 1950 até 1970 3.2.2.
A
década de 70 3.2.3.A
década de 80 3.2.4.A
década de 90 4.CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
V
LISTA
DE
ANEXOS
ANEXO
I: Títulosda
Dívida Pública Interna FederalFora do
Banco
Central58
ANEXO
II: Siglas Utilizadas6
7ANEXO
III: Participação dos Títulosda
Dívida Pública Interna FederalFora
do
Banco
Cenmzl
(1950 - 1998)as
ANEXO
IV: Participação dos Títulosda
Dívida Pública Interna FederalFora
do
Banco
LISTA
DE FIGURAS
FIGURA
1: Participação dos Títulosda
Dívida Pública Interna FederalFora
do
Banco
Central e
Taxa
de
Inflação:1970
a
2000
18
FIGURA
2:Evolução da
Taxa
de lnflação: 1970 a
1980
22
FIGURA
3: Participação dos TítulosPrefixados
ePós-fixados da
Dívida PúblicaIntema
FederalFora do
Banco
Central eTaxa
de Inflação: 1970
a1980
24
FIGURA
4:Evolução da
Taxa
de Inflação:
1980
a 1990
28
FIGURA
5: Participação dos Títulosda
Dívida Pública Interna FederalFora
do
Banco
Central,
por
Idexador
eTaxa
de Inflação: 1980
a1990
32
FIGURA
6:Evolução da
Taxa
de
lnflação:1990 a
2000
42
F
ÍGURA
7: Participação dos Títulosda
Dívida Pública Interna FederalFora
do
Banco
LISTA
DE
TABELAS
TABELA
1:Remunerações
e Indexadores dos Títulosda
Dívida Pública Interna FederalFora
do
Banco
Central (1964 - 2000)TABELA
2: Correlação entrea
Participação dos TítulosPrefixados
e Pós-fixados eTaxa
de Inflação:
1970
a
1975
TABELA
3: Correlação entrea
Participação dos TítulosPrefxados
e Pós-fixados eTaxa
de
Inflação:1975 a 1980
TABELA
4: Correlação entrea
Participação dos TítulosPrefixados
e Po's-fixadoseTaxa
de Inflação: 19
70a
1980
TABELA
5: Correlação entrea
Participação dos TítulosPrefxados
ePós-fxados
eTaxa
de Inflação:
1980
a
1985
TABELA
6: Correlação entrea
Participação dos Títulos Pós-fixadospor
Indexador
eTaxa
de Inflação: 1985 a 1989
TABELA
7: Correlação entrea
Participação dos Títulos,por
Indexador
eTaxa
de
Inflação: 1990 a 1993
TABELA
8: Correlação entrea
Participação dos Títulos,por
Indexador
eTaxa de
Inflação: julho de 1994 a
março
de
2000
RESUMO
Durante muitos anos o Brasil conviveu
com uma
das maiores fontes deincerteza dentro
do
cenário econômico, a inflação.Em
um
ambiente inflacionário a procura por ativos financeiros não-monetários, aumenta.A
dívida pública écomposta
por títulosque
são ativos financeiros não- monetários. Esses títulospodem
ser prefixados,quando
no
ato dacompra
já se sabe quantovai se receber
no
finaldo
período;ou
pós-fixados, cujos rendimentossó
sesabem
no
finaldo
período. Teoricamente,quando
a inflação é alta e instável a procura por títulos pós-fixados
é maior, jáquando
a inflação evoluicom
estabilidade a participação dos títulosprefixados se amplia.
O
objetivo geraldo
trabalho foi examinar acomposição
da dívida públicaintema federal fora
do
Banco
Central ao longode
uma
série temporalque
se iniciaem
1950
se estendendo até
março
de 2000, e relacionar asmudanças
destacomposição
amudanças
no
cenáriomacroeconômico
brasileirodando
ênfase às alterações na taxade
inflação.A
análise dos dados, através da construção de gráficos e correlações,mostrou
que
as alterações nacomposição
da dívida interna federal forado
Banco
Centralnão
obedeceram
uma
lógica definida ao longodo
tempo
em
relação à taxa de inflação.Nos
anos70
a participação dos títulos prefixados foi ascendenteem
detrimento dos pós-fixados.Nesse
período a inflação,mesmo
apresentandouma
tendência crescente não foi motivo de preocupação para os agentes. Isso porque essa evolução ascendenteda
taxa de inflação se dava suavemente.Outro
motivo parao aumento da
participação dos prefixadosforam
os incentivos para acompra
desses títulos.Na
década de80 houve
uma
inversão, a participação dos pós-fixados foi crescenteacompanhando
a escalada inflacionária.De
1987 até 1990nem
mesmo
havia títulos prefixadosno
mercado, enquantoque
vários planos foram implementados para combater a inflação.Nos
anos 90, principahnente após o Plano Real,que
baixou a taxa de inflação,as alterações
na composição
da dívida intema federal forado
Banco
Central estão maisvoltadas para incertezas geradas por choques nas economias extemas.
Por
esse motivo,mesmo com
a inflação baixa não ocorre a predominância da participação dos títulosprefixados e sim inversões entre os títulos prefixados e pós-fixados
que
sedão
nos1.
INTRODUÇÃO
1.1.
PROBLEMÁTICA
Durante muitos anos o Brasil conviveu
com
uma
das maiores fontes deincerteza dentro
do
cenário econômico, a inflação.Em
um
ambiente inflacionário, os agentes desenvolvemmecanismos
ecomportamentos
de defesa contra os efeitos de deterioraçãodo
valor damoeda
causados pela inflação. Essesmecanismos
ecomportamentos
são voltados para a preferência porflexibilidade e se expressam pelo estabelecimento de contratos indexados e de curto prazo.
A
dívida pública éformada
por títulos, esses títulos são ativos financeiros não-monetários, quer dizer,
pagam
juros.Em
momentos
de alta inflação ademanda
por essetipo de ativo financeiro cresce. Isso se deve ao fato
de que
ativos monetários,ou que não
pagam
juros,tem
seu valor deterioradoquando
a taxa de inflação é alta. Portanto,o
aumento da
procura por ativosque rendam
juros sedá
pela incerteza dos agentes.Os
títulos públicospodem
ser prefixadosou
pós-fixados.Os
títulos prefixados são aqueles onde,no
atoda
aplicação já se sabe quanto se vai receberno
finaldo
período, ejá incluem
uma
estimativada
taxa de inflação esperada duranteo
tempo
de aplicação.Os
papéis pós-fixados são aqueles cujos rendimentos só se
sabem no
finaldo
tempo
de
aplicação,
porque
dependem
do
seu indexador.No
Brasil, os títulos pós-fixadosapresentam vários indexadores,
como
por exemplo: taxa de câmbio, correção monetária, taxaSELIC, TR, TJLP,
etc.~
Teoricamente,
em
momentos
de inflaçao alta e instável,quando
os agentestêm
grande incerteza sobreo
futuro dessa variável, os títulos pós-fixados são os mais procurados.Em
momentos
de inflação estável a procura por títulos prefixados se amplia.Ao
longo da série construída para a pesquisa, acomposição
da dívida intemafederal fora
do
Banco
Central sofreu muitasmodificações
pela criação denovos
tipos detítulos e indexadores. Isso se deve ao fato de que
o
cenárioeconômico
também
se alterouexigindo
que
o
ofertante de títulos,no
caso o Governo, ampliasseo
leque de opções para osinvestidores
adequando
essas opções àmudança
de expectativas dos agentesem
relaçãoao
ambiente macroeconômico. Entende-se por Dívida Pública Interna Federal Fora
do
Banco
Central, os títulos da dívida
em
poder das instituições financeiras eem
poderdo
públicoou
que
não estão incluídosna
carteirado
Banco
Central.Do
ladodo
Governo, há a necessidade de minimizar os custos da emissão dedívida, por outro lado há a necessidade de
tomar
os títulos atraentes, daí asmudanças no
que
se refere àcomposição
dos títulos da dívida pública intema federal forado
Banco
Central.
Dentro desse contexto, esse trabalho
tem
como
problema de pesquisa verificar ocomportamento
dacomposição
da dívida pública intema federal forado Banco
Central ao longo deuma
série temporalque
se iniciaem
1950 e se estende atémarço
de 2000,dando
ênfase para sua relaçãocom
a taxa de inflação.1.2.
OBJETIVOS
1.2.1. Geral
*
O
objetivo geraldo
trabalho é examinar acomposição
da dívida públicaintema federal fora
do
Banco
Centraldo
Brasil ao longo deuma
sérietemporal
que
se iniciaem
1950 se estendendo atémarço
de 2000, erelacionar as
mudanças
destacomposição
a alteraçõesno
cenário3
1.2.2. Específicos
* Efetuar revisão
da
teoriamacroeconômica no que
diz respeito à dívidapública ;
* Contextualizar os
mecanismos de
financiamento da dívida pública, e suasrelações
com
as políticas monetária e fiscal,* Pesquisar os diversos títulos
que
compõem
o perfilda
dívida pública intemafederal fora
do
Banco
Centraldo
Brasil,no que
diz respeito às taxas deremuneração, dentro
do
período estabelecido.* Detalhar os
componentes que
influenciaram asmudanças
nacomposição da
dívida pública intema federal fora
do
Banco
Centralno
períodoem
questãodando
ênfase à taxa de inflação.* Verificar as
mudanças
ocorridas nacomposição da
dívida pública intemafederal fora
do
Banco
Central nos diversos Planos de estabilizaçãoeconômica que
foram implantados nos anos80
e 90.1.3.
METODOLOGIA
O
estudo se basearáno
exame
da
literatura especializadano
assunto,que
incluilivros-texto e publicações de órgãos
como
ANDIMA
eBanco
Centraldo
Brasil, juntamentecom
a análise de gráficos e correlações entre a participação dos títulosno
totalda
dívidapública intema federal fora
do
Banco
Central e taxa de inflação.A
taxa de inflação foideduzida a partir
do
IGP-DI,com
baseem
agosto de 1994.A
construção das correlações entre a participação dos títulos e taxa de inflação tevecomo
objetivo mediro
grau de associação entre as variáveis.O
coeficientede
correlação linear simples, r, paraum
conjunto de observações varia de -1 até +1.Quando
ré
menor
que
zero as duas variáveis semovem em
direções opostas.Se
r for maiorque
zeroas variáveis se
movem
namesma
direção.Quanto
mais próximo r estiver de il, maior éo
grau positivo
ou
negativoda
relação linear, e quanto maispróximo de
zeromenor
é associação entre as variáveis.A
análise dacomposição
da dívida intema federal forado
BC
nos anos de1950
dívida era
composta
peloschamados
“outros títulos”, eem
1964 foi criada aORTN
- títulopós-fixado pela correção monetária.
A
dívida pública intema federal forado
Banco
Central, na década de70
passoua ser constituída por títulos prefixados e pós fixados.
Os
títulos pós-fixados, atualmente,possuem
diferentes indexadores: índices de correção monetária, taxaSELIC, TJLP,
TR
e câmbio. Para facilitar a construção dos gráficos e correlações os indexadoresforam
agrupadosda
seguinte forma:* os títulos indexados por índices de correção monetária foram agrupados
em
um
conjunto
chamado
“Inflação (Indexador)”;* os titulos indexados pela taxa
SELIC,
estãoem
um
conjuntodenominado
“taxaSELIC”,
* os títulos ligados a taxas de juros mensais,
que
sãoTJLP
eTR,
foram unidosem
um
conjuntochamado
“Juros Mensais”.Nos
anos de1970
atémarço
de 2000,o
estudo se baseouem
dados
mensais.As
correlações entre os títulosque
compõem
a dívida e a taxa de inflaçãoforam
construídas utilizando a participação percentual dos títulos da dívida pública intema federalfora
do
Banco
Central da seguinte maneira:* de
1970
até 1985como
só existiam títulos prefixados e pós-fixados pela correção monetária, então os títulos foram agrupadosem
prefixados e pós-fixados, paraconstruir a correlação. Durante os anos de 1970 até 1994 sabe-se, segundo o
exame
da
bibliografia,
que
existiram títulos indexados pelo câmbio, contudo não existemdados
que especifiquem
a participação destes títulos até 1994;* de 1985 até 1989, a correlação foi construída
usando
o total dos títuloscom
correçãomonetária e indexados pela taxa
SELIC,
poisnão houve
prefixados de1987
até 1990; * de1990
até 1994, a correlação considerou títulos prefixados e pósfixados segundo
acorreção monetária e taxa
SELIC.
Sabe-seque
em
1991 foram lançados nomercado
títulos indexados pelaTR,
contudo até 1994não
há dados detalhados sobre a participação desses títulosno
totalda
dívida intema federal forado
BC;
* após 1994, há dados sobre a participação dos títulos segundo todos os indexadores,
o
que
facilitou a construçãoda
correlação nesse período.5
O
trabalho estará divididoem
três partes, além desta introdução: a primeira é reservada para a revisão da bibliografia e construçãodo
aporte teórico da pesquisa; a segunda trataráda
contextualização e análiseda composição
da dívida interna federal forado
BC
no
cenário rnacroeconômico brasileiro ao longo da série, enfatizando sua relaçãocom
a taxade
inflação; a terceira e última tratará das principais conclusõesdo
trabalho e considerações finais.Este capítulo
tem
como
objetivo principal revisar os conceitos teóricos mais importantes sobre a dívida pública e sobre suas relaçõescom
as políticas fiscal e monetáriautilizadas pelo
Govemo
parapromover
a estabilidademacroeconômica dando
subsídiosao
leitor para
compreender
as análises aque
este trabalho sepropõe
nos próximos capítulos.2.1.
A
ORIGEM
DA
DÍVIDA
PÚBLICA
2.1.1.
Os
Gastos e Receitasdo
Govemo
O
govemo
ao cumprir suasfimções
de mediador de interesses políticos epromotor
do
desenvolvimento social eeconômico
tem,como
todo agente ativona
economia
gastos e receitas. Geralmente, o Tesouro Nacional é o órgão representantedo
govemo
e é elequem
administra suas contas.Os
gastosdo
govemo podem
ser de natureza alocativa, distributivaou
estabilizadora.
Os
gastos de natureza alocativa são os gastoscom
segurança e saúdeou
com
pesquisas e exploração de produtos,como
petróleo.A
fimção
distributiva surgequando
ogovemo
transfere recursos entre regiõesou
gastaem
programas sociais. Gastosde
natureza estabilizadora são osque
interferemno
nível de produção eque
influenciamo
nível de emprego.De
acordocom
as Contas Nacionais, as despesasdo
govemo
são divididasem
7
correntes
englobam
opagamento do
funcionalismo público, os subsídios concedidos àsempresas, as transferências e
o pagamento de
juros.As
despesas para formação de capitalsão aquelas ligadas aos investimentos
como
porexemplo
a construção deuma
usina de energia elétrica.As
receitasdo
govemo
provêm
do
recolhimento de impostos e taxas.A
tributação obedece princípios jurídicos e está condicionada a interesses políticos
que
tomam
a arrecadação das receitas
pouco
elástica a curto emédio
prazo.Em
outras palavras, atributação deve estar prevista na
forma
de leisque
são aprovadas pelo Congresso Nacional;este, por sua vez, encontra-se
em
posição contraditória: aumentar a carga de impostos vaide encontro aos interesses de seu eleitorado, é até
mesmo
consideradauma
atitudeimpopular, todavia é a forma mais natural de viabilizar os gastos
com
obras públicasque
também
são necessárias para conquistar futuros votos.Se os gastos são maiores
que
as receitas háum
déficit a ser financiado.Como
este déficit
pode
ser financiado éo que veremos no próximo
item.2.1.2.
Como
Financiar o Déficitdo
Govemo
Se
as despesassuperam
as receitas tributáriaso
governo encontra-secom
saldo negativoem
suas contas, suas opções para financiar seu gasto adicional são: emprestardo
setor privado,
do
Banco
Centralou
pelavenda
de ativos.A
venda
de ativoscomo
terrasou
empresas públicastambém
constituiuma
forma
de financiar déficits orçamentáriosou
saldar a dívida, entretanto éuma
políticaconsiderada temporária.
Quando
o
Tesouro financia seu déficit pelo empréstimodo
público ele se engajaem
um
financiamento pela dívida.O
instrumento utilizado peloTesouro
para equacionaro
problemado
déficit, através da dívida, são os direitos sobre elemesmo,
os títulos.Os
títulos representam direitos por
pagamentos
futuros de juros.Quando
o
Tesouro decidepor esta
opção
e iniciao
comércio dos títulos a dívida pública está criada.No
financiamento dos gastosdo
govemo
atravésda
divida pública o impacto sobre a taxa de juros é mais acentuado. Isso ocorre porqueo
Govemo
pressiona os recursosdo
mercado
financeiro para acompra
dos títulos atravésda
elevação das taxasde
juros.
Ou
seja, a taxa de juros toma-se o maior atrativo na competição por recursos entreo
Govemo
e o setor privado.Quando
o empréstimo para cobriro
déficitvem
do
Banco
Central, este criamoeda
paracomprar
os titulosdo
Tesouro, neste casonão
há divida e sim monetizaçãodo
déficit.
A
curto prazoo
financiamento monetário tende a reduzir a taxa de juros. Issoocorre pelo
aumento
do
estoque de moeda.A
modificação
na base monetáriatem
implicaçõesno
nível de preços já que não há dúvidas deque
moeda
é sinônimo de riqueza.Assim o
efeito riqueza,ou
seja, o fato deque
as pessoasentendem
ter mais dinheiro e portanto maior poder para consumir exerce pressão sobre o nível de preços,ou
seja, amonetização contínua
do
déficit geralmente traz inflação.Embora
aopção do
financiamento pela emissão de títulos públicos seja mais cara devido aopagamento
dos juros, elanão
contém
os efeitos inflacionáriosdo
financiamento pela simples impressão de moeda.Enfim,
éo
estoque de títulos públicos detidos pelo setor privado e peloBanco
Central contrao Tesouro que
constituem a dívida pública.2.2.
os
MECANIsMos
DE
CRESCIMENTO
DA
DÍVIDA
PÚBLICA
O
crescimento da dívida pública se dáem
função de três fatores condicionantes:o
estoque de títulos já existente, o resultado orçamentário primáriodo
Govemo
e opagamento
de juros sobre os títulos públicos.Segundo
Dombusch
e Fischer (1991, p.70l),o
déficit primário (ou superávit) representa todas as despesasdo
Governo, exceto ospagamentos de
juros,menos
todaa
receita
do
governo. Este resultadopode
ser positivo, indicandoum
déficit primário a serfinanciado,
ou
negativo, evidenciandoum
superávit primário, sinônimo de que parteda
dívida
pode
ser resgatada se for maiorque
o
total de juros a ser quitado. _O
modelo
mais simples que equaciona a relação entre dívida pública, déficit primário e juros sobre a dívida, desconsiderandoo
setor extemo,pode
ser ditocomo:
DPr
=
DP:-I+
ROPr
+
rDPr-1 onde:DP
=
Dívida Pública Mobiliária Forado
Banco
CentralROP
=
Resultado Orçamentário Primáriodo
Govemo
9
Déficits primários consecutivos e juros,
que
devem
ser pagosquando
há dívidapendente,
tomam-se
uma
combinação que pode
levar aum
crescimentosem
controleda
dívida pública.
Uma
vez criada a dívida, surge a necessidade de obternovos
recursos pararefinanciar a parte da dívida
que
está vencendo.Quando
o
govemo
nãotem
fundos para arecompra
dos títulos,o Tesouro paga
seus credores obtendo mais empréstimos sobre os quais incidem novas taxas de juros, criandoum
círculo vicioso.O
pagamento
dos juros é determinante para o crescimento da dívida, taxas de juros mais altasaumentam
0 custo juroda
divida pública.Como
dizDombusch
e Fischer (1991, p.702), se houverum
deficitprimário
no
orçamento, entãoo
déjicit orçamentário totalpermanecerá
crescendoquando
a
dívida crescepor causa
do
déƒicit, e ospagamentos de
jurosaumentam
porque
a
dívida está crescendo.Exprimindo-se a dívida
em
termos de PIB, tem-seuma
perspectiva melhorda
sua importância para toda a economia.Como
argumenta Giambiagi eAlém
(1999, p. 152),uma
dívida pública equivalentea US$10
bilhões é astronômicapara
o
govemo
de
um
pequeno
país como,por
exemplo,El
Salvador,mas
em
termos relativosnão
chega
a
sermuito
em um
país cujoPIB
semede na
casados
trilhõesde
dólares.Quando
a taxa de crescimentodo
PIB
nominal émenor
que
a taxade
crescimento dos juros edo
déficit primário, a razão dívida/renda está aumentando.Se
aeconomia
estiver crescendo namesma
proporçãoque
a dívidaou
em
proporções maiores significaque
a dívida está sob controle.Ainda
de acordocom
Giambiagi eAlém
(1999, p.152),Pense-se no caso de
um
país que temum
PIB estagnado. Nele, aprincípio, qualquer déficit, mantido no tempo e não financiado através de
um
aumento na oferta monetária, é perigoso, por elevar a relação dívida/PIB. Já
em um
país cuja a economia cresce10%
ao ano, a dívida pública pode crescer auma
taxa similar, sem comprometer a evolução da relação dívida/PIB.De
um
modo geral,em
matéria de finanças públicas, a dívida pública pode crescer indefinidamente, da mesma forma que a dívida deuma
empresa que está permanentemente expandindo-se não implica maiores riscos para o credor,desde que a empresa não deixe de crescer.
O
que não pode crescer sempre éarelação dívida/PIB, pois
em
algum momento 0 credor pode perceber que adívida é impagável, negar-se a conceder novos créditos ao governo e provocar a falência deste - e de si próprio, por ter no ativo papéis que podem não valer
nada, da noite para o dia.
Dentro
deste contextoo
crescimentoda economia
é determinante para sua capacidade de financiamento e, sendo assim,temos novamente
a taxade
jurosdesempenhando
papel decisivo. Déficits muito grandes,ou
perspectivas de déficits futuros elevam a taxa de juros.Ao
remunerar os títulosda
dívida os juros são seu principalatrativo, e
podem
influenciar negativamenteo
fluxo
de investimentos privados produtivos na economia.Se o
endividamento atinge níveisem
que
os agenteseconômicos perdem
aconfiança no
govemo
epassam
a exigir prêmios de risco maiores, a taxa de jurosaumenta
elevando assimo
custo da dívida e diminuindo os investimentos produtivos pois osinvestidores sentem-se desencorajados a
tomar
empréstimos e direcioná-los à produção.Quando
o
fluxo
de investimentos privados é interrompido há reflexosno
crescimento econômico, e se a relação dívida/renda era desfavorávelpode
piorar ainda mais.Como
a dívidatem
sua origem na necessidade de financiamentodo
setorpúblico, ela
pode
ser encaradacomo
um
adiantamentono pagamento
de impostosque
serãocobrados
no
futuro. Contudo, a dívida não implica obrigatoriamentepagamento
desses impostos fiituros, elapode
ser simplesmente girada, passada intergerações. Este refinanciamento apenas encontrará limitações àmedida que o
setor privado julgar a dívidaimpagável.
Dentro
desse contexto, otamanho da
divida intema “suportável” para cadagovemo,
depende de
vários fatores,como
a razão dívida/PIB,do
prazo de maturaçãoda
dívida,
da
situação atual dos déficits públicos, das perspectivas futuras dos níveisde
poupança do
govemo
em
conta corrente etambém
dos antepassados históricosdo
govemo
como
bom
ou
mau
pagador.Tanto as receitas
como
os gastosdo
govemo
respondem
sistematicamente aociclo de negócios. Assim, durante as recessões, o déficit orçamentário
sempre
aumenta,0
govemo
tem
maiores despesascom
beneficios-desemprego, por exemplo. Durante os períodosde
expansão, dadas as alíquotas de imposto de renda,aumentos no
nivelde
rendaproduzem
receitas maiores parao
govemo.
O
déficitque acompanha o
cicloeconômico
échamado
de déficit real,ou
déficit cíclico.O
déficit estrutural,também chamado
de déficit de pleno emprego, é ajustadociclicamente.
Segundo
Hall e Taylor (1989, p.253),o
deflcit de plenoemprego
éo que
ocorreria se
a
economia
estivesseem
pleno emprego.O
déficitde pleno
emprego
retira osefeitos cíclicos sobre
0
déficit, faz-se isso estimando-sefimções
de reaçãopara
despesasereceitas, calculando-se quais seriam
as
despesas e receitascom a
renda
potencial ecom
pleno
emprego. `A
dívidapode
tomar-seum
ônus
se considerarmos seus efeitos potenciais, alongo prazo, sobre
o
estoque de capital.A
necessidade de minimizar seus custos e encargostem
sido consideradoum
elemento fundamental, atualmente, nas discussões sobre suall
2.3.
DÍVIDA
PÚBLICA
E
ESTABILIDADE
MACROECONÔMICA
A
dívida pública intema deum
país é consideradaum
poderoso instrumentoem
poder
do
Estado para manter a estabilidadeda
economia, e não apenas para financiar os déficits orçamentários. Nestes dias,com
o
aprimoramentodo open
market, a dividaflexibiliza
0
traçado e execução das políticas fiscal e monetária, tendo parao
Governo
importância singular.
Tanto a política fiscal
como
a política monetária são os instrumentosdo
Governo
parapromover
a estabilidade econômica, e geralmente são usadas juntasou
combinadas
para cumprir tal objetivo.A
dívida pública éuma
importante ferramenta para executar tais políticas.Até
agora vimos, portanto,como
as transaçõescom
títulos públicos estãoligadas aos gastos
do
govemo
quando o
objetivo é financiarum
déficit.Mas
e se o objetivofor aumentar
o
nível deemprego
e renda? Neste caso a atuaçãodo
govemo
pode
seratravés de política monetária, de política fiscal
ou
dacombinação
entre ambas.2.3.1.
A
Divida Pública e a Política MonetáriaA
política monetária diz respeito à ação destinada a afetar tanto o nívelda
taxa de juroscomo
a amplitude e a disponibilidade da liquidez monetária dentro daeconomia
nacional, tendo reflexos
no
nivel de renda e emprego.Nesse
contexto amoeda
pode
ser definidacomo
qualquer instrumentoque
geralmente aceitamosem
trocas de bensou
serviços,ou
parapagamentos
de dividas.Estritamente falando, apenas
o
dinheiro corrente - cédulas emoedas
metálicas - e osdepósitos bancários à vista se
enquadram
nesta definição.Os
depósitos a prazo, os depósitosem
poupança
e os títulosdo
govemo
sãochamados
“quase-moedas”, poispodem
ser facilmente convertidosem
dinheiro e praticamentesem
perda de valor.A
liquidez monetáriapode
ser simplesmente entendidacomo
a facilidade de seobter
moeda,
e é controlada pela Autoridade Monetária atravésdo
equilibrio entre oferta edemanda
de
moeda
dentrodo mercado
monetário.O
controle de liquidezpode
serconseguido
de
três formas: através dos recolhimentos compulsórios,do
redesconto bancário edo open
market.O
recolhimento compulsório,também chamado
encaixe legal, é afixação da
taxa de reserva bancária,ou o
recolhimento feito pela rede bancária de determinado percentual sobre seus depósitos à vista e determinadas aplicações, usadotambém
para conter a expansãodo
crédito.É
um
instrumento de política monetáriaque
afeta todoo
sistema bancário.
O
redesconto bancário é a injeção de reservas nos bancos comerciais, pelo empréstimo de liquidez, de curto prazo.É
um
instrumento flexível, conjuntural,que não
age necessariamente sobre todoo
sistema bancário, e seus efeitos são demédio
prazo.O
open
market, representa a sintoniafina
para o controle instantâneoda
liquidez
no
mercado
monetário.São
as transaçõescom
títulos públicos, títulosque
compõem
a dívida intema federal eque
são usados para administrar a política monetária.É
esta relação entre dívida e política monetária
que
vamos
evidenciar a seguir.Se há
um
aumento
na quantidade demoeda
disponível alémdo
equilíbrio a Autoridade Monetária, através deuma
operaçãode mercado
aberto, vende títulos pelosquais recebe
moeda
enxugando
a base monetária.Quando
aeconomia
necessitade
maiorliquidez a Autoridade Monetária
compra
títulos e por elespaga
em
moeda
injetandoliquidez na economia. Essas relações
podem
ser ilustradas na citação deHaddad
(1985, p.67)
que
segue:Atrm›e's da compra e venda de titulos federais, o governo tomou-se
capaz de administrar a oferta de moeda da economia com bastante
flexibilidade. Enquanto os demais instrumentos de controle monetário - a taxa
de redesconto de liquidez, a taxa de recolhimento compulsório e os limites
quantitativos de crédito - trazem embutidos dentro de si uma certa dose de
rigidez ou arbítrio, as operações de lblercado Aberto, por sua vez, atuam
segundo o mecanismo de preços competitivos, e se caracterizam por
uma
grande flexibilidade, tanto quanto ao timing quanto à magnitude de suas ações.
Isto é, o Mercado Aberto pode ser utilizado para produzir grandes ou pequenas
variações no estoque monetário e, além disso, a direção de suas operações
pode ser alterada quase que instantaneamente. Desta forma, além de
contribuir para
uma
dada meta de crescimento do total de meios depagamento, o Mercado Aberto, funciona como elemento compensador de
distúrbios aleatórios ou regulares nas reservas bancárias, visando aplainar as
flutuações de curto prazo nas reservas dos bancos comerciais vis a vis os níveis exigidos de recolhimento compulsório.
Sabe-se
que
variações nos níveis de renda real afetam ademanda
pormoeda.
isso ocorre porque os indivíduos
detêm
moeda
para financiar suas despesas,que
dependem
da
renda.A
demanda
pormoeda
dependetambém
do
custo de posse damoeda, que
éo
juro.
Quanto
mais alta a taxa de juros, mais caro setoma
possuirmoeda
em
relação a13
contrário
também
e' verdadeiro,quando
a taxa de juros é baixao
custo de se retermoeda
ébaixo e toma-se maior a sua demanda.
No
caso de aeconomia
estar passando porum
momento
de recessão, a Autoridade Monetáriapode
executaruma
política monetária expansionista, realizandouma
compra
de títulosque
aumentará a base monetária diminuindo o nívelda
taxa de juros.A
moeda
tem mercado
próprio, portantoquando
seaumenta
sua quantidadeem
mercado o
seu preço cai, quer dizero
juro cai. Esta diminuiçãono
juro terá impacto positivo sobre os investimentosporque
os investidores, sentem-se encorajados atomar
emprestado e aumentar aprodução
elevandoo
nível de renda. Deve-se levarem
consideração neste pontoque
um
aumento
sustentado na taxa de crescimento damoeda
irá,no
longo prazo,quando
todos os ajustamentos tiverem ocorrido, levar
uma
aumento
igual na taxa de inflação.Partindo
do
pressupostoque
aeconomia
estejano
pleno emprego,uma
expansão na base monetária altera quase que imediatamente as posiçõesno mercado
demoeda,
haveráum
reflexo imediato na taxa de jurosque
diminuirá elevando ademanda
pormoeda
.A
demanda
agregada e a produção estarão aumentando.Como
a produção excedeo nível de pleno emprego, os custos marginais de
produção
serão maiores e a inflação aumentará.A
longo prazo, a inflação aumentará auma
taxa igual de crescimento monetárioe a
economia
retomará ao pleno emprego. Entretanto a inflação será maiordo
quequando
houve o
crescimento monetário.De
forma
resumida, este éo caminho
fundamental pelo qual a política monetária da naçãopode
afetar aeconomia
ecomo
as transaçõescom
títulos públicos são utilizadascomo
instrumento para cumprir os objetivos desta política.2.3.2.
A
Dívida Pública e a Política FiscalA
política fiscal está ligada aos gastos e receitasdo govemo. Por
exemplo,uma
política fiscal expansionista é conseguida pelo
aumento
dos gastosdo govemo,
euma
politica fiscal restritivapode
ser exemplificada peloaumento
da tributação.Ao
analisar a relação da dívida públicacom
a política fiscal se está analisando,de
certomodo,
a própria origem da dívida.A
politica fiscal está estritamente ligada aosgastos
do
Govemo
e sua capacidade de arrecadar impostos, e a criaçãoda
dívidavem
impostos é insuficiente para cobri-los, tendo todas as implicações apresentadas até agora ao longo
do
capítulo.Basta dizer, então,
que
a política fiscalem
simesma
pode
ser utilizada paralevar a
economia
ao pleno emprego. Entretanto, nestes casosem
que o Governo
usa osseus gastos para estimular a economia, a política fiscal deve ser
combinada
com
a políticamonetária para ter todos os seus objetivos otimizados.
2.3.3. Interação entre Política Fiscal e Política Monetária
Quando
que 0
govemo
aumenta
seus gastos há reflexosna
renda e por esse motivoquando
aeconomia
está abaixodo
plenoemprego
empenhar-seem
uma
políticade
gastos
pode
serum
estímulo paranovos
investimentos.Contudo
esta política expansionistadeve
seracompanhada
poruma
política monetáriatambém
expansionista pelo fatode que
aumentando
os gastos háum
impacto nademanda
agregada e as pessoas necessitarãode
maismoeda
para cumprir seus pagamentos.Se
a oferta monetária permanecer amesma
o
aumento
nademanda
pormoeda
fará elevar-se os juros, tal elevação se refletiráno
mercado
de
bens e os investimentos serão menores. Paraque o
efeito da política fiscalnão
sejainibido pelo
aumento
dos juros a autoridade monetária deve aumentar a quantidadede
moeda acomodando
a taxade
juros.Assim o
impactoda
política fiscalpode
ser sentidoem
toda a sua extensão, a taxa de juros não sofrerá alteração e a produção será estimulada.
A
divida pública,que
significa a venda e acompra
de títulos públicos éum
importante instrumento
do
govemo
para controle e a execução da política monetária efiscal.
Quando
o
govemo
necessita gastar além das suas receitas e emite títulos ao setorprivado ele está recorrendo a
uma
política fiscal expansionista, paraque
esta políticanão
tenha reflexos na taxa de juroso
Banco
Centralcompra
títulos públicos para sua carteira e para tanto imprimemoeda
que
resultaem
um
aumento
da quantidade demoeda
em
3.
COMPOSIÇÃO DA
DÍVIDA
PÚBLICA;
1950
-2000
Este capítulo dedica-se à análise da
composição
da dívida pública intema federalfora
do
Banco
Central ao longo da série destacando sua relaçãocom
a taxa de inflação.A
relação
da composição
da dividacom
esta variável será evidenciada atravésdo
estudo dos dadosque demonstram
a participação dos títulosda
dívida pública intema federal forado
Banco
Central segundo seus indexadores, pela construção de gráficos e correlações entre adívida e a variável
em
questão.Esse capítulo é
composto
por duas seções.A
primeira trata deuma
forma
sintéticacomo
a divida pública intema federalem
poderdo
público está formada.A
seção seguinte trata da evolução dacomposição da
dívida ao longo da sén'e,1950
até2000
-que
foi analisada
em
períodos -com
comentários sobre fatos daeconomia
brasileiraque
influenciaram as expectativas dos investidores
dando
ênfase à taxa de inflação.O
capítulo baseou-se principalmente nas publicaçõesda
ANDIMA.
3.1.
DÍVIDA
PÚBLICA BRASILEIRA
Ao
longodo tempo
a dívida pública intema federal forado
BC
tem
sofridomudanças
em
sua composição, quer dizer:mudanças
em
relação aos prazos e indexadores dos títulos e até pela criação denovos
tipos de títulos.Essas
mudanças
foram necessárias para adequar a oferta de títulos às expectativas dos investidores e às necessidadesdo govemo.
Do
lado dos investidoreso
objetivo é maximizar O lucro, manter o valorda
moeda
destinada à aplicação e ainda obterum
lucro adicional,dado
poruma
taxade
jurosreal.
As
escolhas para a aplicação são baseadasno
preçoou
remuneraçãodo
ativo ede
seus substitutos.
Além
dissoo
investidor levaem
consideração a conjuntura econômica.Nesse
sentido as expectativas quanto à taxa de inflação são muito importantes porqueuma
taxa de inflação alta causa incerteza Pela deterioraçãodo
valor damoeda.
Ao
tomar
emprestadodo
público pelavenda de
títuloso governo
se deparacom
uma
contradição.Há
aomesmo
tempo
uma
necessidadede
minimizar os custos desse empréstimo e a necessidade de ofereceruma
taxa deretomo
atrativa para os investidores.A
dívida pública intema federal éformada
por dois grupos de títulos: os títulosprefixados e os pós-fixados.
Os
títulos prefixados são aqueles onde,no
ato da aplicação já se sabe quanto se vai receberno
finaldo
período, e já incluemuma
estimativada
taxa de inflação esperada durante otempo
de aplicação.Os
papéis pós-fixados são aqueles cujos rendimentos só seconhecem no
finaldo
tempo de
aplicação,porque
dependem
do
seu indexador.Os
títulos pós-fixadosapresentam vários indexadores,
como
por exemplo: taxa de câmbio, correção monetária, taxaSELIC, TR, TJLP,
etc.Na
Tabela l estão relacionados os títulosque
compõem
a dívida interna federalfora
do
Banco
Central desde 1964. Antes de 1964, havia oschamados
“outros títulos” dosquais não existem dados sobre remunerações
ou
indexador.Como
sepode
observar existeuma
grande diversidade de títulos quecompõem
a dívida.
Por
esse motivo os titulos foram agrupados segundo seus indexadores,na
construção dos gráficos e correlações,conforme
explicado na metodologiado
trabalho.Essa tabela apresenta as características dos títulos de
forma
sintética. Para maiores detalhes deve-se consultarANEXO
I deste trabalho.Remunerações
eIndexadores
dos Títulosda
Dívida Pública Interna FederalFora
do
Tabela
1:Banco
Central (1964-2000).Título Remuneração(juros) Pós-fixado/ indexador Preñxado
LTN
X
BBC
X
ORTN
(1969-1986)* 6°/z›aa; a partir de 1985e 5 anos.
para os títulos de l,2,3.4
correção monetária e câmbio
OTN*
6%aa
correção monetária e câmbioLFT
SELICLBC
SELICNTN-J calculado pela taxa média das
LTNs
SELICNTN-D
` 6%aa câmbio NTN-I câmbioNTN
-L 5%aa câmbioNTN-M
LIBOR
(semestral)+
“spread” de 0.875% a.acom
limite de l2%aacâmbio
NTN-N
6°/›aa câmbioNTN-R1
8%aa
CâmbioNTN-R2
l2%aa câmbioNTN-A
6%aaTR
ou CâmbioNTN-F
5”/›aaTR
NTN-H
TR
NTN-P
6%aa
índice c/ base naTR
NTN-B
6°/›aa variaçãoIGP-M
mês anteriorNTN-C
omesmo
que NTN-B,apenas, com ajuste no
primeiro mês de fluênci
quando couber.
8
NTN-T
5°/›aa índice c/ base na TILPNBC
ç cálculo baseado naTR
TR
NBC-E
6°/›aa câmbioBTN
correção monetária ou câmbio * AsORTNs
foram criadasem
1964, após 1986 passaram a ser denominadas OTNs.Fonte:
BANCO
CENTRAL
DO
BRASIL. Manual de títulos e valores mobiliários. 4. ed. Brasilia 1997.Nota: Tabela elaborada pela autora.
3.2.
A
EvoLUÇÃo
DA
co1vn>os1ÇÃo
DA
DÍVIDA
PÚBLICA
brasileiro juntamente
com
a evolução da taxa de inflação e tentando estabelecer relaçoesentre as duas variáveis. Para tanto a série de dados
que
se iniciaem
1950 e vai até oano
2000, será dividida
em
partes: primeiramente serão analisados os anosde 1950
até o anode
1980, depois a décadade 80
e por último os anos 90.Em
um
quadro geral acomposição da
dívida interna federal forado
BC
(Banco
Central), considerando títulos prefixados e pós-fixados,
não
seguiuum
padrão ao longodo
tempo.
Houve
muitas alterações na políticaeconômica do
paísque
influenciaram asmudanças na
participação dos títulos da dívida. Pode-se observarno
gráfico (Figura 1) que, por exemplo, nos anos70
tanto os títulos prefixadoscomo
os pós-fixados mantiveramuma
trajetória mais constante
que
nos anos posteriores.Enquanto que
na década de 70 os títulosprefixados tiveram
uma
relação positivacom
a taxa de inflação, nos anos80
essa relação seinverte
em
favor dos pós-fixados.Nos
anos90
há períodosem
que
os títulos prefixadossão maioria e outros
em
que
a participação dos pós-fixados se amplia, demostrando grande descontinuidade.As
inversões entre a participação dos títulos prefixados e pós-fixadosao
longo da série,bem como
sua relaçãocom
a evoluçãona
taxa de inflação serão discutidos até o finaldo
capítulo.Figura
1:Participação dos Títulos
da
Dívida Pública Interna FederalFora
do
Banco
Central eTaxa
de
Inflação:1970
a 2000,dados
mensais.100
-_-
Hefixados-_
Pós-fixados NJ\^ 80 _*---Tx.
hflação T « eo ~ V*not
1 ` 40 -›r
Í 20 -›8
71/JAN 2/JAN . ~ 3/JAN74/JAN 5/JAN 76/JAN 77/JAN va/JAN 79/JAN ao/JAN 81/JAN 2/JAN as/JAN 84/JAN “"` as/JAN
i
se/JAN _.-à. av/JAN lr as/JAN as/JAN so/.|AN~ _ __? 1991/JAN, _ C 2/JAN* "¬¶~;,_ 1993/JAN. ~zš 94/JAN A 995/JAN Í' “_** see/JAN ' 91/JAN ssa/JAN se/JAN 2000/JANaí
1. 19 197 197 19 197 19 19 19 19 19 19 198 19 19 19 19 19 19 19 19 199 191
1
191
19Fonte: Boletim do Banco Central, vários números.
19
3.2.1.
Os
anos de 1950 até 1970De
1950
até1970
não existem dados mensais quedemonstrem
acomposição
da
dívida pública interna federal fora
do
Banco
Central.Nesse
períodoo
trabalho contoucom
dados anuais.
Durante os anos de
1950
até 1964, foram utilizados oschamados
“outrostítulos” para financiar os gastos
do
govemo.
Não
sepode
fazeruma
análise detalhada sobreesses títulos já
que
não existem dados para isso. Sobre eles pode-se dizerque
não sofriamcorreção monetária e por muitas vezes esses papéis não
foram
resgatadosou
mesmo
quitados os seus juros abalando aconfiança do
crédito públicono
Brasil da época.A
instabilidade política, oaumento
nas taxas de inflação e crescentes déficitsfiscais
marcaram
os anos 60.A
elevaçãoda
inflação aliada à baixa arrecadação de impostosresultava
em
altos déficits fiscaisque eram
financiados principalmente pela emissãomonetária,
o que
por sua vez, pressionava os preços constituindoum
círculo vicioso. Parapiorar a situação, não havia
um
efetivomercado
secundário para a negociação dos títulospúblicos e os efeitos
da
inflação resultavamem
rendimentos negativos para os seusdetentores.
Contudo,
em
1964foram
implementadas pelo governo reformas referentes àdívida pública
com
o
objetivo de recuperar a credibilidade: a institucionalização da correçãomonetária e a criação da
ORTN
(Obrigação Reajustáveldo Tesouro
Nacional: título pós-fixado
tendocomo
indexador a correção monetária),que acabaram
com
os rendimentos negativos observados nos títulos públicos.Inicialmente as
ORTNs
foram
lançadas de forma compulsória ecomo
altemativa ao recolhimento de impostos federais. Através
do
Decreto-Lei n.263,de
21/02/1967,o
governo resgatou toda a dívida mobiliária anterior àsORTNs.
Aos
poucos,0 novo
papel passou a ser procurado voluntariamente pelo público até setomar
um
importante instrumento de financiamentodo
déficitdo
Tesouro Nacional.De
1964
até1970 a dívida pública intema federal fora
do
Banco
Central estevecomposta
basicamente porORTNs.
3.2.2.
A
década de70
Foi a partir de 1969
que
sedeu
a efetiva institucionalizaçãodo mercado
abertono
Brasil, pois iniciou-se a emissãode
papéiscom
prazo decorrido, amovimentação
dostítulos pelas reservas bancárias dentro
do
Banco
do
Brasil e a criação dasLTNs
(Letrado
Tesouro
Nacional: título prefixado),em
agosto de 1970,que eram
papéis de curto prazo criados especialmente para serem utilizadosno
mercado
aberto para fins de políticamonetária.
Deve-se
lembrar que nos anos de 1968 até 1973 o país passava porum
período de grande crescimento econômico, e as necessidades de recursos para financiar os gastosdo
govemo
eram
crescentes incluindoum
controle mais precisoda
política monetária.Segundo
ANDIMA
(1993, p_36),Pode-se concluir, portanto, que, a partir da década de 70, o mercado
aberto ganhou
um
novo perfil, passando a constar como prioridade nos objetivos de política monetária do Governo.No
período 1970/73, ocrescimento real do total da dívida interna foi de 242%, o que eqüivale a
uma
taxa média anual de crescimento real de 36%.A
primeiramudança
significativa nacomposição
da dívida surgiucom
a criação dasLTNs,
ede
1970 até 1973 a participação desses papéisaumentou
consideravelmenteem
detrimento dasORTNS.
Os
principais fatores parao
crescimento da participação dasLTNs
foram osmecanismos
de subscrição compulsória e de isenção fiscalque
garantiram a colocação daqueles papéisem
mercado, dos quais pode-se citar:-
utilizaçãocomo
lastro na parcelaremunerada do
depósito compulsório dos bancoscomerciais;
-
utilização na aplicação de recursosextemos que
não estivessemempregados
nasoperações de repasse cambiais;
-
utilizaçãocomo
garantia na cobertura das reservas técnicas das sociedades seguradorase
na composição
da carteira dos fundos fiscais, fundosmútuos
de investimento e sociedades de investimentosque
captam
recursos extemos;-
aplicaçãodo
excedente dos depósitos a vista e a prazo captados pelos bancoscomerciais;
21
-
realização peloBanco
Central de leilões a preçosfixos que
juntamentecom
o reduzidoprazo de resgate dos títulos, estimulavam a
compra
deLTNs
por parte das instituições financeiras.A
dívida intema federal total entre1970
e 73 apresentouum
crescimento real de242%,
que
deveu-se ao fortalecimentodo mercado
aberto etambém
pela inclusão dos custos referentes aos juros da dívidano
seu giro.Segundo
Giambiagi (1999, p.87), enquanto omercado
aberto eraimplementado
e se fortalecia havia ao
mesmo
tempo
uma
grande dificuldade para o controle da políticamonetária e
do
endividamento públicodo
país. Essa dificuldade surgiaporque
asAutoridades
não
tinham a prática de programar e cumpriro volume
ecomposição do
seudéficit de caixa
em
fiinção das obrigações fiscais e cambiais a elas atribuídas.Além
disso,houve
uma
certa perda de controle da política monetária e da evoluçãoda
dívida públicacomo
conseqüência da falta de transparência orçamentária e deum
acompanhamento
rigoroso das contas públicas sendo reflexo da livre operação de canais de financiamento
em
aberto nas autoridades monetárias, permitida pela LeiComplementar
n.12, ao longo da década de 70.Ainda
de acordocom
Giambiagi eAlém
(1999, p.87),O
sistema de administração da dívida pública mobiliária associado à Lei Complementar n.° 12 permitia o giro automático dos encargos da dívida mobiliária, feito a taxas de juros reais elevadas, o financiamento de gastosextra-orçamentários e a absorção e intermediação da divida externa privada
pelas autoridades monetárias, com sérias implicações sobre as taxas de juros e
o sistema financeiro e sem qualquer tipo de controle por parte do Congresso
Nacional.
Em
1974
os reflexosdo
aumento
nos preçosdo
petróleo,que
ocorreuno
final de 1973,foram
sentidosem
toda a economia.A
elevação nos preços das matérias-primas e produtos industrializados causou desequilíbriono
nível de preços eaumento
na taxade
inflação.A
elevação na taxa de inflação não durou muito, pode-se verno gráfico
(Figura 2)que
antesdo
final de 1974 a taxa de inflação já voltava aos patamares anteriores.Cabe
dizer aindaque
ao longoda
décadade
70 a taxade
inflação nãochegou
a10%,
enão
pode
ser considerada alta secomparada
à década de 80. Durante esses anos a taxade
inflação teveuma
tendência crescentemas
que sedeu
deforma
gradual, salvo o primeiroaumento
nos preçosdo
petróleo (1973 - 1974) e após osegundo choque
nos preçosdo
petróleo
em
1979.Figura
2:Evolução
da
Taxa
de Inflação
(IGP-DI):1970
a 1980,dados
mensais.20 « 18 -- 16 -- 14 «› 12 ›- 10 -- O ro à ai ou
Dez/70 Dez/71 Dez/72 Dez/73 Dez/74 Dez/75 Dez/76 Dez/77 Dez/78 Dez/79 Dez/80
Fonte:
INSTITUTO
DE
PESQUISA
ECONÔMICA
APLICADA.
IPEADATA
online: Basede dados macrocconômicos. Disponível na internet.
http://wwwjpeadata.gov.br/ipeadataweb, 10 maio 2000. Nota: Figura elaborada pela autora.
O
resultadoda
correlação entre a participação dos títulos da dívida internafederal fora
do
BC
e taxa de inflação para os primeiros cinco anos da décadapode
serobservado na Tabela 2.
No
período 1970-75 o coeficientede
correlação para os títulos prefixados e taxa de inflação foi positivo indicandoque
tanto a taxa de inflaçãocomo
a participação dostítulos prefixados se
movem
juntas tendouma
associação de 0,28.O
coeficiente de correlação entre a participação dos títulos pós-fixados e taxade
inflação resultouem
sinal negativo, demostrandoque
quando
a taxa de inflação sobe aparticipação dos títulos pós-fixados dirninui.