SUBCLASSIFICACÃO
E
DETERMINAÇÃO
DE
AVIDEZ
DE
IgG
ANTI-TPO E
PESQUISA
DE
CITOCINAS
INFLAMATÓRIAS
EM
SOROS DE
PACIENTES
COM
IIIPOTIREOIDISMO
SUBCLÍNICO
_
COMPARACÃO
COM
PACIENTES
COM
IIIPOTIREOIDISMO
‹
ESTABELECIDO
FLORIANÓPOLIS, SC
SUBCLASSIPICAÇÃO
E DETERMINAÇÃO
DE
AVIDEZ
DE
IgG
ANTI'-.TPO»ÍE'
PESQUISA
DE
CITOCINAS
INELAMATÓRIAS
EM
SOROS
DE
PACIENTES
COM
HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO
_
COMPARAÇÃO
COM
PACIENTES
COM
HIPOTIREOIDISMO
ESTABELECIDO
Dissertação apresentada ao
Curso
de
Mestrado
em
CiênciasMédicas da
Universidade Federal
de Santa
Catarina,para
aobtenção do
títulode
mestre.Joordenador
do
Curso:
Prof.
Dr.
Armando
José
d'Acampora
(Prientador: Prof.
Dr.
Carlos
Roberto
Zanetti
Co-orientadora:
Profa.
Maria
Heloisa
Busi
da
Silva
Canalli
FLORIANÓPOLIS,
Sc
hipotireoidismo subclínico comparação com pacientes com
hipotireoidismo estabelecido. / Lireda Meneses Silva-
Florianópolis, 2001.
93 p. -
Orientador: Carlos Roberto Zanetti
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa
Catarina. Curso de Pós-Graduação
em
Ciências Médicas.s
Médicas
M
strado
em
Crêncla
.frfârvfz
e
I×9¿~\ dia 1'\»\.g_ \fv/`›'\/7
LIREDA
MENESES
sILvA
E
UADA
PARA
A
OBTENÇÃO
DO
TÍTULO
DE
ESSA
DISSERTAÇÃO
FOI
JULGADA
AD Q
STRE
EM
CIENCIAS
MEDICAS
ME
COM
ÁREA
DE
CONCENTRAÇÃO
EM,
CLÍNICA
MÉDICA
E
APROVAOA
EM
sUA
PORMA
FINAL
PELO
PROGRAMA
DEPOS
GRADIÁAÇÃO
EM
NCIAS
MEDICAS
I. .
Prof. 'Àñnand/o'Jo§É d'Acampora
/' Coordenador do Curso ' Banca Examinadora: .
/Á
rto Zanetti Prof. Carlos e Or' ntadorQ
Ceó!
J
éra/
Prof. Hans GrafMembro
/rn
Owvzeov
lfø zQ.
Profa. Marisa Helena César Coral
,Me O
W
/
,,l.¬-T-
fz
,,
~..Á
Prof. sé Hermênio Cavalc te ima Filho
Membro
P of.
Ed
on Flávlo MoratoFlorianópolis, 22 de fevereiro
. .
Í ›<
ersitarzo CEP 88040-970 Florianópolis -
SC
- Brasifscb r embro de 2001.
C
mpus Univ ` ' ` Q smed@hu.u . 8Hospital Universitário - Andar Térreo - a
'
3319150 Fax: (048) 2349744 E-mail: 0 Telefone. (048)
Mestrado
em
Ciências
Médicas
ATA
DE
DEFESA
DE
DISSERTAÇÃO
CANDIDATA:
LIREDA
MENESES
SIL
VA
A
partir das oito horas e trinta minutosdo
dia vinte e dois de fevereiro de dois mil eum, na
sala de aulasdo Curso
de Mestradoem
CiênciasMédicas da
Universidade Federalde Santa Catarina, a
Comissão
Examinadora, constituída pelos Professores Carlos Roberto Zanetti,Hans
Graf, MarisaHelena
César Coral, JoséHennênio
CavalcanteLima
Filho eEdelton Flávio Morato, procedeu ao
exame
da Dissertação de Mestrado apresentada pelaDra.
LIREDA
MENESES
SILVA,
intitulada"CARACTERIZAÇÃO
IMUNOLÓGICA
DO
HIPOTIREOIDISMO
SUBCLÍÍNICO". Após
explanação feita pela candidata, amesma
foi argüida pela
Comissão
Examinadora, sendo aprovadacom
os seguintes conceitos, nostermos
da
Resolução010/CUn/97
eRegimento lntemo do
Curso dePós-Graduação
em
Ciências Médicas.
NOME;
ASSINATURA
CONCEITO
Prof. Carlos Roberto
Zanetti;
... ... ... . .... .. Prof.Hans
Graf
... ...- z ~ ~ - fr V if, Profa. Marisa
Helena
Cesar Coral ... .._
... “' ”/ ....
Prof. José
Hennênio
CavalcanteLima
Filh az/zf . ‹.'.'.Prof. Edelton Flávio
Morato
... 7 ... .. .. Florianópolis,22
de f ereiro de 2001., .
os
rtcfzanetti
KPl*e's'ííie/lite
da
C
issãoExaminadora
ç
Hospital Universitário - Andar Térreo Campus Universitário CEP 88040-970 Florianópolis - SC - Brasil Telefone: (048) 33I.9150 Fax: (048) 2349744 E-mail: posmed@hu.ufsc.br
Amanda,
eao
meu
marido, Renor,sempre
presentes,amigos
ecompanheiros, fontes ínesgotáveis de
prazer, estímulo e força
ao
longo deAo
Prof. Dr. Carlos Roberto Zanetti, pela sua amizade, confiança e incentivo àpesquisa. Seus ensinamentos
foram além
da execução deste estudo,com
estímulo à buscaconstante
-
um
exemplo
a ser seguido pela sua postura de professor, suas qualidadesprofissionais e especialmente humanas.
À
Dra.Maria
Heloísa Busi da Silva Canalli, pela amizade, incentivo e a grandedisponibilidade
no
desenvolvimento deste estudo,sempre
companheira.À
Dra.Vânia
BeatriceTomazoni
Ramos
e sua equipe, pela amizade, estímulo eparticipação
na
coleta e preparo das amostras de soro.À
Enf. Tânia Westphal, pela amizade e auxíliono
atendimento às pacientes.À
Dra. Cláudia Dutra Bernhardt, pela amizade,companheirismo
e incentivo.À
Dra.Mara Eda
Kowalski, pela sua amizade e participaçãona
realização destapesquisa.
À
acadêmica Juliana Chaves, pela sua disponibilidade e dedicaçaona
execuçaodas análises laboratoriais.
Aos
companheiros e professoresdo
Curso de Mestrado pelos conhecimentosadquiridos e trocas de experiências,
com
crescente estímulo ao aprendizadodo
ensino.À
secretária TâniaRegina
Tavares Fernandes, pela alegria e dedicação às atividades relativas ao nosso Curso de Mestrado.À
minha
família,em
especial aosmeus
pais, pelo carinho, presença, estímulo ecooperação constantes ao longo de toda a
minha
vida,também
profissional.Às
pacientes participantes deste estudo,sem
as quais ele não teria sido possível,bem como
o aprendizado a ele associado.LISTA
DE ABREVIAURAS
E SIGLAS
... .. vLISTA
DE TABELAS
... .. viLISTA
DE
FIGURAS
... ._ viiRESUMO
... .. _ ... _. viiiABSTRACT
... .. ix1.
INTRODUÇÃO
... .. 101.1 Hipotireoidismo subclinico ... ._ 12
1.2 Prevalência e evolução do hipotireoidismo subclinico ... ._ 13
1.3 Repercussões clínicas do hipotireoidismo subclinico ... _. 14
1.4 Hipotireoidismo subclinico e autoimunidade ... _. 18
1.5 Papel das subclasses de IgG anti-TPO na tireoidite autoimune ... .. 23
1.6 Avidez de Anticorpos ... .. 24
1.7 Hipotireoidismo e marcadores inflamatórios ... ._ 25
2.
OBJETIVOS
... .. 323.
PACIENTES
E
MÉTODO
... ..333.1 Considerações gerais - éticas ... ._ 33
3.2 Desenho do estudo ... _. 33
3.3 População de estudo ... _. 33
3.4 Critérios de exclusão ... .. 34
3.5 Coleta de dados ... ._ 35
3.6 Preparo das amostras de soro ... .. 35
3.6.1
Dosagem
deTSH
eT4
livre ... _. 363.6.2
Dosagem
de colesterol ... _. 363.6.3
Dosagem
de anticorpo anti-TPO ... ._ 363.6.4 Caracterização das subclasses de anticorpos anti-TPO ... ._ 36
3.6.5 Determinação da avidez de anti-TPO ... .. 38
3.6.6
Dosagem
dos marcadores inflamatórios ... ._ 393.7 Análise estatística ... ._ 40
4.
RESULTADOS
... .. 414.1 Características da população submetida ao estudo ... _. 41
4.2 Características da anamnese e
exame
físico. ... _. 424.3
Dosagem
de colesterol ... ._ 454.4
Dosagem
deTSH
eT4
livre ... ._ 464.5 Anticorpos anti-TPO ... ._ 48
4.6 Avidez de anticorpos anti-TPO ... .. 49
4.7 Subclassificação de anticorpos IgG anti-TPO ... .. 50
4.8 Marcadores inflamatórios ... ._ 55 4.9 Correlações ... ._ 57 5.
DIscUssÃo
... ... .. 59 ó.coNcLUsÕEs
... .. 68REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
... _. 69ANEXOS
... .. 80 ivADCC
=
"antibody-dependent cell-mediated cytotoxicity"anti-TPO
=
anti-tireoperoxidaseB7-1
=
molécula de adesão celular envolvidana
apresentação antigênicac
=
controleCD8
=
linfócitoT
citotóxicoCD4
==
linfócitoT
auxiliarCK
=
creatina quinaseD.O.
=
densidade ópticaELISA
=
"enzyme-linkedimmunosorbent
assay"Fas
=
receptor celular de apoptosehe
=
hipotireoidismo estabelecidoHLA
=
"human
leukocyte antigens"hs
=
hipotireoidismo subclínico I=
índiceIFN =
interferon I g=
imunoglobulina IL=
interleucinaK
=
"killer"LDL
=
"low density lipoprotein"MAb
=
anticorpo monoclonalMHC
=
"major histocompatibilitycomplex"
NK
=
"natural killer"PAM
=
Programa
deAtendimento
Médico
RT-PCR
=
"reverse transcription-polymerase chain reaction"SUS
=
ServiçoÚnico
deSaúde
T3
=
triiodotironinaT4
=
tiroxinaThl
=
T
helper 1Th2
= T
helper2TNF
=
"tumoral necrosis factor"TPO
=
tireoperoxidaseTSH
=
hormônio
tireo-estimulanteTabela
I-
Distribuição das pacientes submetidas ao estudo, por faixa etária ... .. 42Tabela
II-
Característicasda
anamnese
das pacientes dos grupos hs ehe
... .. 43Tabela
III-
Característicasdo
exame
físico das pacientes dos grupos hs ehe
... .. 43Tabela
IV
-
Comparação
das variáveis daanamnese
eexame
físico entre os grupos hs ehe
... ..44
Tabela
V
-
Descrição da análise dos níveis de colesterol nos três grupos de estudo ... .. 45Tabela
VI
-
Descriçãoda
análise dos níveis deTSH
nos três grupos avaliados ... _.46
Tabela
VII-
Descriçãoda
análise dos níveis deT4
livre nos grupos avaliados ... ..47
Tabela
VIII-
Descriçãoda
análise dos níveis de anti-TPO nos grupos de estudo ... ..48
Tabela
IX -
Descriçãoda
análise damedida
da avidez deIgG
anti-TPO ... ..49
Tabela
X
-
Níveismédios
dos subtipos deIgG
anti-TPO ... .. 50Tabela
XI
-
Freqüência da presença de citocinas séricas nos três grupos de estudo ... .. 56Tabela
XII
- Níveis de citocinas nos grupos de estudo. ... .. 56Tabela
XIII-
Descrição da análise dos níveis de neopterina nos três grupos estudados.. 57Figura
1-Níveis
de colesterol nos grupos hs,he
e c,com
valores de p<0,001 entre ogrupo c e os demais e
p=
0,347 entre os grupos hs ehe
... .. 45Figura
2 - Distribuição dos níveis deTSH
nos grupos hs,he
e c,em
|.tU/ml. valor de p=0,033 entre os grupos hs e he, e p<0,001 entre o grupo c e os demais ... ..46
Figura
3 - Distribuição dos níveis deT4
livre nos grupos hs,he
e cem
ng/dl;com
valores de p=0,003 entre os grupos hs ehe
e p<0,001 entre o grupo c e os demais ... ..47
Figura
4 - Distribuição dos níveis de anti-TPO nos grupos c, hs e he,em
U/ml. Valor de p=0,6 entre os grupos hs e he. ... _. 48Figura
5 - Distribuiçãoda medida
de avidez,em
%,
dos anticorpos encontrados nos grupos hs ehe
... ..49
Figura
6 - Distribuição dos níveis deIgG1
nos grupos hs e he,em
D.O;
p=
0,749 ... .. 51Figura
7 - Distribuição dos níveis deIgG2
nos grupos hs e he,em
D.O;
p=
0,975 ... .. 51Figura
8 - Distribuição dos níveis deIgG3
nos grupos hs e he,em
D.O;
p=
0,104 ... .. 52Figura
9 - Distribuição dos níveis deIgG4
nos grupos hs e he,em
D.O; p=0,087
... .. 52Figura
10 - Percentual d e positividade de subtipos deIgG
anti-TPO nos grupos hs ehe
... .. 53Figura
11 -Distribuição dos índices atribuídos para os subtipo deIgG
anti-TPO nos gruposhe
e hs ... .. 54Figura
12 -Quadro
comparativo da relaçãoIgG1/IgG4
pelo I para os grupos dehe
e hs; valor de p=0,008. ... .. 55Figura
13 - Distribuição dos níveis de neopterina nos gnipos c, hs ehe
... ._ 57O
hipotireoidismo subclínico é definido pela presença de nívelaumentado
deTSH
e níveis nonnais dehonnônios
tireoideanos.Podem
ocorrer repercussões clínicas,com
alterações cárdio-vasculares, músculo-esqueléticas, de perfil lipídico e estado dehumor.
É
questionável ainda se este quadro corresponde aum
hipotireoidismo"verdadeiro"
em
evolução,ou
se éuma
anormalidade bioquímica,sem
disfunção de órgãoalvo.
Em
80%
dos casos de hipotireoidismo subclínico,há
alteração de função tireoideanapor anticorpos
IgG
autoimunes, dirigidos principalmente contra a tireoperoxidase (TPO).O
objetivo deste estudo foi avaliar a subclassificação de
IgG
anti-TPO, amedida
da suaavidez (força de ligação entre anticorpos e seus epítopos específicos) e a detectabilidade e
níveis de marcadores inflamatórios (IL-1, IL-6, IL-10, IFN-Y, TNF-ot e neopterina)
em
pacientes portadoras de hipotireoidismo subclínico (hs),
comparando
tais achados aos depacientes portadoras de hipotireoidismo estabelecido (he) e grupo controle (c).
Foram
avaliadas amostras de soros de 95 pacientes
do
sexo feminino,34
com
hs, 33com
he e 28pacientes
com
função tireoideana normal, de acordocom
os níveis deTSH
eT4
livre.As
dosagens de
TSH, T4
livre, a subclassificação de anti-TPO e as dosagens de marcadores inflamatórios foram realizadas pormétodo
imunoenzimático (ELISA), enquanto que adosagem
de anti-TPO foi feita por quimioluminescência.A
comparação da
distribuição dasvariáveis nos três grupos foi realizada através de testes não paramétricos e as análises de
correlação pelo coeficiente de Spearman.
Os
níveis deTSH
foram diferentes entre ospacientes
com
hs e he (p=0,03), apesar deambos
elevados.Os
níveis deT4
livreforam
diferentes entre os pacientes
com
hs e c (p<0,001), ainda queambos
dentro da faixanonnal.
Os
níveis de anti-TPO e amedida da
sua avidez não diferiram entre os grupos hs ehe.
A
subclassifrcação deIgG
anti-TPO nos grupos de pacientes portadores de hs e hemostrou
maior percentual de positividade paraIgG1
e IgG4,com
positividade deIgGl
de71%
no
grupo hs e67%
no
grupo he, enquanto que a positividade deIgG4
foi de97%
no
grupo hs e
79%
no
grupo heA
relaçãoIgG1/IgG4
foi significativamente maiorno
grupode pacientes portadoras de he (p=0,008)
IgG1
é capaz de fixarcomplemento
levando alesão tecidual, enquanto que
IgG4
não o faz. Desta forma, o predomínio deIgGl
sobreIgG4
através damedida
de sua relação,pode
estar associado ao potencial de lesão tecidualem
pacientes portadores de hs.A
dosagem
de marcadores inflamatórios mostrou-sepositiva
em
pequeno
número
de pacientes,com
detectabilidade deTNF-ot
em
8,8%, IL-6em
14,7%
e IL-10em
3%
dos pacientescom
hs.O
acompanhamento
das pacientesportadoras de hs permitirá a correlação destes dados (positividade e níveis de
IgG1
e IgG4,bem
como
a sua relação)com
a evolução clínica.Subclinical hypothyroidism is defined
by
laboratory findings of an elevatedbasal
TSH
concentration in the presence of normal thyroidhormones
concentrations.Several studies suggest that it
may
be associated with cardiovascular abnormalities,alterations in muscle structure and function and psychiatric and neurological dysfunction.
It still remains controversial if it is a "true hypothyroidism" in evolution or if it is just a biochemical abnormality.
About
80%
of the patients with subclinical hypothyroidismpresents
autoimmune
disease, with the presence of anti-TPO antibodies (IgG) in theirserum.
The
purpose of this studywas
to evaluateimmunoglobulin
G
subclasses of anti-TPO,
its avidity and the presence ofinflammatory
cytokines (IL-1, IL-6, IL-10, Interferon-y,
Tumoral
Necrosis Factor-ot and neopterin) in patients with subclinical hypothyroidism.Results
were compared
with findings in patients with overt hypothyroidism and controlgroup.
We
evaluatedserum
of 95 female patients, 34 with subclinical hypothyroidism, 33with overt hypothyroidism e
28
withnormal
thyroid function, according to theTSH
and freeT4
levels.TSH,
free T4,IgG
subclasses and cytokines levelsWere
determinedby
immunoenzymometric
assays.Anti-TPO
levelswere
determinedby chemoluminometric
assay. Data
were
analyzed andcompared by
non-parametrical tests and Spea1mann's rankcorrelation.
TSH
levelswere
different in patients With subclinical and overthypothyroidism, in spite of the elevated levels in both. Free
T4
levelsWere
different insubclinical hypothyroidism
and
control group, in spite of the nonnal levels in both. Anti-TPO
levels and its aviditywere
similar in subclinical and overt hypothyroidism.Anti-TPO
IgG
subclasseswere
predominantlyIgGl
andIgG4
in subclinical and overthypothryoidism.
IgGl
was
detected in71%
of patients with subclinical hypothyroidismand
67%
of patients with overt hypothyroidism.IgG4
was
detected in97%
of patientes in the first group and79%
in the second.IgGl/IgG4
relationWas
different in the subclinicaland overt groups, it
was
significantly greater in patients With overt hypothyroidism. Cytokineswere
detected in a very smallnumber
of patients. TNF-otwas
detected in8,8%
of the patients with subclinical hypothyroidism, IL-6 in
14,7% and
IL-10 in3%.
Patients with subclinical hypothyroidism will be followed, and, then, the descriptive date presentedhere, will be evaluated according to their evolution.
O
hipotireoidismo* é a síndrome clínica e bioquímica que resultada
produção diminuída dehormônios
tireoideanos,T3
(triiodotironina) eT4
(tetraiodotironina),com
concentração sérica subnormal desteshormônios
e que responde ao tratamentocom
a suareposição.
Raramente
é devida a resistência generalizada aohonnônio
tireoideano.]'2O
Hormônio
Tireoestimulante,TSH,
é o regulador fisiológico mais importante dasecreção de
hormônio
tireoideano. Esta regulação se faz porum
sistema deretroalimentação bidirecional, de vez que níveis
anormalmente
elevados deT3
eT4
suprimem
a secreção deTSH
e níveis baixos produzirãoaumento
na sua secreção. Esteaumento na
secreção deTSH
é a anormalidade laboratorial mais precocemente detectadaem
pacientescom
hipotireoidismo primário.Quando
o eixo hipotálamo-hipófise-tireóideestá intacto e o sistema está
em
equilíbrio,há
uma
relação inversa log-linear entre aconcentração sérica de
TSH
eT4
livre, de talforma
que reduções lineares pequenasna
concentração de
T4
livre são associadascom
aumentos
exponenciaisna
concentração deTSH.3
A
AssociaçãoAmericana
de Tireóidedefine
queuma
diminuiçãono
nível deT4
livre e
um
aumento no
nível deTSH
séricos estabelecem o diagnóstico de hipotireoidismocausado por insuficiência da glândula tireóide.”
A
severidadedo
hipotireoidismo varia amplamente.Alguns
pacientes nãotêm
sintomas
ou
sinais (oumínimos)
etêm
concentração sérica deT4
livre normal,mas
elevada concentração de
TSH.
Tal situação é definidacomo
hipotireoidismo subclínico.Em
outros pacientes o hipotireoidismo ébem
estabelecido,com
sintomas e sinaisindicativos de função anormal de
um
ou
mais sistemas orgânicos,com
concentraçõessubnonnais de
T4
livre,além do
atunento deTSH.6
Zulewski7, avaliando os sintomas esinais de pacientes
com
vários graus de hipotireoidismo, tentaram estabelecerum
escoreclínico que demonstrasse correlação
com
o grau decomprometimento
tireoideano. Talclassificação,
no
entanto, não se mostrou eficaz para efeito de diagnóstico,uma
vez que'Em
dicionários de termos médicos e de língua portuguesa eem
artigos médicosnacionais observamos várias formas gráficas para a palavra tireóide e suas correlatas, como:
tireóide, tiróide; tireoideano, tireoidiano, tiroideano, tiroidiano, tiróideo. Estudos de etmologia da
palavra são controversos quanto à grafia correta. Assim, optamos pela utilização da grafia tireóide
houve
significativa superposição e variabilidade dos achados clínicosno
hipotireoidismosubclínico e estabelecido. Assim, as dosagens de
T4
livre eTSH
permanecem
como
osindicadores mais confiáveis
no
estabelecimentodo
hipotireoidismo.2*4`6Os
métodos
laboratorias atuais, de alta sensibilidade,
permitem
a detecção de pequenas alterações nos níveis deTSH
muito precocemente, aindana forma
subclínica da doença tireoideana,com
alto grau de acurácia.8
O
hipotireoidismo ocorreem
todas as idades, sendo que sua freqüência variadependendo da
população avaliada.Alguns
estudos definem taxa de prevalência de 2 a3%,
sendo dez vezes mais freqüenteem
mulheres.9Um
dos maiores estudos de prevalência,demonstrou
que o hipotireoidismo foi encontradoem
2,6%
da população femininaacima
de 18 anos,aumentando
esta freqüênciacom
a idade e chegando a 6 a8%
em
mulherescom
mais de60
anos.”A
autoimunidade é a principal causa de hipotireoidismo, definida através da presença de anticorpos antitireoideanos, mais especificamente anticorpos anti-tireoperoxidase.
Considerando a prevalência relativamente alta e a já
comentada
superposição e variabilidade de achados clínicosno
hipotireoidismo subclínico, algumas questõesvêm
sendo discutidas. Tais questões se referem à justificativa para que sejam instituídos programas de triagem, sua evolução, repercussões clínicas
com
conseqüências adversas etratamento
com
reposiçãohormonal ou
não.“`l9Uma
vez que os níveis dehormônios
tireoideanos estão dentro
da
taxa normal, é questionável a decisão quanto ao tratamento.Esta decisão é habitualmente definida pela avaliação individual
do médico
assistente, apartir de possíveis sintomas referidos pelo paciente e a correlação destes sintomas
com
disfunção tireoideana,
além
de parâmetros laboratoriais quenem
sempre
são definitivosna
orientação da conduta.
Neste estudo foram analisados parâmetros laboratoriais
do
hipotireoidismosubclínico
no
que se refere a autoimunidade,na
expectativa de se obter mais informações1.1
Hipotireoidismo
Subclínico
O
hipotireoidismo subclínico é definido pelo achado de nívelaumentado
deTSH
com
níveis nonnais dehonnônio
tireoideanoem
paciente assintomáticoou minimamente
sintomático.
A
extrema sensibilidadedo
sistema de feedback negativo faz elevaçãodo
TSH
mesmo
antes de oT4
livre ter seus níveis reduzidos para abaixodo
nonnal.3É
válido fazer a ressalva para a questãoda
nomenclatura,uma
vez que o tennosubclínico se refere,
em
princípio, a ausência de sintomas.Uma
parcela significativa dospacientes apresenta queixas que
podem
estar associadas ao hipotireoidismo, muitas vezes oque leva a solicitação
do
exame. Outros tennos para definir o quadrotêm
sido propostos,tais
como
insuficiência tireoideana mínima, baixa reserva tireoideana, hipotireoidismominimamente
sintomáticoou
hipotireoidismo compensado**.l6”20`22Na
sua descriçãoinicial, por Bastenie,
em
1967,na
revista Lancet, foidenominado
mixedema
pré-clínico.Esta nomenclatura variada, de certa
forma
reflete a controvérsia de se a alteraçãorepresenta
uma
forma
discreta de hipotireoidismo,ou
e'meramente
uma
anonnalidade. , . ]
bioquímica. 6
Ainda
que a investigação desta entidade sob aforma
de screening sejaquestionável, o hipotireoidismo subclínico é a condição mais
comum
encontradaem
testesde função tireoideana. Este
dado
foi descrito por Helfandl 1, a partir de meta-análiseem
queavaliou 18 estudos de screening para disfunção tireoideana publicados a partir de 1989.
As
causasdo
hipotireoidismo subclínico são asmesmas
do
hipotireoidismoestabelecido, estando especialmente vinculado à tireoidite autoimune,
como
parte da história natural da Tireoidite de Hashimoto,em
que os pacientes apresentam anticorposantitireoideanos.18
O
hipotireoidismo subclínicopode
ocorrer ainda após tratamento dehipertireoidismo
(com
iodo radioativoou
cirurgia) emenos comumente
por irradiação decabeça e pescoço, uso de amiodarona, iodo, lítio,23 interferon-ot,24 interleucina-2.25
"Apesar das divergências, neste estudo será mantido o termo subclínico, considerando que é como ainda
1.2
Prevalência
eEvolução do
Hipotireoidismo
Subclínico
Diversos estudos
têm
sido desenvolvidosno
sentido de estabelecer a prevalência eacompanhar
a evoluçãodo
hipotireoidismo subclínico.Em
estudo clássico, realizadono
noroesteda
Inglaterra(Whickham
Survey) foipesquisada disfunção tireoideana
em
2779
indivíduos adultos entre 1972 e 1974, sendo quealém
dadosagem
dehonnônios
tireoidanos foi pesquisada a presença de anticorposantitireoideanos. Foi encontrada prevalência de hipotireoidismo subclínico de 7,5 a
18%
entre mulherescom
mais de 18 anos (correspondendo osmenores
valores percentuais àsmais
jovens,com
prevalência progressivamente maiorcom
oaumento
da idade) e1,8%
dos homens.l°
A
partir daí, foramacompanhados
163 pacientescom
aumento
deTSH
(entre 6 e 10 mU/l) e/ou anticorpos antitireoideanos positivos,sem
doença tireoideanaestabelecida
ou
tratada, e reavaliados 2 e 4 anos após.A
incidência anual dehipotireoidismo estabelecido foi de
2,5%
parahomens
que apresentavam anticorposantitireoideanos e
TSH
elevadona
primeira avaliação. Para mulheres, a evolução foi de0,4%
dentre as que apresentavam anticorpos antitireoideanos e níveis nonnais deTSH,
e5%
para aquelascom
anticorpos antitireoideanos e níveisaumentados
deTSH.
Foiobservado que todos os pacientes que evoluíram para hipotireoidismo estabelecido tinham
anticorpos antitireoideanos positivos,
mas
nem
todos que tinham anticorpos positivosevoluíram para hipotireoidismo.26
No
acompanhamento da
Whickham
Survey,em
publicações de seguimento por 10 e
20
anos de 1096 pacientes, a progressão parahipotireoidismo estabelecido ocorreu à taxa de
4,3%
anualmenteem
indivíduoscom
anticorpos antitireoideanos positivos e
2,6%
em
pessoassem
estes auto-anticorpos.”Em
estudo semelhante, deacompanhamento
de 22 pacientescom
autoimunidadetireoideana, foi observada incidência anual de hipotireoidismo estabelecido de
26% em
indivíduos
com
níveis deTSH
aumentados
e anticorpos antitireoideanos e7,3%
com
somente anticorpos presentes.”
Em
outro estudo, realizadono
Colorado,em
que25862
adultos foram avaliadospara a pesquisa de disfunção tireoideana, foi encontrada prevalência de
9,5%
deTSH
elevado, considerando a população total,
homens
e mulheres.Houve
aumento
destaprevalência para
19%
quando
se consideravam indivíduoscom
idadeacima
de 74 anos.28'29Rosentha13l
acompanhou
26
pacientes idososcom
níveis deTSH
>
4mU/l
por 4tal evolução ocorreu
em
todos os que tinham níveis iniciaisTSH
maiordo
que20
mU/l
eem 80%
daquelescom
títulos mais altos de anticorpos antitireoideanos.Em
um
outro estudo deacompanhamento,
por 16 anos, de pacientescom
hipotireoidismo subclínico, foi proposto haver duas evoluções distintas,
uma
parahipotireoidismo estabelecido e outra
na
qual hámanutenção do
padrão bioquímico dehipotireoidismo subclínico.
Os
autores tentaram explicar este segundo padrão de evoluçãocomo
resultante de possíveis alteraçõesno
controle do eixo hipotálamo-hipófise-tireóide.A
concentração doshormônios
no
momento
do diagnósticodo
hipotireoidismo subclínicofalhou
em
prever tal evolução.”Samuels33 realizou
um
estudo de meta-análiseem
que avaliou estudos de seguimento de2956
pacientes por 6, 10 e20
anos,com
ocorrência de hipotireoidismoestabelecido à taxa de
2,1%
a3,8%
por anoem
pacientescom
anticorpos antitireoideanospositivos e
0,3%
em
indivíduossem
anticorpos.Segundo
Adlin,34 o hipotireoidismo subclínico seria maiscomumente
um
estágioprecoce
do
hipotireoidismo estabelecido, sendo que a possibilidade desta evolução ocorrerseria tanto maior quanto maior o valor de
TSH
e a detecção de anticorpos antitireoideanos. Desta forma, o curso naturaldo
hipotireoidismo subclínicotem
demonstrado duas evoluções distintas.Em
publicação mais recente, Kabadi35 descreveu estas duas evoluções.Uma
para hipotireoidismo estabelecido, que o autorchamou
de "hipotireoidismosubclínico verdadeiro",
com
fatores etiológicosbem
definidos.A
outra,com
manutenção
do
quadro laboratorial de hipotireoidismo subclínico, assintomático, definidocomo
eutireoidismo
com
"reset thyrostat"-
um
estado permanentesem
progressão parahipotireoidismo estabelecido, provavelmente secundário a danos sutis à glândula tireóide.
1.3
Repercussões
clínicasdo
Hipotireoidismo
Subclínico
Vários estudos descreveram alterações cardiológicas
no
hipotireoidismo subclínico.Di
Bello” demonstrou alterações estruturaisno
miocárdio, atravésda
avaliação porvideodensitometria ultrasônica,
nem
sempre
detectadas por ecocardiografia convencional.Estas alterações foram quantitativamente relacionadas à perda de função tireoideana,
podendo
representarum
sinal precoce de dano ao miocárdio.O
comprometimento
doBiondi.37
O
autor avaliou vinte e seis pacientes portadores de hipotireoidismo subclínico, sendo que dez delesforam
reavaliados após seismeses
de reposiçãocom
L-tiroxina. Foiobservado que a função diastólica apresentou melhora significativa,
com
reversão ànormalidade pela terapia de reposição. Vários estudos
também
demonstraram
alteraçãona
função sistólicaem
repouso e pós-exercício,com
melhora após a nonnalização dos níveis deTSH
através da reposiçãocom
L-tiroxina.38`4° Outros estudos, porém, não reproduziram os achados de repercussõesdo
hipotireoidismo subclínicona
função cardíacaou
de melhoracom
reposição hormonal.8°4lA
evolução de pacientes portadores dehipotireoidismo subclínico após angioplastia coronariana não foi diferente da evolução de
grupo controle, sugerindo não ser esta entidade fator de risco para
morbidade
ou
mortalidade após o procedimento.”
Além
da alteração miocárdica propriamente dita já referida, a presença de disfunçãoendotelial
também
foi demonstradaem
grupo de pacientescom
hipotireoidismosubclínico.43 Este achado, associado às alterações descritas
no
perfil lipídico, sugere ser ohipotireoidismo subclínico fator de risco para
doença
coronariana, e provavelmentetambém
paradoença
arterial periférica,conforme
descrito inicialmente por Bastenie,22 e- 4
confirmado
por estudos mais recentes.8' 4”45Vários estudos
demonstraram
associaçãodo
hipotireoidismo subclínicocom
alteraçõesno
perfil lipídico. Através da avaliação de função tireoideanaem
grupo depacientes portadores de dislipidemia, foi descrita a ocorrência de
10%
de hipotireoidismosubclínico
em
um
grupo de mulheres.46 Tsimihodimos,47em
estudo semelhante, encontrouprevalência de
4,4%
de hipotireoidismo subclínico,com
melhora nos parâmetrosbioquímicos da dislipidemia após reposição honnonal,
em
pacientescom
níveis deTSH
>
12 mU/l, pré-tratamento.
Em
ambos
os casos, foi demonstrada associação entre os achados.Ayalazl
demonstrou
correlação entre as alteraçõesdo
perfil lipídico e os níveis deTSH,
ficando
mais evidentesquando
os níveis deTSH
foram maiores que 12 mU/l. Alteraçõespequenas,
mas
significativas nos níveis de LDL-colesterolem
pacientes que apresentavam níveis deTSH
entre 5 e 10mU/l também
já foram descritas.”Segundo
alguns autores, níveis elevados de LDL-colesterol e lipoproteínas evoluíram
com
melhora~ ~ - - 44 48
com
a reposiçaocom
L-t1rox1na.8” ”Apesar
destes dados, a relação entre hipotireoidismo e dislipidemia foi contestadapor alguns autores. Pirich,49 através da avaliação de 1922 indivíduos submetidos a
com
0,8%
de ocorrênciaem
pacientes nonnocolesterolêmicos e1,4%
em
hipercolesterolêmicos.
Não
foi observada associaçãodo
hipotireoidismo subclínicocom
efeitos adversos
no
que diz respeito a fator de risco cardiovascular.Assim
como
aassociação entre hipotireoidismo subclínico e dislipidemia, a reposição
com
L-tiroxinaem
hipotireoidismo subclínico visando tratamento de dislipidemia é questionada quanto ao seu
benefício.
Bognerfo
analisando a prevalência de dislipidemiaem
pacientescom
hipotireoidismo subclínico e grupo controle, encontrou prevalência semelhante nos dois
grupos.
Com
relação a resposta ao tratamento, observou melhorano
perfil lipídico,mas
normalização somente
em 50%
dos pacientes.Em
outro estudo de intervençãocom
reposição
hormonal
para pacientes portadores de dislipidemia e hipotireoidismo subclínico,Tanissl descreveu a redução dos níveis de colesterol total,
embora
estes continuassemacima do
normal.Estado de humor,
componentes
afetivo e cognitivo, ememória
mostraram-se alteradosem
pacientes portadores de hipotireoidismo subclínico.”A
associaçãoobservada entre hipotireoidismo subclínico e depressão, faz
com
que seja consideradocomo
fator de risco para esta condição.”Melhora
significativado
quadro depressivocom
a reposição
com
L-tiroxina foi observada.52”54Alterações músculo-esqueléticas
também
foram relacionadas ao hipotireoidismosubclínico. Beyerss determinou os níveis séricos de creatina quinase
(CK)
em
pacientesportadores de hipotireoidismo subclínico e estabelecido, observando níveis
aumentados
também
no
hipotireoidismo subclínico, sugerindo haveralgum
grau de disfunçãono
metabolismo músculo-esquelético nesta condição. Disfunção muscular
com
achados clínicos e bioquímicos foi descrita por Monzani.56O
autor avaliou os níveis de lactato epiruvato
em
repouso e após exercício,em
pacientes portadores de hipotireoidismo e grupocontrole.
Foram
descritos níveis mais altos de lactato após exercíciono
primeiro grupo.Este achado sugere disfunção oxidativa mitocondrial, já reconhecida
no
hipotireoidismoestabelecido.
O
autor observou que quanto maior otempo
de evolução da insuficiênciatireoideana, maior o grau de disfunção muscular demonstrado. Isto poderia explicar a
capacidade reduzida ao exercício e a queixa freqüente de fadiga.
Outros efeitos periféricos anormais
têm
sido relatados,como
a lentificação de relaxamentodo
reflexo Aquileu, deforma
semelhante ao que ocorreno
hipotireoidismoestabelecido, sugerindo o
comprometimento
neuromuscular, inclusivecom
níveis elevados. . ,_, . . ,_,
comprometimento
da velocidade decondução
e de parâmetros eletrofisiológicos nãoforam
encontrados
em
grupos de pacientescom
hipotireodismo subclínico.58”59O
hipotireoidismo subclínicotambém
foi associado a distúrbio de função ovariana,com
a presença de menorragia e infertilidade.60Também
foi descritoaumento
nos níveis de prolactina, quepôde
ser revertidocom
a terapia de reposição.39°6l Este achado referente a prolactina não foiconfinnado
por Bals-Pratsch,62 que não encontrou diferenças entrepacientes portadoras de hipotireodismo subclínico, estabelecido e grupo controle
na
avaliação de infertilidade através dos parâmetros prolactina,
LH
e cortisolem
mulheresinférteis.
Baseado
neste estudo, o autor sugeriu que não se justificaria o uso de L-tiroxinaem
hipotireoidismo subclínico visandomanejo
da infertilidade.Há
divergênciascom
relação à conduta frente ao hipotireoidismo subclínico, tantono
que diz respeito à investigação, quanto ao tratamento.lH5'l7*19”2°*34'63 Helfand e Redfern,“ a partir de meta-análise de estudos de prevalência e seguimento de pacientesportadores de hipotireoidismo subclínico, sugeriram que programas de screening não
seriam,
em
princípio, justificados.Segundo
os autores, tal procedimento deve estarvinculado ao fato de que resultados alterados
em
testes estariam associados a futurascomplicações, de
fonna
que seguimento e tratamento precoce melhorariam a evolução,reduzindo o risco de complicações.
Os
benefíciosdo
tratamento deveriam se sobrepor aosefeitos adversos e aos riscos do tratamento a longo prazo.
No
hipotireoidismo subclínico estas questões não estão aindabem
definidas,uma
vez que estudos randomizados detratamento
em
pacientes sintomáticos sao inconclusivos e pessoas assintomáticas naotêm
demonstrado benefício
com
a terapêutica.”De
um
modo
geral, foi proposto screening para mulheresacima
de 50 anos,sugerindo que sejam feitas avaliações periódicas
em
pacientescom
fatores de risco paradisfunção tireoideana,
como
sexo feminino, uso de drogas quecomprometem
a funçãotireoideana por longo tempo, história familiar
ou
pessoal dedoença
tireoideana,hipercolesterolemia, depressão e história de doença autoimune.6*“ Esta proposta foi feita
em
consensocom
as recomendaçõesdo
American
College of Physycian,l9American
Thyroid Association, Royal College of Physician e
American
Association of ClinicalEndocrinologistsó
Da
mesma
forma
que 0 screening, a intervençãocom
reposiçãohormonal
também
vem
sendo discutida, sugerindo que sejam considerados os fatores deadversos
com
a reposiçãohormonal no
que diz respeito acomprometimento
ósseoou
cardiovascular, desde que não haja indução de hipertireoidismo.13 ”]9°34
1.4
Hipotireoidismo
Subclínico
eAutoimunidade
O
hipotireoidismo subclínico tem, assimcomo
o hipotireoidismo estabelecido, aautoimunidade
como
a sua principal causa de ocorrência espontânea.A
etiologia autoimune dadoença
tireoideana e' evidenciada pela presença dos autoanticorpos antitireoideanos, marcadoresdo
processo autoimunena
tireóide,conforme
definido pelacorrelação observada por Bakerós entre a presença de anticorpos, mais especificamente
anti-TPO, e achados citológicos de tireoidite.
No
que diz respeito à presença de autoanticorpos e hipotireoidismo, foi descritacorrelação entre a positividade de anticorpos e o nível de
TSH,
sendo observado quequanto mais alto o nível de
TSH,
mais prevalente a presença de anticorpos.”Aproximadamente
80 a90%
das mulherescom
níveis deTSH
>
12mU/l
apresentaramautoanticorpos antitireoideanos,
aumentando
a incidênciacom
a idade.”Com
níveis deTSH
entre 5 e l0mU/1,60%
dos pacientes apresentaram autoanticorpos antitireoideanosloO
papel dos anticorposna
patogênese de doenças autoimunes não está de todoesclarecido, apesar de mais de
40
anos de estudo.Enquanto
certos anticorpos sãocausadores
bem
definidos da lesão tecidual, algunsparecem
não ter efeito nocivo,mesmo
sendo classicamente detectados
no
soro de pacientescom
doença
autoimune, e tendoassim, importância diagnóstica.
A
maioria dos anticorpos "nocivos"causam
a morte dacélula-alvo por lise, enquanto que outros, particularmente aqueles dirigidos contra
receptores hormonais na superfície de células endócrinas,
podem
teruma
ação tantoestimuladora quanto bloqueadora destes receptores, causando anormalidades funcionais.66
O
dano
tecidualna doença
autoimune émediado
tanto por eventos de respostaimune
celularcomo
humoral,com
envolvimento de linfócitosT
e B, processamento deantígenos por macrófagos e células teciduais e secreção de
um
grandenúmero
de fatoressolúveis.
No
que diz respeito aos autoanticorpos e doença autoimune endócrina maisespecificamente, o
dano
à célula-alvo e tecidualpode
ocorrer por: l) formação deinflamatório; 2) efeito citotóxico
na
célula-alvoem uma
reação envolvendo células "killer"(K), conhecida
como
citotoxicidademediada
por célula dependente de anticorpo(ADCC);
3) estimulaçãoou
bloqueio de receptores hormonais, levando a hipoou
hiperfunção celular; 4) estimulação
ou
bloqueiodo
crescimento celular.66No
estudo da patogênese da autoimunidade tireoideana, três antígenos específicos¡Ê!
clássicos
foram
bem
caracterizados: a tireoglobulina, a tireoperoxidase e o receptor deTSH.”
A
tireoperoxidase(TPO)
é aenzima
essencialna
biossíntese dehormônios
tireoideanos, expressa
na
superfície celularquando
as vesículas exocíticasque
carreiamtireoglobulina se
fundem
com
amembrana
plasmática apical para a liberaçãodo
colóide.Peptídeos
da
tireoglobulina eTPO
são expressosna
superfície das células folicularestireoideanas. Tal achado adquire particular relevância
em
vista da descoberta de que moléculas de classe IIHLA
(DR)
estãoanormalmente
presentesna
superfície de células tireoideanas de pacientescom
Tireoidite de Hashimoto.68A
expressão simultânea deautoantígenos tireoideanos e moléculas
DR
em
células foliculares foi propostacomo
desencadeadora da autoimunidade tireoideana e responsável pela perpetuação
do
fenômeno
imune
dirigido contra a glândula tireóide.67O
anticorpo anti-tireoglobulina éum
marcador de autoimunidade tireoideana,mas
não
tem
um
papel patogênico definido, por não ter efeito citotóxico.67No
estudo já citado,realizado por Baker,65 foi descrita a correlação entre anticorpos antitireoideanos e achados citológicos de doença tireoideana autoimune.
Dos
65 pacientes portadores de Tireoidite de Hashimoto,documentada
citologicamente porpunção
aspirativacom
agulha fina, 15(23%)
apresentaram anticorpos anti-tireoglobulina, enquanto que 61(94%)
apresentarampositividade para anticorpo anti-TPO. Outros estudos descreveram esta
menor
freqüênciade anticorpos anti-tireoglobulina
do
que anti-TPO, estando presentesem
14 a23%
dospacientes
com
Tireoidite de Hashimoto,em
geral associados a anticorpos anti-TPO.67°69Pinchera67 sugeriu que estes anticorpos não sejam
normalmente
fixadores decomplemento
ii!
Até a década de 80, era feita referência ao antígeno microssomal e seu respectivo anticorpo (anti-
microssomal), cuja natureza permaneceu desconhecida até sua caracterização, quando foi então definido
como sendo a tireoperoxidase.'54`l57 Considerando que está bem estabelecida a relação antigência entre o
antígeno microssomal e a tireoperoxidase, neste estudo será utilizada a denominação tireoperoxidase, mesmo
e, portanto,
não
causam dano
celular direto. Este achado sugere que,na
maioria dos casos,a autoimunidade tireoideana
pode
ser diagnosticada somente pelamedida
de anti-TPO.A
dosagem
de anticorpos anti-tireoglobulina,mesmo
quando
feita pormétodo
muito sensível,não
fomeceu
informações diagnósticas adicionais àmedida
isolada de anti-TPO.7°Sua
medida
é apenas justificadaem
situações especiais,como
tireoidite pós-parto eno
acompanhamento
do
câncer diferenciado da glândula tireóide.7l”72Anticorpos dirigidos contra o receptor de
TSH
(TRAb)
podem
serdo
tipoestimulador
ou
bloqueadorda
produção deAMPc
dependente deTSH
nas célulastireoideanas, tendo este último sido descrito
em
tireoidite autoimune.Na
tireoiditeautoimune, anticorpos bloqueadores
do
receptor deTSH
são detectáveis quase que exclusivamenteem
pacientes hipotireoideos, sendo sua prevalência maiorem
hipotireoidismo estabelecido (descrito
em
10 a20%
dos casos)do
queem
insuficiênciatireoideana subc1ínica.73
Sua
prevalência e níveismédios
foram mais altosem
hipotireoideos
com
Tireoidite deHashimoto
sem
bóciodo
que naquelescom
Tireoidite deHashimoto
com
bócio, estando, assim, sua presença relacionada ao desenvolvimento dehipotireoidismo e atrofia tireoideana.74
Com
relação ao anticorpo anti-tireoperoxidase, Mariotti” estudou sua presençaem
715 indivíduos, 119 controles e os demais portadores de doenças tireoideanas, considerando positivos níveis de anti-TPOacima
de 10 U/ml. Foi encontrada positividadede
99,3%
nos portadores de Tireoidite de Hashimoto,8,4% no
grupo controle e11,1%
em
portadores de doença tireoideana não autoimune, sendo observados títulos mais altos
em
pacientes hipotireoideos não tratados, e redução progressiva
com
o tratamentoem
12 a 18meses.
Em
outro estudo, Doullay76 definiu88%
de positividade de anti-TPOem
portadoresde disfunção tireoideana autoimune.
De
um
modo
geral, considerando que a freqüência de anticorpos anti-TPO é maiselevada que anticorpos anti-tireoglobulina, e que seu papel imunopatológico está
melhor
estabelecido,
com
correlação diretacom
achados histológicosem
casos de tireoidite,65considera-se que sua detecção seja o parâmetro mais
fidedigno
para o diagnóstico deTireoidite de Hashimoto.69”70'72'75
Além
disso, níveis elevados de anti-TPO apareceramcom
maior freqüênciaem
pacientes que apresentamtambém
elevação anormal deTSH.”
Altos títulos de anticorpos anti-TPO estão presentes
em
tomo
de90%
dos pacientescom
tireoidite autoimune. Anticorpos anti-TPO são capazes defixar
complemento
e iniciarmecanismo,
a lesão tireoideanapode
sertambém
decorrente de citotoxicidademediada
por célula dependente de anticorpo.68O
mecanismo
pelo qual aTPO
entraem
contatocom
o sistema imunológico e apartir daí desencadeia a resposta
imune
ainda é discutido.Em
princípio, aTPO
estariarestrita à
membrana
apical dos tirócitos,sem
contatocom
as células imunocompetentes.O
contato dos tirócitos
com
estas células seriamediado
pelamembrana
baso-lateral. Destaforma, haveria necessidade de ruptura da estrutura folicular para a ocorrência desta
apresentação,'quando
na
verdade, isto parece ser mais conseqüência,do
quemecanismo
inicial
do
processo autoimune.Zimmer”
atravésdo
estudoda
localização ultra-estruturalde
TPO
e anti-TPO, observando suas presençasem
estruturas intracelulares (retículoendoplasmático, vesículas transportadoras e aparelho de Golgi,
bem como
na
própriamembrana
basolateral), reforçou a afirmativa de que tirócitos expressam moléculasHLA
de classe II, atuando
como
células apresentadoras de antígenos. Assim,complexos
formados por peptídeos de
TPO
e moléculasHLA
de classe IIna
membrana
basolateralpodem
iniciar a apresentação deTPO
para linfócitos e a conseqüente formação deanticorpos anti-TPO.
Quanto
aforma
de inícioda
lesão, o envolvimento de citotoxicidademediada
porcomplemento
foi estudada por Chiovato,78 quemediu
o efeito citotóxico através deum
"percentual de lise específica"
em
pacientes portadores de tireoidite autoimune (TireoiditeAtrófica
e Tireoidite de Hashimoto), doença não tireoideana e saudáveis, demonstrandoatividade lítica maior de anti-TPO
em
indivíduos portadores de hipotireoidismo subclínicoe estabelecido,
quando comparados
a indivíduos portadores de tireoidite autoimune,porém
eutireoideanos.
Na
Tireoidite Atrófica observou-secomprometimento da
função tireoideanacom
a presença de anticorpos bloqueadoresdo
receptor deTSH.”
No
grupo deportadores de hipotireoidismo (subclínico e estabelecido), observou-se
uma
prevalênciasignificativamente maior da atividade lítica de anti-TPO
em
portadores de Tireoidite deHashimoto,
quando comparado
a portadores de Tireoidite Atrófica. Parkes79 verificou queanticorpos presentes
em
soros de portadores de doença tireoideana autoimune tinhamelevada capacidade de
fixação do
complemento,quando comparados
aos soros deportadores de doença tireoideana não autoimune e indivíduos saudáveis.
Em
trabalhoposterior, Parkesso
demonstrou
também
que anticorpos anti-TPOcom
capacidade de fixarcomplemento
estavam envolvidosna
patogênese da tireoidite pós-parto, relacionando a suaA
citotoxicidademediada
por célula dependente de anticorpo(ADCC)
é definidacomo
um
dosmecanismos
citotóxicos envolvendo ambos, imunidade celular e humoral,dependendo
de interaçõescomplexas
entre células-alvo, anticorpos e célulasK
efetoras.Este
mecanismo
e o envolvimento de anti-TPO foi definidoem
doença tireoideanaautoimune
em
estudo de Rodien,8lem
que anticorpos anti-TPOmediaram
ADCC
de maneira dose-dependente, enquanto que anticorpos anti-tireoglobulina não o fizeram.No
entanto, dos 34 pacientes avaliados, três deles não apresentaram concordância anti-TPO/ADCC,
sendo anti-TPO positivos,mas
ADCC
negativos.A
imunidademediada
por célula dependente de anticorpoem
pacientes portadoras de disfunção tireoideana pós-parto foi estudada por Kuijpenssz que observou que mulherescom
anticorpos anti-TPOapresentavam anormalidades da imunidade celular distintas daquelas vistas
em
gestantesnormais,
com
percentual de célulasNK
persistentementemais
baixo e percentualaumentado
de célulasT
ativadas. Desta forma, testes de imunidade celularou
humoralpoderiam
ser fator preditivo para a evolução de disfunção tireoideana pós-parto.Alguns
autores discutiram o possível efeito inibidor da atividade da tireoperoxidasepelo anticorpo anti-TPO,
comprometendo
a síntesehormonal
e conseqüentemente a funçãotireoideana,
além
de causar ainflamação da
tireóide.Okamoto83
sugeriu que anti-TPO nãosomente liga
TPO, mas também
inibe diretamente sua atividade,embora
seus dadostenham
sido obtidosem
experimento in vitro.Kohnogs além
de estabelecer prevalência de6,4%
de anti-TPO positivoem
indivíduos saudáveis,também
comparou
a capacidade deinibição
da
atividade daTPO
por anticorpos anti-TPO nestes indivíduoscom
a deportadores de tireoidite crônica, estabelecido por achados citológicos.
Foram
encontradasdiferenças de especificidade de anti-TPO nos dois grupos, o que sugere que anti-TPO de
indivíduos saudáveis não se liga aos epítopos relacionados aos sítios de
combinação
com
osubstrato, não interferindo
com
a funçãoda
enzima. Saller84 definiu a natureza heterogênea dosAc
anti-TPO, estabelecendo que osAc
reagem
com
aomenos
dois determinantesantigênicos da molécula de
TPO.
Entretanto a avaliação diretada
sua influênciana
atividade
da
TPO
não mostrou inibição significativa da atividade enzimática pelos soros deportadores de
doença
tireoideana.Segundo
o autor, a não confirmaçãodo
efeito inibitóriona
atividade daTPO
éum
indício de que nãohá
ligação direta de auto-anticorpos aos sítiosenzimáticos de
TPO,
indicando que não são fatores importantesna
produção de disfunção1.5
Papel das
Subclasses
de
IgG Anti-TPO
na
Tireoidite
Autoimune
Os
anticorpos são moléculas proteicas referidascomo
imunoglobulinas (Ig),compreendendo
uma
população heterogênea de proteínas.Em
humanos, há
cinco classesprincipais de Ig: IgG,
IgM,
IgA,IgD
e IgE, que diferem nacomposição
das suas cadeiaspesadas,
mas
não nas suas cadeias leves.A
maioria dos autoanticorpos são das classesIgG
e IgM.66As
subclasses deIgG
humanas
são definidas por diferenças estruturais nas suas cadeias pesadas e suadistribuição
no
soro normal é 60,3-71,5%do
total deIgG
para IgG1,19,4-31%
para IgG2, 5,0-8,4% paraIgG3
e 0,7-4,2% para IgG4.85As
diferenças nas suas estruturastambém
refletem
diferenças nos seus papéis biológicos. Desta forma, foi definido queIgG3 tem
maior capacidade de
fixar
complemento, sendo que esta capacidade diminuina
ordem
IgG3>IgG1>IgG2>IgG4.l5°
AnticorposIgG1
eIgG3
são mais eficientesdo
queIgG2 ou
IgG4,
da
mesma
especificidade, para lisar eritrócitos, por exemplo, por ADCC.86'87Os
métodos
laboratoriais correntemente disponíveis para amedida
de anticorposanti-TPO não discriminam entre os isotipos de anticorpos que interagem
com
o sistemacomplemento
e aqueles que não o fazem.Anticorpos anti-TPO
foram
predominantemente da classeIgG
em
estudo de Kotani.88 Vários estudosdemonstraram
que os anticorpos anti-TPO sãopredominantemente das subclasses
IgG1
e IgG4.A
participação deIgG2
eIgG3
foidemonstrada de
forma
muito discretaem
poucos estudos.89`94O
achado de que certo percentual de indivíduos saudáveis (6,4%) apresentaramanticorpos antitireoperoxidase, não desenvolvendo, entretanto,
comprometimento
defunção tireoideana, sugeriu que as especificidades de autoanticorpos anti-TPO
em
indivíduos saudáveis são diferentes daquelas de pacientes
com
tireoidite autoimune, sendoo papel de anti-TPO
no
soro de pacientes portadores de tireoidite diferente dos saudáveis.95A
comparação
da subclassificação deIgG
anti-TPO de pacientes portadores detireoidite e saudáveis foi realizada por Kohno,96 que observou predomínio de IgG1
no
primeiro grupo e predomínio de
IgG4 no
segundo grupo.Guo94
também
demonstrou,em
estudo in vitro, queIgG1
anti-TPO,mas
não IgG4,importância da subclassificação de anticorpos anti-TPO e enfatizando que, mais
do
quesimples
marcador
dedano
tireoideano, esses anticorposdesempenham
um
papelna
indução de disfunção tireoideana in vivo.
Briones-Urbina,98 estudou grupos de gestantes estabelecendo que o
desenvolvimento de tireoidite pós-parto
com
hipotireoidismo coincidiucom
títulossiginificativamente mais altos de IgGl, discreto
aumento
deIgG2
enenhuma
alteração deIgG3,
quando comparado
às gestantes eutireoideanas que apresentaram níveis mais baixosde
IgGl
e mais altos de IgG4. Neste estudo não foi observada correlação entre asubclassificação de
IgG
com
otamanho do
bócio,quando
presente,ou
severidadeda
doença
clínica. Janssongotambém
observou a presença de IgGl eIgG4 na
subclassificaçãode anti-TPO
em
gestantescom
tireoidite autoimune pós-parto, edemonstrou
o predomínioda
subclasse IgG1 nas pacientes que desenvolveram hipotireoidismo.A
presença de anticorpos anti-TPO da classe IgE foi descrita por Guo,97 que sugeriuque pela sua baixa concentração, provavelmente não
desempenham
algum
papel in vivo-
sua presença,
no
entanto, sugeriuuma
ligação entre doença tireoideana autoimune eresposta
imune
envolvendo célulasTH2.
1.6
Avidez
de Anticorpos
Antígenos naturais, exceto
pequenos
haptenos,normalmente contém
mais deum
determinante antigênico e portanto, ligam-se a mais de
uma
molécula de anticorpo.Um
único anticorpo,
em
condições normais,pode
se ligar aum
antígeno multivalenteem
vários sítios de ligação. Para IgG, essa ligação
pode
envolver até dois sítios de ligação, porquehá
somente duas regiões decombinação
por molécula de anticorpo. Essaintensidade total de ligação é
chamada
de avidez e geralmente é muito mais forte que aafinidade, termo referente à força de ligação de
um
dado
anticorpo aum
único epítopo. Matematicamente, a intensidadeda
avidezaumenta
quase que geometricamentecom
oaumento do
número
de sítios de ligação. Assim,uma
molécula deAc
de baixa afinidadepode
ligar-se muito fortemente aAg
multivalentes pois a somatória de interações de baixaafinidade