UNIVERSIHQUE FEHERfiL
UE
8ñNTA
CATÊRINQ
CENTRO
UE
CIÊNCIQS
DA
EDUCAÇÃO
PROGRAMA
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PÓSWGRQUUQCÃU
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EUUCÔCÃU
CURSO
DE
MESTRADO
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EDUCAÇÃO
CENTRQ
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IDÉIA DE
UNIVERSIUAÚE
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UNIUERÉIUAHE QUE`NASCE
Hissertacão äuhmetida
ao
Colegiado
do
Cuvao
de
Meâtrado
em
Educação
do
Centro
de
Ciências
da
Educação
em
cumprimento
parcial para
a
obtenção
do
titulo
de
Hefitre
em
Educaçäo.
ñPROVAUO
PELÊ
CUHIBSÃU EXAHINAUURQ
em
13/05/93
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(Suplente)
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FÊURU
ANTÔNIO
DE
LINQ NETO
Florianópnlifi,
Santa
Catarina
ED
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E
II
______.í
209.624-5O
UFSC'BU Êfliíallawca Univarsliâlflai Éaflaa
ãPEDRO
ANTÓ/v/O
DE
L/MA
NETO
A
IDEIA
DE
UNIVERSIDADE
NUMA
UNIVERSIDADE
QUE
NASCE
___ *:§.$§.1 'if 4 vi.
¡BL1‹_)1¬'ECA
SETORIAL
ggggizo CIENCIAS
EDUCAÇÃO
CEI) .
UFSC
Dissertação de Mestrado
em
Educação
(Educação eTrabalho), exigência parcial para a obtenção
do
grau deMestre. Orientada pelo Prof. Norberto Jacob Etges.
Apresentada à
Comissão
julgadorado
Centrode
Ciên-cias da
Educação da
Universidade Federalde
Santa Catarina.UNIVERSIDADE
FEDERAL DE sANrA CATARINA
CENTRO
DE
CIENCIAS
DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO
DE
CIÊNCIAS
DA
EDUCAÇÃO
ACURSO DE
MESTRADO
EM
EDUCAÇÃO.
ECOMISSAO JULGADORA.
PROF.
DR.
NORBERTO
JACOB ETGES
PROF.
DR.
LAURO
CARLOS
WITTMANN
PROF.
ARISTIDES
CIMADON MSC
PROF.
CARLOS
GHISLANDI
MSC
SIMULANDO
UMA
APRESENTAÇÃO...
1
-
INTRODUÇÃO
-~
2
-
GRANDES
UNIVERSIDADES
DO
MUNDO
OCIDENTAL
3
-
A
UNIVERSIDADE
ALEMÃ
DE WILHELM
VON HUMBOLDT
4
-
A
UNIVERSIDADE
INGLESA
DE
NEWMAN
5
e
A
UNIVERSIDADE
AMERICANA DE WHITEHEAD
6
-
A
UNIVERSIDADE
FRANCESA DE
NAPOLEÃO
'S,¿z¡¿;Y~VÍ“c¡0 . _
ECA
99€
' 'B*`°“ʧ@“°`ÍÍ;§0
~?`Õ "' _ '7
-
UMA
UNIVERSIDADE
QUE
NASCE
CEST
Cg)
7.1
-
O
HISTÓRICO
7.2
-
O
CONCEITO
7.3
-
A ORGANIZAÇÃO
8
-
BIBLIOGRAFIA
8.1
-
CITAÇÕES
BIBLIOGRÁFICAS
DO
TEXTO
RESUMO
O
presente trabalho tenta investigaro
conceito básicode
Universidade.Em
seguida,entendendo
que
a idéia de Universidade é aforma
concretacomo
o conceito-base se objetiva, analisa quatro universidadesmodernas
do
mundo
ocidental procurando desven-dar-lhes a idéia.
As
universidades escolhidas, aleatoriamente,foram
aalemã
deHumboldt,
a inglesade
Newman,
a americana de Whitehead, a francesade
Napoleão. Depois, por tereu
acompanhado
de
pertoum
período importantedo
"Projeto da Universidadedo
Oestede
Santa Catarina-
UNOESC”,
procuro examinar o conceito-base dessanova
Universi- dade.O
nascimentoda
UNOESC
é entendidocomo
exigência da realidade objetiva histórica da região e se procura mostrar a necessidade que elatem de
ser implantada eimplementada
a partir de seu conceito-base:"Comunidade de
professores e alunosque
buscam
o
conhecimento la s uisa e o difundem lo ensino e Pela extensão”.Assim
›universalizando cada vez mais as pessoas pelo conhecimento, deverá
promover de
maneiraimaginativa
o
desenvolvimento, para que os indivíduospossam
usufruirdo
progressoo
mais intensamente possível.As
formas organizacionais atuaisda
UNOESC
deverão cederlugar a outro
modelo que
facilite a realização da suaIDÉIA.
A
interdisciplinaridade, a criatividade da pesquisa, hão de preservar a instituição dos laços das burocracias finalísti-cas. *
A
er"
.
V
.TQRML
BIBUOTECA
ÊE
AÇÃO
CENTR‹"› ('.í1Êâ1×fClA>EDUC
. cE:o _
UFSC
L 77 ,_ ___
ABSTRACT
This is an attempt to investigate the basic concept of the university.
Given
that theIDEA
of a university is the real
form by
which the basic concept is manifested, the paper goeson
to analyze fourmodern
western universities in an effort to reveal theIDEA
of each of them.The
university modelswere
chosen atrandom
as follows,Germany
(Hmboldt),England (Newman),
USA
(Whitehead) and France (Napoléon). Finally, havingaccompa-
nied closely an important stege of the
UNOESC
Project in the University of theWestern
Santa Catarina State, the basic concept of this University is analyzed.The
birth ofUNOESC
is here understood as theanswer
to the real historicaldemand
ofthe region
and
attempts toshow
the need for implantingand
implementing in accordancewith the basic concept of a
"community
of professors and studentswho
seekknowledge
through research and spread it through education and extension”. Thus, universalizingaccess to
knowledge
and promoting development in an imaginativeway,
people can availof progress as intensively as possible. Êresent organizational structures at
UN
OESC
should giveway
to anothermodel
with a view to facilitating the carrying out of theIDEA.
Bothinterdisciplinary and creative research should preserve this institution
from
the morass ofAGRADECENDO
SE
AS
HORAS DE
VIDA
DEDICADAS
A ESTE
MODESTO TRABALHO
PUDESSEM
SER
TRANSFORMADAS
EM
DÁDIVAS
EU
AS OFERECERIA...
Ao
Professor Norberto Etges,meu
orientador, pela atenção.Aos meus
Professoresdo
mestrado: Lauro Wittmann, Reinaldo Fleuri, Edel Ern, SelvinoAssmann,
pela reflexão e paciência.Aos
colegasdo
curso. Todos...com
relevo para a Aurea, Zeina, Tânia, Araci, Gilson,Lalu e
Gonga.
Aos
funcionáriosdo
curso de mestrado pelas gentilezas.Aos
coordenadoresdo
curso, Prof.Erno
Daglieber eAndré
José Angotti.A
ACAFE
pelo apoio financeiro concedido.A
minha
mãe, queme
acompanha
peloscaminhos
davida interrogando-me
sem
me
perguntar...A
tia Zilda e ameus
irmãos,amigos
fiéisde
toda hora...A
dona
Carlota,mãe
deminha companheira
A
memória
demeu
Pai, e demeu
Sogro, indivíduos incomparáveis!Ao
Professor AristidesCimadon
e à Equipe daUNOESC,
pelo carinho,compreensão
eamizade.
A
Isabel,minha
companheira de caminhada...incentivadora, secretária, amiga,
que
me
tem
carregadoquando
cansadoDe
minha
perspectiva, julgoum
dever ético euma
obrigaçãode
justiça apresentar este trabalho frisando, de maneira especialíssima,que
as reflexões aqui apresentadas foramsorvidas dos anos
de
experiência e estudos do_ ProfessorNORBERTO JACOB
ETGES.
Quando
inicieio Curso
de Mestrado, era funcionário da Extensão Rural e pensavaelaborar
um
trabalho sobre essa atividade. `Devido
a circunstâncias conjunturais da vida, tive oportunidadede
conhecer o"Projeto
de
Universidadedo
Oeste de Santa Catarina”.Foi incentivado pelo Professor Norberto que iniciei,
ou
melhor, iniciamos a pensarno
tema" Universidade”como
possível proposta de dissertação de Mestrado.Tenho
consciência clarade
que àminha
dissertação "falta a brigade
uma
escolaou
visão contra outra, falta talvez o debate,o
confronto de doutrinas”como
me
disseultimamente
meu
orientador.Mas,
ouso apresentar esta dissertaçãocomo
iníciode
uma
caminhada
pessoal e grupal.Se
algo for encontrado de novo, de avançado,de ousado
neste trabalho, é fruto dos estudos, da experiência e da vivência de universidadedo
Mestre Norberto.Minha
expectativa é prosseguir nessa caminhadaacompanhado
de tão excelente8
1
-INTRODUÇÃO
O
homem
éum
ser históricoque
sepõe no
mundo
com
o
dom
de conhecero
universo. Esse conhecimento se amplia
como
principal instrumento decompreensão
danatureza e
como
elemento concreto de produção de novas formasde
riqueza.Com
isso,o
conhecimento torna-se a base sobre a qualo
homem
cria e recriao
mundo,
refazendo continuamente o novo, atravésdo
processo de posição e dissolução,em
patamares
sempre
mais elevados e mais complexos.Visto dessa perspectiva o conhecimento revela-se
como
negação e construção, aofazer e refazer suas categorias, suas leis, suas teorias. Assim,
o
conhecimento torna-seelemento determinante dos processos mais avançados de produção e de evolução da ciência
e da tecnologia
que
sãotambém
instrumentos e meios utilizados pelahumanidade
para suprir suas necessidades e seus carecimentos. .O
indivíduo, ao ver ampliar-se ocampo
da ciência descobre a possibilidade deusufruí-la, atingindo maiores graus de liberdade e realização.
Mas, compreende
também
que aumenta
sua dependência e a impossibilidade de usufruir de todoo
conhecimentoproduzido.
Para
o
indivíduo emesmo
para os cientistas e especialistas abrem-se, cada vez mais, as áreasdo
conhecido. Este fato os distancia,sempre
mais,da
possibilidadede
abarcartudo
o
que
foi construído pela humanidade.O
indivíduo-sujeito, enquanto ser historicamente posto, alicerçaráno
conhecimen-to, na razao, sua existência, gerando para si
mesmo
a exigência, a necessidade de participarsem
constrangimento,sem
limite, desse conhecimento universal.Os
indivíduos imersosno
quotidiano de seus afazeres e preocupaçõesnão
podem
se responsabilizar por recolher o saber produzido pela
humanidade no
passado.Nem
tãopromoção
de
saberes novosque
realizem,com
o
progressoda
ciência,o avanço
tecnológicoe a afirmação das individualidades.
l
Há,
pois, a necessidade deque
surjauma
instituiçaoque
seocupe
e cuide desse direitoque
as pessoas têm, de saber.É
a materialidade históricado
homem
que
exige quesurja essa instituição que tenha por essência ocupar-se e responsabilizar-se pela busca de conhecimentos velhos e novos. Isso acontecerá na instituição
denominada
universidade através das açõesde
"pesquisa de mestres e discípulos”. Outras formas institucionais existentes,como
Centros de Pesquisa, Laboratóriosde
Informações,Fundações
deInvestigações,
têm
suas responsabilidades científicas voltadas para conhecimentos particu-lares.
São
centros particulares de indagação e dedicam-se a apreciar informações e aaprofundar e avaliar conhecimentos
que
interessam a setores específicos, a regiões determinadas, a produções especiais. Dirigem-se a interesses mais imediatos e singulares.Essas instituições contribuem sobremaneira para
o
progressoda
ciência e desen-volvimento da humanidade.
Mas
se contrapõem ao conceito de universidadeporque
aquelasvisam
a produtos específicos que interessam a setores particularísticos e esta, a saberes universais,sem
limitede
liberdade de ensinar e pesquisar.‹
À
universidade, por sua
mesma
definição, procura a universalidade dos conheci-mentos
paraque
toda ahumanidade
possa usufruir deles.Á
universidade cabe verificaro
saber, a razão.É
seu princípio fundamental.É
seu conceito. Verificar: de "verus” e "ficare". Verus é 0 verdadeiro, a verdade. "Ficare' 'é
de
fazer surgir, provar, tornar verdadeiro: . .. "que a busca da verdade prossiga,em
toda parte,sem
constrangimento, éum
direito da humanidade,como
humanidade”,
diz Karl Jaspers (1).
Dessa
forma, a universidade aparececomo
a instituição encarregadade
resguardar; resgatar e realizaro
direito das pessoas de conhecer,de
atingir ede
participar10
Negar
ao indivíduo o direito de verificar 0 saber, é negar-lhe a capacidadede
sepôr
como
sujeitono
processode
superar seus limites; é negar-lheo
talentode
suplantar as barreirasdo
tempo-espaço e os obstáculosque
0
mundo
atual lhe põe."A busca da verdade é
uma
tarefa à qual os homens devem poder se consagrar livremente ecom
todas as suas energias.Os
mais jovens devem aprendê-la, incessantemente, junto aos mais velhos, para prolonga-latambém
na vida concre-ta. Juntos
fomzam
a comunidade de pesquisadores e dos estudantes. Essa comu-nidade de homens que fazem profissão de apreender a verdade
em
toda a sua extensão constitui a universidade 'Í (2).Esta é a posição da Universidade
Alemã
que, durante a primeira décadado
séculoXIX,
com
a fundação da Universidade de Berlim e tendo Wilhelnvon
Humboldt
como
preceptor, afirmou-se
no
mundo
das instituições universitáriascom
um
conceito base deuniversidade. t
A
buscado
conhecimento vai desde a codificação cumulativa das verdades jádesvendadas pela
humanidade
até a produçao de conhecimentos novos eaprofundamento
das conquistas tecnológicas e científicas já obtidas,
promovendo
novas teorias.Através
da
universidade, o conhecimento deixará de estar baseadono tempo
eno
espaço restritos, ligando-se a todas as partesdo mundo.
E
a efetividade da universidade f ; A . . . A . . z ~ara
com
que
sua essencia se realize, pois amera
essencia,sem
exteriorizaçao, é estáticae vazia.
A
exteriorização da efetividade da universidade dar-se-á através das pesquisas, das aulas, dos relatórios, das publicações, dos debates edo
convíviode
mestres e alunos, e atéA
pesquisa, estimulando a criatividade e a ousadia, desvenda os segredos das diversas maneirasde
ver e interpretar o quotidiano, cria e explica teorias,além
de ativar as potencialidades subjacentesdo
saber já atingido.A
pesquisa criao
novo.A
aulatem
sido a prática responsável pelo primeiro impulsodo
confronto entre a potencialidadedo
discípulode
receber o conteúdoda
ciência já conhecida eo
intelecto aptoe aberto para a discussao. '
Os
relatórios possibilitam novas formas de expressãodo
saber transmitido.A
elesunem-se
as publicações expressasem
livros, revistas,monografias
e artigos.A
elas juntam-se, hoje, os filmes, os slides, os softwares e inúmeros instrumentos, máquinas eequipamentos mecânicos e eletrônicos auxiliares
do
ato de reelaborar0
saber e possibilitara descoberta
do
novo.Os
debatesgeram o
confronto das teorias e a reflexão individual e grupal apresentando-secomo
uma
das mais importantes formas deo
saber se abrir e ser abertopara as inovações.
O
convívio de mestres e discípulos estimulauma
certa cumplicidadeno
desvendar os segredosdo
desconhecido e na partilhado
conhecido.I
A
necessidadede
garantiro
bem-estar da própriahumanidade
exige, por vezes, da pesquisa universitária,o
segredo das descobertas científicas. Tais segredosprovocam
influências marcantesno comportamento humano,
determinando opçõesde
novos estudose
de
outras pesquisas,sempre
mais avançadas.A
universidade, dessa forma,em
suas múltiplas facetas, exterioriza-se realizandoa tarefa
de
construção,no
interior da sociedade,do
indivíduo sujeito mais racional e maisuniversal.
A
universidade verdadeira de nossos dias, que tenhacomo
conteúdo primeiro apreocupação
com
a adequação ao saber e a pretensão de formar indivíduos-sujeitoscom
a condição livres dianteda
ciência e da tecnologia, há procurar objetivar-secomo
realizadora12
2
-
GRANDES
UNIVERSIDADES
DO
MUNDO
OCIDENTAL
Da
reflexão sobre o conceito simples de universidade, entendidocomo
comunidade
de
mestres e discípulosque
buscam
o conhecimento pela pesquisa eo difundem
pelo ensinoe pela extensão, surgiu a motivação para ~uma rápida análise de alguns
modelos
deinstituiçoes universitárias
do
ocidente.Tomou-se,
por base, a identificação e acompreensão do
conceitode
cadauma
delase a
forma
práticacomo
sepuseram no
mundo
da ciência.A
escolha recaiu sobre quatro modelos relevantesde
universidadesque
se distin-guiram
pela influência que tiveram nosrumos do
progresso tecnológico eno
direciona-mento
das ações da educação e da própria ciência. São: a UniversidadeAlemã
de
Wilhelm
Von
Humboldt,
a Universidade Inglesa deNewman,
a UniversidadeAmericana
deWhitehead
e a Universidade Francesa de Napoleão..
A
presença e a atuação dessas universidadesdeterminaram, freqüentemente, o direcionamento
do
fluxo
das pesquisas edo
progresso, na tentativade
resolver questões básicas que, há muito, suscitam o interesse e a atenção da humanidade.As
questões básicastêm
no problema do
saber edo
conhecimento seu ponto inicial.As
instituições universitárias, aqui discutidas, pautaram suas ações eprogramaram
suas atividades objetivando
sempre o
científico e a ciência, ora entendidoscomo
"a consecução de
um
saber abstrato, geral, que abarcassetodos os saberes
menores e permitisse a passagem de
uma
especialidade para outra, a qual daria,finalmente,
em
acesso ao conhecimento domundo
em
sua totalidade “(3)ora entendidos
como
algoque
Apesar
dos avanços dahumanidade
nocampo
do
conhecimento, a ciência aindanão chegou
a ser compreendida essencialmentecomo
"uma produção,
uma
transformação de "dados" deum
campo
especfiiconuma
linguagem sistemática e coerente, Talcomo
a produção material se 'fragmento"em
milhares de produtos que atendem a carecimenros doshomens
e se constituina civilização material, na cultura material do presente, a ciência constrói igualmente
mundos
que constituemcomo
obra a unidadeem
efetivaçãodo
homem
com
a natureza: "A unidade deles aparececomo
meio-termo entre ambos,como
obra dos dois,
como
a realidade terceira à qualambos
se referem e na qual sãoum
mas também como
aquilo no qual eles se distinguem "(5).A
ciência, assim entendida, demitiza e destrói a concepção deuma
possível totalidade unificável da verdade total,_como possibilidadede
ser atingida, fonte eorigem
de
toda a verdade.A
caminhada
da humanidade, através dos séculosem
buscado
saber, fezcom
que
outrora a teologia, depois a ñlosofia parecessem e fossem tidascomo
portadoras da possibilidade
de
conteremem
si essa verdade total.No
século passado, à física e,no
séculoXX,
á biologia foram atribuídas taispotencialidades.
Porém
esse conceito de verdade totalcom uma
lógicaque
possibilite alcançaro
saberem
sua totalidade, não tem existência possível.É
logicamente impossívelporque
a ciência éuma
construçao contínua que se poecom
potênciassempre
mais elevadase
sempre
distintas.Analogicamente, seria
como
a totalidade dos bens materiaisque
alguém
possui eque
quer possuir.Quanto
mais bens se tem, mais rico de bens se e.Mas
é impossível possuir todos os bens e aninguém
é atribuídoo
dever de possuí-los todos para dizer que viveem
plenitude,ou que
possui a totalidade deles.14
`
No
âmbitoda
ciência, quanto mais teorias se tem, mais se conhece a natureza, mais ahumanidade
domina
a natureza.'Porém
não se atribui a ninguém, anenhuma
instituição,e
nenhuma
área específica o deverou
a possibilidade de conhecerou
englobar todas asteorias.
Por
meio
das teoriasque
sesucedem
eque
geram
novas teorias,compreende-se
acaminhada que
ahumanidade
fez atravésdo
saber. Pelo desvendar contínuo dos conheci-mentos
obtidos, compreende-se que as especializações vão deixando mais evidentes os limitesdo
saber já atingido, abrindo novas potencialidades e maiores possibilidades paraa pesquisa
do que
é desconhecido.Tal' atitude provoca a
humanidade
paraque
volte às áreasque
domina
e a partir daí continue a construir novas teorias geradoras de novos conhecimentos.Mas
essa lógica não chega à totalidade, não proporciona a apreensãode
um
saber absoluto.É
uma
caminhada
3
-
A
UNIVERSIDADE
ALEMÃ
DE
WILHELM
VON
HUMBOLDT
A
UniversidadeAlemã
deWilhelm
Von
Humboldt
alicerçou-se na constatação deque
uma
das aspirações mais profundasda
humanidade
é conhecer, é atingiro
saber, tantono
planodo
indivíduo quantono
plano coletivo. Assim, ela desenvolveuum
conceito deuniversidade
que
foi postoem
execução a partirdo
iníciodo
século passado.Segundo
K.Jaspers,
Humboldt
(1767-1835) procurou desenvolver a idéia básicada
UniversidadeAlemã:
"uma
comunidade
de mestres e alunosque
buscam o
conhecimento' '.O
pressupostodessa posição é
que
o saber trazem
si a potencialidade de atender ede
criar satisfaçõescontínuas e renovadas para a sociedade e o indivíduo,
no
campo
intelectual e material,com
o
desenvolvimento das mentes e o progresso tecnológico.O
objetivo primordial da Universidadede
Von
H
umboldt é secundar a necessidadee a decisão
da humanidade de
querer atingir o saber.Essa necessidade gera
um
direito, o qual gerao
dever socialde que
esse direito se concretize na materialidade da vida dos cidadãos.Essa procura
do
conhecimento reveste-se das características estimulantes da liber-dade
de investigação, impulsionando a vontade para o aprofundamento constante dos dados e teorias já atingidos.Uma
das características da buscado
saber é o processode
descoberta e detecçao dos limites inerentes a cada descoberta, além dacoragem
de aceitarque o
limite, e anegação/superação da verdade desvendada
provocam
a continuidadedo
processo deconstrução, gerador de novas verdades
que
sucessivamente se sobrepõem, negando-se e sobressumindo-se.Na
ciência nãohouve
e quase não há consciência disso. Ela se vê absoluta, infinita, linear!l6
A
UniversidadeAlemã
nasce sobo
signo da física, que despontoucomo
senhoraabsoluta entre as ciências
do
séculoXIX
ecomo
modelo
acabadode
atividade científica(6)-
A
opção
pelo posicionamento científico exigiuque
a pesquisa, na UniversidadeAlemã,
assumisse posição de destaque, porque a ciência se apresentavacomo
um
conhecimento metodológico de conteúdo probatório e de validade geral, e
porque
opensamento
científico era compreendidocomo
uma
aberturado
espírito à crítica (7).A
pesquisada
Universidade deHumboldt
dedicou-se aos conhecimentos existentes, partindo das ciências conhecidas e dosfenômenos do
quotidiano, tentando desvendar~lhes os segredos, as teorias e as potencialidades subjacentes. 'As
exigências das pesquisas tinham por finalidade estimular alunos e mestres paraa aventura
da
vida intelectual.No
entender de K.Jaspers,"a universidade não poderia prosseguir na descoberta da verdade
sem
reconhecera pesquisa cientfiica
como
tarefa primeira e, portanto, tudo fazer para favoreceros trabalhos científicos de seus pesquisadores. Dois princípios a orientaräo nesse caminho: a unidade do saber e a unidade da pesquisa e do ensino "(8). '
A
pesquisa organizou-se, então,como
um
ritoque
previauma
primeira fase de convivênciade
mestres pesquisadorescom
os alunos.Vivendo
lado a lado, aos mestres cabia a obrigação depromover
nos discípulos atitudes científicasem
qualquer atividade intelectual desenvolvida.A
imposição deuma
postura metodológica e científica na análise eno
desempenho
das açõesde
pesquisa constituiuum
elemento fundamentaldo
progresso tecnológico.Após
o períodode
iniciação e concomitante a ele surgiriam múltiplosmétodos
depesquisadores, dos discípulos e da realidade
econômica
na qual estava inserida a univer- sidade.Dessa
forma, a UniversidadeAlema
adequava a pesquisa ao ensino eo
ensino à pesquisapromovendo
além disso a formação deum
homem
adaptado e preparado para agir cientificamente. .Na
concepçaoda
UniversidadeAlema, o
ensino écompreendido
como
" processode
aprendizagemda
atitude científica”.O
ensino fazcom
que
alunos e mestres, isto é,pesquisadores e discípulos, ao trabalharem juntos,
desenvolvam o
próprio potencialintelectual.
`O
ensino só alcança os objetivos da aprendizagem se for conduzidonum
ambienteonde
se desenvolva a pesquisa. Dessa forma,da
perspectiva dos estudantes,o
ensino verdadeiro sópode
existir se vier ligado à pesquisa. Ela se apresentacomo
parte essencialdo
processode
aprendizagem..Se
se analisar da perspectivado
mestre,o
ensino, na concepção da UniversidadeAlemã,
obriga aum
trabalho didático totalmente envolto na atmosfera dos projetos de pesquisa. Esse posicionamento serviude
base aos defensores da UniversidadeAlemã
que
mostram
que se o processode
aprendizagem dos estudantes tiverna
pesquisa sua objetivação, além dela provocar nos discípulosuma
constante preocupaçãocientífica,
também
favoreceráo
financiamento das atividades didáticas da universidade por empresas e instituiçoes preocupadascom
a melhoria e o avanço tecnológico tanto de seusprodutos finais quanto dos métodos para produzi-los.
O
que
parece evidente é que a UniversidadeAlemã
posiciona-se pela unidade dapesquisa e
do
ensino. JacquesDreze
é enfático ao analisar essa questao vivenciada pelaUniversidade
de von
Humboldt."O
princqiio de unidade da pesquisa e do ensino, por iniciativa dos estudantes,dos professores e da instituição, é rica
em
consequências. Somente o pesquisador pode, verdadeiramente, ensinar: qualquer outro se limita a transmitirum
pensa-18
memo
inerte,-mesmo
se estiver pedagogicamente ordenado-em
vezde
comunicar a vida do pensamento ''(9).
Para atingir seus objetivos e realizar seu conteúdo a Universidade
de von
Humboldt
estruturou-se organizacionalmente
em
torno de quatro institutos básicos à época: filosofia,teologia, direito e medicina.
Na
caminhada
evolutiva da organização da instituição, foram as exigências daespecialização e
da
diversificação das disciplinas que forçaram a universidade amudar
e atualizar continuamente seusesquemas
organizacionais.Evidentemente
que
a UniversidadeAlemã,
devido a fatores conjunturais, atendeu a particularismos edemandas
de caráter técnico-receitual.O
setor industrial, o setormilitar,
o
aparecimentode
elitesque
põem
no
status social suaforma de
seimpor
nasociedade, agiram e pressionaram os
rumos
da instituição universitária alemã.A
universidade, inseridano
contexto das relações sociaisdo
país, precisou atenderaos sistemas e às demandas,
mas
pela presençade
grandes mestresque
cultivaram a racionalidade objetiva,pôde
enfrentar graves conflitos gerados pelas opções políticasdo
país e influenciar as grandes universidadesdo mundo,
principalmente dos EstadosUnidos
da
América
eda
Inglaterra.Na
contínuamarcha
de adaptação às exigências e aos avançosda
ciência, da tecnologia eda
sociedade, Karl Jaspers, continuador e analistada
obrade von Humboldt,
na segunda décadado
séculoXX,
chamou
a atençao para a necessidadede
uma
redefiniçaoda
universidade.Mas
essa redefinição não atingiu seu conteúdo básico e, sim, as formasde
realização deste conteúdo.O
núcleo conceitual foi preservado: "instituiçao de pesquisade
mestres e discípulos''.As
grandesmudanças
e a adaptação aos novos carecimentos, exigidas pela sociedade, deverão produzir-seem
volta desse núcleo centralque
caracteriza e identifica a UniversidadeAlemã
devon
Humboldt
(10).20
4
-
A
UNIVERSIDADE INGLESA
DE
NEWMAN
Com
relevante presençano
mundo
ocidental, a Universidade Inglesa foi, duranteséculos, reconhecida
como
instituição eficaz,no
exercício da função educativa formadorade
personalidades. ~Principalmente Oxford,
Cambridge
são universidadesque
seimpuseram
por seusmétodos,
programas
e capacidade de formar tipos definidos de pessoas.Mas,
ao se fazeruma
opção de análisede
instituições universitárias dos últimos séculos, escolheu-se a Universidade Inglesa deNewman.
JohnHenry
CardealNewman,
(1801-1890), célebre filósofo e educador inglês que,com
sua obra"The
idea of a University' 'posicionou-se
com
clareza quanto ao tema, épersonagem
marcanteno
mundo
dos estudos evolutivos das universidadesdo
ocidente.Newman
definiu a universidadecomo "um
lugarde
ensinodo
saber universal”(1 1), fruto da exigência natural da aspiraçao
do
homem
ao conhecimento. _Ao
tentar,porém,
formularum
conceito de universidade, não consegue passar deuma
representação aoafirmar
ser a universidade"um
lugar”. Ele a torna simplesmenteum
pontode
encontro.Afirmar
que
a universidade éum
lugar, é defini-lacomo
espaço demera
agregaçãoonde pode
acontecer que os professores nãotenham
tanta importânciaquanto os grupos dos alunos se encontrando, conversando e debatendo sua própria cultura.
A
noção
de espaço, usada para definiruma
instituição universitária, fragiliza a possibilidadedo
surgimento deuma
entidade que, de acordocom
o
própriopensamento
de
Newman
deveria satisfazer,no
serhumano,
a aspiração ao saber.É
do
contexto das afirmações deNewman
que
se depreendeque
a universidadeé "um lugar de ensino do saber universal " e que "isso implica que seu objetivo. tivesse por objetivo a descoberta cientfiica e filosófica, não vejo por que ela devesse
ter estudantes
”
(12).Tal posicionamento de
Newman
é melhorcompreendido quando
se conhece suagrande preocupação pela educação e pela formação de
um
tipo dehomem
específicoque
o
Império Britânico tinha necessidade de formar: educar era formar o "gentleman". DizNewman,
caracterizandoo
homem
a ser moldado:"É
bom
serum
"gentleman ”, teruma
inteligência cultivada,um
gosto refinado,um
espírito leal, justo e sereno,uma
conduta nobre e corrês. Taís são as qualidades que seacompanham
naturalmente, deum
vasto saber. Elas são 0 objetivo deuma
universidade " (13).Assim, a universidade para
Newman
éuma
instituiçãode
elite ampla,com
essafunção precípua
de
formaro
"gentleman".Mas
a experiência demonstrou,ao
longodo
tempo,que o
"gentleman" não foium
produtor de idéias novas.De
certa forma, ele sóaprende e só considera, a instrução que lhe é dada.
Só
valorizao
estabelecido eo que
ébem
claro e seguro.O
"gentleman”, nunca se tornaráum
exploradorde
idéias,um
descobridor,um
pesquisador e jamais fará avançar a ciência e a tecnologia. Ele nao é contra os avanços da
ciência e da técnica,
mas
não consideracomo
sua, a funçãode
fazê-las progredir.Por
causadisso, a Universidade de
Newman
trazem
siuma
certamarca de
conservadorismo.Se, na análise, se tem
em
consideração a época vivida porNewman,
entende-semelhor o porquê de
ter ele limitado a universidade auma
mera
agregação de alunos e dedisciplinas.
A
primeira edição de seu livro é de 1852 e nele está expresso seupensamento
central‹
22
já existia á época.
É
uma
instituiçãosem
pesquisa, encarregada e preocupadacom
aformação
dessa eliteampla
que o ReinoUnido
necessitava.A
Inglaterra careciado
"gentleman"como
líder,como
administrador, responsável pelamanutenção do
império político britânico.Os
inglesesdominavam
grande partedo
mundo:
passando pela China, Índia, por extensas regiões africanas e asiáticas. Muitosdependiam do
reino inglês e essa dependência tornava urgente aformação de
elementosque
se aprimorassemna
arte das relaçõeshumanas
epudessem
lidarcom
reis, imperadores,líderes e
povos de
outras terras.A
universidade, então, orientada para tais carecimentos,formava
o administradordo
império.E
fazia isso de maneira rija, disciplinada, quase eclesiástica. Ela norteava aeducaçao para a arte
da
política.Com
certeza, a Inglaterra da metadedo
séculoXIX
ainda não sofria,de
modo
intenso,
o
fluxo
e a pressão da ciência e da tecnologia advindos da revolução industrial, jámaterialmente presente.
Começava,
porém, a ficar evidente,que
não é possível aprofundar a ciência só atravésdo
ensino edo
debatedo
conhecimento anteriormente atingido.Um
grande "college"como
é,em
síntese, a proposta deNewman,
não
promove
ainovação
da
ciência.O
"college" é, antesde
tudo, repetidordo
que já existe,do
que jáfoi dito.
Por
outro lado, a ciência só avança através da pesquisa edo
distanciamentodo
imediato.
A
estrutura organizativa da instituição universitária idealizada, descrita e implan-tada por
Newman
tomou
formas facilitadorasdo
atingimento dos objetivos e dosfins
propostos.
Imprescindível para isso
um
eficiente sistema residencial e a presença vigilante dos"tutors' '.
"se eu devesse escolher entre
uma
pretensa universidade sem regime de internatonem
regime de "tutors ", a qual concederia seus diplomas a toda pessoa aprovadaem
um
exame sobre matérias variadlssímas euma
universidadesem
professores,sem exames, que se contentasse
em
fazer coabitar jovens, durante três ou quatro anos, antes de sua partida para a vida...-
eu preferiria, sem hesitação, auniversidade que não fizesse nada, àquela que exigisse de seus estudantes o
conhecimento de todas as ciências existentes ” (14).
Tal
afirmação
é muito coerentecom
sua proposta inicialde
universidadecomo
"lugar de ensino
do
saber universal”.E
conclui:"Quando se reúnem para trocas livres, jovens
bem
dispostos, abertos, ávidos eobservadores
como
o sao.os jovens, eles nãopodem
deixar de aprender no contato,uns
com
os outros,mesmo
na ausência de professores.A
conversa de todos éuma
série de cursos para cada um; eles adquirem para si próprios, no dia a dia, idéias
e pontos de vista novos, matéria nova para reflexão, princípios de julgamento e
de
ação”
(15).Dentro da compreensão do que
seja a formaçãodo
"gentleman” edo
enfoquedo
ensino, a universidade inglesa deNewman
deu notável contribuição às formas organizativas das escolasdo
mundo
ocidental, apesar de se reconhecerque
falta a ela visão dauniversidade
como
entidade de pesquisa a impulsionar ahumanidade
parao
progresso eo desenvolvimento.Quando
Newman,
falandodo
ensino-aprendizagem, afirmaque o
ambiente de24
"uma atmosfera de pensamento puro e claro, que o estudante respira também,
ainda que ele próprio se prenda somente a algumas disciplinas entre muitas ' '
(16),
parece querer expressar, exatamente, a idéia de
que
tanto o discípulo precisa conhecer ocerne,
o
básicoda
disciplina que estuda, quanto precisa vivernum
ambiente escolar demútuo
respeito.`
O
direcionamento e a organização da Universidade Inglesa, atravésde
mecanismo
administrativos,
deram
essa tonalidade de seriedade a todoo
trabalho realizado pelaUniversidade
de
Newman.
A
organização universitária, equacionada à realidade, criou os meios paraque
pudesse serpromovida
a orientação que oportunizou a realização prática dos objetivos e propostasdo
educador.5
-
A
UNIVERSIDADE
AMERICANA
DE
WHITEHEAD
A
UniversidadeAmericana
teveem
Alfred NorthWhitehead
(1861-
1947)um
analista competente que viveu grande parte da vidaem
Cambridge
na Inglaterra e depois transferiu-se para Harvard nos Estados Unidos.Whitehead
escreve sobre universidadeno
momento
em
que Harvard
iniciava suaexpansao através
da
aprovaçao e implantação deuma
Escola de Ciências Econômicas. Ele expressa a preocupação de que a universidade, adentrando essa área específicado
conhecimentohumano,
não deixe de preservar sua adequação aostempos
e às circunstânciasda
vida americana e mundial.Tece
elogios contínuos à imaginaçao criativacomo
instrumento de transformaçaodo
conhecimentohumano
em
atividades e atitudes concretas e excitantesque
propiciem àhumanidade o
prazer de trilharo caminho do
progresso.A
aspiração dahumanidade
ao progresso éo
ponto de partidada
explicitação da concepçãoda
Universidade de Whitehead. Diz ele:"... as universidades constituem os meios principais para a fusão de
atividades progressistas
em
instrumentos efetivos de progresso. Naturalmente, (as universi-dades) nao são os únicos meios,
mas
éum
fato de que, hojeem
dia, as nações progressistas são aquelas nas quais florescem as universidades " (17).Whitehead
considerao
progressocomo uma
visão intelectualque
se tenha deum
novo mundo, onde
a vida é preservada pelo gosto de viver eonde
subsisteuma
sociedadeque tem
por finalidade as satisfaçoes da própria vida.Nessa
sociedade a produção de bens gera o confortoque
proporciona aoshomens
26
vida
econômica
e social quepromove
e provoca contínuas mudanças,em
todos os níveisdo
existirhumano,
construindo-sesempre
em
planos mais elevados.O
fluxo
dos carecimentos,uma
vez preenchidos pela tecnologia e pela ciência, criaimediatamente novos carecimentos, promotores da construção de novas e contínuas
mutações.
O
suceder-se inextinguível de carecimentos e plenificações é a produçãodo
progresso, o qual é fruto,
em
parte, da ação da universidade.O
núcleo conceitual da universidade paraWhitehead
é assim expressoz..."as universidades são escolas de ensino e de pesquisa.
Mas
a razão principal desua existência não se encontra no mero conhecimento que transmitem aos estudantes ou nas meras oportunidades de pesquisa que proporcionam aos
membros
da faculdade. .. a justificativa parauma
universidade é que ela preservaa conexão entre o conhecimento e 0 gosto pela vida, unindo jovens e velhos na causa imaginativa do ensino ” (18).
"Ou a universidade é imaginativa ou não é nada -pelo
menos
nada de útil ” (19).'
Na
verdade, a objetividade, a racionalidade objetiva está mais na prática americanado que no
discurso.É
por isso que a Universidade de Whitehead, americana, está muito maispróxima da
UniversidadeAlemã
devon
Humboldt, que conceituou a universidadecomo
uma
comunidade
de alunos e mestres que pesquisam.Em
compensação,
a universi-dade
americana é mais aberta a todos.Ao
comentar a questão da universidade nos Estados Unidos,Whitehead
faz imediata ligação à históriado povo
americano:quem
ele é?. .. deonde
veio?...que
motivos o trouxeao
novo
continente?. .. e na objetividade e na imaginatividade dos antepassadosingleses, transformados nos
modernos
americanos, a força impulsionadorado
desenvolvi-'
É
também
nesse contexto de apologia da imaginação eda
criatividadeque
fala da funçao educativa da universidade: ~"a razão de ser da universidade, do ponto de vista educacional, é colocar os jovens
sob a influência intelectual de
um
grupo de estudiosos ímaginativos ” (20). _. afunção apropriada da universidade é a aquisição imaginativa de conhecimentos "
(21).
Na
proposta da estruturaçao organizacional da universidade americana, juntamentecom
a reocu a ão da reserva ão da democracia 3 e o cuidadode
ossibilitar a aberturae
o
acesso a todoo
cidadão que a queira frequentar, ele insiste na presença da imaginaçãocomo
fonte norteadora das funçoes da instituiçao."Toda a arte na organização de
uma
universidade estáem
proporcionaruma
faculdade cujo ensino seja iluminado pela imaginação " (22).
Faz
parte ainda da responsabilidade dequem
estrutura organizacionalmenteuma
universidade, preocupar-se
com
a necessidade de estimular o auxíliomútuo
entre os estudantes,além de
incentivar a participação deles nas diversas atividadesda
instituiçãozzSe, por
um
lado é imprescindível a disciplinacomo
elementoformador do
educando, o usoda
autoridademoderada
emoderadora
não éem
nada atrofiadora da imaginatividadeda
juventude.A
busca incessantedo
equilíbrio das relaçoes na instituiçao universitária, tendo por base opensamento
liberal, possibilita0
surgimentode
inúmeros interessesque
se revelamde
múltiplas formas.A
universidade afigura-se a Whiteheadcomo uma
instituiçãoque pode
ajudar a conduzir ahumanidade
a equilibrar interesses múltiplos e a constituirum
modelo
ético facilitador da concretizaçãodo novo mundo.
28
Ainda, segundo Whitehead, deverá haver
uma
preocupaçãocom
a ética,que
há deser debatida e inculcada na universidade, criando a disciplina
do
caráter.É
essa disciplinaque
haverá de tornar a convivênciahumana
organizada e respeitadora dos limitesdo
homem
e da natureza.A
funçao educativa da universidadehá
de organizar suas rotinas administrativaspara desenvolver a arte de utilizar os conhecimentos e a cultura
com
vistas a tornarharmoniosa
a convivênciahumana,
diz o educador anglo-americano.Whitehead
mostraque
a vida da nação americana é afetadaou
pelo funcionamentoou
pela disfunção das universidades.E
tenta provar essa posição expressando, inclusive,preocupações referentes a
uma
possível desorganização das universidades, forçadas pelofluxo
das relações sociais a se adaptarem às urgências da sociedadeque exigem
delas abertura às idéias, àmassa
dos cidadãosque
buscam
cultura e à administração moderna.Para Whitehead, a universidade, ao
mesmo
tempo
que está inserida na sociedade,deve
cultivar a independência frente ao Estado. Ela nãopode
nunca seruma
unidade alheiaà realidade
que
a circunda,nem
fechadaem
sua torre de marfim. Organizadaem
faculdadese atendendo pelo ensino e pela pesquisa às especificidades das múltiplas áreas
do
conhecimentohumano,
não éo
centroem
voltado
qual gravita a sociedade,mas
éum
dos múltiplos elementos responsáveis e importantes na consecução
do
desenvolvimentoedo
progresso das nações.Ê
6
-
A
UNIVERSIDADE
FRANCESA
DE
NAPOLEÃO
A
universidade francesa napoleônica, pela análise e interpretação dos escritosdo
próprioNapoleão
Bonaparte ( 1769 - 1821) ede
estudiosos, nasceu para seruma
corporaçãoresponsável pela
ordem
socialdo
país.E
deveria reger~se poruma
disciplina rijado
pontode
vista da hierarquia, utilizandocomo
método,uma
orientação dogmática, quase ecle-siástica.
Napoleão
pretendiaque
a universidade formasseo
"francês",com
"habitus” próprio:um
tipo dehomem
característico,com
um
protótipobem
definido.O
pontode
partidado
direcionamento proposto pelo imperador era a necessidadede
organizar a nação, formarum
povo
nacionalmente consciente e orgulhoso dessa nacionalidade.À
universidade coube papel importante nessa tarefade
plasmar amente do
francês, através da educação. Napoleão assim se expressa:
"Serviço Público do Estado, a universidade imperial é ideologicamente subjugada
ao poder e se vê assumindo a função geral de conservação da ordem social pela difusão de
uma
doutrinacomum
"
(23).Tendo,
portanto, esse alicerce, fica evidenciadoque o
imperador e seus assessorespropõem
à universidadeuma
tarefa comportamentalbem
específica.Se
a UniversidadeAlemã,
a Inglesa e aAmericana buscaram
seu conceito básicona
aspiraçãodo
homem
ao saber e ao progresso, a Universidade Francesa recebeu de seus idealizadoresuma
determinação fática, direta, específica: forjarum
tipode
homem
patriótico, singular:
"será formada sob o
nome
de universidade imperialuma
corporação encarregada30
Assim,
o
conceito da universidade implementada porNapoleão
éo de
uma
corporação encarregada deimpor
uma
mentalidade conservadorada
ordem
socialno
país,com
o
objetivode
cultivaruma
unicidade de pensar e agir, de formaruma
nação.De
fato, sobressai na Universidade de Napoleão,o
papel primordialda
organização.É
através das expressõesdo
próprio Napoleãoque
se vislumbra a preocupação pela estruturação organizativada
universidadecom
orientações claras e precisasz..."em geral, organizei a universidade
como
uma
corporação porqueuma
corpora-ção não morre nunca e porque existe transmissão de organização, de administra- ção e de espírito. Aqtribuí-lhe a formação e a vigilância das escolas secundárias, dos colégios e dos ginásios... seria necessário
queuma
corporação de professores fosse encarregada dessa empresa que, logo que deixasse de ser mantida nos sentimentos e nos caminhos deuma
boa organização, perderia o crédito rapida-mente ” (25).
Algumas
característicasda
Universidade Francesa deNapoleão têm
suaorigem
querno
fundo autoritário que ditava todo o procedimentodo
imperador quer na casernapor ele longamente vivenciada e ainda nas regras eclesiásticas rígidas e dogmáticas da
Igreja Católica
Romana
que lhe fazia frente. Pelo uso da autoridade ele pretendeu incrementar a ordem:.. quero que os
membros
do corpo docente assumam, nãoum
compromisso civil,diante de
um
tabelião ou deum
juiz, ou do prefeito ou de outra pessoa; eles seengajarão por três, seis ou nove anos, não podendo ir embora sem avisar,
previamente,
com
um
determinado número de anos de antecedência. Eles despo- sarão a instituiçãocomo
seus' antepassados desposaram a Igreja,com
a únicaQuero, entretanto, que se ponha alguma solenidade nesta tomada de hábito,
denominando-a
com
outronome
" (26).Da
prática da caserna ele copiouo modelo
disciplinar,o
universalismo contra particularismosou
caprichos de gruposou
pessoais:"quero
uma
corporação de professores que esteja ao abrigo das pequenas febresda moda;
uma
corporação que marche sempre, quando o governo cochila;uma
corporação cuja administração e' estatutos se tornem detal maneira nacionais que não se possa jamais tentar, levianamente, tran.¶'ormá-la
”
(27).Finalmente,
do modelo
eclesiástico,Napoleão
imitou a administração centralizadae centralizadora.
Como
centro das decisões, à autoridadedo
imperador era exercidacom
eficiência.Toda
a orientação deveria ter a garantia da_ chancela imperial. Foi esse centralismoque
gerou a subordinação á autoridade e, frequentemente,embotou
a iniciativae a criatividade. Tal centralização e subordinação são características
do
estilo edo
modelo
napoleônicode
universidade.O
modelo
centralizado difundiu-seem
muitas universidadesdo mundo,
principal-mente
naqueles paísesem
que a influência francesa se fez sentir mais fortemente.É
o casodo
Brasilque
adotouum
modelo
centralizado para todo o sistema educacional."La
France”,
um
dia, centro da intelectualidadedo
ocidente, deixou influências profundasprincipalmente nos países de origem latina.
À
guisade
observaçãoque
mereceria detalhamento e estudo comprobatório, pode-se citar a forma,como
no
Brasil, a educaçãoestá organizada:
um
Ministério daEducação
comandando
todo o sistema, desde os currículos das universidades até os créditos, os diplomas, os horários, as menções.É
odomínio
imperialda
culturado
funcionário.Pode-se afirmar
que
é a presença da idéia napoleônica de educação e de universidade vigindoem
nosso meio,que
produziuuma
burocracia centralizador aque
está a exigir urna32
reflexão
profunda sobre o conceito básico da universidade e isso deverá gerar amodern-
7
_
UMA
UNIVERSIDADE
QUE
NASCE
7.1
-
o
IIISÍTÓRICU
No
momento
em
que
ofluxo
damoderna
ciência e tecnologia, por volta dos anos 70,começou
a invadiro
Centro-Oeste Catarinense, aportoucom
elas a necessidadede
queaparecesse
alguma
instituiçãoque
se preocupassecom
o saber. Surgiram entidades de Ensino Superior nas cidades de Chapecó, Caçador, Videira, Joaçaba, Concórdia e outras, todas preocupadascom
a instrução e a capacitação para o trabalho dos jovens e adultos daregião.
Foram
as Fundações Educacionais instituídas à época pelos municípios dessas diversas cidades-pólo.Tais instituições de ensino estruturaram-se inicialmente
como
Faculdades Isoladasque
cresceram, incentivadas poruma
certa rivalidade e concorrência entre essas cidades e se solidificaram.O
ensino apresentava secomo
uma
das exigências maioresda
regiao. Isso seimpunha, de
um
lado,como uma
espécie de despertar das classesem
ascensão e, de outro,como
exigência causada pelo fechamento ccnjuntural dapequena economia
familiar, habituada ao sistema organizacional hereditáriocom
a transmissão das responsabilidades empresariais passando de pai para filho.Esses e outros fatores
aguçaram
a intuição deque
uma
das primeiras alternativasdo
desenvolvimento sócio-econômico e cultural deuma
população se dá pela procurado
conhecimento jáacumulado
pelahumanidade
para, a partir dele, ampliar a visãode
mundo
e buscar o novo.Os
cursosque
as Faculdades ofereciameram
da áreada
economia, administraçao, ciências contábeis, abrindo-se, logo a seguir, para a preparação parao
magistério.34
As
mudanças
daeconomia do
país, à época, orientavam para açoes e iniciativasque
visassem a qualificaçãodo
trabalhador para os setores produtivos ede
serviços daregião, abrangendo cidadãos de todas as faixas etárias.
Na
medida
em
que tais instituiçoes de ensino cuinpriam os objetivos de transmitiro
conhecimento, adequando-se às exigências da realidade, novas urgências e desafioscomeçaram
a ser sentidos, gerados pelo desenvolvimento científico e tecnológico.Era o
progresso dos setores primário, secundário e terciárioda
economia
regional,com
a implantaçao doscomplexos
industriais, que criavam esses novos imperativos.No
entanto, quer a falta deuma
análise mais profunda da realidade, quer a desatenção à evoluçãodo
mundo
que as circundava, quer a pressãodo governo
para queas Faculdades não
aumentassem o
preço das anuidades, tudo isso faziacom
que asFundaçoes
Educacionaisou
nao percebessem,ou
percebendo, nao advertissem parao
fatode que iam
ficando obsoletas quanto aos métodos e modelos administrativos e quanto aosconteúdos didático-pedagógicos empregados.
As
inovadoras propostas e exigências da tecnologia e da ciência para a região, muitas vezesnão
encontravam na administração dessas instituiçõesde
ensino a ressonância necessária para fazê-las progredir na direção deuma
pesquisa mais ousada.Por
isso, envoltas nessa dinâmica ambientalmas sem
entenderem a realidade queas circundava, permaneciam,
em
parte, inadequadas aos anseios e aos ditames da realidade.Essa inadequação não queria dizer indiferença, porque, na ânsia
de
adaptação e atémesmo
na luta pela própria sobrevivência, elasbuscavam
formasde compensar
uma
obsolescência
que
era diagnosticada,mas
cuja causa não era identificada.Foi, por isso, que surgiram,
no
nível interno e externo das instituições, tímidas linhas de pesquisa e frágeis iniciativas visando expandir alguns serviços de extensão de conhecimentos e esforços para encontrar novos instrumentos de atendimento à população, pela atualização de métodos e técnicas de transmissãodo
saber, e pela implantação deTranscorreram quase duas décadas desde a implantação dessas
Fundações
Educa-cionais.
Os
novos imperativos sócio-econômicos dos anos 80, projetando os anos90
e oséculo
XXI
evidenciavam eapontavam
para o aparecimentode
uma
nova
instituição aglutinadorado
saber.O
sistema de produção e de serviços e os ordenamentosdo mercado
interno e externo necessitavam de expansão e_ aprimoramento e forçavam
o
aparecimento dessa instituiçao nova.A
necessidadede
uma
entidade que buscasse a pesquisaafirmava-se
e afirma-secomo
demanda
imprescindível à evolução dos parques industriais e da multiplicidade deserviços implantados na região.
As
Fundações
Educacionaisdo médio
edo
extremo Oeste Catarinense foramenvolvidas
de forma
contundente para colaborarem na solução desse apelo. Por isso, astrês cidades~pólo de Chapecó, Videira e Joaçaba se uniram na perspectiva
da
criação deuma
universidade: a Universidadedo
Oeste de Santa Catarina ~UNOESC,
damesma
forma
que
Caçador, Concórdia, Curitibanos, Mafra, Canoinhas foram compelidas a se unirem eformaram
outra universidade: ado
Contestado.Ao
tratardo
nascimento daUNOESC,
fica
evidenciado seu surgimento, cornoproveniente
do
conjunto imperioso dos carecimentos e urgências dos segmentos maisevoluídos da
economia
regional do Oeste de Santa Catarina.Além
disso, seu aparecimentoreafirma
a natureza históricado
indivíduo enquanto serque
sepõe no
mundo
eque
peloconhecimento, pela razão, quer afirmar-se
como
sujeito potencial para ser indivíduo e paradominar
a natureza.Mesmo
imersono
processo de alienaçãodo
sistema de produção atual,o
homem
catarinense
do
Oeste já não é mais regional. Ele vive as vicissitudesdo
homem
m_odernoque
se universaliza.O
produto de seu trabalho agrícola, industrial, comercial e de sen/iços,fr üentemente, tem seus r os e sua avalia ao determinados P elas Bolsas
de
Valores dasgrandes metrópoles americanas, européias e asiáticas.