CM
3113
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO
DE
CLÍNICA
MÉDICA
PREVALÊNCIA DAs
CR1sEs E
síNDRoMEs
EPILEPTICAS
EM
UMA
CLÍNICA
DE
EPILEPSIA.
Autor:
Rinaldo
Claudino
Doutorando da
12.Fase de Medicina
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO
DE
CLÍNICA
MÉDICA
Autor:
Rinaldo
Claudino
Doutorando da
12.Fase de
Medicina
RESUMO
... ..INTRODUCÃO
... ..PACIENTES E
MÉTODOS
... ..RESULTADOS
... _.DISCUSSÃO
... ._CONCLUSÃO
... _.SUMMARY
... ..REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
SUMÁRIO
. › . z . . ‹ - - - ¢ z . . . .. ¢ . . . - - - . ‹ . z . - . .U . . . ¢ z - - z .. . « . . . . . ‹ . . . z oz . . . - z . . . . ‹ ¢ . ‹ . 0. ¢ . . . z . . . . . .z . . . . . . z z . . ‹ . . . ...AGRADECIMENTOS
Ao
Dr. Paulo Cesar Trevisol Bittencourt, pela orientação e estímuloAo
funcionárioDione do
CEMESC,
pelo auxíliona
elaboração.I -
RESUMO
Foram
investigados500
prontuários de pacientesque eram acompanhados na
Clinica de Epilepsia
da
Policlínica de Referência Regionaldo
SUS
de FlorianópolisSC. Desses
500
prontuários300 foram
excluidos pornão
apresentarem dados básicosexigidos
no
protocolo: eletroencefalograma(EEG),
idade, sexo, idade de início dascrises, tipo de crises.
Dos
200
prontuáriosque preencheram
os requisitos básicos todostinham eletroencefalogrma e todos tinham a classificação
do
tipo de crise e síndromeepiléptica estabelecida.
Desse
total 119eram
homens
e 81 mulheres, idade variandoentre
66
e 83 anos - 161 tinham epilepsiacom
início antes dos20
anos e39
após os20
anos.
De
acordocom
a Classificação Intemacional de Crises Epilépticas(CICE)
de1981:
50
tinham crises generalizadas4
tinham crises parciais simples, 10 tinham crisescomplexas, 124
tinham
crises parciais secundariamente generalizadas, e 12tinham
crises
não
classificáveis.Segundo
a classificação sindrômica de 1989: 137tinham
epilepsias relacionadas a localização, sendo 1 idiopática,
64
sintomáticas,72
'
z
criptogenicas;
50
epilepsias generalizadas, destas48 eram
idiopáticas e2 eram
criptogênicas;
13
epilepsiase síndromes especiais. Q×(»\z\ ciuuoàzín '_11-
INTRQDUÇAO
Epilepsia é o sintoma de processos que afetam o cérebro de variadas formas,
mas
tem
uma
expressão fmalcomum
e cuja base fisiopatológica, éuma
excessivaou
anormal freqüencia de descargas
nos
neurônios cerebrais.(8)É
preciso enfatizar quenem uma
crise convulsiva,nem
a epilepsia éuma
doença
por simesma.
Antes é sintoma de outros processosque
afetam o cérebro devárias maneiras. (8).
Apesar
das crisesserem
as principais manifestaçõesda
epilepsia,nem
todos ospacientes que
tem
crises são epiléiicos. Muitosnrmca
terãouma
segunda crise, porisso,
nunca
serão classificadoscomo
epilépticos, pois o diagnóstico de epilepsianecessita de recorrentes crises.
Nem
os pacientesque
tem
crises recorrentes sãoclassificados primariamente
como
epilépticos, pois o diagnóstico de epilepsiapressupõe
uma
lesão estruturalou
alteração fisiológica cerebral.(8)Um
grandenúmero
de pacientesexperimentam
crisescomo
o resultado demn
distúrbio metabólico sistêmico
como
febre, o abuso de drogasou
alcool, uremiagd:
crisesocorrem
porque o clíírebro é afetado pormudanças
em
suahomeostasia. Se essas condições, são controladas
ou
abolidas, o pacientenunca
maistem
rnnanova
crise.Em
pacientes epilépticos, contudo,uma
alteraçãono
cérebro por-.
Como
último aspectona
definição, as crises febrisnão
são consideradasepilépticas, então a definição de epilepsia
na
infância está restrita a recorrentes crisesafebris.(8)
Estudos de incidência e prevalência
da
epilepsiatem
sido relatadasem
muitospaises,
mas
ascomparações
são frequentemente difíceis, porque os investigadorestem
adotado diferentes definições, critérios, diagnósticos variados e diversos
esquemas
declassificação da epilepsia,
além
disso a seleção tendenciosa éum
fator importante.Contudo, a maioria dos estudos
tem
encontrado índices de incidência de 20-70/ 100.000 habitantes por ano ( variação 11-134 / 100.000 por ano), e índices de
prevalência de 4-10 / 1000
na
população geral (variação de 1,5-30 / 1000). (13,17,18)A
incidência varia consideravelmentecom
a idade, os índices são maioresna
infância, atingem
um
platôno
inicio da vida adulta enovamente
aumentam
nas pessoasidosas.
Os
indices de prevalênciamostram
um
padrão similar,porém menos
relacionado
com
a idade (17).A
maioria dos estudosmostram
um
leve predomíniona
epilepsiano
sexomasculino.
Uma
outra estatistica interessante é a prevalência durante a vida (ouprevalência total), que é a
medida do
numero
de pessoasna
populaçãoque
alguma
vezteve epilepsia, as estimativas variam de
2%
a5%
da
população (a última esta deacordo
com
a OrganizaçãoMundial
de Saúde). Assim, talvez, lem
cada20
habitantes tenha tido
uma
crise epilépticaem
algum
momento
de suas vidas e,considerando
uma
estimativa conservadora, 1em
cada200
vai ter epilepsia.(l7)Estes cálculos indicam
que
a eplepsia é a condição neurológica séria maisprevalente: o índice de prevalência é 10 vezes o da esclerose múltipla e 100 vezes o
das doenças
do
motoneurônio.(l7)Embora
o grau de severidade da epilepsia e as incapacidades associadas sejam desconhecidasna
população geral, as estimativas de estudos oficiais nosEUA,
sugerem que
cerca deum
terço dos casos prevalentestem menos
do
queuma
crise porano,
um
terçotem
entre 1 a doze crises anuais, eum
terçotem
maisque
uma
crisemensal, e
20%
mais
que 1 crise por semana.Numa
aproximação muito grosseira, cercade
40%
de todos os pacientestem
apenas epilepsia, e o restantetem
disturbioscomportamentais, neurológicos
ou
intelectuais concomitantes.(4,13, 17)Por
muitos anos, varias comissõesforam
instituídas pela Liga InternacionalContra Epilepsia (LICE), para estabelecer
uma
classificação e terminologia das crises esíndromes epilépticas que
pudessem
ser universais.A
eramodema
da
classificaçãocomeça
em
Marseiller eHeemstede
em
1964,com
luna proposta de classificação paraas crises epilépticas,
uma
classificação clinica e eletroencefalografica das crisesem
19ó9.(õ,1'/,19)
Vinte anos mais tarde a última classificação
da
epilepsia e crises epilépticas foiadotada.
As
razões para este interessena
classificaçãotomaram-se
evidentesna
áreade desenvolvimento de novas drogas antiepilépticas
que tomaram-se
cada vez mais específicas para o tratamento de tipos de crises específicas.Como
exemplo
claro,temos
o desenvolvimento daEtasuximede
em
1960, eda Carbamazepina
em
1964,que enfatizaram a necessidade da acurada distinção entre as crises parciais
complexa
eas generalizadas tipo ausência. (6,17,19)
O
presente estudo propõe-se a classificar pacientes segtmdo asnormas
desistematização
da
LICE
de 1981 a 1989, procurando evidenciar as vantagens edesvantagens de cada sistematizaão, e
comparar
os resultados obtidoscom
o da
literatura intemacional.
III -
PACIENTES E
METODOS
Foram
analisados restropectivamente500
prontuários de pacientes portadoresde epilepsia cuja data
da
1° consulta variava entre janeiro/90 e dezembro/92,e cujos
numeros
estavamcompreendidos
entre500
e lO00( inclusive estes).Os
prontuáriospesquisados
pertencem
ao arquivo da Clinica Multidisciplinar de eplepsiada
Policlínica de Referência Regional
do
SUS
de Florianópolis-SC.Deste estudo
foram
excluídos300
prontuários pornão preencherem
os quesitosbásicos
do
protocolo, a saber: diagnóstico de epilepsia, presença deeletroencefalograma, classificação por tipo de cn`se e sindrômica já definida, idade de
inicio das crises, idade
do
paciente e sexo.Os
pacientes estudadoshaviam
sido préviamente avaliados evinham
sendoacompanhados
pelo Dr. Paulo Cesar Trevisal Bittencourt,na
clinicaacima
referida,estando já
defmidáfo
diagnóstico da epilepsia e classificados segimdo critériosclínicos e eletroencefalográficos.
As
variáveis sexo, idade, nível de atendimento e tipo de atividade exercidaajudaram-nos a traçar
um
perfil da população estudada, enquantoque
o tipo de crise,resultado
do
eletroencefalograma (EEG), resultado datomografia
computadorizada(TC)
e idade de início das crisesforam
utilizadaspara
classificar os pacientessegundo
*o tipo de crise
ou
tipo de sindrome.IV
-RESULTADOS
No
estudo de200
pacientes da Clinica Multidisciplinar de Epilepsia daPoliclínica de Referência Regional
do
SUS
de Florianópolis,foram
analisadas ahistória clínica (diagnóstico clínico) desses pacientes,
que foram
então classificadossegundo a sistematização de 1981 e segimdo a classificação de
1989 da
LICE
Segundo
a sistematização de 1981 os pacientesassumiram
a seguintedistribuição: generalizada
50
casos, parcial simples4
casos, parcialcomplexa
10,parcial secundáriamente generalizada 124 casos, e crises
não
classificaveis 12 casos.Tabela
1 - Distribuição dos pacientessegundo
,
a
classificação de 1981da
LICE.Fonte
CEMESC
Tipo de CriseN_
%
Generalizadas50
25,00 Parcial Simples4
2,00 ParcialComplexa
10 5,00 Parcial Secundariamente Generalizada 124 62,00Crises
não
classificaveis 12 6,00Segundo
a sistematização de1989
os pacientes apresentaram a seguintedistribução: 137 casos de epilepsia
ou
síndromes localizadas das quais 1 eraidiopática:
64
sintomáticas e 72 criptogênicas,50
casos de epilepsiaou
síndromesgeneralizadas das quais
48 eram
idiopáticas e 2 sintomáticos, 13 casos de síndromesespeciais.
Tabela 2 - Distribuição dos pacientes segundo
a
classificação de 1989da
LICE.Fonte
CEMESC
,Tipo de Crise
N
%
Epilepsias e Síndromes relacionadas _
pa localização 137 68,50
Idiopáticas
Epilepsia Rolândica 01
Sintomáticas
_'Epi1epsia do lobo tempomi 54
Epilepsia do lobo frontal 09
Epilepsia do lobo parietal 01
Criptogênicas 72 0,50 27,50 4,50 0,50 36,00
Epilepsias e Síndromes Generalizadas 50 25,00 Idiopáticas
Ausência da infância 05
Ausência juvenil 02
Tônico clônica generalizada 38
Epilepsia mioclônica juvenil 03
Criptogênicas ou sintomáticas
Síndrome de West 01
Epilepsia com crise mioclônica
instável 01 Sintomáticas - 2,50 1,00 19,00 1,50 0,50 0,50
Epilepsias e Síndromes Indeterminadas Focais
ou Generalizadas -
Síndromes Especiais l3 6,50
Convulsõs febris 02
Crises isoladas 10 Crises ocorrendo apenas com quadros
metabólicos ou tóxicos agudos l
1,00 5,00
0,50
Total 200 100,00
Segimdo
o conscenço internacional os pacientesforam
divididos quanto a idadede ínicio das crises em: Epilepsia tardia ( aquela que
começa
acima
dos20
anos deidade) e Epilepsia
que
começa
antes dos20
anos de idade.`-M
Tabela 3 - Pacientes sêgundo
a
idade de início das crises.Fonte
CEMESC
Idade de ínicio das crises
N
%
Abaixo
dos20
anos de idade , 161 80,50Acima
dos20
anos de idade39
19,50Total
200
100,00Segimdo
a _faixa etária os pacientes forarn dividadosem
5 faixas etárias.A
distribuição desses pacientes
ficou
a seguinte:09
pacientes entre0
e 10 anos, 55pacientes entre 11 e
20
anos, 109 pacientes entre 21 e40
anos,20
pacientes entre 41 e60
anos, 7 pacientescom
mais de60
anos.Tabela
4 - Distribuição dos PacientesSegundo
a
Faixa Etária.Fonte
CEMESC
Faixa etan`a
N_
°/O0 - 10 anos 1,1 -
20
anos 21 -40
anos 41 -60
anos>
60
anos - ø 09"' 4,50 55 27,50 109 54,5020
10,00 7 3,50 Total200
100,00Den
tre feminino.os
200
pacientes estudados, 119eram do
sexo masculino e 81do
sexoTabela 5 - Distribuição dos pacientes segundo
o
sexo. FonteCEMESC.
Sexo
N_
%~
Masculino 1 19 59,50Feminino
81 40,50 Total200
100,00Dos
200
pacientes estudados 10 procuraram a clinica de epilepsiacomo
nívelprimário de atendimento e 190 procuraram
em
nível secundário.Tabela 6
- Distribuição dos pacientes segundo nível de atendimento.Fonte
CEMESC.
Nível de atendimento
N°
%
Nível primário 10 5,00
Nível Secundário 190 95,00
Total
200
100,00.Os
200
pacientesem
estudotinham
eletroencefalograma prévio, eforam
distribuidos quanto ao foco, de irritação apresentado
no
eletroencefalograma.Assim
temos:
34
pacientescom
foco generalizado,09
pacientescom
foco frontal, 5 pacientescom
foco temporal, 14 pacientescom
EEG
irregular e92
com
EEG
normal.Tabela
7 - Distribuição dos pacientes segundo tratadodo
eletroenc efalogramaFonte
CEMESC.
Foco no
EEG
N_
%
Nonnal
Temporal
Occipital Frontal Parietal Generalizado hregular 92 5109
34
14 46,00 25,50 4,50 17,00 7,00 Total200
100,00Setenta e
nove
pacientes dos200
em
estudo,tinham
tomografia
axialcomputadorizada. Destes 51
não
tinham qualquer anormalidade,27
tinham anormalidadecom
correlação clinica, 1 tinha anormalidadesem
correlaçãochmca
Tabela
8 - Resultado dasT
omografias
Axiais Computadorizada de 79 pacientesestudados.
Fonte
CEMESC
TC
N_
%
Sem
anormalidadesAnormal
com
correlação clínicaAnonnal
sem
correlação clínicaNão
realizada 5127
01 121 25,50 13,50 0,50 60,50 Total200
100,00‹
V
-DIsCUssÃo
Não
há dúvidas, deque
o conhecimento da classificaão das crisesou
síndromesepiléticas é essencial para o
médico
que trata de pacientes epilépticos, fazeruma
correta classificação de
uma
criseou
síndrome epilética, é de grande importância paraa escolha terapêutica e para estabelecer-se o prognóstico de pacientes epilépticos.
Uma
classificação apropriada,
pode
eliminar gastoscom
investigações adicionais, naquelassíndromes que estão ligadas a causas específicas. (3,4)
Devidos
a grandes esforçosna
pesquisada
etiologia eda
patofisiologia daepilepsia, o conhecimento neste
campo
tem aumentado
nos ~útimos anos e atualmentejá é conhecido a etiologia de
algumas
síndromes. Esses progressos levaram a LigaIntemacional Contra a Epilepsia
(LICE)
a estabelecer sucessivas comissõesno
sentidode
promover
uma
adequada
classificação para as crises eou
síndromes epilepticas. (3,3)Na
classificaçãoda
epilepsiapode
ser levadoem
consideração vários aspectos,tais
como:
clínicos ( usualmente o tipo de crise), traçado eletroencefalográfico,etiologia, fisiopatologia, anatomia, idade.
Uma
vezque
consideramos a epilepsiaum
sintoma ao invés de
uma
condiçãoem
si, e a fisiopatologia éna
maioria das vezesobscura, a classificação é inevitavelmente arbitrária.(6, 17)
Em
1969, aLICE
estabeleceuum
esquema
de aplicação imiversal. Esteesquema
revistoem
1981, e adotado mundialmente, éuma
classificação por tipo decrise
na
qual os dadosdo
eletroencefalograma são considerados enquanto a etiologia,idade e localização anatômicas são ignorados. Considerando
que
essa classifieaçãonão
leva
em
canta aspectos dalreterogeneidadeda
epilepsia'
.-
um
novo esquema
- a classificação das epilepsias, síndromes epiléticase, distúrbios
relacionados
com
crises que, agora, éamplamente
utilizado, sendouma
tentativa decategorizar as epilepsias de
modo
mais
compreensível (6, 17,19)CLASSIFICAÇAO
DAS
EPILEPSIAS
POR
TIPO
DE
CRISE,
SEGUNDO A
SISTEMATIZAÇAO
DA
LICE
DE
1981:Nesta classificação, as crises estão divididas
em
três grupos principais: crisesgeneralizadas; crises parciais ( focal ); crises
não
classificáveis.As
crisesgeneralizadas subdividem-se
em
tônico-clôrricas (grande mal), ausências (pequenomal), mioclônicas, atônicas e clônicas.
As
crises parciais sao divididasem
parciaissimples, e parciais
complexas
( de acordocom
a preservaçãoou
alteração deconsciência - simples e complexa, respectivamente).
As
crises generalizadas são
aquelas nas quais as descargas epiléticas
envolvem
ambos
os hemisférios cerebraisamplo
e .simultâneamente desde o inicioda
crise, enquanto nas crises parciais aatividade epileptica está lirnitada a
uma
área focaldo
cérebro.A
atividade epilepticadas crises parciais ( tanto simples
como
complexa)
pode
difrmdir-setomando-as
generalizadas e, neste caso, a crise é
denominada
secundariamente generalizada.(6,l7)Na
literatura mrmdial,tem
sido relatadas distribuiçõesextremamente
diferentesdos . vários tipos de crises
em
estudo de epilepsiana
população,mas
variabilidade
provavelmente reflete as diferenças
nos métodos
diagnósticos.(7,1 l, 17)Embora
muitos estudos, (em
especial aqueles realizadosem
paísessubdesenvolvidos)
tenham
relatado crises generalizadascomo
o tipomais
comum,
osestudos
que
incluemuma
investigação neurológica rigorosa, geralmente,tem
relatadoque
as crises parciaiscomplexas
e secundariamente generalizadas representam cercade
60%
dos casos prevalentes, as crises generalizadas tonico-clônicas representam13
J
cerca de
30%,
ausência generalizada ("pequeno
ma1") e mioclônicasmenos
que
5%.(l7)
No
Reino
Unido,o
Estudo Nacional de Epilepsiana
Prática Geral ("NGPSE")
é
um
estudo populacional prospectivo,em
andamento
há
5 anos, atravésda
qual estãosendo coletados dados de história natural e epidemiológica de
uma
populaçãonão
selecionada. Neste levantamento de
novos
casos, o índice de crises (a crisedeterminando o diagnóstico) foi de
16%
de crises parciais complexas,4%
de crises parciais simples,36%
de crises de crises secundariamente generalizadas,33%
de crisesgeneralizadas tônico-clônica primárias,
1%
de ausências e1%
de crises mioclônicas(17),
Um
estudo realizadono
norteda
Suéciaem
1985,confinnou
uma
prevalência demais de
60%
de crises parciais.(10) _ .z _.
Como
o exposto acima, estudos realizadosem
paísesdo
terceiromundo
vem
mostrando
sistematicamenteum
predomínio de crises generalizadas.No
Brasilum
trabalho retrospectivo de
210
casos realizadoem
Curitibano
ano
de 1988, 1989, 1990,apresentou os seguintes resultados:
48%
de crises generalizadas,31,4%
de crisesparciais secundariamente generalizadas,
8,5%
de crises parciais complexas,3,3%
decrises parciais* simples, e
6,6%
de
crises inclassificáveis.(1) Estudo realizadoem
Kelibia
na
Tunisiaem,
1985 averigouuma
prevalência de quase90%
de crises tônico-clônicas generalizadas.(2) Excessão a essa regra, foi o estudo realizado
em
Peradeniyano
Sri-Lankacom
um
estudo prospectivo de1250
pacientes dos quais64,6%
tinham
crises parciais secundariamente generalizadas,
8,8%
tinham
crises parciais complexas,0,4%
crises simples,23,3%
tinham
crises generalizadas e2,9%
tinham
crises inc1assificâveis.(18),..»--`
N
0:0E
No
nosso estudo encontramos62%
de crises parciais? secundariamente¬.`&U_¡Q ; gerieralizadas,
5%
de crises parciais complexas,2%
decrises pärzciais simples,
25%
de*riu
' *\‹ \ Os ' s;z§1`5“ \ vó _ '* ' ~‹....-1' vi I ,_____...› 14 ,¿_;¿\¡;,›,¡fOcrises generalizadas,
6%
de crisesnão
classificáveis. Resultados esses, compatíveiscom
a grande maioria dos estudos realizadosno
mundo
inteiro.(2)Preferirnos
nos
apoiar nessa grande maioria de estudos realizadosno
mundo
inteiro e creditar os resultados contraditórios de alguns, a incorreta classificação das
crises parciais secundariarnente generalizadas,
como
é a opiniãodo
próprio autor deum
deles.(2)Comparada
à antiga classificação, essa sistematização representouum
indiscutível avanço tanto pela simplificação, quanto para a escolha terapêutica.(l5)
Para a terapêutica¡ a classificação entre generalizada
x
parcial e simplesx
complexa
é essencial.Por
outro lado as crises generalizadasrequerem
um
tratamentodiferente,
dependendo do
tipo de crise.Nesse
caso esta sistematização trazuma
diferenciação clara entre os diversos tipos de crises generalizadas, que
respondem
diferentemente ao
mesmo
tratamento. Porexemplo
crises generalizadas tônico-clônicasx
crises de ausência.Mas
não
faz distinção entre as crises parciais originárias dediferentes zonas
do
encéfalo.(l5)A
subdivisão de crises parciaisem
simples ecomplexas
enfatizauma
caracteristica essencial
que
em
muitos casostem
uma
repercução significantena
qualidade de vida de pacientes epilépticos. Especificamente, crises parciais,
sem
perdada consciência
tem
um
pequeno
impactona
qualidade de vida desses pacientes,enquanto crises parciais
com
perdada
consciênciatem
um
impacto grandena
qualidade de vida destes, logo,
quando
da análisedo
sucesso deum
tratamento, éextremamente importante analisar cuidadosamente o impacto
do
tipo de crise.Uma
queda na fieqüência
de crises parciaiscomplexas
tem
um
efeito muitomelhor na
qualidade de vida dos pacientes
do
que aqueda na
freqüência de crises simples. (15)Essas considerações
monitram
porque a Classificação Intemacional- de CrisesEpiléticas
(CICE)
tem
sido adotada universalmente. Dentre as suas vantagenspodemos
enumerar: (1) simplicidade, (2)
boa
correlação terapêutica, (3) relaçãocom
qualidadede vida.
Contudo
aCICE
tem
sidomenos
popular entre neurologistasque fazem
triagem de pacientes para cirurgia, devido a sua carência de informações
em
relação azona epileptogênica.(15)
'
Dentre as desvantagens desta sistematização
podemos
enumerar: Primeira -A
linguagem é imprecisa.
Por
definiçãouma
crise parcial simples refere-se a todas ascrises parciais
em
que
a consciência está preservada, e isso inclui qualquer criseonde
não
haja distúrbio de consciência.Assim
não há
qualquer indicaçãodo
local de origem(foco) da crise,
que
pode
ser qualquer localno
cérebro.O
mesmo
aplica-se as crisesparciais complexas. Por
exemplo
tantouma
clônica direita quantouma
crisepsicomotora são
chamadas
de crises parciais complexas, negligênciando toda asintomatologia que
pode
dar indicaçõesdo
foco da crise.(l5)Segimda
- hifelizmentenão
ésempre
possível determinarcom
precisão se ascrises
eram
generalizadasou
parciais,ou
se a consciência estava alteradaou
ausentedurante a crise.
As
vezes toma-se necessárioum
longo estudo de video acoplado aoEEG(pacientes sendo
fihnados
e submetidos aoEEG
simultâneamente durante24
horas
ou
mais). Esse estudo só é possívelem
poucos
casos, e certamentenão
se aplicaa maioria dos pacientes epilépticos.(l5)
Terceira -
Não
há noção
clara de prognósticos.Por
exemplo: convulsãoneonatal benigna e sindrome de
West
sãoambas
crises generalizadas.Mas
enquanto aprirneira
tem
bom
prognóstico a segimdatem
um
prognóstico sombrio.(15)Quarta -
Há
urna dependênciado
EEG,
por isso a crise sópode
ser identificadaacuradamente se
há
concordânciacom
o traçado eletroencefalográfico.Por
exemplo:1'
um
episódio de pura perdada
consicência seria classiñcadocomo
ausência seo
EEG
tivesse 'pontas ondas de
3HZ
generalizadamente,mas
seriachamada
de parcialcomplexa
se oEEG
tivesseum
foco claro de descarga.O
EEG
éno
entantodispensável
em
algims casos.(l5)CLASSIFICAO
INTERNACIONAL DAS
EPILEPSIAS,
SINDROMES
EPILEPTICAS
SEGUNDO A
SISTEMATIZAÇAO
DA
LICE
DE
1989
A
mais
recente classificação,que
data de 1989 é baseadana
origem
das crises.Por
essa sistematizão as síndromes divididas primariamenteem
generalizadas e focais,conforme
seja desencadeada inicialmenteem
todo o cérebro simultâneamente ,ou
em
uma
regiãodo
cérebro respectivamente.São
posteriormente subclassificadasem
idiopáticas
quando
a crise écom
certezaou
muito provavelmente genética, sintomáticaquando
secundárias auma
causa identificável e criptogênicaquando
tem
origemdesconhecida.(6, 15)
A
comissãotambém
classificouum
número
de síndromes epilépticas dentro das2 categorias principais (generalizadas
ou
localizadas) ecombinando-as
com
os sinais esintomas das síndromes que
podiam
ser clinicamente reconhecidas.( 6, 15)Finahnente estabeleceu-se
também
uma
categoria a parteque
são aschamadas
síndromes especiais, constituídas pelas convulsões febris, crises isoladas
ou
únicas ecrises ocorrendo apenas
com
quadros metabólicosou
tóxicos agudos.(6, 15)No
nosso estudo a distribuição dos pacientesficou
sendo a seguinte:68,5%
deepilepsias e síndromes relacionadas a localização sendo
que
destas0,5%
eram
idiopáticas,
32,0%
sintomáticas e36%
criptogênicas,25%
de epilepsias e síndromesgeneralizadas, sendo
que
destas24%
eram
idiopáticas e1%
criptogênicas,6,5%
desíndromes especiais.
A
classificação por tipo de síndromeficou
aquela vistano
tópicoresultados.(6,15)
A
Uma
síndrome epiléptica édefinida
como
um
distúrbio epiléptico caracterizadopor
um
conjrmto de sinais e sintomasque ocorrem
simultâneamente. Essascaracterísticas incluem tipo(s) de crise(s), etiologia, anatomia, fatores precipitantes,
idade de início das crises, severidade, cronicidade, possível ciclismo diurno e
circadiano das crises e prognóstico. (6, 15)
A
classificação da síndromes epilépticasnão
éum
processo estático e novassíndromes são delineadas a cada ano.
Algumas
destas síndromes são muito específicas,enquanto outras representam conceitos amplos.(6,15)
Se
um
diagnóstico sindrômicopode
ser feito, elefiequentemente
proporcionarámuito
mais
informações, por exemplo, sobre idade de início, etiologia, tipo de crise,fatores provocadores de crises, cronicidade, prognóstico e escolha
do
tratamento.(6, 15)Uma
vezque
muitas síndromes epilépticas são relacionadas a idade, a idade deinício das crises
pode
darum
indício para o correto diagnóstico sindrômico,mas
raramente, por si,
pode fomecer
informações adicionais.Algumas
síndromestem
uma
etiologia específica, enquanto outras são
menos
específicas.Assim
uma
única síndromepode compreender
dois subtipos, por exemplo, síndrome deWest
juntocom
síndrome de Lennox-Gastaut.(6, 15) '
Como
mencionamos
acima,algumas
síndromesenglobam mais do que
um
tipode crise,
algumas
das quaispodem
ser sutis. Frequentemente, sóum
questionamentodetalhado
com
o paciente revelará sua existência.Comparada
aos tipos clássicos decrises
algumas
podem
ser atipicas,podendo
confrmdiro
diagnóstico diferencial.As
crises epilépticas.
podem
ainda ser o resultado de fatoresfpríívocadores de crisesespecíficas
como:
fotossensibilidadeou
privaçãode sono,que
pode
consequentementeser evitados
pormedidas
preventivas.(1)vi
-CONCLUSÃO
Nesse
estudo,segundo
aCICE
de 1981 :69%
dos pacientes tinham crisesparciais, enquanto pela Classificação Sindrômica de 1989:
68,5%
dos pacientestinham crises relacionadas a localização.
A
CICE
de 1981, representouum
grande passona
internacionalização datenninologia e
um
importante progressona
conduta terapêutica de pacientesepilépticos, não obstante a necessidade atual..de
um
diagnóstico sindrômicoj devecontinuar sendo usado
na
caracterização das crises epilépticas.A
classificação síndrômica de 1989,não
vem
substituir aCICE
de 1981 e simutilizar-se desta e de outros dados valiosos antes negligênciados, para estabelecer
uma
SUMMARY
We
studied500 handbooks of
patients that havewere
missing in agovemment
epiâleptcs clinic
on
Florianópolis, the capital at Santa Catarina a stat in the southof
Brazil.
300 from
these500
hand books were
ented off, because they didn'thad
basicsdatas, asked in protocol.
EEG,
age, sex, age that started the seizures, typeof
seizure.Every
thers (200)had
EEG
and
every200
had
estabilished the classificationof
type ofseizure
and
syndrome.From
these 200, 119were
malesand
81were
womem,
agebetween
6and
83 years old. 161had
started the seizures before the20
years oldand 39
after the
20
years old. In according with the international epileptcs seizuresclassification
fiom
198150
had
generalized seizures,4 had
simple partial seizures, 10had complex
partial seizures, 124had
partial seizures, with secondary generalizedand
12
had
indeterrnined localization seizures. In according with syndromics classificationfrom
1989: 137had
localization epilpsies, 1from
thesewas
idiopathic,64
were
symptomatics, 72
were
cryptogenics;50
generalized epilpsies,48 from
thesewere
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0313_ Autor: Claudino, Rinaldof “. -
T ítulo: Preš/alência das cris-às he síndrom
I ` L 972302112 Azzz 253474 Em UFSC BsccsM ' -I