UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA
'CENTRO
SÓCIO
ECONÔMICO
~ EDEPARTAMENTO
DE
CIÊNCIAS
DA
ADMINISTRAÇÃO
CURSO
DE
PÓS-GRADUAÇÃO
EM
ADMINISTRAÇÃO
ÁREA
DE
CONCENTRACÃOz
POLÍTICAS
E
GESTÃO
INSTITUCIONAL
CONSULTORIA ORGANIZACIONAL PARA PEQUENAS
EMPRESAS:
UM
ESTUDO
NA
REGIÃO
METROPOLITANA DE
FLORIANOPOLIS,
SC
O
AFONSO AUGUSTO
TEIXEIRA
DE
FREITAS
DE
CARVALHO
LIMA
FLORIANÓPOLIS
AT1998
AFONSO AUGUSTO
TEIXEIRA
DE
FREITAS
DE
CARVALHO
LIMA
0
CONSULTORIA ORGANIZACIONAL PARA PEQUENAS
EMPRESAS:
UM
ESTUDO
NA
REGIÃO
METROPOLITANA
DE
FLORIANOPOLIS,
SC
Dissertação apresentada
ao
Curso
de Pós-
Graduação
em
Administração
(Área
de
Concentração:
Políticas eGestão
Institucional)da
Universidade
Federal de
Santa
Catarina,como
requisito parcial
para
a obtenção do
títulode
Mestre
em
Administração.ORIENTADOR:
Prof.João
Benjamim
da
Cruz
Júnior,PhD.
'. I
FLORIANOPOLIS
CONSULTORIA ORGANIZACIONAL
PARA
PEQUENAS
«EMPREsAsz
UM
ESTUDO
NA
REGIÃO
METROPOLITANA DE
FLORIANÓPOLIS, sc
AFONSO AUGUSTO
TEIXEIRA
DE
FREITAS
DE
CARVALHO
LIMA
Esta
dissertação foijulgada
adequada
para obtenção do
títulode
Mestre
em
Administração (Área de Concentração:
Politicas eGestão
Institucional) eaprovada
em
sua
forma
final peloCurso
de
Pós-Graduação
em
Administração da Universidade
Federal de Santa
Catarina. _Á/K
qfü¬
~o
ri'/1../\\Pr
.NELSON
OLOSSI,
Dr.
Coordenador do Curso
Apresentada
à
Comissão Examinadora,
integrada pelos Professores:~
' '
\]\/\/\¶)Ó
'
Prof.
JOAO BEN
MI
\\I› ^CRUZ
JUNIOR,
PhD.
Presi ‹ e)
C
epa;-9-›
\-""°"
Q_)*‹Q"*"°'>"""`Ê
Prof”.
AMÉLIA
SILVEIRA,
Dr
“.(Membro)
¡g«z›Í.ƒÊ”<.Ã,¿...Â.
Prof.
FRANCISCO
RIEL
HEIDEMANN,
PhD.
~
À
minha
queridaNorma, companheira
inseparável pelos
caminhos da
vida emeu
incentivo
para
avançar.Às
minhas
filhas, Cyntia eAna
Luíza,razão
da
minha
luta e objetivomaior
das
minhas
realizações.Aos meus
pais, Sílvio eMaria
de
Lourdes,a
quem
os lourosrealmente pertencem.
AGRADECIMENTOS
Ao
Prof.Benjamim,
cujamaior
orientação é oexemplo
de vida, pelosconhecimentos
e pelo convívio,
que
me
tomaram
um
profissional euma
pessoa melhores.À
Prof”. Amélia, mestraque
setomou
amiga, pela presença, .pelo raroprofissionalismo e pelos
conhecimentos
compartilhados.À
Associação Empresarial daRegião
Metropolitana de Florianópolis -AEMFLO,
naspessoas
do
Presidente, Sr. Tito,do
Secretário Executivo, Sr. Fábio, eda
funcionária Andréa,pelo apoio concedido à pesquisa.
Aos
colegas datunna
de1996 do
CPGA,
pelaamizade
e pela solidariedade nasesferas
acadêmica
e pessoal,sem
as quais esta jornadanão
chegaria abom
tenno.Ao
corpo técnico-administrativodo
CPGA,
Graziela, Marilda, Sandra, Silvia,Márcio
e Gracinha, pela presteza e apoio nas dificuldades.
'
Ao
Prof. Colossi, pelo incentivo e apoio excepcionais.A
todos osque
contribuíram, diretaou
indiretamente, para a realização deste' O
SUMARIO
sLISTA
DE
FIGURAS
... ..LISTA
DE
QUADROS
... ..RESUMO
... ... .. .ABSTRACT
... .. 1INTRODUÇÃO
... .. 1.1O
Problema
... ..1.2 Objetivos
Geral
e Específicos ... ..1.3 Justificativas
Teórica
eEmpírica;
... ..1.4
Organização
e Estrut1u°ado Estudo
... ..2
ORGANIZAÇÕES,
MUDANÇA
E
CONSULTORIA ORGANIZACIONAL
2.1
Uma
Visão
da
Teoria Organizacional
... .._ 2.1.1 Organizações:
Conceituação
eElementos
Componentes
... ..
2.1.2
Organizações
- Tipologia ... ..2.1.3
Organizações
-Natureza
e Caracterização ... ..2.1.4
Organizações
eBurocracia
... ... ... ..2.1.5
UmaProposta
para a
Mudança
do Paradigma
Organizacional ... ..2.2
Mudança
Organizacional
... ..2.2.1
Organizações
e Necessidade deMudança
... ..2.2.2
O
CaráterHumano
da
Mudança
Organizacional ... ..2.2. 3 Tipologia e
Modelos para
aMudança
Organizacional ... ..2.2.4
O
Conceito deSaúde
Organizacional ... ..2.2.5 Resistências às
Mudanças
.... .._ ... ..2.3 Consultoria
Organizacional
... ... ..2.3.1
O
Que
é Consultoria ... ..2.3.2 Consultoria - Perspectiva Histórica e Importância ... ..
_
2.3. 3
Algumas
Abordagens do Processo
de Consultoria ... ..2. 3.4 Questões
Sobre
a
Consultoria nasPequenas
Empresas
... ..2.3.5
O
Papel do
Consultor ... ..2.3.6
Os
Objetivosda
Consultoria ... ..2. 3. 7 Consultoria - Perspectiva Atual ... ..
3
MÉTODO
... ... ... ... ... ..3.1
Perguntas de Pesquisa
... ..3.2
Caracterização
da
Pesquisa
... ..3.3
Delimitação
da
Pesquisa:Universo
eAmostra
... ..3.4 Coleta e Análise
dos
dados
... .. ... .. ... ..3.5 Definição
de
Termos
da
Pesquisa
... ..3.6
Limitações
da
Pesquisa
... .. 4RESULTADOS DA
PESQUISA
... .. 4.1O
Que
é Consultoria ... .. 4.1.1Caso
I ... .. ... .. 4.1.2Caso
2 ... .. 4.1.3Caso
3 ... ..4.1.4
Caso
4 ... ..91
4.1.5
Discussão
dosConteúdos
... ... ..- ... ..92
4.2
Alguns
Aspectos
do
Processo
de Consultoria
na
Visão dos
Dirigentes ... ..99
4.2.1
Caso
I ... ..100
4.2.2
Caso
2 ... ..102
4.2.3
Caso
3 ... ..106
4.2.4
Caso
4 ... ..109
4.2.5
Discussão
dosConteúdos
... ..111
4.3 Principais
Problemas no
Processo
de Consultoria
na
Visão dos
Dirigentes ... ..117
4.3.1
Caso
1 ... ..117
' 4.3.2
Caso
2
... ..119
4.3.3
Caso
3 ... ..120
4.3.4
Caso
4
... ..122
4.3.5
Discussão
dosConteúdos
... ..124
s
coNcLUsÓEs
E
RECOMENDAÇÕES
... ..134
5.1
Conclusões
Relativas àComparação
das
Visões dos Dirigentes e dosAutores
134
Consultados
Sobre
oQue
éConsultoria
... .. 5.2Conclusões
Relativas aAlglms
Aspectos
do
Processo
de Consultoria
... ..135
5.3
Conclusões
Relativas aosProblemas no
processode Consultoria
... ..138
5.4
Considerações
Finais ... ..139
6
ANEXOS
... ..142
Anexo
1 -Carta
de
Encaminhamento
do
Questionário
... ..143
Anexo
2 -Modelo
do
Questionário
... ..144
Anexo
3 - Roteiroda
Entrevista .. ... ..150
LISTA
DE
FIGURAS
AFIGURA
1 -EQUILÍBRIO
DOS ELEMENTOS
DA
ORGANIZAÇÃO
FIGURA
2 -O PARADIGMA
PARAECONÔMICO
... ..FIGURA
3 -A
MUDANÇA
ORGANIZACIDNALD
PLANEJADA
... ..FIGURA
4 -NÍVEIS
DE
MUDANÇA
NAS ORGANIZAÇÕES
... ..LISTA
DE
QUADROS
QUADRO
1-
CARACTERÍSTICAS
PARA
VERIFICAÇÃO
DA
“SAÚDE”
DAS
ORGANIZAÇÕES
... ..QUADRO
2 -os
PAPEIS
Dos CONSULTORES
... ..QUADRO
3 zCARACTERIZAÇÃO DOS ELEMENTOS
DA
AMOSTRA
... ..QUADRO
4
-APLICAÇÃO DAS CATEGORIAS
ÀS
,DEFINIÇÕES
DE
ALGUNS AUTORES
(EM
ORDEM
ALFABETICA)
... ..QUADRO
5 -OBJETIVOS
DA
CONSULTORIA
... ..QUADRO
6 -RELACIONAMENTO
X
ALCANCE DOS
OBJETIVOS
... ..»
\ ~iii
RESUMO
_A
realização deste estudo objetivouconhecer
a visão dos dirigentes depequenas empresas
sobre o usoide consultoria organizacional,
abordando
aspectosdo
processo de consultoria eos principais
problemas que
podem
ocorrer durante 'omesmo.
A
motivação
para realizar o- `.
trabalho partiu
da
constataçãoda
irnportânciaque
as empresasde
pequeno
portetêm no
contexto sócio-econômico brasileiro,
da
carência gerencial característica da maioria 'destasempresas, e
do pequeno
número
de estudos acadêrnicos focalizando a consultoriacomo
instrumento de
mudança
nesse ambiente.Após
a realização deuma
revisão bibliográficasobre o assunto, procedeu-se
uma
pesquisaem
duas etapas,com
o apoioda
AEMFLO
-Associação Empresarial da
Região
Metropolitana de Florianópolis, utilizando-sequestionários e entrevistas para coleta de
dados
primários junto a dirigentes depequenas
empresas
pertencentes ao quadro de associadosda
entidade.O
conteúdo das verbalizaçõesdos dirigentes foi analisado e categorizado, destacando-se os trechos
mais
importantes.Comparou-se,
então, o resultado das análisescom
oque
constana
bibliografia consultada.Ao
fmaldo
trabalho, chegou-se aalgumas
conclusões sobre a visão. dos dirigentescomparada
com
a de algims autores, sobre o conceito e o processo de consultoria,bem
como
foi possível obter urna relação deproblemas mais
comuns
do
processo de consultoria,na
opinião dos dirigentes. ,
'
Ã
H
i
IV
ABSTRACT
This study
aimed
at perceiving the opinion of small size companies”managers
aboutthe use of organizational consultancy. It
approached
not only characteristicsof
theconsultancy processes, but also the
main
problems
thatmay
occur dining their application.The
motivation to accomplish thiswork came
from
the perception of the importance thatsmall size
companies have
in the Braziliansocioeconomic
context, the managerial absencethat
happens
inmost
of these companies,and
the smallnumber
of studies directed toconsultancy as a
marmer
tochange
this environment. After a bibliographicreview
on
thesubject, the research
was
accomplished intwo
phases.The work was
supportedby
AEMFLO
(hrdustrial Association of the MetropolitanÁrea of
Florianopolis).To
collect theprimary data, questionnaires
and
interviewswere
applied tomanagers of
small sizecompanies
associated to theAEMFLO.
The
managers” answers .were analyzedand
categorized,
and
themost
significant partswere
highlighted. Then, resultsof
the analysiswere compared
to the bibliographic review. Finally, thecomparison
with conclusionsof
some
of the authors allowed a conclusion of the managers” point ofview
in relation to theconsultancy concept
and
process. Itwas
also possible to achieve a list of themost
frequent1
A
onda
demodernização
no
ambienteeconômico
mundial, -eno
brasileiroem
particular, tem, aparentemente, criado diversos
problemas
gerenciais para asempresas
em
geral,
independentemente
de seu porteou
área de atuação.Embora
essa modernização, e adificuldade das
empresas
em
obtê-la, pareça ser a forte característica dos anos 90, é possívelencontrar subsídios para análise
no
trabalho de autoresque
anteciparam este assunto nasdécadas anteriores,
além
de encontrá-losem
obras atuais.AUÍOICS COIIIO
BLAU
eSCOTT
(1970),LAWRENCE
&
LORSCH
(1970), SCI-IEH\I (1972),KATZ
eKAHN
(1975) eBENNIS
(1976) já sepreocupavam, na década
de 70,com
a ineficáciadas organizações
em
enfrentar asmudanças
ambientais,propondo
modificá-laspor
meio
da
Mudança
Organizacional.De
maneira
geral, aabordagem
desses autores preocupa-secom
orelacionamento das organizações
com
ambienteem
rápida epermanente
mutação. Talrelacionamento objetiva buscar a capacitação para estabelecer
um
sistema de soluçãode
problemas
demaneira
criativa e flexível, deforma
a identificar e aproveitar oportunidadespotenciais.
Nesse
mesmo
sentido,em
sua trilogia dasondas que
revolucionaram acivilização,
TOFLER
(1980) prega a transição das organizações, deum
sistema deprodução
em
escalamassificada
para a inevitávelopção
de atender ademandas
personalizadasde
consumidores
cadavez mais
individualizados e exigentes.Ainda
na década
de 80,RAMOS
(1981) eCRUZ
JÚNIOR
(1988) contextualizaram osproblemas
em
abordagem
ampla, alegando a necessidade de reformular a Teoria dasOrganizações vigente, responsável pela inadequação das organizações
contemporâneas de
maneira
geral, às necessidadesda
sociedade.Mais
recentemente,inúmeros
autoresabordam
essa questãosegrmdo
suas própriasperspectivas.
SENGE
(1990)propõe
um
novo modelo
de organização, capaz de interagireficazmente
com
um
ambienteem
constante el cada vezmais
rápida mutação.Na
visão desse autor, apenas as organizaçõesque desenvolvam
uma
permanente
capacidade deaprender, as
chamadas
“Organizaçõesem
Aprendizagem”,
serão competitivas o suficientepara sobreviver
no
futuro.Abordagem
semelhante apresentamPINCHOT
ePINCHOT
(1994),que
desenvolvem
o conceito de “Organizações Inteligentes”. ADAVIDOW
eMALONE
(1993)afirmam que
uma
nova
dinâmica organizacional, aliadaao incremento
no
processamento de informações enovos
sistemas de fabricaçãopermitem
o1
1 i
2
surgimento de
um
novo
tipo de produto, quepoderá
estar disponível a qualquermomento,
em
qualquer lugar eem
qualquer variedade.É
o “produto virtual”,HAYES
ePISANO
(1994)sugerem que
o sucesso das organizações residena
capacidade de desenvolver e utilizaruma
estratégia flexível.
NEGROPONTE
(1995) aponta oextremo da
flexibilidade,quando
afirma
que
uma
organização jánão
necessita de estrutura fisica para operar e atingir seus objetivos.É
a“empresa
virtual”. '`
e
As
proposições destes autoresparecem
terem comum
a visão de que é preciso,como
requisitopara obter
novas
configurações organizacionais,promover
mudanças
nas pessoasque
as integram.Nesse
sentido, o conceito demudança
organizacional, utilizado aolongo
deste trabalho,
não
tem
como
foco principal amudança
intencionalnos
processos técnicos operacionais,mas
no
comportamento
das pessoas e dos gruposque
integram tais processos./
V
A
ênfaseno
caráterhumano
subjacente ao conceito demudança
organizacionaltem
suporte
em
McGREGOR
(1980), ao afirmar»que
uma
das principais tarefas dequem
administra é organizar o esforço
humano
em
direção aos objetivoseconômicos da
empresa.Se
toda e qualquer decisão administrativatem
conseqüências comportamentais, o sucesso deurna adrninistração depende,
em
grande parte,da
capacidade de previsão e _c9ntroledo
comportamento humano.
-\
Quaisquer que
sejam as soluçõespropostas, é certoque
as organizações demaior
porte
dispõem
demais
recursos para diagnosticar os problemas' e desenvolver e implantarações
que
lhes perrnitam adequar-se àsdemandas
ambientais, ao contráriodo que
pareceacontecer
com
asempresas
demenor
porte. 1.1O
Problema
No
contexto brasileiro, asmicro
epequenas
empresasz, aqui entendidascomo
tendoaté 100 empregados, representam papel de significativa importância
no
contexto sócio-econômico. Estima-se que responder-iam por cerca de
21%
do
PIB
e pela absorção deaproximadamente
70%
da mão-de-obra ocupada
no
pais(KRUGLIANSKAS,
1996).-
panorama
gerencial dessas
empresas
aparenta ser criticono que
se refere àcapacidade de obtenção e uso de instrumentos de gestão.
Segundo
pesquisa sobrecompetitividade industrial, realizada pelo Sistema
SEBRAE
(1992)em
dez/90,envolvendo
1.000
empresas
de todos_os estados brasileiros, constatou-seque
40%
não
utilizavam2
Micro e Pequenas Empresas, para efeito deste traballio, são chamadas simplesmente pequenas empresas ou empresas
de pequeno porte. E
.
‹
/
planejamento de produção,
45%
não
utilizavam apuração de custos,47%
não
utilizavamcontrole de estoques,
50%
não
utilizavam planejamentode
vendas,60%
não
praticavamqualquer» tipo 'delcontrole de qualidade,
65%
não estavam
atentas à avaliação ,de'f'
produtividade,
75%
não tinham
lay-out planejado,80%
não
faziam treinamento de recursoshumanos,
85%
não' utilizavam técnicas deMarketing
e90%
não
dispunham
de recursosde
in'formática. '
j
~
De
1990
até hoj_e,_acredita-senão
ter ocorrido significativamudança
neste contexto, a não, ser, .tal~vez`,no
que
diz respeito ao uso de recursos de informática nas empresas,que
notoriamentelem
evoluído bastantenos
últimos anos.( V
'
A
O
pequeno
empresáriobusca
compensar
tais desvantagens de diversas maneiras,com
soluções intemas
ou
externas.Em
_ geral, a consultoria organizacional, nas suasmais
diversas formas,
vem
ganhando
corpo e importânciacomo
instrumento demudança
desta realidade (NETZ, 1996). `i
H
.
Além
da
pletorade empresas
de consultoriano
mercado,
iniciativasgovernamentais
também
têm
contemplado
esta área.Como
exemplo, destaca-se o próprioSEBRAE
- ServiçoBrasileiro de
Apoio
às'Pequenas
Empresas, criadoem
1972
ecompletamente reformulado
em
1990, para atender àsmacropremissas govemamentais,
dirigidas aoaumento
da
qualidadee
da produtividadeno
setor privado, principalmenteno
que
conceme
àspequenas
empresas
brasileiras, dispersas pelo território nacional.. Se, por
um
lado, a consultoria revela-seuma
solução para a carência de recursosgerenciais para as
pequenas
empresas, é certoque
existemproblemas
de eficáciana
transmissão
da competência
gerencial para aempresa
clienteda
consultoria.Em
algunscasos,
por
mais
preparado e competenteque
seja o consultor,ou
pormais
interessadoque
esteja o cliente
nos
resultadosda
'-consultoria, seus objetivosnão
são alcançados (NETZ,1996).
` `
'
-
Juntamente
com
o desenvolvimentoda
consultoria ecomo
crescimentodo
número
de
empresas que
a utilizam, tem' crescido o interesse pelosproblemas que
levam
à não-consecução
dos objetivosda
consultoria.Na
década
passada, deTURNER
(1982) já aleitavaque
a base para o entendimento dos problemas.no
processo de consultoria estavanos
objetivos
que regulam
as relações entre dirigentes e consultores,eivadas
dedesentendimentos. -
"If
É ` , 1 t T . - 4
Nesse
sentido, devido à relevânciado
assunto e à dificuldade de encontrar estudosacadêmicos
que
busquem
elucidá-lo, parece relevante estudar a percepção dos dirigentes dasmicro
epequenas empresas
quanto à consultoria organizacional.1.2 Objetivos
Geral
eEspecíficos
O
objetivo geral deste estudo é conhecera
visão dos dirigentes daspequenas
empresas
estabelecidasna Região
Metropolitana de .Flon`4anópolis, sobre ouso da
consultoria organizacional,
bem
como\levantar
osproblemas que mais
freqüentementeafetam o alcance-dos objetivos
da
consultoria.Como
objetivos específicos, pode-se relacionar:1) levantar o
que
os dirigentesentendem
por consultoria;^2) descrever e analisaraspectos
do
processo de consultoria,segimdo
a visão dosdirigentes;
3) levantar,
na
visão dos dirigentes, os prin_c_ipaisproblemas que
ocorrem
durante o.__ ›
processo de consultoria.
1.3 Justificativas
Teórica
eEmpírica
-' ' '
~
Segrmdo
LARA
(1993, p. 37), “toda e qualquer investigação científicaque
tenhacomo
objetivo conhecermelhor
a realidade daspequenas
.emédias empresas
se justifica porsi
mesma,
pois a carência de informações nesta área, sobretudo 'no Brasil,não
éproporcional à sua importância
no
contexto nacional e regional.” _ .No
campo
teórico, acredita-seque
o presente estudopode
contribuir paraorganizar e sistematizar algunsconhecimentos
dispersosno
campo
,da consultoria organizacionalcomo
área
do conhecimento
e,também,
para algims aspectos de políticas públicas defomento
aodesenvolvimento
da
capacidade gerencialdas pequenas
empresas, e igualmente quanto _àpotencialização de iniciativas e esforços privados.
Do
ponto de vista prático, este estudo pretende contribuir para oentendimento da
percepção
dos pequenos
empresários sobre a consultoria organizacional. Espera-setambém
obter subsídios para a
definição
das áreas críticas destasempresas que
se utilizamda
-consultoria.
'
‹
5
”1.4
Organização
eEstrutura
do Estudo
Para
melhor compreensão do
assunto tratado neste estudo-, seuconteúdo
foiorganizado
em
sete capítulos.A H
Após
a introdução, o capítulo 2 apresenta revisão bibliográfica sobre assuntosrelacionados à consultoria organizacional, divididos
em
três blocos: organizações,mudança
organizacional e consultoria organizacional.Cabe
ressaltarque
algims dos tópicos relativosaos objetivos
do
estudo e às pergtmtas de pesquisanão
têm
subtítulo específico,sendo
abordados
em
vários pontos diferentes,como
é o caso dosproblemas da
consultoria.Assim
se
procedeu
pela natureza destes asstmtos eporque
assim eles são encontradosna
literaturaconpulsada. '
-'
No
capítulo 3 é apresentado ométodo
de investigação adotado para obterdados
primários acerca
da
utilização de consultoria porpequenas
empresas.V
A
apresentação dos resultadosda
pesquisa,na
forma
de recortes categorizados dasverbalizações dos sujeitos
da
pesquisa, é feitano
capítulo 4.A
discussão dos conteúdos e sua compatibilizaçãocom
osfundamentos
teóricos constantesna
literaturacompulsada
é apresentadano
capitulo 5.No
capitulo 6, são apresentadas as conclusões baseadasna
análise dos resultadosda
pesquisa,
algumas recomendações
e, ainda, sugestões paranovas
pesquisas.A
bibliografia consultada é apresentadano
capítulo 7,no
fonnatorecomendado
pelaABNT
- Associação Brasileira deNormas
Técnicas.i 6
Nesta
partedo
trabalho apresenta-se afimdamentação
teórico-empírica referente aalgumas
das abordagensda
Teoria Organizacional e alglmsconhecimentos que
podem
permitir
melhor compreensão do
processo de consultoria organizacional, sob a óptica dediversos autores.
2.1
Uma
Visão
da
Teoria Organizacional
'Paralelamente ao intenso desenvolvimento
da
ciência das organizações,não
faltaramcríticos à
maneira
como
sedava
esse desenvolvimento, às custasdo
sacrifício de elementosbásicos para
uma
vidahumana
em
sociedadeque não
prescinda de substantividade.Pensadores
como
Keynes, Weber,
Manheim,
Horkheimer,Habermas
eVoegelin
lamentaram
a
predominância da
razão funcional,ou
instrumental,na
baseda
vidahumana
organizada,em
detrimentoda
razão substantiva(RAMOS,
1981).A
substituiçãoda
razão substantiva pela razão fimcional parece implicar a perda, porparte dos indivíduos, da capacidade crítica de julgar as interações sociais pela diferenciação entre o certo e o errado, relativos
ao
bem
e aomal
comuns.
Da
maneira
como
se apresentahoje,
permeando
toda a teoria organizacional tidacomo
válida, a razão está reduzida aocálculo utilitarista para obtenção de resultados,
ou
seja, a razão se transformoupuramente
em
análise de custo-beneficio.Por
constatarque
a ciência das organizações tem, aparentemente,produzido
resultados concretos muito
mais
em
fimção
de sua fragilidade teóricado que
de seusméritos,
RAMOS
(1981, p. 22) relacionavamotivos
para a reformulação de suas bases:“Os resultados atuais da modemização, tais
como
a insegurançapsicológica, a degradação da qualidade da vida, a poluição, o
desperdício à exaustão dos lirnitados recursos do planeta, e
assim por diante, mal disfarçam o caráter enganador das
sociedades contemporâneas.
A
autodefinição das sociedadesindustriais avançadas do Ocidente, como portadoras da razão
está sendo diariamente solapada e é, na realidade, tão largarnente
.desacreditada que se fica a imaginar se a legitimação de tais
sociedades, exclusivamente à base da racionalidade funcional,
continuará, dentro
em
pouco, encontrando nestemundo quem
acredite nela. Esse clima de perplexidade pode viabilizar
uma
reformulação teórica de enorme magnitude”
Atualmente, é
comum
uma
atitude de expectativa e perplexidade por parte daqueles'
7
transcendem
asempresas
e osgovemos,
eque
sededicam
ao questionamentoda
ciência eda
teoria administrativas,na busca de novos
nunos
paracompreender
edominar
ofenômeno
organizacional,
abordando
criticamente as bases filosóficas, lógicas e metodológicas dasperspectivas correntes
(CADERNOS
PROCENGE,
1983).A
esse respeito,CRUZ
IÚNIOR
(1988, p. 4) posiciona-se criticamente:“Hoje
em
dia, tanto nos paises industrializados quanto nasnações
em
desenvolvimento, estão sendo intensamentequestionados determinados aspectos básicos da vida humana.
Algims deles, inclusive, tem sido severamente atacados: os
resultados distorcidos,
em
termos de progresso social, dacontínua busca do progresso econômico; a crescente
concentração de poder político nas mãos dos administradores de
grandes corporações empresariais e/ou agências governamentais;
o inalienável direito à propriedade e à acumulação de capital,
que embasa o crescimento econômico, mas que, também, aliena
o
homem
do seu ambiente natural e social, talvezmesmo
de sipróprio”.
Parece ser conveniente, neste ponto, buscar
uma
visão geral sobre o estadode
algumas
abordagens importantesda
teoria organizacional, talcomo
seapresentam
na
visãode alguns autores
da
área.2.1.1 Organizações:
Conceituação
eElementos
Componentes
.Para
THOMPSON
(1967), asorganizaçõessão
concebidasgççgmgqímétogosde
soluçãodeproblemas.
Destemodo,
a concretização das organizaçõespode
ser 'encaradacomo
um
desmembramento
deum
problema
geral (que se mateiializacomo
objetivoda
organização)em
atividades cada vezmais
simples emais
específicas; Estadecomposição
do
problema
maior
origina, direciona e especifica a estrutura geralda
organização. `‹
A
concepção
deLAWRENCE
&
LORSCH
(1972) visualizaorganização.como sendo o
resultado
da coordenação
de atividades' diferenciadas, realizadas por contribuintes individuaiscom
o objetivo de efetuar transações planejadascom
o meio-ambiente.Segimdo
, . . . ~ .z«.‹'.-7..
,__ I/›¬_~ ,_
os autores, sao elementos basicos
da orgamzaçao
a divisaodo
trabalho e a .›._._ coordenaçao. ..._ ___:`__ _.
Na
visão dePERROW
(1976), as organizações existem para realizaralguma
coisa, esuas atividades
visam
aum
.ou a váriosfins ou
objetivos. Portanto, para entender as organizações, é necessário analisar o conjunto de taisfins
ou
objetivos, pois eles lhes`
8
Segtmdo
o autor, os objetivospermitem
uma
abordagem
conceitual das organizaçõese
refletemprontamente
sua singularidade e o papel das influências específicas dentro dascategorias referentes aos aspectos tecnológicos e estruturais de caráter
mais
geral.Os
objetivos das organizações são produto de diversas i1r_ÍHluênci¿r§,,algumas
duradouras e outras transitórias,
como
a 'personalidade dos executivos-.de..alto...escalão, ahistória
da
organização, o ambienteda comunidade
em
que
está inserida, asnormas
e osvalores de outras organizações
com
que
interage, sua tecnologia, sua estrutura e seuambiente cultural. Desta fonna, os objetivos são múltiplos e
permanentemente
conflitantes,fazendo
com
que
o caráter deuma
organizaçãonunca
se mostre estável.`
O
autor sugere cinco diferentes categorias de objetivos aserem
identificados nas' ~
orgamzaçoes:
a) Objetivos
da
Sociedade.Ponto
de referência: a sociedadeem
geral.Exemplos:
produzirbens
e serviços,manter
a ordem, criar emanter
valores culturais. Esta categoria englobaorganizações de grande porte
que preenchem
as necessidades da sociedade.b) Objetivos de Produção.
Ponto
de referência: o públicoque
entraem
contatocom
aorganização. Estacategoria engloba tipos de
produção definidos
em
termos das funçõesdo
consumidor.
Exemplos: bens
deconsumo,
serviços, proteção à saúde,educação
etc..c) Objetivos de Sistemas.
Ponto
de referência: o estadoou
maneira
de funcionarda
organização, independentemente dos bens
ou
serviços produzidos,ou
dos
objetivos daíresultantes.
Exemplos:
a ênfasedada
ao crescimento, à estabilidade, aos lucrosou
àsmodalidades
de funcionamento, taiscomo
fazê-lo sob controle restritoou
mais
liberal.As
organizações
tem
váriasopções
neste sentido, e amaneira
pela qual funciona o sistema eo
que
este cria, independentemente dos produtos,pode
tomar-se objetivo para os participantesdo empreendimento.
d) Objetivos de Produtos (ou
mais especificamente
objetivos caracterizados pelos produtos).Ponto
'de referência: as características' dosbens
e serviços produzidos.Exemplos:
ênfasesobre quantidade
ou
qualidade, variedade, estilo, disponibilidade, originalidadeou
inovaçãodos
produtos. Neste sentido, existe muita variação, deuma
organização para outra.e) Objetivos Derivados. Ponto de referência:
Como
a organização usa opoder
originado _naconsecução de
outros objetivos.Exemplos:
metas, políticas, serviços comunitários, desenvolvirnento profissional, políticas de investimento e localização das instalações, de›e9
considerável poder,
que
podem
utilizar demodo
consistente para influenciar seus própriosmembros
eo
ambiente. Essepoder
é utilizado independentemente dos objetivos de produtoe de sistema.
'
Uma
abordagem
considerando as organizaçõescomo
sistemas de cooperação é a deBARNARD
(1979),que
adota a proposta deque
organização ésempre
um
sistema impessoal decoordenação
de
esforçoshumanos,
independentementedo
nível de complexidade.Organização, portanto, é
um
sistemacomposto
por atividades de sereshumanos,
e oque
fazdela
um
sistema é acoordenação
de os esforços de diferentes pessoas.Segundo
o autor,uma
organização passa a existirquando
“(1)há
pessoas aptas a secomunicarem
entre si; (2)que desejam
contribuircom
sua ação; (3) para a realização deum
propósitocomum”. Dadas
as condições básicas, os elementosque
acompõem
são:comunicação,
desejo de servir e propósitocomum.
O
inicioda
existência deuma
organização
depende
deuma
combinação
desses três elementos,combinação
estaadequada
a
um
dado
momento.
A
sobrevivência das organizaçõestem
estreita ligaçãocom
amanutenção do
equilibrio
do
sistema. Esse equilíbrio é,num
primeiromomento,
interno, questão deproporção entre os elementos,
mas
é, basicamente eem
última instância,um
equilíbrio entreo sistema e a situação global externa.
`
Este equilibrio interno
tem
dois fatores:em
primeiro lugar a efetividadeda
organização,
que compreende
a importância de seus objetivos para o contexto ambiental;em
segimdo
lugar, sua eficiência,que
compreende
o intercâmbio entre a organização e osindivíduos. Assim, a
combinação
entre os elementos variarácom
as influências extemas, eos elementos serão interdependentes;
quando
um
deles sofrer variação, é precisoque nos
demais ocorram
variações compensativas, paraque
o sistemamantenha
o equilíbrio,ou
a t ~ 1o ~
“HUN”
W
~W
;
\
Elaborado a partir de
BARNARD
(1979).Para definir o
que
são organizações, SCI-IEIN (1982) considera importante reconhecerque
a própria idéia de organização éfimdamentada
na
aceitaçãodo
fato que,como
indivíduo, o serhumano
é incapaz de satisfazer a totalidade das suas necessidades e desejos, pois lhe faltam a capacidade, a força, otempo
ou
a resistência para proverconvenientemente
alimento, abrigo e segurança
O
autor indicaque
a existência deuma
organização pressupõea presença de quatro elementos básicos
comims:
_a) Coordenação.
A
despeito de suas limitações individuais, as pessoasverificam
que,quando
coordenam
seus esforços, o resultadoque
conseguem
é certamentemaior
do que
seria conseguido se cadaum
agisse sozinho.Por meio da
sociedade, aorganização maior, a coordenação de esforços de muitos indivíduos
toma
possívelo atendimento das necessidades de todos os seus integrantes.
A
ajudamútua,
viacoordenação, é
uma
idéia subjacente ao conceito de organização. ~b) Objetivos
Comuns.
Paraque
acoordenaçãode
atividades traga resultados úteis, é necessárioque
existam objetivos a'serem
alcançados, eque
hajauma
certaconcordância sobre eles.
'P
c) Divisão de Trabalho.
Dentro
da
sociedade, a organização maior, existemsubdivisões,
em
vários níveis,que agregam
grupos encarregadosde desempenhar
tarefas específicas,
dando
sua contribuição para o atingimento'dos
objetivoscomuns.
Nesse
sentido, o autor ilustraque
as sociedadeshumanas
verificaram que
A ll
componentes
as tarefas necessárias ao bem-estar coletivo.De
maneira
geral,deseja-se
que
a divisão seja realizadacom
basenos
diferentes talentosou
habilidades inatas.No
entanto,nem
sempre
isto acontece desta forma, pois aspessoas
podem
ser treinadas a fazer coisas diferentes.d) Integração. Se diferentes atividades são
desempenhadas
por organizaçõesdiferentes,
ou
partes diferentes deuma mesma
organização, é necessárioque
existauma
fimção integradora para garantir a coordenação.A
coordenação
implicaque
as partes
submetam
seus próprios objetivos aos objetivoscomuns.
A
forma
deintegração
mais
típica,mas
não
a única, éuma
hierarquia de autoridade, visandoassegurar a
coordenação
entre as partes pormeio
de orientação, lirnites, controle,informações etc.
Utilizando os elementos descritos anteriormente, o autor
define
organizaçãocomo
coordenação
planejada das atividades deuma
série de indivíduos para atingiralgum
propósito
ou
objetivocomum
e explícito, pormeio
da
divisão de trabalho ede
uma
hierarquia de autoridade e responsabilidade. A
SCI-IEIN (1982) acrescenta
que
o conceito apresentado refere-se aoque
secostuma
denominar
Organização Formal, paraque
fique
clara a distinção. entre os dois outros tipospossiveis, a Organização Social e a Organização Informal; ç
Explicitando as diferenças entre elas,
o
autorafirma
que
o conceitode Organização
Social refere-se a padrões de coordenação
que
emergem
espontaneamente
das interaçõesdas pessoas,
sem
lançarmão
de qualquer tipo de coordenação racional para realizar osobjetivos explícitos compartilhados. -
Já o conceito de
Organização
Informal diz respeito aos padrões decoordenação que
, .
surgem
entre os integrantes deuma
organização formal sem,no
entanto, fazer partedo
organograma,
que
prevê acoordenação
de apenasalgumas
atividades especificas.Acontece
que, por
uma
série de razões, os atoreshumanos
que
desempenham
os papéisorganizacionais dificilmente se limitam ao
desempenho
dessas atividadesformalmente
coordenadas. * z ` ' - 2.1.2
Organizações
- Tipologia -'Uma
tipologia das organizações foi proposta porBLAU
eSCOTT
(1970),em
que
as- ll
componentes
as tarefas necessárias ao bem-estar coletivo.De
maneira
geral,deseja-se
que
a divisão seja realizadacom
basenos
diferentes talentosou
H
habilidades inatas.
No
entanto,nem
sempre
isto acontece desta forma, pois aspessoas
podem
ser treinadas a fazer coisas diferentes.d) Integração. Se diferentes atividades são
desempenhadas
por organizaçõesdiferentes,
ou
partes diferentes deuma mesma
organização, é necessárioque
existauma
função integradora para garantir a coordenação.A
coordenação implicaque
as partes
submetam
seus próprios objetivos aos objetivoscomuns.
A
forma
deintegração
mais
típica,mas
não
a única, éuma
hierarquia de autoridade, visandoassegurar a coordenação entre as partes por
meio
de orientação, limites, controle,informações etc.
Utilizando os elementos descritos anteriormente, o autor
define
organizaçãocomo
coordenação planejada das atividades de
uma
série de indivíduos para atingiralgum
propósito
ou
objetivocomum
e explícito, pormeio
da divisão de trabalho e deuma
hierarquia de autoridade e responsabilidade.
SCI-IEIN (1982) acrescenta
que
o conceito apresentado refere-se aoque
secostuma
denominar
Organização Formal, para quefique
clara a distinção entre os dois outros tipospossiveis, a Organização Social e a Organização Informal.
Explicitando as diferenças entre elas, o autor
afirma
que
o conceito de OrganizaçãoSocial refere-se a padrões de coordenação
que
emergem
espontaneamente das interaçõesdas pessoas,
sem
lançarmão
de qualquer tipo de coordenação racional para realizar osobjetivos explícitos compartilhados. *
Já o conceito de Organização Informal diz respeito aos padrões de coordenação
que
surgem
entre os integrantes deuma
organização fonnal sem,no
entanto, fazer partedo
organograma,
que
prevê a coordenação de apenasalgumas
atividades específicas.Acontece
que, por
uma
série de razões, os atoreshumanos
que
desempenham
os papéis organizacionais dificilmente se lirnitam aodesempenho
dessas atividadesformalmente
coordenadas.
2.1.2 Organizações - Tipologia _
Uma
tipologia das organizações foi proposta porBLAU
eSCOTT_
(1970),em
que
as'
12 sua proposta:
em
primeiro lugar, as organizaçõesnão
existem deper
se,mas
estão inseridasem
comunidades
e sociedades;em
segtmdo
lugar, para a existência, das organizações, é indispensável considerar as relações entre a organização e seusmembros,
seu público e outras organizações. Destemodo,
os autorespropõem
uma
tipologia baseadano
beneficiário principal, a
quem
se destina a própria existênciada
organização, cujos1
componentes
são: -a) Associações de
Beneficios Mútuos.
Os
beneficiários principais são os própriosintegrantes
da
organização,o
quadro social.Por
exemplo: partidos políticos,sindicatos, irmandades, clubes, organizações de veteranos, associações
profissionais e seitas religiosas. V
b) Firmas Comerciais.
Os
proprietáriosou
acionistas constituem o principal grupobeneficiário.
Enquadram-se
neste tipo as empresas comerciais, industriais e deserviços, de propriedade particular e constituídas para gerar lucro.
c) Organizações de Serviços. Neste caso existe
um
grupo específico de clientesque
são os principais beneficiários. Exemplos: hospitais, escolas, organizações
filantrópicas e instituições de serviço social.
d) Organizações de Bem-estar Público3.
Os
membros
da sociedade,o
públicoem
geral, são os principais beneficiários,
como
as organizações militares, correios,instituições jurídicas e penais, segurança pública, saneamento básico etc.
Uma
tipologia diferente foi apresentada porETZIONI
(1974),que
baseia suaabordagem no fenômeno do
consentimentd'-.O
autorafirma
que
o
consentimento éuniversal, existe
em
todas as unidades sociais e éum
elemento básico do relacionamentoentre aqueles
que
têm
poder e aqueles sobrequem
o poder é exercido.A
tipologiado
autoré
composta
pelos seguintes elementos:a) Organizações Coercitivas. Nestas a coerção é o principal
meio
de controle sobre osparticipantes dos níveis inferiores e a elevada alienação caracteriza a orientação
da
maioria deles
em
relação à instituição.Exemplos
típicos destas organizações sãoprisões e instituições penais de maneira geral. '
b) Organizações Utilitárias.
São
aquelasem
que
arecompensa
éo
principalmeio
decontrole sobre os
membros
dos níveis inferiores, e a participação “calculista”3
Do
:emoQúginzl inglês “wz1fzzre”, uaauçâo de ivizriz Ângela e Lobo ae Freitas Levyi
"
Do
temo- 13
caracteriza a orientação
da
grande maioria desses participantes.O
principal tipo derecompensa
é a remuneração.As
empresasem
geral enquadram-se neste tipo.c) Organizações Normativas.
São
entidades nas quais o poder normativo é a principalfonte de controle sobre a maioria dos participantes dos níveis inferiores, cuja
orientação para
com
a organização é caracterizada pelo alto engajamento.A
liderança, rituais, manipulação de símbolos de prestígio e simbolos sociais e a
ressocialização estão entre as técnicas
mais
importantes de controle.Exemplos
cujas caracteristicas normativas são
bem
pronunciadas são organizações religiosas,incluindo igrejas, ordens, mosteiros e conventos, organizações políticas de forte
cunho
ideológico, hospitais, universidades e associações de voluntários.d) Organizações de Estrutura Dualística. Constituem casos especiais de organizações
que
desenvolvem
estruturas de consentimentoem
quesurgem
dois padrõescom
freqüência idêntica
ou
semelhante.Essa
ambivalêncianão
écomum,
ocorrendoapenas
em
tipos especiais e específicos de organizações.KATZ
eKAHN
(1975)afirmam
que
existeuma
infinidade de critérios utilizáveis paraelaborar tipologias das organizações.
Os
autorespropõem,
no
entanto, que, considerando amaneira
como fimcionam
as organizações,nem
todas as características para oestabelecimento de critérios de classificação
têm
amesma
importância.Partindo desta premissa, estabelecem o
que
chamam
de classificação pelos fatoresde
primeiraordem
e de segunda ordem.Os
fatores de primeiraordem
descrevem
asfimções
“genotípicas”,
que
são aquelasque
uma
organizaçãodesempenha
como
subsistema deuma
sociedade maior.
Os
fatores desegunda
ordem
refletem
aspectos da estrutura, a naturezadas transações
com
omeio
ambiente, as transações internas eum
número
ilimitado deoutras propriedades organizacionais.
Os
autores salientamque
se trata deuma
simplificaçãoanalítica, pois dificilmente encontram-se,
no
mundo
real, organizações de tipos “puros”.Pelos fatores de primeira ordem, as organizações são classificadas
como:
a) Organizações Produtivas
ou
Econômicas.São
aquelasque
sededicam
à criação deriquezas, à manufatura de bens e à prestação de serviços para segmentos específicos
ou
para o públicoem
geral. Essas organizaçõespodem
ser subdivididas, pela_ atividade, nos níveis primário, secundário
ou
terciário.- 14
b) Organizações de
Manutenção. Dedicam-se
à socialização das pessoas para odesempenho
de seus papéisem
outras organizações eno
todomaior
constituído pela sociedade.As
atividades deste tipo de organizaçãoajudam
a evitarque
asociedade se desintegre, e. são responsáveis por sua integração normativa.
É
possível subdividi-lasem
organizaçõescom
função de manutenção,como
em
educação, doutrinação e treinamento e fimção de restauração,
como
em
atividadesde saúde e bem-estar, e instituições correcionais.
c) Organizações Adaptativas.
Criam
conhecimento,desenvolvem
e testam teorias e,até certo ponto, aplicam as informações disponiveis aos problemas existentes.
As
universidades (nas suas atividades de pesquisa) e as organizações de pesquisa
levam
a cabo esta função adaptativa para a sociedadecomo
um
todo.d) Organizações Gerenciais e Políticas.
Desempenham
atividades organizacionaisque
se
dedicam
à adjudicação, à coordenação e ao controle de recursos, de pessoas e desubsistemas.
A
principal das estruturas politicas é o Estado,que
proporcionauma
forma
de legitimação de seus estatutos legais edetém
um
monopólio
teórico sobre ouso organizado da força fisica a mobilização
da
sociedade contraosinimigos
extemos
e os rebeldes intemos.Somam-se
aos vários subsistemasgovemamentais
as
chamadas
instituições politicas adjuntas,como
.grupos de pressão, sindicatostrabalhistas e organizações que
operam
na
defesa de interesses desegmentos
. específicos
da
sociedade.'
~
Embora
admitam
ser possível utilizar inúmeros outros fatores para tipificar as organizações,KATZ
e KAI-IN (1975) citamcomo
fatores desegunda
ordem:a) Natureza
do
Processamentoou
Transformação Organizacional.As
organizaçõespodem
ter objetosou
pessoascomo
produtos finais das operações das organizações.b) Natureza dos Processos de
Manutenção.
As
organizaçõespodem
utilizar-se decompensações
expressivas (intrínsecas) e instrumentais (extrínsecas)como
meio
deatrair e manter os integrantes das organizações. »
c) Natureza da Estrutura Burocrática.
As
organizaçõespodem
variarem
termosda
permeabilidade das fronteiras organizacionais (facilidade para ingresso e saída) e
em
termos de elaboração estrutural (grau de especializaçãoem
papéis e onúmero
O
~
15
V
d) Tipo de Eguih'brio.
As
organizaçõespodem
variar entre a tendência aum
estadofinne
e a tendência àmaximização do
rendimento organizacionalcomo
dinâmicaorganizacional preponderante.
2.1.3 Organizações - Natureza e Caracterização .
Inúmeras iniciativas teóricas
tem
sido - empreendidas paracompreender
asorganizações, sua estrutura e
fimcionamento,
pormeio
de equivalências teóricascom
omundo
fisico,comparando-as
com
sistemas orgânicosou
mecânicos.KATZ
e KAI-IN (1975)julgam que
ambas
as metáforas sãoextremamente
inadequadas para o estudo dasorganizações, pois
ambas
apresentam caracteristicas fimcionais de sistemas fechados,desconsiderando as inevitáveis influências ambientais nos processos intemos.
Outra impropriedade importante apontada pelos autores, particularmente
no
que
dizrespeito à metáfora orgânica, refere-se à completa desconsideração da natureza artificial e
planejada dos sistemas sociais.
Segrmdo
eles, as abordagens predominantes nas teorias dasorganizações concentram-se
em
princípios defimcionamento
interno,como
se osproblemas
não dependessem
das influências ambientais.Como
altemativa teórica, utilizam a TeoriaGeral dos Sistemas, de
von
Bertalanffy, e atribuem características deum
sistema socialaberto às organizações, considerando-as
como
ciclos recorrentes de insumo, detransformação e de produto. Tais características,
que
parecem
estar presentesem
todos ossistemas abertos, são:
a) Importação de Energia.
As
organizações sociais necessitampermanentemente
desuprimentos renovados de energia, seja de pessoas, de outras organizações
ou
do
meio
ambiente material.Nenhuma
estrutura social é auto-suficiente. -b) Transformação
ou
Processamento.Os
sistemas 'abertos transformam a energiaimportada
do
meio
ambiente.A
organização criaou
atualizaum
produto, processamateriais, proporciona treinamento a pessoas
ou
prestaum
serviço.De
qualquerforma, é executado
um
trabalhono
sistema.c) Exportação da Energia
em
Forma
de Produto.Os
sistemas abertosexportam
seusprodutos para o ambiente, sejam eles
uma
invenção concebida pormeio
de pesquisaou
mesmo uma
estrutura construida,como
uma
ponte. _d) Ciclos de Eventos.
A
renovaçãoda
energia necessária é provenienteda
própria~
16
serviços,
retoma
à organizaçãoem
ciclos repetidos de eventos.São
os eventos,mais
do'
que
as coisas,que
seacham
estruturados, de maneiraque
a estrutura social éconceito
mais
dinâmicodo
*que estático.Assim
sendo, ométodo
indicado para identificaruma
estrutura organizacional éacompanhar
a cadeia de eventos, desde aimportação até o retorno da energia à organização.
e Entropia Negativa.
Por
um
processochamado
entropia, todas as formas organizadastendem
para a desorganizaçãoou
morte.Ao
contrário da inexorabilidade desteprocesso para organismos, as organizações
podem
garantir entropia negativa,ou
seja,
uma
tendência para o crescimento e continuidade, pormeio da
reposição eacumulação
de energia.f) Informação
como
Insumo, Controle porFeedback
e Processo de Codificação. Paraas organizações, os
insumos
contendo energianão
são apenasde
caráter fisico,mas
também
de caráter' infonnativo. Eles oferecem sinais sobre o ambiente àorganização, e sobre seu funcionamento
em
relação a ele.O
mais
simples dosinsumos
informativos éo
feedback,que
funcionacomo
uma
bússola, alertando parapossíveis desvios de rota, evitando desequifibrio involuntário entre ingressos e dispêndios de energia.
Quanto
ao processo de codificação, a absorção deinsumos
pelas organizações é seletivo, pois
não
são todos os tipos e qualidades deinsumos
que servem
para todas as organizações.Por meio da
codificação, simplificando aaparente
desordem
ambientalem
algumas
poucas e compreensíveis categorias, osinsumos
são rejeitadosou
aceitos de acordocom
as necessidades da organização.g) Estabilidade e
Homeostase
Dinâmica.Na
tentativa de anular o processo entrópico,as organizações
buscam
manteruma
relação constante entre importação e exportação de energia,mantendo
a integridadedo
caráter organizacional.No
entanto,
no
processo de adaptação às condições mutáveisdo
ambiente,em
contraposição às necessidades de
fluxo
estável para amanutenção
do
sistema, esteúltimo acaba por absorver e incorporar
novas
funçõesou
subsistemas. Este processode expansão resulta
em
que
_o sistemaassuma
seqüencialmente estados quase-estáveis
em
niveis diferentes,em
patamares abaixoou acima do
anterior.h) Diferenciação
ou
Especialização. Igualmenteem
funçãoda
necessidade de alcançara entropia negativa, as organizações
tendem
à multiplicação e ~A
~
- 17
fimções,
oque
determinatambém
a multiplicação de papéis eprovoca
a diferenciação intema. _A
i) Eguifinalidade.
A
permanente
busca para alcançar a estabilidadedo
sistemapode
serfeita por inúmeras
opções
de condições iniciais ecaminhos
diferentes.KATZ
e KAI-IN (1975)sublinham
que,embora
detenham
as característicascomuns
atodos os sistemas abertos, os sistemas sociais apresentam especificidades
que
osdiferenciam dos sistemas abertos presentes
no
mtmdo
físico.A
mais marcante
dessascaracterísticas é a ausência de estrutura fisica,
com
uma
anatomia identificável, duradoura,observável tanto
em
repousocomo
em
movimento,
e que,em
movimento,
gera e executa asatividades
da
fimção
sistêmica. ' -No
entanto, as organizaçõestêm
estrutura, poisnão
se constituemnum
agregado
amorfo
de indivíduosem
interação,empenhados
na
criação deuma
combinação
aleatóriade
eventos. Pelo contrário, os eventos são estruturados, e as
formas que
assumem
adquirem
propriedades dinâmicas.
As
organizações sociais,como
sistemas artificiais, são conjuntosde eventos padronizados de conduta,
que
constituem funçõesque
são integradas asubsistemas
menores que
compõem
o sistema organizacional maior.Outra
característica diferenciadora reside nas peculiaridadesque
a presençado
elemento
humano
lhes proporciona. Pelaabordagem
psicossociológica adotada pelosautores, a intensa variabilidade e instabilidade
do comportamento
humano
conspiram
contraa necessidade e a
busca
constanteda
estabilidade por partedo
sistema.Nas
organizaçõesestão presentes três forças de controle
que
atuam
para reduzir a variabilidade e ainstabilidade das ações
humanas,
colocando-asem
padrões uniformes e dignos deconfiança. Essas forças são:
a) Pressões
do
Ambiente.Os
problemas
advindosdo
mundo
concreto e objetivorequerem
um
esforçocoordenado
das pessoas, induzindo-as à divisão de tarefas, e,conseqüentemente, à especialização para solucionar os
problemas de
eficiência. Istopropicia o aparecimento
do
conceitodos
papéis.Nos
sistemas sociais, os papéisdescrevem formas
específicas decomportamento
associado a determinadas tarefas.Originalmente, os papéis
derivam
dos requisitos e das expectativas para odesempenho
das tarefas. -b) Valores e Expectativas Compartilhados.