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Condições de transversalidades na mecânica

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Academic year: 2021

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra

Departamento de Física Bacharelado em física

Condições de transversalidades na mecânica

Yuri Medeiros de Faria

Natal, RN, Brasil 2019

(2)

Yuri Medeiros de Faria

Condições de Transversalidades na Mecânica

Monograa de Graduação apresentada ao curso de Bacharelado em Física da Universi-dade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Bacha-rel em Física.

curso:

Bacharelado em física

Orientador

Prof. Dr. Mário Otávio Salles

Natal, RN, Brasil 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra

Departamento de Física Bacharelado em física

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monograa de Graduação:

Condições de transversalidades na mecânica

Elaborada por Yuri Medeiros de Faria

como requisito parcial para o obternção do título de BACHAREL EM FÍSICA

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof. Dr. Mário Otávio Salles - Orientador, UFRN

Prof. Dr. Hector Leny Carrion Salazar, UFRN

Prof. Dr. Carlos Chesman de Araujo Feitosa, UFRN

(4)

Dedico este trabalho ao meu pai, que me deixou bons ensinamentos, lembranças, saudades e, acima de tudo, lições de vida.

(5)

Agradecimentos

Aos meus pais e, acima de tudo amigos, Gaspar, Aparecida, e minha querida irmã Bernadete por terem me apoiado durante todo o andamento do curso.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte e todo o seu corpo de funcionários em que tive contato direta e indiretamente. Esses me proporcionaram um ensino de grande valia que me fez ver de forma verdadeira e, sem rodeios, o mundo, as pessoas e possibilidades que, antes de ingressar na universidade, não conhecia.

Ao meu orientador e amigo Mário Salles pelo suporte, paciência e incentivos que me pro-porcionou durante quase toda a minha formação acadêmica.

Ao professor Carlos Chesman, por ter me dado uma oportunidade única, quando necessi-tava de ajuda em um momento de crise.

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All those moments will be lost in time, like tears in rain. Rutger Hauer

(7)

Resumo

Neste trabalho nós mostramos a dedução da equação de Euler-Lagrange e das condições de transversalidade em um contexto geométrico. Para isto, consideramos um funcional F, medindo algum aspecto físico do nosso sistema, como uma função sobre o conjunto de todas as possíveis soluções φ(t) = (t, q(t), ˙q(t)) que descrevem o desenvolvimento do sistema. Para gerar este conjunto, dada uma curva φ(t), compomos esta com dois grupos a um parâmetro de funções, φQ,à esquerda e φ−1I, à direita, e geramos uma família de curvas

φ(t) = φQ, ◦φ◦φ−1I, (t). A primeira composição gera variações verticais e a segunda uma

gera variações horizontais. Para escolher a solução φ(t) = (t, q(t), ˙q(t)) que será candidata para solução ótima do nosso problema, usamos o princípio variacional F0[φ] = 0.

(8)

Abstract

In this work we show a deduction of Euler-Lagrange equation and transversality conditions in a geometric view. To do that we use a functional F , measuring some physical aspect of our system, as a function over the set of all possible solutions φ(t) = (t, q(t), ˙q(t)) that describe the development of the system. To generate this set, given one curve φ(t), we compose it with two one-parameter groups of functions, φQ, at left and φ−1I, at right, and

after that generate a family of curves φ(t) = φQ, ◦φ◦φ−1I, (t). The rst composition

generate vertical variations and the second one generate horizontal variations. To choose the solution φ(t) = (t, q(t), ˙q(t)) that can be a candidate to optimal solution of our problem we use the variational principle F0[φ] = 0.

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Lista de guras

1 Caminhos com um ponto nal xo . . . p. 12 2 Caminhos com vários pontos nais xos . . . p. 12 3 Caminhos com pontos nais livres . . . p. 12 4 Partícula deslizando entre os ponto A e B na superfície da Terra . . . . p. 13 5 Problema da Braquistócrona (BERNOULLI, 1696) . . . p. 13

6 A Fig. 5 do problema da Braquistócrona . . . p. 13 7 Tempos associados à diferentes caminhos de uma partícula deslizando

entre os ponto A e B sob superfície da Terra . . . p. 14 8 Variações de curvas no Problema da Braquistócrona . . . p. 15 9 Curva Ciclóide . . . p. 16 10 Diferentes caminhos entre o ponto A a curva limite ϕ . . . p. 17 11 Curva Limite . . . p. 17 12 Problema de Colombo . . . p. 18 13 Curva φ(t) com pontos inicial A e nal B. . . p. 19 14 Curva φ(t) obtida como variação  da curva φ(t) com pontos inicial e

nal xos. . . p. 19 15 Composição à esquerda de uma curva φ(t) com uma função φQ, com

ponto nal xo. . . p. 20 16 Composição à esquerda de uma curva φ(t) com uma função φQ, com

ponto nal livre na segunda coordenada. . . p. 20 17 Composição à esquerda de uma curva φ(t) com uma função φQ, com

(10)

18 Composição à direita de uma curva φ(t) com uma função φ−1

I , com ponto

nal xo. . . p. 21 19 Composição à direita e à esquerda com uma curva φ(t) com ponto nal

livre. . . p. 22 20 Composição à direita de uma curva φ(t) com uma função φ−1

I , com ponto

nal livre. . . p. 22 21 Diagrama para difeomorsmos em Q cobrindo difeomorsmos em I. . . p. 25 22 Diagrama sobre a estrutura de M. . . p. 28 23 Diagrama sobre o levantamento de difeomorsmos para M. . . p. 28 24 Fronteiras livres verticais. . . p. 32 25 Fronteiras livres horizontais. . . p. 33 26 Fronteira denida por uma curva ϕ. . . p. 33 27 Solução do problema de Colombo . . . p. 37

(11)

Sumário

1 Introdução p. 11

1.1 Organização do trabalho . . . p. 18

2 Cálculo Variacional p. 19

2.1 Composições verticais e horizontais . . . p. 20 2.2 Grupo a um parâmetro: variações verticais e variações horizontais . . . p. 22 3 Equação de Euler e condições de transversalidade p. 27 3.1 Variação do funcional . . . p. 29 3.2 Equações de Euler-Lagrange . . . p. 31 3.3 Condições de transversalidades . . . p. 32 3.4 Exemplos e aplicações . . . p. 34 3.4.1 Braquistócrona . . . p. 34 3.4.2 Traço entre um ponto e uma curva . . . p. 36

4 Considerações nais p. 38

(12)

11

1 Introdução

O cálculo das variações ou cálculo variacional é uma potente ferramenta na Mecânica, onde resolveremos problemas complexos de forma relativamente simplicada; também ocupa na física a responsabilidade de descrever matematicamente o conceito de ação e energia.

Por esta razão nele encontramos o ambiente apropriado para construção de concei-tos da dinâmica. Em economia temos diversos exemplos de modelos para descrição da dinâmica dos uxos na sociedade que são estudados sobre a perspectiva da Otimização dinâmica. Temos outros exemplos onde o Cálculo das Variações ocupa papel essencial, mas na matemática ela ocupa papel não só na descrição dos objetos, como na geome-tria, mais especicamente na Geometria Riemanniana onde os dois conceitos citados são fundamentais no estudo de superfícies, mas também como objeto de estudo em si, como ocorre na Teoria de Morse, onde o Princípio do mínima ação é evocado para que seja in-dicado as otimizações de certos funcionais. Situação similar encontramos em outras áreas da matemática e não diferentemente é em outras áreas do conhecimento.

Neste trabalho apresentaremos aplicações do cálculo variacional, mas também dare-mos especial atenção para a dedução das equações de Euler Lagrange e das condições de transversalidade, Esta será apresentada de uma forma distinta da usual na literatura, onde usaremos conceitos que vem do estudo de Equações Diferencias Ordinárias (EDO) e que permitirão uma visão de como os campos de vetores que descrevem a dinâmica das possíveis variações de soluções do problema onde são xados condições iniciais e nais, mas também das soluções do problema onde as estas condições não são dadas à priori, e fazem parte da resposta. Veremos como tais condições obedecem a exigência de que tenhamos liberdade na escolha tanto no domínio quanto na imagem destas soluções, onde são denidos as condições iniciais e nais para os exemplos das aplicações que faremos.

Para entendermos agora este conceito de liberdade nas condições que delimitam as soluções, antes da exposição da dedução destas equações, faremos nesta Introdução a

(13)

12 apresentação de um toy model de otimização dinâmica, a tomada de decisão em multi-estágios (CHIANG, 1992, pg. 5); este exemplo discreto será útil para interpretar a relação

entre as condições de Transversalidade e a liberdade tanto na escolha dos ponto iniciais e/ou nais. Sem perda de generalidade analisaremos apenas a liberdade para escolha do ponto nal, uma vez que esta será a mesma discussão quanto a escolha do ponto inicial. Falaremos ainda sobre a história dos primeiros passos do Cálculo das Variações, onde apresentaremos o Problema da Braquistócrona e faremos um pequeno esboço desta teoria.

A B C D E F G H I J 2 4 7 5 3 6 1 3 6 7 5 8 3 4

Figura 1: Caminhos com um ponto nal xo Neste problema devemos encontrar nos "caminhos do

diagrama na gura1, que partem do ponto inicial A e terminam no ponto nal J, ambos xos, qual des-tes possui na soma dos pesos em cada transição de estágio o menor (ou maior) valor possível. Neste caso associamos a cada caminho um valor numérico, que após comparação nos permitirá denir qual é o cami-nho ótimo. (Resposta: ACEIJ ).

O conceito dinâmico se justica pela necessidade do trabalho em calcular os valores as-sociados a cada caminho. Um procedimento estático onde escolhemos em cada uma das transições de fase o menor (ou maior ) valor, nos levará ao resultado errado.

A B C D E F G H I J K 2 4 7 5 3 6 1 3 6 7 5 8 3 2 4

Figura 2: Caminhos com vários pontos nais xos

Uma generalização refere-se a possibilidade de escolhe entre os caminhos que parte de um mesmo ponto inicial A e que após um número xo de estágios e transições de fase,terminam em diferentes pontos nais. Na gura 2 todos os caminhos tem um número xo de 4 es-tágios mas terminando nos pontos J ou K.

A B C D E F G H I J K L 2 4 7 5 3 1 1 8 7 7 5 8 3 1

Figura 3: Caminhos com pontos nais livres Podemos deixar ainda livres o número de

es-tágios. Assim todos os caminhos partem do ponto inicial A e terminam em pontos nais distintos e que estes livres em relação à quan-tidade de estágios em cada um dos possíveis caminhos. Neste caso temos uma soma com diferentes números de pesos das transições de fase que serão somados em cada caminho.

(14)

13 Superfície da Terra A w PPq w - w: u B u

Figura 4: Partícula deslizando entre os ponto A e B na superfície da Terra Uma versão contínua de um problema de

otimização dinâmica, é considerarmos uma partícula deslizando entre dois pontos A e B sob superfície da Terra (gura 4). Se este movimento ocorre sem nenhum tipo de atrito, sujeita apenas a força gravitacional

e a velocidade inicial da partícula é nula, pela conservação da energia, ao voltar à super-fície da Terra a velocidade será nula. Se o tempo entre a entrada e saída muda de acordo com a trajetória, qual será o caminho que a partícula fará no menor tempo possível?

Este problema pode ser apresentado da seguinte forma1

Figura 5: Problema da Braquistócrona (BERNOULLI, 1696)

Figura 6: A Fig. 5 do problema da Braquistócrona Em junho de 1696 o matemático Johann Bernoulli

publi-cou na revista cientica Acta Eruditorum este problema (BERNOULLI, 1696, pág 269) desaando os maiores

ma-temáticos da sua época para que o solucionassem. Foi prometido a publicação das soluções deste problema. A partir de maio de 1697 foram publicadas na Acta Eru-ditorum, além da solução do próprio Johann Bernoulli, foram publicadas as soluções de Jacob Bernoulli (irmão mais novo de Johann), Gotfried Leibniz, Ehrenfried von Tschirnhaus e Isaac Newton. Este último enviara

anoni-1Cuja tradução livre do latim:

Problema novum ad cujus solutionem Mathematici invitantur.

Datis in plano verticali duobus punctis A&B (vid. Fig. 5) assignare Mobili M viam AMB, per quam gravitate sua descendens & moveri incipiens a puncto A, brevissimo tempore perveniat ad alterum punctum B.

escrevemos para o português como:

Um novo problema para cuja solução os matemáticos são convidados.

Dado em um plano vertical, dois pontos A e B (vide Fig. 5), atribua à partícula móvel M o caminho AMB, se esta está caindo por meio da gravidade e começando no ponto A que chegará no menor tempo possível no outro ponto B.

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14 mamente sua solução, mas que Bernoulli reconhecera o leão pelas suas garras, pois não gostara de ter sido importunado nas suas pesquisas com este desao, de sorte que este resultado foi publicado anteriormente, em janeiro de 1697, na Philosophical Transactions da Royal Society. Posteriormente, passado aproximadamente 300 anos, foi publicada uma solução dada à época por Marques de L'Hôpital (O'CONNOR; ROBERTSON, 2002).

Neste problema encontramos o desenvolvimento embrionário do cálculo das variações. t 6t 1 t3 t2 s s s A u B u φ1 φ2 φ3

-Figura 7: Tempos associados à diferentes caminhos de uma partícula deslizando entre os ponto A e B sob superfície da Terra No problema de encontrarmos qual

será o caminho que a partícula deslocando-se sob superfície da Terra, fará no menor tempo possível, percebemos a sua carac-terística intrínseca de um problema dinâ-mico. Por analogia formal com o toy mo-del discreto, para cada caminho teremos associado um tempo (gura 7). O objeto que indica esta associação é o que chama-mos de funcional, e aqui será denotado por

F. Assim, dado um caminho φ teremos que tempo associado a este será t = F [φ(t)]. A palavra variação vem do fato que são usadas variações innitesimais de funcionais como nas técnicas de cálculo para achar os extremos de tais funcionais. Assim, dado um funcional F e uma variação innitesimal δφ do caminho φ expressamos formalmente o que seria a derivada variacional da F em φ, como sendo o limite abaixo:

F0[φ] · δφ = δF

δφ[φ] = “δφ−→0lim 00

F [φ + δφ] − F [φ]

δφ (1.1)

No processo de otimização apresentado nos cursos de Cálculo, buscamos minimizar ou maximizar os valores de uma função f : Ω ⊂ Rn → R que descreve algum problema e

sabemos que a condição necessária para que um ponto p0 no domínio Ω da função f seja

um candidato à minimizar ou maximizar a função f é que este ponto satisfaça a condição

f0(p0) = 0 , (1.2)

ou seja, p0 é um ponto crítico da função f. Para obter uma solução do problema proposto

por James Bernoulli usaremos o funcional que assoca a cada caminho o tempo gasto para percorrer a distância entre A e B.

(16)

15

Figura 8: Variações de curvas no Problema da

Braquistócrona Denimos o domínio deste funcional, ou seja, o conjunto

de todas as possíveis trajetórias que ligam os pontos A e B, i.e.,

ΩAB = {φ : [ti, tf] −→ R2 / φ(ti) = A e φ(tf) = B} .

Assim o problema passa agora a ser descrito como F : ΩAB −→ R , (1.3)

onde F associa para cada trajetória φ(t) = (x(t), y(t)) um número real F [φ], que neste caso tem como signi-cado físico o tempo gasto no deslocamento entre os

pon-tos φ(ti) = Ae φ(tf) = B. Precisamos que o funcional F e o conjunto ΩAB seja tais que,

usando ferramentas de cálculo (variacional), possamos, em analogia, exigir que a solução seja um ponto crítico deste funcional, isto é, que as curvas φ(t) candidatas a otimizar o funcional (1.3) são tais que

F0[φ] = 0 . (1.4)

A estrutura topológica em ΩAB, ou de algum subconjunto deste é fundamental para que

possamos falar de continuidade e derivação de F , e sobre quais as condições que possam garantir a existência deste ponto crítico. De uma forma geral exigiremos apenas condições formais de diferenciabilidade sobre os caminhos, não aprofundando a discussão sobre a topologia do conjunto ΩAB ou de algum subconjunto deste2. Sobre a existência deste

ponto crítico, fazemos uma breve menção do Principio que norteou a solução do problema da Braquistócrona á época, que cou conhecido como princípio de Fermat. Proposto pela primeira vez pelo matemático francês Pierre de Fermat em 1662, como um meio de explicar a lei comum de refração da luz, o princípio de Fermat armava tacitamente que o caminho percorrido entre dois pontos por um raio de luz é o caminho que pode ser percorrido no menor tempo. Este princípio tem o foi usado na estratégia da solução de vários problemas. Além do problema da braquistócrona, permitiu resolver em 1701 o problema isoperimétrico, que trata da determinação da gura geométrica de área máxima para um perímetro dado.

Para expressarmos o funcional do problema da Braquistócrona, representamos o ca-minho φ como sendo a curva de um gráco de função, isto é, consideramos que a variável

2Observemos que estes tem dimensão innita e podem ser vistos convenientemente como espaços

vetoriais localmente convexos, mas que estruturas adicionais são necessárias para que sejam espaço de Hilbert ou mesmo um espaço de Banach, permitindo denição adequada de Cálculo (HAMILTON, 1982).

(17)

16

y depende da variável x, que é dita independente, e assim as curvas serão representadas como grácos de funções na forma y(x), e a φ = (x, y(x)). O funcional do problema da Braquistócrona será expresso por

F [φ] = √1 2g Z xf xi s 1 + [ ˙y(x)]2 y(x) dx (1.5)

onde A = (xi, yi) e B = (xf, yf) e ˙y(x) = dydx(x). Esta integral basicamente determina o

tempo de trajetória da partícula do ponto inicial ao nal (WEISSTEIN, 2019).

x y -6 x a y θ x = a(θ − sin θ) y = a(1 − cos θ)

Figura 9: Curva Ciclóide A condição 1.4 gera uma equação

diferen-cial de 2aordem cuja solução é obtida

con-siderando as condições iniciais φ(t0) = Ae

φ(t1) = B. A solução desta EDO nos levam

a uma curva cicloide (gura 9.

Esta técnica mostrou-se eciente para resolução de diversos problemas e adquiriu

o formato de uma teoria através de Leonhard Euler, aluno de Johann Bernoulli. Denota-remos de uma forma simplicada, o integrando o funcional F em (1.5) visto como uma função L que depende de x, da curva y(x), vista como uma função de x, e de suas deri-vadas ˙y(x), isto é, temos as soluções na forma φ(x) = (x, y(x), ˙y(x)), e assim o funcional é da forma F [φ] = Z x1 x0 L(x, y(x), ˙y(x)) dx = Z x1 x0 L(φ(x)) dx . (1.6) Em 1744, Euler publica o livro Methodus inveniendi lineas curvas maximi minimive pro-prietate gaudentes sive Solutio problematis isoperometrici latissimo sensu accepti3, que

incluiu a equação diferencial chamada Equação de Euler-Lagrange 4

∂L ∂y − d dx ∂L ∂ ˙y = 0 . (1.7)

sabendo desses resultados, podemos obter a solução do problema da braquistócrona. Tipicamente, ao estudarmos valores ótimos de uma função f, restringirmo-nos ao estudo de um intervalo especíco [a, b]. Este é o análogo que as equações de Euler propõem-se resolver, uma vez que buscamos a curva ideal no conjunto de todas as curvas que

3A data da publicação de "Um método para descobrir linhas curvas com propriedade de máximo ou

mínimo da solução do problema isoperimétrica tomado seu sentido mais amplo"(em uma tradução livre) marca para muitos o nascimento do cálculo das variações.

4Joseph Louis Lagrange era um matemático francês, contemporâneo de Euler, e deu a base analítica

para o cálculo variacional. Ao contrário de Euler desprezou a exigência que o funcional (1.6) tenha os extremos xos.

(18)

17 começam no ponto A e terminam em B. Porém algumas generalizações podem, e fazem-se necessárias, como ao estudarmos valores ótimos fazem-sem a restrição de xarmos os pontos nais e/ou iniciais. Esta foi a situação no casos discretos das guras 2 e 3.

A ϕ u B1 u B3 u B2 u

Figura 10: Diferentes caminhos entre o ponto A a curva limite ϕ Se estamos interessados, por exemplo, em achar

a curva φ de menor comprimento, ligando um ponto A = (xi, yi) e até uma curva ϕ, que vamos supor

ser parametrizada como ϕ(t) = (r(t), s(t)), teremos que pensar em aprimorar a abordagem discutida an-teriormente. Consideremos inicialmente o problema de medir a distância do ponto A até um ponto Bϕ

que está na curva ϕ. O funcional que mede o com-primento de uma curva φ(x) = (x, y(x)) entre os

pontos A = (xi, yi) e Bϕ em ϕ, com coordenadas Bϕ = (xϕ, yϕ), é representado pela

integral F [φ] = Z xϕ xi p 1 + [ ˙y(x)]2 dx , (1.8)

onde xi e xϕ são tais y(xi) = yi e y(xϕ) = yϕ. Veremos nos Exemplos no Capítulo 3, que

a equação de Euler-Lagrange (1.7) fornecerá uma equação diferencial de 2a ordem

¨ y(x) = 0 . A ϕ xφ ϕ qq t t ! ! !! A A A A A A !! !! !! !

Figura 11: Curva Limite

A solução desta EDO é uma reta na forma y(x) = ax + b, onde a e b são constantes arbitrárias. A condi-ção inicial y(xi) = yi e a condição nal y(xϕ) = yϕ nos

permite determinar as constantes a e b5.

Para determinar qual ponto da curva ϕ está a menor distância do ponto A, teremos que deixar o extremos superior da integral (1.8) variar livremente de tal forma que para cada Bϕ em ϕ teremos uma φ. Assim, como

5Temos aqui o sistema de equações

( axi+ b = yi axϕ+ b = yϕ , cuja solução é a = yϕ − yi xϕ − xi b = xϕyi − yϕxi xϕ − xi .

(19)

18 agora extremo é uma variável do problema que depende de ϕ e φ, denotamos este por xφ ϕ

F [φ] = Z xφϕ

xi

L(φ(x)) dx . (1.9)

A exigência da solução φ(x) ser um ponto crítico deste funcional, isto é, F0[φ] = 0, além

de nos gerar as equações de Euler-Lagrange, nos gera uma a equação algébrica, chamada condição de transversalidade que tem a forma

 L(φ(x)) + ( ˙ϕ − ˙y) ∂L ∂ ˙x(φ(x))  x=xφϕ = 0 (1.10)

onde as derivadas ˙φ e ˙ϕ das curvas φ e ϕ, são avaliadas no ponto limite xφ ϕ.

Figura 12: Problema de Colombo No exemplo do funcional (1.8), veremos que esta

condição impõe que a curva φ, solução deste pro-blema, deve ser perpendicular a curva ϕ no ponto limite xφ

ϕ.

A solução deste problema nos permite pensar sobre qual é a trajetória de menor distância do continente americano aos continentes europeu e africano? Este problema, que chamamos de problema de Co-lombo, pode ser descrito matematicamente como: qual é a menor distância entre a curva Γ1

(conti-nente americano) e a curva Γ2 (continentes europeu

e africano)?

1.1 Organização do trabalho

Na segunda parte deste trabalho introduziremos o conceito de grupo a um parâmetro6, que

é apresentado com detalhes, sucientes para permitira a demonstração de um resultado que explicitara como calculamos as possíveis variações de uma curva φ(x) levando em conta variações no seu domínio e na sua imagem concomitantemente. Na terceira parte deduzimos as equações propostas acima e discutimos alguns exemplos. Ao nal temos uma breve conclusão onde apresentamos proposta de continuidade do trabalho.

6Este conceito é aplicado em diversas áreas da matemática, como no estudo de equações diferenciais

(20)

19

2 Cálculo Variacional

Uma das questões importantes no cálculo da variações é denir qual será o espaço das curvas que deniremos como domínio dos funcionais de cada problema. Tipicamente este será um subespaço do conjunto Ω de todas as curvas que ligam dois pontos, de tal forma que este tenha uma estrutura topológica que seja possibilite formular conceitos de conti-nuidade e diferenciabilidade para funcionais denidos sobre estes espaços.

t q -6 B φ(t) t A t

Figura 13: Curva φ(t) com pontos inicial A e nal B.

Nos livros de graduação de Física ( MA-RION; THORNTON, 2003) (SOKOLNIKOFF,

1990), a questão de gerarmos uma variação de uma curva φ(t) = (t, q(t)) é abordada da seguinte forma: tomamos uma curva v(t) de classe C2 com v(0) = (0, 0) = v(1) e

uma constante  onde 0 <  < 1, e assim denimos uma nova curva φ(t), dada por

φ(t) = φ(t) + v(t) . (2.1) t q -6 B φ(t) t A t φ(t) ?????? ? ??

Figura 14: Curva φ(t) obtida como

variação  da curva φ(t) com pontos inicial e nal xos.

A exigência de que v(0) = (0, 0) = v(1), ga-rante que a curva φ(t), obtida como

varia-ção da curva φ(t), tenha também ponto ini-cial A e nal B. Na Figura 14 vemos como a adição do termo v(t), à curva φ(t), gera a curva φ(t). Considerando  como um

pa-râmetro e variando este continuamente, ge-ramos uma família de curvas com pontos iniciais e nais iguais a curva φ. Por outro lado, os vetores verticais na Figura 14 representam as derivadas verticais da curva φ(t)

(21)

20

2.1 Composições verticais e horizontais

Veremos uma forma alternativa à expressão 2.1 para gerarmos novas curvas. Inicialmente para uma curva φ(t) tal que

φ : I −→ Q

(t) 7−→ φ(t) = (t, q(t)) (2.2)

usando composição pela esquerda de uma aplicação

φQ : Q −→ Q

(t, q) 7−→ φQ(t, q)

(2.3) geramos uma nova curva ˜φ:I −→Q,

˜ φ = φQ ◦φ : I −→ Q . (2.4) t q -6 B φ(t0) φQ(φ(t0)) = ˜φ(t0) t At s - s  φQ s s s  t0 6

Figura 15: Composição à esquerda de uma curva φ(t) com uma função φQ, com ponto nal xo.

Observemos que para as curvas φ e ˜φ tenham os mesmos pontos ini-ciais e nais, basta exigimos que A e B sejam pontos xos de φQ,

ou seja, φQ(A) = Ae φQ(B) = B.

Por outro lado, se abrirmos mão desta exigência teremos duas pos-sibilidades, exigir que apenas as segundas coordenadas sejam alte-radas pela φQ ou que ambas sejam alteradas.

-6 t q B t ˜ B t ˜ φ(t) φ(t) A t tf b ˜ b

Figura 16: Composição à esquerda de uma curva φ(t) com uma função φQ, com ponto

nal livre na segunda coordenada. No primeiro caso, por exemplo, se as

coordenadas do ponto nal B da curva φ forem B = (tf, b)e se φQ(B) = (tf, ˜b)então

agora as segundas coordenadas do ponto -nal da curva ˜φ, serão transladadas para ˜b (Figura 16). Por esta razão chamamos estas de composições verticais. No segundo caso, tanto a primeira quanto a segunda coorde-nada serão alteradas então teremos novas

(22)

21 pela esquerda, podemos também compor pela direita a curva φ com uma aplicação

φI : I −→ I

(t) 7−→ φI(t)

(2.5) onde geramos agora uma nova curva ˜φ : I −→ Q,

˜ φ = φ◦φI : I −→ Q . (2.6) -6 t q B t ˜ B t ˜ φ(t) φ(t) A t tf ˜ tf b ˜ b

Figura 17: Composição à esquerda de uma curva φ(t) com uma função φQ, com ponto

nal livre.

Esta liberdade na escolha de uma repara-metrização na variável temporal t é fun-damental e na Teoria dos Campos está associado a possibilidade da escolha de um calibre (gauge). Dado um ponto t0, a

segunda coordenada do curva ˜φ(t0), será

dada pela segunda coordenada de φ(˜t0),

onde ˜t0 = φ−1I (t0) (Figura 18).

Analoga-mente podemos exigir que o tf seja um

ponto xo de φI para termos o mesmo

ponto nal B para a curva ˜φ. Abrindo mão desta hipótese, então teremos como ponto nal ˜B = (tf, ˜b), onde ˜b é dada pela segunda

coordenada de φ(φ−1

I (tf)). Observemos que neste caso temos novamente uma composição

vertical, uma vez que, independente da φI sempre teremos a primeira coordenada em B

e ˜B, variando apenas a segunda coordenada, como visto na Figura 16.

-6 t q B ˜ φ(t) φ(t) ˜ b r ˜ φ(t0) φ(˜t0) t A t 6  Iφ−1 I t q φ−1I (t0) =t˜0 t0 r r

Figura 18: Composição à direita de uma curva φ(t) com uma função φ−1

I , com ponto

nal xo. No caso mais geral, da composição da curva

φ : I → Q, pela esquerda com a aplicação φQ : Q → Q e pela direita com a função

φI : I → I, temos assim uma nova curva

˜

φ(t) = φQ ◦φ◦φ−1I  (t) . (2.7)

Assim, para um dado t0, determinamos

˜

t0 = φ−1I (t0). Podemos supor que φQ é tal

que a primeira coordenada da curva ˜φ(t0)

seja t0 (assim o traço da curva ˜φ também será gráco de uma função) e segunda

(23)

22 -6 t q B v ˜ B v ˜ φ(t) φ(t) t b ˜b φ(˜t0) A v 6  I φ−1I t t φ−1I (t0) = ˜t0 t0 t R φQ t - t

Figura 19: Composição à direita e à esquerda com uma curva φ(t) com ponto nal livre.

-6 t q B u ˜ B u q(ti) r ˜ q(ti) ˜ q(t) = q(φ−1I (t)) A u 6 r  I φ−1I r r φ−1I (ti) ti

Figura 20: Composição à direita de uma curva φ(t) com uma função φ−1

I , com ponto

nal livre.

Podemos exigir ainda que φQ e φI sejam

tais que a curva ˜φ tenha variação da coor-denada do ponto nal apenas na primeira coordenada, e por esta razão chamamos es-tas de composições horizontais (Figura 20). De forma geral, a principal razão nesta pro-posta de abordagem, onde dada uma curva φgeramos uma nova curva ˜φ com composi-ções com aplicacomposi-ções à direita e à esquerda, é que teremos controle sobre o comportamento de varições tanto na imagem quanto no domínio das curvas, de sorte que poderemos apresentar a discussão das condições de transversalidade para o caso onde a determinação dos pontos nai da curva otimizada terá liberdade tanto na primeira coordenada quanto na segunda. Desta forma poderemos inclusive resolver o problema para o caso do ponto nal estar vinculado a uma outra curva ϕ. Obviamente a discussão que fazemos para os pontos nais das curvas estende-se naturalmente para os pontos iniciais.

2.2 Grupo a um parâmetro: variações verticais e

vari-ações horizontais

Na Matemática o Cálculo Variacional é uma ferramenta fundamental em Geometria e em Equações Diferenciais Ordinárias e Parciais. Nestes casos tem-se o conceito de funções a um parâmetro, onde assumimos que φ(t) = φ(, t), onde  não é uma segunda variável

(24)

23 e sim um parâmetro. Desta forma, não temos derivadas parciais em relação à  ou t mas sim apenas suas derivadas ordinárias. Em duas generalizações possíveis, que não abordaremos neste trabalho, teremos naturalmente a necessidade do uso de derivadas parciais. No caso da Teoria Clássica dos Campos, quando temos não apenas o tempo como variável independente mas duas ou mais variáveis independentes, como por exemplo nas Teorias de Campos bidimensionais, onde temos também uma variável espacialx, agora φ(t, x) = φ(, x, y), temos sim as derivadas parciais em relação à t ou x, mas em relação à 

temos apenas uma derivada ordinária. No caso de Cálculo Variacional de segunda ordem, onde temos o análoga às derivadas de ordem superior, ai sim precisamos generalizar o conceito de funções a um parâmetro, para o conceito de funções à n parâmetros, onde por exemplo se n = 2, temos φη(t) = φ(, η, t), onde  e η são parâmetros, mas temos sim as

derivadas parciais em relação à  e η e a derivada ordinária em relação à variável t. Nesta seção usamos como referência (ARNOLD, 1992) e (ROMANO, 2012). No que segue usaremos

para M a coordenada x, sendo que posteriormente será apresentada como (x) = (t, q) ou (x) = (t, q, ˙q). Observamos ainda que o estudo de simetrias onde temos a associação entre grupos de Lie e álgebras de Lie traduz-se na associação entre os grupos dos difeomorsmos dependentes de um parâmetro (grupos de Lie) e os correspondentes vetores gerados a partir destes (álgebra de Lie).

Denição 1 Um grupo de funções a um parâmetro é uma aplicação Φ : Q × R −→ Q

(x, ) 7−→ Φ(x) = Φ(x, )

tal que

1. Para todo  ∈ R, temos uma função Φ : x ∈ Q −→ Φ(x) ∈ Q

2. Para todo , η ∈ R e x ∈ Q, temos Φ+η(x) = Φ ◦Φη(x)

Em particular, pelas propriedades acima teremos que: i) Φ(x) = Φ+0(x) = Φ ◦Φ0(x), ou seja

Φ0(x) = x ∀x ∈ Q (2.8)

ii) Φ0(x) = Φ−(x) = Φ ◦Φ−(x) = x, ou seja

(25)

24 Denição 2 Para cada ponto x0 ∈ Q denimos a curva Φ(x0) : R −→ Q. O conjunto

{Φ(x0) /  ∈ R} é chamada órbita de Φ por x0.

A independência entre a variável x e o parâmetro , permite a seguinte denção Denição 3 Seja XQ(x)o vetor tangente à órbita de Φ por x, isto é

XQ(x) = dΦQ, d (x) =0 (2.10)

A aplicação que associa x ∈ Q −→ XQ(x) é um campo de vetores chamado gerador

innitesimal.

Com esta notação, denimos duas famílias de funções a um parâmetro denidas no do-mínio e na imagem da curva φ : I −→ Q,

ΦI : I × R −→ I (t, ) 7−→ ΦI,(t) = ΦI(t, ) φQ : Q × R −→ Q (x, ) 7−→ ΦQ,(x) = φQ(x, ) (2.11) onde denotamos dΦI, d (t) = XI(t) e dΦQ, d (x) = XQ(x) . (2.12) Assim, para a curva φ : I −→ Q, denimos a família a um parâmetro

φ : I × R −→ Q

(t, ) 7−→ φ(t) = φQ(φ(φ−1I (t, )), )

= φQ, ◦φ◦φ−1I,(t)

(2.13)

Observemos que quando  = 0 teremos

φQ(φ(φ−1I (t, 0)), 0) = φQ(φ(t), 0) = φ(t) . (2.14)

Para determinarmos as condições de transversalidade, analisamos como as variações da família φ comportam-se perto da curva φ, isto é, quando  = 0. Este resultado é dado

por

Lema 1 Para φ(t) = φQ, ◦φ◦φ−1I,(t), temos

dφ

d (t)

=0 = XQ(φ(t)) − T φ(t) XI(t) , (2.15) onde T φ : T I −→ T M, é a aplicação tangente associada a φ : I −→ Q. Os campos vetoriais XQ e XI geram respectivamente as variações XQ(φ) e as variações horizontais

(26)

25

T φ(XI). As variações XQ(φ) − T φ(XI) são as variações verticais.

Antes da demonstração deste resultado faremos algumas observações.

A derivada da curva φ : I −→ Q no ponto t0pode ser representada como o vetor ˙φ(t0). Esta

notação será usada ainda neste trabalho, porém a notação aqui adotada está reforçando uma visão geométrica na medida que esta derivada é dada pela transformação linear entre os respectivos espaços vetoriais tangentes T φ(t0) : Tt0I −→ Tx0M. Cabe lembrar que a

equivalência entre vetores e funcionais lineares denidos em espaços vetoriais com produto interno é garantida pelo Teorema da Representação de Riez.

O signicado geométrico da expressão (2.15) pode ser entendido como a exigência da co-mutação do diagrama da Figura 21, ou seja, para t0 ∈ Itemos que φ◦φI,(t0) = φQ, ◦φ(t0).

Q ΦQ,//Q I ΦI, // φ OO I φ OO

Figura 21: Diagrama para difeomorsmos em Q cobrindo

difeomorsmos em I. Dizemos que os difeomorsmos em Q, ΦQ, : Q −→ Q

estão cobrindo difeomorsmos em I, ΦI, : I −→ I. Esta

visão está relacionada a ideia de que o campo vetorial XQ(x0) é projetável em Ti0I, e neste caso a expressão

XQ(φ(t)) − T φ(t) XI(t)



representaria a verticaliza-ção do vetor XQ. Temos um resultado análogo, mas em

um contexto mais geral, na teoria clássica dos campos (FORGER; SALLES, 2015, expressão (27) pág 102901-8).

Demonstração. Escrevendo a φ(t) = φQ, ◦φ◦φ−1I,(t) como sendo a composição

φ(t) = φ(t, ) = φQ, ◦φ◦φ−1I,(t)

= φQ(φ◦φ−1I (t, ) , )

= φQ(x(t, ) , y(t, ))

onde x(t, ) = φ◦φ−1

I (t, ) e y(t, ) = . Pela regra da cadeia, sabemos que para uma

função f() = f(x() , y()) teremos df d = ∂f ∂x dx d + ∂f ∂y dy d (2.16) Assim dφ d (t) =0 (2.17) = dφQ dt (t, ) =0 · d d φ◦φ −1 I (t, )  =0 + dφQ d (t, ) =0 · d d() =0

(27)

26 Usando a regra da cadeia no segundo termo e as propriedades de grupos de funções a um parâmetro dadas respectivamente pelas equações (2.8) e (2.9) temos

d d φ φ −1 I (t, )  =0 = dφ dt(φ −1 I (t, 0)) · d d φ −1 I (t, )  =0 = T φ(t) · − XI(t)  = − T φ(t) · XI(t)  (2.18) onde o campo vetorial

−XI(t) = d d φ −1 I (t, )  =0 = d d(φI(t, −)) =0 = − d dη (φI(t, η)) η=0 e T φ : I −→ L(T I, T M )

é a aplicação tangente associada a φ : I −→ Q, de tal forma que o termo T φ · XI(t)

 é um campo vetorial em M, chamado de o push forward do campo XI pela φ. Como

dφQ dt (t, ) =0 = d dtφQ(t, 0) = d dt(t) = 1 , temos nalmente em (2.17) dφ d (t) =0 = − T φ(t) XI(t)  + XQ(φ(t)) , (2.19) 

(28)

27

3 Equação de Euler e condições de

transversalidade

Na mecânica ao perguntamos qual a trajetória que uma partícula descreve no mundo real para ir de um ponto A até um ponto B, evocamos o princípio do mínima ação que na formulação moderna, devido a William Rowan Hamilton no século 19, estabelece que, sobre todas as possíveis trajetórias que ligam dois pontos, o movimento que se realiza na Natureza é aquele que faz a soma das diferenças entre a energia cinética e a energia potencial ser a menor possível ao longo da trajetória. Denotando a energia cinética por T e a energia potencial por V , então a função

L(φ(t)) = T (φ(t)) − V (φ(t)) (3.1) determina a diferença na posição denida pela curva φ no instante t. Sendo A = φ(ti) e

B = φ(tf) temos que para cada curva φ a soma destas diferenças é dada pela integral

Sφ =

Z tf

ti

L(φ(t)) dt , (3.2)

que é chamada de ação. Para determinarmos qual curva φ nos dará o menor valor possível para integral Sφ = S[φ], isto é, qual a curva φ que minimiza a ação Sφ, precisamos elaborar

um conceito de variação δ, onde teremos variações δφ da curva φ e variações funcionais δSφ. Assim a curva φ que minimiza a ação Sφ será aquela onde

δS

δφ [φ] = 0 . (3.3)

Nesta parte do trabalho, que caracterizaremos aspectos da mecânica lagrangiana, teremos que L depende das posições generalizadas qi, das velocidades generalizadas ˙qi = dqdti e

do tempo t, ou seja, L = L(t, qi, ˙qi). Assim por um abuso na notação escrevemos as

coordenadas do espaço de conguração Q como (t, qi(t)) e as coordenadas do espaço de

fase das velocidades M por (t, qi(t), ˙qi(t). Como, M é o domínio de L, denotamos

(29)

28 Apesar de estar fora dos objetivos deste trabalho, precisamos fazer uma rápida digressão sobre as estruturas de Q e M e assim esclarecer alguns aspectos sobre a notação adotada. Na geometria temos que o espaço de fase M na verdade é conhecido como espaço dos jatos de primeira ordem de Q, e é denotado como JQ. Este espaço é um espaço am e pode ser construído a partir do espaço tangente T Q. Se denotarmos as coordenadas de Q por (t, q), então as coordenadas de T Q serão (t, q, ˙t, ˙q).

M = J Q πQ  (t, q, ˙q) Q πI  (t, q) I jφ ◦ φ CC φ JJ (t) Figura 22: Diagrama sobre a

estrutura de M. Observemos que se supormos que a variável t ela ui

como o tempo absoluto newtoniano, sua variação ao longo do tempo será constante, assim podemos escre-ver as coordenadas de T Q serão (t, q, 1, ˙q). Podemos fazer o quociente a variável ˙t e teremos então as coor-denadas para M dadas por (t, q, ˙q). Assumimos assim a existência de projeções πQ : M −→ Q e πI : M −→ Q

tais que πQ(t, q, ˙q) = (t, q) e πI(t, q) = (t).

Dada uma curva φ : I −→ Q onde temos φ(t) =

(t, q(t)), temos que a aplicação tangente, denotada T φ : T I −→ T Q com T φ(t, ˙t) = (t, ˙t, q(t), ˙q(t, ˙t)) e a aplicação dos jatos, denotada jφ : Q −→ M com jφ(t, q) = (t, q, ˙q(t, q)). No trabalho que segue estaremos interessados na curva jφ◦φ : I −→ M

com jφ◦φ(t) = (t, φ(t), ˙q(t, φ(t))), e por uma simplicação na notação usaremos esta

simplesmente como φ(t) = (t, q(t), ˙q(t)). M ΦM // πQ  M πQ  Q ΦQ // πI  I πI  I I Φ I−1 oo φ OO

Figura 23: Diagrama sobre o levantamento de difeomorsmos

para M.

Outro aspecto importante é que para aplicações, como no diagrama da Figura 21, é possível levantar estes canonicamente, sem nenhuma estrutura adici-onal, para uma aplicação em M (Figura 23). Po-demos assim, para v ∈ JQ = M, visto como uma aplicação linear de T I em T Q denir o levantamento de uma aplicação ΦQ para uma aplicação ΦM, como

segue

ΦM(v) = T ΦQ ◦v◦T Φ−1I (3.5)

Temos que estes resultados, em uma formulação matemática, encontra-se em (ECHEVERRIA-ENRIQUEZ; ROMAN-ROY, 1995) e em um contexto mais geral de teoria

(30)

29

3.1 Variação do funcional

A partir das ideias da capítulo anterior, dada uma curva φ(t), obtermos uma família de curvas φ(t) tal que para cada parâmetro  teremos uma curva φ(t). Um aspecto

importante é que a dependência em relação ao parâmetro será diferenciável. A título de simplicação assumiremos que ti será nulo e as curvas φ serão tais que φ(0) = (0, 0, vi),

isto é, no instante inicial a partícula que tenha sua trajetória descrita pela curva φ partirá da origem com velocidade inicial vi livre e terá como tempo nal tφ que poderá ser xo

(igual) para todas as curvas, ou não. Assim o funcional ação terá a forma S[φ] =

Z tφ

0

L(φ(t))dt (3.6)

Para obtermos as equações de Euler-Lagrange (1.7), exigiremos ainda que as soluções estejam sujeitas a condição nal xa, onde as curvas φ serão tais que φ(tφ) = (tφ, 0, vφ)

Para deduzirmos as condições de transversalidades (1.10) assumiremos que tφ e φ(tφ)são

livres, assumindo valores quaisquer. Neste contexto, partimos da hipótese que existe uma solução φ(t) e um valor de tφ tais que o valor de S[φ] é otimizado (atingindo o menor

possível). Isto signica, no formalismo variacional, que

δS[φ] = 0 . (3.7)

No procedimento para realização deste cálculo iremos compor a curva φ : I −→ T Q com os grupos de funções a um parâmetro

ΦI : I × R −→ I

(t, ) 7−→ ΦI,(t)

ΦM : M × R −→ M

(t, q, ˙q, ) 7−→ ΦM,(t, q, ˙q)

(3.8) respectivamente, à direita com a inversa do primeiro e à esquerda com o segundo. Desta forma obtemos uma família de curvas a um parâmetro

φ : I × R −→ M

(t, ) 7−→ φ(t) = ΦQ, ◦φ◦Φ−1I,(t)

(3.9) Para cada parâmetro  xado, obtemos uma nova curva φ. Desta forma, podemos compor

a família de curvas (3.9), com o funcional (3.6) de tal forma a obtermos a função Sφ() =

Z t

0

L (φ(t)) dt . (3.10)

(31)

30 O aspecto importante do uso dos grupos à um parâmetro na formulação das variações é que agora a possibilidade de diferenciação em relação a este parâmetro permitirá que abramos mão de denições abstratas para derivação de S, como em (1.1), e possamos agora derivar a expressão anterior em relação à . Assim a otimização de S[φ], ao contrario da

otimização abstrata de S[φ]dada por (3.7, será da por Sφ0()

=0 = 0 . (3.11)

onde agora temos a derivada usual em relação à , uma vez que o funcional ação S é reescrito como uma função de . Escrevemos agora Sφ() como composição da função de

duas variáveis

I(λ, η) = Z λ

0

L (φη(t)) dt

com a curva γ() = (t, ), isto é, Sφ() = (I◦γ)(). Usando a regra da cadeia, temos que

a derivada de S é

Sφ0() = (I◦γ)0() = ∇I(γ()) · γ0()

onde γ0() = dt

d , 1 

. Pelo Teorema Fundamental do Cálculo temos que o gradiente de ∇I é dada por

∇I(λ, η) =  L (φη(λ)) , Z λ 0 ∂ ∂ηL (φη(t)) dt  . Assim Sφ0() = L (φ(t)) dt d + Z t 0 ∂ ∂L(φ(t)) dt (3.12) A título de notação escrevemos φ(t) = (t, q(t), ˙q(t)) onde ˙q(t) = dqdt(t) para que o

integrando no último termo seja escrito como ∂ ∂L (t, q(t), ˙q(t)) = ∂L ∂q (t, q(t), ˙q(t)) dq d(t) + ∂L ∂ ˙q (t, q(t), ˙q(t)) d ˙q d (t) . Integrando por partes este termo, obtemos

Z t 0 ∂L ∂ ˙q (φ(t)) d ˙q d(t) dt =  ∂L ∂ ˙q (φ(t)) dq d(t)  t=t t=0 − Z t 0 d dt ∂L ∂ ˙q (φ(t)) dq d (t) dt

(32)

31 Reorganizando a expressão (3.12) com os termos anteriores temos:

Sφ0() = L (φ(t)) dt d +  ∂L ∂ ˙q (φ(t)) dq d(t)  t=t t=0 (3.13) + Z t 0  ∂L ∂q (φ(t)) − d dt ∂L ∂ ˙q (φ(t))  dq d(t) dt Nas próximas seções veremos como S0

φ()

=0 = 0, com condições de bordo xas ou não,

nos levam às equações de Euler-Lagrange (1.7) e as condições de Transversalidade (1.10).

3.2 Equações de Euler-Lagrange

O que signica impormos todas às curvas φ(t)tenham o mesmo ponto nal? Podemos

traduzir esta pergunta nas seguintes condições

φ(0) xos φ(tφ) para tφ= ΦI,(tφ) xo . (3.14)

Ao xarmos tφ, obviamente dtd = 0 e portanto o primeiro termo de (3.13) será nulo. Por

outro lado, observemos que impondo a condição de que φ(tφ) é constante em relação à

, implica que dφ

d (t) = 0, tanto para t = 0 quando para t = t. Temos assim que os dois

primeiros termos de (3.13) serão nulos. Desta forma, usando a condição S0 φ() =0 = 0 temos Z tφ 0  ∂L ∂q (φ(t)) − d dt ∂L ∂ ˙q (φ(t))   dq d(t)  =0dt = 0

Para concluirmos as equações de Euler basta usarmos o seguinte

Lema 2 (Lema Fundamental do Cálculo das Variações) Seja f(t) uma função denida e contínua em [t0, t1] ⊂ R com

Z t1

t0

f (t) g(t) = 0

para toda função g(t) contínua em [t0, t1]. Então, f(t) = 0 em [t0, t1].

Demonstração. Ver (HOBSON, 1913) ou (ARNOLD, 1992).  Assim, como as variações φ são arbitrárias, as dqd são funções arbitrárias, e concluímos

∂L ∂q (φ(t)) − d dt ∂L ∂ ˙q (φ(t)) = 0

(33)

32

3.3 Condições de transversalidades

Para determinarmos as condições de transversalidade, analisamos como as variações da fa-mília φ comportam-se perto da curva original φ, isto é, quando  = 0. Usando o resultado

do Lema 1, para o caso onde q(t) = φQ, ◦φ◦φ−1I,(t), mas usando a notação q(t) = φ(t),

teremos dφ d (t) =0 = XQ(φ(t)) − T φ(t) XI(t) . (3.15)

Lembrando que a derivada em relação à  de t(t), onde t(t) = ΦI,(tφ), em  = 0 é

dado pelo campo de vetores XI(t). Assim teremos que os dois primeiros termos de (3.13),

exigindo que  = 0 e usando equação (3.15), tem a forma  L (φ(t)) dt d() −  ∂L ∂ ˙q (φ(t)) dφ d  t=t t=0  =0 = = L (tφ, q(tφ), ˙q(tφ)) XI(tφ) + ∂L ∂ ˙q (tφ, q(tφ), ˙q(tφ)) XQ tφ, q(tφ) − Ttφφ(tφ) XI(tφ)  

Reagrupando e exigindo que este termo seja identicamente nulo, obtemos  L (φ(tφ)) − Ttφφ(tφ) ∂L ∂ ˙q (φ(tφ))  XI(tφ) + ∂L ∂ ˙q (φ(tφ)) XQ(tφ, q(tφ)) = 0 (3.16) Esta expressão pode ser considerada em diferentes casos, conhecidos como problemas variacionais com fronteiras móveis. Temos tipicamente três situações possíveis:

1. Fronteira livre vertical:

0 - t q 6 t A φT B2 t B3 t B1 t

Figura 24: Fronteiras livres verticais.

Neste caso xamos um valor para ΦI,(tφ) = tφpara todo , ou seja, assumimos que

ΦI, é constante em relação à , portanto teremos

(34)

33 o que fornece a condição de transversalidade

∂L

∂ ˙q(φ(tφ)) = 0 (3.17)

2. Fronteira livre horizontal:

0 -t q 6 qφ A t1 t t t3 t t t t2 t t

Figura 25: Fronteiras livres horizontais.

Neste caso xamos um valor qφpara ΦQ,(φ(tφ)) = φ (ΦI,(tφ))para todo valor de ,

o que implica d d  ΦQ, φ(tφ)  =0 = XQ(φ(tφ)) = d d  φ ΦI, tφ  =0 = Ttφφ  XI(tφ) 

De outra forma, queremos que o diagrama da Figura 21 comute. Esta exigência fornece a condição

L(φ(tφ)) − ˙q(tφ)

∂L

∂ ˙q(φ(tφ)) = 0 . (3.18) 3. Fronteira denida por uma curva ϕ:

0 -t q 6 B1 t B3 t B2 t A ϕ t

Figura 26: Fronteira denida por uma curva ϕ.

(35)

34

t = tϕφ as curvas φ e as aplicações associadas aos campos de vetores sejam tais que

ΦQ,(ϕ(t ϕ

φ)) = φ(ΦI,(t ϕ φ))

para todo valor de . Assim, derivando o lado direito e esquerdo, em  = 0, teremos d d  ΦQ,(ϕ(tϕφ))  =0 = XQ(tϕφ) = Ttϕφφ  XI(tϕφ)  = d d  φ(ΦI,(tϕφ))  =0 . Usando a notação de que ˙φ(tϕ

φ)a, XI(t ϕ φ) = Ttϕφφ  XI(tϕφ) e substituindo em (3.16) temos, no instante t = tϕ φ, a condição de transversalidade L(φ(tϕφ)) + ( ˙ϕ(φ(tϕφ)) − ˙φ(φ(tϕφ)))∂L ∂ ˙q(φ(t ϕ φ)) = 0 . (3.19)

3.4 Exemplos e aplicações

3.4.1 Braquistócrona

Para simplicar o problema, vamos supor que a curva deve começar no ponto A que, sem perda de generalidade, será a origem O(0, 0) e o ponto nal B = (tφ, qφ). Reescrevemos

então o funcional 1.5, que descreve a braquistócrona, usando agora as coordenadas (t, q, ˙q), de tal forma que escrevemos a curva φ como φ(t) = (t, φ(t), ˙q(t, φ(t))). Temos então

F [φ] = √1 2g Z tφ 0 s 1 + ˙q(t)2 q(t) dt (3.20)

onde a lagrangiana é da forma:

L(φ(t)) = s

1 + ˙q(t)2

q(t) (3.21)

Para escrevermos a equação de Euler-Lagrange, calculamos inicialmente ∂L ∂q(φ(t)) = − 1 2 1 q(t) s 1 + ˙q(t)2 q(t) e ∂L ∂ ˙q(φ(t)) = ˙ q(t) pq(t) (1 + ˙q(t)2) . (3.22)

Derivando o último termo em relação à t, teremos: d dt ∂L ∂ ˙q(φ(t)) = 2 ¨q(t) q(t) (1 + ˙q(t)2) − [ ˙q(t) ˙q(t) ( 1 + ˙q(t)2) + 2 q(t) ˙q(t)2q(t)]¨ 2 [q(t)(1 + ˙q(t)2)]32 = 2 ¨q(t) q(t) − ˙q(t) 2 − ˙q(t)4 2 [q(t)(1 + ˙q(t)2)]32

(36)

35 o que irá resultar em:

∂L ∂q(φ(t)) − d dt ∂L ∂ ˙q(φ(t)) = − (1 + ˙q(t)2)2 + 2 ¨q(t) q(t) − ˙q(t)2 − ˙q(t)4 2 [q(t)(1 + ˙q(t)2)]32 = −1 + 2 ¨q(t) q(t) + ˙q(t) 2 2 [q(t)(1 + ˙q(t)2)]32 = 0 .

Temos a Equação Diferencial Ordinária de 2a Ordem não-linear

1 + 2¨qq + ˙q2 = 0 . Para resolver esta EDO, reorganizando os termos,

2 ˙q ¨q 1 + ˙q2 = −

˙ q q e agora, integrando em relação à t,

ln(1 + ˙q(t)2) = − ln q(t) + a dessa igualdade obtemos as condições 1 + ˙q(t)2 = b

q(t) e b = e a, assim dq dt(t) = ± s b − q(t) q(t) ou seja s q(t) b − q(t)dq = ±dt

usando a mudança de variáveis q(t) = b sin2t, dq = 2b sin t cos t dt e dt = dx, e integrando,

resulta 2b Z sin2t dt = ± Z dx , assim b(2t − sin 2t) = ±2x − c agora, usando outra mudança de variáveis, 2y = b(1 − cos 2t)

x(t) = ±b 2(2t − sin 2t) ± c 2 e y(t) = b 2(1 − cos 2t) . Simplicando temos a equação paramétrica:

(37)

36 O problema geral da braquistócrona que permite que o ponto de chegada varie sob uma curva não difere muito da versão clássica com pontos xos (MERTENS; MINGRAMM, 2008).

A braquistócrona tem solução dada pela equação de Euler-Lagrange, mas condições de transversalidade, assim como no exemplo a seguir, se resumem à condição de ortogonali-dade entre a solução e uma curva limite.

3.4.2 Traço entre um ponto e uma curva

Vamos supor novamente que a curva deve começar no ponto A que, sem perda de generalidade, será a origem O(0, 0) e o ponto nal B = (tφ, qφ). Reescrevemos então o

funcional 1.8, que determina o comprimento da curva φ usando as coordenadas (t, q, ˙q), de tal forma que escrevemos a curva φ como φ(t) = (t, φ(t), ˙q(t, φ(t))). Temos então

F [φ] = Z tφ

0

p

1 + ˙q(t)2dt.

onde a lagrangiana é da forma:

L(φ(t)) = p1 + ˙q(t)2 .

Nesse caso temos que: ∂L ∂q(φ(t)) = 0 e ∂L ∂ ˙q(φ(t)) = ˙ q(t) p(1 + ˙q(t)2)

então no calculo da equação de Euler-Lagrange a temos que 0 − d dt ˙ q(t) p(1 + ˙q(t)2) ! = 0 fazendo a derivada temos que:

¨ q(t)

p(1 + ˙q(t)2)3 = 0

Equação Diferencial Ordinária de 2a Ordem

¨

q = 0 ,

cuja solução é na forma q(t) = = at + b, ou seja, uma reta, dessa forma podemos obter a equação paramétrica:

(38)

37 que parametriza a reta.

Agora aplicando as condição de transversalidade dada na equação 3.19: L(φ(tφ)) − ˙q(tφ) ∂L ∂ ˙q(φ(tφ)) = q 1 + ˙q(tφ)2 + ( ˙φ(φ(tφ)) − ˙ϕ(φ(tφ)) ˙ q(tφ) p(1 + ˙q((tφ)2) = 1 + ˙φ(tφ) ˙ϕ(tφ) p(1 + ˙q(tφ))2) = 0 , (3.23)

onde usamos que ˙φ(φ(tφ)) = ˙q(tφ). Temos assim que

1 + ˙φ(tφ) ˙ϕ(tφ) = 0

então

˙

φ(tφ) ˙ϕ(tφ) = −1 isso implica que φ(t˙ φ) =

−1 ˙ ϕ(tφ)

dessa forma podemos ver que as funções que parametrizam a curva de chegada em função de tφ são da forma:

φ(tφ) = (tφ, φ(tφ)) e φ(t) = (1, ˙˙ φ(tφ)) e ainda ϕ = (1, ˙˙ ϕ((tφ))

Figura 27: Solução do problema de Colombo

assim, teremos que: ˙

φ(t) = (1, − 1 ˙ ϕ(t))

agora fazendo o produto escalar entre ˙ϕ e ˙φ, temos que

˙

ϕ · ˙φ = 0

dessa forma temos que a condição de transversali-dade é a mesma que a condição de perpendicula-ridade, ou seja, além de o traço mínimo entre dois pontos é uma reta, a condição de obtida garante que a reta que liga o ponto inicial xo ao ponto nal na curva faz um angulo reto ao ponto de chegada.

(39)

38

4 Considerações nais

Neste trabalho foram abordados os conceitos de otimização e cálculo variacional, sem deixar de abordar o contexto histórico. Foram deduzidas a equação de Euler-Lagrange e as diversas condições de transversalidade numa abordagem geométrica, que é o núcleo deste trabalho. A teoria foi aplicada em dois exemplos, porém existem diversas outras aplicações que podemos citar: problemas da otimização dinâmica na economia, problemas de superfícies mínimas e problemas de ótica geométrica.

Algumas outras aplicações foram estudadas, mas não consideramos neste trabalho por exigirem uma série de conceitos que extrapolariam a proposta. Um caso é o colapso de nano-tubos de carbonos de parede única, conhecidos como SWCNT (single-wall carbon nanotubes). Tais tubos podem se colapsar se aplicados a certas pressões este colapso pode ser aproximado a um problema de fronteiras móveis onde as condições de transversalidade representam o balanço da energia de deformação elástica e a energia potencial de van der Waals (LIU, 2012). Outro caso é estudo da otimização de síntese enzimática de ampicilina

(RIBEIRO; GIORDANO, 2005). Neste trabalho é discutido o rendimento e produtividade

na síntese enzimática de ampicilina onde busca-se tornar essa rota competitiva buscando o equilíbrio entre enzimática de ampicilina em reator operando em batelada alimentada. Alguns resultados simulados são apresentados mostrando uma melhora signicativa na produção achando um ponto nal ótimo onde o objetivo era proteger o antibiótico de ataque enzimático pelo substrato, ou seja, evitando sua hidrólise.

Como perspectiva para trabalhos futuros, além da possibilidade de abordarmos os problemas citados. Num contexto teórico, expandir esta discussão para o formalismo ha-miltoniano não autônomo. Outra possibilidade seria discutir as variações de segunda or-dem onde discutiríamos as implicações do sinal da segunda variação F00[x

0]. É conhecido

na literatura, que a exigência que esta última seja nula, i.e.,

(40)

39 nos leva, no caso de considerarmos os extremos do integrando de (1.6) xos. Para dedução desta equação teríamos que considerar uma generalização para produzirmos variações não por composição de uma dada solução x com grupo a um parâmetro, mas sim com grupo a dois parâmetros φλ: I × R2 −→ Qe obtermos variações

φλ(t) = ΦQ,λ ◦φ◦Φ−1I,λ(t) .

Isto leva as equações de Jacobi, que expressa-se F00[x0] = Z T 0 ∂2L ∂q2 dφλ d + ∂2L ∂ ˙q ∂q d ˙φλ d − d dt ∂2L ∂ ˙q ∂q dφλ d + ∂2L ∂ ˙q2 d ˙φλ d !! dφλ dλ dt Para o caso de extremos livres, no contexto do cálculo variacional de segunda ordem, desconhecemos o análogo das condições de transversalidade.

Apesar destes serem amplamente usados em economias, como no estudo das impli-cações dos monopólios (CHIANG, 1992), em mecânica não são apresentados usualmente

exemplos práticos. O estudo de condições assintóticas é feito com a introdução de integrais impróprias, de tal forma que os funcionais envolvidos seriam da forma

F [φ] = Z ∞ ti L(t, q(t), ˙q(t)) dt = lim tf→∞ Z tf ti L(t, q(t), ˙q(t)) dt .

A construção de exemplos seriam uma atividade importante para testar as ferramentas aqui apresentadas.

(41)

40

Referências

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(42)

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