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1-2-02 O que vem a ser sistêmico

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Academic year: 2021

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O Que Vem a Ser Sistêmico?

É comum às pessoas, ao tomar contato com o Pensamento Sistêmico, passarem a usar o termo “sistêmico” mais freqüentemente. Referem-se a uma ação mais sistêmica, a uma teoria mais sistêmica, ou a uma decisão mais sistêmica. Passam a utilizar o termo de uma maneira mais ou menos

indiscriminada. Parece útil, nesse momento, identificar de maneira um pouco mais clara o que caracteriza o termo “sistêmico”.

As Características do Pensamento Sistêmico

Além da função de ajudar no adequado emprego do termo “sistêmico”, a identificação das características do Pensamento Sistêmico tem também a função de deixar claro um conjunto de idéias que o suportam.

Essas idéias foram sendo constituídas ao longo de uma história, e consolidam-se na medida que resultados de experimentos dão mais credibilidade às próprias idéias, na ciência e na vida prática.

A história construída é a história da contextualização do pensamento mecanicista. Como você viu anteriormente, o pensamento mecanicista encontrou seus limites no início do Séc. XX. Uma nova forma de pensar era necessária, e ela necessitava ter características especiais para compreender os novos fenômenos complexos diante dos olhos dos cientistas e das pessoas em geral na vida prática.

 A história do Pensamento Sistêmico está descrita em: “O Que Usaremos no  Campo, Chefe?”, na pág. @

As características que o Pensamento Sistêmico incorporou ao longo desses anos de estudo nos levaram a perceber o mundo de uma maneira específica, e a tentar resolver os problemas desta maneira. Houve uma mudança gradual de ênfases, afastando a nova forma de pensar das

características do pensamento mecanicista. A partir de um novo conjunto de ênfases, foi-se caracterizando o novo paradigma.

Perceber a realidade desta nova maneira é percebê-la de uma maneira sistêmica, e resolver problemas com base nesta percepção, leva a um tipo de ação sistêmica. Mas, afinal, o que vem a ser sistêmico?

De acordo com o conjunto de vertentes sistêmicas que embasam este livro, as características do Pensamento Sistêmico são as que vêm abaixo. Trata-se da mudança de ênfase:

1) Das Partes para o Todo

No pensamento mecanicista, o processo analítico tem função primordial. Busca-se a compreensão dos objetos delimitando claramente sua fronteira e decompondo-os em partes menores de mais simples compreensão. A decomposição visa a busca de elementos de maior simplicidade, mais

Estas características foram compiladas ao longo do trabalho do físico Fritjof Capra. Veja no final deste texto uma revisão de suas principais obras.

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compreensíveis e de características mais essenciais que o próprio todo. Esse movimento é chamado de reducionismo.

Essa busca pelo essencial parte do pressuposto de que haverá uma parte muito pequena indivisível, cujas propriedades desmistificariam a

complexidade inerente ao todo. Este movimento é denominado atomismo. Este processo tanto trouxe progresso quanto dificuldades. As principais dificuldades dizem respeito a três aspectos. O primeiro é derivado da perda dos relacionamentos do todo com o ambiente apartado pelo processo de delimitação de fronteiras. O todo é isolado do seu ambiente para que possa ser mais bem controlado no processo de conhecimento. Como decorrência desse princípio, a segunda dificuldade ocorre, pois também as partes componentes são isoladas, apartando assim os relacionamentos com as demais partes e com o todo maior. E terceiro, o reducionismo e o atomismo passam a permear o pensamento científico e tecnológico, e mesmo o raciocínio diário, fazendo com que as pessoas acreditem que aquilo que não for detalhado não é sistemático, e por isso não é conhecimento verdadeiro. Esse reducionismo e atomismo exagerados levam as pessoas a “afogarem-se” em um oceano de dados, dos quais é difícil extrair uma visão estratégica, sistêmica.

O Pensamento Sistêmico busca reequilibrar as coisas passando a olhar no sentido contrário do reducionismo e do atomismo, dando maior ênfase ao todo que à parte. Inicialmente, estabelece também uma fronteira de sistema, mas ela é “fraca” e mais ou menos arbitrária, para que os sucessivos entendimentos posteriores possam restabelecer exatamente de que escopo está-se falando. Isto permite a inclusão durante o processo de aspectos importantes, como relacionamentos com o ambiente e com outros sistemas.

Há aqui também um perigo: o entendimento abstrato de que tudo está conectado a tudo, e assim só parar o processo de inclusão ao chegar ao sistema maior: o Universo. Para que o “detalhismo” não ocorra também na direção oposta, o Pensamento Sistêmico adota duas posturas: o processo de inclusão é delimitado por um interesse declarado dos atores pensantes, por um lado, e por outro sintetiza e agrega variáveis, toda vez que o mapa do sistema torna-se cognitivamente confuso.

Logo, o Pensamento Sistêmico está interessado nas características essenciais do todo integrado e dinâmico, características essas que não estão em absoluto em partes, mas em relacionamentos dinâmicos entre partes e partes, partes e todo, e entre todo e outros todos. Ao invés de se concentrar em elementos ou substâncias básicos, propõe a atenção a princípios básicos de organização e a adoção de equilíbrio entre tendências opostas, como reducionismo e holismo, e análise e síntese.

2) De Objetos para Relacionamentos

A ênfase em objetos tem parte de sua subsistência na constituição lingüística ocidental. As línguas ocidentais, a maioria delas derivadas do proto-indo-europeu, dão uma ênfase especial à leitura do mundo através de objetos, pela sua ênfase estrutural em sujeitos e objetos, ao invés dos verbos.

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Conhecer o mundo, dentro da tradição ocidental e mecanicista, significa conhecer os objetos que o compõem.

Não nos deteremos nas vantagens deste processo, pois não serve aos nossos propósitos neste ponto. Analogamente ao discutido na mudança de ênfase de partes para todo, o “pensamento por objetos” está pouco atento aos relacionamentos entre os objetos. Como são os relacionamentos que

promovem a dinâmica, o “pensamento por objetos” não considera a codificação de atividades, de operações e, em última instância, do processo que ocorre a partir dos relacionamentos.

Uma vez reconhecida a importância dos relacionamentos para o

entendimento do todo, faz mais sentido buscar um entendimento da realidade não através de coleções de objetos, mas através de redes de relacionamentos incorporadas em redes maiores. A busca da generalização no Pensamento Sistêmico não se dá por classificação de objetos isolados com as mesmas características, mas através do estudo dos padrões de organização. Neste processo, observam-se repetidamente os mesmos padrões – configurações de relacionamentos – em diferentes sistemas. Há uma mudança de foco, do que o sistema é composto (conteúdo), para padrões de relacionamentos.

Aquilo que é denominado objeto, ou parte de objeto, é apenas um padrão abstrato arbitrado dentro de uma teia inseparável de relações. Em última análise, não há objetos ou partes em absoluto, mas padrões de

relacionamentos mais ou menos estáveis. Este padrão de organização, o que denominamos sistema, está em permanente co-evolução através de

interações.

3) De Hierarquias para Redes

No pensamento analítico, objetos são decompostos hierarquicamente em partes, que por sua vez são novamente decompostos em parte menores, inferiores dentro da hierarquia. O conceito de hierarquia permeia todo o processo analítico, conferindo aos níveis abaixo graus decrescentes de importância na medida do avanço do processo analítico. Transferido aos sistemas sociais, o pensamento hierárquico impregna a compreensão e a intervenção na realidade com uma degradação da importância na medida em que se desce na hierarquia, que é nociva à complexidade da realidade social. Além disso, o processo analítico confere um caráter de cerceamento das partes ao interior do objeto em análise, o que nem sempre é o caso, pois sistemas complexos aninhados dentro de sistemas complexos nem sempre se limitam às fronteiras do sistema maior. Indivíduos dentro de organizações são muito mais que partes confinadas dentro de uma empresa, mas sistemas complexos em interações com vários sistemas em vários níveis. Por isso, as fronteiras entre sistemas, separando os organismos vivos de seu ambiente, são freqüentemente de difícil distinção. A interdependência e coordenação de coletividades de seres vivos geram um contato tão estreito, que o sistema acaba por se parecer com um grande organismo.

Assim, a capacidade de entendimento da realidade reside em deslocar a atenção de um lado para outro entre níveis sistêmicos, através da ampla rede

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de relações do mundo vivo. Perceber essa ampla teia traduz-se em utilizar um pensamento em rede, outra das características essenciais do Pensamento Sistêmico. Uma série de descrições interconectadas de fenômenos é

construída através da descrição do funcionamento da rede, na medida em que percebemos a realidade como relacionamentos. Nosso próprio processo de conhecimento vai também tecendo uma teia de descrições construída em rede, de forma que a metáfora do conhecimento como edifício vai sendo substituída pela rede. Em última análise, do ponto de vista da construção do conhecimento, nossas descrições do mundo acabam por formar uma rede interconectada de concepções e de modelos.

4) De Causalidade linear para Circularidade

Pelo pensamento mecanicista, o entendimento da realidade científica passa do levantamento dos dados para o reconhecimento de padrões, e daí para explicações causais dos fenômenos. Porém, a tradição de estudos de causalidade sempre esteve limitada ao reconhecimento dos padrões lineares de conexão. Por, implicitamente, considerar as relações tautológicas (de causalidade circular) anômalas ou de exceção, relegou-as ao segundo plano.

Porém, a partir da nova ciência, que tem origem na cibernética e engenharia de controle, essa relação acabou por inverter-se. Essas novas ciências reconhecem a importância e essencialidade das relações circulares. Em função da inclusão do ambiente contextual na compreensão dos sistemas complexos, a cibernética começou a notar a participação cada vez maior das relações circulares de causa e efeito na explicação do comportamento e sustentação dos sistemas complexos. Tais relações são também chamadas de feedback loops ou enlaces de retroalimentação. Sem o entendimento de tais relações circulares, a compreensão do todo fica limitada. Por isso o

Pensamento Sistêmico tende a buscar um entendimento integral da realidade através dos fluxos circulares, em vez de apenas por relações lineares de causa e efeito.

Tome por exemplo um sistema como o rio. Ele só existe e se sustenta pela relação circular maior do ciclo das águas. Ou um animal. Só se mantém e tem tais características por inúmeras circularidades: controle da temperatura corporal, pressão sangüínea, cadeia alimentar, respiração. Assim também são os fenômenos organizacionais: a mudança sustentada que é nutrida pelos enlaces de reforço, a manutenção dos problemas que se dá através dos enlaces equilibradores.

5) De Estrutura para Processo

Outra mudança que se configura através do Pensamento Sistêmico é oriunda de um duplo reconhecimento. O primeiro é de que a estrutura de um sistema complexo é o influenciador fundamental do funcionamento dos seus processos. Mas o segundo é o principal. São os processos fundamentais que estabelecem padrões de organização, e que acabam por se materializar em uma estrutura. Dentro do Pensamento Sistêmico, principalmente por influência da teoria da autopoiese, de Maturana e Varela, e da teoria das

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estruturas dissipativas de Prigogine, a busca essencial é o do entendimento dos processos subjacentes que organizam um padrão, e que por fim dão origem a uma estrutura materializada.

Este movimento encontra adeptos tanto nas ciências naturais como nas ciências sociais. Teóricos como Giddens, Habermas e Luhmann trabalharam para a busca de uma teoria integradora entre estruturalismo e funcionalismo, ganhando força cada vez maior este processo de transcendência da dicotomia nas ênfases estrutura-comportamento.

Isto faz sentido na medida em que um sistema vivo ou social é mais do que uma configuração estática de componentes. Mantém-se em constante fluxo através de processos metabólicos e de desenvolvimento que configuram e reconfiguram sua estrutura, fazendo com que sua forma se mantenha e se desenvolva. Acaba que toda estrutura é vista como a manifestação de processos subjacentes, fazendo com que o Pensamento Sistêmico seja um “pensamento de processo”, que considera a natureza intrinsecamente dinâmica da realidade. Nesse entendimento, a rede inteira de relacionamentos é vista como intrinsecamente dinâmica, e a estrutura rígida cede lugar a manifestações flexíveis de processos subjacentes.

6) De Metáfora Mecânica para Metáfora do

Organismo Vivo e Outras Não-Mecânicas

O Pensamento Sistêmico dá especial ênfase ao uso da metáfora do organismo vivo, em contraposição à dominante metáfora mecanicista. Os sistemas vivos têm se mostrado uma metáfora útil na compreensão da nova ciência, pois conceitos como contexto, ambiente, relações, mutualidade, fluxos, fronteiras permeáveis, processos, desenvolvimento e evolução são conceitos muito mais próximos dos objetos de estudo da biologia e ecologia do que das máquinas. A metáfora mecanicista para compreensão e

construção de organizações começa a dar sinais de esgotamento quando vivemos em um mundo cada vez mais interconectado, dinâmico e em mudança.

Também a metáfora mecânica precisa dar cada vez mais espaço ao uso das metáforas sociais para compreensão da realidade organizacional. Como o mecanicismo coloca ênfase quase exclusiva na dimensão tecnológica, freqüentemente ficam esquecidas as dimensões política e cultural das organizações, em muito responsáveis por sucessos ou fracassos de iniciativas de mudança.

Na medida em que a metáfora do organismo e as novas teorias dos sistemas vivos vão sendo adotadas, um novo conjunto de aplicações conceituais vai se incorporando à forma sistêmica de encarar o mundo.

É preciso lembrar, porém, que o Pensamento Sistêmico é simpático a diversas outras metáforas, como a do cérebro, da holografia, do fluxo e transformação, da cultura e da política. Todos esses fenômenos, de uma forma ou de outra, têm acolhida numa forma sistêmica de pensar, que por origem é uma forma inclusiva, e não excludente de pensar. O pensamento metafórico, de uma forma geral, é sinérgico ao Pensamento Sistêmico, sendo

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útil dentro de uma nova forma de compreender a realidade mutante. Isso faz sentido na medida em que a cognição e o controle de um sistema precisam ter uma variedade no mínimo igual à variedade da situação a ser conhecida e controlada. Significa que, para um mundo complexo, é necessária uma forma de pensamento também complexa, o que implica um repertório quantitativa e qualitativamente superior de metáforas, modelos e pontos de vista.

7) De Conhecimento Objetivo para Conhecimento

Contextual e Epistêmico

Quando se está falando de conhecimento objetivo, está-se referindo ao campo da experiência independente dos interesses e emoções do observador individual. É um conhecimento obtido por métodos acordados por diversos especialistas, em que as subjetividades são apartadas do processo, tornando-o “neutro”. Porém, a arbitrariedade na seleção das teias de relacionamentos a serem observadas, analisadas ou resolvidas está longe de ser um

procedimento “neutro”. Os cientistas e gerentes podem concordar sobre um método para realizar uma investigação, mas a teia específica de

relacionamentos a ser investigada, bem como suas fronteiras, dependem amplamente da subjetividade, dos interesses, crenças e paradigmas dos que a selecionaram.

Principalmente em função desta dependência é que começa a ser necessária uma contextualização dos pressupostos básicos de trabalho do investigador científico ou do líder da mudança nas organizações. Se o ator é um “mecanicista clássico”, abordará a organização como se fosse uma máquina que necessita de controle, e implementará mecanismos para controlá-la. Não há nenhum problema inerente nesta postura, desde que sua ontologia organizacional e epistemologia sejam expressamente declaradas. Ou seja, o ator da mudança ou investigador científico precisa declarar sua visão de mundo sobre como a realidade é, e de como o conhecimento se constrói. Isso se torna necessário para que ele possa receber apoio coerente ao seu movimento, ou de modo a receber crítica bem embasada, impossível sem uma declaração dos seus pressupostos a respeito da natureza da organização, do ser humano e da realidade.

Além disso, como a “[...] natureza é vista como uma rede dinâmica e interconexa de relações que inclui o observador humano como um

componente integrante”, o próprio entendimento desse observador sobre o processo de conhecimento tem que ser incluído explicitamente na descrição dos fenômenos. Como os pressupostos relacionados ao processo de

conhecimento, suas teorias, modelos e formas de mensuração dependem do paradigma em uso, e como há diferentes paradigmas disponíveis, o

observador-participante precisa explicitamente declarar sua epistemologia em uso. Nesse sentido, a epistemologia em uso é parte do processo de observação e, ao mesmo tempo, o influencia. Por exemplo, isolar um padrão numa rede complexa desenhando uma fronteira ao seu redor, chamando esse padrão de “objeto”, é uma ação arbitrária, porém válida dentro de uma certa ontologia e epistemologia, especificamente do pensamento mecanicista. Já o

A citação foi extraída de CAPRA, Fritjof. O Tao da Física. São Paulo, Cultrix, 1999. 19a ed., p. 247.

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Pensamento Sistêmico, em função da precariedade cognitiva humana, também estabelece “fronteiras” ao redor de sistemas. No entanto, adota uma postura diferenciada na medida em que imprime uma permeabilidade e interconexão através desta “fronteira”. Logo, passa a haver cada vez mais a necessidade de uma mudança de postura a respeito do processo de

observação e conhecimento, passando este de objetivo para contextual e epistêmico.

8) Da Verdade para Descrições Aproximadas

Mas se todo isolamento de objetos torna-se arbitrário, e toda observação implica participação, como ainda continuar a busca pelo conhecimento da verdade e a libertação da caverna? O que torna esta busca ainda válida, e o reconhecimento de que a abordagem sistêmica ainda seja uma forma científica, é o entendimento de que há conhecimento aproximado, apesar da impossibilidade de abarcar o todo em sua complexidade e infinita conexão. A postura sistêmica é a do reconhecimento de que todas as concepções e todas as teorias científicas são limitadas e aproximadas. Na ciência sempre lidamos com descrições limitadas e aproximadas da realidade (modelos).

Assim, Pensamento Sistêmico é, em essência, pensamento de modelagem, e este admite que todos os conceitos, teorias e modelos são limitados e aproximados. Por isso, Pensamento Sistêmico implica um deslocamento da busca da verdade para busca de descrições aproximadas úteis dentro de um contexto.

9) De Quantidade para Qualidade

Como o Pensamento Sistêmico abandona a ênfase nos objetos para concentrar-se nos padrões e nas formas, ele implica uma mudança de ênfase da mensuração quantitativa dos objetos para uma postura de mapeamento e visualização. Na medida em que objetos possuem propriedades intrínsecas próprias, como pressupõe o pensamento analítico, distingui-los seria uma tarefa de compará-los com padrões universais, ou seja, o processo de medir e quantificar. Porém, diante do pressuposto do Pensamento Sistêmico de que propriedades são dependentes de contextos, relações, formas e padrões, essas mensurações necessitam contextualização na teia maior de relacionamentos. Como relacionamentos, formas e padrões são difíceis de serem mensurados, torna-se necessária uma atitude mais livre de visualização e mapeamento. Assim, pensar em termos de padrões implica uma mudança de quantidade para qualidade.

10) De Controle para Cooperação, Influenciação e

Ação Não-violenta

Por fim, o reconhecimento dos padrões de comportamento da vida leva ao entendimento de que a evolução depende de um equilíbrio dinâmico entre competição e cooperação. A ecologia e o estudo da evolução dos sistemas vivos complexos demonstram que os organismos no mundo natural têm

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grande tendência para associação, cooperação e simbiose, equilibrando competição e mútua dependência. Este equilíbrio gera organismos e coletivos de organismos em ordens estratificadas que, na medida em que há tanto competição quanto cooperação, não existe razão para controle unilateral. Nesse entendimento, a importância da ordem estratificada advém da organização da complexidade, não da transferência do controle, como na organização humana dos últimos 10.000 anos. A hipótese dos estudiosos ligados à ecologia é que os sistemas humanos hierárquicos que trabalham sob controle unilateral são insustentáveis e que a imitação da natureza, na

complementaridade de tendências auto-afirmativas e integrativas, torna-se necessária à permanência da condição humana sobre a Terra.

Logo, a atitude postulada por Bacon, de dominação e tortura da natureza com vistas ao seu domínio e controle, também pode ser encarada como uma atitude não sustentável na relação com a comunidade da vida. Essas

percepções implicam a necessidade de uma mudança da atitude de dominação e controle da natureza, incluindo os seres humanos, para um comportamento cooperativo e de não-violência, tanto na ciência quanto na tecnologia, organização e sociedade.

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O Tao da Física

CAPRA, Fritjof. O Tao da Física. São Paulo, Cultrix, 1999. 19a ed. Neste seu primeiro livro, Capra traça os paralelos entre a física moderna e as filosofias orientais, em especial o taoísmo.

O Ponto de Mutação

CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. São Paulo, Cultrix, 1982. Obra seminal de Capra, pois lança as primeiras idéias sobre a síntese do movimento sistêmico na ciência, tecnologia e sociedade. O livro é composto de duas partes: a visão mecanicista e a visão sistêmica de áreas importantes do conhecimento humano.

A Teia da Vida

CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida. São Paulo, Cultrix, 1996. Atualização do movimento sistêmico com novidades dos campos da nova ciência.

Pertencendo ao Universo

CAPRA, Fritjof e STEINDL-RAST, David. Pertencendo ao Universo. São Paulo, Cultrix/Amana-key, 1996.

Diálogo que aproxima a nova ciência da nova espiritualidade. Steindl-Rast é teólogo católico e trava um diálogo muito rico com Capra, num mosteiro da Califórnia.

As Conexões Ocultas

CAPRA, Fritjof. As Conexões Ocultas. São Paulo, Cultrix, 2002. Livro recente com última visão de sustentabilidade do autor. Apresenta todo o amplo espectro de experiências mundiais em direção ao paradigma sistêmico, incluindo algumas realizadas no Brasil.

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