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Academic year: 2021

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TÍTULO: RESISTÊNCIA ÀS MARGENS DA EXCLUSÃO: ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A PRECARIEDADE HABITACIONAL ENTRE OS ASSENTAMENTOS CIDADE LOCOMOTIVA E COMUNIDADE NAZARÉ PAULISTA

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO

CATEGORIA:

ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA

ÁREA:

SUBÁREA: ARQUITETURA E URBANISMO

SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA

INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): VICTOR AMORIM CARATO

AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): VERA LÚCIA BLAT MIGLIORINI

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1. RESUMO

Conduzindo os estudos sobre a produção informal habitacional nas cidades contemporâneas, assim como o processo de precarização das moradias urbanas, sustentando-se a discussão a partir dos casos dos assentamentos informais Cidade

Locomotiva e Comunidade Nazaré Paulista – locados no município de Ribeirão

Preto/SP – a atual pesquisa busca quantificar e caracterizar os níveis de

insuficiência das ocupações selecionadas a partir de indicadores de vulnerabilidade ambiental, antrópica e socioambiental, tomados, neste aspecto, como possibilidade organizacional de dados referentes à composição estrutural de ocupações precárias informais, assim como uma possibilidade de instrumentação subsidiária à elaboração de políticas públicas habitacionais direcionadas à regularização fundiária

2. INTRODUÇÃO

2.1. O preço da pobreza: a negação ao acesso à terra urbanizada e moradia digna em Ribeirão Preto/SP

Projetando sobre o espaço urbano brasileiro os reflexos da materialização dos

processos econômicos vigentes – no caso o capitalismo periférico – entende-se a

função da urbe, na contemporaneidade, intrinsicamente relacionada ao seu desempenho como sujeito/ator econômico, onde o espaço urbano passa a ser transformado em um grande negócio enquanto a renda imobiliária torna-se seu motor central (MARICATO, 2015, p. 23).

Nestas condições, encontrando alicerces sólidos sobre o discurso persuasivo em torno da democracia representativa, o acesso à cidade, a partir desta ótica, reduzir-se-ia a uma condição submissa à detenção do capital, consolidando, deste modo, cidades para aqueles que conseguem arcar financeiramente com sua estrutura.

Porém, para os atores envolvidos na produção das cidades, mesmo que baseados na competição de interesses distintos entre si, assim como proposto por

Correa, reconhece-se a terra urbana e a moradia como “objetos de interesse

generalizado, envolvendo agentes sociais com ou sem capital, formalmente ou informalmente organizados” (CORREA, 2011: p. 47).

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Não é de se surpreender, portanto, o viés tomado pela condição habitacional

precária informal em Ribeirão Preto – cidade sede da constituída Região

Metropolitana de Ribeirão Preto, localizada no interior do estado de São Paulo –

onde, atualmente, 5% de sua população sobrevive em ocupações informais.

Ao longo de seu desenvolvimento como maior polo sucroalcooleiro brasileiro, Ribeirão Preto obstinadamente manteve seu desenvolvimento urbano associado a uma política pública de exclusão de cidadanias, a qual acompanha e intensifica, ao longo do tempo, um processo de dualidade entre a concentração de renda por uma minoria dominante e a acentuação da miséria urbana por todo seu território (CAPRETZ, 2003), caracterizando, nitidamente, um modelo típico de uma metrópole

coorporativa fragmentada1.

Com a elaboração do Plano de Habitação de Interesse Social de Ribeirão Preto

(RIBEIRÃO PRETO, 2010) – correspondendo à experiência mais atual de

interferência normativa local referente às ocupações informais – os assentamentos

precários em Ribeirão passam a ter uma nova ótica sobre o planejamento municipal, permitindo identificar suas tipologias e diferenciar os níveis de precariedade de cada caso no nível municipal.

Neste aspecto, a partir do diagnóstico elaborado pelo PLHIS, caracterizando os assentamentos existentes como consolidados, consolidáveis, parcialmente consolidáveis e não consolidáveis, foi possível propor para as ocupações, no cenário referente a 2010, as intervenções físicas associadas ao processo de regularização fundiária e urbanística mais adequada para cada caso, sendo elaboradas diretrizes para processos de urbanização (simples ou complexa), remanejamento (relocação) e reassentamento (realocação).

Porém, apesar do PLHIS ser um marco regulatório sobre o planejamento municipal, nota-se um descompasso entre a assimilação das diretrizes propostas pelo plano, em sua totalidade, e as ações promovidas pela gestão municipal, reduzindo seu diagnóstico a uma justificativa de ação de reintegração de posse em

1 Analogia feita por Tatiana Gaspar e Ana Miranda (GASPAR; MIRANDA, 2016), onde as autoras

defendem o modelo urbano de Ribeirão Preto como fruto de uma “modernidade incompleta”, ocasionando uma riqueza cada vez mais concentrada e uma pobreza cada vez mais diluída dentro do município.

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ocupações informais onde, na maioria dos casos, a prefeitura não apresentaria qualquer responsabilidade ou compromisso com o destino das famílias.

Mapa 01 - Evolução dos assentamentos precários informais entre os anos de 2010 e 2016 em Ribeirão Preto/SP2

Sete anos se passaram após a elaboração do plano e praticamente todo o seu potencial como base subsidiária à elaboração de políticas habitacionais foi

desprezado. O cenário enfrentado naquele momento – onde se esperava uma

melhoria da qualidade e informalidade da questão habitacional precária3

agravou-se durante os últimos anos, totalizando em 2016, aproximadamente, 35.000 moradores em assentamentos informais precários, um crescimento de praticamente nove mil novos moradores em favelas. A partir de levantamentos preliminares da Frente de Defesa à Moradia (movimento local em prol da moradia digna), Gaspar e Miranda (2016) indicam o surgimento de treze novas ocupações após a elaboração do PLHIS, assim como ilustra o Mapa 01.

2 Fonte: GASPAR, T. S.; MIRANDA, A. L. Assessoria técnica em habitação de interesse social no Jardim Progresso: a construção de novas redes de ação prática em Ribeirão Preto/SP. In:

ANAIS II SEMINÁRIO URBFAVELAS. Rio de Janeiro, 2016.

3 Ressalva-se que o diagnóstico do PLHIS-RP consolida um cenário favorável à elaboração de

políticas públicas habitacionais direcionadas à regularização fundiária, uma vez que a maioria dos assentamentos ocupavam áreas públicas municipais e teriam sido caracterizados como consolidáveis. Destaca-se que apenas três assentamentos estão passando por processo de regularização fundiária (Jardim Progresso e Monte Alegre) promovida pelo poder público municipal.

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O crescimento e evolução da maioria dos assentamentos pré-existentes em Ribeirão Preto, por ausência de políticas públicas habitacionais direcionadas à produção informal da moradia que visasse a resolução da problemática em sua conjuntura, mostram que apesar da profundidade do diagnóstico do PLHIS, hoje, o plano apresenta-se desatualizado, já que representa um cenário prévio existente em 2010. Neste sentido, a atual pesquisa propõe-se a analisar uma linha metodológica de caracterização de assentamentos precários informais como processo subsidiário a políticas públicas habitacionais, como um possível método de atualização do PLHIS, retratando a atual condição da habitação informal dentro de Ribeirão Preto.

3. OBJETIVOS

Tomando os indicadores de vulnerabilidade antrópica, natural e socioambiental como instrumentação subsidiária à elaboração de políticas públicas direcionadas à regularização fundiária, a atual pesquisa possui como objetivo a compilação de dados referentes à caracterização dos assentamentos Cidade Locomotiva e

Comunidade Nazaré Paulista – localizados na Zona Norte de Ribeirão Preto/SP,

buscando-se, paralelamente à sua caracterização, registrar potenciais e fraquezas do uso metodológico de leitura das ocupações informais pelos indicadores, assim como sua capacidade em sintetizar os dados do levantamento realizado, almejando possíveis readequações e melhorias sobre o método aplicado.

4. METODOLOGIA

4.1. Indicadores de vulnerabilidade como metodologia subsidiária a políticas

públicas habitacionais direcionadas à regularização fundiária

Sinteticamente, os indicadores de vulnerabilidade antrópica, ambiental e socioambiental, tomados como instrumentação organizacional para uma base de apoio à criação de planos de ação sobre a condição habitacional informal, consistem

na definição de critérios de pontuação – variando de 1,0 a 5,0 – de modo que a

maior pontuação sugerisse a condição mais favorável à urbanização do assentamento, possibilitando um olhar comparativo sobre a questão habitacional informal na escala territorial do município.

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4.2. Estruturação metodológica

Os diagramas a seguir apresentam os indicadores estabelecidos para a caracterização dos assentamentos, assim como seu parâmetro de avaliação. Assim, os indicadores dividem-se em dois grandes grupos: (1) antrópicos e naturais,

condizendo a condições infraestruturais dos assentamentos – tanto físicas quanto

antrópicas – e (2) socioambientais, debatendo-se sobre a inserção social do

assentamento na estrutura da cidade e de seu entorno imediato.

Diagrama 01- Indicadores e parâmetros referentes à vulnerabilidade antrópica e natural

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5. DESENVOLVIMENTO

5.1. Resistências às margens da exclusão: estruturação da pesquisa de campo nos assentamentos informais Cidade Locomotiva e Comunidade Nazaré Paulista

Mapa 02 – Localização dos assentamentos informais precários estudados

Considerando-se que os subsetores da Zona Norte de Ribeirão Preto correspondem às áreas dentro do município que mais possuem focos de assentamentos precários informais, o estudo foi conduzido a partir do caso de duas

ocupações nesta região do município: a Cidade Locomotiva – ocupação nas

proximidades da linha férrea da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro – e a

Comunidade Nazaré Paulista – integrante do complexo de assentamentos informais do Jardim Aeroporto, localizada nas bordas do Aeroporto Estadual de Ribeirão Preto Doutor Leite Lopes.

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Imagem 02 – Comunidade Nazaré Paulista / Fonte: acervo pessoal

As duas comunidades são tomadas como foco deste estudo devido ao fato de serem dois assentamentos onde existem reais mobilizações por parte dos ocupantes em relação à consolidação de melhores condições de vida através do processo de politização e articulações dos moradores, sendo os dois assentamentos, personificações da luta pela moradia na era da cidade mercadoria.

Uma vez identificados os assentamentos objeto desta pesquisa, deu-se início a uma série de visitas em campo, através das quais foi possível identificar e avaliar cada um dos indicadores listados anteriormente, compreendo a viabilidade da utilização da metodologia na prática.

Ao todo foram realizadas 3 visitas a cada assentamento ao longo do primeiro semestre se 2017, onde foi possível registradas também por levantamento fotográfico a atual condição estrutural de cada assentamento.

6. RESULTADOS

Os assentamentos escolhidos para análise – locados na Zona Norte do

município – são interessantes no contexto desta pesquisa devido à sua relação de

proximidade física e estrutural. Neste sentido, percebe-se, em primeiro momento, que a proximidade entre as médias finais, assim como podemos observar na Tabela 01, correspondem às primeiras expectativas do pesquisador, devido ao fato dos níveis de insuficiência e precariedade entre os assentamentos serem realmente muito próximos, apesar de suas particularidades.

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Tabela 01 – Diferenciação dos níveis de precariedade entre os assentamentos estudados

Os assentamentos escolhidos para análise – locados na Zona Norte do

município – são interessantes no contexto desta pesquisa devido à sua relação de

proximidade física e estrutural. Neste sentido, percebe-se, em primeiro momento, que a proximidade entre as médias finais, assim como podemos observar na Tabela 01, correspondem às primeiras expectativas do pesquisador, devido ao fato dos níveis de insuficiência e precariedade entre os assentamentos serem realmente muito próximos, apesar de suas particularidades.

Nota-se ainda pela tabela 01, que os assentamentos, na maioria dos indicadores, recebem notas entre 3 e 5, correspondendo a posições favoráveis em uma escala qualitativa referente à execução de processos de regularização fundiária e organização das ocupações.

Apesar de possuírem médias finais próximas, pela aplicação dos indicadores conseguiu-se identificar onde estariam as deficiências referentes ao processo de precariedade em cada assentamento.

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Em relação à vulnerabilidade socioambiental, nota-se que a Comunidade Nazaré Paulista é menos precária em relação à comunidade Cidade Locomotiva, decorrente de critérios concernentes à predominância do estado das habitações e ao uso do solo predominante na vizinhança, sendo, esse último, o indicador efetivo que gera uma disparidade entre os assentamentos (enquanto a comunidade Nazaré Paulista apresenta um entorno misto, a Cidade Locomotiva insere-se em uma condição de entorno voltado ao uso industrial).

Dentro de toda a leitura sintética que a aplicação dos indicadores possibilita, nota-se também que os indicadores de vulnerabilidade podem ser grandes aliados para projetos de melhorias infraestruturais e habitacionais em assentamentos precários, onde as notas mais baixas serviriam como alertas sobre as condições mais necessárias a se resolverem dentro da ocupação.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fundamentado na perspectiva apresentada pela atual pesquisa, considera-se que os indicadores de vulnerabilidade antrópica, natural e socioambiental se mostram como uma ferramenta de caracterização de ocupações informais em potencial, correspondendo, neste sentido, a uma instrumentação subsidiária tanto para elaboração de políticas públicas direcionadas à regularização fundiária quanto para projetos de urbanização em assentamentos precários informais.

Porém, o pesquisador reconhece que novos indicadores deverão ser fixados tendo em vista a necessidade de aumentar o grau de detalhamento da caracterização dos assentamentos submetidos à metodologia. No caso desta pesquisa, a partir do estudo dos assentamentos Cidade Locomotiva e Nazaré Paulista, notou-se a necessidade de elaboração de novos indicadores relacionados, principalmente, à vulnerabilidade socioambiental. Neste sentido sugere-se a elaboração de indicadores relacionados a geração de ruídos, rede existente de iluminação pública, segurança das edificações e sobre a condição de informalidade da propriedade ocupada.

Considerando-se que o aperfeiçoamento da metodologia dar-se-á apenas a

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pesquisador reconhece que ainda há muito que ser desenvolvido sobre a temática dos indicadores de vulnerabilidade ambiental, antrópica e socioambiental, esforço que, comparado às dificuldades de quem resiste diariamente às condições precárias impostas pela produção informal da moradia, reduziria este trabalho apenas a uma mínima colaboração que poderia ser feita por quem paga, diariamente, o preço do morar às margens da exclusão.

8. FONTES CONSULTADAS

CAPRETZ, A. Formação do núcleo colonial Antônio Prado em Ribeirão Preto (SP). 2002. 248 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) – Universidade Federal de São Carlos.

MARICATO, E. Para entender a crise urbana. São Paulo: Expressão Popular, 2015. 112 p.

CARSOSO, A. L. Assentamentos precários no Brasil: discutindo conceitos. In: MORAIS, M. P.; KRAUSE, C.; NETO, V. C. L. N. Caracterização e tipologia de assentamentos precários: estudos de caso brasileiros. Brasília: Ipea, 2016. GASPAR, T. S.; MIRANDA, A. L. Assessoria técnica em habitação de interesse social no Jardim Progresso: a construção de novas redes de ação prática em Ribeirão Preto/SP. In: ANAIS DO II SEMINÁRIO URBFAVELAS. Rio de Janeiro, 2016.

MIGLIORINI; PALAZZO; VIANA. Indicadores de vulnerabilidade sócio-ambiental das favelas de Ribeirão Preto como subsídio para processos de regularização fundiária. In: ANAIS DO VIII ENCONTRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA ECOLÓGICA. Cuiabá, 2009.

POZZO, C. F. D. Fragmentação socioespacial em cidades médias paulista: os territórios do consumo segmentado de Ribeirão Preto e Presidente Prudente. Presidente Prudente: [s.n.], 2015.

RIBEIRÃO PRETO. Plano Local de Habitação de Interesse Social. Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, 2010.

Referências

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