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As quatro gerações do Partido Comunista Chinês: mídia e cartazes de propaganda

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AS QUATRO GERAÇÕES DO PARTIDO COMUNISTA CHINÊS: MÍDIA E CARTAZES DE PROPAGANDA

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em História Cultural da Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do grau de Doutora em História.

Linha de Pesquisa: Sociedade, Política e Cultura no Mundo Contemporâneo Orientador: Prof. Dr. Waldir José Rampinelli Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Carla Isabel Patrício Fernandes

Florianópolis 2019

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Prozczinski, Daniele

As quatro gerações do Partido Comunista Chinês : mídia e cartazes de propaganda / Daniele Prozczinski ; orientador, Waldir José Rampinelli, coorientadora, Carla Isabel Patrício Fernandes, 2019.

488 p.

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2019.

Inclui referências.

1. História. 2. Cartazes de Propaganda. 3. Mídia de Massa. 4. Partido Comunista Chinês. 5. República Popular da China. I. Rampinelli, Waldir José. II. Fernandes, Carla Isabel Patrício. III. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em História. IV. Título.

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

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CHINÊS: MÍDIA E CARTAZES DE PROPAGANDA Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do Título de “Doutora em História”, e aprovada em sua forma final pelo Programa Pós-Graduação em História Cultural da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 22 de março de 2019.

________________________ Prof. Lucas de Melo Reis Bueno, Dr.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________ Prof.Waldir José Rampinelli, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

________________________ Prof.ª Carla Isabel Patrício Fernandes, Dr.ª

Coorientadora

Universidade Nova de Lisboa - UNL

________________________ Prof. Márcio Roberto Voigt, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

________________________ Prof. Carlos José Espindola, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

________________________ Prof. Emerson César de Campos, Dr. Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

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Este trabalho é dedicado a todas as pessoas que, de uma maneira muito especial, me ajudaram ao longo desta jornada.

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que, mais uma vez, apoiaram-me muito para concluir este trabalho, de todas as formas possíveis. Amo-vos imensamente. Em segundo, ao homem que arrebatou o meu coração e que, apesar de todas as dificuldades, continua a apoiar-me incondicionalmente em todos os projetos da minha vida, seja deste lado do Atlântico ou do outro. És, de fato, uma pessoa única e amo-te por isso. Fazes-me melhor.

À Dudinha, minha querida afilhada, adoro-te até o infinito! Ao meu orientador, Waldir José Rampinelli, por ter aceitado orientar um tema pouco usual no Brasil, e por todo o suporte para a realização desta tese.

À Professora Carla Isabel Patrício Fernandes, por todo o apoio na realização deste trabalho, sem o qual não teria sido possível. Agradeço também por toda compreensão e preocupação com o meu bem-estar, pela sua disponibilidade em ajudar-me em vários aspectos da minha vida acadêmica. Considero-me afortunada por ter tido a oportunidade de assistir às aulas e aprender com a Professora, há cerca de sete anos, no mestrado, e tê-la a acompanhar o meu crescimento acadêmico desde então. 非常感谢你.

Aos Professores que participaram da minha qualificação, Márcio Roberto Voigt e Carlos José Espíndola, pelos comentários construtivos que me permitiram melhorar o meu trabalho. Agradeço, especialmente ao Professor Carlos Espíndola por me ter entregado a versão do meu texto de qualificação cheio de comentários, que me ajudaram muito.

Ao meu companheiro nesta batalha, Nunovisky (小猪), que me ajudou não só com as traduções, mas deu-me imenso apoio para continuar a escrever, mesmo nos dias mais complicados, ao longo deste árduo processo de escrita da tese. Para além disso, obrigada por não teres gozado comigo no dia em que me emocionei profundamente (sim, eu chorei horrores) quando vi, pela primeira vez, uma coleção de cartazes de propaganda originais e documentos históricos. A nossa cumplicidade e amizade ultrapassou fronteiras, tanto por estarmos a travar batalhas similares, como pelo carinho e companheirismo que temos um pelo outro.

Ao Professor Vitor Marçal Lourenço, que continua a acompanhar-me e ajudar-acompanhar-me sempre que preciso. A minha admiração por si só cresce, muito obrigada. Considero-me extremamente afortunada por fazer parte da minha vida.

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amiga Joana Calado, obrigada por atravessares o oceano carregando as minhas teses.

Por último, mas não menos importante, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por me ter concedido uma bolsa de pesquisa, para que me pudesse dedicar exclusivamente à investigação acadêmica.

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Nossos camaradas no trabalho de propaganda têm a tarefa de disseminar o marxismo. Isso tem que ser feito gradualmente e bem feito, para que as pessoas o aceitem de bom grado. Não podemos forçar as pessoas a aceitarem o marxismo, só podemos persuadi-las.

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Desde a Fundação da República Popular da China (RPC), em 1949, o seu líder supremo, Mao Zedong, sabia que era apenas através da propaganda política que os chineses iriam ser persuadidos a abraçar o socialismo. Visando mudar uma sociedade milenar e construir uma nova, baseado nos princípios marxista-leninistas, foram feitas inúmeras campanhas de propaganda política com o intuito de criar um novo homem e mulher socialistas. Assim, esta tese tem por objetivo traçar as mudanças estruturais da RPC nas primeiras quatro gerações de liderança, através da análise da evolução dos cartazes de propaganda e da emergência da mídia de massa. Inicialmente, os cartazes eram o reflexo do projeto socialista na China, mas, com o passar do tempo, passaram a corresponder a um retrato da própria sociedade em mutação, visível, sobretudo, nas primeiras duas gerações. Com os avanços tecnológicos e com a emergência da mídia de massa, aliados ao aumento da educação formal, o público tornou-se cada vez mais exigente, obrigando o próprio governo a se adaptar e a modernizar-se, tendo como meta a manutenção do seu poder. Através da análise dos cartazes de propaganda e da mídia de massa, é-nos possível compreender o processo de mudança radical e a construção da RPC durante quatro gerações de liderança do Partido Comunista Chinês (PCCh), entre 1949 e 2008, tendo esta tese sido dividida em quatro capítulos, de estrutura semelhante. O primeiro capítulo aborda a geração de liderança de Mao Zedong, analisando as principais campanhas políticas realizadas através dos cartazes de propaganda. O segundo, debruça-se sobre a abertura econômica e política da liderança de Deng Xiaoping, que provocaram mudanças significativas na RPC. Nos dois últimos capítulos, três e quatro, discutimos sobre o avanço da mídia de massa e como isso mudou a forma de participação dos cidadãos, com a emergência de uma opinião pública que provocou alterações políticas e institucionais.

Palavras-chave: Cartazes de Propaganda. Mídia de Massa. Partido Comunista Chinês. República Popular da China.

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(PRC) supreme leader Mao Zedong had known that it would be only by the means of political propaganda that the Chinese population would be persuaded to embrace socialism. With the intention of replacing an age-old society with another, new society, based on Marxist–Leninist ideals, a strong political propaganda campaigning started with the goal of creating new socialist men and women. Therefore, this thesis' objective is to describe PRC's structural changes in the first four leadership generations through the study of propaganda posters' evolution and the rise of mass media. In the beginning, posters were a mirror of socialist project in China, but, as time went on, they started to be the picture of society's change, which was particularly patent in the first two generations. With technological developments and the rise of mass media, along with the increase of formal education, population's expectations increased, forcing the government to adapt and modernize itself in order to keep its power. Through the study of propaganda posters and mass media, we are able to fathom the radical change process and the development of PRC in the first four leadership generations of Chinese Communist Party (CCP), comprising the period between 1949 and 2008. This thesis is divided into four equally structured chapters. The first chapter deals with the leadership generation of Mao Zedong, focusing on the main political campaigns, where propaganda posters were used. The second chapter addresses the economic opening up of China and the leadership focused political guidance of Deng Xiaoping, which lead to important changes in PRC. In the last two chapters, chapters three and four, we consider mass media developments and how they changed citizens' involvement in politics, with the emergence of a public opinion, which lead to institutional and political changes.

Keywords: Chinese Communist Party. Mass Media. People's Republic of China. Propaganda Posters.

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Cartaz de Propaganda 2. Milhões de pessoas, todos com uma mente,

prometem exterminar o inimigo japonês, (万众一心誓灭倭寇), 1937. ... 133

Cartaz de Propaganda 3. Publicidade de venda de cigarros. ... 147 Cartaz de Propaganda 4. O ciclismo é divertido... 148 Cartaz de Propaganda 5. Família e vizinhos despedem-se de um voluntário

que sai para lutar na Coreia, 1951. ... 152

Cartaz de Propaganda 6. A Guerra da Coreia, 1950. ... 154 Cartaz de Propaganda 7. O espião do Guomindang, 1950. ... 155 Cartaz de Propaganda 8. Pai, é assim que se escreve este caractere (爸爸, 这

个字是这样写的), 1954. ... 157

Cartaz de Propaganda 9. Ajudando a mamãe a estudar cultura (帮助妈妈学文

化), 1956. ... 158

Cartaz de Propaganda 10. Testando os conhecimentos da mamãe (考考妈妈),

1953. ... 158

Cartaz de Propaganda 11. Casar tarde tem diversas vantagens. (晚婚好处多),

1960. ... 161

Cartaz de Propaganda 12. A cooperativa agrícola é o curso socialista para a

prosperidade de todos. (农业合作化是让大家富裕的社会主义道路), 1956. ... 162

Cartaz de Propaganda 13. Enfrente o vento e as ondas, há aspectos

extraordinários em tudo (乘风破浪 各显神通), 1958. ... 163

Cartaz de Propaganda 14. As proclamações de 3 e 24 de julho dos grandes

planos estratégicos do Presidente Mao, 1968. ... 169

Cartaz de Propaganda 15. O Presidente Mao vai a Anyuan, 1968. ... 172 Cartaz de Propaganda 16. Critica o mundo antigo e constrói um novo com o

Pensamento do Presidente Mao como a arma, (以毛泽东思想为武器批 判旧世界建设新世界), 1966. ... 173

Cartaz de Propaganda 17. O pobre filho do camponês (貧农的兒子),1964.174 Cartaz de Propaganda 18. Presidente Hua e nós somos um só coração (华主

席和我们心连心), 1977. ... 233

Cartaz de Propaganda 19. Hua abana a sua mão, seguimos vitoriosos (华主席

挥手我们胜利前进), 1977. ... 233

Cartaz de Propaganda 20. Lealdade infinita ao Presidente Mao Zedong (无限

忠于伟大的领袖毛主席,无限忠于伟大的毛泽东思想无限忠于毛主 席的革命路线), 1966. ... 234

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Shaoqi! Levante alto a grande bandeira do Pensamento do Mao Zedong, (打倒刘少奇!打倒邓小平!高举毛泽东思想伟大红旗 - 彻底批判刘 、邓资产阶级反动路线大会) 1967. ... 240

Cartaz de Propaganda 23. O amado Deng Xiaoping, o arquiteto geral, (敬爱

的小平同志 - 总设计师), 1994. ... 243

Cartaz de Propaganda 24. O retorno de Hong Kong, um país, dois sistemas!

... 244

Cartaz de propaganda 25. A nossa líder da brigada (伲队长), 1976. ... 246 Cartaz de Propaganda 26. Mantenha firmemente o caminho socialista (必须

坚持社会主义道路), 1984. ... 250

Cartaz de Propaganda 27. Mantenha firmemente a Ditadura do Proletariado

... 251

Cartaz de Propaganda 28. Preserve firmemente a liderança do Partido

Comunista da China, (必须坚持共产党的领导), 1984. ... 253

Cartaz de Propaganda 29. Preserve firmemente o pensamento

marxista-leninista e de Mao Zedong, (必须坚持马列主义毛泽东思想), 1984. 255

Cartaz de Propaganda 30. Vendendo frutas de uma colheita abundante de

forma amigável (喜售丰收果), 1978. ... 258

Cartaz de Propaganda 31. Realize o planejamento familiar, implemente a

política nacional básica (实行计划生育贯彻基本国策), 1986. ... 261

Cartaz de Propaganda 32. Menos nascimentos, melhores nascimentos, para

desenvolver a China vigorosamente (少生优生振兴中华), 1987. ... 262

Cartaz de Propaganda 33. Estude os discursos, valorize o espírito do Partido,

siga o Partido. (学讲话、颂党情、跟党走 主题年画), 2000. ... 294

Cartaz de Propaganda 34. Devemos fazer mais e falar menos - Deng Xiaoping

(多干实事, 少说空话), 1992. ... 295

Cartaz de Propaganda 35. O PCCh representa todos os requisitos necessários

para o desenvolvimento das forças produtivas avançadas da RPC (中国 共产党始终代表中国先进社会生产力的发展要求), 2001. ... 297

Cartaz de Propaganda 36. O PCCh representa totalmente as demandas de

desenvolvimento das forças de produção avançadas da China (中国共 产党始终代表中国先进生产力的发展要求),2002. ... 300

Cartaz de Propaganda 37. O PCCh representa a orientação progressista da

cultura avançada na China (中国共产党始终代表中国先进文化的前进 要求), 2001. ... 301

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Cartaz de Propaganda 39. O PCCh representa em todos os interesses

fundamentais da generalidade do povo na China (中国共产党始终代表 中国最广大人民的根本利), 2001. ... 303

Cartaz de Propaganda 40. O Partido Comunista Chinês representa totalmente

os interesses básicos da grande maioria do povo chinês (中国共产党始 终代表中国最广大人民的根本利益), 2002. ... 304

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Análise do Cartaz de Propaganda 2 ... 400

Análise do Cartaz de Propaganda 3 ... 402

Análise do Cartaz de Propaganda 4 ... 404

Análise do Cartaz de Propaganda 5 ... 406

Análise do Cartaz de Propaganda 6 ... 408

Análise do Cartaz de Propaganda 7 ... 411

Análise do Cartaz de Propaganda 8 ... 413

Análise do Cartaz de Propaganda 9 ... 415

Análise do Cartaz de Propaganda 10 ... 417

Análise do Cartaz de Propaganda 11 ... 419

Análise do Cartaz de Propaganda 12 ... 421

Análise do Cartaz de Propaganda 13 ... 423

Análise do Cartaz de Propaganda 14 ... 425

Análise do Cartaz de Propaganda 15 ... 427

Análise do Cartaz de Propaganda 16 ... 429

Análise do Cartaz de Propaganda 17 ... 431

Análise do Cartaz de Propaganda 18 ... 434

Análise do Cartaz de Propaganda 19 ... 436

Análise do Cartaz de Propaganda 20 ... 438

Análise do Cartaz de Propaganda 21 ... 440

Análise do Cartaz de Propaganda 22 ... 442

Análise do Cartaz de Propaganda 23 ... 444

Análise do Cartaz de Propaganda 24 ... 446

Análise do Cartaz de Propaganda 25 ... 448

Análise do Cartaz de Propaganda 26 ... 450

Análise do Cartaz de Propaganda 27 ... 452

Análise do Cartaz de Propaganda 28 ... 454

Análise do Cartaz de Propaganda 29 ... 456

Análise do Cartaz de Propaganda 30 ... 458

Análise do Cartaz de Propaganda 31 ... 460

Análise do Cartaz de Propaganda 32 ... 462

Análise do Cartaz de Propaganda 33 ... 464

Análise do Cartaz de Propaganda 34 ... 466

Análise do Cartaz de Propaganda 35 ... 468

Análise do Cartaz de Propaganda 36 ... 470

Análise do Cartaz de Propaganda 37 ... 472

Análise do Cartaz de Propaganda 38 ... 474

Análise do Cartaz de Propaganda 39 ... 476

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Nanjing, perto do Rio Amarelo, 1937. ... 81

Imagem 2. Wang Yilun em sua reunião de denúncia, 1966 ... 118 Imagem 3: capa do livro escolar de inglês da província de Yunnan ... 121 Imagem 4. “O Grande Mentor, o Grande Líder, o Grande Comandante, o

Grande Timoneiro. Vida longa, Presidente!” ... 123

Imagem 5. Lição 1 – Longa Vida ao Presidente Mao! ... 124 Imagem 6. Trabalhadores da construção civil ouvem à transmissão de rádio do

projeto constitucional (建筑工人收听宪法草案广播),1954 ... 138

Imagem 7. Capa do Diário do Povo na edição de 1 de outubro de 1949,

Fundação da República Popular da China ... 141

Imagem 8. Estudantes reúnem-se na Universidade de Beijing para denunciar os

contrarrevolucionários, 1967. ... 166

Imagem 9. Broche tradicional do Presidente Mao com uma mensagem do seu

poema Nuvens de Inverno ... 168

Imagem 10. Wang Guoxiang, o soldado modelo do Exército de Libertação

Popular. ... 170

Imagem 11. Protestante à frente dos canhões chineses, procurando bloquear o

seu avanço. ... 229

Imagem 12. Dazibao com mensagens políticas, 1978 ... 237 Imagem 13. Desigualdade Econômica na China entre a área rural e urbana.. 283 Imagem 14.Wang Fuman, ao chegar à escola. Yunnan, 2018. ... 321 Imagem 15. Liu Heung Shing, 1996 ... 322 Imagem 16. Calendário de 1948 - A Batalha de Huai-Hai... 481

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Figura 2. A ocupação japonesa em 1940, em rosa. ... 83 Figura 3. Áreas ocupadas pelo PCCh no final da guerra de resistência, em

1945, a presença das bases comunistas (rosa) e as bases japonesas (linhas) ... 84

Figura 4. Cartoon sobre a Grande Firewall ... 338 Figura 5. Municípios autônomos, regiões Autónomas, províncias e regiões

administrativas especiais da China. ... 483

Figura 6. A caligrafia é ainda um elemento bastante presente. ... 487 Figura 7. O Galo. ... 487 Figura 8. Cena de um poema clássico chinês de Bai Juyi, pedindo vinho. .... 488

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1960 a 2017 ... 212

Gráfico 2. Número de filhos por mulher na China ... 220 Gráfico 3. Evolução do número de pessoas na pobreza na China, entre

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Tabela 2. Comparativo da China com outros países em 1980 ... 178 Tabela 3. Comparativo da China com outros países em 2010 ... 210 Tabela 4. Equivalências do sistema de romanização Hanyu Pinyin para

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BP – Bureau Político CC – Comitê Permanente

DCP – Departamento Central de Propaganda EUA – Estados Unidos da América

EPL – Exército Popular da Libertação

IIHS – Instituto Internacional de História Social ONU – Organização das Nações Unidas PCCh – Partido Comunista Chinês PIB – Produto Interno Bruto RI – Relações Internacionais RPC – República Popular da China

URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas VPN – Rede Privada Virtual

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NOTA INTRODUTÓRIA ... 35 INTRODUÇÃO ... 37 CAPÍTULO 1: A PRIMEIRA GERAÇÃO DO PARTIDO COMUNISTA CHINÊS (1949-1976) ... 57 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO: A CHINA NO INÍCIO DO SÉCULO

XX ... 57 1.1.1 O Movimento da Nova Cultura e a criação do PCCh

(1915-1927) ... 65 1.1.2 “A Revolução não é uma festa”: O movimento camponês de

Hunan (1927) ... 70 1.1.3 A Longa Marcha para a Revolução de 1949 ... 74 1.2 O PENSAMENTO DE MAO ZEDONG (毛泽东思想) ... 87 1.3 A CONSOLIDAÇÃO DO REGIME E A POLÍTICA DE

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO – O GRANDE SALTO EM FRENTE (1949-1963) ... 96 1.4 RADICALISMO: A REVOLUÇÃO CULTURAL PROLETÁRIA - “ESMAGUEM OS 4 ANTIGOS” (破四旧) ... 111 1.4.1 Os antecedentes da Revolução Cultural Proletária ... 111 1.4.2 Os princípios da Revolução Cultural Proletária e os Guardas

Vermelhos ... 113 1.4.3 Análise de um livro utilizado durante a Revolução Cultural

nas escolas de Yunnan para aprender inglês ... 120

2 MÍDIA DE MASSA E CARTAZES DE PROPAGANDA NA

PRIMEIRA GERAÇÃO DO PCCH ... 127 2.1 O INÍCIO DA MÁQUINA DE PROPAGANDA COMUNISTA

(1919-1949) ... 127 2.2 A PROPAGANDA NA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA: A

IMPORTÂNCIA DOS CARTAZES DE PROPAGANDA (1949-1976) ... 142 2.2.1 O realismo socialista e a sua influência nos cartazes de

propaganda chineses ... 143 2.2.2 As primeiras campanhas: A Guerra da Coreia, a luta contra

o analfabetismo e o Grande Salto em Frente (1949-1965) .. 151 2.2.3 Os cartazes de propaganda durante a Revolução Cultural

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2.1 DENG XIAOPING – “REFORMA E ABERTURA” (改革开放) ... 181 2.1.1 A turbulenta chegada ao poder de Deng Xiaoping ... 181 2.1.2 O legado de Mao Zedong ... 191 2.1.3 O Pensamento de Deng Xiaoping ... 197 2.1.4 Reforma, modernização e abertura econômica – “a nova

revolução” ... 207 2.1.5 A política do filho único (孩政策) ... 216 2.1.6 O protesto de Tiananmen e o seu legado ... 224 2.2 MÍDIA DE MASSA E PROPAGANDA ... 231 2.2.1 As campanhas do governo através dos cartazes de

propaganda e o crescimento da importância da mídia de massa ... 231 CAPÍTULO 3: A TERCEIRA GERAÇÃO DO PARTIDO COMUNISTA CHINÊS (1993-2003) ... 267 3.1 JIANG ZEMIN – “AS TRÊS REPRESENTAÇÕES” (三个代表)

... 274 3.1.1 As mudanças estruturais durante a terceira geração... 279 3.2 CARTAZES DE PROPAGANDA, MÍDIA DE MASSA E

PROPAGANDA ... 287 3.2.1 As campanhas do governo através dos cartazes de

propaganda ... 292 CAPÍTULO 4: A QUARTA GERAÇÃO DO PARTIDO COMUNISTA CHINÊS (2003-2008) ... 307 4.1 O PRINCÍPIO DA SOCIEDADE HARMONIOSA (和谐社会) E

DE COLOCAR O POVO EM PRIMEIRO (以人为本) DE HU JINTAO ... 309 4.2 A REPÚBLICA POPULAR DA CHINA DURANTE A QUARTA GERAÇÃO... 313 4.3 MÍDIA DE MASSA: AS PROPAGANDAS POLÍTICAS E A

INTERNET COMO MOTOR DE MUDANÇA ... 329 4.3.1 A Carta 08: a expressão de uma forma de participação

política e difusão da opinião pública... 343 4.3.2 Liu Xiaobo e a luta pela Democracia ... 349

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APÊNDICE A: ANÁLISE DOS CARTAZES DE PROPAGANDA ... 397 ANEXO 1 ... 481 ANEXO 2 ... 483 ANEXO 3 ... 485 ANEXO 4 ... 487

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NOTA INTRODUTÓRIA

Em primeiro lugar, visando manter a fluência do texto, traduziremos todas as citações de textos estrangeiros. Não somos tradutores, por isso, a tradução do texto poderá não ser a mais adequada. Assim, estará disponível nas notas de rodapé, a versão original, para que o leitor possa consultar em caso de dúvida.

Finalmente, esta tese usa o sistema de romanização de Hanyu Pinyin, aprovado pelo Partido Comunista Chinês a 11 de fevereiro de 1958. Incluímos, assim, uma tabela que contém os nomes que consideramos mais importantes do sistema Wade-Giles para o Pinyin. Como exemplo, apesar de ser mais conhecido no Brasil como Mao Tse-Tung, usarei Mao Zedong. No caso da autora Jung Chang, resolvemos deixar o seu nome no sistema Wade-Giles, por ser conhecida assim internacionalmente, e não por Zhang Rong.

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INTRODUÇÃO

A República Popular da China (RPC) foi fundada em 1949 pelo líder revolucionário Mao Zedong. O novo líder tinha como responsabilidade reconstruir a China e modernizá-la, ao mesmo tempo que visava estabelecer uma nova forma de organização social, política, econômica e cultural. As rupturas causadas pela criação deste novo regime foram extremamente drásticas e exigiram um grande esforço de adaptação pela população chinesa, num embate entre o novo, a ideologia comunista e a sua história milenar.

A Revolução Chinesa de 1949, uma das mais importantes da história mundial, foi a revolução de cariz mais popular, tendo a maior participação do povo no processo revolucionário. Entre o século XIX e XX, a China foi alvo do jugo das potências imperialistas por cerca de um século. Foi apenas com a vitória comunista, a 1 de outubro de 1949, que a nação pôde pôr fim a um Século de Humilhação. De 1900 a 1950, várias mudanças significativas ocorreram. A primeira foi o desmantelamento da estrutura dinástica que governava o país há milhares de anos, seguindo-se uma tentativa fracassada de criação de um governo Republicano. A falta de centralismo do governo fez com que fosse possível a ascensão dos poderes regionais, os Senhores da Guerra, aumentando ainda mais a descentralização. Em terceiro, a criação do Guomindang (Partido Nacionalista) e do Partido Comunista Chinês (PCCh) conduziu a uma luta acirrada entre nacionalistas e comunistas, que apenas acabou com a fuga do Guomindang para Taiwan em 1949. Por último, a invasão japonesa conduziu a uma guerra violenta, que mobilizou a população para a luta pela resistência, aumentando o sentimento nacionalista.

Entre estas mudanças, destacamos, neste trabalho, a importância da propaganda e, sobretudo nas primeiras três gerações de liderança do PCCh, dos cartazes de propaganda. Desde o início do partido, a propaganda foi utilizada como um importante veículo para se atingir seus objetivos, usada também para descredibilizar os opositores e conseguir o apoio da opinião pública. A propaganda foi, sem dúvida, um pilar estrutural e a fonte de divulgação dos ideais comunistas por todo o país, de onde destaca-se o trabalho feito junto à população campesina. A forma como a propaganda foi conduzida permitiu que a maior parte da população pudesse ter acesso facilitado à mensagem do PCCh, tanto em termos da simplificação da linguagem e conteúdo, como do seu entendimento. A arte e a literatura, no seu sentido amplo, foram acompanhadas da mensagem do partido, e passaram a estar mais próximas das massas. Os cartazes de propaganda tiveram uma

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importância acrescida quando comparado com outros meios de divulgação, uma vez que a maior parte da população chinesa era analfabeta. Eram, igualmente, bastante apelativos, bonitos, coloridos, o que aumentava o interesse do destinatário. A sua “popularidade” durou até o surgimento das novas mídias, que fizeram com que o PCCh tivesse que se adaptar e modificar as suas formas de propaganda política.

Os cartazes de propaganda ocupam um lugar central nesta tese, tanto pela sua importância histórica, pelo seu simbolismo político, como pela representação da forma artística das gerações chinesas. A sua riqueza artística transcende a imagem negativa associada à propaganda. Aliás, os cartazes tiveram um papel mais importante que apenas transmitir uma mensagem política. Serviram como adorno de casas e locais públicos, o que reconhece, igualmente, o seu valor artístico e cultural. “Neles, o reflexo da autoridade e o reflexo da beleza fundem-se em um mesmo ato.”1

Com a morte de Mao Zedong, iniciou-se um período de maior abertura política e econômica, que conduziu ao florescimento de diversos canais de comunicação, atingindo o seu auge na década de 1990. Essa revolução nas diferentes fontes de informação que passaram a existir criou um público sedento por conhecimento e mais exigente. Com o crescente acesso da população à Internet, o controle de acesso à informação exercido pelo Departamento da Propaganda tem sido cada vez mais difícil, já que as notícias são rapidamente transmitidas.

O acesso à Internet é também altamente controlado, sendo que a RPC conta com um dos sistemas mais sofisticados do mundo em termos de controle exercido aos seus usuários. Por outro lado, crescem canais alternativos de comunicação. Os blogs proliferam como formas de expressão de opinião que difundem, muitas vezes, informações que são altamente controladas pelo PCCh.

A Internet destaca-se dentre os meios de comunicação, nos últimos anos, uma vez que tem sido um meio de liberdade de expressão, contestação e informação. Tem, nas últimas duas gerações, representado uma nova forma de participação política e de expressão da opinião pública, algo novo na China. Um dos acontecimentos mais marcantes dos últimos anos, referente à expressão da opinião pública, remete ao 60º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos, quando 303 intelectuais

1 HERNÁNDEZ, Beatriz Puertas, Mao, China y los “Otros” : representación

de los Yizu (异族) o extranjeros occidentales en los carteles de propaganda durante la República Popular de China : 1949-1976, Dissertação de

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e ativistas dos direitos humanos assinaram a Carta 08, um manifesto online que demandava, entre outras coisas, liberdade, direitos civis, respeito pelos direitos humanos e o fim do sistema de partido único.

Tendo como ponto de partida as ideias supramencionadas, esta pesquisa pretende explorar a seguinte questão: Qual é o impacto das mudanças culturais, políticas e sociais na China, através da análise dos cartazes de propaganda e da emergência da mídia de massa, nas quatro primeiras gerações do Partido Comunista Chinês? Para apoiar-nos na resposta a esta questão e atingirmos o nosso objetivo principal adoptamos quatro perguntas derivadas. A primeira, Como é que o pensamento de cada um dos líderes geracionais influenciou a política, a economia e a sociedade chinesa? A segunda, Quais as principais mudanças políticas e sociais implementadas por cada um dos líderes? A terceira, Como é que os cartazes de propaganda refletem as mudanças políticas, culturais e sociais ao longo das gerações de líderes? A quarta e última, Como é que a evolução da mídia de massa reflete as mudanças culturais, políticas e econômicas?

A partir da pergunta principal, propusemos o objetivo principal desta tese: entender o papel dos cartazes de propaganda e da emergência da mídia de massa como agentes de mudanças culturais e sociais, nas quatro primeiras gerações do PCCh. Do objetivo principal, surgiram quatro objetivos específicos. O primeiro, prende-se com examinar como o pensamento de cada um dos líderes geracionais influenciou a política, a economia e a sociedade chinesa, nos seus aspectos principais. O segundo, visa estudar as principais mudanças políticas e sociais implementadas por cada um dos líderes. O terceiro, tem por objetivo identificar e analisar algumas das mudanças políticas, culturais e sociais ao longo das gerações de líderes, através da análise dos cartazes de propaganda. O quarto e último, compreender como a evolução da mídia de massa reflete-se em determinadas mudanças culturais, políticas e econômicas.

Visando cumprir os objetivos supracitados, cabe fazer algumas ressalvas. Em primeiro lugar, na primeira geração do PCCh, serão analisados, sobretudo, os cartazes de propaganda, uma vez que a mídia passa a ser significativa sobretudo a partir da segunda geração, atingindo o seu apogeu com a liderança de Jiang Zemin e de Hu Jintao. Não obstante, faremos menções que considerarmos relevantes sobre a mídia no decorrer do trabalho, mas não será o enfoque dos dois primeiros capítulos. Em segundo, esta tese não tem por objetivo fazer uma revisão da história da China, mas procura explicar os principais acontecimentos históricos, dentro do nosso recorte temático e temporal. Em termos de conteúdo, discutir-se-ão apenas as principais políticas de cada líder

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geracional do PCCh e o impacto e importância da mídia de massa e dos cartazes de propaganda.

O recorte temporal deste trabalho inicia-se com a ascensão de Mao Zedong ao poder, em 1949, e acaba com a quarta geração de Hu Jintao, em 2008, com a publicação da Carta 08. Apesar de poder ser considerado um recorte amplo, consideramos que apenas assim conseguiremos cumprir com os objetivos propostos e compreender as mudanças políticas e sociais na RPC contemporânea. A Carta 08 foi escolhida pelo seu valor e por representar o apogeu de uma nova forma de participação política e demonstração da opinião pública.

Este trabalho insere-se no estudo da História do Tempo Presente e na História Política. Apesar das dificuldades em estudar o Tempo Presente, como afirmou Eric Hobsbawm, “já se disse que toda história é história contemporânea disfarçada. Como todos sabemos, existe algo de verdade nisso.”2 Tradicionalmente, a produção historiográfica volta-se para um tempo anterior ao do historiador. O passado, nesse sentido, é o objeto por excelência, uma vez que o pesquisador pode distanciar-se do seu tema de pesquisa, garantido, assim, uma maior imparcialidade. Da mesma forma, “os historiadores se encontram raramente em situações de experimentação epistemológica, visto que, por definição [...], o objeto de estudo está sempre à distância, e os interesses próprios do sujeito são de uma ordem que nada tem a ver com a implicação direta.”3. No entanto, esta realidade tem mudado significativamente nos últimos cinquenta anos, onde o presente acabou por ganhar espaço na produção historiográfica.

Apesar de um aumento gradual no estudo do tempo presente, existem posições diversas sobre o tema. Para Marc Bloch, o estudo da história não se limita ao passado, o seu objeto é sim estudar os homens no tempo e, consequentemente, é o presente que faz o historiador voltar-se para o passado. “Há muito tempo, com efeito, nossos grandes precursores, Michelet, Fustel de Coulanges, nos ensinaram a reconhecer: o objeto da história é, por natureza, o homem. Digamos melhor: os homens.”4

Francois Hartog, no livro Regimes de Historicidade – Presentismo e Experiências do Tempo, procura compreender a forma como presente,

2 HOBSBAWM, Eric, Sobre História, São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 244.

3 BOURDIEU, Pierre; CHARTIER, Roger, O sociólogo e o historiador, Belo Horizonte: Autêntica, 2012, p. 2.

4 BLOCH, Marc, Apologia da História ou o Ofício do Historiador, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002, p. 54.

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passado e futuro interligam-se e como essa relação tem sofrido alterações. Portanto, o autor discorre sobre como a noção de tempo tem sido modificada, tendo impactado também na forma com a história é escrita. Consequentemente, por exemplo, o regime de historicidade cristã, inaugura uma forma de pensar a noção do tempo e a relação dos indivíduos, uma vez que o desfecho final, pode não ser mais final, abrindo espaço para uma relação de extratemporalidade e, por conseguinte, uma nova relação dos homens e mulheres com o seu tempo.

Na conjuntura contemporânea, Hartog discute o conceito de presentismo, característico da modernidade. Reina, segundo o autor, uma dificuldade enorme em ver para além do “presente único: o da tirania do instante e da estagnação de um presente perpétuo”5. O presentismo reflete-se em diversas esferas da sociedade moderna, assim como na maneira como os acontecimentos passam a ser nomeados: “o acontecimento do século”, “a maior crise da história”, “nunca antes visto”. Estes rótulos, que são criados, têm um impacto crescente e significativo na maneira como os eventos são vivenciados e, por conseguinte, escritos, faltando um distanciamento entre o que é vivenciado e do sujeito com a situação estudada, para que se possa aferir se, de fato, esses rótulos correspondem à realidade dos acontecimentos históricos. Em suma, “sem futuro e sem passado, ele produz diariamente o passado e o futuro de que sempre precisa, um dia após o outro, e valoriza o imediato.” 6 Logo, Hartog posiciona-se contra a emergência do presentismo na escrita histórica, já que tira a dimensão temporal desta, transformando-se num “presente maciço, onipresente, invasivo, que não tem nenhum horizonte a não ser o próprio, fabricando cotidianamente o passado e o futuro que necessita, dia após dia.”7

Analisando o papel do historiador, René Rémond afirma que esse “é sempre de um tempo, aquele em que o acaso o fez nascer e do qual ele abraça, às vezes sem o saber, as curiosidades, as inclinações, os pressupostos, em suma, a “ideologia dominante”, e mesmo quando se opõe, ele ainda se determina por referência aos postulados de sua época.”8 Nesse sentido, cada indivíduo, como produto do seu tempo, opta, consciente e inconscientemente, por um caminho metodológico e de

5 HARTOG, François, Regimes de Historicidade. Presentismo e experiências

do tempo, Belo Horizonte: Autêntica, 2013, p. 11.

6 Ibid., p. 148. 7 Ibid., p. 238.

8 RÉMOND, René (Org.), Por uma história política, Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003, p. 238.

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pesquisa para um tempo histórico específico. Estas inclinações acabam por enriquecer o conhecimento da disciplina, da mesma forma que conduzem à reformulação dos seus métodos e abordagens, como são exemplos a história do tempo presente e a história política.

A proximidade do historiador com o seu objeto de estudo gera um obstáculo, uma vez que é abordado um tema próximo ao horizonte de possibilidades e expectativas de quem escreve, um presente efêmero e do qual não é possível se ter um entendimento completo, ou seja “um presente já passado antes mesmo de ter ocorrido completamente.”9 Posto isto, os autores que escrevem sobre o seu tempo sofrem sempre com a possibilidade de suas teorias não corresponderem à realidade observada a longo prazo, e, consequentemente, dos seus escritos estarem apenas sob o domínio do imediatismo. Como compreender a magnitude de algo que não se tem um entendimento completo? Segundo Chaveau e Tetárd “essa imersão do historiador do presente em seu tema distingue-se, parece-nos, da relação natural que todo o historiador tem com o seu tema, seja ela passional ou não. Jamais um medievalista ou um modernista poderá viver o que descreve.”10

Escrever sobre o presente revela-se, desta forma, uma tarefa árdua, já que a proximidade ao tema pode fazer com que o historiador escreva a sua própria interpretação dos acontecimentos sem uma investigação profunda, coisa que não faria caso o seu objeto de estudo fosse de um tempo que não o seu. Por isso, “a armadilha assim está montada: entre a marulhagem indistinta e a simplificação abusiva, a inteligibilidade não teria nenhuma chance.”11 Parece, à partida, que o estudo do presente deve ser restringido “aos jornalistas seriamente documentados que produzem desde os anos 1960 uma “história imediata” sem pretensões supérfluas e modelada por um Tournoux ou um Lacouture.” Logo, a grande problemática que envolve o tempo presente é construir conhecimento tendo por base uma metodologia de investigação que seja capaz de responder às necessidades do historiador e que produza, portanto, conhecimento científico e não ficção. Não obstante, é também possível observar que a proximidade do objeto de estudo com o tempo de quem o trabalha pode ser benéfico.

9 HARTOG, Regimes de Historicidade. Presentismo e experiências do tempo, p. 238.

10 CHAUVEAU, Agnès; TÉTART, Philippe (Orgs.), Questões para a história

do presente, São Paulo: EDUSC, 1999, p. 31.

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A aproximação da História Política com outras áreas das ciências humanas explica o seu ressurgimento, reformulação e a sua confiabilidade. É inegável que o político faz parte das relações humanas, assim como a sua importância no processo histórico. Pierre Rosanvallon argumenta a favor da história do político, demonstrando como nem a sociologia política nem a ciência política conseguem abordar todas as problemáticas resultantes desta área de conhecimento12. Assim, a história permite integrar novas dimensões de análise, complementando a produção de conhecimento. O estudo do presente deve, desta forma, fazer parte da história. Segundo o autor, “a história não consiste somente em apreciar o peso das heranças, em esclarecer simplesmente o presente a partir do passado, mas em tentar reviver a sucessão de presentes, assumindo-os como experiências que informam as nossas.”13

Apesar da história política não se ocupar apenas do presente, muito da produção historiográfica insere-se na história do tempo presente e o fato da história do presente emergir como produção de conhecimento credível e histórico, ajudou na consolidação da história política. Segundo Rosanvallon:

Este deve ser o método desenvolvido para dar profundidade indispensável às análises do político: partir de uma questão contemporânea para reconstruir sua genealogia, antes de fazê-la voltar ao término dessa investigação rica em ensinamentos do passado. É desse diálogo permanente entre passado e presente que o processo instituinte das sociedades pode se tornar legível; é dele que pode surgir uma compreensão sintética do mundo.14

Reinhart Koselleck teve um papel fundamental na nova história política, já que os conceitos políticos e sociais definidos nas suas obras reformularam o modo como a história é entendida. O autor analisa a aceleração do tempo, produto das transformações tecnológicas, científicas e da industrialização, que afiguram a separação do horizonte de expectativa com o espaço de experiência. Nesse sentido, a reformulação dos conceitos políticos teve uma grande força no pensamento político,

12 ROSANVALLON, Pierre, Por uma história do político, São Paulo: Alameda, 2010, p. 67–101.

13 Ibid., p. p.76. 14 Ibid., p. p.77.

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sobretudo através da ênfase polissêmica dos conceitos que o autor explica ao longo da sua obra.

Tanto a história do tempo presente como a história política apresentam dificuldades metodológicas e de definição do seu objeto de estudo. Por exemplo, o que é apenas do âmbito da história política ou mesmo da história do presente? Depara-se com o cruzamento entre essas duas áreas, o que leva alguns historiadores a colocarem ambas como subdisciplinas da história. Todavia, mesmo que entendidas como tal, isso não diminui a sua importância e necessidade para a produção de conhecimento. Como conclui Rémond, “estudar a história do político é estar convencido de que o político existe por si mesmo, professar que ele tem uma consistência própria e uma autonomia suficiente para ser uma realidade distinta.”15

Neste âmbito, cabe também discutir a aproximação das Relações Internacionais (RI) com a História. “As origens das relações internacionais como disciplina estão profundamente interligadas com a reflexão histórica.”16 Apesar da preocupação crescente das RI em consagrar-se como uma disciplina autônoma e com metodologia própria, é incontestável a importância da história para a sua produção de conhecimento. Segundo Leonardo Bandarra, “não obstante a ilusória aura de distanciamento e as mútuas críticas que marcam, atualmente, a relação entre os estudos perpetrados nos campos da história e da teoria das relações internacionais [...] ambas as disciplinas se apresentam como intimamente conectadas.”17

Esta breve discussão teve como intuito explicar não só a justificativa da inserção do tema na história do tempo presente e na história política, como também a nossa trajetória, que se iniciou nas Relações Internacionais, tanto na graduação como no mestrado. Desde o princípio da minha formação acadêmica, a paixão pela China sobrepôs-se ao restante dos temas e, mesmo em Portugal, onde há um vasto núcleo de pesquisa e especialistas sobre o tema, apenas tive uma disciplina optativa sobre a história da China. Esta primeira aproximação ao país despertou

15 RÉMOND (Org.), Por uma história política, p. 445.

16GLENCROSS, Andrew, Historical Consciousness in International Relations Theory: A Hidden Disciplinary Dialogue, Millennium Conference, p. 1–27, 2010, p. 2. Tradução nossa. No original: “The origins of international relations (IR) as a discipline are deeply intertwined with historical reflection”.

17BANDARRA, Leonardo Carvalho Leite Azeredo, História e teoria das relações internacionais: uma relação conflituosa? Fronteira: revista de iniciação

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um verdadeiro interesse, e começamos a estudar esse país fascinante, sobre diferentes temas e perspectivas, e isso tem sido uma constante no meu percurso acadêmico. Durante o meu mestrado compreendi que gostaria de fazer um estudo histórico da China, com vistas a entender a evolução do país que é hoje uma das maiores economias do mundo. Era necessário, assim, embarcar numa nova área, aprender as suas ferramentas, para produzir o estudo que desejava e vi essa possibilidade na História. Apesar de ter plena consciência de que não sou uma historiadora e de que me falta um longo caminho de estudo para poder aproximar-me de sê-lo, procurei, neste trabalho, usar a metodologia de pesquisa em História, não abandonando também as nossas minhas raízes nas RI. Espero, portanto, que este trabalho seja uma forma de dar um olhar das RI dentro da produção de conhecimento da História.

Para o Brasil, a importância desta pesquisa reflete-se na necessidade de se conhecer o seu maior parceiro econômico, lugar que a China ocupa desde 2009. Desde então, vários estudos têm sido produzidos, sobretudo no âmbito da Economia e das RI. Não obstante, destacam-se os temas de política externa, relações econômicas e bilaterais. Há uma carência, desta forma, de estudos que compreendam as peculiaridades da cultura e história chinesas e como essa sociedade tem mudado ao longo do tempo. Assim, este estudo pretende ser uma contribuição também neste aspecto, fazendo a análise das primeiras quatro gerações do PCCh, no que diz respeito às mudanças culturais, políticas e sociais referentes ao desenvolvimento da mídia de massa e dos cartazes de propaganda.

Paralelamente, existe uma grande falta de historiadores especialistas em História da China no Brasil, assim como de trabalhos acadêmicos sobre o tema. Igualmente, o currículo escolar e universitário exclui, na maior parte dos casos, o estudo da história chinesa. Segundo André Bueno, “o campo das Ciências Humanas – com exceção notável das Relações Internacionais – tem se revelado continuamente como um espaço de embates, derivados do preconceito arraigado contra o estudo de qualquer coisa ‘Não-Ocidental’[...]” 18 . Quando são apresentados trabalhos acadêmicos em eventos sobre a China, é com grande admiração e curiosidade que o tema é recebido. Consideramos, assim, que é vital aumentar o número de estudos sobre a RPC em áreas como a História, sendo que esta tese visa ser uma contribuição neste sentido.

18 BUENO, André, O Problema em falar sobre “Oriente” no Brasil, in: , [s.l.]: 1o Simpósio Eletrônico de História Oriental, 2017.

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Sobre cartazes de propaganda chineses, não encontramos, ao longo da pesquisa, nenhuma obra, tese ou trabalho acadêmico que se debruçasse sobre o tema no Brasil. Em Portugal, há poucos trabalhos sobre o tema também19. Encontramos, apenas, uma dissertação em língua espanhola sobre a representação gráfica dos estrangeiros nos cartazes de propaganda chineses durante a primeira geração de liderança do PCCh20, feita em Portugal.

Este trabalho é, deste modo, um contributo para a falta de pesquisa existente sobre este tema em língua portuguesa e, para além disso, apresenta uma análise bastante abrangente, não habitual de outros trabalhos similares, já que contempla quatro gerações, desde o apogeu da produção dos cartazes, até ao seu declínio.

As fontes primárias principais utilizadas neste trabalho são os cartazes de propaganda e os discursos e escritos políticos de cada um dos líderes geracionais. São também utilizadas outras fontes, como documentos diplomáticos, relatórios, estatísticas e documentos do governo chinês. Ao analisar os cartazes de propaganda, esperamos conseguir mostrar as mudanças culturais e políticas pelas quais o país passou nos cinquenta e nove anos após a Revolução. Inclusive, a perda de importância dos cartazes, sobretudo a partir da terceira geração, reflete mudanças sociais, políticas e econômicas, aliadas ao avanço da mídia de massa e da forma como a população relaciona-se com esta.

Estudar a China é um desafio enorme se tivermos em consideração as barreiras linguísticas, culturais e ideológicas. Igualmente, fazê-lo no Brasil mostrou-se uma tarefa difícil. Apesar de estar em crescimento, há, ainda, uma grande falta de pesquisadores, de trabalhos e de bibliografia. Por exemplo, na biblioteca da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), não encontrei nenhum livro sobre História da China. De toda a bibliografia consultada, foram muito os livros que adquirimos de vários países, livros digitais que conseguimos e compramos. Do mesmo modo, a pesquisa realizada em Portugal e na China foi essencial para conseguir livros e documentos que dessem suporte teórico à pesquisa.

Nos escritos e discursos políticos de cada geração, o que temos acesso são fontes oficialmente publicadas, ou seja, textos revistos e aprovados para publicação pelo PCCh. Sobretudo no que concerne à primeira geração, acreditamos que quando forem liberados os escritos

19 O que vem de encontro com o declínio do estudo e análise de cartazes de propaganda em geral, como afirmado pelo Diretor do Centro de Arte de Cartazes de Propaganda, o Sr. Yang Pei Ming.

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originais, poder-se-ão fazer estudos mais aprofundados e corrigir algumas possíveis discrepâncias com as fontes existentes atualmente.

Existe uma carência de documentos online do governo chinês sobre grande parte dos temas aqui estudados. Apesar de ter-se avançado muito em termos de transparência por parte do PCCh na última década, ainda existem poucos dados, e, nem sempre, podem ser confiáveis. Novos documentos começam a estar disponíveis, mas, em grande parte dos casos, informações importantes como a data, não estão presentes, o que condiciona o seu uso.

Nos dois últimos capítulos, um dos principais problemas que nos deparamos ao estudar os efeitos da opinião pública na China advém da falta de estudos sobre o tema. Mesmo perante a crescente importância dada ao que os cidadãos manifestam na web, ainda predominam métodos pouco apurados para verificar a veracidade dos resultados.

O acervo do Instituto Internacional de História Social (IIHS) de Amsterdã, cujo catálogo conta com a coleção de Stefan R. Landsberger, foi essencial para a elaboração deste trabalho. Cabe destacar, do mesmo modo, que os cartazes presentes em livros não puderam ser utilizados, uma vez que a digitalização das imagens não correspondeu ao padrão de visibilidade que procuramos manter ao longo do trabalho. Foi preferível, deste modo, utilizar os cartazes da coleção de Landsberger. Não obstante, utilizamos cartazes de diferentes acervos para fazer pesquisa e comparação, com o intuito de verificar evoluções.

Para esta pesquisa, foram consultados dois acervos principais de cartazes de propaganda, o da Fundação Oriente, em Lisboa, e o do Centro Artístico de Cartazes de Propaganda, em Shangai. A dificuldade principal foi na transposição das imagens para que tivessem um padrão adequado de visualização, como mencionamos anteriormente, paralelamente à falta de informação acerca dos cartazes, que fez-nos preferir também os cartazes da coleção Landsberger. No entanto, um dos cartazes da Fundação Oriente está presente neste trabalho, apesar de não ter uma qualidade de visualização ideal. Tal escolha foi feita devido à sua importância e por ter sido considerado, de forma muito pessoal, como único.

Na pesquisa realizada no Centro Artístico de Cartazes de Propaganda, dirigido pelo Sr. Yang Pei Ming, com quem tivemos a oportunidade de conversar, foi possível encontrar cartazes extraordinários. O Senhor Ming explicou-nos que muitos artistas dos cartazes de propaganda acabaram por voltar a dedicarem-se à arte tradicional chinesa com o declínio da importância dos cartazes, ou mesmo devido à decepção política após a Revolução Cultural. Os cartazes e

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documentos históricos que trouxemos da nossa pesquisa na China serão expostos futuramente numa exposição.

O principal pesquisador a trabalhar com cartazes de propaganda e um dos autores mais utilizados nesta tese é Stefan R. Landsberger. Para além de fazer análises formidáveis dos cartazes de propaganda dentro do seu contexto histórico, o autor disponibiliza parte de sua coleção em meio digital. Esta, por sua vez, foi amplamente utilizada neste trabalho.

Dentre aqueles que influenciaram positivamente nossa tese, também podemos destacar June Teufel Dreyer21. O seu livro China’s Political System oferece uma visão muito ampla e completa sobre a evolução da República Popular da China. Os dicionários também tiveram destacado papel nesta pesquisa, de onde enfatizamos a obra de Kowk-Sing Li22.

Sobre o tema analisado nesta tese, cabe destacar que não encontramos trabalho semelhante, que conjugasse os cartazes de propaganda com o desenvolvimento da mídia de massa. Normalmente, estuda-se ou um ou o outro. No entanto, consideramos que para compreender as mudanças políticas, sociais e culturais na China, é necessário fazer a análise de ambos. Igualmente, nem Stefan R. Landsberger fez uma análise tão completa dos cartazes individualmente, como veremos nesta tese, apresentada em forma de tabelas nos anexos deste trabalho.

A metodologia de análise dos cartazes seguida em nossa pesquisa é a adaptação do modelo dos pesquisadores Garth S. Jowett e Victoria O′Donnell, presente no livro Propaganda and Persuasion23. Para isso, e até porque esta metodologia não é específica para cartazes de propaganda, adaptamo-la aos nossos objetivos. Do mesmo modo, o uso dessa segunda metodologia tem restrições, na medida em que o conceito de propaganda apresentada pelos autores não corresponde, na totalidade, ao conceito que utilizaremos nesta tese.

A metodologia de análise de propaganda de Jowett e O’Donnell é dividida em dez passos, os quais explicaremos, de forma sucinta, neste trabalho:

21 DREYER, June Teufel, China’s Political System: Modernization and

Tradition, 8th ed. Boston: Pearson Longman, 2012.

22 LI, Ku-chʻeng, A glossary of political terms of the People’s Republic of

China, Shatin, N.T., Hong Kong: Chinese University Press, 1995.

23 JOWETT, Garth; O’DONNELL, Victoria, Propaganda & persuasion, 5th ed. Thousand Oaks, Calif: SAGE, 2012.

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1. O propósito e a ideologia do cartaz de propaganda: que adaptamos para o propósito do cartaz de propaganda. A ideologia reflete-se na forma como a propaganda é feita e, por isso, compreende-se a ideologia através da análise dos cartazes. Para além disso, far-se-á o estudo de como o objetivo da propaganda corresponde a práticas sociais e atitudes – mudanças de padrão e comportamento.

2. O contexto no qual a propaganda ocorre: que denominamos por contexto histórico. O objetivo será compreender o momento histórico em que determinado cartaz foi criado, que reflete as razões que estão por trás da elaboração de determinada campanha.

3. A identificação do propagandista: que podem ser organizações, artistas específicos ou, como acontece na maioria dos casos, artistas desconhecidos. As perguntas que orientam este aspecto da investigação são: quem ou o que irá se beneficiar com esta propaganda?

4. A estrutura da organização de propaganda: de acordo com Jowett e O’Donnell, campanhas propagandísticas de sucesso têm a sua origem numa autoridade forte e central que toma as decisões24. Cabe analisar o estilo de liderança e se esta identifica-se ou não com o público alvo. As perguntas que guiam esta análise são as seguintes:

Como acontece a adesão? Existe evidência de conversão e símbolos aparentes na filiação? A filiação exige a adoção de novos símbolos, como roupas ou uniformes especiais, idioma, referências em grupo e/ou atividades que criam novas identidades para a adesão? Os rituais fornecem mecanismos para conversão ou transformação para novas identidades? Estratégias especiais foram criadas para aumentar (ou diminuir) a adesão? Quais recompensas ou punições são usadas para aumentar a participação na organização?25

24 Ibid., p. 293.

25 Ibid., p. 294. Tradução nossa. No original: “How is entry into membership gained? Is there evidence of conversion and apparent symbols of membership? Does new membership require the adoption of new symbols, such as special clothing or uniforms, language, in-group references, and/or activities that create new identities for the membership? Do rituals provide mechanisms for

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5. O público-alvo: é delimitado conforme o potencial de se atingir os objetivos predefinidos e de responder com a maior efetividade.

6. Técnicas de divulgação nas mídias: que optamos por suprimir e por colocar apenas de forma geral, já que os cartazes têm peculiaridades de métodos de divulgação. 7. Técnicas especiais para maximizar o efeito: que são,

sobretudo:

a. Predisposição do público alvo – as mensagens têm mais impacto quando interligadas com opiniões existentes, crenças e ações do quotidiano. Ao usar aspectos que causem uma identificação do destinatário com a propaganda, elas têm um efeito mais rápido e maior.

b. Credibilidade da fonte – há uma tendência para se admirar fontes seguras de informação. Figuras de autoridade e governamentais tendem a transmitir uma maior credibilidade.

c. Opiniões predominantes– a propaganda deve evitar temas que dividam a opinião do público alvo, ou que sejam muito controversos.

d. Contato direto - a instituição de propaganda fornece organizações ou lugares próximos para buscar “informação”? O ambiente é manipulado simbolicamente?

e. Normas de grupo – o propagandista pode usar o conhecimento que tem sobre determinado grupo para manipular a propaganda e causar uma adesão mais homogênea.

f. Recompensas e punições – a propaganda tende a passar uma mensagem que determina se a realidade é boa ou má através de recursos psicológicos.

g. Monopólio das fontes de comunicação e informação – quando há um monopólio, como é o caso do governo chinês, a repetição e a constância de determinada propaganda tendem a ter um maior efeito.

conversion or transformation to new identities? Are special strategies designed to increase (or decrease) membership? What rewards or punishments are used to enhance membership in the organization?”

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h. Símbolos visuais de poder – análise para os símbolos presentes na publicidade para compreender o que transmitem. Quando existem símbolos de poder, o efeito da propaganda é maior.

i. Uso da linguagem – se a propaganda tiver símbolos visuais de poder coordenados com o uso de uma linguagem de acordo com o público alvo, a tendência é para que se tenha um forte efeito. “O simbolismo verbal também pode criar uma sensação de poder. O uso de linguagem associada a figuras de autoridade, como pais, professores, heróis e deuses, confere autoridade àquilo que a linguagem descreve.”26

j. Despertar de emoções – propagandas que despertam emoções no público alvo tendem a ser mais efetivas. 8. Reação da audiência às várias técnicas: análise dos

comportamentos da audiência, se adotaram modelos vindos da propaganda (comportamentos, modo de vestir, linguagem, slogans, etc.).

9. Contrapropaganda: como afirma o autor, a contrapropaganda existe quando as mídias são competitivas.27 No caso chinês, não se aplica após a chegada do PCCh ao poder, com a mídia altamente controlada. No entanto, há alguma propaganda contrarrevolucionária dos nacionalistas, que era distribuída ilegalmente pelo continente. Não é, contudo, o enfoque deste trabalho.

10. Efeitos e avaliação: a pergunta principal que orienta este aspecto da avaliação é se a propaganda atingiu o objetivo para que foi criada. Analisa-se também se, caso não atingido o objetivo principal, foram tocados os objetivos secundários. Faz-se, deste modo, a análise do(s) objetivo(s) primário(s) e, caso haja, do(s) secundário(s).

No que concerne aos efeitos, perguntamo-nos se podemos detectar mudanças de comportamento na sociedade. Os autores propõem também as seguintes questões:

26 Ibid., p. 303. Tradução nossa. No original: “Verbal symbolization can also create a sense of power. The use of language associated with authority figures such as parents, teachers, heroes, and gods renders authority to that which the language describes.”

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Como a seleção da mídia e de várias técnicas de mensagem parecem ter afetado o resultado? Um conjunto diferente de escolhas teria alterado o resultado?

Como o propagandista manipulou o contexto e o ambiente?

O resultado teria sido diferente se não houvesse propaganda?

Se o público em geral mudou de direção, o que parece explicar essa mudança?28

Ressalta-se que nem todos os cartazes permitirão a análise exaustiva dos dez passos, pela falta de dados, que podem vir a ser colmatadas por pesquisas posteriores.

No que respeita aos discursos e textos utilizados neste trabalho, realizamos a seleção dos textos principais de cada um dos líderes. Seguidamente, foi feita a leitura contínua de todos os textos, procurando encontrar repetições, diferenças no uso da linguagem, situações comuns e diversas, expressões chave e efeitos discursivos. As frases selecionadas foram escritas separadamente para posterior comparação e melhor organização do trabalho. Dentre as etapas de análise, os efeitos discursivos são dos mais importantes, uma vez que permitem compreender quais são as implicações ou consequências concretas do discurso em determinada situação. Por exemplo, compreender como incitar a população se traduziu num aumento da produção de bens alimentares.

Sobre os discursos políticos, é importante ressaltar que a produção de Mao Zedong é a mais significativa, tendo, por isso, tido uma maior análise. Seguido do pensamento de Deng Xiaoping. Para os dois últimos líderes, demos preponderância para as suas principais teorias, visto serem os seus maiores contributos.

Outra questão importante que se coloca no âmbito desta tese prende-se ao fato de os discursos e escritos analisados, dentro de cada geração, pertencerem ao mesmo líder. Assim, é preciso compreender as variações ao longo do tempo, como também possíveis mudanças na forma

28 Ibid., p. 306. Tradução nossa, no original: “How did the selection of media and various message techniques seem to affect the outcome? Would a different set of choices have altered the outcome? How did the propagandist manipulate the context and the environment? Would the outcome have been

inevitable had there been no propaganda? If the public-at-large changed directions, what seems to account for the swing?”.

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como cada líder se posiciona e determinar, quando possível e aplicável, a causa dessa mudança, que se nota durante a primeira e segunda gerações.

Procuramos dar primazia a autores chineses durante esta pesquisa para que se evitasse, na medida do possível, a apresentação de uma visão ocidental da História da China. Tivemos sempre como objetivo procurar compreender a realidade observada dentro de conceitos chineses. Neste sentido, o Glossário de Termos Políticos da República Popular da China29 foi uma fonte importante de pesquisa.

Neste trabalho, os conceitos centrais a serem utilizados são os de propaganda, mídia e das gerações de liderança do PCCh. O termo propaganda, em chinês tradicional, xuānchuán ( 宣 傳 ), significa disseminar informação, não contendo o cariz negativo dado ao termo no ocidente. Neste sentido, e pela própria definição abrangente de propaganda de Mao Zedong, o PCCh via-a como uma forma de promover uma determinada causa. Na altura, a palavra “propaganda” não estava carregada do seu sentido negativo, mas sim ligada ao conceito de “agitação”, ou seja, fazer com que as massas ajam sobre determinado tema, que tomem parte da ação, que façam algo para mudar alguma situação, isto é, que sejam promotores de mudança. Autores como Boris Groys30, no que concerne aos cartazes de propaganda, preferem não utilizar este conceito, para que a arte não seja perdida, optando por chamar de “Realismo Socialista”. Esperamos que o leitor consiga desprender-se da negatividade associada ao conceito para que seja possível ver a arte dos cartazes de propaganda. Consideramos que a maior parte das definições de propaganda, concentradas na manipulação, são limitadoras para o contexto aqui estudado. A propaganda chinesa tinha, igualmente, uma função educativa. Seguimos, deste modo, a definição de Xiaomei Chen, na qual “[...] a propaganda pode ser estudada como um processo complexo, dialógico e dialético em que múltiplas vozes e visões opostas colidem, negociam e comprometem a formação do que parece uma ideologia dominante - e, de fato, funciona como tal - para legitimar o poderoso Estado e o seu governo.”31 Para além disso, o autor destaca o

29 LI, A glossary of political terms of the People’s Republic of China. 30 GROĬS, Boris, The total art of Stalinism: avant-garde, aesthetic

dictatorship, and beyond, Princeton, N.J: Princeton University Press, 1992.

31 CHEN, Xiaomei, Staging Chinese Revolution: theater, film, and the

afterlives of propaganda, New York: Columbia University Press, 2017, p. 1.

Tradução nossa, no original: “[...] propaganda can be studied as a complex, dialogic, and dialectical process in which multiple voices and opposing views

Referências

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