Universidade Estadual de Campinas.
Instituto de Físi a Gleb Wataghin
Fernando Assis Gar ia
Simetria do Parâmetro de Ordem em Super ondutores
Ferromagnéti os
Dissertação de Mestrado
Orientador: Guillermo G. Cabrera
Agrade imentos
Aqueles om os quais já onversei sobre muitas oisas da vida já devem ter me ouvido
omparar as páginas de agrade imentos de teses e dissertações à nais de festas onde
o antrião, enebriado pelo ál ool e ompanhia de tantos amigos, diz amar a todos no
momentodedespedida. Esteamor,distribuidoassimdemaneiragratuitaegeneralizada,
a abaporperderseusigni adoou,peloomenos,nãodiferen iaaspessoas ujaspresenças
realmenteimportaramnaquelafesta.
Aqui,façoaopçãode serum antrião omedido evourestringirmeusagrade imentos
à pessoas que realmente zeram a diferença para a realização deste trabalho ao longo
destes dois anos. Osmuitos amigos quenão vou itar ertamentemeperdoarão uma vez
que, sendo meus amigos, ompreendem a importân ia que existe para mimem es rever
estas linhas damaneira queestou fazendo. Então vamos lá:
Começo agrade endo ao André e ao Éri . Quando ome ei a desbravar as terras
da Teoria de Grupos, ainda na graduação, foi om o André que dividia e, geralmente
resolvia, as minhas dúvidas. Minha ignorân ia em on eitos gerais da Físi a de Matéria
Condensadaera,eaindaé,diminuida omminhas onversas omoÉri . Foram omestes
dois também que sempre pude ter eternas onversas sobre questões da Físi a e também
do Mundo. Não posso deixar de es rever que é um verdadeiro previlégio estar ao lado
destes dois.
Agradeço ao Orlando. O Orlandotalvez não saiba, mas tem uma grande
responsabi-lidade na minha formação omo Físi o. Vou ser bom om ele e dizer que dele depende
apenas apartebem sus edida daminhaformação. Esta inuên ia veioatravésde muitas
e muitas onversas, prin ipalmente depois de um urso, prati amente en omendado, de
Teoria Clássi a de Campos, que z na graduação. Nem pre iso dizer que Éri e André
tambémestavam neste urso.
Agora é a vez doPedro. A vontade queo Pedro tem de ompartilhar suas oisas, seu
onhe imento e seus sentimentos om os amigos é impressionante. Ao longo destes dois
anos a reditoque amosmais próximosehojedigo queeste ara émeuamigo. OPedro
tem apenas o defeito de querer pagar a onta do bar quando todos se distraem. Tento
ompensar surpreendendo-o om uma ou outra garrafa de vinho e tentando ser um bom
interlo utor para nossas onversas, tanto para os momentos mais intele tualizados até
para aqueles que beiram (ou entram profundamente) na analhi e.
SobreoCabrera,meuorientadortivealgumadi uldadesobreoquees rever.
Guillermo por ter desempenhado om maestria seu papel de Edmund Wilson enquanto
tentei, sem grande su esso, desempenharmeu papel de F. S ott Fitzgerald.
É laro que agradeço aoZé Pereira, sem ele as férias em Niterói, ao lado dos amigos
Resumo
Esta dissertação tem omo objetivo apresentar um estudo da simetria do parâmetro de
ordem em super ondutores ferromagnéti os. Nossa abordagem é inspirada na teoria de
Landau para Transições de Fase de Segunda Ordem ou, de maneira mais pre isa, na
idéia que uma transição de fase de segunda ordem está a ompanhada por uma redução
na simetria do sistema. A nova fase passa a ser des rita por um subgrupo da fase de
alta simetria, impli ando onsequên ias para o parâmetro de ordem, que em nosso aso
determina a estrutura do gap super ondutor. A re ente des oberta da oexistên ia de
super ondutividade e ferromagnetismo revelou o problema da lassi ação das possíveis
simetrias do parâmetro de ordem super ondutor quando o estado normal não possui
simetria de reversão temporal. Veremos que o problema é resolvido quando a simetria
do estado normal é des rita por grupos magnéti os (ou o-grupos) e que a lassi ação
dos estados super ondutores deve agora ser feitaemtermos das o-representações destes
Abstra t
Inthisdissertation,wepresentastudyoftheorder-parametersymmetryinferromagneti
super ondu tors. Our approa his inspired onthe LandauTheory of Phase Trasitionor,
more pre isely, on the idea that a se ond order phase transition is a symmetry breaking
pro ess where the ordered phase of the system is des ribed by a subgroup of the highly
symmetri one, leading to important onsequen es for the order parameter. In our ase,
it imposes onstraints to the super ondu ting gap stru ture. The re ent dis overy of
the oexisten e of super ondu tivity and ferromagnetism brought the problem of the
lassi ationofsu hstru turesinthesituationwheretimereversalsymmetryisbrokenon
the normalstate. Wearguethatthisproblemissolved whenone onsiderthe des ription
of su h normal state by magneti groups (or ogroups) and that the lassi ation of the
1 Introdução. 1
2 Generalização da teoria BCS. 3
2.1 A HamiltonianaBCS.. . . 3
2.2 Propriedadesde Baixa temperatura. . . 10
2.3 Classi açãodos EstadosSuper ondutores. . . 14
2.4 Classes Super ondutoras . . . 18 2.5 Exemplos . . . 19 3 Super ondutores Ferromagnéti os 25 3.1
ZrZn
2
. . . 27 3.1.1 Super ondutividade emZrZn
2
. . . 27 3.1.2 Ferromagnetismo emZrZn
2
. . . 28 3.2UGe
2
. . . 293.2.1 Super ondutividade e Magnetismo em
UGe
2
. . . 304 Estados Super ondutores em Metais Ferromagnéti os. 33 4.1 Umesboçopara a Teoria Mi ros ópi a. . . 33
4.2 Grupos Magnéti os. . . 35
4.3 Grupos Magnéti os Pontuais . . . 37
4.3.1 Tiposde ClassesMagnéti as. . . 37
4.3.2 Co-representações. . . 39
4.4 Classes super ondutoras. . . 42
4.4.1 EstímulodaSuper ondutividade pelo Ferromagnetismo.. . . 45
4.5 A Estrutura doGap. . . 47
5 Super ondutividade e Paredes de Domínios. 60 5.1 OModelo . . . 61 5.2 Diagramade Fases . . . 71 5.3 Parede Transparente . . . 71 5.4 Caso Geral . . . 74 5.5 Considerações Finais . . . 74 6 Con lusões 76
2.1 Densidade de estados: fase polar . . . 12
2.2 Densidade de estados: fase ABM. . . 13
2.3 Elementos de SimetriadoGrupo Cúbi o. . . 19
2.4 Diagramade fases para asrepresentações2-d. . . 23
2.5 Estrutura dos gaps das fasesA, B eC para o aso tripleto. . . 23
3.1 Antigo enário da oexistên ia. . . 26
3.2 Novo enáriode oexistên ia . . . 26
3.3 Medida doCalor Espe í o para o
UGe
2
[11℄. . . 303.4 Assinatutada transição: medidade resistividade [10℄. . . 31
3.5 Diagramade fases [11℄. . . 32
4.1 Estrura ristalina do
UGe
2
. . . 555.1 Diagramade fases: limite de parede transparente. . . 73
5.2 Parâmetro de ordem. . . 73
Introdução.
A teoria BCS [1℄ tem demonstrado su esso ao expli ar o fenmeno da
super ondutivi-dade para grande parte dos ompostos até hoje onhe idos. De fato, foi apenas a partir
da dé ada de 80 que foram des obertos sistemas super ondutores ujo omportamento
apresentava desvios daquele previsto pela teoriaBCS.
Con omitantemente, muitosdesenvolvimentosforamfeitosno ampofenomenológi o,
onde a teoria de Ginzburg-Landau têm grande su esso em des rever propriedades
ma- ros ópi as dos sistemassuper ondutores, omo propriedadesmagnéti as. Neste sentido,
desde edo,foiper ebidoporGinzburg[2℄quea oexistên iade ferromagnetismoe
super- ondutividade demanda porsistemas om propriedades bastante espe iais e que, mesmo
que possível, poderia não vir a ser observada, dada a di uldades experimentais que a
épo a pare iam insuperáveis.
O ponto prin ipal residia no fato já onhe ido que ampos magnéti os ostumam
suprimir a super ondutividade uma vez que a energia de tro a poderia tornar-se maior
que a de pareamento, de maneira que os pares não resistiriam e a super ondutividade
estaria destruida.
O argumentode Ginzburg é orretoquando onsideradosos ingredientes originaisda
teoria BCS: pareamento no estado singleto, om momento nulo, em um poten ial om
simetria
s
, não nulo emapenas uma vizinhança da superfí ie de Fermi e um me anismo elétron-phonon para a realizaçãodeste pareamento.A nova lasse dos hamados super ondutores não onven ionais [3℄ põe emevidên ia
a ne essidade de expansão deste enário. De fato, prin ipalmente omo motivação de
propostas de possíveis enários parao o orrên ia de uma fasesuperuídano
3
He
,outras
hipóteses já haviamsido onsiderados [4℄.
super ondutor om o ampo magnéti o, existindo mesmo a possibilidade de estímuloda
super ondutividade por interação om o ampo, omo veremosno texto.
Aanálisedasimetriadosistemarevela-sede grandeimportân iapelapossibilidadede
guiara onstruçãodeumateoriami ros ópi a,que ertamentedeve onte-la. Noentanto,
o onhe imento de rudimentos da teoria mi ros ópi a, ao menos no nível dos trabalhos
pioneirosdeAndersoneBalian[4℄,serve omopontodepartidaparaa onstruçãodeuma
fenomenologia,mesmoqueestas teoriasnãosejamrigorosamenteválidaspara ossistemas
não onven ionais.
Organizamos nosso texto da seguinte maneira: no apítulo
2
apresentamos a genera-lização da teoria BCS e a lassi ação de estados que desta de orre. Aqui, nos atemosàs primeirasmanifestaçõesdo omportamento anmalo que geralmenteasso iamos aos
hamados super ondutores não onven ionais. A lassi ação dasimetria destes estados
não onvenionais é apresentada e exemplos são dis utidos. No apítulo
3
, apresentamos uma dis ussão sobre as propriedades físi as de dois sistemas para os quais aoexistên- ia de super ondutividade e ferromagnetismo foi demonstrada em vários experimentos,
fo alizando àquelas propriedades queserão importantes para os demais apítulosda
dis-sertação. São onsideradas propriedades do estado normal e super ondutor, ressaltando
semelhanças ediferenças destes sistemas.
No apítulo
4
apresentamos a teoria para a lassi ação de simetrias dos super on-dutores ferromagnéti os e a desenvolvemos para o aso doUGe
2
em parti ular, numa abordagem rigorosa, abragendo vários aspe tos até aqui não onsiderados na literatura.Em seguida, no apítulo
5
, nos o upamos de um problema espe í o, já lássi o, onde onsideramosas onsequên iasdaexistên iadedomíniosmagnéti osparaoparâmetrodeordem super ondutor . Em nossas on lusões dis utimos as onsequên ias deste estudo,
Generalização da teoria BCS.
2.1 A Hamiltoniana BCS.
Consideramosaquiapenasosaspe tosrelevantesàobtençãoda lassi açãodos possíveis
estados super ondutores ontidos nateoria BCS [1, 3℄. Dentro deste ontexto, não é
ne- essáriofazermoshipótesesa er adeum me anismoespe í opara aformaçãodos pares
de Cooper. Apartirdestasidéiasbastantegerais,podemosextrairinformaçãosobrea
es-truturadogapsuper ondutore onsequentementesobrealgumasde suaspropropriedades
termodinâmi ase de transporte.
Começamosnossadis ussão omaHamiltonianaefetiva,es ritanoespaçode
momen-tos:
H
0
=
X
k>0s
ǫ(k)c
†
ks
c
ks
+ ǫ(k)c
†
−ks
c
−ks
H
int
=
1
2
X
kk
′
s
1
s
2
s
3
s
4
V
s
1
s
2
s
3
s
4
(k, k
′
)c
†
−ks
1
c
†
ks
2
c
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
H = H
0
+ H
int
(2.1)O termo de interação de duas partí ulas é tratado em uma aproximação de ampo
médio.
c
†
ks
c
†
−kr
=
D
c
†
kr
c
†
−ks
E
+ (c
†
ks
c
†
−kr
−
D
c
†
kr
c
†
−ks
E
)
(2.2)termoquedes reveosdesviosdovalordooperadordesuamédia. Paraossuper ondutores
onven ionais esta ostuma ser uma boa aproximação uma vez que o omprimento de
orrelaçãodoestadosuper ondutorégrandequando omparadoadistân iasonde efeitos
de forte orrelação eletrni a poderiam retirara validade dateoria.
Paraossuper ondutoresnão onven ionais, omoosqueestudamos,emgeralobtem-se
dosexperimentosqueosefeitosde orrelaçãoeletrni asãoimportanteseavalidadedesta
aproximaçãoéquestionável. Noentanto,nestetrabalhoestamosinteressadosnosaspe tos
de simetria que independem dos detalhes ao nível mi ros ópi o. Com esta aproximação
rees revemos otermo de interaçãode 2.1.
c
†
−ks
1
c
†
ks
2
c
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
= −c
†
ks
2
c
†
−ks
1
c
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
≈ −[
D
c
†
ks
2
c
†
−ks
1
E
+ (c
†
ks
2
c
−ks
†
1
−
D
c
†
ks
2
c
†
−ks
1
E
)][hc
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
i + (c
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
− hc
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
i)]
= −c
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
D
c
†
ks
2
c
†
−ks
1
E
− c
†
ks
2
c
†
−ks
1
hc
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
i +
D
c
†
ks
2
c
†
−ks
1
E
hc
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
i + δ(O
2
)
(2.3)Em 2.3 o termo de segunda ordem se refere aos produtos das utuações que vamos
des artar. Des artamos também o termo onstante (que ontribui apenas para o estado
fundamental) ando apenas om os dois primeiros termos. Assim a parte de interação
se es reve
X
kk
′
s
1
s
2
s
3
s
4
V
s
1
s
2
s
3
s
4
(k, k
′
)c
†
−ks
1
c
†
ks
2
c
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
≈
≈
X
kk
′
s
1
s
2
s
3
s
4
V
s
1
s
2
s
3
s
4
(k, k
′
)(−c
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
D
c
†
ks
2
c
†
−ks
1
E
− c
†
ks
2
c
†
−ks
1
hc
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
i) =
Agoradenimos∆
s
1
s
2
(k) ≡ V
s
1
s
2
s
3
s
4
(k, k
′
) hc
k
′
s
3
c
−k
′
s
4
i
queéamatrizdogap. Cadaum dos termosdestamatrizpodeser interpretado omoumaamplitudedepareamento. Paraa super ondutividade onven ional apenas os termos
∆
↑↓
são diferentes de zero. Valores nitos para as médiashc
k
′
s
≡
X
ks
1
s
2
∆
s
1
s
2
(k)c
†
ks
1
c
†
−ks
2
−
X
ks
1
s
2
∆
∗
s
!
s
2
(−k)c
ks
2
c
−ks
1
(2.4)A partir de 2.4 rees revemos a Hamiltoniana efetiva 2.1, transformando o problema
original de muitos orposemuma Halmiltonianade um úni oelétron.
˜
H =
X
ks
ǫ(k)c
†
ks
c
ks
+
1
2
X
ks
1
s
2
(∆
s
1
s
2
(k)c
†
ks
1
c
†
−ks
2
− ∆
∗
s
!
s
2
(−k)c
−ks
1
c
ks
2
)
(2.5)Adiagonalizaçãode2.5éfeitausandoumatransformaçãodeBogoliubovgeneralizada.
c
ks
=
X
r
(u
ksr
α
kr
+ v
ksr
α
†
−kr
)
(2.6)Neste ontexto os oe ientes
u
ksr
ev
ksr
em 2.6são matrizes no espaço de spins que devem satisfazer uma ondição de unitaridade de maneira que os operadoresα
ks
,α
†
ks
mantenhamo ára ter fermini o dos operadores
c
ks
ec
†
ks
. Es revendo expli itamentea transformação temos:c
ks
= u
ks↑
α
k↑
+ v
ks↑
α
−k↑
†
+ u
ks↓
α
k↓
+ v
ks↓
α
†
−k↓
c
†
−ks
= u
∗
−ks↑
α
−k↑
†
+ v
−ks↑
∗
α
k↑
+ u
∗
−ks↓
α
†
−k↓
+ v
∗
−ks↓
α
k↓
(2.7)Uma inspeção no onjunto de equações 2.7 nos indi a que podemos simpli ar as
equaçõesdenindo um formalismovetorialde 4 omponentes:
~
α
k
=
α
k↑
α
k↓
α
−k↑
†
α
†
−k↓
T
~
c
k
=
c
k↑
c
k↓
c
†
−k↑
c
†
−k↓
T
(2.8)Onde
T
denotaaoperaçãode transposição. E tambémdenir matrizes2 × 2
apropri-adas a partir dos oe ientes da transformação:ˆ
u
k
=
u
k↑↑
u
k↑↓
u
k↓↑
u
k↓↓
!
ˆ
u
∗
−k
=
u
∗
−k↑↑
u
∗
−k↑↓
u
∗
−k↓↑
u
∗
−k↓↓
!
(2.9)As matrizes
v
ˆ
k
são denidas de modo análogoao que sevê em 2.9. Se es revermos a matriz:U
k
=
ˆ
u
k
v
ˆ
k
ˆ
v
∗
−k
u
ˆ
∗
−k
!
(2.10)Per eba que 2.10 é uma matriz
4 × 4
. Suas entradas são as matrizes2 × 2
(2.9) que denimos. A transformação 2.6é es ritasimplesmente omo:~
c
k
= U
k
α
~
k
(2.11)E a ondição de unitaridade a
U
K
U
k
†
= 1
(2.12)A diagonalização de 2.5é es ritaneste formalismo omo:
ˆ
E
k
= U
k
†
ε
ˆ
k
U
k
(2.13) om asdenições:ˆ
E
k
=
E
k↑
0
0
0
0
E
k↓
0
0
0
0
−E
−k↑
0
0
0
0
−E
−k↓
(2.14)ˆ
ε
k
=
ǫ(k) ˆ
σ
0
∆(k)
ˆ
− ˆ
∆
∗
(−k) −ǫ(k) ˆ
σ
0
!
(2.15)Aproveitamos para denir que deste ponto em diante usamos
σ
i
(i = x, y, z, 0
) para denotar as matrizes de Pauli. A matriz 2.15 é a representação matri ial de 2.5. Oselementos diagonais de 2.14 são o espe tro de energia das ex itações do sistema. As
energias
ǫ(k)
de 2.15 são as energia de Hartree Fo k medida a partir do nível de Fermi. A solução para matrizdatransformaçãoU
k
éobtida daequação 2.13:ˆ
u
k
E
k↑
0
0
E
k↓
!
= ǫ(k) ˆ
σ
0
u
ˆ
k
+ ˆ
∆(k) ˆ
v
−k
∗
ˆ
v
k
−E
−k↑
0
0
−E
−k↓
!
= ǫ(k) ˆ
σ
0
v
ˆ
k
+ ˆ
∆(k) ˆ
u
∗
−k
ˆ
v
∗
−k
E
k↑
0
0
E
k↓
!
= − ˆ
∆
∗
(−k) ˆ
u
k
− ǫ(k) ˆ
σ
0
v
ˆ
∗
−k
(2.16)ˆ
u
∗
−k
−E
−k↑
0
0
−E
−k↓
!
= − ˆ
∆
∗
(−k) ˆ
v
k
− ǫ(k) ˆ
σ
0
u
ˆ
∗
−k
As equações para
E
ks
eE
−ks
estão laramente desa opladas, de maneira que nosso problema se reduza matrizes2 × 2
:ˆ
u
k
[
E
k↑
0
0
E
k↓
!
− ǫ(k) ˆ
σ
0
] = ˆ
∆(k) ˆ
v
∗
−k
ˆ
v
∗
−k
[
E
k↑
0
0
E
k↓
!
+ ǫ(k) ˆ
σ
0
] = − ˆ
∆
∗
(−k) ˆ
u
k
(2.17)Aqui temos que estudar algumas das propriedade da matriz
∆(k)
. A simetria desta matriz é dada pelas simetrias do poten ial de interação e dos operadores fermini os,omo sevê diretamentede 2.4. Podemos tambémrees rever
∆(k)
ˆ
de modoa eviden iar-mos algumasde suas propriedades. Emnossa generalizaçãopermitimosa oplamentosdepares em ambos os anais singleto e tripleto. Com esta separação, temos também duas
possibilidades para a dependên ia de
∆(k)
omk
. Para o primeiro aso∆(k)
deve ser umafunção par davariávelk
enquantoquepara oúltimoumafunção ímpar. Esta éumasimples onsequên ia doprín ipiode ex lusãode Pauli. Para o aso singletoes revemos
ˆ
∆(k) =
∆(k)
↑↑
∆(k)
↑↓
∆(k)
↓↑
∆(k)
↓↓
!
=
0
∆(k)
↑↓
−∆(k)
↑↓
0
!
= ψ(k)
0
1
−1 0
!
(2.18)Onde
ψ(k)
é uma funçãopar davariávelk
. As omponentes↑↑
e↓↓
são zero uma vez que estamos, neste momento, interessados no estado singleto. De maneira a usarmos aálgebra das matrizesde Pauli, fazemos mais um passo em2.18.
ˆ
∆(k) = iˆ
σ
y
ψ(k)
(2.19)Jáparao analtripleto,todasas omponentessãonãonulas. Foiper ebidoporBalian
e Werthamer [4℄ que oestado tripletopode ser es rito omo:
ˆ
∆(k) = i( ~
d(k).ˆ
σ) ˆ
σ
y
=
−d
x
(k) + id
y
(k)
d
z
(k)
d
z
(k)
d
x
(k) + id
y
(k)
!
(2.20)A di uldadeparaen ontrar soluçõespara atranformação2.6está noestadotripleto.
Estasmatrizespodemdes reverestadosnãounitáriosparaosquaisaestrutura das
orre-laçõesdosparesparaspins
up
espinsdown
édiferente, paradiferentes direçõesnoespaçok
. Denimos que uma matriz∆(k)
des reve um estado unitário quando o produto∆∆
†
é propor ional a matrizidentidade, aso ontrário oestado asso iado é não unitário. Da
forma omo estão es ritos 2.19 e 2.20 é laro que apenas o estado tripleto pode ser não
unitário. O produto
∆∆
†
se es reve, no aso tripleto:
ˆ
∆(k) ˆ
∆
†
(k) = ( ~
d(k).ˆ
σ)( ~
d(k).ˆ
σ)
†
= |~
d(k)|
2
σ
ˆ
0
+ i~
d(k) × ~
d(k)
∗
.ˆ
σ
aso unitário,ou seja,estado singletoou estado tripleto om
d(k) × ~
~
d(k)
∗
= 0
.∵
v
ˆ
∗
−k
= − ˆ
∆
∗
(−k) ˆ
u
k
[
E
k↑
0
0
E
k↓
!
+ ǫ(k) ˆ
σ
0
]
−1
ˆ
u
k
[
E
k↑
0
0
E
k↓
!
− ǫ(k) ˆ
σ
0
] = ˆ
∆(k) − ˆ
∆
∗
(−k) ˆ
u
k
[
E
k↑
0
0
E
k↓
!
+ ǫ(k) ˆ
σ
0
]
−1
ˆ
u
k
[
E
k↑
0
0
E
k↓
!
− ǫ(k) ˆ
σ
0
][
E
k↑
0
0
E
k↓
!
+ ǫ(k) ˆ
σ
0
] = ˆ
∆(k) ˆ
∆
†
(k) ˆ
u
k
Assoluçõespara
u
ˆ
k
,E
k↑
eE
k↓
podemser en ontradasporinspeçãobaseadaemalguns argumentos. Uma vez que o estado é unitário o produto∆∆
†
é propo ional a matriz
identidadee por isto omuta om a matriz
u
ˆ
k
. Destamaneirase es reve:[
E
k↑
0
0
E
k↓
!
− ǫ(k) ˆ
σ
0
][
E
k↑
0
0
E
k↓
!
+ ǫ(k) ˆ
σ
0
] = ˆ
∆(k) ˆ
∆
†
(k)
(2.21)A partir de 2.21, argumentosimilarpode ser utilizadopara notar que
E
k↑
= E
k↓
= E
k
e, portanto,temos a soluçãopara o espe tro de energias:E
k
2
= [ǫ(k)
2
+
1
2
tr[( ˆ
∆ ˆ
∆
†
)(k)]]
(2.22)
A solução para a tranformação é obtida per ebendo que
u
ˆ
k
pode ser propor ional a qualquer matriz2 × 2
não singular. Es olhemos amatriz identidadee es revemosˆ
u
k
=
[E
k
− ǫ(k)] ˆ
σ
0
{[E
k
+ ǫ(k)]
2
+
1
2
tr[( ˆ
∆ ˆ
∆
†
)(k)]}
1
2
(2.23)Para
v
ˆ
k
eliminamosu
ˆ
−k
∗
do onjunto de equações2.16 e se es reve:ˆ
v
k
=
− ˆ
∆(k)
{[E
k
+ ǫ(k)]
2
+
1
2
tr[( ˆ
∆ ˆ
∆
†
)(k)]}
1
2
(2.24)Para o aso de estadosnão unitáriososresultados são bemmais ompli ados[3℄. Um
E
k↑ou↓
2
= ǫ(k)
2
+ | ~
d(k)|
2
± |i ~
d(k) × ~
d(k)
∗
|
(2.25)
Neste aso a degeneres ên ia para osestados
up
edown
é quebrada. Esta separação pode ser ompreendida omo uma redução de simetria devido a perda de simetria dereversãotemporal. Nestaformulaçãogeneralizada,emqualquerumdos asos,permitimos
queogaptenhaalgumadependên iaem
k
. Emsituaçõesespe iais,estadependên iapode levarazerosnogapde energiaqueresultamemnovaspropriedadesde baixatemperaturaquando omparadas aos super ondutores onven ionais, que possuem um gap sem nós.
2.2 Propriedades de Baixa temperatura.
A have para o entendimento destas modi ações está na dependên ia da densidade de
estados
N(E)
dosistema omogapdeenergia. Investigamosaquio alorespe í odestes sistemas. O alor espe í o para baixas energiasT ≪ T
c
se es reve (a dependên ia do gap om a temperaturaéignorada).C
v
=
2
Ω
X
k
E
k
df (E
k
)
dT
=
Z
dEN(E)E
df (E)
dT
=
Z
dEN(E)
E
2
k
B
T
2
1
4 cosh
2
(
2k
E
B
T
)
(2.26)Investigamos agora a densidade de estados e omo que esta depende da simetria do
gap. Por denição temos:
N(E) = 2
X
k
δ(E − E
k
)
(2.27)Onde restrigimos nossa análise a estados unitários. Relembrando a equação 2.22,
rees revemos 2.27 utilizando
N(0)
, que é densidade de estados na superfí ie de Fermi para a fasenormal.N(E) = N(0)
Z
dΩ
k
4π
Z
dǫδ(
r
ǫ(k)
2
+
1
2
tr[( ˆ
∆ ˆ
∆
†
)(k) − E)]
(2.28)Vamos aqui denir:
|∆(k)|
2
≡
1
2
tr[( ˆ
∆ ˆ
∆
†
)(k)]
(2.29)
E assim 2.28 é es rita omo:
N(E) = N(0)
Z
dΩ
k
4π
E
pE
2
− |∆(k)|
2
(2.30)Emboraestejamosaquianalisandoapenaso alorespe í o,oquevemoséque,defato,
qualquerpropriedadequedependadaestruturadadensidadedeestadosseráamplamente
afetadapordiferentestiposdegap. Para super ondutores onven ionaisogapnãopossui
nós, o que é topologi amente equivalente a um gap isotrópi o. Este, em parti ular, se
es reve
|∆(k)|
2
= ∆
2
0
, onde∆
0
é uma onstante que des reve sua amplitude. A partirde 2.30 temos a densidade de estados:N(E) = N(0)
Z
dΩ
k
4π
E
pE
2
− ∆
2
0
= N(0)
0
E < ∆
0
E
√
E
e
−∆
2
0
E > ∆
0
(2.31)Usando 2.26 e 2.31 podemos al ularo alor espe í o de baixas temperaturas.
C
V
≈ N(0)k
B
(
∆
0
k
B
T
)
2
p
2πk
B
T ∆
0
exp(−∆
0
/k
B
T )
(2.32)Podemos al ularo alorespe í oparapareamentotripletoefasepolar,porseuvalor
didáti o. Para talusamos 2.20 om
d
x
(k) = d
z
(k) = 0
ed
y
(k) = −ik
z
.ˆ
∆(k) = ∆
0
k
z
0
0
k
z
!
⇒ |∆(k)|
2
= ∆
2
0
cos θ
2
(2.33)Figura2.1: Densidade de estados: fase polar
A densidade de estadosagora a:
N(E) = N(0)
Z
dΩ
k
4π
E
pE
2
− ∆
2
0
cos
2
θ
= N(0)
E
∆
0
(
π
2
E < ∆
0
arcsin(
∆
m
E
) E > ∆
0
(2.34)O alor espe í o al ulado para esta fase apresenta um omportamento de baixas
temperaturas bem distinto da dependên ia exponen ial observado em super ondutores
onven ionais. Antes de al ula-lo, podemos analisara estrutura do gap e da densidade
de estados. O gap 2.33 tem uma linha de zeros no equador e a densidade de estados
asso iada possui dependên ia linear om a energia para baixas temperaturas (ver gura
2.1).
Outra formaposséivel é dada por
ˆ
∆(k) = ∆
0
k
x
+ ik
y
0
0
k
x
− ik
y
!
⇒ |∆(k)|
2
= ∆
2
0
sin θ
2
(2.35) Onde om referên ia a 2.20 temosd
x
(k) = k
x
,d
y
(k) = k
z
ed
z
(k) = 0
. Esta estrutura é o estado ABM [4℄ realizadono3
He
Figura 2.2: Densidadede estados: fase ABM.
amplitudes que
∆
↑↑
e∆
↓↓
são diferentes de0
. Este éo hamadoestadoESP
(equal spin paring). A densidade de estadosé dada por:N(E) = N(0)
E
∆
0
ln |
1 +
E
∆
0
1 −
E
∆
0
|
(2.36)Interessante notar que o fato do pareamento o orrer no estado tripleto, não impli a
a existên ia de nós na estrutura de gap. De fato, desde o iní io das dis ussões sobre a
possibilidade de gapsanisotrópi os [4℄, notou-se aexistên iadaqueleque éhoje hamado
estado BW.
ˆ
∆(k) = ∆
0
k
x
+ ik
y
k
z
k
z
k
x
− ik
y
!
⇒ |∆(k)|
2
= ∆
2
0
(2.37)Notando 2.37, vemos que as propriedades de equilíbrio deste estado serão iguais às
propriedadesdos super ondutores onven ionais. De fato, de uma teoria de a oplamento
fra o, omo a que onsideramos aqui, resulta que o estado BW tem energia menor que
o estado ABM que,portanto, nun a seria realizado. O estado ABM seestabiliza apenas
quando efeitos de orrelaçaode spin dos átomos de
3
He
são onsiderados.
Analisando o gap ABM (2.35) vemos que este possui zeros nos polos e que sua
den-sidade de estados tem asso iada uma dependên ia quadráti a om a energia, quando
Vemos, portanto, que a dependên ia de baixas energias da densidade de estados
de-pende apenas da topologia dos zeros do gap. Da mesma maneira, podemos lassi ar o
omportamentoanmalodo alor espe í o observado emsistemasnão onven ionais.
C
v
∝
T
sem gap
T
2
linhas
T
3
pontos
(2.38)Todas as propriedades termodinâmi asde equilibrio sofrem modi açõesque
depen-dem apenas da topologia dos zeros do gap. Como veremos agora, a teoria de grupos
onstituiuma ferramentapoderosapara a lassi ação destes gaps .
2.3 Classi ação dos Estados Super ondutores.
Como notamos desde o iní io não esperamos que os resultados de uma teoria de
a opla-mentofra osejamválidos para ossistemasque estudamosneste trabalho, oumesmoque
podemos onar em uma aproximação de ampo médio. A forma espe í a do
hamil-toniano que os des reve nos é des onhe ida, mas assumimos que onsiderações baseadas
em aspe tos bastantegerais sobre aestrutura dogap podemser utilizadaspara entender
resultados experimentaisoumesmo prevê-los.
Em super ondutores não onven ionais temos que onsiderar a existên ia de
a opla-mentospinórbita, ampo ristalinoea oplamentoforte. Essesefeitos estãopresentes em
super ondutores formadosporférmionspesados omoéo aso do
UGe
2
,queestudamos nopróximo apítulo. OPrimeiropontoqueressaltamoséquenapresençadea oplamentospin órbita, os estados de 1 partí ula não podem ser autoestados do operador de spin.
No entanto, podemos fazer uma orrespondên ia um a um om estados de pseudospin
e spin, de maneira que formalmente podemos nos referir a spin e pseusdospin omo os
mesmos objetos. Lembramos que hamamos de pseudospin os dois valores que podem
ser assumidos pelo estado de momento angular total que resulta da soma do momento
angular orbitale dospin eletrni o.
Tambémem presença de a oplamento spin órbita, as transformaçõesde oordenadas
afetam igualmente estados orbitais e estados de spin. Isso traz onsequên ias para o
estado tripleto. Partindo da denição 2.4 para a função do gap, podemos deduzir as
regras de transformação desta função sob aação dos elementosdo grupo de simetriasda
G = G ⊗ K ⊗ U(1)
(2.39)Onde
G
é grupo de simetriasdo ristal,K
é areversão temporal 1e
U(1)
o grupode gauge. Adiferençafundamentalentresuper ondutores onven ionais enão onven ionaiséque noprimeirotipoo orreapenas quebra de simetriade gaugedurante atransição. A
maneira omo es revemos a funçao do gap 2.19 e 2.20 nos permite es rever a ação sobre
a função dogap omo uma ação sob as funções
ψ(k)
(estado singleto)ed(k)
~
(estado tri-pleto). Referimosaliteratura[3℄paraasregras ompletas,masdetalhamosaquiumpontoreferente aoestado tripletonapresençade a oplamentospin órbitaforte. Começamosna
ausên ia deste efeito. Para uma rotação
g
no espaçok
temos:g ~
d(k) = ~
d(D
(−)
(G)
(g)k)
(2.40)Onde
D(g)
denotaa matriz darepresentação deg
no grupoG
. Para uma rotaçãono espaço de spin:g ~
d(k) = D
(+)
(G)
(g) ~
d(k)
(2.41)A diferençapara as duas representações em 2.40 e2.41 está nosinal das mesmassob
a operação de inversão. No último aso, omo
~
d(k)
é um vetor no espaço de spin, a representação não muda de sinal sob inversão. Já no primeiro aso, uma vez quek
é um vetor, o sinal−
expli ita que esta matriz deve ser negativapara aoperaçãode inversão. Ainda neste aso, a ação deg
foi apenas nas oordenadask
e para o anterior, apenas para o vetord(k)
~
. Quando o a oplamento spin-órbita é ligado, não existem mais estas operaçõesseparadamente. Osspins estão ongelados na rede e também sofrem ação doselementos de
G
, de maneiraque devemos es rever:g ~
d(k) = D
(+)
(G)
(g) ~
d(D
(−)
(G)
(g)k)
(2.42)Ini iamos a lassi ação dos estados para sistemas invariantes por rotação que,
on-1
Naverdadeé orretoarmarque
K = {E, K}
,ondeK
éaoperaçãodereversãotemporal. Aoperaçãotém também a simetria de inversão, de maneira que
G = SO
3
⊗ I
. Uma base para as representações deste gruposão osesféri os harmni os, que usamospara es rever∆(k)
ˆ
.ˆ
∆(k) =
(
P
m
c
m
Y
lm
(k)i ˆ
σ
y
singleto
l par
P
m,α=1,2,3
c
mα
Y
lm
(k)i(ˆ
σ.ˆ
α)σ
y
tripleto l mpar
(2.43)
Na expansão 2.43,
α
se refere a direções no espaço ondem
é xo. A o orrên ia de a oplamento spin órbita diminui a simetria do sistema e as representações deve serobtidas pela de omposição destas representações em novos sub espaços invariantes. As
novas bases são obtidas utilizando-se oe ientes de Clebs h-Gordan. A de omposição
dos espaços não é, de fato,tarefa ompli ada:
D
l
⊗ D
S=0
= D
l
singleto l = par
D
l
⊗ D
S=1
= D
l−1
M
D
l
M
D
l+1
tripleto l = mpar
(2.44)Noentanto,aformaexatadasfunçõesnãopodeserespe í adasemo onhe imentodo
poten ial
V
ˆ
deinteração. Istoa onte epoisnestessubespaçosasbasesdevemser lassi- adasde a ordo omas de momentoangulartotal,que emgeral ontém vários onjuntosde funções base, uja ombinação é obtida pelo pro edimento de Clebs h-Gordan. No
entanto,mais uma vez, asimetriadestes sub espaçospode ser estudada.
O próximopasso é onsiderar efeitos de ampo ristalino. Aqui asimetria diminuide
um onjuntoderepresentações ontínuasparaalgumaspou asrepresentaçõesirredutíveis,
nitas e dis retas dos grupos ristalinos. O gap pode agora ser lassi ado de a ordo a
estas pou as representações. As bases que tomamos são as projeções dos harmni os
esféri os noespaço de representações do ampo ristalino.
Cada representação do grupo des reve a simetria de uma solução para a equação do
gapepor onsequên iaestáasso iadaaumatemperatura ríti a
T
c
diferente. Chamando deΓ
a representação orrespondente a maior destasT
′
c
s
, es revemos a função do gap omo:ˆ
∆(k) =
X
m
η(Γ, m) ˆ
∆(Γ, m; k)
(2.45)ar a-bouço teóri odateoriade Landaupara transiçõesde fase. Ateoria de Landaupermitea
des riçãode efeitos dea oplamentoforte,aomenosaonívelqualitativo,vistoquea
liber-dadeintroduzidapelosparâmetrosfenomenológi ospermiteaobtençãodeváriaspossíveis
fases estáveis.
De maneira geral a teoria de Landau se baseia na idéia que em uma transição de
2
a
ordem,asimetriadoestadodebaixastemperaturas(
T < T
c
)émenorqueáqueladoestado do altatemperaturaT > T
c
. A transição é totalmente ara terizada pela introdução de um parâmetro de ordem, que assume valores não nulos apenas paraT < T
c
. Uma vez que o onjunto de funções{η(Γ, m)}
tem a mesma simetria que∆(k)
, este onjunto é es olhido omo parâmetro de ordem da teoria. Assume-se ainda que estas transições sãoontínuas de formaque nas proximidades de
T
c
oparâmetro de ordem({η(Γ, m)}
) toma valores arbitrariamente pequenos.Notando quea energialivre
F
tem amesma simetriaqueo Hamiltonianodosistema, onsidera-se aexpansãodeF
em termosdeste parâmetrode ordem. Aenergia livredeve serinvariantesobasoperaçõesdogrupoG
,oquesigni aquepodemapare ernaexpansão apenas termos pares,reais e polinmiosinvariantes sob asoperaçõesdo grupo ristalino.Isto é equivalente a dizer que
F
é um invariante asso iado a uma dada representação. O número e forma dos invariantes que ompõeF
, são determinados pela de omposição de produtos da representação de interesse [13, 5℄. Baseados nestas idéias es revemos aenergialivre omo:
F
Γ
= F
0
(T ) + [A
Γ
(T )
X
m
|η(Γ, m)|
2
+ f
Γ
(η
4
)]
(2.46) Em 2.46 o termof
Γ
(η
4
)
ontém as onstantes fenomenológi asque des revem o
ma-terial. As diferentes formas destes invariantes para as diferentes representações estão
tabeladas [3℄, assim omo as diferentes fases, degeneradasou não, que são previstas pela
teoria. Dadoa presença do ampo ristalino,a degeneres ên ia destas fasesdeve ser
dis- reta. Ostermosdequartaordememgeralsãosu ientesparagerarestasdegenere ên ias
dis retas, mas em alguns asos termos de sexta ordem são ne essários para eliminar
de-generes ên ias espúrias. As possíveis quebras de simetria asso iadas a ada uma destas
energia livres são en ontradas também através da teoria de grupos. Este estudo é feito
2.4 Classes Super ondutoras
A obtenção das lasses super ondutoras [3℄ também não faz suposição alguma sobre os
me anismos mi ros ópi os que dão origem a super ondutividade. É baseada somente
na hipótese bastante geral da existên ia de um parâmetro de ordem que ara teriza a
transição de fase.
Emsuper ondutores onven ionaisapenasasimetriadegaugeéquebradanatransição
e,portanto,oparâmetrode ordempermane einvariantesobtodas asoperaçõesdogrupo
ristalino. A simetriadafase super ondutora édada simplesmentepor
G = G ⊗ K
. Para o aso de super ondutores não onven ionais o parâmetro de ordem não será invariantesob aaçãode todos elementosdogrupo
G
,sendomultipli adoporalgumfatordefaseou transformado emseu omplexo onjugado.A lasse super ondutoraéum novo onjunto de elementosde simetria,um sub-grupo
de
G ⊗ K
, que preservam a invariân ia deste parâmetro de ordem não onven ional. Per ebaqueistosigni aquea lassesuper ondutoraé onstruídaapartirdoselementosde
G
multipli ando-os por fases ou pela operaçãoK
. Neste sentido as possíveis lasses podem ser onstruidas porinspeção a partirdo onhe imento das representações e basesde
G
. Estasidéiasgerais,noentanto,guiama onstruçãodeumpro edimentosistemáti o para onstruçãos destas lasses.Primeiroenumeramosossubgrupos
H
invariantesdogrupoG
. Estesdes reverão tran-siçõesemqueasimetria ristalinanãoédiminuída. Comeste onhe imentodeterminamosoGrupoQuo iente
F
deG
omrespeitoaestesubgrupoH
. OgrupoF
eviden iaas las-ses (nosentidodateoriagrupos)sobaqualoparâmetrode ordempermane einvarianteeaquelas quedevemser multipli adasporalgum fatorde fase. Emseguida, determinamos
um grupo
I
om o qualF
possui um isomorsmo. Os elementos deI
são multipli ados pelos elementosdeF
de maneiraque,sob aaçãodestenovogrupo,oparâmetrodeordem não onven ionaléinvariante. Estenovogrupoéa hamada lassesuper ondutora. Estepro edimento é, em seguida, repetido para estes subgrupos invariantes onsiderados. A
partir deste momento, toda transição super ondutora será pre edida de uma quebra da
simetria ristalina dosistema.
A identi açãoda lasse om arespe tivarepresentação éobtidadiretamentede uma
tabela de ara teres. Fi a laro que a super ondutividade onven ional está asso iada
à representação
A
1g
, representação totalmente simétri a, de um dado grupo ristalino. Todasas outrasrepresentações estão asso iadas aestadossuper ondutores nãoFigura2.3: Elementosde SimetriadoGrupoCúbi o.
formaçãode domíniossuper ondutores, ondeo parâmetro de ordemtem omportamento
diferenteem ada uma das regiões.
2.5 Exemplos
Comalguns exemplospretendemos aomesmotempo larearidéiasetambémdemonstrar
oal an edateoriaatéaquidesenvolvida. Parafa ilitarseguimosasnotaçõese onvenções
de uma referên ia omum daárea de teoria de gruposemFísi a [5℄.
Começamos om o grupo úbi o
O
2. Este grupo possui dois subgrupos invariantes:
T
eD
2
. Listamosabaixo os elementosdestes 3 grupos.O = {E, C
2m
, C
3j
+
, C
3j
−
, C
2p
, C
4m
+
, C
4m
−
}
T = {E, C
2m
, C
3j
+
, C
3j
−
}
D
2
= {E, C
2m
}
(2.47)Apenas para expli ar a notação, digredimos brevemente sobre a estrutura do grupo
O
. Osíndi esdas operações(C
2m
, C
+
3j
, C
3j
−
...
)dizemrespeitoadiferentes eixosderotação do grupo. Observe a gura 2.3 e tome omo exemploC
2m
. Aqui o índi em
asso ia-se a três distintas direçõesx, y
ez
. O mesmo é válido para o índi em
emC
+
4m
eC
−
4m
. Já o 2Ogrupo ompleto é
O
h
= O
⊗ I
, mas porhora negamos apossibilidade de quebrade simetriade inversão, omisto onsideramosapenasasrotaçõesprópriastendoemmentequeasrepresentaçõesdeO
serãosempredobradas,possuindoumrepresentaçãoímpareoutrapar.índi e
j
emC
+/−
3j
,asso ia-seaoseixosquedenominamos1, 2, 3
e4
. Oíndi ep
estáligado às seis posiçõesa, b, c, d, e
ef
. Observe que nenhuma operação do grupoO
mapea as operaçõesC
2m
emC
2p
,o que signi a queestas operações perten em a lasses distintas. Para ossubgruposT
eD
2
mantemososmesmosíndi es. Ou seja,D
2
nadamais édoque o onunto de elementos omposto por3
rotaçõesdeP i
2
, perpendi ulares entre si, mais a identidade.Pro urando ogrupo
F
, fazermos ade omposiçãoO/T
em lasses laterais( osets):O/T = T + T C
2a
(2.48)Em2.48
C
2a
équalquerumdoselementosC
2p
. OselementosdeF
sãoF = {T E, T C
2a
}
. Este grupotem ordem2e portantoadmiteapenas representações unidimensionais. Umatabela de multipli ação de
F
revela que este grupo é isomorfo aI = {1, exp(iπ)}
. Uma vez que o parâmetro de ordem permane e invariantesob a ação deT
, podemos es rever imediatamente a lasse super ondutoraO(T )
.O(T ) ⊗ K = {E, C
2m
, C
3j
+
, C
3j
−
, C
2p
e
iπ
, C
4m
+
e
iπ
, C
4m
−
e
iπ
} ⊗ K
(2.49)Observandoatabelade ara teresdasrepresentaçõesdogrupo
O
vemosqueesta lasse orresponde aum parâmetro de ordem que se transformade a ordo a representaçãoA
2
. A representação par estará asso iada ao pareamento singletoe a representação ímparaotripleto. Como
A
2
éuma representação1 − d
, aenergialivre2.46 édotipo onven ional.F
Γ
= F
0
(T ) + A(T )|η|
2
+ β
1
|η|
4
(2.50)As funções base, noentanto,revelam algum omportamentonão usual.
ψ(k) ∝ (k
x
2
− k
y
2
)(k
2
y
− k
z
2
)(k
2
z
− k
2
x
)
~
d(k) ∝ ˆxk
x
(k
z
2
− k
2
y
) + ˆ
yk
y
(k
x
2
− k
2
z
) + ˆ
z(k
2
y
− k
x
2
)
(2.51)No aso singleto,ogap possuiumalinhade zerosnainterse çãodasuperfí iedefermi
para o alor espe í o propor ional a
T
2
(2.38). Para o aso tripleto, existem zeros
pontuais na interse ção da superfí ie de fermi om eixos de rotação de ordem 3 e 4 (14
zeros). Estes zeros podem ser estudados das bases 2.51, noentantosão onsequên iados
elementos não triviaispresentes na lasse super ondutora2.49.
Pro uramosagora o grupo
F
asso iado àO/D
2
. A de omposição em lasses laterais a:O/D
2
= D
2
+ D
2
C
31
+
+ D
2
C
31
−
+ D
2
C
2a
+ D
2
C
2c
+ D
2
C
2f
(2.52) De 2.52 obtemos queF = {D
2
, D
2
C
+
31
, D
2
C
31
−
, D
2
C
2a
, D
2
C
2c
, D
2
C
2f
}
que é isomorfo aogrupoI = {1, ǫ, ǫ
2
} ⊗ {1, K}
, omǫ = e
2πi/3
. Este isormorsmo édeterminado apenas
pela onstruçãodatabelademultipli açãodeambososgrupos. Aformapropostapara
I
, pode ser sugerida peloisomorsmo entreF
e o grupoD
3
. Apenas tambémdesta tabela de multipli ação é que podemos saber exatamente que elementos deO/D
2
que serão multipli ados porfatores de fasee tambémpelaoperaçãoK
. A lasse super ondutorase es reve:O(D
2
) = {D
2
+ D
2
C
31
+
ǫ + D
2
C
31
−
ǫ
2
+ D
2
C
2a
K + D
2
C
2c
ǫK + D
2
C
2f
ǫ
2
K}
(2.53)A lasse 2.53 des reve um estado que não possui simetria de reversão temporal. A
quebra da simetria de gauge é também a ompanhada pelo apare imento de algum tipo
de magnetismo. Esta ordem não é ne essariamente de longo al an e, mas impli a o
apare imento de um estado super ondutor não unitário. Esta lasse está asso iada à
representação
E
g
,pareamentosingleto,ouE
u
,pareamentotripleto,dogrupo úbi o(estas representações são2 − d
). Esta não é a úni a lasse asso iada a esta representação. De fato,aenergialivreaestaasso iadapermiteades riçãodeváriosestadossuper ondutores.F
Γ
= F
0
(T ) + A(T )(|η
1
|
2
+ |η
2
|
2
) + β
1
|η|
4
+β
2
(|η
∗
1
η
2
− η
1
η
2
∗
)
2
+ β
3
|η
1
|
2
|η
2
|
2
(2.54) A lasse 2.53 orresponde soluçãoη
2
ψ(k) ∝ k
x
2
+ ǫk
y
2
+ ǫ
2
k
2
z
~
d(k) ∝ ˆxk
x
+ ǫˆ
yk
y
+ ǫ
2
zk
ˆ
z
(2.55)De 2.55veri a-se queexistem zeros(pontuais)nainterse ção doseixosde rotaçãode
ordem3easuperfí iedeFermi. Issoimpli aemum alorespe í oabaixastemperaturas
om um dependên ia do tipo
∝ T
3
.
A determinação das lasses super ondutoras eviden iam as simetrias quebradas na
transição masistotambémpode ser diretamenteobtidode umaexpressãopara abasedo
parâmetrode ordem. Estasbases estãoasso iadasdiretamenteàrepresentação asso iada
à transição e não às lasses super ondutoras. Por exemplo, omo as bases em 2.55 são
omplexas, ertamenteeste parâmetro de ordemquebra a simetriade reversão temporal.
No entanto, omo já dis utimos, a es olha de base para uma dada representação não
é úni a. Isto pode impli ar espe ialmente que zeros não ex lusivamente ditados por
simetriaestejampresentes, ara terizandoum zeroa idental. Adeterminaçãodas lasses
super ondutoras eliminaesta possibilidadeaolistaroselementosnão triviaisdogrupode
simetriasdo estado super ondutor.
Como último exemplo estudemos uma simetria tetragonal. O grupo
D
4h
possui 8 representações irredutíveis1 − d
e duas representações2 − d
. Para o primeiro grupo, o fun ional asso iado as representações tem a forma onven ional 2.50. O parâmetrode ordem destas representações é real, não des revendo quebra de simetria de reversão
temporal. Para o aso singleto, existem linhas de zeros no gap super ondutor e para o
aso tripleto pontos. Simetriade rotaçãonão é quebradapeloparâmetro de ordem.
Nos on entramos no aso
2 − d
. O fun ional asso iado a ambas as representações é dado por 2.54. Para a representação parE
g
(singleto) uma base éϕ = {k
x
k
z
, k
y
k
z
}
e para a representação imparE
u
(tripleto)temosδ = {ˆzk
x
, ˆ
zk
y
}
ouδ = {ˆxk
z
, ˆ
yk
z
}
. Desta maneiraes revemos os parâmetros de ordem omo:ψ(k) = η
x
ϕ
x
+ η
y
ϕ
y
singleto
~
d(k) = η
x
δ
~
x
+ η
y
δ
~
y
tripleto
(2.56)As soluções que minimizam o fun ional do problema são
~η = (1, i)
,~η = (1, 1)
e~η = (1, 0)
. Com referên iaaodiagramade fases(vergura 2.4) hamamosestas fasesA
,Figura2.4: Diagrama de fases para as representações 2-d.
Figura2.5: Estrutura dos gaps das fases A, B e Cpara o aso tripleto.
a partirde 2.56.
Afase
A
preservaasimetriaderotaçãomasquebraasimetriadereversãotemporalem ambosos aso (singletoe tripleto). As fasesB
eC
quebram asimetriade rotaçãoD
4h
→
D
2h
mas preservam reversão temporal. Nos estados singletos apare em linhas de zeros enquanto no estado tripleto apenas pontos isolados na superfí ie de Fermi. Ilustramosestes parâmetros de ordem,para o aso tripleto,( ver gura2.5) noespaço
k
de maneira a eviden iarestes apontamentos.Combinandoesta análise de simetrias oma teoria de a oplamentofra odo iní iodo
apítulo, podemos obter alguma previsão sobre a estabilidade relativa das fases
super- ondutoras. Nesta teoria a energia de ondensação para o estado super ondutor é dada
por:
E
cond
= −
1
2
N
0
(k)|∆
k
|
2
k,SF
(2.57)De 2.57 temos quegaps (na verdade
|∆
k
|
2
) om o menornúmerode nós nasuperfí ie
de Fermi é aquele mais estável, uma vez que osistema ganhamais energia ao ondensar.
Comisto,afase
A
doexemploanterioréamaisestável. Defato,podemosentenderporque muitos sistemas preferem formar pares no estado singleto e simetrias
(simetriaA
1g
na nossa linguagem). No entanto, efeitos de a oplamento forte mudam este enário. Maisumavez, lembrarmosqueestepontofoibastantedebatidologonoiní iodas onsiderações
Super ondutores Ferromagnéti os
Umasimplesanálisetermodinâmi a[1℄de umsuper ondutordotipo
I
revelaaexistên ia de uma energia de ondensação dada pela expressãoH
c
8π
2
. Esta on lusão é obtida tão
somente da observação do omportamento dosistema, sob a ação de um ampo externo
apli ado, a uma temperatura
T < T
c
. Para ampos maiores que esteH
c
a super onduti-vidade é destruída.A observação deste fato levou Ginzburg [2℄ a onsiderar as di uldades de orrentes
de uma possível oexistên ia de super ondutividade e ferromagnetismo. A on lusão
bási a foi que mesmo na ausên ia de um ampo externo a magnetização
M
0
da fase ferromagnéti ainduzum ampode induçãoB
0
= 4πM
0
quedeve sermenor queo ampo ríti oµH
c
, para um meio ferromagnéti olinear.Requer-se,portanto,umsistema omum ampo ríti oelevadoequeaomesmotempo
om uma pequena magnetização espontânea. Ginzburg apontou ainda que
ferromagne-tismo é emgeral asso iado om elétrons das amadasmais internas da estrutura
eletr-ni a deum sólido,enquantoqueasuper ondutividade omosde amadasmaisexternas.
Neste enário. dis ussões [6℄ anteriores sobre a oexistên ia de super ondutividade e
magnetismo já omentavam resultados experimentais e argumentou-se ainda que que a
super ondutividade ali observada deveria estar restrita apenas à uma faixa das paredes
de domínio.
A novidade que onsta nos resultados que vamos dis utir é que nestes sistemas é
aparente que os mesmos elétrons são responsáveis por ambos os fenmenos e que a
su-per ondutividade é um fenmeno presente em todo o volume da amostra, assim omo o
ferromagnetismo. Istoéextremamenteimportanteao onsideraraformulaçãodemodelos
mi ros ópi osou fenomelógi os. Mathias e Suhl eviden iamaindao fato quea regiãodo
Figura3.1: Antigo enárioda oexistên ia.
Figura3.2: Novo enário de oexistên ia
ríti a super ondutora) é menor. O ferromagnetismo surge omo uma fase que ompete
om a super ondutividade.
Comoveremos,paraossistemasaseremdes ritos, asuper ondutividade surgeapenas
quando o estado normal é ferromagnéti o. Para temperatura nita, não há transição
de uma fase paramagnéti a para a fase super ondutora, isto nos leva a rer que aqui a
super ondutividade é estimulada pela presença doferromagnetismo.
Temosentãoumidéiadequaldeveserumesquemadosdiagramasdefases(verguras
3.1 e 3.2 ) nestes que podemos hamar de antigo enário de oexistên ia e novo enário
3.1
ZrZn
2
Logo em seguida a des oberta da teoria BCS [1℄, me anismos alternativos para o
pa-reamento dos elétrons (quasipartí ulas) super ondutores foram propostos. Em espe ial,
motivado ini ialmente por uma extensão da teoria BCS [4℄ para o
3
He
, foi onsiderado
um me anismo de interaçãomagnéti a.
Se asinteraçõesmagnéti assão maioresquando omparadasaoutrasinteraçõesentre
asquasipartí ulas,quasipartí ulasdespinparalelotendemaseatrair,enquantoque
àque-las om spin anti paralelo se repelem, levando a formação de um ondensado no estado
tripleto e, ertamente, om momentoorbital nito (ímpar). Isto nos leva a três ritérios
a serem preen hidos por possíveis andidatos a apresentarem este tipo de
super onduti-vidade.
Os sistemas devem ser levados às bordas doferromagnetismo, podendo signi arque
o sistemaé fortementeparamagnéti oou fra amenteferromagnéti o. Osistema deveter
alto grau de pureza, uma vez que super ondutores om momento angular não nulo são
altamente sus etíveis a impurezas e este deve, ainda, ser resfriado à es ala de milikelvin,
paraqueasutuaçãoesmagnéti aspossamsobrepujarasutuaçõestérmi as, ulminando
naformaçãodepares. Defatoo
ZrZn
2
foiprontamentere onhe ido[8℄ omoumpossível andidato,nomesmotrabalhoemqueMatthiaseBorzorthreportamades oberta de seufra o ferromagnetismo. Nasreferên ias [7,9℄ estão osresultados que apresentamos nesta
seção.
3.1.1 Super ondutividade em
ZrZn
2
A super ondutividade em
ZrZn
2
[7℄ é en ontrada apenas em amostraslimpas, indi ada porumaresistividaderesidualdeapenas0.62µΩ
oqueé onsistente omumlivre aminho médio para os portadores da ordem de alguns milhares de Ângstrons. A baixastempe-raturas (
25mk
), um ampo ríti oµ
0
H
c2
= 0.4T
é medido. Pelas relações usuais, temos um omprimentode oerên iaξ
0
= 290A
◦
. Esta sensibilidadedo estadosuper ondutor à
impurezas é um indí io quea super ondutividade deve ser não onven ional.
Atemperaturadetransiçãoéestimadaem
T
SC
= 0.29K
,indi adaprin ipalmentepela súbita queda da resistividade da amostra a partir desta temperatura. A sus eptibiliademagnéti adomaterialtambémmostrasinais larosdatransição. Parabaixas
temperatu-ras
Re(χ) → −0.65
,que é daordemdo valorideal−1
. Observa-se tambémum aumento deIm(χ)
omo para outros super ondutores do tipoII.anomalia do alor espe í o, indi ando a existên ia de um gap altamente anisotrópi o,
ou mesmo a inexistên ia de um gap. Super ondutividade e ferromagnetismo oexistem
em um longo intervalo de pressão e são ambos suprimidos a uma mesma pressão ríti a
P
c
= 21kbar
, sendo este mais um indi ativo da importân ia do ferromagnetismo para o estímulo da super ondutividade. As bandas da superfí ie de Fermi doZrZn
2
são predominantementedevidoaoselétrons4d
doZr
esuper ondutividadeeferromagnetismo derivamdestes mesmoselétrons.3.1.2 Ferromagnetismo em
ZrZn
2
Resultados obtidos [9℄ do estudo de amostras om altograu de pureza demonstram que
o ferromagnetismoem
ZrZn
2
é bemdes rito por uma teoria de ampomédio. Isto será importante no apítulo 4, pois justi a a nossa abordagem ao estudo da interação dosparâmetros de ordem ferromagnéti oe super ondu ondutor.
Es revemos a energia livre de Landau para des rever esta transição magnéti a, na
ausên ia de anisotropias.
Φ(P, T, η) = Φ
0
(P, T ) + A(P, T )η
2
+ B(P, T )η
4
(3.1) O parâmetro de ordemη
em 3.1 deve ser identi ado om a magnetizaçãoM
, por unidade de volume do sistema. Para estudar a dependên ia deM
om um ampo ex-terno, in luímos o termo usual−MhV
, ondeV
é o volume da amostra. Determinamos rapidamenteos expoentes ríti os.∂Φ
∂M
= 0 → M
2
= −
2B(P, T )
A(P, T )
(3.2)NomodelodeLandau,es revemos