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Razões finais

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Academic year: 2021

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO TITULAR DA _____ VARA DO TRABALHO DE CAMPINA GRANDE-PB,

Processo nº _______________

João da Silva, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, que promove contra a Xiquinha LTDA, também qualificada, vem, à presença de Vossa Excelência, com o devido respeito e acatamento, no prazo legal, apresentar RAZÕES FINAIS, o que faz da seguinte forma:

1. Do não recebimento da gratificação de chefia:

O acordo coletivo da categoria profissional do Reclamante, na sua cláusula oitava, assegura o pagamento de um adicional da ordem de 40% para aqueles que exercem função de chefia ou de confiança, que será calculado sobre o salário e acrescido à remuneração.

Acontece, Douto Magistrado, que o Reclamante nunca recebeu tal gratificação, embora realize, indubitavelmente, função de chefia, sendo o responsável pelas seguintes atribuições:

A. Como Supervisor de Operações Técnicas, responsável pelo fornecimento à produção dos meios técnicos, equipamentos e operadores, a fim de possibilitar a realização dos programas, respondendo e zelando pela qualidade da captação e edição das imagens colocadas nas matérias jornalísticas; pela qualidade dos comerciais enviados pelos clientes antes de serem copiados para o equipamento de exibição; pelos equipamentos e operadores, para a realização dos programas gravados e ao vivo, respondendo

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hierarquicamente pelos: Operadores de Controle Mestre, Editores de Imagens, Diretores de TV, Operadores de Áudio, Operadores de Caracteres, Operadores de Teleprompter, Cinegrafistas, Motorista e Operadores de Câmeras de Estúdio.

B. como Supervisor de Programação, confeccionando as escalas de Coordenadores de Programação e locutor da programação, supervisionando toda a programação de acordo com informações passadas pela geradora (REDE GLOBO) via e-mail, o controle hierárquico dos coordenadores de programação e locutor de programação, assim como supervisionar toda parte de programação da emissora. Até dezembro de 2000, nenhuma referencia havia nesses documentos à mencionada gratificação.

Como se observa dos contra-cheques de novembro/2000, o supervisor recebeu R$ 729,14, a título de salário-hora, enquanto que em janeiro/2001, o salário-hora passou a ser de R$ 783,83. Em janeiro de 2001, após reclamação dos empregados, os contra-cheques vierem com a seguinte informação, como se dessume das cópias anexas, “no valor do salário/horas normais está incluído 40% relativo à gratificação por exercício de cargo de chefia”, embora o valor do salário não tenha sofrido nenhuma alteração.

Uma simples operação matemática leva à seguinte conclusão: se for tomado por base o salário do mês de novembro de R$ 729,14, o adicional de 40% seria de R$ 291,65, que somado ao salário inicial, daria um salário-hora de R$ 1.020,79 no mês de janeiro de 2001, sendo que, neste mês, o salário-hora foi de apenas de R$ 783,83.

Como se observa, a empresa passou a consignar no contra-cheque informação relativa ao pagamento da gratificação a partir de janeiro de 2001, após reclamação dos trabalhadores, sem, contudo, ter havido nenhum aumento da remuneração que denotasse o real pagamento da gratificação a que tem direito.

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Ficou demonstrado na instrução do presente feito, através de prova testemunhal, em primeiro lugar, que o Reclamante exercia função de chefia, já que comandava uma equipe de trabalho de aproximadamente 32 (trinta e duas pessoas). Em segundo lugar que, embora a empresa consignasse nos contra-cheques, o pagamento da gratificação não acontecia. Nesse sentido, asseverou o Sr. Carlos:

“que havia cerca de 32 pessoas subordinadas ao reclamante, entre operação e programação; que não recebia gratificação de função, embora constasse no contracheque; que a empresa tinha solicitado que assinassem um documento onde constava que a gratificação de função já estava dentro do salário; que indagaram se isso acontecia com os 2 supervisores do mesmo grupo (Helder e Carlos Alberto) e constataram que não; que então se recusaram a assinar o documento e a empresa passou a constar no contracheque como se efetuasse o pagamento;”

O próprio reclamante asseverou:

“que apesar de constar nos seus contracheques desde janeiro de 2001 o pagamento de 40% relativoa cargo de chefia na realidade esse valor não lhe era repassado, não sabendo quem recebia o valor.”

A própria testemunha da Reclamada admitiu que o Reclamante exercia função de chefia, nos seguintes termos:

“que a função do depoente (Supervisor-Chefe de Operações Técnicas) era diferente da função do reclamante, pois podia admitir, demitir e suspender funcionários, não registrava o ponto;”

Além do que, na sua contestação a empresa se limitou a se defender alegando que o valor da gratificação por exercício de função de chefia já estava incluída no valor do salário hora normal, pago ao Reclamante. Todavia, impende asseverar que o próprio TST proíbe tal

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prática, na medida em que veda a prática de pagamento através do salário complessino na Súmula nº 91, do TST:

“Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentagem para atender englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador.”

Destarte, de acordo com o entendimento sedimentado pelo TST na mencionada Súmula, qualquer cláusula contratual que fixar o pagamento englobado de vários direito legais ou contratuais do trabalhador é nula.

No presente caso, no momento em que a empresa, coloca no pagamento do salário hora normal o valor referente ao pagamento da gratificação por exercício de função de confiança ou de chefia, previsto em negociação coletiva, está fazendo pagamento englobado. Por essa razão, ainda que se admitisse, somente por hipótese, porque, como foi demonstrado matematicamente acima, tal pagamento nunca foi feito, que o valor da gratificação tivesse sido incluído no salário hora normal, tal inclusão conduz à nulidade do pagamento, o que autorizaria a aplicação do princípio geral do direito, segundo o qual “quem paga mal, paga duas vezes”.

Trata-se, apenas de uma hipótese, vez que, como asseverado matematicamente através de um comparativo simples dos salários de novembro e dezembro de 2000 e janeiro de 2001, quando a referencia ao pagamento da gratificação passou a ser incluída no contra-cheque, tal pagamento nunca foi efetuado pela empresa, que passou a fazer referencia ao pagamento como forma de lesar direito do empregado.

Assim sendo, reitera-se o pedido de pagamento da gratificação por exercício de função de chefia no percentual da maior remuneração paga, bem como seus reflexos sobre férias, 13º salário e FGTS dos últimos 5 (cinco) anos.

2. Do acúmulo da função de editor de imagem

Na inicial, o Reclamante alega que, com a apresentação do Programa Bom Dia Paraíba, por parte da Televisão Paraíba, que, até então, era apenas retransmitido por essa afiliada da rede Globo, a Reclamada passou a necessitar de mais profissionais, motivo pelo qual o Autor passou, então, a acumular a função de Editor de Imagens. Como essa função faz parte do setor de técnica (Decreto nº 84.134/1979, Item III, letra C, nº 3), no qual está incluído o supervisor de operações (item 3,

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letra A, nº 2), reclama o pagamento do adicional de 40% (quarenta por cento) por acúmulo de função em um mesmo setor da atividade de radialista, conforme previsto no art. 16, do citado Decreto regulamentador.

O acúmulo dessa função ficou comprovado nos presentes autos. A própria testemunha do Reclamado, o Sr. Marcos admitiu, em juízo, que o Reclamante realizava atribuições típicas do editor de imagens:

“que era o supervisor quem separava os comerciais indicados pela rede para serem exibidos em Campina Grande; que o comercial era exibido de acordo com a pauta fornecida pela OPEC;”

A testemunha do Reclamante também reconheceu esse fato:

“que o editor de imagem pega as imagens brutas e as separa para as editar conforme o tempo disponível; que o reclamante passou também a exercer a função de editor de imagem, quando o Bom Dia Paraíba passou a ser produzido localmente, pois antes eram produzidas apenas as reportagens e essas eram transmitidas durante o Bom Dia João Pessoa;”

Destarte, reitera o pedido de pagamento do adicional relativo ao acúmulo da função de editor de imagens no percentual de 40% e os seus reflexos sobre FGTS, férias e 13º salário dos últimos 5 (cinco) anos, tendo em vista que a função de editor de imagem está incluída no mesmo setor no qual se encontra inserida a atividade de supervisor de operação.

3. Do exercício cumulado em setores distintos da função de Supervisor de Operação e Programação

Na peça vestibular, o Reclamante alega que exercia, de forma cumulada, as atribuições de Supervisor de Operações e Supervisor de Programação. A empresa nega a existência da função de Supervisor de Programação, por não existir na empresa tal cargo.

Ocorre, Excelência, que convém esclarecer que, de acordo com o art. 4º, do Decreto nº 84.134/1979, as atividades de radialista se dividem nas atividades de administração, produção e técnica. No quadro Anexo do referido Decreto, que descreve os títulos e as descrições

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das funções em que se desdobram a atividade de radialista, fica claro no seu item II, letra B-direção, tópico 2, intitulado “Produção”, que uma das funções de radialista é a de diretor de programação, cujas atribuições compreendem a de ser o “Responsável final pela emissão dos programas transmitidos pela emissora tendo em vista sua qualidade e a adequação dos horários de transmissão.” Logo, conclui-se que a programação é uma das atividades de radialista que faz parte do setor de produção. Em contrapartida, o mesmo Decreto, no seu item III (Técnica), considera como uma das atividades de radialista a de Supervisor de Operações (letra A, ponto 2), a quem compete ser o “Responsável pelo fornecimento à produção dos meios técnicos, equipamentos e operadores,a fim de possibilitar a realização dos programas.”

Logo, conclui-se que as atividades de programação (produção) e operação (técnica) dizem respeito a atividades distintas da profissão de radialista, estando, também, em setores distintos, razão pela qual o Reclamante faz jus ao reconhecimento do segundo contrato de trabalho, nos termos do que preleciona o art. 16, do Decreto analisado.

Ademais disso, a própria testemunha da empresa, deixou bem claro que a supervisão da programação era realizada pelo reclamante, a quem, inclusive, estavam subordinados os coordenadores de programação, já que a gerência de programação se encontrava localizada em João Pessoa. Nesse sentido, disse:

“que o reclamante fazia um relatório diário que mandava para a gerência de programação, de comerciais e de OPEC e, se tiver alguma falha técnica, manda também para a gerência técnica; que esse relatório era feito com base nos relatório dos operadores do controle mestre e dos coordenadores de programação; que, se ocorresse algum problema, como se, por exemplo, tivesse que entrar um link ao vivo e este não estivesse em perfeita ordem, e não estivesse presente o gerente de programação, quem decide se vai ao ar é o supervisor; que era o supervisor quem separava os comerciais indicados pela rede para serem exibidos em Campina Grande; que o comercial era exibido de acordo com a pauta fornecida pela OPEC; que o encarregado de fiscalizar a programação da emissora é o gerente de programação, mas como a gerência ré em João

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Pessoa, ficava a cargo do supervisor e coordenadores verificar algum problema e relatar ao gerente;”

Ora, do depoimento da própria testemunha da Reclamada, dessume-se que a empresa admite que o Reclamante, embora supervisor operacional, como reconhecido pela própria empresa, desempenhava também atribuições relativas à área de programação, cabendo-lhe, inclusive, supervisionar os coordenadores de programação e exercer as atribuições do gerente de programação, já que este ficava em João Pessoa. Logo, as atividades de supervisor de operação e supervisor de programação que, como regulamentado no Decreto nº 84.134/1979, integram áreas distintas da profissão de radialista. De acordo com a regulamentação mencionada, à área técnica compete auxiliar o setor de produção, fornecendo os meios técnicos, equipamentos e operadores que permitem à realização dos programas. Tais atribuições são totalmente alheias às atribuídas ao Reclamante pela testemunha da empresa Reclamada, porque são atribuições típicas do setor de programação.

Por isso, reitera o pedido de reconhecimento do segundo contrato de trabalho como supervisor de programação dos últimos 5 (cinco) anos e consequentes reflexos sobre FGTS, 13º salário e férias, como prescreve o art. 16, parágrafo único, do Decreto nº. 84.134/1979.

3. Do pagamento suplementar pela não concessão do intervalo intra-jornada

Como demonstrado na instrução do presente feito, o Reclamante não desfrutava do intervalo intra-jornada, embora registrasse no controle de ponto tal horário de descanso.

Assim se pronunciou a testemunha do Reclamante:

“que tinham intervalo de 15 minutos para o lanche; que o horário do reclamante era de 5 às 13h, de segunda à sexta-feira;que, aos sábados, entrava às 9h e saia às 20h;”

Ora, Excelência, como demonstrado acima, embora a jornada do Reclamante fosse de 8(oito) horas, gozava de um intervalo de apenas 15 (quinze) minutos. Como determina o art. 71, da CLT, o intervalo

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intra-jornada para os empregados com jornada de 8 (oito) horas é de, no mínimo, uma hora, de modo que o Autor faz jus a remuneração suplementar pela não concessão do mencionado intervalo, de, no mínimo, 45 (quarenta e cinco) minutos diários.

Ademais, cabe salientar que a alegação da empresa de que o Reclamante saia durante o intervalo não gozado, mas registradp, é absolutamente descabida, mormente, quando se analise que a sede da empresa ficam em um bairro muito afastado do centro, não dando para, no intervalo de uma hora, o empregado sair e voltar para empresa.

Reitera, portanto, o pedido de pagamento dos 45 minutos diários relativos a não concessão do intervalo intra-jornada.

4. Do dano moral por violação do direito à liberdade sindical

O Reclamante participou da assembléia de criação do sindicato dos radialistas na cidade de Campina Grande e, embora não tenha sido eleito para compor a diretoria do mencionado sindicato, foi escolhido pelos seus pares para ler a ata de criação do mencionado sindicato, fato esse que desagradou a empresa e a levou a demitir um empregado que trabalha desde março de 1987, contando, portanto, com 26 (vinte e seis) anos de trabalho dedicados à Reclamada.

Que outro fato levaria a empresa a demitir um empregado que contava com 26 anos de trabalho para a empresa, senão o fato de ter participado da assembléia de criação do sindicato? Esse fato merece ser sancionado com a condenação da empresa em pagamento de indenização por dano moral pela violação de um direito fundamental de dimensão coletiva.

5. Da reintegração do empregado

Na sua peça inicial, o Reclamante pede a sua reintegração ou pagamento de indenização correspondente ao período de estabilidade, nos termos do Precedente Normativo 85, do TST.

O reclamante conjuga os dois requisitos para tal estabilidade. Da data da sua demissão, falta menos de um ano para a sua aposentadoria e há mais de 5(cinco) anos é empregado da empresa Ré.

Deste modo, resta por demais evidenciada a ocorrência do desligamento de um trabalhador que goza de estabilidade provisória, razão pela qual requer a Vossa Excelência, sua reintegração ao

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emprego e o pagamento relativo aos meses que deixou de receber seus salários.

Ante todo o exposto, reitera o acolhimento de todo o pleito formulado na inicial.

E. Deferimento.

Campina Grande-PB, 28 de agosto de 2013.

FLÁVIA DE PAIVA

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