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Percepção dos gestores de uma cooperativa agropecuária na questão da responsabilidade social

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS,

CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM CONTROLADORIA

E GESTÃO TRIBUTÁRIA

NÁDIA STAHLHÖFER

PERCEPÇÃO DOS GESTORES DE UMA COOPERATIVA

AGROPECUÁRIA NA QUESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Ijuí (RS)

2014

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NÁDIA STAHLHÖFER

PERCEPÇÃO DOS GESTORES DE UMA COOPERATIVA

AGROPECUÁRIA NA QUESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade de monografia, apresentado no Curso de Pós Graduação em Controladoria e Gestão Tributária da Unijuí como requisito para obtenção do título de Especialista.

PROFESSOR ORIENTADOR: DR. MARTINHO LUÍS KELM

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 4

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 6

1.1 ÁREA DE CONHECIMENTO COMTEMPLADA ... 6

1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ... 6

1.2.1 Referenciais Estratégicos para Definições da Percepção dos Gestores ... 7

1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA ... 9 1.3.1 Delimitação do Problema ... 9 1.3.2 Formulação do Problema ... 9 1.4 OBJETIVOS ... 10 1.4.1 Objetivo Geral ... 10 1.4.2 Objetivos Específicos ... 10 1.5 JUSTIFICATIVA ... 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 12

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO COOPERATIVISMO ... 12

2.1.1 O Cooperativismo no Mundo ... 12

2.1.2 O Cooperativismo no Brasil ... 13

2.2 IDENTIDADE DO COOPERATIVISMO ... 15

2.3 PRINCÍPIOS DO COOPERATIVISMO ... 15

2.4 RESPONSABILIDADE SOCIAL ... 17

2.4.1 Contexto histórico e evolução do conceito de RSE (Responsabilidade Social Empresarial) 17 2.4.2 Modelos da Responsabilidade Social ... 23

2.4.2.1 Dimensões da Responsabilidade Social Empresarial ... 23

2.4.2.2 O modelo dos Três Domínios da Responsabilidade Social ... 24

2.4.3 Normas de Responsabilidade Social ... 25

3 METODOLOGIA DO TRABALHO ... 27

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ... 27

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3.1.2 Do ponto de vista de seus objetivos ... 28

3.1.3 Quanto à forma de abordagem do problema ... 28

3.1.4 Do ponto de vista dos procedimentos técnicos ... 28

3.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 29

3.2.1 Pesquisa Bibliográfica ... 29

3.2.2 Entrevista ... 30

3.3 DESENHO DA PESQUISA ... 30

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 32

4.1 ANÁLISE DAS PERCEPÇÕES ... 46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 48

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INTRODUÇÃO

A Responsabilidade Social é comumente entendida como uma dimensão da gestão que é marcada principalmente por uma relação ética da empresa com os públicos com os quais ela se relaciona. Não há como pensar um mundo sustentável se na cultura tradicional de gestão da empresa não incorporar, na sua essência, novos saberes, métodos, técnicas e indicadores que vão além da questão econômico-financeira. Para o Instituto Ethos (apud BARBIERI, CAJAZEIRA, 2013, p. 60) responsabilidade social:

é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.

As enormes carências e desigualdades existentes na sociedade brasileira, aliada às deficiências crônicas do Estado no atendimento das demandas sociais, conferem maior relevância à responsabilidade social empresarial.

Responsabilidade social empresarial expressa o ato de entender e agir em resposta a demandas da sociedade, onde o valor gerado por uma empresa não se estabeleça somente em lucros, mas que proporcione um impacto positivo para o conjunto dos afetados direta ou indiretamente por suas operações.

Neste contexto, questionam Barbieri, Cajazeira (2013), qual é a importância do conceito de responsabilidade social empresarial? Ele realmente representa um caminho de sucesso para as empresas, pois todas dependem basicamente do apoio e engajamento das pessoas. Nesse sentido podemos encontrar algumas evidencias de que empresas socialmente responsáveis, normalmente, são as mais criativas e as mais seguras, podem contar com o apoio da comunidade, com a preferência dos consumidores e dos investidores, com o entusiasmo e engajamento dos funcionários e não acumulam passivos trabalhistas, ambientais, legais e éticos. Mas também, as empresas tem grande responsabilidade na questão dos riscos de temas como o aquecimento global, que é resultado de nossa maneira de produzir, consumir e viver.

O objetivo deste estudo é analisar a percepção dos gestores, de uma cooperativa de produção agropecuária, sobre suas práticas de responsabilidade social. Neste sentido, o trabalho apresenta, na sequencia, a contextualização do estudo que traz a área de conhecimento contemplada, a caracterização da organização estudada, a problematização do tema, os objetivos desse trabalho, e a justificativa. Já a revisão bibliográfica apresenta uma

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breve história do cooperativismo e sua identidade e princípios, a responsabilidade social, onde se abortou um contexto histórico e a evolução do conceito de Responsabilidade Social Empresarial e os principais modelos de responsabilidade social. Na sequencia o trabalho apresenta a metodologia da pesquisa, que traz a classificação da pesquisa, os instrumentos de coleta de dados e o desenho da pesquisa.

A cooperativa objeto desse estudo, embora não tendo um plano específico que trata da responsabilidade social, possui várias ações de caráter socioambiental com uma densidade bastante elevada. A partir do estudo foi possível identificar que seus gestores tem consciência da necessidade das ações de responsabilidade social e as opiniões obre o assunto estão alinhadas entre estes.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

O primeiro capítulo deste estudo traz a estrutura da pesquisa que foi realizada, desde a definição da área, da caracterização da empresa, do levantamento da problemática do estudo, seguido dos seus objetivos gerais e específicos, da justificativa, bem como a metodologia da pesquisa.

1.1 ÁREA DE CONHECIMENTO COMTEMPLADA

A responsabilidade social das empresas é, essencialmente, um conceito segundo o qual as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais sustentável. O conceito de responsabilidade social pode ser compreendido em dois níveis: o nível interno relaciona-se com os trabalhadores e, a todas as partes afetadas pela empresa e que, podem influenciar no alcance de seus resultados. O nível externo são as consequências das ações de uma organização sobre o meio ambiente, os seus parceiros de negócio e o meio em que estão inseridos.

A responsabilidade social corporativa origina um conjunto de ações que beneficiam a sociedade e as corporações e que podem afetar diversas áreas da sociedade como a economia, educação, meio-ambiente, saúde, transporte, moradia, atividades locais e governo. Geralmente, as organizações criam programas sociais, o que acaba gerando benefícios mútuos entre a empresa e a comunidade, melhorando a qualidade de vida dos funcionários, e da própria população. Responsabilidade Social Empresarial é muito relacionada a uma gestão ética e transparente que a organização deve ter com suas partes interessadas, para elevar seu grau de legitimidade e, se for o caso, para minimizar seus impactos negativos no meio ambiente e na comunidade.

Neste contexto, o presente estudo analisou as percepções dos gestores de uma cooperativa em relação a responsabilidade social.

1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

A empresa estudada é uma cooperativa de produção agropecuária localizada na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Atualmente são 3.430 produtores associados e em torno de 1.800 colaboradores. A cooperativa possui unidades de negócios em vários municípios da região noroeste, cobrindo uma área agricultável de 85 mil hectares. Sua

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capacidade de armazenagem estática é de 350 mil toneladas. Com foco no desenvolvimento do associado e das comunidades onde está inserida, a cooperativa prima pela qualidade dos produtos e serviços oferecidos e se destaca por sua responsabilidade socioambiental.

1.2.1 Referenciais Estratégicos para Definições da Percepção dos Gestores

A cooperativa estudada tem um conjunto de diretrizes gerais que são seguidas por todas as suas unidades, consolidada em um documento que expressa a missão, os objetivos, a visão e os valores da empresa. Nesse documento, explicita-se a orientação geral de criar valor para os seus stakeholders:

Missão:

Realizar o ideal de união, trabalho e desenvolvimento mútuo, preconizado pelos fundadores.

Objetivos:

- Receber e comercializar a produção agropecuária.

- Assistir o associado visando seu aprimoramento tecnológico. - Fornecer insumos, bens e serviços de qualidade.

- Planejar e apoiar ações que visem o equilíbrio ambiental. - Difundir o ideal cooperativista.

Visão

Ser referência de cooperativa de produção.

Valores

União; confiabilidade e ética.

A cooperativa não possui um programa especifico que aborde ações de responsabilidade social, mas tem algumas ações de caráter socioambiental, conforme disponível em sua página eletrônica:

1) Programa Juntos Somos Mais – responsabilidade socioambiental: Por meio do programa “Juntos Somos Mais”, a cooperativa desenvolve diversos projetos para exercer sua responsabilidade socioambiental. As ações objetivam melhorar a qualidade de vida de associados, colaboradores, sociedade em geral e ecossistema planetário. Baseada no ideal cooperativista, a empresa acredita que um futuro melhor é possível se todos unirem esforços em ações éticas e fraternas.

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2) Projeto Cuidar – recuperação e preservação da natureza: A cooperativa mantém uma área com mais de 300 hectares de reflorestamento, sistemas de purificação e captação de água da chuva, estação para tratamento de efluentes, recolhimento de 100% das embalagens vazias de produtos fitossanitários, processos de tratamento e destinação de resíduos sólidos, dentre outras ações preservacionistas. No segmento agropecuário, ela é pioneira em técnicas sustentáveis como o plantio direto na palha e a agricultura de precisão, além de investir em pesquisas constantes nessa área em seu Campo Experimental. A cooperativa possui licenciamento ambiental em todos os seus negócios e, ainda, participa de várias entidades protetoras do meio ambiente, fazendo parte, inclusive, do convênio entre FecoAgro, Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Fepam para regularização do passivo ambiental das cooperativas gaúchas.

3) Projeto Cooperativismo nas Escolas: A cooperativa mantém, há 33 anos, um projeto educacional com objetivo de difundir o ideal cooperativista. Em 2009, houve uma reformulação no projeto com o propósito de modernizá-lo, tornando-o mais adequado às necessidades atuais. A nova abordagem criou um livro didático cuidadosamente elaborado, numa edição primorosa, com atividades previstas tanto para sala de aula quanto para casa. Todos os alunos matriculados na 4ª série das escolas participantes – cerca de 1.200 crianças – recebem um exemplar do livro e têm, ao longo do ano, tarefas práticas e teóricas que os conduzem no aprendizado sobre como cooperar para que o mundo seja um lugar melhor.

4) Jovem Aprendiz: A política de responsabilidade socioambiental da cooperativa viu nas diretrizes do decreto federal que regulamenta o Jovem Aprendiz uma grande oportunidade: qualificar eventuais candidatos para integrar o seu quadro funcional e, a um só tempo, abrir portas para a juventude no mercado de trabalho. Assim, o jovem é contratado pela cooperativa para se preparar durante um ano antes de uma eventual contratação – ou seja, se for selecionado, ele terá uma capacitação melhor para assumir as funções. E, levando em consideração o fato de a cooperativa não absorver todo esse potencial em seu quadro, ela presta um serviço social à comunidade, já que abre portas de trabalho à juventude e, ao mesmo tempo, supre o mercado regional com mão de obra qualificada e consciente dos valores, princípios e importância do cooperativismo para a sociedade.

Entre os objetivos da cooperativa, existem dois que podem ser destacados como referenciais que estão diretamente vinculados a responsabilidade social: planejar e apoiar ações que visem o equilíbrio ambiental, onde podemos citar o projeto cuidar e difundir o ideal cooperativista, onde pode ser citado o projeto cooperativismo nas escolas. As entrevistas com

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os gestores buscaram também identificar a consciência destas lideranças com relação aos referenciais e os possíveis desdobramentos de ações, destes decorrentes.

1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA

1.3.1 Delimitação do Problema

O problema desse estudo está centrado na seguinte questão: Qual a percepção dos gestores de uma cooperativa agropecuária na questão da responsabilidade social?

A premissa básica do problema do estudo é a de que o ambiente institucional que cerca a atividade de negócios define o tipo de comportamento das empresas em relação às ações de responsabilidade social existentes ou a serem implementadas.

1.3.2 Formulação do Problema

Uma empresa socialmente responsável tem como prioridade a consecução de um desenvolvimento sustentável e o fato de poder gerir as suas operações de forma a fomentar o crescimento econômico e a aumentar a competitividade, garantindo concomitantemente a proteção ambiental e a promoção da responsabilidade social.

Apesar desta primeira afirmação possuir uma abordagem politicamente correta, deve-se também considerar o impacto nestas iniciativas na condeve-secução do negócio de cada entidade e de seu impacto em sua sustentabilidade. Neste sentido, uma corrente de discussões defende a responsabilidade da empresa restrita aos preceitos legais enquanto outra afirma que existe um contrato tácito entre sociedade e meio organizacional que exige que a linha demarcatória entre o legal e as necessidades sociais devem ser superadas sempre que possível.

Esta questão assume uma complexidade adicional quando envolve organizações em que não há um único proprietário que define os rumos institucionais como é o caso das entidades de caráter associativo. Nestas organizações o potencial conflito de agência é uma variável adicional que deve ser considerada na definição de políticas da denominada responsabilidade social organizacional.

Diante desse contexto, a questão central que organizou o estudo pode ser assim formulada: Qual a percepção dos gestores em relação a implementação e o avanço da adoção de práticas de responsabilidade social na cooperativa?

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1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

O presente estudo teve como objetivo geral identificar a percepção dos gestores em relação a implementação e o avanço da adoção de práticas de responsabilidade social numa cooperativa agropecuária da região noroeste do estado do RS.

1.4.2 Objetivos Específicos

a) Sistematizar os principais conceitos vinculados à responsabilidade social discutidos na literatura nacional;

b) Analisar a percepção dos gestores da cooperativa sobre responsabilidade social c) Sistematizar as ações de responsabilidade realizadas pela cooperativa

d) Sugerir recomendações para a prática de políticas vinculadas as ações de responsabilidade

1.5 JUSTIFICATIVA

O tema escolhido está sendo cada vez discutido, já que a maioria das definições descreve a responsabilidade social das empresas como a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais por parte das empresas nas suas operações e na sua interação com outras partes interessadas, os chamados stakeholders.

A cooperativa vista como modelo socialmente mais justo e solidário, só é entendida assim no mercado quando sua gestão preza por profissionalismo e competitividade. A cada dia as disputas de mercado estão mais acirradas e seletivas por causa da internacionalização dos negócios e da conscientização dos consumidores sobre seus direitos e deveres. Não há mais espaço para amadorismo. Para sobreviver, empresas e cooperativas devem buscar resultados com responsabilidade social. Não há dúvida de que o diferencial cooperativista existe, mas ele será melhor visualizado com uma administração que busca resultados socialmente responsáveis para os seus associados e para a sociedade como um todo.

Para a empresa onde o estudo foi realizado, este trabalho poderá servir de ferramenta para contribuir na implementação de novas práticas de gestão de responsabilidade social para

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todos os stakeholders (associados, colaboradores, clientes, fornecedores e comunidade em geral) envolvidos.

Quanto a autora do trabalho, a oportunidade de aplicar os conhecimentos teóricos na prática, com perspectiva pessoal de estudar de forma mais aprofundada o assunto de responsabilidade social.

Para a Universidade, mais especificamente para o curso Pós Graduação Latu Sensu em Controladoria e Gestão Tributária que poderá contar com mais um trabalho na área de responsabilidade social.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O cenário competitivo das organizações tem passado por profundas mudanças nos últimos anos. Esse fato exige-lhes rápidas e contínuas adaptações para sobreviver e desenvolver-se no atual cenário socioeconômico, levando-as, invariavelmente, a adequar suas estruturas, processos e estratégias. Um dos grandes vetores destas transformações tem sido a prática da Responsabilidade Social. A literatura tem trazido um conjunto de contribuições que buscam articular esta temática com questões éticas dos indivíduos, as expectativas da sociedade e a atuação organizacional.

Considerando os objetivos deste estudo, um dos primeiros temas que cabe resgatar teoricamente é justamente os aspectos estruturantes da organização em estudo, qual seja, uma organização cooperativa. Na sequência são então apresentados um conjunto de fundamentos relacionados a responsabilidade social.

O cooperativismo tem um papel fundamental no contexto da responsabilidade social, pois consegue trazer para dentro da economia de mercado uma série de vantagens para todos os envolvidos.

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO COOPERATIVISMO

2.1.1 O Cooperativismo no Mundo

Uma das grandes modificações no modo de operação da sociedade inicia-se no século dezoito na Inglaterra com a denominada Revolução Industrial. No princípio deste movimento, a mão-de-obra perdeu grande poder de troca com baixos salários e longas jornadas de trabalho. De acordo com a Organização das Cooperativas do Brasil, diante deste contexto um conjunto de dificuldades socioeconômicas foram pouco a pouco sendo impingidas para a população. Diante desta crise surgiram, entre a classe operária, lideranças que criaram diversas associações de caráter assistencial que não tiveram um resultado positivo.

Com base em um conjunto de experiências buscaram novas formas de organização e concluíram que, com uma organização formal chamada cooperativa seria possível superar as dificuldades desde que fossem respeitados os valores do ser humano e praticadas regras, normas e princípios próprios.

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O cooperativismo teve origem na organização dos trabalhadores na Inglaterra, no período da Revolução Industrial. Em 21 de dezembro de 1844, em Rochdale, bairro da cidade de Manchester, 28 tecelões, diante do desemprego e dos baixos salários, se reuniram para, coletivamente, comprarem produtos de primeira necessidade. Segundo Sebrae (2009) assim, foi criado a Associação dos Probos Pioneiros de Rochdale, que mais tarde se transformou em Cooperativa de Rochdale, formada pelo aporte de capital dos trabalhadores, cuja função inicial era conseguir capital para aumentar o poder da compra coletiva. Esses tecelões de Rochdale sistematizaram as regras fundamentais a respeito do funcionamento de cooperativas. Enquanto eles se dedicavam às cooperativas de consumo, o movimento se espalhava pela Europa, principalmente no ramo “crédito”.

A experiência dos trabalhadores da Inglaterra difundiu-se em outros países, como na França e na Alemanha. Mais tarde, essas experiências foram difundidas pelo mundo inteiro e, no Brasil, são reconhecidas legalmente como uma forma de organização.

Ainda de acordo com Sebrae (2009) na primeira metade do século XX, a maioria das cooperativas estavam ligadas à agricultura. Atualmente, as cooperativas urbanas estão se expandindo. Isso pode ser explicado pelo êxodo rural e a maior emergência de problemas sociais nas cidades. Pode-se afirmar que, em torno de qualquer problema econômico ou social, é possível constituir uma cooperativa. Assim, pela diversidade de possibilidades de atuação, as cooperativas se apresentam como alternativa para a resolução de problemas decorrentes do desemprego. Como instrumentos de geração de emprego e renda, as cooperativas podem atuar desde os processos de produção, industrialização, comercialização, crédito e prestação de serviços.

2.1.2 O Cooperativismo no Brasil

No Brasil, a cultura da cooperação é observada desde a época da colonização portuguesa. Esse processo emergiu no Movimento Cooperativista Brasileiro que ganhou impulso no final do século 19, estimulado por funcionários públicos, militares, profissionais liberais e operários, para atender às suas necessidades.

O movimento iniciou-se na área urbana, com a criação da primeira cooperativa de consumo de que se tem registro no Brasil, em Ouro Preto (MG), no ano de 1889, denominada Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto. Depois, se

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expandiu para Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, além de se espalhar em Minas Gerais.

Em 1902, surgiram as cooperativas de crédito no Rio Grande do Sul, por iniciativa do padre suíço Theodor Amstadt. A partir de 1906, nasceram e se desenvolveram as cooperativas no meio rural, idealizadas por produtores agropecuários. Muitos deles de origem alemã e italiana. Os imigrantes trouxeram de seus países de origem a bagagem cultural, o trabalho associativo e a experiência de atividades familiares comunitárias, que os motivaram a organizar-se em cooperativas.

Com a propagação da doutrina cooperativista, as cooperativas tiveram sua expansão num modelo autônomo, voltado para suprir as necessidades dos próprios membros e assim se livrarem da dependência dos especuladores.

Embora houvesse o movimento de difusão do cooperativismo, poucas eram as pessoas informadas sobre esse assunto, devido à falta de material didático apropriado, imensidão territorial e trabalho escravo, que foram entraves para um maior desenvolvimento do sistema cooperativo.

Em dois de dezembro de 1969 foi criada a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Nascia formalmente aquela que é a principal representante e defensora dos interesses do cooperativismo nacional

Posteriormente, a Lei 5.764/71 disciplinou a criação de cooperativas, porém restringiu a autonomia dos associados, interferindo na criação, funcionamento e fiscalização do empreendimento cooperativo. A limitação foi superada pela Constituição de 1988, que proibiu a interferência do Estado nas associações, dando início à autogestão do cooperativismo.

Em 1995, o cooperativismo brasileiro ganhou o reconhecimento internacional. Roberto Rodrigues, ex-presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, foi eleito o primeiro não europeu para a presidência da Aliança Cooperativista Internacional (ACI). Este fato contribuiu também para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras.

No ano de 1998 nascia o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). A mais nova instituição do Sistema “S” veio somar à OCB com o viés da educação cooperativista. É responsável pelo ensino, formação, profissional, organização e promoção social dos trabalhadores, associados e funcionários das cooperativas brasileiras.

O cooperativismo brasileiro entrou no século 21 enfrentando o desafio da comunicação. Atuante, estruturado e fundamental para a economia do País tem por objetivo ser cada vez mais conhecido e compreendido como um sistema integrado e forte.

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2.2 IDENTIDADE DO COOPERATIVISMO

Cooperativa é uma organização de pessoas que se baseia em valores de ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Seus objetivos econômicos e sociais são comuns a todos. Os aspectos legais e doutrinários são distintos de outras sociedades. Seus associados acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante.

Segundo a OCB, os conceitos que dão identidade ao cooperativismo são:

Cooperar – unir-se a outras pessoas para conjuntamente enfrentar situações adversas,

no sentido de transformá-las em oportunidade e bem-estar econômico e social.

Cooperação – método de ação pelo qual indivíduos ou familiares com interesses

comuns constituem um empreendimento. Os direitos são todos iguais e o resultado alcançado é repartido somente entre os integrantes, na proporção da participação de cada um.

Sócios – indivíduo, profissional, produtor de qualquer categoria ou atividade

econômica que se associa a uma cooperativa para exercer atividade econômica ou adquirir bens de consumo e/ou duráveis.

2.3 PRINCÍPIOS DO COOPERATIVISMO

As linhas orientadoras da prática cooperativista são conhecidas como “os princípios cooperativistas”. De acordo com Sebrae (2009), os princípios são aceitos no mundo inteiro como a base para o sistema. Sua formulação mais recente foi estabelecida pela Aliança Cooperativa Internacional – ACI, responsável pela elaboração das políticas para o sistema no mundo todo, conforme apresentados a seguir:

1º - Adesão voluntária e livre - as cooperativas são organizações voluntárias, abertas

a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas.

2º - Gestão democrática - as cooperativas são organizações democráticas, controladas

pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas de maneira democrática.

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3º- Participação econômica dos membros - os membros contribuem eqüitativamente

para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver, uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes finalidades:

• desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação de reservas, parte das quais, pelo menos será, indivisível;

• benefícios aos membros na proporção das suas transações com a cooperativa; e

• apoio a outras atividades aprovadas pelos membros.

4º - Autonomia e independência - as cooperativas são organizações autônomas, de

ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa.

5º - Educação, formação e informação - as cooperativas promovem a educação e a

formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.

6º - Intercooperação - as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus

membros e dão mais - força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.

7º - Interesse pela comunidade - as cooperativas trabalham para o desenvolvimento

sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros.

Supõe-se que as cooperativas são organizações formadas por indivíduos que além de buscarem os mesmos objetivos econômicos e sociais, atuam em prol de uma sociedade mais justa e fraterna. Então a responsabilidade social compõe a essência do cooperativismo. E os princípios cooperativistas que abrangem adesão livre; gestão democrática; distribuição das sobras líquidas; promoção da educação e formação dos membros e da sociedade; taxa limitada de juros ao capital social; e, por fim, a intercooperação entre as cooperativas, denota a expressiva inserção da responsabilidade social junto às cooperativas. Devido a essas

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características, as cooperativas almejam, além de promover o desenvolvimento de seus membros, contribuir com a sociedade através da redistribuição de parte da riqueza.

2.4 RESPONSABILIDADE SOCIAL

No mundo contemporâneo, ouve-se falar muito em responsabilidade social, ou de empresas que praticam ações de responsabilidade social. No entanto, ainda não existe um conceito plenamente aceito sobre responsabilidade social. Confunde-se, muitas vezes, responsabilidade social com “ações sociais”, reduzindo o seu escopo com atividades de cunho filantrópico. Mas muito já se avançou e continua se avançado acerca do tema.

Responsabilidade social anda de mãos dadas com o conceito de desenvolvimento sustentável. Uma atitude responsável em relação ao ambiente e à sociedade, não só garante a não escassez de recursos, mas também amplia o conceito a uma escala mais ampla. O desenvolvimento sustentável não só se refere ao ambiente, mas por via do fortalecimento de parcerias duráveis, promove a imagem da entidade como um todo e por fim leva ao crescimento orientado. Uma postura sustentável é por natureza preventiva e possibilita a prevenção de riscos futuros, como impactos ambientais ou processos judiciais.

O primeiro passo, para qualquer ação de responsabilidade social das empresas e entidades, passa pela conscientização dos indivíduos empreendedores e, principalmente, dos acionistas e contribuintes majoritários, de que consumidor valoriza a diferença entre empresas e entidades que são socialmente responsáveis e outras que não tem essa preocupação.

O tema responsabilidade social ganhou intensa visibilidade nos últimos anos devido ao avanço da globalização. Autores mostram que diferentes abordagens para o tema foram desenvolvidas em diversos contextos históricos ou fases como definido por Kreitlon (2004).

2.4.1 Contexto histórico e evolução do conceito de RSE (Responsabilidade Social Empresarial)

As transformações socioeconômicas dos últimos 20 anos têm afetado profundamente o comportamento de empresas até então acostumadas à pura e exclusiva maximização do lucro. Se por um lado o setor privado tem cada vez mais lugar de destaque na criação de riqueza; por outro lado, é bem sabido que com grande poder, vem grande responsabilidade. Em função da capacidade criativa já existente, e dos recursos financeiros e humanos já disponíveis, empresas têm uma intrínseca responsabilidade social.

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A idéia de responsabilidade social incorporada aos negócios é relativamente recente. Com o surgimento de novas demandas e maior pressão por transparência nos negócios, empresas se vêem forçadas a adotar uma postura mais responsável em suas ações.

Infelizmente, muitos ainda confundem o conceito com filantropia, que é mais restrito, mas as razões por trás desse paradigma não interessam somente ao bem estar social, mas também envolvem melhor performance nos negócios e, consequentemente, maior lucratividade. De acordo com o Business for Social Responsibility (BSR, 2001 apud MACHADO FILHO, 2011, p. 25), embora não exista uma definição unanimemente aceita para o termo responsabilidade social corporativa, a expressão se refere, de forma ampla, a decisões de negócios tomadas com base em valores éticos que incorporam as dimensões legais, o respeito pelas pessoas, comunidades e meio ambiente.

O BSR Institute sustenta que o conceito de empresa socialmente responsável se aplicará àquela que atue no ambiente de negócios de forma que atinja ou exceda as expectativas éticas, legais e comerciais do ambiente social no qual a empresa se insere. (MACHADO FILHO, 2011, p. 25).

Muito do debate sobre a responsabilidade social empresarial já foi desenvolvido mundo afora, mas o Brasil tem dado passos largos no sentido da profissionalização do setor e da busca por estratégias de inclusão social através do setor privado. Na área de administração, é comum se encontrar a palavra responsabilidade definindo a condição de quem responde pelo seu desempenho no exercício de um cargo, de uma função ou de um poder investido, sendo entendida também como a contrapartida de uma autoridade legalmente constituída.

A globalização da economia criou novas oportunidades e desafios às empresas, mas também aumentou a complexidade organizacional. Para as empresas expandirem-se para novos mercados, também têm que responder a novas responsabilidades, a uma escala global, pelo que a responsabilidade social a que a empresa tem de dar resposta é consideravelmente diferente, sendo em alguns casos maior e, por isso mesmo, mais exigente.

Em Julho de 2001 foi apresentado pela Comissão Europeia, o Livro Verde intitulado “Promover um Quadro Europeu para a Responsabilidade Social das Empresas”, mostrando assim o interesse e a preocupação que esse assunto tem para a União Europeia.

De acordo com o Livro Verde (2001 apud RODRIGUES, DUARTE, 2012, p. 73), a responsabilidade social e ambiental das empresas é definida como sendo a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais por parte das empresas nas suas operações e na sua interação com outras partes interessadas. A responsabilidade social e ambiental das empresas também conduz à gestão da mudança de forma socialmente responsável, com as

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empresas a procurarem compromissos equilibrados e aceitáveis por todas as partes interessadas (stakeholder) e ainda entre as exigências e as necessidades de

envolvidos.

Figura 1:Mapa dos stakeholders

Fonte: Barbieri, Cajazeira (2013, p. 28) Fornecedores

Governo Grupos poliíticos

empresas a procurarem compromissos equilibrados e aceitáveis por todas as partes ) e ainda entre as exigências e as necessidades de

stakeholders de uma grande empresa

Fonte: Barbieri, Cajazeira (2013, p. 28)

EMPRESA Comunidade Grupos ativistas Empreagdos Associações comerciais Concorrentes Proprietários

empresas a procurarem compromissos equilibrados e aceitáveis por todas as partes ) e ainda entre as exigências e as necessidades de todos os agentes

Consumidores Grupo de defesa dos consumidores Sindicatos Empreagdos

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A responsabilidade social e ambiental das empresas pode ser considerada como uma questão de cultura da própria empresa, pois o interesse das empresas por essa responsabilização deve ser encarado como um benefício a médio e longo prazos, podendo também contribuir para atingir o tão necessário desenvolvimento sustentável. É também um conceito, segundo o qual as empresas, numa base legal, estatutária ou voluntária, decidem contribuir para uma sociedade justa, com melhor qualidade de vida, preservando o ambiente.

Podemos definir stakeholder como sendo:

as pessoas ou grupos que tem, ou reivindicam, propriedade, direitos ou interesses em uma empresa e nas suas atividades presentes, passadas ou futuras. Essa definição considera qualquer grupo de interesse e não apenas os grupos diretamente envolvidos nas atividades da empresa, como os empregados e seus sindicatos, clientes, fornecedores, empreiteiros, investidores e autoridades governamentais (BARBIERI, CAJAZEIRA, 2013, p. 26).

Dentre as várias definições de RSE que hoje buscam estabelecer-se como gerais e consensuais, embora expressem na verdade interesses específicos e particulares, podemos citar a formulada pelo Banco Mundial (2002 apud KREITLON, 2004, p. 3), ao aconselhar governos de países em desenvolvimento sobre o papel das políticas públicas no estímulo à RSE:

RSE é o compromisso empresarial de contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável, trabalhando em conjunto com os empregados, suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para melhorar sua qualidade de vida, de maneiras que sejam boas tanto para as empresas como para o desenvolvimento.

Segundo Kreitlon (2004) se mudança houve, tanto na sensibilidade pública como nos discursos corporativos oficiais, ela é fruto de um processo de progressiva construção e legitimação sociais, conduzido pelos diversos agentes e instituições que dele participam, e resultado de um contexto histórico, político e econômico bem preciso.

O surgimento da ética empresarial como campo de estudos está intimamente ligado à evolução do sistema econômico, assim como às mudanças por que passaram as sociedades industriais no último século. Os conflitos relativos à questão ambiental, além das grandes reivindicações sociais que emergiram nos anos 60, também contribuíram para a formalização dos crescentes ataques e questionamentos vis-à-vis das empresas. Este processo pode ser dividido em três fases conforme Kreitlon (2004):

a) De 1900 a 1960

De acordo com Gendron (2000 apud Kreitlon, 2004, p. 3) durante este período, três fatores principais vêm favorecer o surgimento das críticas de caráter ético e social ao mundo

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dos negócios: a) a desilusão frente às promessas do liberalismo (decorrente sobretudo do crash da Bolsa de Nova Iorque em 1929, e das tristes consequências provocadas pela Grande Depressão que se seguiu); b) o desejo por parte das empresas de melhorarem sua imagem, numa época em que os lucros exorbitantes de certos monopólios suscitava a ira da população; c) o desenvolvimento das ciências administrativas, e a profissionalização da atividade gerencial.

O conceito de responsabilidade social é construído nessa época, apoiando-se nos princípios básicos da filantropia e da governança, manifestações paternalistas do poder corporativo de acordo com Carroll (1999 apud Kreitlon, 2004, p. 4). As empresas são estimuladas a serem generosas para com os “desfavorecidos” e a levar em conta, no curso de suas atividades, os interesses de outros atores sociais. O conceito de responsabilidade social era associado à obrigação de produzir bens e serviços úteis, gerar lucros, criar empregos e garantir a segurança no ambiente de trabalho.

b) De 1960 a 1980

Segundo Kreitlon (2004) vive-se nesta época uma fase de extraordinária mobilização cívica e revolucionária, além de um enorme progresso científico e tecnológico. O modo de produção e de acumulação do capital ainda é intensivo, e a regulação de tipo monopolístico. Embora a padronização possibilite a produção e o consumo de massa, gerando assim grandes economias de escala, o fordismo, já tendo conhecido seu auge, entra em lento declínio. Com a crise do dólar e do petróleo, encerra-se o ciclo dos “anos dourados” (1945-1973): a economia capitalista volta a apresentar graves oscilações conjunturais, longas e profundas recessões, queda do ritmo de crescimento e altas taxas de desemprego de acordo com Alban (1999 apud Kreitlon, 2004, p. 4). As lutas de classe recrudescem nos principais países, e as greves chegam ao seu ponto máximo. O poder dos grandes conglomerados e das multinacionais atinge proporções inéditas, enquanto as estruturas organizacionais se complexificam e burocratizam. O controle dissocia-se definitivamente da propriedade, e passa dos acionistas às mãos dos diretores e gerentes.

Segundo Kreitlon (2004) dentro de um cenário geral de contestações e turbulência social, as empresas tornam-se o alvo de reivindicações cada vez mais numerosas e variadas. Inúmeros movimentos da sociedade civil passam a exercer pressão sobre elas, particularmente em questões tocantes à poluição, consumo, emprego, discriminações raciais e de gênero, ou natureza do produto comercializado (são alvos preferenciais a indústria bélica e de cigarros). As demandas por mudanças tornam-se centrais e generalizadas, não mais marginais ou

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localizadas. Vários dos movimentos de contra-cultura questionam abertamente o dogma segundo o qual uma empresa deva consagrar-se exclusivamente à maximização de seus lucros.

c) De 1980 até o presente

De acordo Kreitlon (2004) as políticas neoliberais ressurgem com força a partir dos anos 80: ajuste fiscal, redução das despesas sociais do Estado, privatizações, desregulamentação, liberalização do comércio, das taxas de câmbio e das relações trabalhistas. Segundo Faria,Sauerbronn (2008) durante a década de 90, após a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, este tipo particular de capitalismo – cada vez mais irrefreado - difunde-se praticamente por todo o planeta. A revolução causada pelas novas tecnologias de informação impulsiona a globalização e a financeirização da economia. O fordismo cede lugar ao pós-fordismo, modo de produção e de acumulação flexíveis, de base microeletrônica, cujas consequências revelam-se devastadoras para os níveis de emprego, tanto nos países industrializados como nos periféricos de acordo com Alban (1999 apud Kreitlon, 2004, p. 5). No plano organizacional, os grandes conglomerados empresariais de origem local dão lugar a redes corporativas transnacionais de ramificações complexas.

Segundo Faria, Sauerbronn (2008) novas tecnologias de informação impulsionam a

globalização por meio de transformações profundas e controversas no sistema financeiro. Grandes empresas de origem local dão lugar a redes corporativas transnacionais de ramificações complexas, cujo desempenho passa a ser medido por indicadores e critérios financeiros estabelecidos pelas matrizes. Graças às novas tecnologias de produção, distribuição, comunicação e informação, a produção se descentraliza drasticamente. Em paralelo, a mão-de-obra passa a ser subcontratada e a operar a partir de qualquer país ou região.

A década de 1980 se caracteriza também pela diversificação das correntes teóricas dedicadas ao questionamento ético e social das empresas e por uma crescente institucionalização do fenômeno (Kreitlon, 2004). Parte desse processo pode ser explicada pelo crescente poder global das corporações multinacionais e o crescimento exponencial do volume de investimentos diretos feitos por essas corporações em diversos países.

Muitos desses investimentos eram impulsionados pelo histórico interesse de deslocar atividades tidas como socialmente indesejáveis nos EUA e na Europa para países menos desenvolvidos. Em paralelo, tendo em vista o enfraquecimento do poder do Estado, grandes incentivos foram concedidos a essas corporações por governantes em diferentes países, como

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exemplificado pelas recentes guerras fiscais no Brasil. Conseq

sido observadas, conduzidas principalmente por ativistas e organizações

(Faria,Sauerbronn, 2008) .

2.4.2 Modelos da Responsabilidade Social

Qualquer que seja a teoria que venha a orientar as práticas de responsabilidade social empresarial, sempre haverá dificuldades para implementá

começando pelo fato de envolver uma diversidade de questões que se traduzem em direitos, obrigações e expectativas de diferentes públicos, internos e externos à empresa.

2.4.2.1Dimensões da Responsabilidade Social Empresarial

A responsabilidade social das empresas compreende as expectativas econômicas, legais, éticas e filantrópicas. Podemos transformar essas dimensões como seções de uma pirâmide, conforme mostra a figura a seguir:

Figura 2: Pirâmide da Responsabilidade Social

Fonte: Barbieri, Cajazeira (2013, p. 54)

Responsabilidades filantrópicas

Responsabilidades

Responsabilidades legais

Responsabilidades econômicas

pelas recentes guerras fiscais no Brasil. Consequentemente, muitas reações sido observadas, conduzidas principalmente por ativistas e organizações

Modelos da Responsabilidade Social

que seja a teoria que venha a orientar as práticas de responsabilidade social empresarial, sempre haverá dificuldades para implementá-las e as razões são muitas, começando pelo fato de envolver uma diversidade de questões que se traduzem em direitos,

gações e expectativas de diferentes públicos, internos e externos à empresa.

Dimensões da Responsabilidade Social Empresarial

A responsabilidade social das empresas compreende as expectativas econômicas, legais, éticas e filantrópicas. Podemos transformar essas dimensões como seções de uma

conforme mostra a figura a seguir:

da Responsabilidade Social

Fonte: Barbieri, Cajazeira (2013, p. 54)

• Empresa cidadã Responsabilidades

filantrópicas

• Fazer o certo e evitar danos Responsabilidades éticas • Obedecer as leis Responsabilidades legais • Ser lucrativa Responsabilidades econômicas

entemente, muitas reações têm sido observadas, conduzidas principalmente por ativistas e organizações não-governamentais

que seja a teoria que venha a orientar as práticas de responsabilidade social las e as razões são muitas, começando pelo fato de envolver uma diversidade de questões que se traduzem em direitos,

gações e expectativas de diferentes públicos, internos e externos à empresa.

A responsabilidade social das empresas compreende as expectativas econômicas, legais, éticas e filantrópicas. Podemos transformar essas dimensões como seções de uma

Fazer o certo e evitar danos

Obedecer as leis

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As responsabilidades econômicas remetem ao fato de que as empresas devem ser lucrativas, ou mais do que isto, auto sustentáveis. Segundo Barbieri, Cajazeira (2013) essa é a primeira e principal responsabilidade social de uma empresa, pois, antes de qualquer coisa, ela é a unidade econômica básica da sociedade e como tal ela tem a responsabilidade de produzir bens e serviços que a sociedade deseja e vende-los com lucro. Já a responsabilidade legal vem em seguida, pois no momento em que a sociedade aprova o sistema econômico, permitindo que as empresas assumam seu papel produtivo como parte da efetivação de um contrato social, ela coloca as regras básicas, as leis sob as quais elas devem operar. A sociedade espera que elas cumpram sua missão econômica dentro de uma estrutura legal.

Ainda de acordo com Barbieri, Cajazeira (2013) a terceira dimensão é a responsabilidade ética. Embora as duas primeiras responsabilidades incluam normas éticas, há comportamentos e atividades não cobertos por leis ou aspectos econômicos do negócio, mas que representam expectativas dos membros da sociedade. Enquanto a responsabilidade legal refere-se à expectativa de atuar conforme a lei, a ética se refere a obrigação de fazer o que é certo e justo, evitando ou minimizando causar danos às pessoas.

Segundo Barbieri, Cajazeira (2013) a quarta dimensão é a responsabilidade filantrópica que abrange ações em respostas às expectativas da sociedade de que as empresas atuem como bons cidadãos. Essa dimensão envolve o comprometimento em ações e programas para promover o bem-estar humano. Concluindo, a responsabilidade social empresarial total impõe o cumprimento simultâneo das responsabilidades econômicas, legais, éticas e filantrópicas. Colocado em termos mais simples, significa que a empresa deve, ao mesmo tempo, ser lucrativa, obedecer às leis, atender às expectativas da sociedade e ser boa cidadã.

2.4.2.2O modelo dos Três Domínios da Responsabilidade Social

De acordo com Barbieri, Cajazeira (2013) no modelo dos três campos ou domínios da responsabilidade social das empresas, a filantropia deixou de ser uma dimensão especifica por varias razões. Uma delas porque se entende que, em muitos casos, é difícil distinguir entre atividades éticas e filantrópicas, tanto do ponto de vista teórico quanto prático. Por isso, no novo modelo foram usados círculos para indicar os três campos ou domínios da responsabilidade social empresarial, a saber: o domínio econômico, o legal e o ético, como mostra a figura a seguir:

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Figura 3: Modelo dos três domínios da RSE

Fonte: Barbieri, Cajazeira (2013, p. 56)

O campo econômico refere

econômicos positivos, diretos e indiretos, entendidos como maximização de lucro ou do valor das ações. Atividades para incrementar as vendas ou melhorar a imagem da empresa ou para evitar litígios são exemplos de impactos econômicos diretos; ações para melhorar a imagem da empresa ou elevar a motivação dos empregados são exemplos de impactos indiretos. O campo da responsabilidade legal refere

normas e princípios legais, para evitar litígios e medidas antecipatórias às leis. Já o domínio ético se refere às responsabilidades da empresa diante das expectativas da população em geral e dos stakeholders relacionados, envolvendo imperativos ét

2.4.3 Normas de Responsabilidade Social

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolveu

16001, que estabelece requisitos mínimos para a criação e operação de um sistema de gestão de responsabilidade social.

objetivo prover às organizações os elementos de um sistema de gestão da responsabilidade social, auxiliando-as a alcançar seus objetivos relacionados com esse tema.

A norma NBR 16001 se aplica a qualquer organização que queira (1) implantar, manter e aprimorar um sistema de gestão da responsabilidade social; (2) assegurar

conformidade com a legislação aplicável e com a sua política de responsabilidade social; (3 : Modelo dos três domínios da RSE

Fonte: Barbieri, Cajazeira (2013, p. 56)

O campo econômico refere-se às atividades voltadas para produzir impactos econômicos positivos, diretos e indiretos, entendidos como maximização de lucro ou do valor das ações. Atividades para incrementar as vendas ou melhorar a imagem da empresa ou para vitar litígios são exemplos de impactos econômicos diretos; ações para melhorar a imagem da empresa ou elevar a motivação dos empregados são exemplos de impactos indiretos. O campo da responsabilidade legal refere-se às respostas dadas pela empresa com rel

normas e princípios legais, para evitar litígios e medidas antecipatórias às leis. Já o domínio ético se refere às responsabilidades da empresa diante das expectativas da população em geral

relacionados, envolvendo imperativos éticos domésticos e globais.

de Responsabilidade Social

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolveu

16001, que estabelece requisitos mínimos para a criação e operação de um sistema de gestão de responsabilidade social. De acordo com Barbieri, Cajazeira (2013) essa norma tem por objetivo prover às organizações os elementos de um sistema de gestão da responsabilidade

as a alcançar seus objetivos relacionados com esse tema.

A norma NBR 16001 se aplica a qualquer organização que queira (1) implantar, manter e aprimorar um sistema de gestão da responsabilidade social; (2) assegurar

conformidade com a legislação aplicável e com a sua política de responsabilidade social; (3

(III)Exclusivamente Ético (II)Exclusivamente Legal (I) Exclusivamente Econômico

se às atividades voltadas para produzir impactos econômicos positivos, diretos e indiretos, entendidos como maximização de lucro ou do valor das ações. Atividades para incrementar as vendas ou melhorar a imagem da empresa ou para vitar litígios são exemplos de impactos econômicos diretos; ações para melhorar a imagem da empresa ou elevar a motivação dos empregados são exemplos de impactos indiretos. O se às respostas dadas pela empresa com relação às normas e princípios legais, para evitar litígios e medidas antecipatórias às leis. Já o domínio ético se refere às responsabilidades da empresa diante das expectativas da população em geral

icos domésticos e globais.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolveu a norma NBR 16001, que estabelece requisitos mínimos para a criação e operação de um sistema de gestão De acordo com Barbieri, Cajazeira (2013) essa norma tem por objetivo prover às organizações os elementos de um sistema de gestão da responsabilidade

as a alcançar seus objetivos relacionados com esse tema.

A norma NBR 16001 se aplica a qualquer organização que queira (1) implantar, manter e aprimorar um sistema de gestão da responsabilidade social; (2) assegurar-se da conformidade com a legislação aplicável e com a sua política de responsabilidade social; (3)

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apoiar o engajamento efetivo das partes interessadas e (4) demonstrar conformidade com a norma ao:

- realizar auto-avaliação e emitir uma autodeclaração de conformidade com a norma; - buscar confirmação de sua conformidade por partes com interesse na organização; - buscar confirmação de sua autodeclaração por uma parte externa da organização; ou - buscar certificação do seu sistema de gestão por uma organização externa.

Como toda norma que especifica requisitos de um sistema de gestão, esta também baseia-se no clico PDCA (planejar, fazer, verificar e agir) e contempla elementos comuns necessários às normas de gerenciamento, tais como: (1) política (política e princípios), (2) Planejamento (identificação de necessidades, requisitos e análises de pontos críticos; seleção por significância; estabelecimento de objetivos e metas; identificação de recursos; identificação da estrutura organizacional, responsabilidade e autoridade; planejamento do processo operacional; contingências e preparação para eventos previsíveis), (3) implantação e operação (controle operacional; gerenciamento dos recursos humanos; gerenciamento de outros recursos; documentação e seu controle; comunicação; relacionamento com fornecedores e contratados), (4) avaliação do desempenho (monitoramento e mensuração; analises e manuseio de não conformidades), (5) melhoria contínua (ação corretiva; ação preventiva; melhoria contínua), (6) revisões pela direção.

O modelo de sistema de gestão da responsabilidade social proposto pela NBR 16001, de acordo com Barbieri, Cajazeira (2013) tem como instrumentos normativos de gestão sustentável os seguintes objetivos:

- prover orientações processuais especificas para implementar e manter sistemas de gestão, programas e atividades, facilitando a mensuração de resultados;

- garantir a transparência da comunicação com suas partes interessadas; - garantir a integração e compatibilidade entre sistemas de gestão.

(28)

3 METODOLOGIA DO TRABALHO

Para Minayo (1994, p. 14), entende-se por “metodologia o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Neste sentido, a metodologia ocupa um lugar central no interior das teorias e está sempre referida a elas”.

Nos itens a seguir apresenta-se a metodologia do trabalho, que irá contemplar a classificação de sua natureza e seus objetivos, a de coleta de dados e análise e interpretação de dados.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Segundo Gil (2002, p. 17), pesquisa pode-se definir como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.

A classificação da pesquisa está subdividida sob o ponto de vista da sua natureza, da sua forma de abordagem do problema, do ponto de vista dos seus objetivos e do ponto de vista dos procedimentos técnicos, conforme a metodologia sugerida por Gil (2002).

3.1.1 Do ponto de vista de sua natureza

Do ponto de vista de sua natureza, a pesquisa pode ser classificada como básica ou aplicada, este estudo é classificado como pesquisa aplicada.

Conforme Silva e Menezes (2005, p. 20) “a natureza de sua pesquisa se classifica em pesquisa Aplicada quando objetiva gerar conhecimentos para aplicações práticas dirigidas à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”.

Esta pesquisa é classificada como aplicada porque opera diretamente com os gestores que concebem as estratégias de responsabilidade da empresa estudada.

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3.1.2 Do ponto de vista de seus objetivos

Quanto aos objetivos, este estudo pode ser classificado como pesquisa exploratória, com vistas a conseguir informações ou conhecimentos acerca da empresa.

Pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses

Na visão de Gil (2002, p. 41).

As pesquisas exploratórias proporcionam maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias com a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.

No caso específico deste estudo este pode ser considerado como de caráter exploratório, pois utilizou-se de levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado, análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de pesquisa bibliográficas e estudos de caso.

3.1.3 Quanto à forma de abordagem do problema

É considerada uma pesquisa qualitativa porque supõe uma relação entre a realidade e o indivíduo, ou seja, uma ligação indissociável entre o real de forma objetiva e subjetiva, que não se possa explicar em números. Através do qual se interpreta fenômenos e atribuem significados. O ambiente natural é a fonte para coleta de dados e o pesquisador é considerado a peça mais importante nesse processo, pois tende a analisar seus dados de forma indutiva. O processo e seu significado são os pontos principais de abordagem.

3.1.4 Do ponto de vista dos procedimentos técnicos

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, está relacionada ao tipo de procedimento que será usado na realização do estudo, que material servirá para o desenvolvimento do tema. O presente estudo poder ser classificado em:

Pesquisa Bibliográfica - segundo Gil (2002, p. 44) “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” e atualmente com material disponibilizado na Internet.

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Estudo de Caso - o estudo de caso contribui para a compreensão individual de cada organização. Segundo Gil (2002, p. 54) “O estudo de caso consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados”. Atualmente o estudo de caso é encarado como delineamento mais adequado para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, onde os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos. Daí, então, a crescente utilização do estudo de caso no âmbito dessas ciências, com diferentes propósitos, tais como:

a) Explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; b) Preservar o caráter unitário do objeto estudado;

c) Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação;

d) Formular hipóteses ou desenvolver teorias; e

e) Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos.

3.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Na coleta de dados foram fornecidas as informações necessárias e subsídios necessários para a elaboração desse estudo.

As informações foram coletadas por meio de pesquisas bibliográficas e entrevistas dos gestores da cooperativa. As entrevistas foram realizadas com diretores e gerentes da cooperativa, em especial o gerente administrativo e gerente de comunicação da cooperativa.

3.2.1 Pesquisa Bibliográfica

Segundo Gil (2007, p. 64) a “pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.

De acordo com Silva & Menezes (2001, p. 21) entende-se “A pesquisa bibliográfica é [...] elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet”.

(31)

3.2.2 Entrevista

Entrevista é a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. Procedimento utilizado na investigação social para coleta de dados, com a finalidade de fornecer subsídios para diagnósticos, análises, pesquisas, ou mesmo com a finalidade de discutir e buscar soluções para alguma problemática de natureza social.

A entrevista será:

- despadronizada ou não-estruturada: quando não existe rigidez de roteiro. Podem-se explorar mais amplamente algumas questões.

Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituindo uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. O questionário deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções As instruções devem esclarecer o propósito de sua aplicação, ressaltar a importância da colaboração do informante e facilitar o preenchimento.

As perguntas do questionário podem ser: - abertas: “Qual é a sua opinião?”; - fechadas: duas escolhas: sim ou não;

- de múltiplas escolhas: fechadas com uma série de respostas possíveis.

No presente trabalho foi utilizado um roteiro de entrevista com perguntas abertas, que podem ser caracterizadas como entrevista despadronizada com as mesmas perguntas. As entrevistas foram aplicadas com os gestores que tem responsabilidade direta na administração da cooperativa.

3.3 DESENHO DA PESQUISA

O desenho da pesquisa é considerado por Yin (2001) como a sequência lógica que conecta os dados empíricos com a questão inicial e suas conclusões, isto é, o desenho da pesquisa demonstra o plano de ação seguido na investigação passando pelo problema, objetivos e análises conclusivas.

(32)

Segue o desenho com detalhamento das fases da pesquisa.

1) Definição de Problema e Objetivos

2) Definição de um modelo conceitual para analise

3) Determinação das dimensões e variáveis a serem investigadas

4) Organização de um questionário e validação do questionário por meio de pesquisa piloto

5) Determinação dos sujeitos da pesquisa: a) Quem

b) Porque

6) Aplicação das Entrevistas

7) Análise dos dados:

a) Definição da frequência de cada variável b) Estratificação dos resultados

c) Cruzamento das respostas

(33)

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

A análise e percepção dos gestores em relação a implementação e o avanço da adoção de práticas de responsabilidade social na cooperativa estão definidas a seguir, baseadas nas respostas obtidas através das entrevistas.

No questionamento sobre o significado de responsabilidade social, os gestores da cooperativa mencionaram que “é a consciência da empresa que está inserida num contexto maior que ela, que é a própria comunidade e o planeta”. Essa consciência deve levar a empresa a participar dessa comunidade, desse planeta de forma responsável, e a partir desta perspectiva a organização deve traçar estratégias e ações que possam beneficiar essa comunidade e o planeta como todo. Este ponto foi bastante destacado no sentido que se constitui o ponto de partida para que haja uma responsabilidade social ou socioambiental de fato e não simplesmente ações de marketing por que é simpático ao mercado.

Ou seja, responsabilidade social é a atuação ética e transparente da empresa com todas as partes interessadas (stakeholders), visando o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando os recursos ambientais, naturais e culturais e a diversidade, promovendo a redução das desigualdades sociais através da inclusão de políticas e pessoas.

Sobre a questão do que seriam as responsabilidades de uma empresa, os gestores consideraram a utilização dos recursos no desenvolvimento de processos que viabilize a entrega de um produto ou serviço para o cliente, cumprindo a legislação e, garantindo a sustentabilidade da empresa, no nosso caso, a cooperativa e dos recursos.

Em relação “as partes relacionadas”, os chamados stakeholders, em suas ações os gestores da cooperativa avaliam que deve ser considerado o contexto, não podendo existir ações fora do contexto.

“É a identificação do contexto de cada um dos nossos públicos, temos uma clientela que está subdividida em funcionários, associados, consumidores e fornecedores, ou seja, são quatro públicos que temos que perceber, e diagnosticar as necessidades reais de cada um desses públicos. Não podemos fazer a mesma ação para todos, assim não irá se tratar o contexto de cada um deles.”

No caso dos fornecedores, as entrevistas demonstraram uma percepção de que eles podem participar do mesmo contexto dos associados, funcionários e também dos consumidores, pois sua necessidade não é diferente, ou seja, atuam juntos, em parceria. Enquanto que, para os outros públicos é de receber essa ação, ou seja, ser beneficiado direto

Referências

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