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Í N D I C E

1

v Prefácio à Sétima Edição

Uma Nota para os Nossos Leitores

Introdução

O Estudo da Personalidade:

Avaliação, Pesquisa e Teoria

O Estudo da Personalidade

O Lugar da Personalidade na História da Psicologia Definições de Personalidade

Questões Sexuais e Étnicas na Personalidade Avaliação do Estudo da Personalidade

Teoria no Estudo da Personalidade Perguntas sobre a Natureza Humana Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

O Enfoque Psicanalítico

Sigmund Freud

A Vida de Freud (1856-1939)

Instintos: As Forças Propulsoras da Personalidade Os Níveis da Personalidade

A Estrutura da Personalidade: Id, Ego e Superego Ansiedade: Uma Ameaça ao Ego

Defesas Contra a Ansiedade

Estágios Psicossexuais do Desenvolvimento da Personalidade Questões sobre o Desenvolvimento da Personalidade

P A R T E 1 C A P Í T U L O U M P A R T E 2 C A P Í T U L O D O I S PAG.303.quadro 3/4/02 2:39 PM Page v

(2)

A Avaliação na Teoria de Freud Extensões da Teoria Freudiana Comentário Final Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

O Enfoque Neopsicanalítico

Carl Jung

A Vida de Jung (1875-1961) Energia Psíquica Os Sistemas da Personalidade O Desenvolvimento da Personalidade Questões sobre a Natureza Humana A Avaliação na Teoria de Jung Pesquisa na Teoria de Jung Comentário Final Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

Alfred Adler

A Vida de Adler (1870-1937)

Sensações da Inferioridade: A Fonte da Luta Humana Lutando pela Superioridade ou Perfeição

Estilo de Vida Interesse Social

A Ordem de Nascimento

Questões sobre a Natureza Humana A Avaliação na Teoria de Adler Pesquisa na Teoria de Adler Comentário Final Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

Karen Horney

A Vida de Horney (1885-1952)

A Necessidade de Segurança na Infância Ansiedade Básica: A Base da Neurose Necessidades Neuróticas

A Auto-Imagem Idealizada Psicologia Feminina

Influências Culturais na Psicologia Feminina Questões sobre a Natureza Humana

P A R T E 3 C A P Í T U L O T R Ê S C A P Í T U L O Q U A T R O C A P Í T U L O C I N C O vi Teorias da Personalidade

(3)

A Avaliação na Teoria de Horney Pesquisa na Teoria de Horney Comentário Final Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

Erich Fromm

A Vida de Fromm (1900-1980)

Liberdade vs. Segurança: O Dilema Humano Básico Desenvolvimento da Personalidade na Infância As Necessidades Psicológicas Básicas

Os Tipos de Caráter Produtivos e Não Produtivos Questões sobre a Natureza Humana

A Avaliação na Teoria de Murray Pesquisa na Teoria de Murray Comentário Final Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

Henry Murray

A Vida de Murray (1893-1988) Os Princípios da Personologia As Divisões da Personalidade

Necessidades: A Motivação do Comportamento O Desenvolvimento da Personalidade na Infância Questões sobre a Natureza Humana

A Avaliação na Teoria de Murray Pesquisa na Teoria de Murray Comentário Final

Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

O Enfoque Período de Vida

Erik Erikson

A Vida de Erikson (1902-1994)

Estágios Psicossociais do Desenvolvimento e Pontos Fortes Básicos Pontos Fracos Básicos

Questões sobre a Natureza Humana A Avaliação na Teoria de Erikson Pesquisa na Teoria de Erikson Comentário Final C A P Í T U L O S E I S C A P Í T U L O S E T E P A R T E 4 C A P Í T U L O O I T O Sumário vii

(4)

Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

O Enfoque dos Traços: A Genética da Personalidade

Gordon Allport

A Vida de Allport (1897-1967) A Natureza da Personalidade Traços da Personalidade Personalidade e Motivação

O Desenvolvimento da Personalidade na Infância: O Self peculiar A Personalidade Adulta Sadia

Questões sobre a Natureza Humana A Avaliação na Teoria de Allport Pesquisa na Teoria de Allport Comentário Final

Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

Raymond Cattell, Hans Eysenck

e Outros Teóricos dos Traços

A Vida de Cattell (1905-1998)

O Enfoque dos Traços de Personalidade de Cattell Traços de Fonte: Os Fatores Básicos da Personalidade Traços Dinâmicos: As Forças Motivadoras

As Influências da Hereditariedade e Ambiente Os Estágios do Desenvolvimento da Personalidade Questões sobre a Natureza Humana

A Avaliação na Teoria de Cattell Pesquisa na Teoria de Cattell Um Comentário sobre Cattell Genética Comportamental Hans Eysenck (1916-1997) As Dimensões da Personalidade

Robert McCrae e Paul Costa: O Modelo de Cinco Fatores Arnold Buss e Robert Plomin: A Teoria do Temperamento Comentário Final Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura P A R T E 5 C A P Í T U L O N O V E C A P Í T U L O D E Z

(5)

O Enfoque Humanístico

Abraham Maslow

A Vida de Maslow (1908-1970)

O Desenvolvimento da Personalidade: A Hierarquia das Necessidades O Estudo dos Realizadores do Self

Questões sobre a Natureza Humana A Avaliação na Teoria de Maslow Pesquisa na Teoria de Maslow Comentário Final Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

Carl Rogers

A Vida de Rogers (1902-1987) A Importância do Self A Tendência de Realização O Mundo Experimental

O Desenvolvimento do Self na Infância

Características de Pessoas que Funcionam Totalmente Questões sobre a Natureza Humana

A Avaliação na Teoria de Rogers Pesquisa na Teoria de Rogers Comentário Final Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

O Enfoque Cognitivo

George Kelly

O Papel dos Processos Cognitivos A Vida de Kelly (1905-1967) A Teoria de Constructo Pessoal Prevendo os Eventos da Vida

Questões sobre a Natureza Humana A Avaliação na Teoria de Kelly Pesquisa na Teoria de Kelly Comentário Final Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura Sumário ix P A R T E 6 C A P Í T U L O O N Z E C A P Í T U L O D O Z E P A R T E 7 C A P Í T U L O T R E Z E

(6)

O Enfoque Comportamental

B.F. Skinner

Ratos, Pombos e um Organismo Vazio A Vida de Skinner (1904-1990) Reforço: A Base do Comportamento Programações de Reforços

Aproximação Sucessiva: A Modelação do Comportamento Comportamento Supersticioso

O Auto-Controle do Comportamento

As Aplicações do Condicionamento Operante Questões sobre a Natureza Humana

A Avaliação na Teoria de Skinner Pesquisa na Teoria de Skinner Comentário Final

Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

O ENFOQUE APRENDIZADO SOCIAL

Albert Bandura

A Vida de Albert Bandura (1925 - )

Modelagem: A Base do Aprendizado Observacional Os Processos de Aprendizado Observacional O Self

Os Estágios de Desenvolvimento da Modelagem e Auto-Eficiência Modificação Comportamental

Questões sobre a Natureza Humana A Avaliação na Teoria de Bandura Pesquisa na Teoria de Bandura Comentário Final Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

Julian Rotter

A Vida de Rotter (1916 - ) A Teoria do Aprendizado Social Conceitos Básicos

Conceitos Mais Amplos Necessidades Psicológicas Local de Controle

Confiança Interpessoal

Questões sobre a Natureza Humana A Avaliação na Teoria de Rotter

P A R T E 8 x Índice C A P Í T U L O Q U A T O R Z E P A R T E 9 C A P Í T U L O Q U I N Z E C A P Í T U L O D E Z E S S E I S PAG.303.quadro 3/4/02 2:39 PM Page x

(7)

Índice xi Pesquisa na Teoria de Rotter

Comentário Final Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

O Enfoque do Território Limitado

As Teorias de Personalidade de Território Limitado

David McClelland: A Necessidade de Realização Marvin Zuckerman: A Busca de Sensações Martin E. P. Seligman: Desamparo Aprendido Resumo do Capítulo Perguntas de Revisão Sugestão de Leitura

A Personalidade em Perspectiva

O Fator Genético O Fator Ambiental O Fator Aprendizado O Fator Parental O Fator Desenvolvimento O Fator Consciência O Fator Inconsciência A Personalidade Feliz Perguntas de Revisão Glossário Referências Índice de Autores Índice de Assuntos P A R T E 1 0 C A P Í T U L O D E Z E S S E T E C A P Í T U L O D E Z O I T O PAG.303.quadro 3/4/02 2:39 PM Page xi

(8)

O Estudo da Personalidade:

Avaliação, Pesquisa e Teoria

O Estudo da Personalidade Todos têm uma

Descrevendo a sua personalidade Como a personalidade se desenvolve? O Lugar da Personalidade na História da Psicologia

O estudo do consciente O estudo do comportamento O estudo do inconsciente

O estudo científico da personalidade Definições de Personalidade

Como os outros nos vêem Características permanentes Características peculiares Questões de Gênero e Etnia na Personalidade

Psicologia intercultural

Influências étnicas e raciais na psicologia nor-te-americana

A Avaliação no Estudo da Personalidade Padronização, confiabilidade e validade Inventários do [Self-Report]

Técnicas projetivas

Entrevistas clínicas Avaliação comportamental Amostragem de idéias

Questões de Gênero e etnia na avaliação

A Pesquisa no Estudo da Personalidade O método clínico

O método experimental O método correlacional

A Teoria no Estudo da Personalidade Teorias formais e pessoais

Subjetividade nas teorias da personalidade Questões sobre a Natureza Humana

Livre-arbítrio ou determinismo? Natureza ou criação Passado ou presente? Singularidade ou universalidade? Equilíbrio ou crescimento? Otimismo ou pessimismo?

As influências culturais na natureza humana Resumo do Capítulo

Perguntas de Revisão Sugestões de Leitura

3

U

M

As teorias sobre a personalidade são mapas da mente.

— Harvey Mindess PAG.303.CAP01 3/4/02 2:40 PM Page 3

(9)

Todos têm uma

Todos têm uma personalidade e a sua vai ajudar a determinar os limites do suces-so, felicidade e realização na sua vida. Nós estamos falando de personalidade e não é exagero afirmar que ela é um de seus patrimônios mais importantes. Ela já ajudou a modelar grande parte da sua vida e continuará a fazê-lo no futuro.

Tudo o que você conseguiu até agora, tudo o que espera conseguir, se vai ser um bom cônjuge, bom pai ou boa mãe e até mesmo, seu estado geral de saúde podem ser influenciados pela sua personalidade e pela das pessoas com quem você interage.

Quantas vezes já descreveu alguém com uma personalidade extraordiná-ria? Com isso, você está querendo dizer que essa pessoa é afável, agradável, boa companhia e alguém com quem é fácil se dar bem — o tipo de pessoa que sele-cionaria como amiga, companheira de casa ou colega de trabalho. Se você for um gerente, talvez opte por contratá-la; se estiver preparado para se envolver em um relacionamento, talvez se case com essa pessoa baseando-se na sua percep-ção da personalidade dela.

Você também conheceu pessoas cuja personalidade descreveria como horrí-vel. Elas podem ser indiferentes, hostis, agressivas, descorteses ou alguém com quem é difícil se dar bem. Você não as contrataria ou se associaria a elas e elas também poderiam, igualmente, ser rejeitadas e isoladas pelos outros.

Enquanto julga a personalidade dos outros, eles também estão julgando a sua. Essas opiniões mútuas que moldam tanto a vida dos julgadores como a dos julgados são dadas inúmeras vezes no decorrer de nossa vida, sempre que nos de-paramos com uma situação social que exige que interajamos com novas pessoas. Obviamente, a quantidade e a variedade de situações sociais de que você está dis-posto a participar também são determinadas pela sua personalidade — por exem-plo, a sua relativa sociabilidade ou timidez. Você sabe em que posição se encon-tra em relação a esse fator, assim como indubitavelmente tem um quadro razoavelmente claro da sua personalidade geral.

Descrevendo a sua personalidade

É fácil e rápido tentar somar o conjunto das características de personalidade de uma pessoa utilizando termos vagos como extraordinária e horrível. O assun-to personalidade é complexo demais para uma descrição tão simplista, pois os se-res humanos são demasiadamente complexos e mudam em situações diferentes e com pessoas também diferentes. Nós temos de ser mais precisos na nossa lingua-gem para definir e descrever adequadamente a personalidade. Por esse motivo, os psicólogos vêm se esforçando consideravelmente para elaborar testes que ava-liem a personalidade.

Você pode achar que não precisa de testes psicológicos para lhe dizer como é a sua personalidade e, no geral, até pode estar certo. Afinal, provavelmente co-nhece a si mesmo melhor do que ninguém.

Se lhe pedissem para descrever a sua personalidade, sem dúvida o faria sem pensar muito. Então, façamos isso. Pegue papel e lápis e escreva a maior quanti-dade de adjetivos que conseguir para descrever como você realmente é e não co-mo gostaria de ser ou coco-mo quer que os seus professores, pais ou amigos o des-crevam. Tente não usar a palavra extraordinária, mesmo que se aplique ao seu caso.

Quantas palavras selecionou? Seis? Dez? Algumas a mais? Um teste de per-sonalidade amplamente utilizado — a Lista de Conferência de Adjetivos —

ofe-O Estudo da Personalidade

4 PARTE 1 Introdução

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rece uma quantidade surpreendente de 300 adjetivos para descrever a personali-dade. As pessoas que estão fazendo o teste escolhem aqueles que melhor lhes des-crevem (Gough e Heilbrun, 1983). Não lhe pediremos para verificar os 300 adje-tivos, somente os 30 listados no Quadro 1.1. Assinale aqueles que acha que se aplicam a você. Agora, você tem uma descrição mais detalhada da sua persona-lidade, mas lembre-se de que, no teste de verdade, teria mais 270 para escolher.

Como a personalidade se desenvolve?

O foco neste livro não é como é a sua personalidade. Você não precisa de um cur-so de psicologia para aprender iscur-so. O que estudaremos são as forças e os fatores que a modelam. Mais adiante neste capítulo, analisaremos algumas questões bá-sicas sobre a natureza da personalidade, por exemplo: se nascemos com um de-terminado tipo de personalidade ou se ela é formada a partir do que aprendemos com nossos pais; se ela é influenciada por forças inconscientes ou se muda de-pois da nossa infância.

Neste livro, descrevemos uma série de teorias que foram propostas para aju-dar a responder a essas e outras perguntas relacionadas com a natureza humana. Depois de discuti-las — o que são, como se desenvolveram e o seu status atual —, avaliamos a sua utilidade para responder às nossas questões e contribuir para uma compreensão do desenvolvimento da personalidade.

Nós podemos pensar em todos esses teóricos como peças que contribuem pa-ra um gpa-rande quebpa-ra-cabeça. É por isso que estudamos as suas idéias, embopa-ra al-guns dos seus conceitos tenham sido formulados há décadas. Os psicólogos con-tinuam tentando encaixar essas peças para formar uma imagem mais clara, um quadro mais completo do que nos faz ser como somos.

Como o estudo da personalidade é tão fundamental para a compreensão da natu-reza humana, você poderia pressupor que ela sempre ocupou um lugar de desta-que na psicologia. Por mais da metade da história da psicologia como ciência, no entanto, os psicólogos deram relativamente pouca atenção à personalidade.

A psicologia surgiu como uma ciência independente e basicamente experi-mental de uma amálgama de idéias emprestadas da filosofia e fisiologia. Nasceu no final do século XIX, na Alemanha, e foi em grande parte obra de Wilhelm Wundt, que criou o primeiro laboratório de psicologia em 1879 na Universidade de Leipzig.

UM O Estudo da Personalidade: Avaliação, Pesquisa e Teoria 5 Q U A D R O 1 . 1 Lista de Verificação de Adjetivos.

Assinale as palavras que se aplicam à sua personalidade

––––– afetuosa ––––– alegre ––––– ambiciosa ––––– assertiva ––––– cínica ––––– compreensiva ––––– confiante ––––– descontraída ––––– desinibida ––––– dominadora ––––– exigente ––––– forte ––––– generosa ––––– impaciente ––––– introvertida ––––– irritável ––––– mal-humorada ––––– meiga ––––– orgulhosa ––––– otimista ––––– persistente ––––– pudica ––––– receosa ––––– sarcástica ––––– sensível ––––– sociável ––––– submissa ––––– teimosa ––––– tolerante ––––– vingativa

O Lugar da Personalidade na História da Psicologia

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O estudo do consciente

A nova ciência da psicologia concentrou-se na análise da experiência do cons-ciente nas suas partes fundamentais. Os seus métodos tiveram como modelo o en-foque utilizado nas ciências naturais. A Física e a Química aparentemente esta-vam desvendando os segredos do universo físico, reduzindo toda a matéria aos seus elementos básicos e analisando-os. Se o mundo físico podia ser compreen-dido sendo desmembrado em elementos, a mente ou o mundo mental não pode-ria ser estudado do mesmo modo?

Wundt e outros psicólogos de sua época que estavam preocupados em estu-dar a natureza humana foram grandemente influenciados pelo enfoque das ciên-cias naturais e continuaram a aplicá-lo no estudo da mente. Como esses pesqui-sadores se limitaram ao método experimental, eles estudaram somente os processos mentais que poderiam ser afetados por algum estímulo externo que poderia ser ma-nipulado e controlado pelo experimentador. Nesse enfoque de psicologia experi-mental, não havia espaço para um tópico tão complexo e multidimensional como a personalidade. Ele não era compatível com o assunto ou os métodos da nova psicologia.

O estudo do comportamento

Nas primeiras décadas do século XX, o psicólogo norte-americano John B. Wat-son, na Universidade John Hopkins, em Baltimore, Maryland, provocou uma re-volução contra o trabalho de Wilhelm Wundt. O movimento de Watson, denomi-nado behaviorismo, opunha-se ao foco de Wundt na experiência consciente. Mais dedicado que Wundt a um enfoque das ciências naturais, Watson argumentou que se a psicologia quisesse ser uma ciência, teria de se concentrar somente nos as-pectos tangíveis da natureza humana; só o comportamento evidente — e não o consciente — poderia ser o seu tópico legítimo. Para ele, o consciente não pode ser visto ou experimentado. Conseqüentemente, como o conceito de alma dos fi-lósofos, o consciente não tem significado para a ciência. Os psicólogos precisam lidar somente com o que podem manipular e medir, isto é, estímulos externos e as respostas comportamentais das pessoas a eles. Segundo Watson, o que aconte-ce dentro da pessoa após o estímulo ser apresentado e antes de a resposta ser da-da não pode ser visto. Como só podemos especular sobre isso, não é de interesse ou de valor para a ciência.

O behaviorismo apresenta uma visão mecanicista dos seres humanos como máquinas bem reguladas que respondem automaticamente a estímulos externos. Foi dito que o behaviorismo vê as pessoas como uma espécie de máquina auto-mática de vendas. Colocam-se os estímulos e as respostas adequadas, aprendidas com as experiências passadas, saem. Nessa teoria, a personalidade é um acúmu-lo de respostas aprendidas ou sistemas de hábitos, uma definição apresentada pos-teriormente por B. F. Skinner (ver Capítulo 14). Portanto, os behavioristas redu-ziram a personalidade ao que podia ser visto e observado objetivamente e não havia lugar na sua teoria para as forças do consciente e do inconsciente. No en-tanto, os teóricos mais recentes da aprendizagem social (capítulos 15 e 16), que oferecem explicações derivadas das versões de behaviorismo de Watson e Skin-ner, restituíram à personalidade alguma medida de consciência.

Se Watson e os primeiros psicólogos comportamentais descartaram todas es-sas noções, sentimentos e complexidades que vêm à mente quando utilizamos a palavra personalidade, então onde estão? O que acontece com a nossa consciên-cia enquanto estamos acordados? Onde estão as forças inconscientes que às vezes parecem nos levar a agir de uma maneira sobre a qual sentimos não ter controle?

Behaviorismo. A escola

da psicologia, fundada por John B. Watson, que se concentrava na psicologia como um estudo do comportamento evidente em vez de processos mentais. 6 PARTE 1 Introdução PAG.303.CAP01 3/4/02 2:40 PM Page 6

(12)

O estudo do inconsciente

Esses aspectos da natureza humana foram enfocados por uma terceira linha de questionamento, que surgiu independentemente de Wundt e Watson, e foram in-vestigados por Sigmund Freud a partir da década de 1890. Freud, um médico de Viena, Aústria, chamou o seu sistema de psicanálise. Psicanálise e psicologia não são sinônimos ou termos permutáveis. Freud não era um psicólogo por treina-mento, mas um médico que exercia clínica particular e trabalhava com pessoas que sofriam de problemas emocionais. Embora treinado como cientista, ele não utilizou o método experimental; em vez disso elaborou a sua teoria da personali-dade com base na observação clínica de seus pacientes. Durante uma longa série de sessões psicanalíticas, aplicou sua interpretação criativa com base no que os pacientes lhe contavam sobre os seus sentimentos e experiências passadas, tanto os reais quanto os fantasiados. Portanto, o seu enfoque diferencia-se muito da in-vestigação laboratorial rigorosa dos elementos da experiência consciente ou do comportamento.

Inspirado pelo enfoque psicanalítico de Freud, um grupo de teóricos da per-sonalidade desenvolveu conceitos peculiares do comportamento humano fora da corrente principal da psicologia experimental. Esses teóricos, os neopsicanalis-tas (capítulos 3 a 7), concentravam-se na pessoa como um todo de acordo com a maneira como ela agia no mundo real, e não em elementos de comportamento ou de unidades de estímulos-respostas, como estudado na psicologia de laboratório. Os neopsicanalistas aceitavam a existência de forças conscientes e inconscien-tes, e os behavioristas, a existência apenas do comportamento observável. Con-seqüentemente, os primeiros teóricos da personalidade eram especulativos em seus trabalhos, fundamentando-se mais em deduções baseadas na observação do comportamento de seus pacientes do que na análise quantitativa dos dados de laboratório.

O estudo científico da personalidade

Portanto, a psicologia experimental e o estudo formal da personalidade começa-ram em duas tradições separadas, utilizando métodos distintos e visando atingir objetivos diferentes. É preciso observar que a psicologia experimental, nos seus anos de formação, não ignorava totalmente a personalidade — estudavam-se al-guns de seus aspectos —, mas não existia uma área de especialização distinta de-nominada personalidade como havia na psicologia infantil ou social.

Somente no final da década de 1930 o estudo da personalidade foi formali-zado e sistematiformali-zado na psicologia norte-americana, principalmente com o traba-lho de Henry Murray e Gordon Allport, da Universidade de Harvard (ver capítu-los 7 e 9). Depois dos seus esforços iniciais surgiram livros profissionais e revistas, as universidades passaram a oferecer cursos e foram feitas pesquisas. Es-sas atividades sinalizavam um reconhecimento cada vez maior de que algumas áreas que preocupavam os psicanalistas e neopsicanalistas poderiam ser incorpo-radas à psicologia. Os psicólogos acadêmicos começaram a crer que era possível desenvolver um estudo científico da personalidade.

Atualmente, os psicólogos experimentais utilizam cada vez mais conceitos da teoria freudiana e seus derivativos e os seguidores da tradição psicanalítica es-tão vendo os benefícios do enfoque experimental. No entanto, ainda não ocorreu uma fusão completa dos dois campos. Eles começaram separadamente e, na maior parte, assim permaneceram. Cada um deles oferece vantagens e desvanta-gens, e é o que veremos nos capítulos seguintes.

UM O Estudo da Personalidade: Avaliação, Pesquisa e Teoria 7

Psicanálise. A teoria da

personalidade e o sistema de terapia de Sigmund Freud para tratar distúrbios mentais.

(13)

8 PARTE 1 Introdução

É freqüente utilizarmos a palavra “personalidade” ao descrevermos os outros e a nós mesmos; mas sabemos o que ela significa? Talvez. De acordo com um psicó-logo, poderemos até ter uma idéia se examinarmos o que queremos ao utilizar a palavra eu (Adams, 1954). Ao dizer eu, na verdade e você está resumindo tudo sobre si mesmo — do que gosta ou não os seus temores e virtudes, pontos fortes e fracos. A palavra eu é o que o diferencia de todos os outros.

Como os outros nos vêem

Para definir a palavra mais precisamente, podemos examinar a sua fonte. “perso-nalidade” vem da palavra latina persona, que se refere à máscara utilizada pelos atores em uma peça. É fácil perceber como persona passou a se referir à aparên-cia externa que mostramos aos que nos rodeiam.

Portanto, baseados na sua derivação, podemos concluir que a personalidade diz respeito às nossas características externas e visíveis, aqueles nossos aspectos que os outros podem ver; seria, então, definida em termos da impressão que provoca-mos nas pessoas, isto é, aquilo que aparentaprovoca-mos ser. A sua definição em um dicio-nário comum concorda com esse raciocínio. Ela afirma que personalidade é o as-pecto visível do caráter de uma pessoa, à medida que ela impressiona os outros.

Mas isso é tudo o que queremos dizer quando usamos a palavra “personali-dade?” Estamos falando do que podemos ver ou do que uma pessoa parece ser para nós? A personalidade refere-se unicamente à máscara que utilizamos e ao pa-pel que representamos? É evidente que, ao falarmos de personalidade, nos refe-rimos a mais do que isso. Nós incluímos vários atributos de uma pessoa, o total ou um conjunto de características que vão além das qualidades físicas superfi-ciais. A palavra também engloba uma série de qualidades sociais e emocionais subjetivas — as quais talvez não possamos ver diretamente — que uma pessoa pode tentar esconder de nós ou que podemos tentar esconder dos outros.

A nossa personalidade pode ser a máscara que usamos quando enfrentamos o mundo exterior.

Definições de Personalidade

(14)

Características permanentes

Ao fazermos uso da palavra “personalidade”, podemos também estar nos referin-do a características permanentes: pressupomos que ela seja relativamente estável e previsível. Embora reconheçamos, por exemplo, que um(a) amigo(a) possa es-tar calmo(a) na maior parte do tempo, sabemos que ele ou ela pode se exales-tar ou entrar em pânico em outras ocasiões. A personalidade não é rígida e imutável, ela pode variar de acordo com as circunstâncias.

Na década de 1960, promovido pelo psicólogo Walter Mischel, surgiu um debate dentro da psicologia sobre o impacto relativo de variáveis pessoais perma-nentes, como traços e necessidades, e das variáveis situacionais (Mischel, 1968, 1973). A controvérsia continuou na literatura da área por 20 anos e terminou no final da década de 80. A maioria dos psicólogos de personalidade solucionou a questão aceitando um enfoque interativo, em que os traços pessoais permanentes, os aspectos mutáveis da situação e a interação entre eles deveriam ser levados em consideração para proporcionar uma explicação completa da natureza humana (Carson, 1989; Magnusson, 1990; McAdams, 1997).

Características peculiares

A nossa definição de personalidade pode incluir também o conceito da peculiari-dade humana. Nós vemos similaripeculiari-dades entre as pessoas, mas sentimos que cada um de nós possui propriedades especiais que nos diferenciam dos outros. Assim sendo, podemos dizer que a personalidade é um agrupamento permanente e pe-culiar de características que podem mudar em resposta a situações diferentes.

Essa também não é uma definição com a qual todos os psicólogos concor-dam. Para maior precisão, analisemos o que cada teórico da personalidade quer dizer com o termo. Cada um deles oferece uma visão pessoal da natureza da per-sonalidade e esse ponto de vista tornou-se a definição deles. E é disso que trata este livro: conseguir entender as várias versões do conceito de personalidade e analisar as diversas maneiras de definir a palavra eu.

Os psicólogos interessados na personalidade fizeram mais do que formular teorias nas suas tentativas de definir a natureza dela. Eles também investiram uma quantidade razoável de tempo e esforço para avaliar a personalidade e pesquisar os seus vários aspectos. Embora o foco básico deste livro sejam as teorias, des-creveremos as técnicas de avaliação e os resultados de pesquisas relevantes de ca-da uma delas.

Os teóricos da personalidade aqui discutidos oferecem visões diferentes da natu-reza da personalidade humana. No entanto, apesar das suas divergências, eles com-partilham de algumas características definidoras: todos são brancos, de origem eu-ropéia ou norte-americana e na maioria são homens.

É claro que não havia nada de extraordinário nessa situação, dado o perío-do no qual a maioria desses pesquisaperío-dores e teóricos estava desenvolvenperío-do suas idéias. Na época, quase todos os grandes avanços nas artes, filosofia, literatura e ciências, inclusive a elaboração do método científico, foram propostos por ho-mens brancos norte-americanos ou europeus. Em muitas áreas, as oportunida-des educacionais e profissionais para as mulheres e de minorias étnicas eram limitadas.

UM O Estudo da Personalidade: Avaliação, Pesquisa e Teoria 9

Personalidade.

Os aspectos internos e externos peculiares relativamente permanentes do caráter de uma pessoa que influenciam o comportamento em situações diferentes.

Referências

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