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Estudo da competitividade setorial no grupo de relação: construtora e empreiteira de mão-de-obra - Indústria da construção civil

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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE SETORIAL NO GRUPO DE

RELAÇÃO: CONSTRUTORA E EMPREITEIRA DE MÃO-DE-OBRA

- INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL –

Hércules Nunes de Araújo

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção

do Título de Doutor em Engenharia de Produção

Florianópolis 2003

(2)

Hércules Nunes de Araújo

ESTUDO DA COMPETITIVIDADE SETORIAL NO GRUPO DE

RELAÇÃO: CONSTRUTORA E EMPREITEIRA DE MÃO-DE-OBRA

- INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL –

Esta Tese foi julgada e aprovada para obtenção do Título de Doutor em

Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 14 de outubro de 2003.

__________________________________ Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

_____________________________ Prof. Antônio Edésio Jungles, Dr.

Orientador

_________________________ Prof. Oscar Ciro Lopez, Dr.

Moderador

____________________________ Prof. Neri dos Santos, Dr. Ing.

Membro

_____________________________________ Profa. Rosangela Mauzer Casarotto, Dra.

Membro Externo

_________________________________ Prof. Carlos Henrique Orssatto, Dr.

(3)

Dedico este trabalho:

À minha esposa Silvana,

por seu amor, dedicação e compreensão, fundamentais para que eu pudesse alcançar este objetivo.

Ao meu irmão Ricardo (in memoriam),

quando questionado sobre o significado de sua pintura afirmou: “Se tivesse o dom de me expressar com palavras, não pintaria quadros abstratos, escreveria livros.”

(4)

Agradeço...

Aos meus pais, Helenita e Antônio, pelo amor que sempre superou as dificuldades encontradas ao longo da minha vida e em especial ao apoio dado na busca dos meus objetivos;

Aos meus queridos irmãos e demais familiares que me incentivaram nestes anos;

Ao professor Antônio Edésio Jungles pela orientação e dedicação no desenvolvimento deste trabalho;

Ao amigo Professor Carlos Henrique Orssatto pela valiosa co-orientação e incentivo durante o desenvolvimento desta pesquisa;

À amiga Professora Cristine do Nascimento Mutti pela colaboração na realização deste trabalho;

Aos Professores Neri dos Santos, Oscar Ciro Lopez, Rosângela Mauzer Casarotto e Carlos Henrique Orssatto membros da banca, pelas valiosas contribuições apresentadas que permitiram aperfeiçoar este trabalho;

Aos Dirigentes da Universidade do Sul de Santa Catarina, em especial ao Professor Valter Alves Schimitz, pelo apoio e reconhecimento da importância deste trabalho para a nossa Universidade;

Aos Alunos, Professores e Funcionários do Curso de Engenharia Civil da UNISUL, por compreenderem a minha ausência durante o desenvolvimento deste trabalho, em especial, a Professora Eliete de Medeiros Franco, pelo apoio na condução da Coordenação do Curso; Às Professoras Mara Regina Gomes e Glene Fagundes, e ao Senhor Cezar T. Albernaz pelo apoio e incentivo;

Aos Professores e Funcionários do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFSC;

Aos dirigentes, empresários e demais funcionários das doze empresas participantes deste trabalho, que por questão ética, conforme acertado na fase de coleta de dados, não serão identificados;

Aos Representantes de Classe entrevistados: Eng. Flávio Matte (MVR Consultores Asssociados), Eng. Walter Isernhagen (SINDUSCON e Tríplice Engenharia), Eng. Roberto Deschamps (SINDUSCON), Eng. Romson Romagna (SENAI e UNISUL), Eng. Régis Signor (CEF), Professor Roberto de Oliveira (UFSC) e Professora Cristine Mutti (UFSC);

A todos que, de alguma forma, participaram da realização deste trabalho;

A Deus pela proteção, saúde e sabedoria que tem me dado ao longo da minha vida, em especial pela existência de todos os citados anteriormente.

(5)

SUMÁRIO

RESUMO

7

ABSTRACT

8

LISTA DE FIGURAS

9

LISTA DE QUADROS

9

LISTA DE GRÁFICOS

10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

12

1. INTRODUÇÃO

14

1.1 TEMA DA PESQUISA 22 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA 22 1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA 24 1.3.1 Objetivo Geral 24 1.3.2 Objetivos Específicos 24

1.4 ORIGINALIDADE, RELEVÂNCIA E NÃO TRIVIALIDADE DO TEMA 24

1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 26

1.6 ESTRUTURAÇÃO DA TESE 28

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

30

2.1 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA 30

2.1.1 Ações Desenvolvidas no Ambiente da Construção Civil 31

2.1.2 Segmentação do Mercado de Bens Gerados pela Indústria da Construção Civil 40

2.1.3 Sistemas de Administração e Planejamento no Ambiente da Construção Civil 44

2.2 O ESTUDO DA COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL 49

2.2.1 Ambiente Competitivo 53

2.2.2 Modelos para Análise da Competitividade 54

2.2.2.1 Abordagem Peteriana 55

2.2.2.2 Abordagem Porteriana 59

2.2.2.3 Abordagem Contextual 61

2.2.2.4 Modelos de Adaptação Competitiva 67

2.2.3 Escolha da Estratégia Competitiva 71

2.2.4 Estratégia Competitiva no Setor da Construção Civil 73

2.2.4.1 A Cadeia de Valor na Indústria da Construção Civil 76

2.2.4.2 A Estrutura e as Relações da Cadeia Produtiva no Ambiente da Construção

Civil 82

2.3 RELAÇÕES ENTRE EMPRESAS 86

2.3.1 Alianças Estratégicas 87

2.3.2 Os Grupos de Relação 93

2.3.3 O Modelo Firma no Setor 97

2.3.3.1 As Condições Objetivas 98

2.3.3.2 A Arena Cognitiva 98

2.3.3.3 A Rede de Trabalho Colaborativa 100

2.3.4 Os Gerentes da Relação 101

(6)

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

112

3.1 CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA 113

3.2 DELINEAMENTO DE PESQUISA 120

3.2.1 Campo de Atuação 125

3.2.2 Delimitação da Unidade-Caso – População/Amostra 125

3.2.3 Coleta de Dados 131

3.2.3.1 Entrevistas com Entidades de Classe 133

3.2.3.2 Entrevistas com Gerentes/Diretores de Construtoras e Empreiteiras 135

3.2.3.3 Observação Local 137

4. ESTUDO DE CASO

138

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS 139

4.1.1 Empresas Construtoras 140 4.1.1.1 Construtora C1 140 4.1.1.2 Construtora C2 141 4.1.1.3 Construtora C3 142 4.1.1.4 Construtora C4 143 4.1.1.5 Construtora C5 144 4.1.1.6 Construtora C6 146

4.1.2 Empresas Empreiteiras de Mão-de-Obra 147

4.1.1.1 Empreiteira E1 147 4.1.1.2 Empreiteira E2 149 4.1.1.3 Empreiteira E3 150 4.1.1.4 Empreiteira E4 151 4.1.1.5 Empreiteira E5 152 4.1.1.6 Empreiteira E6 153 4.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES 155 4.2.1. Fatores Sistêmicos 155

4.2.2 Fatores Estruturais (Setoriais) 164

4.2.2.1 Fatores Setoriais: Mercado, Configuração da Indústria e Concorrência 165

4.2.2.2 Fatores Setoriais: Rede Colaborativa 169

4.2.3 Fatores Internos à Empresa 180

4.3 SINTETIZAÇÃO DOS RESULTADOS 196

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

201

5.1 CONCLUSÕES DO ESTUDO 202

5.1.1 Análise da Metodologia Proposta 202

5.1.2 A Rede Colaborativa no Sub-Setor de Edificações 204

5.1.3 As Relações entre Construtora e Empreiteira e a Competitividade do Setor 206

5.2 PROPOSIÇÔES PARA TRABALHOS FUTUROS 209

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

211

APÊNDICES

224

APÊNCICE A – Formulário de Entrevistas das Construtoras 225

(7)

RESUMO

ARAÚJO, Hércules Nunes de Araújo. Estudo da competitividade setorial no grupo de

relação: construtora e empreiteira de mão-de-obra - Indústria da Construção Civil.

Florianópolis, 2003. 243 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, 2003. Os mercados, produtos e serviços, em constantes modificações, têm forçado as organizações empresariais a adotarem posturas que antecipem às mudanças, ou que, no mínimo, se adaptem a elas. Diante desse cenário, as empresas, de uma maneira geral, têm-se dado conta que é perigoso atuar de forma reativa a eventos e procuram formas de influenciar seu futuro. Isso tem acontecido em menor escala na Indústria da Construção Civil, porém alguns casos já podem ser observados. Sendo assim, a presente tese trata do estudo dos elementos influenciadores da competitividade no sub-setor de construção de edifícios, abordando a relação entre as empresas construtoras e as empresas empreiteiras de mão-de-obra. Na construção da proposta de análise, usou-se o Estudo da Firma no Setor, com sua abordagem nas condições objetivas, na arena cognitiva e na rede colaborativa, somando-se ao Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira, levando-se em consideração os fatores internos à empresa, os estruturais do setor e os sistêmicos. A aplicação dessa proposta permitiu analisar como se dão as interações entre as construtoras e as empreiteiras, e seus reflexos na competitividade do sub-setor edificações. A pesquisa foi desenvolvida com doze empresas que atuam na Região da Grande Florianópolis, sendo seis construtoras e seis empreiteiras de mão-de-obra. Verificou-se que a proposta do estudo mostrou ser consistente o suficiente para tratar a complexa “rede” da ICC e as questões intrínsecas a ela. Como resultado geral, observa-se que, quando estruturada de forma adequada, a subcontratação de serviços proporciona maior flexibilidade à empresa construtora, tornando-a mais ágil no mercado, além de justificar a necessidade das empreiteiras de mão-de-obra buscarem maior capacitação técnica, o que poderá proporcionar maior competitividade no sub-setor de edificações.

(8)

ABSTRACT

ARAÚJO, Hércules Nunes de. Study of the competitiveness of the sector between

subcontractor and the construction company – construction industry. Florianópolis,

2003. 243 f. Doctoral Thesis in Production Engineering, UFSC, Florianópolis, 2003.

The constant changes in the market, products and services, has became an issue for the business organization. This scenario has forced companies to have an attitude, which anticipate changes, or at least, adapt to them. Facing this market, the companies generally speaking, have realized that is risky to act in a reactive way to events, and they look for ways of influence their future. This has happened in a smaller scale in the construction industry, however some cases can already be spotted. Given that, this theory deals with the competitiveness in the sub-sector of building construction, considering the relation between the subcontractor company and the construction company. In the construction of the proposal of analysis, the study of a ‘Firm-in-Sector’ was used, with an approach on the objective conditions, in the cognitive arena and in the collaborative chain, adding to the Study of the Competitiveness in the Brazilian Industry, considering the internal factor of the companies, and the systematical and structural of the sector. The application of this proposal has made possible to analyze how the interaction between the subcontractor company and the construction company happens, and the effect of that in the competitiveness in the building construction. The research was developed with twelve companies that operate in the great Florianópolis area, from these six were subcontractor companies and six were construction companies. It was verified that, the proposal of the study showed up as consistent enough to treat the complex "chain" of the construction industry and the matters intrinsic to it. As a general result, it is possible to say that, when the sub-hiring of services is well structured, it provides a higher flexibility to the construction company, making it a lot more agile in the market. Besides justifying the need for the subcontractor companies to search for more technician training, which provides more competitiveness in the sub-sector of building construction.

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura básica da cadeia produtiva da construção 27

Figura 2 Modelo do Processo de Gestão da Qualidade 34

Figura 3 Gerenciamento do processo 35

Figura 4 Estrutura básica da cadeia produtiva da construção 42

Figura 5 A Estrutura dos 7-S da McKinsey 56

Figura 6 Os Três Níveis do Desempenho (Organização, Processo e

Trabalho/Executor) 58

Figura 7 Forças que dirigem a concorrência na indústria 61

Figura 8 Modelo de Análise de Competitividade Ampliado 63

Figura 9 Fatores Determinantes da Competitividade da Indústria Brasileira 64

Figura 10 Fatores Internos à Empresa 65

Figura 11 Triângulo da Competitividade Estrutural 66

Figura 12 Cadeia construtiva para o Sub-setor de Edificações 79

Figura 13 Panorama mundial como impulsionador de alianças estratégicas 88

Figura 14 Tipologia das alianças estratégicas e seus aspectos facilitadores e

dificultadores 90

Figura 15 Camada de elos entre empresas 91

Figura 16 Modelo da Firma no Setor 98

Figura 17 Fluxograma das atividades de pesquisa 124

Figura 18 Relação de Grupos (ECIB - Firma no Setor) 129

Figura 19 Fluxograma do esquema das atividades de coleta dos dados 133

Figura 20 Ambiente relacional (classificação das relações de parceria) 197

Figura 21 Ambiente relacional (síntese das relações entre construtoras e empreiteiras

investigadas) 198

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificação dos bens gerados pela ICC 43

Quadro 2 Dimensões da gestão no Brasil 51

Quadro 3 As nove Variáveis do Desempenho 59

Quadro 4 As novas formas de racionalização da produção 72

(10)

Quadro 6 Os principais processos da cadeia de valores de uma empresa de

construção de edifícios 81

Quadro 7 Entraves no desenvolvimento da construção civil 83

Quadro 8 Fatores que impedem a alavancagem da indústria da construção no Brasil 84

Quadro 9 Os métodos de pesquisa e os instrumentos de coleta de dados 115

Quadro 10 Roteiro para condução das entrevistas com as Entidades Representantes

de Classe 135

Quadro 11 Roteiro para condução das entrevistas com os Gerentes/Diretores de

Empresas 136

Quadro 12 Síntese dos dados gerais das construtoras pesquisadas 147

Quadro 13 Síntese dos dados gerais das empreiteiras pesquisadas 154

Quadro 14 Fatores Estruturais (Relação ao Mercado) 165

Quadro 15 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa - Construtoras) 177

Quadro 16 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa - Empreiteiras) 178

Quadro 17 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa - Construtoras) 178

Quadro 18 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa - Empreiteiras) 179

Quadro 19 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa - Empreiteiras) 179

Quadro 20 Fatores Internos à Empresa (Estratégia e Gestão) 185

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Fatores Sistêmicos (Fatores Macroeconômicos) 156

Gráfico 2 Fatores Sistêmicos (Fatores Macroeconômicos) 157

Gráfico 3 Fatores Sistêmicos (Fatores Internacionais) 158

Gráfico 4 Fatores Sistêmicos (Fatores Sociais) 159

Gráfico 5 Fatores Sistêmicos (Fatores Sociais) 160

Gráfico 6 Fatores Sistêmicos (Fatores Tecnológicos) 161

Gráfico 7 Fatores Sistêmicos (Fatores Fiscais e Financeiros) 163

Gráfico 8 Fatores Sistêmicos (Fatores Políticos Institucionais) 164

Gráfico 9 Fatores Estruturais (Concorrência da Indústria) 167

Gráfico 10 Fatores Estruturais (Concorrência da Indústria) 167

Gráfico 11 Fatores Estruturais (Concorrência da Indústria) 168

Gráfico 12 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa) 170

(11)

Gráfico 14 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa) 172

Gráfico 15 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa) 173

Gráfico 16 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa) 174

Gráfico 17 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa) 175

Gráfico 18 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa) 175

Gráfico 19 Fatores Estruturais (Rede Colaborativa) 176

Gráfico 20 Fatores Internos à Empresa (Estratégia e Gestão) 182

Gráfico 21 Fatores Internos à Empresa (Estratégia e Gestão) 183

Gráfico 22 Fatores Internos à Empresa (Estratégia e Gestão) 184

Gráfico 23 Fatores Internos à Empresa (Estratégia e Gestão) 184

Gráfico 24 Fatores Internos à Empresa (Estratégia e Gestão) 186

Gráfico 25 Fatores Internos à Empresa (Capacitação para Inovação) 187

Gráfico 26 Fatores Internos à Empresa (Capacitação Produtiva) 188

Gráfico 27 Fatores Internos à Empresa (Capacitação Produtiva) 188

Gráfico 28 Fatores Internos à Empresa (Capacitação Produtiva) 189

Gráfico 29 Fatores Internos à Empresa (Capacitação Produtiva) 190

Gráfico 30 Fatores Internos à Empresa (Recursos Humanos) 191

Gráfico 31 Fatores Internos à Empresa (Recursos Humanos) 192

Gráfico 32 Fatores Internos à Empresa (Recursos Humanos) 192

Gráfico 33 Fatores Internos à Empresa (Recursos Humanos) 193

Gráfico 34 Fatores Internos à Empresa (Recursos Humanos) 194

Gráfico 35 Fatores Internos à Empresa (Recursos Humanos) 195

(12)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANTAC Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído

CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção

CCA Carta de Crédito Associativo

CEF Caixa Econômica Federal

CEDEP Centro de Desenvolvimento Empresarial

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

COBRACON Comitê Brasileiro da Construção Civil

CPGEC Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFSC

CREA Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura

DEC Departamento de Engenharia Civil

ECIB Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira

ENCOL S. A. Engenharia Comércio e Indústria

FCCP-ICC Fórum de Competitividade da Indústria da Construção Civil

FIESC Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICC Indústria da Construção Civil

IPT Instituto de Pesquisa Tecnológicas

ISO Organização Internacional para Normalização - ‘International

Organization for Standardization’

JICA Japan International Cooperation Agency

MCT Ministério da Ciência e Tecnologia

MIT Ministry of Land, Infrastructure and Transport

MDIC Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

NEE Núcleo de Estudos Estratégicos da UFSC

NORIE Núcleo Orientado à Inovação da Edificação

PAR Programa de Arrendamento Residencial

PBPTI Programa Brasileiro de Prospectiva Tecnológica Industrial

PBQP-h Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção

Habitacional

PBQP-Habitat Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat

PECTIATAC Plano Estratégico para Ciência, Tecnologia e Inovação na Área de

(13)

PECTIATAC-CH Plano Estratégico para Ciência, Tecnologia e Inovação na Área de

Tecnologia do Ambiente Construído com Ênfase na Construção Habitacional

PIB Produto Interno Bruto

PMF Prefeitura Municipal de Florianópolis

Poli-USP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

PPA Plano Plurianual Avança Brasil (Governo Federal)

PPGEP Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da UFSC

PRONATH Programa Nacional de Tecnologia na Habitação

QUALIHAB Programa da Qualidade da Habitação Popular

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena Empresa

SEDU Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (São Paulo)

SEDU Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da

República

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SESI Departamento Nacional do Serviço Social da Indústria

SFH Sistema Financeiro de Habitação

SINDUSCON Sindicato da Indústria da Construção Civil

SIQ Sistema Integrado de Qualidade

UEN Unidades Estratégicas de Negócio

UFF Universidade Federal Fluminense

UFPB Universidade Federal da Paraíba

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(14)

1. INTRODUÇÃO

Grandes alterações vêm ocorrendo no sistema cultural, político, social e econômico. Os mercados, produtos e serviços, em constantes modificações, têm se tornado barreiras para as organizações empresariais, nos diversos setores da economia. Esse panorama tem forçado as empresas a adotarem posturas que antecipem às mudanças, ou que, no mínimo, se adaptem a elas.

A Indústria da Construção Civil (ICC), até mesmo nos países europeus, segundo Campagnac (1993), vem sofrendo uma forte restrição de mercado, o que tem forçado o desenvolvimento de novas formas de racionalização da organização produtiva, objetivando, assim, a manutenção e aumento de desempenho.

Diante deste mercado em mutação, as empresas, de uma maneira geral, têm-se dado conta que é perigoso atuar de forma reativa a eventos e procuram formas de influenciar seu futuro. Isso tem acontecido em menor escala na ICC, porém alguns casos já podem ser observados, pois, segundo Cardoso (2002), as atuais condições do macro ambiente da construção civil impõem às empresas o desafio de serem eficientes técnica e economicamente, diferente do que se encontrava, há alguns anos, quando a situação permitia às empresas negligenciar a eficiência técnico-econômica. Esta argumentação está fundamentada na idéia das empresas serem permeáveis ao meio ambiente para o desenvolvimento de suas estratégias.

Possivelmente, as poucas empresas que estão dando importância ao tema, atuando de modo mais pró-ativo, têm na sua gestão pessoas capazes de enxergar sua importância. Desta forma, Child e Smith (1987) afirmam que a habilidade dos gerentes em identificar e interpretar os requisitos do ambiente, e a eles responder, corretamente, é o meio pelo qual se garantirá a sobrevivência da organização.

Um importante passo foi dado no final do ano de 2001. O Programa Habitare da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a Associação Nacional de Tecnologia do

(15)

Ambiente Construído (ANTAC), apoiados pelo Ministério da Ciência e tecnologia (MCT) e pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), deram início à elaboração do Plano Estratégico para Ciência, Tecnologia e Inovação na Área de Tecnologia do Ambiente Construído (PECTIATAC). Este estudo teve como ponto de partida o documento ‘Necessidade de ações de desenvolvimento tecnológico na produção da construção civil e da construção habitacional’, elaborado pela Dra. Maria Angélica Covelo Silva para o MCT, além dos resultados do Workshop de mesmo nome, realizado em outubro de 2000.

O documento foi apresentado e discutido no Workshop ‘Habitare: Resultados e Perspectivas’, realizado na cidade de Florianópolis em novembro de 2001. Neste encontro participaram cerca de cinqüenta pessoas (representantes da comunidade acadêmica, de órgãos do governo federal e do setor produtivo). Deste encontro foi elaborado uma nova versão do documento proposto, inicialmente. A nova versão ficou disponível durante dois meses no site da FINEP. Em fevereiro de 2002, o conteúdo do documento foi novamente discutido no âmbito de Grupo de Trabalho de Inovação Tecnológica do Fórum de Competitividade da Construção Civil. Desse grupo participaram representantes da comunidade acadêmica de órgãos governamentais, de entidades setoriais da construção civil. De todo esse processo foi produzido o documento: ‘Plano Estratégico para Ciência, Tecnologia e Inovação na Área de Tecnologia do Ambiente Construído com Ênfase na Construção Habitacional’ (PECTIATAC-CH).

Esse documento representa muito para a indústria brasileira, em especial, para o setor da construção civil, pois nele está delineado, baseado em diagnóstico recente, uma visão do futuro para o Macro-complexo Construção Civil. Segundo o estudo em questão, a construção civil deve evoluir no sentido de contribuir para a sustentabilidade econômica, social e ambiental do país.

(16)

O estudo que aponta estratégias para a modernização do macro-complexo construção civil passa pelos seguintes aspectos:

• qualificação dos recursos humanos;

• infra-estrutura de tecnologia e serviços tecnológicos para inovação e

competitividade;

• integração da cadeia produtiva; • gestão ambiental,

• inovações relacionadas à gestão;

• inovações relacionadas à tecnologia da informação;

• inovações relacionadas às tecnologias de produtos, processos e sistemas

construtivos;

• mecanismos de financiamento; • re-qualificação da cidade informal; • disseminação da informação.

Verifica-se, assim, que o Macro-complexo da Construção Civil necessita de investimentos em diversos aspectos. Destaca-se aqui o aspecto da gestão da empresa, o qual está relacionado com todos os demais aspectos levantados. Assim sendo, o estudo apresenta nove pontos, que são:

• desenvolvimento de métodos de análise de cenários e tendências de mercado; • desenvolvimento e implementação de indicadores de desempenho para empresas

de setor;

• desenvolvimento de métodos de levantamento e análise das efetivas características

de uso dos produtos da construção habitacional e da avaliação da satisfação dos usuários;

(17)

• estabelecimento de parâmetros e desenvolvimento de ferramentas que permitam a

avaliação e simulação do desempenho dos produtos durante o processo de projeto;

• desenvolvimento de mecanismos que melhorem os projetos arquitetônicos e

urbanísticos no que se refere à qualidade dos espaços projetados;

• desenvolvimento e aplicação de conceitos de empreendedorismo e

responsabilidade social;

• desenvolvimento de métodos para implementação de planejamento e controle da

produção;

• desenvolvimento de métodos para a integração de sistemas de gestão da qualidade,

gestão ambiental e de gestão da higiene e segurança do trabalho.

Contribuindo neste sentido, o MDIC, através da Secretaria de Tecnologia Industrial e do Programa Fórum de Competitividade, está desenvolvendo o Programa Brasileiro de Prospectiva Tecnológica Industrial (PBPTI). Esse programa tem como objetivo realizar estudo prospectivo da cadeia produtiva da construção civil no Brasil, na produção e comercialização de unidades habitacionais, considerando-se o horizonte dos próximos dez anos (2003-2013). A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), através do Departamento de Engenharia Civil (DEC), é a instituição executora desse estudo.

Abordando a questão por esse ângulo, destaca-se a necessidade das empresas se conhecerem, o que levará a um melhor entendimento da ICC. Desta forma, algumas reflexões são importantes de serem feitas, até para direcionar os esforços de pesquisas: Por que nascem as empresas de construção civil? Qual o índice de crescimento das empresas de construção?

Onde estão as empresas de construção civil e quais suas estratégias competitivas? Quando se

faz o planejamento da empresa e o planejamento da obra? Como se dão os relacionamentos entre os diversos setores do macro-complexo? Quem: Engenheiro construtor ou empresas de construção?

(18)

Segundo Casarotto Filho (1995) a ordem mundial aponta para cenários de globalização da economia ou, no mínimo, por globalização por blocos, e isso exige novos padrões de competitividade.

Para Porter (1992), a competitividade é a busca de uma posição competitiva favorável em uma indústria. O autor afirma que a concorrência está no âmago do sucesso ou do fracasso de qualquer empresa. Segundo o autor, duas questões baseiam a escolha competitiva, a primeira é a atratividade das indústrias em termos de rentabilidade a longo prazo e os fatores que determinam esta atratividade, a segunda questão central, em estratégias competitivas, são os determinantes da posição competitiva relativa dentro da indústria, na maioria das indústrias, algumas empresas são mais rentáveis do que outras. Neste ponto, a ICC apresenta-se como bastante atrativa. Muitos investidores decidem entrar no ramo apresenta-sem mesmo apresenta-serem engenheiros (ZEGARRA et al., 2003).

Estudando 43 empresas de diversos setores, Casarotto Filho (1995) pôde constatar uma relação real entre o sucesso do empreendimento e a elaboração de estudos de mercado. Constatou também que existe uma forte relação entre o insucesso e a má orientação estratégica. Observa Casarotto Filho que, quanto aos estudos de viabilidade, as empresas, de uma maneira geral, optam por procedimentos ou técnicas simples, tanto para elaborar estudos prévios, quanto para a tomada de decisão.

Segundo o Relatório de Resultados do Fórum de Competitividade da Indústria da Construção Civil (FCCP-ICC), apresentado em setembro de 2001, os maiores desafios para a cadeia produtiva estão relacionados ao sub-setor edificações, principalmente, no que se refere à habitação.

Observa-se, na ICC, que a concepção e a execução da obra estão muito distantes. Vargas (1984), já, afirmava que a distância entre o projeto da habitação e o processo construtivo era muito grande. Um dos motivos é a própria distância geográfica, muitas vezes,

(19)

entre os escritórios que fazem a administração da empresa e as obras que fazem a execução das atividades e até entre as obras. Outra separação está entre a concepção e a execução, uma vez que os projetos referentes ao empreendimento, muitas vezes, são terceirizados, e as discussões para sua definição são realizadas em nível de diretoria, sem a participação dos engenheiros e mestres das obras. Conforme afirma Taigy: “Para o canteiro vem o dossiê de obra, com projetos e especificações. No caso de dúvidas, o engenheiro dirige-se ao diretor técnico no escritório” (TAIGY, 2001, p.115).

Essa distância entre os projetos e a execução também aparece na indústria da construção em outros países, conforme afirmam Salminem e Lanning (1999). Conforme o diagnóstico apresentado pela Construct I.T. (1997), a separação entre o processo de projetos e a execução da obra configura-se como o maior problema para a indústria da construção.

O panorama da ICC está caracterizado pela relação dinâmica entre a permanência de características tradicionais de um lado e as rupturas recentes que se manifestam em diversas dimensões do setor do outro. E isso, muitas vezes, impede o desenvolvimento tecnológico do setor (SENAI, 1995).

Segundo o Construct I.T. (1997), o gerenciamento da cadeia produtiva da indústria da construção precisa receber uma maior atenção por parte dos envolvidos. Nesta linha, o estudo prospectivo da indústria de construção, o PBPTI (2002, p.33), também conclui que existe uma insuficiente coesão entre os diversos segmentos da cadeia produtiva. Nesse sentido, o estudo afirma: “A heterogeneidade entre as empresas – diferenciados níveis tecnológicos e tamanhos diferentes – e os índices insuficientes de conformidade de materiais e processos são apenas algumas das indicações da baixa integração entre os elos da cadeia produtiva.” Além disso, chega-se a conclusão de que existe uma precariedade e escassez de indicadores disponíveis no setor e, ainda, aqueles disponíveis, muitas vezes, foram coletados de forma inadequada e não sistemática.

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Franco (2001); Serra (2001) concordam, afirmando que as empresas construtoras brasileiras não têm a prática de documentar seus procedimentos executivos, nem mesmo a inspeção desses serviços. Assim sendo, o domínio tecnológico fica limitado e variável em função da mão-de-obra utilizada.

Porter (1992) afirma que o padrão de vida de um país depende de sua capacidade de atingir um alto nível de produtividade nas indústrias em que as empresas competem. No sentido de aumentar o poder de competitividade, Coutinho e Ferraz (1993) sugerem a criação de bancos de dados juntos aos órgãos governamentais e/ou associação de classes, criando-se assim inteligências de mercados nos diversos setores da indústria brasileira. Os autores afirmam ainda que estudos e pesquisas sobre a competitividade devem ser contínuos e sistematizados, e não se constituírem em eventos esporádicos.

Por outro lado, nota-se no Brasil que a ICC vem se empenhando para incrementar o seu nível tecnológico e competitivo, procurando até retirar o estigma de atrasada e diminuir a desvantagem competitiva em relação a outras indústrias. Nos últimos anos, construtoras, universidades, órgãos de classe e pesquisadores, de um modo geral, têm investido tempo e recursos nesta área.

Em pesquisa realizada em construtoras do estado de São Paulo, capital e interior, nos primeiros anos da década de 90, Cardoso (1996) concluiu que o problema de ineficiência produtiva das empresas está associado à falta de eficácia produtiva. Nessa época, as empresas corriam o risco de não mais poderem garantir sua atividade de origem, que é construir. O autor concluiu que, face a um mercado cada vez mais competitivo, as empresas não devem ser apenas eficientes, elas devem se tornar mais competitivas e buscar a eficácia a partir da seguinte perspectiva: eficácia comercial-financeira atrelada a eficiência técnico-econômica. Neste aspecto, não se pode deixar de lado o papel dos subempreiteiros, atores que detêm a responsabilidade da execução das tarefas técnicas. Em estudo no ambiente da indústria da

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construção civil francesa, Bobroff, apud Cardoso (1996), afirma que as relações construtoras subempreiteiras não podem ficar apenas na justaposição de funções de forma superficial. A qualidade da transferência das informações é uma etapa obrigatória para a organização de redes entre os envolvidos. O autor afirma ainda que os subempreiteiros são alternadamente fornecedores e clientes, ou seja, as equipes e os modos de cooperação se recompõem, o que coloca em questão as formas clássicas de divisão do trabalho.

Do seu estudo, Cardoso (1996) concluiu que as construtoras brasileiras não podiam mais resolver sozinhas seus problemas ligados à gestão da mão-de-obra, pois estas tinham perdido uma grande parte do saber fazer técnico e organizacional. A pesquisa mostrou que as construtoras deveriam passar a contar com as subempreiteiras para superar os seguintes obstáculos: formação, qualificação e motivação da mão-de-obra; gestão da força de trabalho e, principalmente, a valorização do setor.

Segundo o Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira, a busca pela produtividade foi o foco central por mais de 100 anos, quando se privilegiava tarefas e/ou pessoas, tentando-se elevar a produtividade homem-máquina. Porém, hoje, a produtividade tem sido obtida através de investimentos em novas tecnologias e do estímulo comportamental pelo enriquecimento do trabalho. O estudo conclui afirmando que: “[...] o conjunto Homem -Máquina continua a ser uma preocupação da gestão, complementada, no entanto, pela preocupação com um outro conjunto, extremamente relevante, o Cliente/Concorrente/Empresa.” (COUTINHO e FERRAZ, 1993, p.1).

Cardoso (1997, p.37) afirma que “[...] a mão -de-obra desempenha um papel fundamental para haver ganho real de competência por parte da empresa.” Em outra afirmativa, o autor conclui “[...] os subempreiteiros constituem agentes que desempenham um papel capital, tanto para busca de qualidade, como para a de diversificação ou de redução dos prazos; além disso, eles propiciam novas fontes potenciais de ganhos e produtividade e,

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portanto, de custos.” Baseado nestas afirmativas e, em consonância com Casarotto (2002), conclui-se que o papel das subempreiteiras é fundamental para a competitividade das construtoras. Sendo assim, levanta-se uma questão importante: como se dá o relacionamento entre a empresa construtora e a subempreiteira?

Percebe-se que o papel dos subempreiteiros e sua relação com as construtoras face ao contexto concorrencial descrito, a complexidade das obras, a importância da gestão da mão-de-obra, as novas tecnologias construtivas encontradas no mercado e, por fim, a importância do setor para a sociedade, são assuntos que merecem estudos mais aprofundados.

1.1 TEMA DA PESQUISA

Competitividade Setorial - Indústria da Construção Civil: Sub-Setor Edificações.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Conforme afirmam Marconi e Lakatos (1999, p.28), a pesquisa sempre parte de um problema, ou seja, deseja-se responder, com a pesquisa, uma interrogação, um questionamento feito sobre determinado assunto. As autoras classificam problema como sendo “uma dificuldade, teórica ou prática no conhecimento de alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma solução.” Nesse sentido, esse segmento buscará formular o questionamento da pesquisa para o desenvolvimento da investigação proposta.

Nesta pesquisa, optou-se por apresentar uma pergunta, pois, em consonância com Gil (1991), formular uma pergunta é a maneira mais direta para se construir o problema de pesquisa e provocar, assim, a problematização.

Atualmente no Brasil, verifica-se que existem vários projetos de pesquisa voltados para o desenvolvimento da ICC. Estes estudos têm sido fonte de investigação e justificativa

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deste trabalho, pois, em cada diagnóstico apresentado, observam-se as várias frentes de trabalhos que têm necessidade de estudos aprofundados.

Partindo-se deste quadro, verifica-se que muitos trabalhos podem e devem ser desenvolvidos na indústria da construção para que se caminhe no sentido de crescimento do setor. Observa-se que um importante trabalho a ser desenvolvido deve ser aquele que busque respostas e soluções para o relacionamento entre as empresas construtoras e as empresas empreiteiras de mão-de-obra.

Constata-se que as construtoras, de um modo geral, têm incorporado os programas de qualidade, porém as empresas empreiteiras de mão-de-obra não têm participado diretamente de tais programas, e isso tem levado a um relacionamento conturbado, causando conflitos no desenvolvimento das atividades em conjunto.

A partir do panorama exposto, apresenta-se a pergunta de pesquisa: Como a relação

entre a empreiteira de mão-de-obra e a construtora interfere na competitividade no ambiente da construção civil?

Para responder a esta questão, é preciso, anteriormente, entender o contexto ambiental, as estratégias possíveis para enfrentar a realidade, a função e a importância do mercado da construção habitacional, para uma posterior definição do grupo de ações efetivas. Conforme Gil (1991), recomenda-se a formulação do problema de pesquisa, baseada em estudo da bibliografia existente, na imersão sistemática no objeto de pesquisa e em discussão com pessoas que acumulem experiência no setor.

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1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.3.1 Objetivo Geral

• Determinar como a relação entre construtora e empreiteira de mão-de-obra afeta a

competitividade na Indústria da Construção Civil, no sub-setor de edificações.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Aplicar o modelo da Firma no Setor em conjunto com a proposta do Estudo da

Competitividade da Indústria Brasileira para o sub-setor construção de edifícios, em especial, para o caso da interação entre construtoras e empreiteiras de mão-de-obra;

• Identificar os pontos positivos e negativos na subcontratação de serviços entre

construtoras e empreiteiras de mão-de-obra no sub-setor construção de edifícios;

• Verificar como os diretores de empresas, nos diferentes níveis, fundamentados em

suas percepções, interpretam a dinâmica da competitividade setorial.

1.4 ORIGINALIDADE, RELEVÂNCIA E NÃO TRIVIALIDADE DO TEMA

Discutir a relevância científica e prática do que está sendo pesquisado, segundo Thiollent (1996), é fundamental, pois assim pode-se redirecionar ou até mesmo modificar a linha da pesquisa. Além disso, por se tratar de uma proposta de pesquisa para trabalho de tese de doutoramento, exigi-se que o tema seja original, relevante e não trivial.

Na formulação do problema de pesquisa, Marconi e Lakatos (1999) sugerem que se observe a pesquisa do ponto de vista de sua viabilidade, relevância, novidade, exeqüibilidade e oportunidade para o desenvolvimento. Para as autoras, como também para Demo (1987),

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um trabalho de tese distingui-se dos demais por apresentar maior profundidade, originalidade, extensão e objetividade em relação ao assunto proposto.

Dessa forma, apresenta-se, neste sub-item, a justificativa científica da necessidade de maior aprofundamento sobre o assunto em questão, pois se observa que a pesquisa, ora proposta, responderá a questões científicas de ordem acadêmica e de ordem prática aos pesquisadores da área e às empresas do sub-setor da construção civil.

Segundo Cunha et al. (1995), existe um crescente número de teorias da administração aplicados a outros setores, e muitos deles têm apresentado resultados positivos. Porém as teorias aplicadas na ICC estão muito atrasadas. Yoshino e Rangan (1997) relatam que as relações entre empresas não são novidade. Os elos das empresas com fornecedores e distribuidores com outras empresas, que possuem tecnologias correlatas e até mesmo as concorrentes, já foram alvos de vários estudos.

Constatou-se, após uma vasta revisão bibliográfica, que na ICC alguns trabalhos têm discutido a competitividade empresarial, porém não se verificou a existência de pesquisas na relação construtora e empresas empreiteiras de mão-de-obra e suas implicações na competitividade. Além disso, o trabalho tem cunho original por abordar a questão aplicando-se juntamente duas teorias: a Metodologia do Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira e a Teoria da Firma no Setor.

Verificou-se também que na ICC há necessidade e receptividade em relação a trabalhos que, baseados em estudos científicos aplicados, indiquem caminhos para o desenvolvimento técnico e econômico do setor, visando a um maior poder de competitividade das empresas. Os resultados obtidos a partir desse trabalho representarão contribuição, tanto para as empresas construtoras quanto para as empreiteiras de mão-de-obra para um melhor posicionamento frente ao mercado competitivo e também para melhorar o relacionamento entre essas duas camadas do sub-setor.

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Sendo assim, apresenta-se essa pesquisa como sendo uma inovação e, certamente, uma contribuição para o setor. Pois, conforme Marconi e Lakatos (1999), o objetivo básico de uma tese é a argumentação, e o objetivo imediato deve ser no sentido de colaborar na solução do problema levantado.

A relevância da pesquisa reside, principalmente, em se analisar um segmento industrial de grande expressão nacional, do ponto de vista econômico e também social, pois é sabido que construção civil contribui significativamente no desenvolvimento de um país. Conforme dados do Construbusiness (2001), o sub-setor de edificações brasileiro é responsável por 6% a 9% do PIB e contribui com 6,1% dos empregos disponíveis, dados médios dos últimos anos.

1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Para Marconi e Lakatos (1999, p.31), “Delimitar a pesquisa é estabelecer limites para a investigação.” Segundo as autoras, a pesquisa pode ser limitada em relação a três ângulos: o primeiro diz respeito ao assunto; o segundo se refere à extensão e o terceiro está relacionado à uma série de fatores gerais, como por exemplo, meios humanos, econômicos e em relação ao prazo de desenvolvimento.

Em relação ao assunto de pesquisa, é importante frisar que, embora trate da questão competitividade industrial de uma maneira geral, apresentando uma revisão bibliográfica sobre o assunto, esta pesquisa se deterá no estudo da competitividade da ICC, mais especificamente sobre as particularidades do processo competitivo, baseado na interface empresa construtora e empresa empreiteira de mão-de-obra.

A figura proposta pelo Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Indústria da Construção Civil (FCCP-ICC) apresenta a estrutura básica da cadeia produtiva da construção. Neste cenário, pode-se observar a abrangência da pesquisa proposta; o estudo se deterá na

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relação entre os produtores de bens finais, mais especificamente edificações e os fornecedores de serviços, ou seja, fornecedores de mão-de-obra, conforme destacado na figura 1.

Figura 1: Estrutura básica da cadeia produtiva da construção – Fonte: Adaptado de FCCP-ICC (2002)

Por se tratar de um macro-complexo industrial, optou-se por estudar especificamente o sub-setor de construção de edifícios, através de um estudo de caso (multi-casos), tomando-se como amostra empresas atuantes na Região da Grande Florianópolis. Sendo assim, deve-se observar que a abrangência desta pesquisa estará diretamente relacionada a dados disponibilizados pelas empresas/entrevistados, o que, provavelmente, limitará a generalização dos resultados encontrados.

Um outro fator limitante de pesquisa diz respeito à própria metodologia adotada, pois trabalhar-se-á com entrevistas semi-estruturas e questionários de pesquisa, porém é sabido

Capital para produção Fornecedores de serviços técnicos especializados: • projetos; • consultoria especializada; • topografia; • sondagem; • marketing; • vendas; • assessorias. Produtores de matérias primas básicas Produtores de materiais, componentes e sistemas construtivos Fornecedores de serviços de execução de subsistemas e sistemas construtivos Fornecedores de ferramentas e equipamentos

SISTEMA: EDUCACIONAL; TRIBUTÁRIO; TRABALHISTA E DE NORMAS TÉCNICAS Capital para compra

dos bens finais

LEGISLAÇÃO: SANITÁRIA; AMBIENTAL E URBANA Produtores de bens finais:

• edificações;

• sistemas de infra-estruturas

(transporte, energia, saneamento);

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que, algumas vezes, estas ferramentas inibem os relatos. Para amenizar esta situação, optar-se-á pela não identificação do entrevistado.

Triviños (1987, p.152) faz lembrar que “Os instrumentos de coleta de dados não são outra coisa que a ‘teoria em ação’, qu e apóia a visão do pesquisador.” Incorporado a esses instrumentos estão as subjetividades do pesquisador, o que aparece como um outro fator limitador de pesquisa.

Além disso, conforme Haguette (1992), em estudos qualitativos, não é possível indicar previamente quais os sujeitos envolvidos, embora se possa indicar o critério futuro de seleção. Complementando, vale lembrar que, num estudo de caso com enfoque exploratório e descritivo, não se pode limitar a pesquisa antes de sua conclusão, ou seja, “[...] mes mo que se inicie o trabalho a partir de algum esquema teórico, deverá de manter alerta aos novos elementos ou dimensões que poderão surgir no decorrer do trabalho” (Mello, 1997, p.57). Neste caso, todos estes pontos serão levados em consideração, porém sem perder o foco da questão que é estudar a interação entre construtora e empreiteira de mão-de-obra e suas implicações na competitividade no setor da construção civil.

1.6 ESTRUTURA DA TESE

A tese estrutura-se com o capítulo introdutório, onde são apresentadas as considerações iniciais, a formulação do problema de pesquisa, a justificativa e importância da pesquisa, os objetivos e as limitações do trabalho.

No capítulo dois apresenta-se a fundamentação teórica norteadora do estudo, estando dividido em três partes: a) a Indústria da Construção Civil brasileira; b) o estudo da competitividade industrial; c) as relações entre empresas.

O terceiro capítulo aborda os aspectos metodológicos empregados na condução da pesquisa. Nesse apresenta-se a classificação da pesquisa e faz-se o seu delineamento.

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O quarto capítulo trata do estudo de caso, apresentando uma breve descrição das empresas envolvidas no estudo, seguida dos resultados encontrados e discussões dos mesmos.

No capítulo cinco são feitas as considerações finais do trabalho e, por fim, são relacionadas às referências bibliográficas.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para atingir os objetivos propostos, realizou-se, inicialmente, um levantamento bibliográfico no intuito de construir um referencial teórico para a pesquisa. Sendo assim, para caracterizar o referencial deste estudo, optou-se pela apresentação de três partes, a saber: a Indústria da Construção Civil brasileira, o estudo da competitividade industrial e as relações entre empresas.

2.1 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA

A ICC, segundo o PECTIATAC, contribui para a sustentabilidade econômica, social e ambiental no país, pois, além de representar uma considerável participação do Produto Interno Bruto (PIB), e ser responsável por uma expressiva parcela na geração de postos de trabalho, utiliza recursos naturais, e sua atividade está diretamente relacionada ao meio ambiente, na medida que interfere na natureza com novas construções e ou demolições.

A ICC tem um importante papel na economia brasileira, pois gera diversas modalidades de mercado de trabalho para construtoras, fornecedores, imobiliárias etc. Segundo dados do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI (1995); Picchi (1993), em 1993, a ICC contribuiu com 6% do PIB do país e respondeu por 12,17% dos empregos disponíveis. Segundo o SENAI, mais de 70% das empresas do sub-setor edificações e montagem industrial são de pequeno e médio porte.

Estudos mais recentes, Construbusiness (2001), baseando-se em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresenta o macro-setor da construção civil no Brasil como responsável por 15,6% do PIB para o ano de 2000. Dentro desse número, o sub-setor edificações e construção pesada respondem por cerca de 10,3% do PIB. Sendo que o sub-setor construção de edifícios residenciais representa um montante entre 6% a 9% do PIB nacional. Além disso, é sabido que a indústria da construção gera um expressivo efeito

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multiplicador para frente e para trás. Conforme dados do Construbusiness (1999), em 1995, este valor foi de R$ 48,05 bilhões para trás e R$ 5,05 para frente. Segundo o PBPTI (2002), o valor do encadeamento para trás, no ano de 2001, chegou a R$ 55,05 bilhões.

Em relação à importância social, além dos números já apresentados, verificam-se também dois fatores importantes a serem levantados. O primeiro se refere à geração de empregos proporcionados pelo setor de edificações, que, segundo dados do Construbusiness (1999), este valor está na ordem de 6,1% do total do pessoal ocupado nos últimos anos. A segunda importância social está relacionada ao déficit habitacional do país, que está estimado na ordem de 5,21 milhões de unidades.

O PBPTI (2002) apresenta outras características significantes, que evidenciam, ainda mais, a importância da indústria da construção para o país: a) o poder de geração de impostos dentro do processo produtivo; b) o setor da construção apresenta um dos mais baixos índices de importação, segundo o estudo, inferior a 2% da demanda total.

2.1.1 Ações Desenvolvidas no Ambiente Construção Civil

Verifica-se na ICC, por parte de alguns empresários, um forte senso de continuidade, isso em relação às tradicionais formas de construção, o que, na maioria das vezes, acontece de forma artesanal. Constata-se, ainda, que essa resistência também se verifica na maneira de administrar a empresa e nas suas relações com seus fornecedores e clientes. A intensificação da competição, porém, tem afetado diretamente a natureza da estrutura de trabalho do setor, quer seja na forma de produção, comercialização e até mesmo na negociação com fornecedores.

Observa-se, assim, que as empresas de construção civil precisam inovar sempre para proporcionar uma dianteira à frente das suas concorrentes, que começam a investir em modernas formas de gestão e em novas tecnologias.

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Justamente por isso, verificou-se, na última década, uma alavancagem de ações que contribuíram para vencer a inércia no setor. Conforme afirma Souza (2002, p.20), a ICC sofreu importantes transformações nos últimos anos: “[...] os programa s de qualidade e de segurança do trabalho chegaram aos canteiros de obras. A racionalização de processos construtivos já fazem parte do cenário produtivo e o poder de compra do estado exerce ação indutora de melhoria de competitividade junto a projetistas, fabricantes de materiais e construtores.” E isso se dá através dos programas tais como Qualihab, PCMAT, Programas de controle de desperdício, PBQP-habitat, dentre outros.

Fazendo-se um levantamento histórico dos últimos anos, Cardoso et al. (2001) pesquisaram as ações desenvolvidas no Brasil para o melhoramento das atividades da ICC. Inicialmente destaca-se o Programa Nacional de Tecnologia na Habitação (PRONATH), no ano de 1991. Esse programa foi lançado pelo Ministério da Ação Social do Governo Federal, em conjunto com o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade. O mesmo tinha como objetivo principal o desenvolvimento das tecnologias da construção, passando pelos materiais e componentes de manufatura, os serviços de execução, o gerenciamento da construção e culminando com a qualidade do ambiente construído.

Fazendo-se uma análise posterior, após aproximadamente 12 anos do início do projeto, constata-se que, da época, pouca coisa evoluiu, porém não se pode dizer que o programa não contribuiu para com o setor, pelo contrário, a iniciativa teve efeitos grandiosos, pois fez despertar os atores envolvidos, no setor, para investirem em estudos, práticos e teóricos, visando, assim, o real crescimento da indústria.

Recentemente, várias ações têm sido feitas no Brasil com vistas a melhorar o desempenho e fortalecer a ICC. No início dos anos noventa, a partir do lançamento do programa de qualidade, algumas pesquisas começaram a despontar nesta indústria. No setor empresarial, uma empresa se destacou, a ENCOL S. A. – Engenharia Comércio e Indústria,

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pois celebrou vários convênios com escolas de engenharia e pesquisadores, e, assim, desenvolveu muitas pesquisas no setor construtivo habitacional. Em 1993, destaca-se a pesquisa do Engenheiro Flávio Augusto Picchi pela Poli-USP, ‘Sistemas da qualidade: uso em empresas de construção de edifícios’, a qual originou sua Tese de Doutorado e inspirou vários trabalhos subsequentes.

Além da USP, outras instituições de ensino e pesquisa se engajaram neste processo, dentre elas destacam-se a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com dois programas de Pós-graduação: em Engenharia de Produção e Engenharia Civil, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o grupo de pesquisa NORIE, o Instituto de Pesquisa Tecnológicas – IPT, São Paulo, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) com seu programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, a Universidade Federal Fluminense (UFF), dentre muitas outras.

Essas universidades e centros de pesquisas vêm atuando de diversas maneiras dentro da indústria da construção. Muitas vezes, firmam-se convênios entre empresas e universidades e até mesmo órgãos de classe e universidades/centros de pesquisas. Desta forma, vale destacar a importante contribuição que os Sindicatos da Indústria da Construção (SINDUSCON) de diversas cidades e estados têm dado em relação a estas parcerias. Destacam-se também o SEBRAE, SESI e SENAI estaduais no desenvolvimento de programas de capacitação de operários, dentre outros.

Nesta década, também, destaca-se a introdução da Série ISSO como sistema de gestão. A Organização Internacional para Normalização (‘International Organization for

Standardization’ - ISO) é uma confederação mundial de organismos nacionais de

normalização (organismos membros da ISO). A Norma Internacional, ISO 9001: 2000, foi preparada pelo Comitê Técnico ISO/TC 176, ‘Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade’, Sub-comitê SC 2, ‘Sistemas da Qualidade’, com base na ‘ISO/IEC Diretivas, Parte 3: 1997,

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regras para a estruturação e emissão de versões preliminares de Normas Internacionais’ (BCJ, 2002-a).

O modelo de processo, descrito na figura 2, constitui uma representação conceitual dos requisitos do sistema de gestão da qualidade descritos nesta Norma Internacional.

A P C D C L I E N T E C L I E N T E RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO

RECURSOS PARA GESTÃO GESTÃO DE PROCESSOS

ENTRADAS PROCESSOS SAÍDAS

MEDIÇÃO E ANÁLISE, MELHORIA

Figura 2 - Modelo do Processo de Gestão da Qualidade - Fonte: ISO 9000

Detalhando os intervenientes do processo da qualidade na construção civil, BCJ (2002b) sugere a metodologia de implantação, apresentada na figura 3, a qual destaca os fatores relevantes que devem ser considerados na gestão do processo.

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Figura 3: Gerenciamento do processo – Fonte: BCJ (2002b)

Constata-se que estes estudos e pesquisas vieram contribuir no sentido de retomada do desenvolvimento das construções, suprindo assim uma lacuna que ficou depois da década de oitenta, quando o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) respondia por uma grande parcela dos investimentos na área de construção habitacional e obras de infra-estrutura urbana. Porém, com a falência do SFH, no meado da década de oitenta, a construção civil precisou buscar outras soluções para viabilizar a sua parcela no mercado. Vários estudos reconhecem que o SFH foi um condicionante muito importante para o setor habitacional brasileiro, conforme afirma Cardoso (1996).

Na última década, muitas empresas das diversas indústrias brasileiras começaram a buscar sua certificação, segundo a ISO 9000, entre elas, destacam-se as empresas construtoras, pois começava-se a observar que este seria o caminho para as empresas que quisessem sobreviver no mercado cada dia mais competitivo, partindo-se para um maior abertura dos mercados internacionais.

Início do Projeto Final do Projeto (atendimento às especificações de qualidade requeridas) Programação Econômico/ Financeira Controle Interno: Custos Mão-de-obra Materiais Processo Construtivo Segurança Qualidade Projetos Duração da Obra Fatores Externos:

Capacitação Técnica dos Subcontratados Métodos Construtivos Ferramentas e Equipamentos de Construção Materiais de Construção (Suprimento e Transporte)

Medidas de Segurança no Trabalho Clima e Circunstâncias Adversas

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Fazendo uma síntese da história recente da ICC brasileira, Cardoso (1997, p.19) apresenta os três períodos vividos por essa indústria: “Três períodos aparecem como os mais importantes: a época do Sistema Financeiro de Habitação e as “modernizações”, dos anos 1970; a “racionalização da construção”, dos anos 1980; e as tendências da “racionalização da construção”, dos anos 1 990.”

Antes desses períodos destacados por Cardoso, deve-se registrar também as décadas de 50 a 70, quando o Brasil viveu o chamado boom da construção civil, no qual grandes obras públicas foram executadas. Foi neste período, também, que se deu início ao programa de habitação, financiado pelo SFH.

Destaca-se também uma importante linha de pesquisa iniciada pela UFRGS e USP, mais tarde adotada por muitas outras instituições de pesquisa. Essas pesquisas buscavam sanar algumas dúvidas em relação ao desperdício causado pelas atividades da ICC. Em 1997, o grupo de Gerenciamento da Construção da UFSC lançou, em parceria com o SEBRAE e SINDUSCON, o programa na região da grande Florianópolis. Os resultados podem ser encontrados em Araújo et al. (1999).

No ano de 1996, o Governo Estadual de São Paulo, através da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (SEDU), lançou o Programa da Qualidade da Habitação Popular, ou seja, o QUALIHAB, visando, com isto, contribuir no desenvolvimento da indústria da construção no estado de São Paulo. Este programa serviu de base para, aproximadamente, dois anos mais tarde, o governo federal retomar o programa de qualidade lançado no início dos anos noventa.

Assim, no dia 18 de dezembro de 1998, foi assinada a Portaria no 134, do então

Ministério do Planejamento e Orçamento, instituindo o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção Habitacional - PBQP-h. Mais tarde, no ano de 2000, o programa passou a integrar o ‘Plano Plurianual Avança Brasil’ (PPA), englobando assim as áreas de

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Saneamento, Infra-estrutura e Transportes Urbanos. Desta forma, o ‘h’, de habitação, foi substituído por ‘Habitat’, o que lhe conferiu um aspecto de sustentabilidade econômica, social e ambiental, colocando o homem como o centro das preocupações do estudo.

O PBQP-Habitat teve origem em uma iniciativa do setor da construção civil que, em parceria com o Governo Federal, procurou replicar nacionalmente as experiências bem sucedidas na área da qualidade, de forma a trazer benefícios para empresas, governos e consumidores.

O programa busca proporcionar ganhos de eficiência ao longo de toda a cadeia produtiva, por meio de projetos específicos para a qualificação de empresas projetistas e construtoras, produção de materiais e componentes em conformidade com as normas técnicas, formação e requalificação de recursos humanos, aperfeiçoamento da normalização técnica e melhoria da qualidade de laboratórios.

Para sua implementação, o PBQP-Habitat conta com a parceria e colaboração dos agentes da cadeia produtiva e técnica do setor, valendo-se, para isso, de Coordenações Nacionais e Estaduais, exercidas por esses mesmos agentes.

O objetivo geral do Programa é o de ‘apoiar o esforço brasileiro de modernidade pela promoção da qualidade e produtividade do setor da construção habitacional, com vistas a aumentar a competitividade de bens e serviços por ele produzidos, estimulando projetos que melhorem a qualidade do setor.’

Seus objetivos específicos são:

• estimular o inter-relacionamento entre agentes do setor; • promover a articulação internacional com ênfase no Cone Sul; • coletar e disponibilizar informações do setor e do PBQP-Habitat;

• fomentar a garantia de qualidade de materiais, componentes e sistemas

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• fomentar o desenvolvimento e a implantação de instrumentos e mecanismos de

garantia de qualidade de projetos e obras;

• estruturar e animar a criação de programas específicos, visando à formação e à

requalificação de mão-de-obra em todos os níveis;

• promover o aperfeiçoamento da estrutura de elaboração e difusão de normas

técnicas, códigos de práticas e códigos de edificações;

• combater a não conformidade intencional de materiais, componentes e sistemas

construtivos;

• apoiar a introdução de inovações tecnológicas;

• promover a melhoria da qualidade de gestão nas diversas formas de projetos e

obras habitacionais.

Uma outra importante ação que está em fase de desenvolvimento é o Plano Estratégico para Ciência, Tecnologia e Inovação na Área de Tecnologia do Ambiente Construído (PECTIATAC), Coordenado e financiado pelo FINEP e formado pela Caixa Econômica Federal (CEF), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República (SEDU), Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena Empresa (SEBRAE), Comitê Brasileiro da Construção Civil (COBRACON/ABNT) e Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Esse programa visa a contribuir para a solução de problema habitacional brasileiro e para a modernização do setor da construção civil, através do financiamento de pesquisas na área de ciência e tecnologia.

O principal objetivo desse programa é estabelecer prioridades estratégicas para as ações de fomento à ciência, tecnologia e inovação na área de tecnologia do ambiente construído, com ênfase no segmento habitacional do Macro-complexo Construção Civil. Esse

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estudo parte de um diagnóstico da indústria da construção e identifica, através do estabelecimento de um cenário futuro, as principais estratégias necessárias para a modernização e aceleração da dinâmica para o setor. O estudo, ainda, apresenta subsídios para definição de programas de fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à formulação de projetos, e também à tomada de decisão quanto a investimentos em inovações por parte dos envolvidos com a construção civil.

O grau de competição tende a crescer de forma acentuada em função do amadurecimento dos mercados e também pela entrada de produtos e serviços por parte de empresas estrangeiras, decorrentes do processo de globalização econômica. Deverá aumentar a consciência de que há forte interdependência entre os agentes da cadeia produtiva em termos de desempenho. Em função disto, será crescente a necessidade de gerenciar a cadeia produtiva como um todo, partindo da premissa de que em muitas situações a competição por investimentos e mercados ocorrerá entre diferentes cadeias. Em função disto, deverá haver mudança de atitude por parte dos diferentes agentes, os quais buscarão maior cooperação entre si ao invés de confrontação. Tende a aumentar a formação de alianças estratégicas, redes cooperativas e parcerias entre empresas, as quais mantêm vínculos não estritamente comerciais ao longo do diversos empreendimentos. Deverá também crescer o número de ações de âmbito nacional ou regional promovidas por entidades setoriais, articuladas em torno de programas de melhorias da qualidade ou de gestão integrada de cadeias produtivas. Em função da crescente turbulência nos mercados, as empresas deverão continuamente adaptar suas estratégias às mudanças no ambiente de negócios, devendo as mesmas ser operacionalmente flexíveis. As empresas menos vulneráveis serão aquelas com melhor capacidade de se posicionar (e pensar) estrategicamente. (PECTIATAC, 2002, p.16-17)

Fazendo uma retrospectiva dos últimos doze anos na ICC brasileira, observa-se que a evolução do setor, principalmente em termos tecnológicos, mas também no que diz respeito ao desenvolvimento das condições de trabalho, é uma realidade. Conforme Souza (2002, p.20) afirma: “[...] neste período, fechou -se um ciclo de modernização da construção civil brasileira.” O autor constata que muitos objetivos dos programas desenvolvidos foram alcançados, tais como prática dos conceitos de segurança do trabalho, gestão da qualidade, planejamento e controle da produção, racionalização da construção, redução de tempos improdutivos, redução de custos e controle de desperdício em obras.

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Souza (2002), porém, afirma que, para promover avanços tecnológicos e aumentar a competitividade das empresas do setor, é necessário consolidar as conquistas já alcançadas e desenvolver outras ações focadas em três vetores: melhoria do desempenho do produto final, gestão ambiental e inovação tecnológica. Para isso, o autor sugere a adoção de estratégias de integração e cooperação entre os agentes da cadeia produtiva, ou seja, fornecedores de materiais, Estado, clientes, projetistas, construtoras e subempreiteiras. O autor faz essa sugestão, mas salienta que, implementar ações estratégias de integração e cooperação entre os diversos agentes da cadeia, é uma tarefa complicada, pois envolve interesses diversos dos agentes.

No campo acadêmico, Cardoso et al. (2001) fazem uma excelente retrospectiva de todos os programas brasileiros desenvolvidos nos últimos anos, com vistas a desenvolver o setor da construção civil. O trabalho apresenta os programas governamentais e os órgãos de financiamento que promoveram, ou que promovem tais programas.

Outros trabalhos também apresentam um retrospecto da história da ICC brasileira. Mello (1997); Rossetto (1998); Martignago (1998). Nestes trabalhos, os autores fazem um apanhado da história do ponto de vista da economia e política nacional e suas implicações na ICC, entre os anos de 1960 a 1997.

2.1.2 Segmentação do Mercado de Bens Gerados pela Indústria da Construção Civil

A ICC é dividida em cinco sub-setores, os quais são: edificações, construção pesada, material de construção, montagem industrial e serviços diversos. Conforme classificação Construbusiness (1999):

• edificações – sua atividade principal é a construção de edifícios residenciais,

Referências

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