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Controvérsia na suplentação de iodo na gravidez - Artigo de revisão bibliográfica

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Academic year: 2021

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Artigo de Revisão Bibliográfica

Mestrado Integrado em Medicina

CONTROVÉRSIAS NA SUPLEMENTAÇÃO DE IODO NA GRAVIDEZ

Pedro Alexandre Saldanha de Sousa Pereira

Orientadora

Dr.ª Maria Conceição Cruz Bacelar Ferreira

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CONTROVÉRSIAS NA SUPLEMENTAÇÃO DE IODO NA GRAVIDEZ

Artigo de Revisão Bibliográfica

Ano lectivo 2014/2015

Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre em Medicina, submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto

Autor:

Pedro Alexandre Saldanha de Sousa Pereira

Aluno do 6.º ano do Mestrado Integrado em Medicina N.º de Aluno: 201307063

Correio electrónico: saldanhapereira@me.com

Afiliação: Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto Endereço: Rua de Jorge Viterbo Ferreira, n.º 228, 4050-313 Porto

Orientadora:

Dr.ª Maria Conceição Cruz Bacelar Ferreira

Afiliação: Assistente Graduada do Serviço de Endocrinologia do Centro Hospitalar do Porto – Hospital Geral de Santo António/Professora Convidada do Mestrado Integrado em Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto

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Agradecimentos

À Dr.ª Conceição Bacelar, por todo o empenho e incentivo, pela constante disponibilidade e transmissão de conhecimentos.

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Resumo

Introdução: Estima-se que cerca de um terço da população mundial tenha atualmente um aporte inadequado de iodo. As mulheres grávidas constituem um dos grupos de risco mais sensíveis a este desequilíbrio. O défice deste elemento durante a gravidez poderá produzir efeitos gravíssimos, geralmente irreversíveis, nos fetos e recém-nascidos, nomeadamente a nível cognitivo.

Objetivos: Revisão de literatura científica relacionada com o estado nutricional de iodo da população geral e em particular da população grávida. Perante estes dados, tenciona-se averiguar a potencial necessidade de suplementação com iodo deste último grupo.

Desenvolvimento: O iodo é um micronutriente essencial presente em pequenas quantidades no organismo humano, quase exclusivamente na glândula tiroide. É essencial na síntese das hormonas tiroideias, e o seu défice representa a maior causa prevenível de atraso mental no mundo. Por outro lado, o excesso de iodo poderá estar associado a hipertiroidismo, hipotiroidismo, e/ou bócio. Desde o início do século XX, foram implementadas medidas a nível internacional, com o objetivo de contrariar estes desequilíbrios. Com estas, nos últimos anos verificou-se uma franca evolução nos níveis de iodo urinários registados na população geral, mas no entanto existem regiões onde o excesso de iodo é já notório.

Conclusão: A administração de suplementos de iodo em grávidas deverá ser praticada, à exceção de regiões onde comprovadamente exista um aporte de iodo excessivo. Sugere-se um maior número de estudos direcionados para a população grávida, com amostras significativamente maiores, por forma a serem representativas de uma dada região, e um maior controlo futuro dos níveis individuais de iodo, através de novos biomarcadores.

Palavras-chave: gravidez, iodo, suplementação, carência de iodo, deficiência de iodo, hipotiroidismo, hipertiroidismo, nutrição, tiroide.

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Abstract

Introduction: It is estimated that about one third of the world population currently has an inadequate intake of iodine. Pregnant women are one of the risk groups more sensitive to this imbalance. The deficit of this element during pregnancy may produce very serious effects, generally irreversible, in fetuses and newborns, particularly at cognitive level.

Objectives: Scientific literature reviews related to the nutritional status of iodine in general

population and particularly in the pregnant population. Given these data, this study is intended to examine the potential need for iodine supplementation of the latter group.

Development: Iodine is an essential micronutrient present in small amounts in the human

body, almost exclusively in the thyroid gland. It is essential for the synthesis of thyroid hormones, and its deficit is the largest preventable cause of mental retardation in the world. On the other hand, excess iodine may be associated with hyperthyroidism, hypothyroidism, and/or goiter. Since the early twentieth century, measures have been implemented internationally, in order to counter these imbalances. With these, in recent years there has been a visible evolution in urinary iodine levels seen in the general population, yet there are regions where excess iodine is already notorious.

Conclusion: The administration of iodine supplements in pregnant should be done, except

for regions where there is a proven excessive iodine intake. It is suggested a greater number of studies directed to the pregnant population, with significantly larger samples in order to be representatives of a given region, and a greater future control of individual iodine levels, with yet to come biomarkers.

Keywords: pregnancy, iodine, supplementation, iodine deficiency, hypothyroidism, hyperthyroidism, nutrition, thyroid.

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Índice

Introdução ... 1   1. O Iodo ... 2   Perspetiva histórica ... 2   Fontes ... 2   Metabolismo ... 3   Doses recomendadas ... 6   Monitorização ... 6   2. A Tiroide ... 7  

Papel e regulação das hormonas tiroideias no corpo humano ... 8  

3. Alterações durante a gravidez ... 8  

Défice de iodo na gravidez ... 9  

Excesso de iodo na gravidez ... 13  

4. Situação em Portugal ... 14  

5. Situação Mundial ... 15  

6. Estratégias de intervenção ... 17  

7. Conclusão ... 18  

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Lista de siglas e abreviaturas

CIU- Concentrações de iodo urinário DGS- Direção-Geral de Saúde DI- Défice de iodo

DIT- Diiodotirosina FEC- Fluido extracelular g- Grama

h- Hora

HCG- Gonadotrofina coriónica humana HT- Hormonas tiroideias

ICCIDD- Conselho Internacional para o Controlo de Desordens provocadas por Deficiência de Iodo KDa- QuiloDalton L- Litro mg- Miligrama MIT- Monoiodotirosina mL- Mililitro

OMS- Organização Mundial da Saúde RHT- Receptores das hormonas tiroideias SNC- Sistema nervoso central

T3- Triiodotironina T4- Tiroxina

THBP- Proteínas transportadoras das hormonas tiroideias TMI- Taxa de mortalidade infantil

TSH- Hormona estimuladora da tiroide

UNICEF- Fundo das Nações Unidas para a Infância µg- Micrograma

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Introdução

O iodo é um micronutriente essencial presente em pequenas quantidades no organismo humano, concentrado quase exclusivamente na glândula tiroide. É um componente essencial na síntese das hormonas tiroideias, tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), representando respetivamente 65% e 59% da sua composição. Estas regulam os processos metabólicos na maioria das células, e desempenham um papel determinante no crescimento e desenvolvimento orgânico pré e perinatais, especialmente o cerebral.[1]

Tanto o défice como o excesso de iodo poderão condicionar desequilíbrios metabólicos. O défice deste micronutriente representa um sério problema de saúde publica no mundo: em 2003 a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que 54 países seriam afetados por este problema e que cerca de 2 mil milhões de pessoas teriam um inadequado aporte deste nutriente.[2] Esta situação representa assim a maior causa prevenível de atraso

mental a nível global. Por sua vez, o excesso de iodo poderá estar associado a hipertiroidismo, hipotiroidismo, e/ou bócio.[3] As alterações dos níveis deste micronutriente

poderão assim provocar efeitos indesejáveis a longo prazo no nosso organismo. O défice de iodo durante a gestação é especialmente gravoso, período no qual o feto depende exclusivamente das hormonas maternas, podendo daí advir consequências tanto para a mãe como para o feto.[4]

Com o intuito de precaver estas situações, foram a partir do início do século XX, implementadas por diversos países, medidas governamentais, como a impregnação dos solos ou a administração direta de iodo na população. A nível nacional a circular normativa 011/2013 da Direção-Geral de Saúde (DGS) é um exemplo: “Aporte de iodo em mulheres na preconcepção, gravidez e amamentação”.[5] No entanto devido à melhor qualidade do

estado nutricional da população do mundo ocidental, relacionada provavelmente com fatores sociodemográficos, a questão da suplementação com iodo gera alguma controvérsia, particularmente entre a comunidade médica, não existindo atualmente consenso quanto às medidas de atuação.

É objetivo desta dissertação a revisão e discussão de literatura relativamente à necessidade de suplementação com iodo durante a gravidez, abordagem de consequências do excesso e da deficiência do aporte de iodo, das formas de suplementação existentes e já instituídas, assim como a realidade da população portuguesa e mundial. Para tal foram selecionados, com recurso a bases de dados científicas, artigos publicados com particular interesse neste assunto.

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1. O Iodo

Raro no nosso sistema solar e na crosta terrestre, o iodo é um elemento químico não metálico, pertencente ao grupo dos halogéneos da tabela periódica, sólido à temperatura ambiente, com número atómico 53. O seu nome deriva do grego, e significa violeta/roxo, devido à cor do vapor libertado por este. É o elemento essencial com maior peso a ser utilizado pelo organismo humano.[6]

O iodo e os seus compostos derivados são primariamente usados em nutrição, produção de acido acético e polímeros. O seu elevado número atómico, a baixa toxicidade, e a sua fácil interação com a matéria orgânica, fazem deste elemento um dos materiais de eleição usados como parte dos compostos de contraste utilizados na imagiologia.[6]

O iodo tem somente um isótopo estável. Alguns radioisótopos têm outras aplicações médicas, e são também concentrados na tiroide, tal como o iodo não radioativo.

Encontra-se na natureza em variadíssimas formas: sais de sódio inorgânico e de potássio (iodetos e iodatos), iodo diatómico inorgânico, e iodo monoatómico orgânico.[7]

Perspetiva histórica

A descoberta do iodo foi acidental e ocorreu em 1811, aquando da extração de sais de sódio necessários para a produção de pólvora, por um químico francês, Bernard Courtois. O primeiro trabalho científico que menciona este elemento data de 1813, sendo o seu autor Louis Gay-Lussac. Ainda na primeira metade do século XIX, um médico de nacionalidade suíça, J. F. Coindet, publica as suas observações, em que constata que alguns doentes com bócio, viam este mesmo reduzido após administração de iodo. Em 1852, um químico francês, Adolphe Chatin, foi o primeiro a publicar a hipótese de que a deficiência de iodo numa população estaria relacionada com bócio endémico. Esta teoria seria confirmada em 1896 por Eugen Baumann, aquando da confirmação da presença de iodo na glândula tiroide.[8] [9]

Fontes

Os oceanos representam os maiores repositórios mundiais de iodo e pequenas quantidades são encontradas nos solos. A sua deposição no solo advém da volatilização da água do mar, um processo mediado pela luz ultravioleta. As regiões costeiras são muito mais ricas em iodo do que os solos das regiões mais interiores, pelo que as culturas e a própria água presentes nestas últimas regiões possuem um conteúdo pobre em iodo. Este facto explica a distribuição endémica a nível mundial das patologias por deficiência de iodo.

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O iodo existe em pequenas quantidades na superfície da crosta terrestre. O efeito da glaciação, e derretimento dos glaciares durante a idade do gelo condicionou a sua impregnação nos solos e a sua variável distribuição geográfica. Como resultado destes fenómenos naturais, a acumulação de iodo é mais vulgar nas áreas costeiras, sendo as fontes mais relevantes as algas e a fauna marítima.

A fortificação do sal comum com iodo é uma forma eficaz e de baixo custo de assegurar um aporte adequado de iodo. A estabilidade dos sais de iodo poderá, ainda assim, variar de acordo com as condições climáticas e/ou de armazenamento. A iodização de outros alimentos como por exemplo o pão, é geralmente praticada em regiões onde o fortalecimento do sal comum não é realizado. Nestes casos pode também ser utilizada a administração oral ou intramuscular de suplementos iodados. Outras fontes de exposição ao iodo incluem algumas especialidades farmacêuticas contendo amiodarona, antitússicos, antissépticos tópicos, multivitamínicos, agentes de contraste usados na imagiologia, e compostos utilizados na purificação de água.[10]

Tabela 1. Principais fontes alimentares de iodo.

Alimento Quantidade Iodo (µg)

Bacalhau 85 g 99

Iogurte natural 1 taça (200 mL) 87

Sal iodado 1 g 77

Batata cozida 1 média 60 Leite (1% gordura) 1 taça (200 mL) 59

Camarão 85 g 35

Peito de peru cozido 85 g 34 Feijão branco cozinhado 1/2 taça (100 mL) 32

Atum enlatado 85 g 17

Ovo cozido 1 grande 12

Algas marinhas 21 g Variável; poderá ultrapassar 4500 Fonte: Linus Pauling Institute.

Metabolismo

O iodo é um micronutriente fundamental para o bem-estar e saúde de todo e qualquer individuo. É um elemento residual no corpo humano, sendo que somente 5 g são suficientes para suprir as necessidades de um individuo com uma esperança de vida de 70 anos. Nos humanos o iodo encontra-se concentrado maioritariamente na glândula tiroide.

Um adulto saudável contém entre 15 a 20 mg de iodo, 70 a 80% das quais encontram-se armazenadas na tiroide.[11] [12]

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A tiroide representa assim um importante papel no metabolismo do iodo. Esta glândula é constituída por múltiplos folículos rodeados por células foliculares que assentam numa membrana basal. Os folículos encontram-se preenchidos por uma substância coloide, a tiroglobulina.

A apreensão do iodo constitui a primeira etapa do metabolismo do iodo. Este processo inicia-se com a passagem, por transporte ativo, do iodo dos capilares para o interior das células foliculares da tiroide. Ocorre contra gradiente químico e elétrico através de uma proteína de simporte sódio/iodo localizada na membrana basolateral das células foliculares.

A segunda etapa dá-se com a síntese e secreção da tiroglobulina. Ocorre através de outro processo independente no interior da célula folicular. A síntese inicia-se no reticulo endoplasmático com péptidos com um peso molecular de 330 KDa. Mais tarde estas unidades combinam-se num dímero, e ocorre a adição de frações de carbohidratos. Seguidamente esta molécula recém-formada irá deslocar-se para o aparelho de Golgi. A molécula final de tiroglobulina contém cerca de 140 resíduos de tirosina, que servirão de substrato para a síntese das hormonas tiroideias. A tiroglobulina é de seguida armazenada em pequenas vesículas, que posteriormente se aproximarão da superfície apical da membrana citoplasmática, onde irão ser libertadas para o lúmen folicular.[13]

O terceiro passo consiste na oxidação do iodeto. O iodeto que se encontra dentro das células foliculares desloca-se para a superfície apical da membrana citoplasmática, para entrar no lúmen folicular, através da ação de um transportador iodeto/cloreto independente de sódio, a pendrina. De seguida o iodeto é oxidado a iodo. A organificação do iodo é o passo seguinte. Consiste na iodização dos resíduos de tirosina presentes na molécula de tiroglobulina. Formam-se dois compostos: monoiodotirosina (MIT) e diiodotirosina (DIT). Segue-se uma reação de acoplamento, onde duas moléculas de DIT unem-se para formar a hormona T4. Quando uma molécula de MIT se une a uma molécula de DIT, formam a hormona T3. Estas reações são mediadas pela tiroide peroxidase. As hormonas tiroideias são então armazenadas no interior dos folículos da tiroide, e podem ser suficientes para suprir as necessidades do organismo até 3 meses após a sua síntese.[7]

A substância coloide que contém a tiroglobulina iodada, é captada pelas células epiteliais através de endocitose. Este processo é mediado pelo receptor da tiroglobulina presente na membrana apical, a megalina. O coloide penetra de seguida no citoplasma e dirige-se para a membrana basal onde se fundem com vesículas lisossomais contendo enzimas proteolíticas. Estas protéases tem o papel de digestão da molécula de tiroglobulina, libertando T4, T3, DIT e MIT para o citoplasma. Enquanto que a T4 e a T3 se difundem

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através da superfície basal para a corrente sanguínea, a MIT e a DIT são desiodadas, num processo de reciclagem de iodo (imagem 1).

Imagem 1. Papel do iodo na síntese das hormonas tiroideias.

Autor: Mikael Häggström.

No sangue, cerca de 99% de T4 e T3 circulam de uma forma conjugada com as proteínas de ligação, globulina transportadora de tiroxina, pré-albumina transportadora de tiroxina e albumina transportadora de tiroxina, enquanto que o 1% restante na sua forma livre. A ligação às proteínas plasmáticas tem como objetivo a manutenção de reserva destas hormonas e a evicção de perdas urinárias das mesmas. Somente as formas não conjugadas são biologicamente ativas. Cerca de 80% da T3 circulante, a hormona tiroideia com maior atividade, provém da desiodação da T4.[7]

A secreção tiroideia é regulada pela adenohipófise, por ação da hormona estimuladora da tiroide (TSH) que funciona através de um mecanismo de feedback de acordo com os níveis de T4 circulantes. Um decréscimo da T4 estimula a secreção de TSH pela hipófise, que por seu turno provoca a libertação de T4 pela tiroide para a circulação sanguínea. A tiroide secreta aproximadamente 80 µg de iodo por dia, sob a forma de T3 e T4, dos quais cerca de 50% encontrar-se-ão no fluido extracelular (FEC). A T3 e T4 são metabolizadas no fígado, onde cerca de 60 µg de iodo serão libertadas para o FEC e 20 µg para a bílis. Diariamente em média, cerca de 480 µg de iodo são excretadas na urina e 20

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µg através das fezes.[7]

Doses recomendadas

As doses diárias de aporte de iodo recomendadas pela OMS estão presentes na tabela 2.

Embora não exista consenso, não se recomenda uma ingestão diária de iodo superior 600 µg nas grávidas e mulheres lactantes.[5]

Tabela 2. Doses diárias recomendadas de iodo.

Grupo populacional Dose diária recomendada (µg/dia)

Grávidas 250

Mulheres a amamentar 250 Crianças > 12 anos e adultos 150 Crianças 6-12 anos 120 Crianças 0-5 anos 90 Fonte: OMS, UNICEF.

Monitorização

São essencialmente usados quatro métodos para a monitorização do iodo no organismo humano: concentração de iodo urinário, taxa de bócio, níveis de TSH e tiroglobulina sérica. Estes indicadores são complementares, sendo que a concentração de iodo urinário é um indicador mais sensível para o aporte recente deste nutriente (dias) e a tiroglobulina para um período intermédio (semanas a meses). A taxa de bócio poderá indicar alterações a longo prazo (meses a anos).[14]

A concentração de iodo urinário é muitas vezes mal interpretada. O aporte de iodo diário poderá ser muito variável, assim como, consequentemente, as concentrações de iodo urinário (CIU). É um erro comum assumir que todos os indivíduos com uma CIU inferior a 100 µg/L têm défice de iodo. Para melhor se estimar o aporte de iodo, as suas concentrações urinárias deverão ser calculadas em amostras de urina de 24 horas, não sendo muitas vezes estas fáceis de obter. Uma alternativa mais simples em indivíduos adultos, será através da utilização dos rácios iodo/creatinina ajustados para a idade e para o género, tendo no entanto algumas limitações. A excreção de creatinina é muito variável, pelo que o seu valor não deverá ser utilizado em indivíduos com má-nutrição aparente ou confirmada. Assim, o método mais comummente utilizado para este cálculo é através da extrapolação dos valores de concentração urinária do iodo, com uma estimativa do volume

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de urina de 24h e na assunção de que iodo terá uma biodisponibilidade de 92% no organismo humano, através da seguinte fórmula:

Iodo urinário (µg/L) × 0,0235 × peso corporal (quilogramas) = aporte diário de iodo

(µg).[15] [16] [17]

Atualmente assume-se que na população grávida a iodúria deverá situar-se entre 150-249 µg/L.[5]

Num outro método, este menos sensível, em que se utiliza a palpação, assume-se a presença de bócio quando cada lobo da tiroide tem um volume superior à falange terminal dos polegares do doente a ser examinado. Define-se como de grau 1 quando a palpação do bócio é conseguida, mas este não é visível com o pescoço em posição normal, e o de grau 2 quando este é perfeitamente visível. Em regiões de bócio endémico, embora o tamanho da tiroide previsivelmente diminua em resposta ao aumento do aporte de iodo, este órgão poderá não retornar ao seu tamanho normal durante meses ou até anos, mesmo após correção do défice de iodo. Durante este período de transição, a taxa de bócio poderá ser de difícil interpretação, uma vez que este poderá indicar tanto a história de aporte de iodo de uma população como o seu estado atual. Em regiões com défice de iodo moderado a palpação para pesquisa de bócio tem pouca sensibilidade e especificidade. Assim é preferível a medição do volume da tiroide por ecografia, com vista à classificação do bócio.[18] [19] [20]

A concentração de TSH é na maioria das vezes um mau indicador do estado nutricional em iodo. Em populações com défice de iodo, a T3 sérica e a TSH geralmente encontram-se aumentadas ou permanecem inalteradas, enquanto que a T4 encontra-se geralmente diminuída. Estas alterações, ainda assim, na maioria das vezes encontram-se dentro dos valores normais de referência, tornando-se este método uma forma com pouca sensibilidade para a medição do aporte de iodo.[18] Contudo, durante o período neonatal a TSH é um indicador com elevada sensibilidade do estado nutricional de iodo. A tiroide durante esta fase contém menor quantidade de iodo, mas apresenta maiores níveis de

turnover de iodo. Assim, quando o aporte é baixo, mas com um elevado turnover de iodo,

verifica-se um aumento da estimulação de TSH, comum nas primeiras semanas de vida. Trata-se de um estado transitório e temporário, sendo que a TSH proveniente dos recém-nascidos nos primeiros 3-4 dias de vida é um indicador sensível da nutrição em iodo.[21]

2. A Tiroide

A tiroide é um órgão com forma de borboleta, composta por dois lobos laterais ligados entre si através de uma formação denominada istmo. Cada lobo tem cerca de 5 cm

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de comprimento, 3 cm de largura e 2 cm de espessura. Encontra-se situada na porção anterior do pescoço, em volta da laringe e traqueia, e relacionando-se posteriormente com o esófago e aorta. Estende-se da cartilagem tiroide até ao 5.º ou 6.º anel traqueal.[22]

A tiroide é recoberta por uma bainha fibrosa pouco espessa, a cápsula tiroideia, constituída por uma camada interna e outra externa. Entre estas duas, na região posterior, encontram-se lateralmente as quatro glândulas paratiroides (duas de cada lado).[22]

A tiroide é uma das maiores glândulas endócrinas do organismo humano, produzindo T3, T4 e calcitonina. Pesa em média 2-3 gramas nos recém-nascidos e 18-60 gramas nos adultos, podendo ultrapassar estes valores durante a gravidez.[22]

Papel e regulação das hormonas tiroideias no corpo humano

As hormonas tiroideias atuam ao nível da maioria das células do organismo humano, sendo responsáveis pelo aumento da taxa de metabolismo basal, pela ação na síntese proteica, regulação do crescimento dos ossos longos em sinergismo com a hormona do crescimento, maturação neural, e aumento da sensibilidade do organismo às catecolaminas. Estas hormonas assumem também um papel essencial no desenvolvimento e diferenciação de todas as células. Regulam o metabolismo proteico, lipídico, vitamínico e de carbohidratos, determinando a sua utilização ao nível celular.

A produção de T3 e T4 é regulada pela TSH, libertada pela adenohipófise. A regulação envolve um mecanismo de feedback negativo: a produção de TSH é suprimida quando os níveis de T4 são elevados. A produção de TSH per se é modulada pela hormona libertadora de tirotrofina, produzida pelo hipotálamo e secretada a um ritmo aumentado perante algumas situações, como por exemplo a exposição ao frio, ou seja, estimula a termogénese. Ao contrário, a produção de TSH diminui através da ação da somatostatina, níveis aumentados de glucocorticoides, iodo, e/ou de hormonas sexuais.[23]

A calcitonina, uma hormona adicional sintetizada pela tiroide contribui para a regulação dos níveis de cálcio sérico. É produzida pelas células parafoliculares em resposta à hipercalcemia. Estimula assim a mobilização de cálcio para o osso, contrariando a ação da hormona paratiroideia.

3. Alterações durante a gravidez

Durante a gravidez ocorrem alterações de fundo na função tiroideia, em particular a nível hormonal e relacionadas com o tamanho desta glândula.

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A disfunção tiroideia de causa hormonal deve-se essencialmente a duas hormonas: a gonadotrofina coriónica humana (HCG) e o estrogénio. Devido à similaridade da HCG e da TSH, a primeira estimula a tiroide, originando assim uma maior produção de hormonas tiroideias e uma menor quantidade de TSH, situação esta denominada de hipertiroidismo subclínico. Geralmente verifica-se uma ligeira diminuição da TSH no 1.º trimestre da gravidez, que normaliza após este período. Por sua vez o estrogénio provoca o aumento das proteínas transportadoras de hormonas tiroideias (THBP) séricas, o que leva a um aumento dos níveis das hormonas tiroideias no sangue, uma vez que, quando em circulação, cerca de 99% destas hormonas encontram-se ligadas às THBP. Os níveis de hormonas tiroideias na sua forma livre, que representam a forma ativa destas, encontram-se geralmente em níveis considerados normais. O funcionamento da tiroide é considerado normal se os níveis de TSH, T4 e T3 livres não se encontrarem alterados durante a gravidez.[24]

Neste período, a tiroide pode aumentar de tamanho, fenómeno conhecido como bócio. No entanto este ocorre mais frequentemente em regiões em que o aporte de iodo é insuficiente para as necessidades da grávida. Geralmente um aumento de 10-15% em tamanho desta glândula pode ser detetado por métodos ecográficos ou até mesmo através de palpação, embora esta última não seja tão comum.[24]

Nas primeiras dez a doze semanas de gravidez, o feto está completamente dependente das hormonas tiroideias maternas, período a partir do qual inicia a produção destas. Continua, no entanto, dependente do aporte de iodo materno para o normal funcionamento da sua tiroide.[24]

Défice de iodo na gravidez

Os receptores das hormonas tiroideias (RHT) existentes no sistema nervoso central (SNC) são os que regulam maioritariamente a atividade da T3 no nosso organismo.

No núcleo, os RHT ligam-se a elementos das hormonas tiroideias, mais concretamente nos promotores dos seus genes alvo, com o objetivo de regularem a transcrição.[25] As hormonas tiroideias têm uma grande variedade de importantes efeitos no

desenvolvimento cerebral fetal, que incluem a aceleração da mielinização, e uma mais eficaz migração, diferenciação e maturação celulares.[25] Elas modulam a expressão de

genes envolvidos na plasticidade sináptica e memória.[26]

O hipocampo é particularmente importante na aprendizagem, uma vez que é onde se processa a integração espacial e contextual da informação. Na fase uterina e no período neonatal, o hipotiroidismo devido ao défice de iodo altera irreversivelmente o

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desenvolvimento das sinapses e reduz o número de células do hipocampo. Adicionalmente provoca uma downregulation da sinatofisina do hipocampo, uma proteína envolvida na libertação de neurotransmissores.[27] Alguns modelos animais demonstraram que o efeito

detrimental provocado pelo hipotiroidismo no cérebro ainda em desenvolvimento depende do seu timing, magnitude e duração, sendo que o hipotiroidismo provocará efeitos negativos ao nível da cognição, durante toda a vida.[28][29]

Os efeitos adversos do hipotiroidismo in útero são particularmente severos. Os RHT estão presentes no tecido cerebral fetal às nove semanas, o que sugere que o desenvolvimento do SNC poderá ser sensível ao défice de hormonas tiroideias logo desde o primeiro trimestre.[25] O pico da secreção das hormonas tiroideias fetais ocorre no segundo trimestre, entre as 18-22 semanas de gestação.[28] Numa situação normal, tanto as

hormonas tiroideias maternas como as fetais contribuem para as necessidades do feto. Nos recém-nascidos com defeitos congénitos da tiroide ou até mesmo com agenesia tiroideia, mas nascidos de mães eutiroideias, e com aporte suficiente de iodo, a T4 sanguínea existente no cordão umbilical, proveniente da mãe, corresponde a cerca de 30-60% da concentração encontrada nos recém-nascidos normais. Esta quantidade parece suficiente para proporcionar um desenvolvimento cerebral normal, mas em regiões com défice em iodo (DI) moderado ou severo, a produção de hormonas tiroideias maternas e fetais encontram-se comprometidas, originando hipotiroidismo fetal e conencontram-sequente deficiente deencontram-senvolvimento cerebral.[25]

As consequências do DI verificado durante a gestação dependem do timing e severidade do hipotiroidismo. O DI in utero pode levar a cretinismo. As duas formas clássicas de cretinismo, neurológico e mixedematoso, foram inicialmente descritas em 1908 nos Himalaias. O cretinismo neurológico é o mais comum a nível mundial, e as suas manifestações clínicas incluem atraso mental caracterizado por défices auditivos e de discurso, estrabismo, disfunção da atividade motora voluntária, geralmente caracterizada por diplegia espástica dos membros inferiores, ataxia e alterações na postura e marcha. O cretinismo neurológico é geralmente de origem eutiroide, porém bócio e hipotiroidismo poderão estar presentes em alguns casos. O cretinismo de etiologia mixedematosa está frequentemente associado a hipotiroidismo de longa duração. Caracteriza-se clinicamente por: nanismo, mixedema, pele seca e espessada, cabelo pouco denso, rouquidão constante, atraso no desenvolvimento e maturação sexual, atraso no desenvolvimento muscular-esquelético, obstipação, distância interpupilar aumentada e atrofia mandibular. A prevenção do cretinismo através do tratamento com iodo foi demonstrado num estudo realizado numa região da Papua Nova Guiné com elevado défice de iodo, onde este foi administrado

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oralmente ou parentericamente. Segundo o mesmo, o cretinismo neurológico só seria evitado se a administração de iodo fosse realizada ainda antes ou no início da gravidez.[30]

O cretinismo é a expressão extrema das alterações no desenvolvimento provocado pelo défice de iodo, mas os défices cognitivos associados ao DI poderão não ocorrer somente em regiões severamente afetadas por DI. Alguns autores afirmam que mesmo um DI ligeiro a moderado durante a gravidez, poderá levar a disfunção cognitiva futura. Este facto ainda não foi, no entanto, comprovado. Dois estudos prospectivos, realizados em regiões sem DI, revelaram que a função tiroideia materna anormal ainda durante a gravidez estaria diretamente relacionada com alterações do desenvolvimento dos seus filhos. Num estudo realizado por Haddow et al., os valores de QI (quociente de inteligência) medidos em crianças com sete a nove anos de idade, filhos de mães diagnosticadas com hipotiroidismo subclínico durante a gravidez, com aumento da TSH durante o segundo trimestre, eram em média 4 pontos inferiores quando comparados com crianças da mesma idade, filhos de mães com função tiroideia normal durante a gravidez.[31] Num outro estudo, Pop et al.

reportaram alterações no desenvolvimento em crianças com idade inferior a dois anos, filhos de mães com hipotiroxinemia (níveis de T4 livre abaixo do percentil 10 às 12 semanas de gestação), quando comparados com um grupo controlo.[32] Estes estudos sugerem a possibilidade de existência de défices cognitivos nos descendentes, ainda que se verifique hipotiroidismo materno ligeiro e assintomático. Este hipotiroidismo não se devia a DI, uma vez que foram realizados em regiões supostamente sem défice neste nutriente. Não se poderá concluir se a hipotiroxinemia materna e/ou o hipotiroidismo subclínico estariam relacionados com o deficiente aporte de iodo em grávidas saudáveis. Os estudos sugerem que em áreas com DI ligeiro a moderado, a tiroide materna tem a capacidade de adaptação por forma a suprir a maior necessidade de HT (hormonas tiroideias) durante a gravidez.[33]

Outros estudos, em grávidas com DI ligeiro, mostraram que a suplementação seria eficaz com o objetivo de minimizar o aumento da glândula tiroide durante a gravidez, no entanto somente dois de um total de seis estudos reportaram níveis diminuídos de TSH materna com a suplementação, e nenhum dos estudos mostrou um claro impacto da suplementação nas concentrações das frações livres das HT das mães e dos recém-nascidos.[33]

Relativamente a outros parâmetros, num estudo realizado numa região da China com DI severo, a repleção dos níveis de iodo em grávidas, reduziu a prevalência de microcefalia de 27% para 11%.[34] Numa região endémica de bócio na Algéria, o tratamento de grávidas com iodo oral sob a forma de óleo, ainda antes da concepção ou durante o primeiro trimestre, estava correlacionado com o aumento de peso do recém-nascido e placentário.[35] Em Espanha, numa região com ligeiro DI, mulheres com iodo urinário entre

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100 e 149 µg/L evidenciaram um menor risco de terem recém-nascidos pequenos para a idade gestacional do que mulheres com iodo urinário inferior a 50 µg/L.[36] Em grávidas nigerianas com DI com parto de termo (38-40 semanas de gestação), os parâmetros da tiroide maternos e do cordão umbilical normais prediziam um maior peso dos recém-nascidos aquando do seu nascimento.[37]

A mortalidade infantil é menor nos descendentes de mulheres que viram o seu DI corrigido antes ou durante a gravidez. Delong et al. correlacionaram a adição de iodeto de potássio na água destinada à irrigação dos solos em diversas áreas com DI na China, com uma redução das taxas de mortalidade neonatal e infantil.[38] A administração intramuscular

de óleo iodado em grávidas com DI no Zaire às 28 semanas de gestação reduziu a taxa de mortalidade infantil (TMI).[39] Nas mulheres com DI severo, a TMI das crianças de mulheres

tratadas e não tratadas com iodo foi respetivamente 113/1000 e 243/1000, e em mulheres com DI ligeiro ou moderado, a TMI com e sem tratamento foi de 146/1000 e 204/1000 respetivamente. Na Algéria, as taxas de aborto, de nados mortos e de prematuridade foram significativamente mais baixas após a administração oral de iodo em mulheres, 1 a 3 meses antes da concepção ou durante a gravidez, em comparação com mulheres na mesma situação mas não tratadas.[35] Nas regiões com DI severo há uma correlação inversa entre os níveis maternos de T4 durante a gravidez e as taxas de morte dos descendentes.[40]

Um resumo das possíveis complicações e patologias provocadas pelo défice de iodo encontram-se representadas na tabela 3.

Tabela 3. Espectro de doenças e complicações provocadas por défice de iodo.

Feto

Abortamento Prematuridade Anomalias congénitas

Aumento mortalidade perinatal Cretinismo endémico

Recém-nascido Hipotiroidismo neonatal Atraso mental endémico

Aumento da suscetibilidade da tiroide à radiação nuclear

Criança e adolescente

Bócio

Hipotiroidismo (subclínico) Hipertiroidismo (subclínico) Alteração cognitiva

Atraso desenvolvimento físico

Aumento da suscetibilidade da tiroide à radiação nuclear

Adulto

Bócio e suas complicações Hipotiroidismo

Alteração cognitiva

Hipertiroidismo espontâneo no idoso Hipertiroidismo induzido por iodo

Aumento da suscetibilidade da tiroide à radiação nuclear Fonte: Iodine Deficiency in Europe: A continuing public health problem. WHO. 2007.

(21)

Excesso de iodo na gravidez

O iodo atravessa facilmente a placenta e, em concentrações fisiológicas, é essencial para o normal funcionamento da tiroide e desenvolvimento neurocognitivo. Porém, níveis aumentados de iodo na tiroide poderão levar a uma diminuição da produção de HT. Este fenómeno é conhecido como efeito agudo de Wolff-Chaikoff, e acontece por forma a contrariar a sobreprodução de HT provocada pelo excesso de iodo. Nos adultos, este efeito é ultrapassado alguns dias após a exposição excessiva de iodo, como proteção contra o desenvolvimento de hipotiroidismo.[41] No entanto, uma glândula tiroide imatura, neonatal, não tem a capacidade de escapar ao efeito agudo de Wolff-Chaikoff, tornando o feto/criança mais susceptível ao desenvolvimento de um hipotiroidismo provocado por indução de iodo.[42]

Estudos recentes avaliaram o efeito do aporte excessivo de iodo materno sobre a função tiroideia fetal, e como consequência o hipotiroidismo neonatal. No Japão, onde a dieta alimentar da população não é deficitária em iodo, devido em grande parte às algas marinhas ingeridas, os níveis elevados de iodo encontrados na urina, soro, e leite maternos correlacionam-se com uma função tiroideia anormal nos descendentes.[43] de Vasconcellos e

Collett-Solberg reportaram 8 casos de bócio neonatal, provavelmente devidos à ingestão

materna excessiva de iodo por contaminação de um suplemento multivitamínico.[44] Num

outro estudo, 3 recém-nascidos foram diagnosticados com hipotiroidismo congénito, em que as suas progenitoras foram previamente expostas a níveis elevados de iodo, facto comprovado pelos níveis também elevados de iodo na urina e leite maternos. Em todas as crianças foram detetados níveis séricos e urinários elevados de iodo. Nos casos de exposição aguda a iodo, como pode ocorrer por aplicação tópica de compostos contendo iodo durante alguns dias, as crianças recuperam a normalidade da sua função tiroideia após cessarem o contacto com estes compostos. Já a exposição crónica contínua durante a gravidez e período pós-natal irá provavelmente ter impacto na função tiroideia ainda fetal e neonatal.[45]

Na população geral, a sobrecarga de iodo raramente origina efeitos adversos, pois desde que se trate de indivíduos com um aporte prévio de iodo suficiente, conseguem tolerar facilmente grandes quantidades deste elemento no organismo. Ocasionalmente poderão existir situações onde podem surgir danos provocados pelo excesso de iodo, nomeadamente hipertiroidismo em indivíduos com doença nodular da tiroide e hipotiroidismo por bloqueio da capacidade desta glândula em produzir HT. A elevada ingestão de iodo numa população está também associada a um aumento da incidência de doenças autoimunes da tiroide, como a doença de Graves e a tiroidite de Hashimoto.[46]

(22)

Em suma, o excesso de iodo é indesejável, mas as consequências que daí advêm não são tão graves como as provocadas pelo défice de iodo, que afetam diretamente o desenvolvimento humano e podem provocar danos cerebrais permanentes.[46]

4. Situação em Portugal

Em Portugal, embora país pioneiro no despiste sistemático do hipotiroidismo neonatal, são escassos os dados relativos ao aporte, concentrações séricas e urinárias de iodo no seu território. E. Limbert et al.[47] realizaram um estudo com vista à determinação das CIU em 3631 grávidas portuguesas. Em Portugal continental o valor médio registado foi de 84,9 µg/L. Somente 16,8% das mulheres apresentavam valores adequados superiores a 150 µg/L e 23,7% apresentavam valores inferiores a 50 µg/L. Estes resultados são concordantes com um outro estudo[48], realizado na Universidade do Minho, em 140 grávidas, onde foi obtido o valor médio das concentrações urinárias de iodo de 75 µg/L. Apresentavam valores inferiores a 50 µg/L, 38, 36 e 34% das grávidas no primeiro, segundo e terceiro trimestres de gravidez, respetivamente.

Em Portugal continental, os valores das CIU de grávidas fornecidos por hospitais nas regiões interiores eram significativamente inferiores aos registados nos hospitais das regiões costeiras: 13,1% e 16,7% registaram valores superiores a 150 µg/L respetivamente, e 31,1% e 20,1% para valores inferiores a 50 µg/L.[47] Este facto poderá ser provavelmente explicado

pelo menor consumo de fauna marítima, que poderá estar associado ao mais baixo estatuto socioeconómico das povoações interiores. Talvez por isso, há cerca de 50 anos atrás, o bócio endémico era uma realidade nestas regiões. Nos arquipélagos dos Açores e Madeira os valores das CIU registados em grávidas foram ainda mais baixos do que os obtidos nas regiões interiores. Aqui, o valor médio foi de 60 µg/L; a percentagem de valores acima de 150 µg/L foi de 5,4% e inferiores a 50 µg/L foi de 41,4%. Nos Açores os valores de CIU foram particularmente baixos, sendo que o valor médio foi de 50 µg/L.[47] Já um estudo

anterior realizado por Oliveira et al.[49] nos Açores em 1986, foi demonstrada uma elevada prevalência de bócio e valores diminuídos de CIU. Embora tratando-se de ilhas, estas baixas concentrações de iodo poderão ser explicadas pelo facto de o consumo de peixe ser escasso, devido ao seu elevado custo, e o próprio solo destas regiões ser desprovido de uma normal quantidade de iodo devido à elevada precipitação que lá ocorre (cerca de 875 l/m2 por dia), que contribui para um efeito de lixiviação.[47] [49] Para agravar este facto, a

carne, leite e os vegetais consumidos são essencialmente de origem local, e portanto também contendo menor quantidade de iodo, o que por si só reduz o efeito da profilaxia silenciosa.[47]

(23)

Ainda nestes estudos, concluiu-se que, de uma forma mais ou menos clara, os valores de CIU tendem a decrescer ao longo do período de gestação, isto é, verificam-se valores mais baixos no terceiro trimestre do que no primeiro. A depleção das reservas de iodo no organismo humano deve-se muito provavelmente à mobilização deste oligoelemento através da placenta e ao aumento da filtração renal, ambos não compensados pelo aumento do aporte.[48]

Não direcionado à população grávida mas digno de menção, um trabalho pioneiro realizado em 2014 no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto e Centro Hospitalar do Porto, teve como objetivo a determinação do grau de deficiência de iodo numa população universitária portuguesa. Cerca de 56% dos 45 estudantes analisados apresentaram valores de iodúria inferiores a 100 µg/L e 7% destes exibiram valores inferiores a 50 µg/L. Dados que parecem confirmar a suspeita de que a população adulta portuguesa é marginalmente insuficiente em iodo.[50]

5. Situação Mundial

O estado nutricional da população mundial em iodo tem vindo a melhorar ao longo das últimas décadas. Dos países com informação disponível relativa a este estado, em 2003, 54 consideravam-se com défice de iodo, enquanto que em 2011, esse número viria a ser reduzido para 32.

Segundo um estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde), em que foi avaliado o estado global da deficiência de iodo nos anos de 1993 e 2006[51], concluiu-se que durante

este período houve uma diminuição do número de países em que este défice era ainda considerado um problema de saúde pública. Contabilizaram-se 47 países nesta situação. Paradoxalmente, em 2006 surge um número substancial de países onde os níveis de aporte de iodo são excessivamente elevados, sete, o que poderá levar a que alguns grupos mais vulneráveis, como por exemplo as mulheres grávidas, incorram no risco de desenvolverem hipertiroidismo induzido por iodo.

Independentemente de uma franca evolução positiva ao longo dos últimos anos, estima-se que ainda cerca de 2 mil milhões de indivíduos tenham ainda um aporte deficiente de iodo, sendo que as regiões mais afetadas são o sudeste asiático e a Europa, como pode ser observado na tabela 4.[52]

(24)

Tabela 4. Percentagem de população e número total de indivíduos da população

geral com aporte deficiente de iodo, entre 1994 e 2006.

Região Aporte inadequado de iodo

Proporção (%) N.º total (milhões)

África 41,5 312,9 Américas 11,0 98,6 Sudeste Asiático 30,0 503,6 Europa 52,0 459,7 Mediterrâneo Oriental 47,2 259,3 Pacífico Ocidental 21,2 374,7 Total 30,6 1900,9

Fonte: WHO global database on idd.

No caso especifico dos países europeus, as conclusões não são fáceis. A grande maioria das nações apresenta estudos regionais e não de toda a sua população. Somente cerca de 50% destes têm estudos da sua população total nacional. Refira-se no entanto, que como mencionado anteriormente, estudos em pequenas populações poderão fazer mais sentido na decisão de suplementação ou não de iodo, uma vez que nomeadamente em países com uma área total muito extensa, as diferenças no aporte de iodo poderão ser enormes. Segundo um documento realizado em conjunto pela OMS e UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em 2007, os valores médios de CIU variavam entre os 30 µg/L registados na Albânia e os 228 µg/L na Macedónia. A população de 11 países apresentava um aporte deficiente de iodo, com uma média de CIU inferior a 100 µg/L. Um aporte adequado foi verificado em 20 países, com valores de CIU entre 100 e 199 µg/L. Apenas a República da Macedónia apresentou valores médios superiores a 200 µg/L, isto é, com uma população em risco de hipertiroidismo induzido por excesso de iodo. Relevante é o facto de que estes valores representam somente uma média, pelo que poderiam existir regiões deste país com níveis adequados de aporte de iodo, assim como o mesmo poderia ter acontecido nos países em que o valor médio não fosse aparentemente o adequado. A Espanha é um desses exemplos. Aqui, concluiu-se que existem áreas limitadas onde o défice de iodo é marcado, com uma elevada prevalência de cretinismo.[53]

Os dados mais recentes disponibilizados pela ICCIDD (Conselho Internacional para o Controlo de Desordens provocadas por Deficiência de Iodo) quanto ao aporte de iodo podem ser visualizado na imagem 2.

(25)

Imagem 2. Panorama mundial quanto aos níveis de CIU. 2014.

Fonte: Iodine Global Network.

6. Estratégias de intervenção

A OMS tem vindo a destacar a questão do aporte de iodo nos últimos anos. Como anteriormente referido, estima-se que cerca de um terço da população mundial tenha défice ou esteja atualmente em risco de deficiente aporte de iodo. Salvo raras exceções, a alimentação, por si só, não é suficiente para suprir as necessidades de iodo do ser humano, tornando-se assim necessária a suplementação com este nutriente, ou através da fortificação dos seus alimentos com iodo.[54] Assim tornou-se particularmente importante o

desenvolvimento de estratégias de atuação com este objetivo.

A principal medida de intervenção a este nível, de acordo com recomendação da OMS, passa pelo consumo de sal iodado. Estima-se que esta forma de suplementação, económica e simples, cubra atualmente cerca de 2/3 da população mundial. Consiste na adição de 20 a 40 mg de iodo por quilograma de sal. A confecção de alimentos como pão, queijos, ou outros, com este sal, contribui significativamente para o aumento da ingestão de iodo através da dieta. Sendo uma prática perfeitamente segura, de acordo com as recomendações da OMS em que se estabelece o limite superior de ingestão de 5 g de sal diários, em que seriam ingeridos, no máximo, 200 µg de iodo.[1]

Outras medidas de iodização usadas passam pela fortificação com iodo de óleo vegetal, da água, do chá e até mesmo do açúcar. O aumento do teor de iodo na alimentação animal aumenta, de forma indireta, a quantidade de iodo ingerida pelo humanos, deva-se este facto ao consumo de carne ou de produtos lácteos.[55] [56]

(26)

Em Portugal, foram em 2013, elaborados documentos pela DGS e Direção-Geral da Educação, de natureza orientativa, com a mesma finalidade: Orientação 011/2013 DGS.

Aporte de iodo em mulheres na preconceção, gravidez e amamentação[5] e Orientações

sobre ementas e refeitórios escolares.[57] A primeira recomenda a ingestão diária de 150-200

µg de iodo, sob a forma de iodeto de potássio, desde o período preconcecional, gravidez, e enquanto durar o aleitamento materno exclusivo, assim como a substituição do sal comum pelo sal iodado. Recomenda ainda uma alimentação variada, que inclua alimentos ricos neste oligoelemento. A monitorização da implementação desta orientação é atribuída à Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, em parceria com outras entidades, permitindo a avaliação da repercussão destas medidas dois anos após a sua publicação. A segunda, recomenda a utilização de sal iodado na preparação das refeições escolares.

7. Conclusão

O adequado aporte de iodo durante a gravidez é fundamental para o normal desenvolvimento do feto e consequentemente do recém-nascido. Ainda que nos últimos anos tenham vindo a ser empreendidos esforços a nível mundial por forma a contrariar o défice deste nutriente nas grávidas, existem ainda hoje países nessa condição, e é por esse motivo considerado um problema de saúde pública. Por outro lado, com as medidas de iodização adotadas verifica-se hoje que as populações de algumas regiões têm já registados valores de iodo considerados excessivos. Conclui-se assim quanto a este facto, que a suplementação e a fortificação de alimentos com iodo deverá continuar a ser implementada/desenvolvida, mas no entanto com a recomendação de um maior controlo dos níveis deste oligoelemento na população por parte das autoridades competentes. Sendo a iodização universal de sal a principal medida globalmente aceite e utilizada para aumentar o aporte de iodo, e coexistindo esta com recomendações paralelas relacionadas com a diminuição da ingestão de sal, será importante no futuro coordenar intervenções. Dada a escassez de dados relativos à utilização de sal iodado pelas populações, a sua contribuição para os níveis de iodo encontrados nos indivíduos, e o tempo que decorre entre a administração deste e o efeito produzido no organismo humano, recomendam-se mais estudos nesse sentido.

Uma outra questão prende-se com o facto de a grande maioria destes estudos se dedicarem ou à população geral ou à população já em idade escolar (6 a 12 anos), pelo que urge, neste momento, a necessidade de uma maior quantidade de trabalhos direcionados para a população grávida.

(27)

Nos estudos existentes denota-se uma outra grande limitação, essa relacionada com as amostras utilizadas nos mesmos. Geralmente são diminutas, pelo que dificilmente poderão ser representativas de toda uma região ou país. A grande variabilidade de valores médios de CIU registados em diferentes regiões de um mesmo país é também um obstáculo. Os valores médios apresentados poderão ser erradamente considerados em pequenas regiões. Esta é a realidade portuguesa, em que tratando-se de um país pequeno, existe uma considerável diferença entre as regiões costeiras e as mais interiores, assim como as populações insulares. Sugerem-se assim novos estudos com a finalidade de se obterem futuramente novos biomarcadores individuais, e não populacionais, do estado nutricional em iodo das grávidas, por forma a permitir uma análise individual destas.

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Imagem

Tabela 1. Principais fontes alimentares de iodo.
Tabela 2. Doses diárias recomendadas de iodo.
Tabela 3. Espectro de doenças e complicações provocadas por défice de iodo.
Tabela  4. Percentagem de população e número total de indivíduos da população  geral com aporte deficiente de iodo, entre 1994 e 2006

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