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Determinantes à primeira migração internacional: uma análise a partir de dados longitudinais disponíveis para a Nicarágua

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Academic year: 2021

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Determinantes à primeira migração internacional: uma análise

a partir de dados longitudinais disponíveis para a Nicarágua

Gilvan Ramalho GuedesCíntia Simões AgostinhoGeovane da Conceição Máximo

Palavras-chave: Migrações internacionais; Determinantes da migração; modelos longitudinais;

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar os fatores que determinam a primeira migração internacional, tendo como foco a experiência da Nicarágua e os movimentos migratórios de seus cidadãos, dentro do próprio país, e para os Estados Unidos e a Costa Rica. Valendo-se especialmente do arcabouço teórico sobre a migração internacional selecionou-se variáveis demográficas, socioeconômicas, contextuais e de redes sociais para o estudo da relação entre aqueles determinantes.

Foram utilizadas duas bases de dados: Nicarágua (2005) e Costa Rica (2003), ambas pertencentes ao Latin American Migration Project – LAMP. O LAMP nasceu como uma extensão do Projeto Mexicano de Migração (Mexican Migration Project – MMP), criado em 1982 por pesquisadores de diferentes disciplinas, buscando avançar na compreensão do processo complexo que é a migração internacional e emigração para os Estados Unidos.

Os dados de 214.579 indivíduos foram analisados com o auxílio da técnica de análise de sobrevivência, também chamada de history event analysis. Empregou-se um modelo de risco competitivo (modelo multinomial logístico) ao modelar os determinantes do tempo à primeira migração.

Os resultados sugerem que, no caso da migração interna, variáveis demográficas e socioeconômicas, tais como presença de criança em casa e níveis de escolaridade mais altos mostram-se positivamente correlacionados à uma maior a propensão à primeira migração. Já no caso da migração internacional Nicarágua – Costa Rica / Estados Unidos as variáveis de rede sociais, tais como o fato de pais ou irmãos já ter migrado anteriormente para os Estados Unidos, parecem melhor explicar os fluxos observados.

Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu- MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.

Doutorando em Demografia – CEDEPLAR / UFMG. ♦

Doutoranda em Demografia – CEDEPLAR / UFMG. ♥

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Determinantes à primeira migração internacional: uma análise

a partir de dados longitudinais disponíveis para a Nicarágua

Gilvan Ramalho GuedesCíntia Simões AgostinhoGeovane da Conceição Máximo

Introdução

De acordo com as Nações Unidas (2003) cerca de 175 milhões de pessoas residem atualmente em um país diferente daquele de seu nascimento, e perto de 60% desses migrantes vivem em regiões desenvolvidas. A maioria dos migrantes, que vivem em outros países, está na Europa (56 milhões), Ásia (50 milhões) e América do Norte (41 milhões), sendo que o país que individualmente recebe mais migrantes são os Estados Unidos (35 milhões). As regiões mais desenvolvidas recebem, ao ano, cerca de 2,3 milhões de migrantes vindos das regiões menos desenvolvidas, sendo responsáveis por cerca de dois terços do crescimento das áreas mais desenvolvidas. Estima-se que aproximadamente uma em cada 10 pessoas que vivem nas regiões desenvolvidas é migrante, e cerca de uma em cada 70 nos países em desenvolvimento o são.

Dada a grande relevância dos movimentos migratórios internacionais, estudos relacionados com estes fluxos têm tido importância crescente no atual contexto mundial, que é marcado por transformações econômicas, sociais, demográficas e culturais.

Uma dificuldade normalmente encontrada ao se estudar a migração internacional a nível individual é a fonte de dados. Uma vez que a propensão a migrar pode ser considerada como um evento relativamente raro na população, os censos demográficos apesar de fornecer informações individuais sobre os migrantes, tendem a trazer dados enviesados sobre eles. Além disso, os censos populacionais tratam a migração como um evento e não como um processo, como deveria ser estudado, dado seu caráter complexo e multifacetado. Outro ponto que se coloca na limitação dessa fonte de dados é que ela sub-enumera os migrantes que não têm documentos (especialmente no caso dos Estados Unidos) e não tem informação sobre status legal, o que dificulta a mensuração do volume e características dos migrantes.

A fonte de dados utilizada neste trabalho para estudar fatores relacionadas à primeira migração é uma pesquisa específica sobre migração: o Projeto de Migração da América

Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu- MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.

Doutorando em Demografia – CEDEPLAR / UFMG. ♦

Doutoranda em Demografia – CEDEPLAR / UFMG. ♥

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Latina (Latin American Migration Project – LAMP2). Ela é realizada através de uma entrevista semi-estruturada e é conhecida por ser uma pesquisa étnica (etnoencuesta), que coleta informações no campo social, demográfico e econômico, para cada domicílio e todos seus membros. A partir da base de dados é possível reconstruir o histórico migratório do responsável pelo domicílio e seu/sua esposo(a) (no caso deste existir), com informação detalhada sobre essa experiência. De forma similar, coleta-se informação sobre a primeira e a última migração de cada membro do domicílio, que é estendida a todos os filhos do responsável, mesmo estando estes ausentes do domicílio.

O objetivo principal desse trabalho é, portanto, analisar fatores que determinam a primeira migração internacional, especialmente, tendo como foco a experiência da Nicarágua no que se refere aos movimentos migratórios de seus cidadãos para a Costa Rica e os Estados Unidos. Além disso, analisou-se, também, a migração interna, com o objetivo de tomarmos em perspectiva as diferenças que se observam em termos de fatores que determinam cada um dos movimentos migratórios (interno ou internacional). Para selecionar as variáveis demográficas, socioeconômicas, contextuais e de redes sociais, que serão estudadas, utiliza-se o arcabouço teórico sobre a migração internacional. Ao invés de buscar causalidade entre essas variáveis e o evento da primeira migração, a principal preocupação é determinar a relação entre elas e o ato de migrar.

O trabalho estrutura-se em sete partes, considerando esta introdução. Na próxima seção encontra-se uma revisão sobre as teorias da migração internacional, que dá fundamento para análises posteriores. Em seguida apresenta-se uma breve contextualização sobre a migração na Nicarágua e Costa Rica e são também apontados os fatores que serão analisados para estudar a primeira migração (interna ou internacional). A quarta seção traz o modelo estatístico para analisar os fatores relacionados com a primeira migração. Na seqüência é feita uma descrição sobre a base de dados que foi utilizada – LAMP –, e depois uma análise descritiva da mesma. Os resultados do modelo são apresentados na seção 6, que é seguida pelas considerações finais.

2 - Revisão sobre teorias de migração internacional

Atualmente não existe uma teoria conexa sobre as migrações. Existem diferentes teorias fragmentadas que geralmente foram desenvolvidas separadamente umas das outras, e algumas vezes são segmentadas por fronteiras disciplinares. Apesar disso, a explicação dos processos migratórios normalmente é dada por um pluralismo causal, mesmo que o peso de cada premissa causal inferida dependa de preferências teóricas/ideológicas. Padrões correntes e tendências de migração sugerem que um entendimento completo do processo migratório atual não será atingido se for apoiado nos argumentos de uma só teoria, ou focando em um único tipo de

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Este estudo utiliza dados coletados pelo Projeto de Migração da América Latina (LAMP: lamp.opr.princeton.edu) na República Dominicana, Nicarágua e Costa Rica. As pesquisas na Nicarágua e Costa Rica foram conduzidas em associação com o Centro de População da América Central da Universidade de Costa Rica (CCP: http://ccp.ucr.ac.cr) com financiamento da Mellon Foundation. A LAMP é um investimento do

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análise. A natureza complexa e multifacetada dos movimentos migratórios requer uma teoria que incorpore uma variedade de perspectivas, níveis e suposições.

As teorias sobre os movimentos migratórios separam-se entre aquelas que buscam explicar o início dos fluxos e outras cujo objetivo é buscar causas para a perpetuação da migração. De acordo com as primeiras, a migração pode começar por uma série de razões: desejo individual de aumento da renda esperada; tentativa familiar de diversificar os riscos; demanda por trabalhadores decorrente do sistema capitalista; ou ruptura na organização da sociedade provocada pela penetração do mercado nas regiões periféricas. A seguir, expõe-se mais detalhadamente os aspectos conceituais e suposições relacionados às teorias que se preocupam com o fato motivador dos movimentos migratórios3.

De acordo com a teoria econômica neoclássica, de aspecto macroeconômico, a migração seria causada por diferenças na oferta e demanda de trabalho entre as regiões, que se manifestam através das taxas salariais. Assim, regiões com excesso de força de trabalho, em relação ao capital, têm baixos salários e regiões com escassez de força de trabalho, em relação ao capital, apresentam altos salários. O diferencial nos salários promove a movimentação dos trabalhadores das regiões com baixos salários para aquelas com salários mais altos. O resultado disso seria o aumento de trabalhadores e diminuição do salário nas regiões onde havia escassez de mão-de-obra e o inverso ocorre nas regiões onde a oferta de trabalho era abundante, levando a um equilíbrio no mercado de trabalho. Desta forma, o mercado de trabalho constitui o mecanismo através do qual os fluxos internacionais são induzidos, e implícito a este fato está a proposição de que se fossem eliminadas as diferenças salariais entre os países (que podem ser feitas através de regulação governamental), os fluxos migratórios deixariam de existir.

Na teoria econômica neoclássica, de aspecto microeconômico os indivíduos racionais decidem migrar quando esperam obter um retorno líquido positivo, geralmente monetário, desse movimento. O indivíduo, dada a sua qualificação, faz o cálculo de custo-benefício das diferentes regiões e migra efetivamente para aquela em que a renda esperada é maior. Nesse modelo teórico pressupõe-se que o indivíduo tem informação completa para realizar os cálculos necessários à migração. A decisão migratória origina-se do desequilíbrio ou da descontinuidade entre os mercados de trabalho, especificamente através do diferencial na renda e na taxa de emprego, enquanto outros mercados não influenciam diretamente essa decisão.

Na nova teoria econômica da migração a decisão de migrar é feita por unidades maiores de pessoas relacionadas, como famílias ou domicílios, diferentemente da teoria neoclássica, em que a decisão estava centrada no indivíduo. Assim, as famílias estão em melhor condição para controlar os riscos ao seu bem-estar econômico diversificando a alocação dos recursos familiares. Desta forma, é racional, no cálculo coletivo, que algum membro da família esteja alocado em atividade local e outro membro esteja numa atividade diferente (não relacionada) em outra região. Especialmente nos países em desenvolvimento, mecanismos institucionais (mercado de seguro de safra, seguro desemprego, crédito) que permitem uma adequação das famílias em momentos de crise são ausentes, imperfeitos ou não acessíveis a famílias pobres. Se as decisões familiares são motivadas pela necessidade de diversificação dos riscos, a diferença salarial entre as nações ou o desenvolvimento das

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A revisão de bibliografia sobre as teorias da migração internacional aqui apresentada está baseada especialmente na revisão e avaliação feita por Massey et al. (1993).

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regiões originárias dos migrantes não constituem condição necessária para a ocorrência de movimentos migratórios. Logo, o movimento internacional não pára, necessariamente, quando os diferenciais de salário são eliminados entre as regiões. Por outro lado, mudanças na distribuição de renda, que diminuíssem a privação relativa de algumas famílias alterariam os incentivos a migrar.

Pode-se perceber que as teorias econômicas têm como ponto comum a demonstração da racionalidade dos agentes determinando a decisão sobre o movimento migratório, havendo diferenças na unidade tomadora da decisão (indivíduo ou família); no aspecto econômico motivador da migração (maximização da renda ou minimização do risco); nas suposições acerca do contexto institucional em que as decisões são tomadas (mercados perfeitos ou mercados ausentes/imperfeitos). As diferenças principais estão nas implicações de políticas públicas que afetariam as migrações: mudanças no mercado de trabalho (teoria neoclássica macroeconômica), medidas que afetem a renda esperada, como o aumento da taxa de emprego, ou os custos de migrar, como transporte (teoria neoclássica microeconômica), e mudança na distribuição de renda (nova teoria econômica).

Em contraposição às teorias econômicas da migração de escolha individual racional, está a teoria do mercado dual de trabalho, que argumenta que a migração é determinada por uma demanda por trabalho inerente à estrutura econômica das sociedades industriais modernas. A migração seria causada por fatores de atração nas regiões recebedoras. Um dos fatores que determinam a demanda por migrantes nas sociedades avançadas industrialmente é o dualismo do mercado de trabalho, separado em dois setores ocupacionais: primário e secundário. Aos trabalhadores nativos, fica reservado o setor primário, em que os salários são mais altos, os empregos são mais seguros e há a possibilidade de melhoria ocupacional. No setor secundário, ocorre a demanda permanente por trabalhadores com pouca ou nenhuma qualificação, que aceitam os baixos salários, as condições instáveis e a falta de perspectivas razoáveis de mobilidade social. A explicação para o início do fluxo migratório encontra-se na maneira pela qual a demanda de trabalhadores imigrantes é satisfeita: práticas de recrutamento são utilizadas por empregadores das sociedades desenvolvidas ou por governos, para atender aos interesses desses mesmos empregadores. Fica claro que as diferenças internacionais de salário não constituem condição suficiente para que a migração ocorra, o que aponta a mudança de percepção na causalidade do fenômeno: a causa dos fluxos migratórios internacionais não está na esfera da racionalidade individual, mas, sim, no predomínio da crônica e inevitável demanda de trabalhadores estrangeiros (força de atração) e na primazia de fatores econômicos de natureza estrutural. Para influenciar as migrações através de políticas governamentais seria necessária uma mudança na organização econômica.

Na teoria dos sistemas mundiais a migração não é causada por uma bifurcação do mercado de trabalho em uma sociedade particular, mas está relacionada com a estrutura econômica e política de um mercado mundial expandido. A formação do mercado capitalista nas regiões periféricas teria provocado desequilíbrios na estrutura socioeconômica interna dessas regiões, o que conduziria a pressões migratórias, ou seja, a emigração resulta de problemas/rupturas internos que foram induzidos pela expansão do sistema econômico global. Dessa forma, políticas sociais que provocassem mudanças nas taxas de salário ou nos diferencias de desemprego não afetariam significativamente os fluxos migratórios. Por outro lado, medidas governamentais que influenciariam efetivamente o movimento migratório se dariam através da regulação nas atividades de investimento externo e no controle do fluxo de capital e mercadorias. No entanto, a possibilidade de implementação dessas políticas é baixa dada a difícil execução, as disputas de comércio e o risco econômico de recessão.

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Um segundo grupo de teorias analisa as causas da perpetuação dos movimentos migratórios. Entre as motivações relacionadas com a continuação das migrações estão a difusão das redes sociais da migração, surgimento de instituições que auxiliam na migração e mudança no significado social do trabalho nas sociedades recebedoras de migrantes. Cada um dos modelos que buscam explicações para a perpetuação dos movimentos migratórios é analisado a seguir.

Na teoria das redes sociais os laços de parentesco ou de amizade que ligam migrantes, novos migrantes e não migrantes, nas áreas de origem ou destino, são responsáveis pela continuação dos movimentos migratórios. As redes sociais dos migrantes aumentam a probabilidade de migrar devido à diminuição dos custos e dos riscos de migrar, aumentando o retorno líquido esperado da migração. Uma vez começado, o movimento migratório tende a expandir ao longo do tempo as conexões das redes sociais na área originária dos movimentos migratórios, até o ponto em que todas as pessoas que desejavam migrar poderiam fazê-lo sem grandes dificuldades; a partir desse ponto a migração tende a desacelerar. Dessa forma, o fluxo migratório não está relacionado com diferenciais nos salários ou nas taxas de emprego, pois esses fatores podem ser suplementados pela diminuição nos custos e nos riscos envolvidos na migração. Consequentemente, quando o sistema de redes sociais é bastante difundido em determinada região, a tendência é que a migração seja menos seletiva em relação às características socioeconômicas, se tornando mais representativa da área em que a migração se origina. Medidas governamentais para controlar o fluxo migratório serão pouco eficazes, uma vez começado o movimento migratório.

A teoria institucional afirma que uma vez começado o movimento migratório, organizações, instituições e empresas privadas surgem para dar suporte, manter e promover os fluxos de migrantes, uma vez que isso se torna um negócio rentável. Assim como no modelo anterior, governos teriam dificuldade em controlar a entrada dos migrantes, pois o processo de institucionalização é difícil de regular. Quando o número de migrantes que desejam entrar em determinada região é muito alto, esforços de políticas governamentais podem servir para criar um mercado negro na movimentação.

As teorias anteriores que buscam fatores para a manutenção dos movimentos migratórios sugerem que estes adquirem alguma estabilidade e estrutura no espaço e no tempo, permitindo a identificação de um sistema de migrações estável. Dessa idéia, surge a

teoria dos sistemas de migração, que é vista especialmente como uma generalização das

teorias anteriores. Um sistema de migração inclui regiões que são marcadamente recebedoras e outras que enviam migrantes. No entanto, regiões pertencentes a um sistema de migração não necessariamente estão próximas geograficamente, uma vez que os fluxos refletem relações políticas e econômicas. Os sistemas multipolares também são possíveis, apesar de que poucas áreas recebem migrantes de um conjunto de áreas que enviam migrantes. Como as condições econômicas e políticas mudam no tempo, a estrutura e organização dos sistemas de migração também podem se alterar; áreas podem ser incorporadas ou desligar-se do sistema de migrações como resposta a mudanças sociais, flutuações econômicas ou reviravoltas políticas.

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3 – A Nicarágua no contexto das migrações internacionais

A Nicarágua é um país com comportamento claramente bipolar em relação ao local de destino de seus migrantes. A migração dos nicaragüenses tem Costa Rica como principal destino e os Estados Unidos como o segundo, mas esse comportamento não tem sido estático no tempo. De meados do século XIX a fins dos anos 70, a Costa Rica constituía-se no principal destino. Na década de 80, o socialismo é alvo de uma campanha liderada pelo presidente americano Ronald Reagan, e a emigração apresenta aumento em seu volume, com os Estados Unidos assumindo o papel de principal destino dos nicaragüenses. Com o fim do conflito armado e a saída dos socialistas do governo, novamente a Costa Rica se torna o principal destino dos migrantes provenientes da Nicarágua (Vargas, 2005; Lundquist e Massey, 2005).

Estima-se que na Costa Rica a população nascida em outro país passou de cerca de 90 mil pessoas em 1984 para 300 mil em 2000, e destes, cerca de 75% são provenientes da Nicarágua. Em 2000, os migrantes nicaragüenses correspondiam a aproximadamente 6% da população de Costa Rica.

Considerando o arcabouço teórico sobre as migrações, apresentado na seção anterior, as variáveis selecionadas para avaliar sua relação com a primeira migração foram separadas em quatro grupos: demográficas; socioeconômicas, contextuais e de redes sociais. Apesar da relevância das teorias que são mais focadas no sistema econômico – teoria do mercado de trabalho dual, teoria dos sistemas mundiais e teoria dos sistemas de migração – para compreensão da migração (Massey et al., 1994), este trabalho estará focado principalmente nas variáveis individuais e de contexto (da comunidade).

Entre as variáveis demográficas destaca-se sexo, idade, status marital, se teve algum filho, e se tem filho vivo. O trabalho de Vargas (2005), que centra sua análise nos nicaragüenses e nos migrantes para Costa Rica e Estados Unidos, mostra como as variáveis idade e sexo estão relacionadas com a migração, e mais especificamente com o local de destino. Os resultados da análise descritiva daquele estudo mostram que os homens correspondiam a 48% da população nas comunidades de origem na Nicarágua, enquanto os migrantes correspondiam a 58%. A idade média à primeira migração se mostrou bastante similar com a idade média da população em geral (28 anos), e com a idade média segundo o destino: 27,8 anos para aqueles que migraram para Costa Rica e 28,3 para os que migraram para os Estados Unidos.

A inclusão das variáveis sobre status marital e presença de filhos está relacionada com a nova teoria econômica da migração. Na teoria neoclássica da migração a escolha de migrar é individual, resultado de um cálculo racional em que são contabilizados os custos e os retornos esperados da migração. Na nova teoria econômica da migração, por outro lado, a decisão de migrar se dá numa esfera mais ampliada, entre a família ou o domicílio. Nesse caso, a migração se dá para controlar os riscos relativos ao seu bem-estar econômico, diversificando a alocação dos recursos familiares. Nesse sentido, a possibilidade de migrar aumentaria na presença de mais pessoas no domicílio. Por outro lado, no caso de ser uma família muito tradicional, a ausência de um membro da família pode representar um custo muito alto, inviabilizando ou dificultando a migração.

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Entre as variáveis socioeconômicas selecionadas está nível de escolarização, ocupação, propriedade de terras e propriedade de negócio. O efeito do nível de escolaridade sobre a migração é difícil de prever. Em sociedades fortemente afetadas pela desigualdade em escolaridade, como o caso dos países da América Latina, esta se torna um bem escasso, e, mesmo baixos níveis de escolaridade, são razoavelmente compensados no mercado de trabalho. No entanto, em países onde o nível de escolaridade é elevado, uma pessoa com baixo nível de escolaridade teria remuneração baixa ou mesmo dificuldades em se inserir no mercado de trabalho, o que diminuiria a sua propensão a migrar. Por outro lado, como a migração envolve uma série de mudanças (de linguagem, cultura, sistema econômico) o elevado capital humano adquirido no país de origem pode se diluir diante dessas diversidades no país de destino, o que também diminuiria a probabilidade de migrar. Nesse sentido, a influência do tipo de ocupação no país de origem também tem sentido difícil de se prever sobre a migração.

Com relação à escolaridade, o trabalho de Vargas (2005), sobre a migração dos nicaragüenses, mostra que os resultados são diferenciados quando a análise é feita segundo lugar de destino. No total da população da Nicarágua (com mais de 6 anos) a escolaridade média é de 7 anos, enquanto para aqueles que migraram para a Costa Rica a escolaridade é de 7 anos para o total e de 6,1 anos para os responsáveis pelo domicílio. Por outro lado, para as pessoas que migraram para os Estados Unidos o nível de escolaridade é maior, chegando a 9,9 anos em média, para o total, e, 9,8 anos de estudo entre os chefes. Nesse caso, o nível de escolaridade parece estar positivamente relacionado com a distância percorrida pelo migrante.

O capital financeiro, aqui medido pela posse de terras ou de negócio próprio, exerce um papel importante dentro da teoria econômica neoclássica sobre a migração internacional. Assim como a escolaridade, a influência da posse de bens sobre a migração internacional é indeterminada. Por um lado, a posse de bens disponibiliza capital para ser usado no financiamento da viagem; e por outro lado, se a renda potencial desses ativos é significativa, isso pode reduzir a atratividade da migração. Na nova teoria econômica, no entanto, a migração internacional se dá não somente pela maximização dos rendimentos, mas também por imperfeições ou ausência dos mercados de capital e crédito. Nesse sentido, a posse de terras ou de negócio próprio já indica a ausência de uma motivação a migrar, tendo uma influência negativa sobre a probabilidade de migrar.

Para avaliar a importância das variáveis de contexto (ou da comunidade) foi analisado se, no momento da migração, havia na comunidade ensino primário, ensino médio, eletricidade, água canalizada ou telefone. A ausência desses bens públicos na comunidade pode aumentar a probabilidade de migrar (especialmente internamente) para pessoas que se preocupam com a acumulação de capital humano (aumento do nível de escolaridade) e com bem-estar próprio e da família. Além disso, a ausência desses serviços está ligada normalmente a comunidades menos desenvolvidas, geralmente na área rural. No caso dessas regiões serem menos dinâmicas economicamente, no cálculo individual racional, a probabilidade de estar empregado pode ser maior em uma área mais desenvolvida, aumentando a probabilidade de migrar.

As variáveis de rede social usadas indicavam se pai, mãe ou algum irmão já haviam viajado para os Estados Unidos. Na teoria de redes sociais, os laços de parentesco, de amizade ou de nacionalidade que ligam migrantes, novos migrantes e não migrantes, nas áreas de origem ou destino, afetariam substancialmente os movimentos migratórios. As redes sociais dos migrantes aumentam a probabilidade de migrar devido à diminuição dos custos e dos riscos de migrar, aumentando o retorno líquido esperado da migração. Massey e Aysa (2005)

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ao estudar o efeito das redes sociais sobre a migração aos Estados Unidos, verificam que estas têm impacto forte e significativo para migrantes provenientes do México, Nicarágua e Costa Rica.

4 - Material e Métodos

4.1 - O Método

Nesse trabalho, utilizamos a técnica de análise de sobrevivência, também chamada de history event analysis. Empregamos um modelo de risco competitivo ao modelar os determinantes do tempo à primeira migração. Como o banco de dados utilizado, detalhado no próximo tópico, estava formatado em termos de pessoas-ano, utilizamos um modelo multinomial logístico, ao invés de um modelo de risco proporcional de Cox.

A modelagem logística apresenta algumas vantagens sobre o modelo de Cox, uma vez que não é necessário que assumamos uma determinada distribuição de probabilidade para a variável de tempo, como uma distribuição gamma, de Weibull, etc. A relação entre a variável endógena (status da primeira migração, com uma gradação desde a imobilidade até a migração para um local mais distante – os Estados Unidos) e a idade pode ser imposta da forma que desejarmos. Ademais, o teste de proporcionalidade pode ser mais facilmente obtido, uma vez que é necessário testar apenas a significância dos termos iterativos da idade com todas as demais variáveis exógenas introduzidas no modelo.

Como a variável endógena apresenta, a priori, uma idéia de ordem (distância migratória), nossa primeira aproximação foi a utilização de um modelo logit ordenado. Um dos pressupostos do modelo ordenado é que as regressões devem ser paralelas (pressuposto também conhecido como das razões proporcionais quando aplicado ao modelo logístico ordenado). Esse pressuposto deve ser testado através do teste de Brant. O teste compara os coeficientes angulares dos J-1 logitos implícitos pelo modelo de regressão ordenado (Long e Freese, 2001). Por exemplo, assumindo uma variável dependente com 4 categorias, e uma função de probabilidade acumulada do tipo:

(

|

)

(

)

1 3

Pr ym x = Fτmxβ para m= a as equações implícitas ao modelo ordenado correspondem a:

(

)

(

)

(

)

(

)

(

)

(

τ β

)

β τ β τ x F x y x F x y x F x y − = ≤ − = ≤ − = ≤ 3 2 1 | 3 Pr | 2 Pr | 1 Pr

Para essa função acumulada, os betas são idênticos. O teste opera comparando as equações com o mesmo beta e as equações em que os betas podem variar ao longo das equações. Ou seja, no caso em que:

(

|

)

(

)

1 3

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Assim, a hipótese nula corresponde a: ^ 3 ^ 2 ^ 1 3 2 1 β β β β β β = = ⇒ = =

De acordo com Long e Freese (2001), é comum ocorrer a violação do pressuposto no caso em que há pouco número de observações nas categorias extremas da variável dependende ou quando a especificação do modelo comporta uma quantidade razoavelmente grande de variáveis exógenas. Assim, há duas alternativas: a utilização do modelo de Poisson (especialmente quando a grande maioria das observações concentra-se na categoria zero), ou um modelo logit ordenado generalizado. A vantagem desse último é permitir que os coeficientes angulares variem ao longo das equações, porém preservando a natureza ordinal da categoria dependente (Wooldridge, 2002; Long & Freese 2001). Para o nosso propósito, porém, uma vez violado o pressuposto das regressões paralelas, decidimos utilizar um modelo logit multinomial.

A vantagem do modelo multinomial logístico é que ele estima os efeitos das covariáveis para cada uma das equações em relação a uma categoria base. Assim, o modelo estima J-1 equações logísticas binomiais comparando sempre todas elas com uma base fixa. Um problema possível gerado pela modelagem logística multinomial é que nem sempre se verifica o pressuposto de que a escolha de um indivíduo não é afetada desde que não haja informações alternativas relevantes. Essa hipótese, conhecida como “Independence of Irrelevant Alternatives” e baseada nas teorias das Escolhas Sociais e Individuais (Long & Freese, 2001), é muitas vezes violada.

Para testar a independência das alternativas irrelevantes, utilizamos o teste de Hausman, o qual compara o estimador de máxima verossimilhança de beta baseado em todos os dados disponíveis com os estimadores de MVs de beta que são baseados nos dados em que uma alternativa B tenha sido eliminada, enquanto que casos nos quais B tenha sido verdadeiramente selecionado são completamente apagados. Sob a hipótese IIA, b(restrito) e b(geral) deveriam ser aproximadamente iguais, enquanto que IIA é violado na presença de dois betas suficientemente diferentes. Formalmente, a estatística de teste de Hausman corresponde a:

H = (b_r - b_g)' inv(V_r - V_g) (b_r - b_g)

Como estamos utilizando um modelo multinomial, o teste de proporcionalidade de Cox pode ser testado de forma direta. Para tanto, basta que introduzamos, na especificação do modelo, termos interativos entre a idade e todas as demais covariáveis. Permanecem no modelo os termos interativos multiplicativos que forem estatisticamente significativos (Long & Freese, 2001; Alisson, 1995).

4.2 - Dados

Para a execução desse estudo, foram utilizadas duas bases de dados principais: Nicarágua (2005) e Costa Rica (2003), ambas pertencentes ao Latin American Migration Project – LAMP.

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O Projeto de Migração da América Latina nasceu como uma extensão do Projeto Mexicano de Migração (Mexican Migration Project – MMP), que foi criado em 1982 por pesquisadores de diferentes disciplinas, buscando avançar na compreensão do processo complexo que é a migração internacional e emigração para os Estados Unidos. As duas pesquisas têm a mesma metodologia: uma pesquisa étnica que se centra no conceito da migração como um processo.

Além de dados demográficos, a pesquisa tem informações sobre composição familiar, fecundidade, mortalidade infantil, histórico sobre status marital do responsável pelo domicílio, histórico de trabalho do responsável e por seu/sua esposo(a), e histórico sobre propriedade e negócios. Mais ainda, dados detalhados sobre migração interna, migração para os Estados Unidos e múltiplos aspectos sobre diferentes viagens aos Estados Unidos (experiência de trabalho, renda, redes sociais, remessa de dinheiro, entre outros) são coletados.

O Projeto de Migração da América Latina iniciou-se em 1998 com pesquisas sendo conduzidas em Porto Rico. Posteriormente foi expandido para República Dominicana, Nicarágua, Costa Rica, Haiti, Peru e Guatemala. Uma versão modificada da pesquisa foi implementada no Paraguai para estudar a migração desse país para a Argentina.

Os dados disponíveis na base do Projeto de Migração da América Latina se aproximam da pesquisa étnica, que combina técnicas do campo etnográfico com pesquisa amostral representativa para garantir, além da qualidade dos dados, um aspecto quantitativo. O questionário segue um formato semi-estruturado que torna o esquema da entrevista flexível.

De forma sucinta, a metodologia das duas pesquisas segue os passos abaixo:

1) Um conjunto de comunidades, que pode incluir cidades pequenas e um ou dois bairros de cidades maiores, é selecionado para a entrevista. Ao invés de selecionar áreas com alta prevalência de migração para os Estados Unidos, o projeto pretende recolher dados que reflitam a maior diversidade quanto é possível. Assim, para uma rodada de pesquisas, é típico selecionar um ou dois bairros em cidades grandes, outro em cidades intermediárias, e dois ou três em cidades menores. O ideal é que essas áreas tenham grau diferenciado de industrialização, serviços e atividades agrícolas. Não é objetivo da pesquisa selecionar comunidades que sejam estatisticamente representativas do país como um todo.

2) Em cada comunidade uma área de pesquisa é delimitada. A ênfase é dada em escolher uma área residencial. Uma vez definida esta área, os pesquisadores se ocupam em mapeá-la, contando e enumerando os domicílios. Uma amostra aleatória desses domicílios é selecionada para entrevista. Assim, apesar da seleção da comunidade ou da área de pesquisa ser feita aleatoriamente, a seleção das moradias a serem entrevistadas é feita por técnicas simples de amostragem aleatória.

3) Os domicílios selecionados são visitados por entrevistadores especialmente treinados em conduzir a entrevista. Se, depois de algumas tentativas, o domicílio não puder ser entrevistado, outro domicílio é aleatoriamente adicionado à seleção.

4) Como um complemento às pesquisas conduzidas nos países de origem dos migrantes, pesquisas adicionais são realizadas com migrantes das mesmas comunidades que foram estabelecidas nos Estados Unidos. Nesse caso, o objetivo é selecionar utilizando o procedimento amostral de “bola de neve”. O número de domicílios entrevistados nos Estados Unidos normalmente é 10% do número de domicílios entrevistados na comunidade de origem.

As variáveis utilizadas no modelo migratório da Nicarágua estão descritas no ANEXO 1 que mostra a categorização das variáveis, onde 0 é a categoria de referência, a descrição das mesmas e os sinais esperados no resultado do modelo multinomial.

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6 - Resultados

6.1 - Análise descritiva

Foram analisados 214.579 indivíduos nicaragüenses que estão distribuídos na TAB 1 de acordo com o sexo e o destino da primeira migração. Nota-se que as diferenças entre homens e mulheres com relação ao local de destino quando da primeira migração não são aparentemente consideráveis. Os Estados Unidos apresentam-se como destino de uma pequena parcela de pessoas, ao passo que a Costa Rica aparece como o principal destino daqueles que migraram internacionalmente, embora em contingente também bastante reduzido.

Tabela 1

Distribuição percentual dos entrevistados no LAMP,

por sexo, segundo o local de destino quando da primeira migração - Nicarágua 2005

Homem Mulher Nunca migrou 97,7 98,4 Migração interna 1,5 1,2 Costa Rica 0,4 0,3 Estados Unidos 0,3 0,2 Total 100% 100% Fonte: LAMP, 2005

Na seqüência apresentam-se análises que se referem apenas aos indivíduos migrantes (internamente ou internacionalmente) que totalizam 42.306 pessoas. A TAB. 2 mostra que a maioria dos homens entrevistados estão concentrados na faixa dos 15 aos 29 anos (76,1%) e as mulheres nessa faixa etária correspondem a 68,9 % do total de entrevistadas. Nas últimas idades a migração das mulheres é mais intensa que a dos homens.

Tabela 2

Distribuição percentual dos migrantes, por sexo, segundo a faixa etária – Nicarágua, 2005

Faixa etária Homem Mulher

15 a 19 anos 37,3 38,2 20 a 24 anos 22,5 17,0 25 a 29 anos 16,3 13,7 30 a 34 anos 9,1 5,7 35 a 39 anos 5,2 6,3 40 a 44 anos 4,6 9,1 45 a 49 anos 2,6 3,8 50 a 54 anos 1,5 1,8 55 a 59 anos 0,3 2,8 60 anos e mais 0,5 1,5 Total 100% 100% Fonte: LAMP, 2005

A maioria dos entrevistados eram solteiros(as) no momento da primeira migração sendo que esta diferença solteiros-casados é menor quando se trata da migração para os

(13)

Estados Unidos, onde 49,5% das pessoas que fizeram sua primeira migração para este país já estavam casadas àquela época.

Tabela 3

Distribuição percentual dos migrantes, de acordo com o estado civil, segundo destino na primeira migração – Nicarágua, 2005

Solteiro Casado Total

Migração interna 74,4 25,6 100

Costa Rica 67,8 32,2 100

Estados Unidos 50,5 49,5 100

Total 0,7 0,3 100%

Fonte: LAMP, 2005

Quanto ao setor da economia ao qual os migrantes pertenciam quando da primeira migração, nota-se que grande parte concentra-se na área de serviços e comércio e apenas pequena parcela dos entrevistados reportaram estar envolvidos em atividades relacionadas à agricultura. É considerável também a proporção de desempregados e inativos entre aqueles que migraram.

Tabela 4

Distribuição percentual dos migrantes segundo grupos de ocupação – Nicarágua, 2005

Ocupação % Desempregado/inativo 17,7 Educador/Profissional/ Técnico/Artista/Esporte 9,2 Agricultura 8,3 Manufatura 28,3 Serviço/Comércio 36,4 Total 100,0 Fonte: LAMP, 2005

Em relação à escolaridade, quase metade dos migrantes nicaragüenses possuíam 9 anos ou mais de estudo o que significa que são pessoas que cursaram o ensino médio ou superior e, portanto, deve-se tratar de uma migração de pessoas mais qualificadas. Migrantes analfabetos somavam cerca de 7,4% do total de migrantes.

Tabela 5

Distribuição percentual dos migrantes segundo anos de estudo – Nicarágua, 2005

Anos de estudo % Analfabeto 7,4 1 a 4 anos 14,2 5 a 8 anos 29,5 9 anos e mais 48,8 Total 100,0 Fonte: LAMP, 2005

(14)

6.2 - Modelo multinomial

Geramos vários modelos, com diferentes especificações. A primeira aproximação, utilizando um modelo logit ordenado, teve a sua hipótese das regressões paralelas refutada. Optamos, então, por empregar um modelo multinomial logístico, com o teste da independência das alternativas irrelevantes não significativo.

Executamos diferentes transformações nas variáveis independentes para observação de análise estrutural do modelo, conforme recomendação de Neter et al. (1996). A variável sobre posse de terra/lote (manzanas), apresentava distribuição assimétrica e pouquíssimos casos em valores mais altos. Com vista a preservar o número de graus de liberdade, optamos por reintroduzí-la como uma variável indicadora. A variável correspondente ao número de irmãos com experiência migratória nos Estados Unidos, foi introduzida no modelo de forma binária, discretizada em dummies individuais e de forma contínua. Pelo mesmo motivo anterior, preservamos a variável como contínua. Testamos a especificação da variável referente à infra-estrutura de diversas formas: utilizando a dummy para cada um dos seus componentes (presença anterior à migração de eletricidade, sistema de água, telefone, escola primária e escola secundária), variável somatório (transformando-se em número de amenidades anteriores à migração), um índice resumo (obtido através de dois diferentes métodos: análise fatorial e GoM – Grade of Membership) e uma dummie geral (pelo menos uma das amenidades). A melhor calibragem ocorreu com a utilização da variável somatório (observamos algumas estatísticas de ajuste do modelo, conforme sugestão de Long & Freese, 2001, e apresentadas na TAB. A.2).

Um viés importante no qual poderíamos estar incorrendo corresponde à violação de independência das escolhas individuais por viés de endogeneidade entre a variável de escolha migratória e a variável idade. Como o ato de migrar sob um modelo de escolha discreta é, por pressuposto, uma escolha individual, indivíduos muito novos podem sofrer viés de escolha familiar. Por exemplo, um indivíduo de 10 anos de idade pode migrar para os Estados Unidos pela primeira vez não por decisão individual, mas porque sua família também está migrando. Na ausência da migração familiar, ele poderia escolher não migrar. Esse é um problema que pode ser solucionado quando utilizamos um corte etário que permita decisões independentes. Consideramos a idade de 14 anos4, na medida em que em muitas culturas, como na Nicarágua, o trabalho inicia-se antes da maioridade, especialmente em formato de aprendizado ou por necessidade de complementar a renda familiar (Massey, et al, 1993).

A TAB. 6 apresenta o resultado das equações estimadas no modelo multinomial. A descrição das variáveis e os sinais esperados estão descritos na TAB. A.1.

Para analisar as variáveis que são significativas para o modelo, utilizamos o intervalo de confiança fornecido. Pode-se considerar que são significativas as variáveis que não têm em seu intervalo a presença do valor 1. Se ele inclui este valor, significa que a variável analisada não é útil para a predição da variável dependente.

44

Rodamos regressões adicionais com diversos cortes etários, de 10 a 16 anos. Levando em consideração quatro diferentes aspectos, endogeneidade/tamanho amostral/coerência teórica e empirica/sensibilidade estrutural do modelo, optamos pelo corte etário de 14 anos.

(15)

Tabela 6

Razão de Chances estimadas via Modelo Logístico Multinomial para o Risco à Primeira Migração (Interna e Internacional – Costa Rica / Estados Unidos) entre migrantes de 14 anos ou mais de idade

-Nicarágua, 2005 (continua...) age 0,892 0,016 -6,31 0,000 0,861 0,924 agesq 1,001 0,000 3,15 0,002 1,000 1,001 sex 0,932 0,040 -1,62 0,104 0,857 1,015 married 1,214 0,202 1,16 0,245 0,876 1,682 cunion 1,632 0,469 1,70 0,088 0,929 2,866 dchild 0,533 0,140 -2,39 0,017 0,319 0,893 dmanz 0,459 0,227 -1,57 0,115 0,174 1,210 gboccup2 2,691 0,648 4,11 0,000 1,679 4,313 gboccup3 1,175 0,217 0,87 0,384 0,818 1,688 gboccup4 2,304 0,551 3,49 0,000 1,442 3,683 gboccup5 2,198 0,437 3,96 0,000 1,488 3,246 geduc2 1,278 0,294 1,07 0,285 0,815 2,006 geduc3 1,317 0,298 1,22 0,223 0,845 2,052 geduc4 1,860 0,534 2,16 0,031 1,059 3,266 f ausmig 1,543 1,245 0,54 0,591 0,317 7,507 mousmig 1,006 1,024 0,01 0,996 0,137 7,400 brousmig 1,108 0,230 0,50 0,619 0,738 1,664 inf ra 0,990 0,060 -0,17 0,862 0,879 1,114 dchild_int 1,003 0,011 0,29 0,774 0,981 1,025 gboccup4_int 0,991 0,008 -1,09 0,276 0,975 1,007 geduc2_int 0,998 0,009 -0,26 0,798 0,980 1,016 age 1,116 0,073 1,67 0,095 0,981 1,269 agesq 0,998 0,001 -2,32 0,020 0,996 1,000 sex 0,756 0,139 -1,52 0,128 0,527 1,084 married 0,825 0,190 -0,83 0,404 0,525 1,297 cunion 0,943 0,218 -0,25 0,799 0,599 1,484 dchild 1,020 0,748 0,03 0,979 0,242 4,295 dmanz 0,461 0,249 -1,43 0,152 0,160 1,329 gboccup2 0,503 0,240 -1,44 0,150 0,198 1,281 gboccup3 3,260 1,879 2,05 0,040 1,053 10,089 gboccup4 4,972 1,490 5,35 0,000 2,763 8,946 gboccup5 2,997 1,343 2,45 0,014 1,245 7,215 geduc2 0,430 0,172 -2,11 0,035 0,196 0,943 geduc3 1,853 0,474 2,41 0,016 1,123 3,058 geduc4 1,890 0,445 2,70 0,007 1,191 3,000 f ausmig 0,000 0,000 -41,33 0,000 0,000 0,000 mousmig 1,562 1,356 0,51 0,608 0,285 8,566 brousmig 0,814 0,380 -0,44 0,660 0,326 2,032 inf ra 1,950 0,424 3,07 0,002 1,273 2,987 dchild_int 0,999 0,019 -0,04 0,968 0,963 1,037 gboccup4_int 0,996 0,011 -0,38 0,706 0,974 1,018 geduc2_int 1,037 0,012 3,17 0,002 1,014 1,061

Conf idence Interval (95%) First Migration to Nicaragua (Internal Migration)

First Migration to Costa Rica Variable Robust

Odd-Ratio

Standard

Deviation z Statistics P > |z|

Categoria de Referência: Nunca migro Nota: N = 42.306. Pseudo R2 = 0,0768 Fonte: LAMP, 2005

(16)

Table 1 Fim age 1,060 0,046 1,35 0,176 0,974 1,154 agesq 0,999 0,001 -2,05 0,041 0,998 1,000 sex 0,644 0,191 -1,49 0,137 0,360 1,150 married 1,781 0,384 2,67 0,007 1,167 2,718 cunion 1,200 0,328 0,67 0,505 0,702 2,052 dchild 0,052 0,067 -2,30 0,021 0,004 0,642 dmanz 0,614 0,530 -0,57 0,572 0,113 3,334 gboccup2 0,444 0,466 -0,77 0,439 0,057 3,464 gboccup3 1,651 1,954 0,42 0,672 0,162 16,785 gboccup4 51,663 49,832 4,09 0,000 7,801 342,154 gboccup5 6,055 4,642 2,35 0,019 1,347 27,208 geduc2 0,161 0,340 -0,86 0,387 0,003 10,091 geduc3 4,582 3,956 1,76 0,078 0,844 24,888 geduc4 15,527 14,613 2,91 0,004 2,454 98,218 f ausmig 21,003 17,663 3,62 0,000 4,041 109,177 mousmig 0,668 0,361 -0,75 0,455 0,231 1,926 brousmig 2,334 0,414 4,78 0,000 1,649 3,304 infra 1,146 0,230 0,68 0,499 0,772 1,699 dchild_int 1,087 0,049 1,87 0,061 0,996 1,187 gboccup4_in 0,953 0,015 -2,98 0,003 0,923 0,984 geduc2_int 1,060 0,025 2,44 0,015 1,011 1,110

Base outcome: Never Migrated

First Migration to the United States

Odd-ratios of the Multinomial Logit Model for the Risk of First Migration among Nicaragua People 14 Years and Above

Variable Robust Odd-Ratio

Standard

Deviation z Statistics P > |z|

Confidence Interval (95%)

No caso da migração interna na Nicarágua foram significativas: a idade à primeira migração; possuir alguma criança sobrevivente à época da primeira migração; grupos ocupacionais de manufatura e serviço/comércio; e o grupo com ensino médio ou superior completos. Aumentando em 1 ano a idade do indivíduo, tende-se a diminuir em 10,8% (Odds = 0,892) a chance de ocorrer a migração interna; a chance dos indivíduos que trabalham no setor manufatureiro realizarem a migração interna é 130,4% (Odds = 2,304) maior do que os inativos realizarem este movimento, contrariando o que se esperava, ou seja, o fato dos indivíduos estarem trabalhando em atividades manufatureiras acreditava-se faria-os tender a permanecer em sua própria cidade.

Os resultados significativos para o caso da migração Nicarágua - Costa Rica incluem as variáveis: grupos ocupacionais de agricultura, manufatura e serviço/comércio; ensino completo de 1ª a 4ª do ensino fundamental, 5ª a 8ª do ensino fundamental completo e ensino médio ou superior completo; se o pai já havia alguma vez migrado para os Estados Unidos quando migrou pela primeira vez; número de amenidades existentes no local de origem antes do ano de ter migrado pela primeira vez; e o termo interativo pessoa do primeiro ciclo de estudo (1ª a 4ª) e idade. A chance dos indivíduos que trabalham na agricultura realizarem a migração para a Costa Rica é 226% (Odds = 3,26) maior do que os inativos realizarem este movimento. E a chance dos que trabalham com manufaturas é 397,2% (Odds = 4,972) maior do que os inativos migrarem para a Costa Rica. Em relação ao grupo educacional, a chance dos indivíduos que tem entre a 1ª e a 4ª séries completas de migrarem é 57% menor (Odds = 0,43) do que a chance dos analfabetos migrarem para a Costa Rica. Nos dois grupos educacionais seguintes a chance de migrar é sempre maior em relação as chances de migração dos analfabetos e estas, aumentam com o aumento da idade. A questão da infra-estrutura das

Tabela 6

Razão de Chances estimadas via Modelo Logístico Multinomial para o Risco à Primeira Migração (Interna e Internacional – Costa Rica / Estados Unidos) entre migrantes de 14 anos ou mais de idade

-Nicarágua, 2005

(fim...)

Categoria de Referência: Nunca migrou Nota: N = 42.306. Pseudo R2 = 0,0768 Fonte: LAMP, 2005

(17)

localidades onde residem indica que um aumento no número de amenidades aumenta também a chance de migração para a Costa Rica, contrariando o que se esperava uma vez que, seguindo as considerações teóricas realizadas na revisão bibliográfica, o aumento das amenidades no local de origem colaborariam para a permanência do indivíduo na Nicarágua.

No caso da migração para os Estados Unidos as variáveis significativas foram: era casado quando realizou a primeira migração; possuir alguma criança sobrevivente à época da primeira migração; grupos ocupacionais de manufatura e serviço/comércio; grupo de escolaridade ensino médio ou superior completos; se o pai já havia alguma vez migrado para os Estados Unidos quando migrou pela primeira vez; número de irmãos que haviam migrado alguma vez para os Estados Unidos quando migrou pela primeira vez; termo interativo entre ocupação na indústria e idade no momento à migração; e o termo interativo pessoa do primeiro ciclo de estudo (1ª a 4ª ) e idade. De acordo com os resultados, ser casado aumentou em 178% (Odds = 1,781) a chance de migração para os Estados Unidos. Quanto mais irmãos maiores são as chances de acontecer a migração para os Estados Unidos e a migração do pai também influencia na primeira migração do filho para os Estados Unidos.

As Figuras apresentadas a seguir mostram o comportamento das probabilidades de migração por idade. A FIG. 1 se refere à probabilidade estimada de nunca ter migrado de acordo com a idade.

Figura 1

Probabilidade estimada de nunca ter migrado, por idade – Nicarágua, 2005

Fonte: LAMP, 2005

Nota-se que com o aumento da idade a probabilidade de nunca ter migrado também aumenta. Cerca de 96% dos indivíduos de 14 anos nunca haviam migrado, à época da pesquisa, ao passo que já aos 80 anos praticamente todos os indivíduos nunca haviam migrado. É importante lembrar que se tratam de diferentes coortes. Assim sendo, quando os indivíduos que hoje estão com seus 14 anos estiverem com seus 80 anos, eles formarão um grupo em que parcela bastante representativa terá realizado movimentos migratórios ao longo de sua vida.

Já a FIG. 2 se refere à probabilidade estimada da primeira migração por idade e destino.

(18)

Figura 2

Probabilidade estimada da primeira migração por idade e destino – Nicarágua, 2005

Fonte: LAMP, 2005

Note que a migração interna tem maior probabilidade de ocorrência entre os mais jovens e vai decaindo com o passar dos anos. Esta mesma tendência se verifica quando se trata da migração para a Costa Rica, no entanto as probabilidades são menores e a queda ocorre de forma mais branda. Na migração para os Estados Unidos já ocorre o inverso: quanto mais velho, maior a probabilidade de se realizar a migração; no entanto, as diferenças entre as idades das probabilidades estimadas não é tão acentuada e, além disso, o nível das probabilidades não é também muito acentuado (todas inferiores a 5%).

7 – Considerações Finais

A experiência migratória recente, interna e internacional, da Nicarágua, analisada neste trabalho em termos de determinantes socioeconômicos, demográficos e de redes sociais, traz contribuições importantes para o debate sobre as migrações e suas implicações sobre as sociedades modernas, bem como para o desenho de políticas públicas específicas.

No caso da migração interna, a experiência da Nicarágua parece corroborar as implicações da nova teoria econômica da migração, uma vez que variáveis como a “presença de crianças no domicílio” pesou conforme esperado na decisão dos indivíduos em migrar. Assim, os achados sugerem que a decisão de migrar internamente, no contexto daquele país, está, possivelmente, condicionada a uma decisão coletiva, tomada no seio da família, e não somente via uma decisão unilateral do indivíduo.

Por outro lado, a migração interna naquele país relaciona-se positivamente com níveis de escolaridade mais altos dos indivíduos, assim como se mostra também bastante relacionada com o fato dos mesmos trabalharem nos setores mais dinâmicos da economia, isto é, o setor manufatureiro e de serviços e comércio. Possivelmente, o fato de alguns indivíduos possuírem baixa escolaridade e ocuparem cargos em setores como o da agricultura, os faz permanecer no seu local de origem porque, através de uma racionalidade individual, o risco de migrar seria

(19)

percebido como demasiadamente alto, haja vista as suas qualificações profissionais menos favoráveis.

No caso da migração internacional, nota-se, tanto no caso da migração Nicarágua – Costa Rica, como no caso Nicarágua – Estados Unidos, que as variáveis de rede sociais foram preponderantes para a decisão em migrar. O fato de “o pai ter migrado antes para os Estados Unidos” foi um importante fator explicativo da migração dos nicaragüenses para aqueles dois países. No caso específico da migração para os Estados Unidos, um país que sabidamente possui barreiras e controle mais rigoroso da migração internacional, o fato de “irmãos já terem migrado anteriormente para aquele país”, quando da primeira migração do indivíduo, reforça a decisão destes últimos em migrar.

Uma diferença interessante notada entre o perfil da migração dos nicaragüenses para a Costa Rica e para os Estados Unidos está nas variáveis de escolaridade, presença de criança sobrevivente em casa e estado civil do migrante. Enquanto estão mais propensos a migrar para os Estados Unidos indivíduos casados, com crianças no domicílio e de nível médio ou superior de escolaridade, no caso da migração para a Costa Rica existe uma probabilidade significativa que indivíduos de baixa, média e alta escolaridade migrem, ao passo que o estado civil e a presença de crianças não se mostraram importantes preditores da migração para aquele país. Isso sugere que a migração para os Estados Unidos está mais condicionada por uma decisão coletiva e não individual, de pessoas mais qualificadas e mais maduras. Já no caso da migração para a Costa Rica, o padrão observado sugere uma seletividade menor no local de destino em relação ao perfil dos migrantes, uma vez que indivíduos com baixo nível de escolaridade se mostram também propensos a migrar para aquele país.

A presença de amenidades no local de origem, isto é, infra-estrutura bancária, escolar, telefone, água, luz, etc, não foi capaz, até certo ponto, de “amenizar” os fluxos migratórios Nicarágua – Costa Rica. Isto talvez possa se dever a uma decisão racional dos indivíduos que mesmo diante de um contexto mais favorável do ponto de vista da infra-estrutura no seu país, ainda sim percebe maiores benefícios quando da migração internacional. Particularidades da Nicarágua podem explicar este comportamento dos migrantes.

Por último ressalta-se aqui a grande potencialidade que pesquisas longitudinais têm no campo das migrações. Sendo um fenômeno multifacetado e com múltiplas determinações, análises longitudinais podem ajudar a melhor entendê-lo e colaborar imensamente no desenho de políticas públicas que façam frente aos crescentes problemas étnicos, sociais e econômicos ocasionados, em sua maioria, pela migração de contingentes populacionais de países em desenvolvimento rumo àqueles do chamado mundo desenvolvido.

(20)

8 – Referências Bibliográficas

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MASSEY, D. S.; AYSA, M. (2005) Social capital and international migration from Latin

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Population and Development Review, v.20, n.4, p.699-751.

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Development Review, v.19, n.3, p.431-466.

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WOOLDRIDGE, J. M. Econometric Analysis of Cross Section and Panel Data. Massachussets: The MIT Press, 2001.

(21)

9 – Anexos

Tabela A1

Lista das Variáveis utilizadas no modelo migratório da Nicarágua

Nome Categoria Nome da categoria Descrição Sinal esperado

migtype 0 Nunca migrou Qual o local de sua primeira migração? 1 Migração interna

2 Migração para Costa Rica 3 Migração para os Estados Unidos

age Idade completa em anos simples Positivo

agesq Idade completa ao quadrado Negativo

sex 0 Mulher Positivo

1 Homem

married 0 Não (categoria de ref erência) Negativo

1 Sim

cunion 0 Não (categoria de ref erência) Negativo

1 Sim

dchild 0 Não (categoria de ref erência) Negativo

1 Sim

dmanz 0 Não (categoria de ref erência) Negativo

1 Sim

gboccup 1 Desempregado/Inativo (categoria de referência) Grandes grupos ocupacionais

2 Educador/Prof issional/Técnico/Artista/Esporte Positivo

3 Agricultura Negativo

4 Manufatura Negativo

5 Serviço/Comércio Positivo

geduc 1 Analfabeto Grupos de anos de estudos completos

2 1a a 4asérie f undamental Positivo

3 5a a 8a série f undamental Positivo

4 Ensino médio ou superior Positivo

fausmig 0 Não (categoria de ref erência)

1 Sim Positivo

mousmig 0 Não (categoria de ref erência)

1 Sim Positivo

brousmig Positivo

infra 0 Categoria de referência

1 Negativo

2 Negativo

3 Negativo

4 Negativo

5 Negativo

dchild_int Termo interativo entre indicadora de genitura e idade Positivo

gboccup4_int Positivo

geduc2_int Termo interativo multiplicativo entre pessoas com 1ociclo funPositivo

Fonte: Elaboração própria

Termo interativo multiplicativo entre ocupação na indústria e idade

Independente Dependente

Número de amenidades existentes no local de origem antes do ano de você ter migrado pela primeira vez (escola primária, escola secundária, telefone, água e luz elétrica) Seu pai já havia, alguma vez, migrado para os Estados Unidos quando você migrou pela primeira vez? Sua mãe já havia, alguma vez, migrado para os Estados Unidos quando você migrou pela primeira vez? Era casado quando realizou sua primeira migração? Sexo do indivíduo

Idade à primeira migração

Vivia em união estável quando realizou sua primeira migração?

Possuia alguma criança sobrevivente à época da sua primeira migração?

Era proprietário(a) de terra/lote quando realizou sua primeira migração?

Número de irmãos que havia migrado alguma vez para os Estados Unidos quando você migrou pela primeira vez.

Referências

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