requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Comunicação da Ciência realizado sob a orientação científica de
Ao meu tio David
O desenvolvimento deste trabalho de projecto não seria possível sem a preciosa orientação científica e supervisão do Professor Doutor Carlos Catalão Alves, a quem agradeço o tempo dispensado, as sugestões feitas e o incentivo. Agradeço também à Professora Doutora Ana Sanchez pela orientação e motivação constantes.
Quero ainda expressar o meu agradecimento à Direcção do Pavilhão do Conhecimento, especialmente à Dra. Rosalia Vargas, à Dra. Ana Noronha, e à Equipa de Design e Imagem, particularmente à Dra Marisa Vinhas, pelo tempo e apoio dedicados.
Um obrigada especial aos meu colegas do Mestrado de Comunicação de Ciência e aos vários professores com quem desde cedo criei laços de amizade.
Um grande obrigada também aos meus amigos, muitos também companheiros de bancada na UBD, que tantas vezes tiveram que me substituir para eu me dedicar à comunicação de ciência. Obrigada ainda ao grande chefe Domingos por me ter deixado experimentar fora da bancada. Agradeço ainda todos os incentivos pessoais tão importantes daqueles que estão sempre por perto, os meus pais, irmã Marta, prima Joana e especialmente a ti João.
Comunicar e Divulgar a Ciência que se faz em Portugal
Comunicar e Divulgar a Ciência que se faz em Portugal
A problemática central em que se baseia este projecto relaciona-‐se com forma como a sociedade e a ciência, em particular a Portuguesa, interagem. A ciência e a tecnologia ocupam um papel cada vez mais proeminente nas decisões das sociedades contemporâneas, todavia continua a existir um certo distanciamento entre a sociedade e a ciência.
O projecto “Comunicar e Divulgar a Ciência que se faz em Portugal” tem como principal objectivo criar uma interacção e um envolvimento entre o público e a ciência que se faz em Portugal. Este projecto, também aqui referido como Ciência PT, foi idealizado para um centro de ciência, o Pavilhão do Conhecimento (PC), e respectivo website, e resulta da minha colaboração com várias equipas do PC – Ciência Viva. O Ciência PT funcionará, por um lado, como uma montra dos cientistas e da ciência que é feita actualmente em Portugal e, por outro, será um espaço ao serviço do diálogo entre cientistas e o público. Para isso, o projecto prevê a produção do Dispositivo Ciência PT, isto é, um conjunto de quatro módulos idealizado com o objectivo de alcançar diferentes públicos, desde jovens integrados em visitas de grupo e visitas escolares a visitantes individuais, jovens, adultos e seniores. Resumidamente, o Dispositivo Ciência PT inclui : i) uma cabine de fotos que funcionará como um ponto de atracção do visitante, através de uma lógica mais ligada ao entretenimento; ii) um ciclo de vídeo clips de cientistas, acompanhado por um painel onde o público será convidado a interagir, ainda que indirectamente, com o cientista do vídeo; iii) um programa de sessões públicas que contará com a presença de cientistas, durante as quais será fomentada a interacção directa e pessoal entre cientistas e o público e, finalmente; iv) uma área dedicada ao Ciência PT no website do PC, onde será possível visualizar os vídeos online, bem como partilhar comentários, perguntas e sugestões com os cientistas dos vídeos.
Para a contextualização e descrição do processo de desenvolvimento do Ciência PT o presente documento foi estruturado em quatro capítulos. No primeiro é apresentado o enquadramento teórico do projecto, através da exposição dos diferentes paradigmas de comunicação e divulgação de ciência, com um foco para a sua manifestação em Portugal. O segundo é dedicado às principais linhas de acção do Ciência Viva, dando particular destaque às actividades relacionadas com o PC. No terceiro capítulo é realizada uma descrição detalhada dos módulos que compõem o dispositivo Ciência PT e é explicado o processo de desenvolvimento de cada um deles. Por fim, no quarto capítulo, o projecto é apresentado segundo um formato de candidatura a financiamento, no qual são propostas oito work packages, cada uma composta por um conjunto de tarefas essenciais ao seu planeamento, desenvolvimento, implementação, monitorização e avaliação.
PALAVRAS-‐CHAVE: Comunicação, Divulgação, Ciência, Portugal, Envolvimento do
The central problematic underlying this project is the way society and science, in particular Portuguese science, interact. Science and technology take on an increasingly important and decisive role in contemporary society; however, there is still a disconnection between society and science.
The main goal of the project “Communicating and Disseminating Science in Portugal” is to stimulate public engagement in science while promoting the interaction between Portuguese science and the public. This project, also referred as PT Science, was planned for a science centre, the Pavilion of Knowledge – Ciência Viva (PK), in Lisbon, and for its website, as a collaboration between Ciência Viva and myself.
PT Science will work both as a window for Portuguese science and scientists working in Portugal and as an open space for dialogue between scientists and the public. To accomplish this, the project proposes the production of a PT Science Plan, which includes four elements designed to reach different publics, from groups and school visits, to young, adult and senior individual visitors.
In sum, PT Science Plan includes: i) a photomaton which will work as a magnet element, within an entertainment framework; ii) a cycle of short video clips of scientists that will be complemented by an Ask a Scientist board, where the public will be invited to interact, in an indirect way, with the scientist from the video clip; iii) a program of open sessions where scientists from the video clips will interact in an informal and direct manner with the public; iv) an online area in the PK website, where all video clips will be upload and where cybernauts will have the chance to write and submit their comments, suggestions, questions and ideas related to the videos.
In order to frame and describe the process underlying the development of PT Science, the present document was structured into four chapters. The first presents the context framework of the project, debating different science communication paradigms and their expression in Portugal. The second is dedicated to key Ciência Viva action lines, highlighting the PK-‐related activities. The third includes a detailed description of the four PT Science Plan components and an explanation of the development process involved in each of these components. Finally, the forth chapter will take the form of a project proposal, as part of an application for funding, structured in eight work packages, each including the key tasks for project planning, development, implementation, monitoring and evaluation.
KEYWORDS: Communication, Dissemination, Science, Portugal, Public
engagement, Pavilion of Knowledge, Ciência Viva, Online
INTRODUÇÃO GERAL ... 1
CAPÍTULO 1. Problemática e contextualização ... 3-‐14 Introdução ... 3
1.1. Importância da comunicação e divulgação de ciência ... 4
1.2. Diferentes paradigmas na comunicação de ciência ... 6-‐9 1.2.1. Da literacia científica à compreensão pública da ciência ... 6
1.2.2. Do défice ao diálogo – O envolvimento público da ciência ... 7
1. 3. O contexto português ... 9-‐13 1.3.1. A ciência portuguesa: os números e a evolução ... 9
1.3.2. A comunicação e divulgação de ciência em Portugal ... 10
1.3.3. A cultura científica e a relação entre os portugueses e a ciência ... 12
Conclusão ... 14
CAPÍTULO 2. A agência nacional para a cultura científica e tecnológica ... 15-‐22 Introdução ... 15
2.1. O programa Ciência Viva ... 16-‐19 2.1.1. O contexto e origem do programa Ciência Viva ... 16
2.1.2. Concretização e desenvolvimento do programa Ciência Viva ... 16
2.1.3. A rede de Centros de Ciência Viva ... 18
2.2. O Pavilhão do Conhecimento e a nova museologia de ciência ... 19-‐21 2.2.1. A missão do Pavilhão do Conhecimento ... 20
2.3. A presença online do Pavilhão do Conhecimento ... 21
Conclusão ... 22
CAPÍTULO 3. O projecto ... 23-‐40 Introdução ... 23
3.2. Descrição do dispositivo Ciência PT ... 25
3.3. O processo – fases de desenvolvimento do projecto Ciência PT ... 28-‐34 3.3.1. O processo de desenvolvimento da Cabine de Fotos ... 29
3.3.2. O processo de desenvolvimento do Vídeo e Pergunta ao Cientista ... 30
3.3.3. O processo de desenvolvimento do Cientista ao Vivo no PC ... 33
3.3.4. O processo de desenvolvimento do Ciência PT Online ... 34
3.4. Projecto piloto Ciência PT ... 34
3.5. Execução e lançamento do projecto final ... 36
3.6. Avaliação do impacto do projecto ... 36
3.7. Recursos financeiros e humanos ... 37
Conclusão ... 40
CAPÍTULO 4. Candidatura ... 41-‐50 Introdução ... 41
4.1. WP1. Comunicação e divulgação ... 42-‐43 4.1.1. Task 1: Estabelecer um plano de comunicação ... 42
4.1.2. Task 2: Organizar o lançamento público do projecto ... 42
4.1.3. Task 3: Divulgar projecto ... 43
4.2. WP2. Coordenação científica do projecto ... 43-‐44 4.2.1. Task 1: Garantir a adequação dos conteúdos científicos ... 43
4.2.2. Task 2: Descrever os módulos que compõem o Ciência PT ... 43
4.2.3. Task 3: Executar, Monitorizar e Avaliar o Projecto Piloto ... 44
4.3. WP3. Produção do módulo Cabine de Fotos ... 44
4.3.1. Task 1: Desenhar o módulo ... 44
4.3.4. Task 4: Estabelecer parceria com CTT ... 44
4.4. WP4. Produção do módulo Vídeo e Pergunta ao Cientista ... 45-‐46 4.4.1. Task 1: Desenhar o módulo ... 45
4.4.2. Task 2: Selecionar cientistas para os vídeos ... 45
4.4.3. Task 3: Selecionar perguntas a colocar aos cientistas ... 46
4.4.4. Task 4: Convidar cientistas para participação no projecto ... 46
4.4.5. Task 5: Estabelecer parceria para a produção de vídeos ... 46
4.5. WP5. Produção do módulo Cientista ao Vivo no PC ... 46-‐47 4.5.1. Task 1: Seleccionar e convidar cientistas para sessões ao vivo ... 46
4.5.2. Task 2: Planear e organizar as sessões públicas no PC ... 47
4.6. WP6. Produção do módulo Ciência PT Online ... 47
4.6.1. Task 1: Desenhar o módulo ... 47
4.6.2. Task 2: Coordenar a manutenção e actualização do Ciência PT Online .... 47
4.7. WP7. Gestão do projecto ... 47-‐48 4.7.1. Task 1: Estruturar os recursos humanos ... 47
4.7.2. Task 2: Coordenar aspectos financeiros do projecto ... 47
4.7.3. Task 3: Descrever custos associados ao projecto ... 48
4.8. WP7. Avaliação do impacto do projecto ... 49
4.8.1. Task 1: Proceder levantamento de métodos de avaliação do impacto .... 49
4.8.2. Task 2: Implementar forma de avaliação do impacto do projecto ... 49
Conclusão ... 50
SÍNTESE CONCLUSIVA ... 51 BIBLIOGRAFIA
A: Render Cabine de Fotos ... i
B: Render Vídeo ... ii
C: Render Painel Pergunta ao Cientista ... iii
D: Tabela Tasks, Milestones e Deliverables ... iv
E: Diagrama de PERT ... v
INTRODUÇÃO GERAL
O trabalho de projecto aqui apresentado surge como uma oportunidade de aplicação dos conhecimentos obtidos e aprofundados através da componente lectiva do Mestrado em Comunicação de Ciência.
O projecto “Comunicar e Divulgar a Ciência que se faz em Portugal”, também referido como Ciência PT tem como principal objectivo criar uma interacção e um envolvimento entre o público e a ciência que se faz em Portugal. Este projecto foi idealizado para um centro de ciência, neste caso o Pavilhão do Conhecimento –
Ciência Viva (PC), em Lisboa, e resulta da minha colaboração com várias equipas do PC
– Ciência Viva. Importa referir que, embora o projecto tenha sido idealizado e desenhado para o PC, foram igualmente tidos em conta aspectos de portabilidade e mobilidade para a sua implementação nos outros centros da rede Ciência Viva. A importância desta rede de centros em termos de proximidade ao público, em todo o território nacional, torna-‐os locais de eleição para a instalação do Ciência PT.
O Ciência PT funcionará, por um lado, como uma montra dos cientistas e da ciência que é feita actualmente em Portugal e, por outro, como um espaço aberto ao diálogo entre o público e cientistas. Para alcançar estes objectivos, o projecto prevê a criação do Dispositivo Ciência PT, composto pelos seguintes quatro módulos:
-‐ Cabine de Fotos, estilo vintage, onde o visitante poderá imprimir uma foto sua, num postal com um cenário científico. Este módulo incluirá um marco dos CTT, que o visitante poderá usar para enviar o seu postal;
-‐ Vídeo e Pergunta ao Cientista, este módulo terá dois elementos-‐chave, o vídeo clip de um cientista, que poderá ser visualizado num ecrã, e o painel Pergunta ao Cientista, que será colocado junto ao vídeo. Neste painel, o visitante poderá endereçar as suas perguntas, comentários e sugestões ao cientista do vídeo clip;
-‐ Cientista ao Vivo no PC, este módulo consiste num ciclo de sessões públicas, durante as quais alguns dos cientistas que terão participado nos vídeos do módulo Vídeo e Pergunta ao Cientista serão convidados para uma conversa informal com o público; -‐ Ciência PT Online, é o módulo online deste dispositivo, com acesso aos vídeo clips dos cientistas, numa área do website do PC dedicada a este projecto. Os cibernautas poderão ainda deixar os seus comentários, ideias e sugestões, relacionadas com os
vídeos, num espaço que funcionará como uma versão online do painel Pergunta ao Cientista.
Em suma, o dispositivo Ciência PT combina plataformas de comunicação digitais, como é o caso dos vídeo clips e da presença online, com elementos mais clássicos, como o marco dos CTT e a cabine vintage. Esta união pretende fazer do Ciência PT um dispositivo capaz de apelar a públicos distintos, de diferentes faixas etárias, jovens, adultos e seniores.
Para a contextualização e apresentação do projecto Ciência PT, o presente documento encontra-‐se estruturado em quatro capítulos principais. O primeiro
enquadra teoricamente o projecto, com a apresentação de diferentes paradigmas de
comunicação e divulgação de ciência, com um foco para a sua problematização e manifestação em Portugal. O segundo descreve as etapas fundamentais de desenvolvimento da Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, incluindo os seus objectivos e principais linhas de acção, com o foco no PC e nos Centros Ciência Viva, uma vez que o projecto Ciência PT poderá vir a beneficiar dessa rede de centros. O terceiro descreve de forma detalhada os quatro módulos que compõe o Dispositivo Ciência PT, explicando o respectivo processo de desenvolvimento, e no qual se debatem questões práticas, como a construção de módulos, abordagens conceptuais, como a escolha de conteúdos, estratégias e metodologias, e ainda questões relacionadas com a avaliação do impacto do projecto. Para além disso, e uma vez que o Ciência PT se baseia num conjunto de ferramentas novas, foi também discutida a realização de uma fase piloto para teste dos módulos e monitorização do seu uso pelo público. O quarto capítulo assume o formato de uma
candidatura a financiamento, na qual são propostas oito work packages, cada uma
composta por um conjunto de tarefas essenciais ao planeamento, desenvolvimento, implementação e monitorização do Ciência PT. Segue-‐se a estes capítulos uma síntese
conclusiva das motivações que estiveram na génese do projecto Ciência PT e de como
CAPÍTULO 1
PROBLEMÁTICA E CONTEXTUALIZAÇÃO
INTRODUÇÃO
Neste primeiro capítulo é apresentado o enquadramento teórico do projecto “Comunicar e divulgar a Ciência que se faz em Portugal”. Começa por abordar a importância da comunicação e divulgação da ciência, passando depois a uma análise dos diferentes paradigmas das comunicação de ciência e, finalmente, conclui com um foco no contexto Português. Neste último ponto, inclui-‐se uma breve descrição da evolução da ciência portuguesa, da sua comunicação e divulgação em Portugal, bem como uma caracterização da relação entre os portugueses e a ciência.
1.1. IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE CIÊNCIA
“The capacity of science progressively to reveal the order and beauty of the universe, from the most evanescent elementary particle up through the atom, the molecule, the cell, man, our earth withal its teeming life, the solar system, the metagalaxy, and the vastness of the universe itself, all this constitutes the real reason, the incontrovertible reason, why science is important, and why its interpretation to all men is a task of such difficulty, urgency, significance and dignity.”
Warren Weaver citado por Thomas e Durant1 (Thomas G., 1987)
Ao longo do documento aqui apresentado, a expressão “comunicação de ciência” é utilizada de forma lata, referindo-‐se às diferentes formas de aproximação e de diálogo que se estabelecem entre a ciência e sociedade. Por outro lado, a expressão “divulgação de ciência” exprime uma actividade unidirecional, que permite a difusão de informações científicas e tecnológicas para o público leigo, sendo a sua função primordial democratizar o acesso ao conhecimento científico e estabelecer condições para a chamada cultura científica (Bueno, 2010).
A ciência tornou-‐se um elemento fundamental de constituição da sociedade. Nesta assentam as capacidades de inovação tecnológica, as actividades económicas e as competências profissionais. A ciência e a tecnologia de base científica estão impregnadas em múltiplos aspectos da vida quotidiana: dispositivos instrumentais, produtos de consumo, medicamentos, possibilidades de lazer, actividades culturais ou mesmo de interacção social (Costa A. F., 2002).
Investir na ciência e na tecnologia é uma medida que se tornou consensual num leque muito alargado de opções económicas, políticas e ideológicas. É um investimento que é tido como essencial para uma sociedade preparada, influente e competitiva. Veja-‐se, por exemplo, o investimento que foi feito pelos Estados Unidos da América (EUA), durante a Guerra Fria, após o lançamento do Sputnik pela ex-‐União Soviética. Nessa altura, tal como hoje, eram avançados argumentos de natureza económica, associados quer à necessidade de técnicos especializados quer à procura de novo
1 Warren Weaver foi director da American Association for the Advancement of Science (AAAS) e acérrimo
promotor do Public Understanding of Science.
conhecimento. Estas motivações subjacentes ao fortalecimento da presença da ciência na sociedade viriam a moldar as políticas educativas e de comunicação de ciência dirigidas aos media e aos museus Americanos (Gregory J., 1998). Os benefícios para a sociedade são, talvez, os argumentos mais utilizados na defesa da promoção da cultura científica. Cidadãos cientificamente cultos estarão mais aptos a viver numa sociedade global, científica e tecnologicamente sofisticada. Serão também estes os responsáveis por decisões informadas sobre segurança, alimentação ou saúde e capazes de distinguirem ciência de pseudociência (Gascoigne T., 1997). Uma sociedade baseada no conhecimento é, nesta perspectiva, uma sociedade capaz de responder aos desafios futuros.
Em alguns países, onde os cidadãos são consultados e têm influência directa sobre as decisões políticas, nomeadamente sobre ciência e tecnologia, a comunicação de ciência assume um papel particularmente importante. A comunicação de ciência pode ser não só uma base para decisões políticas justificadas, mas para o exercício de direitos sociais e de cidadania (Wilsdon J. , 2010).
É também a própria ciência que beneficia com a promoção da cultura científica, e foi com base neste argumento que nos EUA, na década de 50, e mais tarde, nos anos 80, no Reino Unido, foi lançado um apelo à mobilização dos cientistas para apresentarem os seus projectos, resultados e descobertas ao público (Bodmer, 1985). Defendia-‐se que esta mobilização atrairia mais jovens para cursos de natureza científica e tecnológica, contribuindo assim para um aumento do número de investigadores. Acreditava-‐se também que só uma sociedade informada poderia apoiar a ciência e ter com esta uma relação de confiança (Bucchi M., 2008).
No projecto “Comunicar e divulgar a ciência que se faz em Portugal”, que será a partir daqui referido simplesmente como Ciência PT, pretende-‐se fomentar esta relação de confiança entre a sociedade e os cientistas. O projecto Ciência PT foi desenhado como um espaço aberto ao diálogo, uma oportunidade para os públicos e os cientistas trocarem ideias, questões e soluções para os desafios futuros.
1.2. DIFERENTES PARADIGMAS NA COMUNICAÇÃO DE CIÊNCIA 1.2.1. Da literacia científica à compreensão pública da ciência
A II Guerra Mundial foi um período no qual a ciência e a tecnologia conheceram um desenvolvimento sem precedentes e com manifestas implicações, umas fortemente abraçadas, outras alvo de importantes protestos civis. Para estas últimas, muito contribuíram a bomba atómica, os movimentos ambientalistas, as campanhas contra a produção de energia nuclear e as experiências médicas conduzidas em humanos. É neste contexto que a ciência e os próprios cientistas se fecharam num circulo ao qual a sociedade deixou de ter acesso, regido por uma especialização e complexidade crescentes, algo que viria a comprometer o diálogo entre os cientistas e o público leigo (Costa A. F., 2002).
Nos anos 50, numa tentativa de reverter a crescente falta de confiança na ciência, instituições científicas dos EUA declararam ser absolutamente necessário melhorar a compreensão social da ciência. O conceito de literacia científica consolidou-‐se já durante a década de 60, a partir de inquéritos de larga escala à opinião pública, destinados sobretudo a aferir o entendimento da ciência pelos cidadãos. Estes inquéritos foram inicialmente elaborados nos EUA do pós-‐guerra e, mais frequentemente, a partir da década de 70, também no Reino Unido.
Mais tarde, em meados dos anos 80, a Royal Society publicou um documento, que ficaria conhecido como o Relatório Bodmer, e no qual se apelava a uma maior aproximação entre a comunidade científica e a sociedade: “scientists must learn to communicate with the public, be willing to do so, and indeed consider it their duty to do so” (Bodmer, 1985). O Relatório Bodmer é hoje considerado um marco no movimento do Public Understanding of Science. Surge assim o movimento de promoção da cultura científica “compreensão pública da ciência”, designação que resulta da tradução literal da expressão, de origem anglo-‐saxónica, Public Understanding of Science, também conhecida por PUS (Correia C., 2008). Este movimento da compreensão pública da ciência parte de dois pressupostos: i) a compreensão da ciência garante uma atitude favorável do público em relação a assuntos relacionados com a ciência e tecnologia; ii) a problematização da relação ciência e sociedade centra-‐se no público, que é considerado ignorante, uniforme e
descontextualizado do seu quotidiano (Bucchi M., 2007). Estes pressupostos estão na origem de um modelo que viria a ficar conhecido como Deficit Model, segundo o qual o deficit estaria no público. Admite-‐se assim que é a falta de conhecimento da sociedade que desencadeia o seu cepticismo em relação à ciência (Sturgis P. , 2004). A compreensão pública da ciência é interpretada como uma transferência de conhecimento dos cientistas para o público. Nesta forma de comunicação da ciência, também designada de modelo de défice cognitivo, o público é tido como mero receptor passivo de informação (Correia C., 2008).
Em 1996, mais de uma década depois da publicação do Relatório Bodmer, é realizado um estudo sobre a literacia científica da população britânica, o qual revela a ausência de alterações significativas no nível de conhecimentos em relação ao estudo anterior, de 1988. Com base nestes resultados, Miller (2001) conclui que o relatório Public Understanding of Science mobilizou a comunidade científica a envolver-‐se na promoção da ciência junto da sociedade, mas aparentemente teria falhado a sua missão de minimizar o cepticismo em relação à ciência (Miller S., 2001). Como consequência, vários autores desafiaram os pressupostos deste modelo e concluíram que, por um lado, a maior “alfabetização” não implicaria um maior apoio, mas sim uma perspectiva mais crítica do público face à ciência e, por outro, que os cidadãos não deviam ser tidos como uma entidade única, mas que, ao contrário, apresentariam diferentes graus e formas de conhecimento científico. Tornou-‐se desde então claro que não existe um público, mas sim vários públicos. Estas críticas ao PUS desencadearam o aparecimento de um novo modelo mais participativo, mais dialogante, e no qual o público tem um envolvimento mais activo (no mundo anglo-‐ saxónico, a designação Public Engangement tornar-‐se-‐ia dominante).
1.2.2. Do défice ao diálogo -‐ O envolvimento público da ciência
“Simply trying to educate the public about specific science-‐based issues is not working (...) We need to engage the public in a more open and honest bidirectional dialogue about science and technology and their products, including not only their benefits but also their limits, perils, and pitfalls. We need to respect the public's perspective and concerns even when we do not fully share them, and we need to develop a partnership that can respond to them.”
O foco no diálogo e na participação do público é um processo inevitável numa democracia participativa. Os defensores deste modelo reconhecem aqui um novo paradigma. Já não é o público que é incapaz de compreender ideias básicas sobre ciência, mas é aos especialistas que é exigido um esforço acrescido nas estratégias de comunicação. A ciência e a sociedade são agora vistas como dois agentes activos e responsáveis por um diálogo bidirecional. O público tem oportunidades acrescidas para partilhar a sua experiência, colocando questões e trazendo opiniões pertinentes para o debate público sobre a ciência. Através da discussão aberta com a comunidade científica, o público torna-‐se um protagonista das decisões e das problemáticas científicas (Pitrelli N., 2003). Neste modelo, o deficit não está na sociedade, mas sim nos cientistas e nos comunicadores de ciência, que devem abandonar o modelo unidirecional de comunicação e munir-‐se de ferramentas para envolver cada vez mais sociedade, se possível em fases cada vez mais precoces do processo científico. Os pressupostos deste paradigma podem ser resumidos da seguinte forma: i) a ciência tem de estar receptiva ao diálogo; ii) as barreiras entre especialistas e não-‐especialistas têm de ser removidas; iii) as decisões devem resultar de um debate aberto entre a ciência e sectores activos da sociedade (organização de cidadãos, indústria, agentes de decisão política, entre outros). O desenvolvimento deste modelo poderá comportar a chamada “Co-‐produção do Conhecimento”, que inclui a sociedade no processo de construção do conhecimento. Esta abordagem vê a ciência e a sociedade como pares e, apesar de reconhecer que o conhecimento científico e tecnológico gerado pela investigação é fundamental, defende que este deve ser enriquecido pela troca de conhecimentos e experiências dos cidadãos (Stilgoe J. , 2009).
A Tabela 1 apresenta uma síntese das principais características de cada um dos modelos de comunicação referidos nesta secção.
Tabela 1: Modelos de Comunicação.
1.3. O CONTEXTO PORTUGUÊS
1.3.1. A ciência portuguesa: os números e a evolução
Numa entrevista recente à revista dos antigos estudantes da Universidade do Porto, Claudio Sunkel, Director do Instituto de Biologia Molecular e Celular, fez um balanço do estado actual da ciência em Portugal. Para o investigador, o desenvolvimento da ciência portuguesa aconteceu a partir dos anos 90 e só terá sido possível graças ao Programa Mobilizador da Ciência e da Tecnologia, criado por Mariano Gago, então presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT-‐ embrião da actual Fundação para a Ciência e Tecnologia) em 1986. É também em 1986 que Portugal entra na CEE, o que permitiu o acesso a fundos estruturais que foram determinantes para o desenvolvimento da ciência em Portugal (UPortoAlumni, 2012).
Existem hoje em Portugal cerca de 27 Laboratórios Associados e 300 Unidades de Investigação, que são várias unidades juntas ou unidades absolutamente independentes geridas por associações privadas sem fins lucrativos. Outro indicador da expansão da ciência em Portugal é o número de doutorados: se em 1986 existiam cerca de 1800 doutorados, já em 2009-‐2010 o número chegava aos 14.000 doutorados. Em média, por ano, há 1000-‐1500 novos doutorados distribuídos pelas 25 áreas de investigação, das ciências exactas às artes (UPortoAlumni, 2012).
Modelo de Comunicação
Relação entre Ciência e Sociedade
Deficit Objectivo
Compreensão Pública da Ciência (PUS)
Não se intersectam
Sociedade Cientistas devem transferir conhecimento Envolvimento Público da Ciência Intersectam-‐se no diálogo, são pares
Cientistas, Comunicadores de
Ciência, Sistema Político e Científico
Debate entre ciência e cidadãos, intercâmbio de conhecimento e
Nos últimos seis anos, resultado de um importante incentivo na formação especializada, o número de investigadores em Portugal cresceu anualmente cerca de 17.5%, o que o elevou, pela primeira vez, aos níveis apresentados pelos países mais desenvolvidos. No entanto, espera-‐se um aumento ainda mais significativo do número de investigadores em Portugal, o que, segundo o documento OEAD, publicado em 2012, só poderá ser atingido através de uma melhoria na qualidade do sistema de ensino e de uma difusão mais efectiva da cultura científica (Science Tecnology and Industry Outlook 2012).
A produtividade, em termos de publicações científicas indexadas nas bases de dados internacionais foi, só em 2011, de cerca de 40.000 artigos. Quanto ao número de citações destes artigos, uma importante medida do impacto da produção científica, deparamo-‐nos com um índice cumulativo dos últimos 5 anos de cerca de 120.000 citações. No entanto, neste processo de desenvolvimento e de sucesso, o sistema de financiamento da ciência continua a ser um aspecto delicado. A grande fatia do financiamento provém dos fundos estruturais europeus e não do Orçamento do Estado, o que é contingente. Portugal faz um investimento directo de 0.4% do PIB, o que é um valor considerado muito baixo, especialmente quando comparado com o retorno do investimento. Segundo Claudio Sunkel, outra das fragilidades que a ciência portuguesa atravessa é a sua delicada relação com a sociedade e com os responsáveis políticos (UPortoAlumni, 2012).
1.3.2. A comunicação e divulgação de ciência em Portugal
A comunicação e divulgação de ciência é tanto mais generalizada, rica e activa quanto mais sólido e dinâmico for o processo de produção de ciência e tecnologia. Como tal, em Portugal, a generalização da comunicação e divulgação da ciência aconteceu com algum desfasamento em relação a outros países europeus, onde o sistema científico e tecnológico estava mais desenvolvido, acompanhando o crescimento do potencial científico e tecnológico do país a partir dos anos 90.
Até meados do século XIX, a ciência não era considerada uma especialização profissional, e para alguns era mesmo uma actividade apenas ao alcance da alta sociedade. Tratava-‐se de um assunto de “cavalheiros” e a realização de uma experiência era vista como um espectáculo (Goldfarb-‐Alfonso A. M., 2004).
Em Portugal, realizaram-‐se palestras científicas no Teatro D. Maria II e no Teatro da Trindade (Matos A., 2000). A escolha de espaços que habitualmente recebiam actividades culturais reflectia a visão da ciência então dominante: mais uma actividade cultural, como a música ou a poesia. Outro exemplo desta aproximação entre a ciência e a sociedade no Portugal do século XIX é o periódico O Panorama, da Sociedade Propagadora de Conhecimentos Úteis. O objectivo desta publicação criada em 1837 era:
“(…) descer a variada ciência até aos últimos degraus da escala social, [pois] o homem público, o artista, o agricultor, o comerciante, ligados a uma vida necessariamente laboriosa, poucas horas têm de repouso para dar à cultura do espírito; e nenhum ânimo, por certo, seria assaz curioso de instrução para gastar esses momentos em folhear centenares de volumes e embrenhar-‐se em meditações profundas que só uma aplicação constante pode tornar profícuas.”
(Herculano A., 1837)
Portugal teve ainda personalidades que se destacaram pela sua dedicação à divulgação da cultura científica, entre elas Bento Jesus Caraça -‐ que nos anos 40 dirigiu a colecção Biblioteca Cosmos, vocacionada para a melhoria da cultura científica dos portugueses -‐ e Rómulo de Carvalho, que escreveu mais de uma dezena de livros de divulgação científica.
Foi em 1988 que a importância da cultura científica e tecnológica passou a ser reconhecida na legislação Portuguesa:
“1. A educação escolar, o ensino superior, a formação contínua a todos os níveis e os meios de comunicação social devem favorecer o espírito de investigação, inovação e criatividade e contribuir para a difusão da cultura científica e tecnológica.
2. Com a mesma finalidade deve ser apoiada a política editorial das instituições de investigação, assim como a criação de museus, a realização de exposições e a instituição de prémios, além de outros estímulos adequados” (art. 17.º)
Lei nº91/88, de 13 de Agosto2
Passados oito anos foi anunciada a criação da Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, pelo então
recém criado Ministério da Ciência e da Tecnologia (constituído pela primeira vez em 1995). A sua missão foi formulada nestes termos: “promover a cultura científica e tecnológica da população portuguesa, a aprendizagem experimental das ciências nas escolas e o envolvimento dos cientistas em actividades de divulgação da ciência”(Costa A. F., 2005). Aos objectivos e principais actividades, da Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica será dedicado o Capítulo 2 deste documento.
Entre muitas outras instituições, museus e associações, a Fundação Calouste Gulbenkian destacou-‐se desde cedo pela variada oferta de iniciativas de comunicação e divulgação de ciência em Portugal. Esta instituição tem actuado em diferentes áreas: i) organização de conferências e colóquios dirigidas ao grande público (ex: “Despertar para a Ciência”, “Brain.org”); ii) edição de livros, e até 2000, da revista Colóquio/Ciências, uma publicação de divulgação científica; iii) reforço dos meios de ensino experimental das ciências nas escolas; iv) apoio à produção de programas audiovisuais; v) realização de exposições científicas (ex: “A Evolução de Darwin”, que contou com o número recorde de 161 mil visitantes).
Com o crescente desenvolvimento da ciência e tecnologia em Portugal, a comunicação e divulgação de ciência passou a representar uma cada vez mais forte aposta e preocupação por parte de um número crescente de organizações científicas, agências e fundações (Cardew G., 2013).
1.3.3. A cultura científica e a relação entre os portugueses e a ciência
Como forma de avaliação do estado da cultura científica portuguesa, realizaram-‐se inquéritos em 1990, 1992, 1996 e 2000. Os dois últimos foram da responsabilidade do antigo Observatório das Ciências e Tecnologias, hoje Gabinete de Planeamento,
Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI). Num inquérito realizado em
1996, cerca de ¼ dos alunos declarou nunca ter realizado experiências de ciências na sala de aula, sozinho ou em grupo. Segundo uma das conclusões deste relatório Portugal distinguia-‐se da Europa por um défice quase total de ensino experimental das ciências e por uma reduzida afirmação do ensino tecnológico (Inquérito 1996/1997-‐ OCT/MCT, 1999).
No final dos anos 90, o estado da cultura científica dos portugueses era explicado pelas condições da aprendizagem das ciências, bem como pela escassez das oportunidades de contacto com o mundo da ciência e da tecnologia. Os resultados deste inquérito mostravam que o nível de escolaridade era a variável que melhor explicava os diferentes níveis de conhecimento científico, bem como as representações e atitudes perante a ciência e o conhecimento (Inquérito 1996/1997-‐ OCT/MCT, 1999). É neste contexto que os museus, os centros de investigação e os meios de comunicação passam a ser uma fonte de oportunidades para: i) a divulgação de conhecimento; ii) a estimulação da curiosidade e do interesse pela ciência e, finalmente, iii) a difusão da cultura científica. Foi nesta perspectiva que foram lançados em 1996/97 dois importantes programas que viriam a revolucionar o ensino das ciências em Portugal: o Ciência Viva e o UARTE (acesso à Internet nas escolas básicas e secundárias, públicas e privadas, do 5º ao 12º anos). Ainda assim, de acordo com o Eurobarómetro, de Junho de 2005, sobre a Ciência e a Tecnologia na Europa, há muito por ser feito. Veja-‐se a posição ocupada por Portugal, como o quarto país Europeu mais descontente com o ensino da ciência nas escolas (Special Eurobarometer 224/ Wave 63.1, 2005).
Portugal é também um exemplo claro do não envolvimento das suas populações nas decisões científicas e tecnológicas, o que é o reflexo de uma falta de conhecimento científico, espírito crítico e interventivo (Special Eurobarometer 224/ Wave 63.1, 2005). O Eurobarómetro de 2005 identificou os portugueses como um dos povos que mais reconhece o valor da ciência para a prosperidade de um país e que mais defende que o seu governo deveria aplicar um maior financiamento na ciência. Mas são também os portugueses os que mais acreditam que a investigação básica não é essencial para o desenvolvimento de novas tecnologias e os que menos acreditam precisar do conhecimento científico para resolver as tarefas do dia-‐a-‐dia. O Eurobarómetro de 2005 deu conta também de uma relação de tensão entre os portugueses e a ciência: se por um lado, a sociedade reconhece a importância dos avanços da ciência e da tecnologia, por outro, há um claro afastamento entre a sociedade e a ciência. Foi assim identificada a necessidade das autoridades públicas criarem as estruturas necessárias para que as gerações mais jovens passem a ter uma tomada de decisão informada sobre questões que afectam os seus quotidianos e o das gerações vindouras (Special Eurobarometer 224/ Wave 63.1, 2005).
CONCLUSÃO
Neste capítulo foram abordados não só os diferentes paradigmas de comunicação e divulgação de ciência como também qual a sua manifestação em Portugal. Como veremos, o Ciência PT enquadra-‐se nesta tendência crescente para a divulgação da ciência feita em Portugal, mas o maior desafio será o de o fazer numa perspectiva de interacção dinâmica. Assim, o projecto Ciência PT procura afastar-‐se do modelo PUS em direcção a um modelo de “Envolvimento Público da Ciência”, mais em sintonia com um cenário de “ciência na sociedade”, e não apenas de “ciência e a sociedade”. Estas ambições são também partilhadas pela Ciência Viva -‐ Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, instituição acolhedora do projecto aqui apresentado, à qual será dedicado o Capítulo 2 deste documento.
CAPÍTULO 2.
A AGÊNCIA NACIONAL PARA A CULTURA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA
INTRODUÇÃO
Neste segundo capítulo procederei à contextualização do processo de concretização e desenvolvimento da Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, a partir daqui designada por Ciência Viva. Serão ainda descritos os objectivos desta Agência e expostas as suas principais linhas de actuação, com o foco nos Centros Ciência Viva, uma vez que o projecto Ciência PT poderá vir a beneficiar dessa rede de centros.
Neste capítulo será também apresentado o Pavilhão do Conhecimento (PC), enquanto pólo dinamizador da rede de centros, mas também enquanto contexto organizacional de implementação do projecto aqui apresentado. Por fim, será realizada uma breve descrição do website do PC, uma vez que este será uma ferramenta fundamental da componente online do Ciência PT.