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CEB 110 - A francesia baiana de antanho

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(1)

Centro

de

Estudos

Baianos

THALES DE AZEVEDO

cfP

Vo

A

FRANCESIA

BAIANA

DE

ANTANHO

©

PUBLICAÇÃO

DA

UNIVERSIDADE

FEDERAL

DA

BAHIA

(2)

Toda correspondência deve ser enviada à Direção do Centro de Estudos Baianos da Universidade Federal da Bahia antigo prédio da Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus - Térreo - Distrito da Sé - Salvador - Bahia - 40.000

(3)

THALES DE AZEVEDO

A

FRANCESIA

BAIANA

DE

ANTANHO

Universidade Federal da Bahia Centro de Estudos Baianos

(4)

. PROFESSOR GliRMANO TABACOF

Reitor da Universidade Federal da Bahia

PROFliSSOR FERNANDO DA ROCHA PERbS

Diretor do Centro de Estudos Baianos da UFBA

Esta publicação ê uma homenagem do Centro de Estu dos Baianos da UFBA aos 80 anos do Dr. Thales de Azevedo, Professor Emérito da Universidade, com pletados no dia 26 de agosto de 1984.

Azevedo, Thales de

A francesia baiana de antanho / Thales de Azevedo. Salvador : Centro de Estudos Bai anos da Universidade Federal da Bahia,1985.

(Universidade 44p. ; 22cm.

Bahia. Centro de Estudos Baianos, çao ; 110).

Federal da Publica

1. Português - Estrangeirismos. 2. Antro pologia cultural - Brasil - Bahia. I. Titii lo. II. Serie.

806.90-316.3 572(814.2) CDU

(5)

A FRANCÊSIA BAIANA DE ANTANHO*

Thales de Azevedo

A contaminação por locuções e vocábulos estran geiros é uma das características das línguas e dos falares modernos em todos os países, efeito do in tercâmbio de idéias, das leituras de livros, jor nais, revistas publicados fora, das viagens e migra ções, do desenvolvimento de saberes e técnicas num ou noutro lugar, da melhor expressão do pensamento por determinados idiomas e linguajares. Ocorre isso no inglês, no alemão, no espanhol, no português, no francês que parece ter o privilégio daquela influên cia. Não há povo que possa eximir-se de usar cotidi anamente palavras e ãs vezes sintaxes de outros id^ ornas, fenômeno que tem provocado até medidas aéfen sivas e reações dos meios culturais e dos governos.

não sei se ainda Na Alemanha, faz muito tempo,

flexo da K.ultusikamp6 de Bismarck ou do

cionalismo de Guilherme II, procurava-se substituir re belicoso na

por formas nacionais muito da terminologia de proce dência supostamente estranha: assim, em lugar de ho tel-restaurant, de hospital, de injeção, gaòikauò,

ksiank.e.nhau.6 , aínò ptsiizung e agora e.hen por te siu.nd.6unk em vez de rádio. Entretanto, os

expressar Os portugueses pre levisão e

filósofos existencialistas não conseguem sem as variantes do verbo t-in.

a 25 *Conferencia na Academia de Letras da Bahia,

(6)

ferem autocaAH.0 ao universal ônibus e poupada ao es panhol koòtai, bem como

americanos não são mais resistentes que outros aos francesismos: o ano passado, concluindo a escuta de

tl

meu coração, um medico procurou me tranquilizar, ex clamando: "No bsiuit", ao que lhe retruquei, quando cheguei a Paris, com um cartão-postal em que dizia:

"De. ia ten.fie de Laennec/í gtiet and thank to! meu ex celente medico". Em edição de dias atrás do "New

York Times Magazine" li anuncio de camiòoleà de lu de apetitosas caòòeKoie4. A seu turno, o presi dente Giscard d'Estaing, hã pouco reforçado por Mi terrand, adotou providências oficiais contra as de turpaçoes que o fitianglaiò está determinando no belo e expressivo falar gaulês; em consequência, foi pro ibido dizer dn.ive-in e knou)-kou), sendo admitidas nas publicações e nas irradiações apenas cine-patic e AavoiA. fiaisie. O francês, por sua parte, é um dos grandes culpados de inçar outros falares de pala vras e galicismos, justamente porque a França teve a glória de ser o pólo cultural e espiritual do mun do moderno antes que as tecnologias e os avanços em certas indagações fizessem do inglês a fonte maior parte da abstrusa terminologia da física, da engenharia, da economia e de outras ciências soei ais, donde o economêò, o òociotogue-& e outras es quisitices: por todo o mundo, desde pelo menos fins ou meados do século passado,se instalaram tiaiivoayò,

tnamwaijò, tiibufiieò e, entre nós bondò; e estes tem

pos fala-se em u)iòkfiut thinking e em conòpicuouò

comòumption, que prefiro dizer pensamento desejoso

de ostentação; falar-se em baidge ieanó, em òtand by, em òpsiead e oveA.ni.gt e não sei quantos outros termos forjados pelos Keynes e

que o comum da gente não entende e que em nosso ca

comboio: ao trem. Os

norte-xo e

da

e consumo

Galbraiths

(7)

so parecem inventados confusão e perplexidade:

visitas que nos anos 70 fiz ao

a.d U6u.m delpkinl,

impressionou-me

para nossa nas três norte do Peru, onde minhas netas baianas ali criadas dizem Uquadofi lugar do nosso dificultoso liquidificador, muito ao gosto do nosso tecnicismo vocabular, ouvir

em

chamar

de gfia.òi> à grama, de pocofi, corruptela de a pipoca, de cafipofi, de ca.fipot americano, sa ga.fia.gc, que ê uma das

ção do automóvel fez uzarem até hoje os de todo o mundo.

popcofin,

â france expressões que a introdu

diaufácufiò

Ê verdade que nós,brasileiros, nao intro Portugal pelas no pecamos menos no particular. Destes dias é a

missão de falares brasileiros em

velas como Gabfilcla e outros programas que nossa te levisão esta levando â velha metrópole e a diversos outros países. As corridas e os fialllcò

véis ultimamente enfatizam,

de automo para os torcedores da queles esportes,, a importância da pole poòltlon pa ra os competidores de tais provas, uns e outros ves tindo jcanò... No Brasil, onde reações

tranhas jã se esboçam, seria

um tanto es necessário fazer algo para evitar que tais vícios desnaturem inteiramente o vernáculo e nossos idiotismos.

Explico por que me afoitei a tratar aqui, ho je, nesta douta Academia, do que chamo de francesia baiana de antanho. Estava em Paris,

Plaisance, no XIl/eme, hospedado

no bairro de em apartamento da morada de operá minhotos e Rua Pernety, zona, por sinal, de

rios portugueses, com bodegas de nomes

assistidos em sua igreja paroquial por padre paulis ta que reza missas em nosso comum idioma, quando, a 29 de junho passado, me ocorreu anotar os vocábulos franceses que ouvia na Bahia em meu tempo de menino e de adolescente. Dei início imediatamente a um doò

(8)

Sio recordações "do meu tempo"espressões es ta, diz Ecléa Bosi em "Memória e Sociedade" (1979), de lembranças que relatamos como nossas, porém, que "mergulham num passado anterior a nosso nascimento e nos foram contadas tantas vezes que as incorpora

ao nosso cabedal. Entre elas

tam-se feitos dos avós, mas também nossos, de que acabamos 'nos lembrando'. Na verdade, nossas primei^ afirma a escritora alcance de nossa mão, no reli continua con mos

ras lembranças nao sao nossas, paulista -, estão ao

cario transparente da família". Rebelando-se contra essa restrição rejeita a ponderação de Simone de Beauvoir, citando Aragon no "Blanche ou l'oubli" ao considerar que o homem idoso é um sobrevivente im produtivo, ineficaz, razão pela qual "se volta tão prazeirosamente para um passado que pertencera a ele, onde ele se considerava um indivíduo inteiro, um vi vo". Não, o que trago aqui ê meu, supondo-me ainda alerta e vivo.

Comecei, reconhecendo tentar um touJi de. fiosice.,

a puxar pela memória e eis que me surpreendo, ajuda do por vários amigos, com um vocabulário e a recor dação de fatos numerosos. Ocorre-me, por exemplo, que na Farmácia Piedade, ali pelos anos da I Guer ra, meu pai vendia os btbe,fionó com bicos de aaout

chout em que mamavam os nenens de então, e os perfu mes de Guerlain, de Houbigant de Coty e Roger et Gallet, importados da França junto com a Eau de Vi chy ou de Evian para males de estômago. Uma de mi nhas tias usava elegante Zosignon para sua miopia; as senhoras idosas protegiam-se do friozinho baiano com íchaA.pe.6 e com ^Zckuó;

■totó saco e utilizavam-se do

filot para'irem trabalhar em

os homens vestiam patt

Elevador ou do C/tOK

seus bu.sie.aux de negoci 6

(9)

antes, de médicos, de advogados, na Cidade Baixa. 0 Pr°f■ Cassiano da França Gomes cobria-se com um cha péu alto de feltro do tipo tayau. de. polle.,

do um cAO-t-óe escuro,

envergan ao tempo em que o prof. Henri que Aureliano Tosta, em lugar do severo KzdinQote.,

sentia-se envergonhado de vestir seus primeiros ter nos brancos muito bem engomados. 0 chapéu de pêlo, ’ lustroso e dobradiço, por isto mesmo chamado de

c.la<Lf ainda era obrigatório nas solenes cerimônias políticas. Uma de minhas vaidades de menino era um

cclòque.££e. de pano matULon, que tive de substituir pe lo bonmt do uniforme de externo do Colégio Antonio Vieira, ao Portão da Piedade. O nougat era um dos meus doces preferidos. E ia ao Cinema Ideal, a La deira de São Bento, pouco acima do Hotel Sul-Ameri cano e defronte do Hotel Paris, com os coupons que minhas tias maternas, kabi.£u.é,e.ò daquela casa de es petãculos, recortavam de jornais da época: eram as

ma.££ne,e,ò c.kZc4 . Mas não apenas aquelas sessões da tarde assim se denominavam: quando em 1918

pelo nosso porto o navio "Benjamim Constant" da Ma rinha de Guerra nacional, sua oficialidade ofereceu ã sociedade local uma tarde dançante no Politeama, convidando para uma ma££ne.e. blanche,. Nesse afamado teatro, em brilhante e concorridas AOÁ.A.é.e.6 realiza vam-se as £outin<í&6 de tA.ou.pe.6 e companhias líricas, dramáticas e de operetas, uma delas de consagrada Sarah Bernhardt, caprichando as.orquestras, várias vezes sob a regência do médico baiano Dr. Alberto Muylaert, na ouverture do "Guarany" de Carlos Gomes e em melodiosas e populares òu.Ã.te.6 e po£-pouA.A.i.6 de passou

operas e operetas.

Pode-se fazer idéia da popularidade da língua francesa e do prestígio em nosso meio da cultura

(10)

francesa lendo o registro do que havia sucedido a 13 de setembro de 1907, ao aportar aqui o navio AKa. gon, vindo de Buenos Aires, Montevidéu, Santos e Rio: a bordo estava nada menos que o extraordinário comediante e declamador Benoit Constant Coquelin, conhecido como Coquelin ainz, autor, com seu irmão caçula Coquelin 'cadít, de "L'Art de dire le monolo que" (1884), trazendo sua companhia teatral.O prof. Cid Teixeira, em um de seus artigos na imprensa bai ana, recorda o episódio: o grupo vinha dar um tãculo nesta capital e o Politeama achava-se

do pela Companhia de Lucinda Simões e de Cristiano de Souza; a este admirado ator, o Governador Severi no Vieira, num gesto fidalgo, encarregou de

espe ocupa

promo ver as homenagens ao grande artista que chegava. "0 convite para a fechada recepção, a bordo, foi

dido com data de dez de setembro:

expe Cristiano de Sou za, tendo de receber o grande artista universal quelin Ainé, cumpre um dever, que o honra, de

nicar a V. Exa., como intelectual da gloriosa Bahia, que, por fidalga gentileza do Sr. Dr. Governador do

Co comu

Estado, haverá, na ponte da Companhia Baiana,na tar de de 13 do corrente, um vapor para este fim e, ne le/ um lugar para V. Exa. a quem, agradecendo, da as suas sinceras

man saudações, declarando que ape era o nas fez, com este, quinze convites". 0 vapor

"Gonçalves Martins", que, à chegada do "Aragon", a levando a comissão da terra:

costou, Arlindo Frago Pinto, acadêmi Enjo.1 so, Afonso de Castro Rebelo, Joaquim Costa

Otávio Mangabeira, Albino Leitão e mais os (força do tempo, esclarece Cid Teixeira) Vampré, Hildegardo Erudilho e Alceu Comide.

— é claro — uma banda de música. cos

ras E

Se falar fran ces era o corriqueiro, citar Rui Barbosa era o obri gatõrio. As duas coisas fez -o Prof. Castro Rebelo, 8

(11)

orador ao visitante. E todos ouviram, era êxtase, quando da referência feita â Aguia de Haia, Coquelin dizer: Oui, je le connais. C'est 1'enfant terrible isto não tem os jornais re Estávamos na Bahia do de la Conference'. Teria mesmo dito?

nenhuma importância. Todos ouviram e gistraram. Esta é a verdade,

começo do século (...) "Era o tempo do francesismo exacerbado, comenta o nosso historiador. Estudava-Bezout, francês pela Claude Auge e, naturalmente, lia-se o Teatro Clássico de Filo. Vestia-se pelo Bon Marche, se aritmética pelo livro de

gramática de

frequentava-se o que desciam o

Chalet Parisien e os cavalheiros charriot encontravam-se no Au Gastro nome para uma prosa". Veja o noticiário de um dos jornais da cidade, citado pelo autorizado cronistas da história: "Visão embriagadora e deliciosa a da quele espetáculo... momento soleníssimo de uma sío

Perturbandlo

berba catedral da riqueza e de gosto.

os sentidos, estonteando a imaginação, orgulhando a sociedade, exaltanto soberanamente o nosso nome, misturavam-se naquela magnificente sala de baile a beleza das senhoras esculturais; a graça mimosa e fascinadora? a pompa dos vestuários disputando os prêmios da elegância e do luxo; a severidade das ca sacas na distinção correta dos homens; a educação da mocidade no entusiasmo do seus ardores" (refe ria-se â Cia. Coquelin, no Politeama). "No palco, Coquelin e os da sua companhia apresentaram, na pri meira parte do espetáculo, o 39 e o 59 atos do Cyra no de Bergerac, o grande papel do grande ator. A co média heróica de Rostand que o mesmo Coquelin cria ra na estréia de 1897 no "Theatre de Porte Saint-Martin", quando o autor era um jovem de 28 anos, continuava a sua carreira e agora estava no Politea ma da Bahia. Coquelin estava com sessenta e seis

(12)

anos. Estava longe os dias era que aparecera Pela primeira vez no palco como 'valet comique’

pit amourex" de Moliêre. Era

da "Dé o Coquelin glorioso de fim de carreira, preocupado com o destino dos ar tistas pobres e levantando fundos para

recolhimento na França.

uma casa de No intervalo declamou ver sos, enquanto, para tais fins filantrópicos,

eram vendidos livros na platéia". Na segunda parte Coque lin apresentou "Les precieuses ridicules", de Moliè re.

Recordo que o Politeama encheu-se à cunha, sadas as vibrantes

para ouvir em cat sobre a

taò franceses nas

pas festas populares do Armisticio, francês a conferência do Abbé Dabes Guerra de 1914-18 e o heroísmo dos P0£ noutros trincheiras do

^SLOn-Cò de batalha, sob o comando dos

Marne e

marechais Jof Pétain. Ali estive, convidado pelo preza Epifânio Fernandes de fre, Foch,

do amigo de minha família,

Souza, sócio e representante em Paris, durante mais de dois decênios, da firma baiana Tude,Irmão & Cia. e entudiasta admirador da França, como eram Pânfilo d'Ultra de Carvalho,

Bittencourt, Otaviano

Anísio Massorra, Viriatinho diri Muniz Barreto e outros

gentes do Comitê prõ-Aliados na Bahia. Alguns des e profis Marcei ses tinham relações comerciais, bancárias

sionais com Paris: Pânfilo com o banqueiro

Bouiloux Lafont, Geraldo Rocha com o Comitê des For ges; o chileno Juaquin Ruiz de Gamboa

de Construction com a Société Esses e outros padrinhos conceituado Doc du Port de Bahia. Paris consultar, iam também a Isabel e Plinio com meus Tude de Souza, o

teur Raoul Bensaude, o médico português, irmão do historiador Joaquim Bensaude, cuja irmã Margarida,

pessoalmente abastada dama, conheci

Lisboa, a sua jovem compatriota cujos estu

em presentado por uma

(13)

dos custeava na Universidade de Wisconsin, em que eu acabara de dar um curso e seminário a convite do diretor do seu Centro Luso-Brasileiro, o açoriano Prof. Alberto Machado da de mãe criado nos

Rosa.

E.U.A.

Alguns dos brinquedos que conheci na

dtaboZo, pronuncia francesa de um jogo no e o btZboquct, ainda hoje

Quando ia a Alagoinhas, Oiteiro, a fazenda do meu avô José

meninice foram o

meado em italiano, trata

do por esse nome entre nõs. passar dias no

Olympio de Azevedo, embarcava na QO.A.C da Calçada, num dos wagonò da Compagnie des Chémins de Fer Fédé raux de l'Est Brêsilien, levando a bagagem leve

vaZZò e.4. Na casa de meus pais, do Hospício, oficialmente

em "no Hospício", a Rua Rua Democrata, via plan

ca. cp o h, em ci ma de ctagcA.C6 e dunqucA.qu.c6, junto com bibelots de

cutt e de opaZZnc e vasos de ba.ccLA.at. Todos tas em cachcpot4 adornados com papel

esses

cA.och.ct ou de objetos descansavam sobre toalhas de

macKamc, este tecido de um' barbante especial; eram modelados ao gosto aA.t nouveau. Havia espelhos bl

òautcò, enquanto das paredes pendiam tapetes imitan do os custosos gobcZZnò . No quarto de banho havia tanto mais um bidet, cuja utilidade mal entendia,

que btdct era também a mesinha de cabeceira no quar to de alcova. Na sala de jantar

zes de òu^eí o aparador ro. Nas refeições, o lombo, a

chamava-se por ve com as quartinhas de bar carne mal-assada, o peixe eram acompanhados, alguns dias,de pcttt-potó,

como então se denominava a ervilha importada, e en tre os frios era uma novidade o patc-au-{otc-gAa-6, feito do fígado de patos engordados a pulso como mostravam as gravuras do Berlitz. Uma festa para o paladar era o CA.cmc A.cnvcA.6<í, hoje vulgarmente cha mado de fiZan, ou o voZ-au-vcnt, um bolo fino e gos

(14)

"pão de Lot". BonbonA e raros pAaZtneA

ChamptgnonA comiam-se toso como o

deliciavam a meninada,

banquetes, para o prazer dos gouAmztA .

nos 0 "pão fran cês", untado da Manteiga Ibsen, trazida da Holanda e da Dinamarca, consumia-se diariamente. E, por fa lar nisto, li hã anos na revista "New Yorker" que se serviam nos Estados Unidos nada menos de trinta e tantos pratos, pastéis e doces, tidos como france nada tinham a ver com a cozinha e os for dos maZtAe.A e dos confeiteiros daquela naciona lidade; o qualificativo, entretanto,faziam-nos mais apetecidos. Na Bahia não se falava em £ZZe.t mZgnon,

se não apenas em filé, porém, mZgnon era a menini nha franzina e bonitinha e a je.une. £ZZZe. magrinha e miúda, como PZe.AAotA e PZeJiAettzA, as

mais apreciadas nos baZA ma.Aqu.E-6 dos Clubes Cruz Vermelha e Fantoche. No Carnaval de 1918, num dos bailes à fantasia em nossa Cidade do Salvador, noti

ses, que nos

fantasias

ciava a revista BahZa lZ.uAtAa.da. que as moças e rapa zes da alta sociedade apresentaram-se

â européia como italianos, zíngaros, espanhóis, tur franceses. em disfarces

cos, portugueses e principalmente como

Assim, Madame Pompadour com o característico pentea do, Vendeuse, Gigollette, Pierrot Rose, Florista ã Luis IV, Damas da corte francesa, Breta, Pierrette, Almaciana, França, Vendeuse de Bonbons, Apache.

Era muito nas jóias caras e finas, caprichosa mente desenhadas, que as damas mais elegantes exibi_ am, particularmente nos bailes, o que hoje se diz

AtatuA : eram bAoch&A , ba.AAe,tte.A, gargantilhas,

dantZ^A, tAo uaa e.A de metal rendadas, poAte.-bonhe.uAA

pe.n

para níqueis; essas senhoras coravam as faces e lábios com carmim, empoando-se com macios

os

pomponA

eram trabalhosamente cosi de seda. Suas toZZe.tte.A

(15)

das em seda ou linho, em algodão ou lã, diversamen te designados como ^oaZan,d, cn.e.£onne., battòta, íta

mtm, moLL&ò tZtne,, pope.ZZne., Zatòe., alguns como ta

loXtcLò, on.ga.ncU,, voZZe., pan.c,aZ, cambn.ata, gaòe. cht 6on, o.n,Q,po., {^ZanzZa, &an.ja, ^an.Zno, zaphyn,. Alguns eram Zaml*, quer dizer brilhantes, outros ckamaZota

cLoò ou de brilho cambiante? a boa seda roçava, pro duzindo um £n.ou- £n,ou, outros eram diminutivos como o vQ.Zou.ttne,; os modos e técnicas de coser também se expressavam em francês; uns panos forravam-se com

cnJ.no Ztne., golas e punhos e outras peças teciam-se com o rendilhado finíssimo do filé, enquanto as sai as podiam ser arredondadas em godct preguedado em

pZtòòe., n.agZan£, dn.ape., bn.ocke, eram, como e.ntn.ave.,

outras tantas formas, disposições e modos de arran jos nas mangas, nos decotes, nas caudas, nas blusas e corpetes, da maneira que demt-baó foi a moda de meias curtas para as meninas e mocinhas. Os tecidos que não fossem originários da França e de outras partes da Europa tinham nomes que referiam ou repro duziam panos trazidos pelos portugueses, na época das navegações, da índia e outras regiões do Orien te: gon.guJião, madn.ai>£o, da cidade de Madras, caòemt

n.a, de Cachemir, madapoZão, cktta, ckttão, tan.Zata

na, caòòa, bn.tm, tcUAon., mon.Zm, tu.qu.tm, eáguZão, ^uó_ tão e até uma fazenda barata, a bu.Zgan.tana. Alguns desses nomes eram sinônimos, uns enunciados na for ma original, outros aportuguesados. Com uma liga chamada ^outacke. faziam-se adornos e acabamentos

nas costuras; em dias mais recuados falava-se em

comtZka, em paptZZon, em nobn,e.za. Curioso é que Aan.

ja era o pano que um personagem de Moliêre, na come dia "Êcole des Maris", achava que as mulheres devi vestir no diário, deixando o negro, possivelmen te o CKQ.pe.t como nos lutos brasileiros, para as oca am

(16)

siões solenes â noite. As fazendas de mo.n.lnõ,

sua vez, eram tidas como de luxo, sua carnadura de lã do carneiro do norte da África, da Espanha e da França meridional, que Antonio Conselheiro,

ço de sua carreira de messias, proibia aos

por

no come seus a deptos e mandava queimar em fogueiras ao ar livre, como revela o nosso José Calasans. Dominava toda es sa terminologia a modista das ricas como, em parte, a costureira das remediadas, enquanto

LiYiQQ.fiiZz e de btiodztiZo.,

as peças de das vestes íntimas, da rou pa de mesa, e as rendas finas de Bruxelas, da Flan dres, Richelieu ou Zaco.6 eram expostas e vendidas, entre outros lugares, nas amplas salas de frente do imponente casarão do Largo Dois de Julho ou do Acci oli, em que os vi tantas, importadas do Bon Marche, das Galerias La de La Samaritaine, do Printemps,

faytte, pelo comerciante Manuel Pedreira Sampaio, para os ínti cuja esposa D. ‘Maria, D. Mariquinhas

, os amigos, muitos freguesas e dré, do Areai de Baixo

tinha afreguesado Atelier de Bordados ali pecializado em enxovais

mos vizinhos do So e de Cima, do Hospício,

mesmo, es man

para casamentos e para cri anças. Do mesmo comércio fino, de bom gosto e certo luxo, participava em sua procurada loja na Piedade,

Sr. Julio Mateus, Continuador da com suas escolhidas im casal Alfredo da Lapa anteriormente na Cidade Baixa, o

viajado e prestigioso comerciante, quele negocio, inda conheci,

portações jã depois da I Guerra, o

Borges, na residência da Rua 21 de Abril, para São Pedro.

Os cavalheiros de mais idade de usavam pZnce-ne.z

xavam crescer

inferior, com suíças e costeletas

e respeitabilida em lugar de simples õculos, dei

cavaZgnacó no mento ou pQ.fia.6 no lábio na face, combina 14

(17)

das com bigodes de variado corte, ser", de pontas finas para cima,

bio Cardoso, e cabelos à bn.066e canjvêe,

mais era do que o corte à escovinha;

alguns "à Kai como o do Dr. Eusé que nada para momentos de mais apuro, usavam gravatas largas de pla.0tn.OYi e nos pés sapatos Walk-Over e outros,

polainas, ademais de C6 can.pt n6, sapatos rasos de bi rematados por

co fino, vestindo fraques ou casacas, dos bolsos de cujos coletes pendiam vistosas correntes, as

latne.6 .

chato.

Os moços mais requintados na moda. na esco lha dos tecidos, no vinco da calça, no corte do

cor e tecido dã gravata, no

co lete, na chapéu de pa lha, nos tons do sapato de bico fino, mestres em to da essa arte, eram tidos como petimetres (pcttt-

tnc) . Como se vê toda a btj oute.n.ta,

gos da moda feminina e mesmo masculina e

ma4.

todos os arti as técni ou por in inclusive em suas denominações. nas de sua costura importavam da França

termédio desta,

As viagens à Europa faziam mediados terem a chance, do cobiçado lização", particularmente em Paris,

os ricos e mais re "banho de civi^ como modelo de cidade com belos e movimentados boule.van.d6, e às es tações de águas minerais e termais em Vichy,

vilas de repouso

ou as às margens do plácido Lago de Le man, na Suíça francesa. Boute.van.d6

signaçoes de alguns dos nossos logradouros. tores mais prósperos e reputados por

na Faculdade de Medicina, seguindo a trilha dos mes vieram a ser de Os dou suas catedras

tres Alfredo Brito, Nina Rodrigues, se por procuravam a

Paris, dali

exceção Alemanha, estagiavam nos hospitais de trazendo títulos, métodos, aparelhos que lhes reforçavam o prestígio junto à clientela e aos alunos. Interno do Prof. José Adeodato,

fermaria de Santa Marta, do Hospital Santa

na En Isabel,

(18)

nos anos 20, quando uma doente cloroformizada se me xia durante a operação, parecendo que ia acordar, ouço ainda o assistente Dr. Genésio Sales me adver tir em ton de brincadeira, jã fixando os últimos

agfia^cò na pela da paciente, "la malade bouge", en quanto o Dr. Jonas Martins, filho do Visconde de São Lourenço, que se educara na França, mantinha um apZomb acentuadamente gaulês no vestir, no ex pressar-se, no apontar exemplos e lições dos mes tres que ele e outros haviam tido no Hosp. Brous sais, no Hotel-Dieu, na Salpetriêre. Para tais via gens - que faziam naquele tempo os Drs.Pinto de Car valho, Eduardo de Moraes, Caio Moura, Martagão Ges teira, Fernando Luz, Oscar Teixeira, Antonio Borja, ao passo que os comerciantes e sisudos comendadores portugueses voltaram às quintas e as aldeias, de nas cimento no Minho, na Beira, parando em Lisboa, no Porto, serviam-se aqueles invejados viajantes dos confortáveis paquetes da Mala Real Inglêza e da Com pagnie des Méssagéries Maritimes, da Société Genera le des Transports Maritimes Vapeur,

Reunis. Na Europa e por vezes nó baiano, um pouco "por chZc"

se do frio

da Chargeurs moderado inverno neste caso, protegiam-com bem-talhados capotes e caprichados

cache-coZò , que faziam igualmente de quanto as senhoras abrigavam-se em

cache.-nez, en

tienahdò de pêlo de raposa, aconchegantes boaò, envolvendo as delica das maos em mZZ.aZ.yie6 rendadas ou luvas de pelica ou de pelúcia, vestindo custosos manteaux da última da.

mo Se seus esposos ostentavam pesados pasi-de.64 u-ó, elas introduziam na terra enòembZeò e taZZZeuJiò e outros moldes em cores sobretudo mistas, alcançadas pela tinturaria e tecelagem francesas da combinação artística dos tons fundamentais segundo a advertên pas de couleur, rien que la nuan cia de Verlaine,

(19)

ce": assim, cKzmz, bztgz,

6Z, tQ.t2.-dz-YLQ.QKQ.

po.Kva.ndiQ. ou natttz, em variadas nu.anzz6 e me£ang£4

ou &onzz6 quando sobreados e mais intenso o do.

maKKon, muavz, botó-dz-Ko lllá.6, 6almon, gKznat,

ou azul

colori Não esqueço o vermelho gaKancz, gravanço, linguajar nacionalizante, do tecido das calças oficiais do Exército, que faziam exercícios e

no dos mano bras no Largo Dois de Julho, perto lá de

da Empreza das Carruagens, que alugava co ches de diversificados tipos, para casamentos, bati^ zados, enterros e cerimônias outras.

casa em frente

A propósito das cores, vale a pena abrir, zn

pa.66a.nt, um parêntese para nota curiosa: João do Rio, o escritor Paulo Barreto, em sua plaqazttz in teressantíssima sobre o ^ZtKt no Rio de Janeiro em 1907, arrola entre vários o flerte poliglota, de ra pazes e moçoilas da hautz gommz da sociedade cario ca que haviam viajado pela Europa e pedantemente se comunicavam em idiomas dos países visitados;as &ZZK

tzu6Z6 eram antigas alunas do conhecido Colégio Sion, de Petrõpolis, que teriam cursado as classes

gKznat, 6almon, bztgz, todas as classes, toutz la

lyKZ do estudo". Essas eram as cores das faixas e distintivos que naquele estabelecimento francofone caracterizavam as alunas dos diferentes níveis. Vol tando um pouco atrás: as viajantes de recursos tra ziam da França, da Bélgica, elegantes chapéus dzKnt

ZK ckZ, com plumas e atgKZttZ6, procurando fazer

pzndant com as demais peças do refinado vestuário. Âs parentas e amigas ofereciam 6ouvzntK6 delicados, não faltando entre os mesmos pequenas jóias e bzKlo_

qu.Z6 . Influiam em tudo isso e na moda local os figu rinos, as fotografias de "La Illustration", da gen te toKd que concorria ãs corridas de cavalos em Long;

(20)

champs e Deauville e ao Bazar de Caridade, de Pa ris, ou que se exibia nos bou.Zzva.fidA havia pouco traçado por Haussmann, na Étoile, nos Champs Ely sées, como nos parques de Londres, nas avenidas de Berlim, de Bruxelas, de Roma. Vãrios intelectuais assinavam a "Revue des Deux Mondes "ou o "Journal des Debats"; antes que aparecesse sua versão brasi leira, o "Je sais tout" liam muitos atraídos pela anedotas, pe que sabiam inglês, poesia francesa, pelos contos, pelas

las notas literárias; os poucos

liam o "London Illustrated News", com suas reporta gens sobre viagens a países exóticos e arqueologia, em fotografias excelentes, em AzpZa.

matérias reproduzia-se

Algo daquelas nas páginas, em papel coo. "Renascença". Ao a Simões Fi

c.hz, da "Bahia Ilustrada" e da

parecer em 1912,

lho, preparava em clZckzA

maYizhzttzò

"A Tarde", o jornal de

suas fotos, imprimia o título das notícias de destaque, regis

da vida

em

trava em òuzltoò os ia.lt-dlvztu cotidiana

da cidade, que se modernizava aos planos do Governa dor José Joaquim Seabra e do Intendente Júlio Bran dão. Nas praias de Itaparica, de Salinas da Margari

do Bogary e outras partes da península gipe e da Penha,

da,

de Itapa as moças tomavam o "banho salgado" pudicamente vestidas em roupoes de mangas e calças

imitados das longas, de baeta azul-marinho,

banhis tas que de bayzttz frequentavam Bayonne e Nice; nos

vapores da Navegação Baiana, "Barão de Sergy"

trens da Chémins de Fer

um dos quais o simpãti

co

movido a rodas laterais, e nos os plc-nlcò e as ao Mar Grande, a Na Naqueles e caprichosas desa fiavam-se por ocasião das festas tradicionais, tidas por veranistas em cômodas ckaUíi longuíi, as

faziam-se viagens de passeio a Itaparica, zaré, a Plataforma,

lugares, as Filarmônicas famosas

ao Catu, a Camaçari.

assis 18

(21)

procsaicas cadeiras de balanço.

Nos bailes formais, em brincadeiras nas das e nas casas-de-família, dançava-se

da quadrilha dirigida ao som de cês,

fazen ainda a lin comandos em

chímZn de.6 dame.6, pa.ó de. dzax., en avant,

fran

en a/t

>14.(1*10., pa.6 de. qu.atn.0., jocosamente traduzidos por "caminho da roça" e outros. Seriam reflexos das gra ciosas 6 0Í.K.0.0.6 e dos grandes bailes do século passa do, que Wanderley de Pinho recorda acentuando-lhes a predominante nota francesa, quando não ingle sa, em "Salões e Damas do Segundo Reinado", tempo nao somente .das quadrilhas mas dos cotZZlon6, dos

6 c.kottZcke.6, dos minuetos, das gavotte.6, das vaporo sas valsas. Estão salpicadas daquelas francesias as descrições de recepções e de bailes do QKand monde.

de Petrõpolis nos romances do baiano Afranio Peixo to, ao lado jã, ê verdade, de termos em inglês para os 6po>i-tó e outras novidades dos decênios iniciais da República. Â mesma época, na Bahia, em todo o Brasil, as damas daquela nata saíam de seus boa

doZn.6 e alcovas vestidas em de.6 habZZZe 6 e ZZ6 e.u6 e.6 ,

que logo se chamariam de pe,ZgnoZ>i6 . Curioso fenôme no semântico passou-se na Bahia com a locução >iobe.

de. ckarnb>ie.: para a veste feminina ficou >iobe, enquan to a camisola masculina veio a ser conhecida

chambre., antes que surgisse a inglesa pijama. Imagi no que surpresas traria a Celina Scheinovitz a "anã lise contrastiva" que estendesse, como em sua tese de mestrado, ao material que aqui estamos revendo. Suponho que muito do vocabulário até agora exposto cairia na categoria dos "empréstimos", de palavras sem defininido equivalente do francês em nosso por tuguês. Um problema desta natureza deu lugar, em 1920, a uma polêmica erudita entre o Prof. J. Adeo como

(22)

Profs. Pacífico Pereira e Eduardo de Mo dato e os

raes, aquele adepto de

do" o aparelho auditivo, os outros

Faculdade de Medicina partidários de que que denominasse de "ouvi dois ilustres lentes da

se desegnasse por "orelha" como faziam os franceses com 0A.e.tll2, deixando olú.2. para a função. 0 povo brincava com a língua estrangeira, vertendo jocosa mente "Le lion est le roi des animaux" para "0 leão a urrar e desanimou" e assim cora outras sentenças.

Ê verdade que nem tudo que vinha ou que se via na França saudava-se entre nós: nas idas ã Cidade-Luz, as senhoras vigiavam cautelosamente os cava lheiros para que não se deixassem seduzir pelas mt

d'Lne.tte.6 dos magazínA célebres e das bouttqu.2.A e muito menos que se deslumbrassem com as provocantes dançarinas do Follies Bergêre, do Moulin Rouge, dos

cabaA.2.tò da Place Pigalle, de Montparnasse. clan ficou no Brasil como denominador de um de espetáculo dançante, escandaloso

Ba-ta-

gênero para a época, com bailarinas de saiotes e pernas nuas e música ex citante, trazido pelos anos 20 por uma tA.ou.p2. de ca fé cantante ou similar. Esse título,

havia sido o de uma revista publicada

português, no Rio, entre 1867 e 1871, apresentando-se como uma

curiosamente, em francês e

"chinoiserie franco-brêsilienne", cujos editores e caricaturistas eram das duas nacionalidades, um deles Pinheiro Guimarães. Quando por estas ban

ã la ga.A.çonne., muita tremeu receando das surgiu o corte de cabelo

zelosa e

mae namorado ciumento

que desse ãs moças a aparência indesejável de cocot to.6 ou coisa parecida. Logo sucedeu

los frizados em mtòe-en-pltò,

ichavam então as d2.motó 2.&&2.À d 1 h.oyin2.uA.

duziam os bou.qu.2.tA das

a voga dos cabe em lugar dos cachos: que con nos casamentos, em noivas

(23)

cuidar dos boucl&6 que denotavam elegância e donai re. E ainda a propósito, ofereciam-se trabalhadas

Q,onb<LÍ.ll<Lt> das mais lindas flores âs aniversarian tes, ãs noivas, âs declamadoras e, com as coroas de

bZòCLuit, aos defuntos.

A francesia baiana, de que estou dando tão de sarrumada notícia e testemunho, tinha sua história, sem duvida alguma. Começava por ser principalmente intelectual e literária, como assinalou mestre Pe dro Calmon em sua erudita "História da

Baiana" (1949). Na verdade, o porto da Bahia fora um daqueles pelos quais, no século XVIII, entravam no Brasil as temidas "idéias francesas"; essas dou trinas revolucionarias e sediciosas, quase todas de mentes gaulesas e anglicanas, foram identificadas, na chamada Revolução dos Alfaiates, "nossa primeira revolução social", verificada em 1798 na pacata Ba hia, por Afonso Ruy, Luis Viana, Luis Henrique Dias Tavares; Katia Mattoso identificou como

os principais teóricos em que se inspiraram os bran cos e mulatos liberais da Bahia, promotores e entu siastas daquelas novas idéias políticas. Também no campo científico e no religioso, autores franceses foram lidos e seguidos: a difusão do jansenismo e do galicanismo, em que se apoiava nosso

no século XIX, muito deveu âs quatro edições,

tas na Bahia, do Catecismo de Montpellier; do mes mo modo, a corrente eclética em filosofia, que Anto nio Paim mostra tão influente entre clérigos e inte lectuais baianos da época,aprendia bastante do fran cês Victor Cousin.

Literatura

franceses

regalismo fei

Na época mais próxima de que me estou ocupan do, sem a delimitar muito precisamente, essa france sia manifestava-se na poesia, no culto da língua e 21.

(24)

da cultura, na leitura de Anatole, de aux, de Paul Bourget, de Edmond Dantes

de Maurice

Henri Borde com o popu Barres, "Os Miseráveis" e lar "Conde de Monte Cristo",

François Coppê, Victor Hugo com

sua empolgante poética, com Lamartine,

and e vários ZcAtvatn/, que contribuíram para talidade da poetisa e romancista

Gões Bittencourt, ainda no século anterior. Na Ba hia culta "do meu tempo", os expoentes daquela devo ção foram o inspirado Péthion de Viliar

Chateaubri a men

Ana Ribeiro de

com seu ver so no idioma de Herédia, Álvaro Reis .

ra nos muito da poesia francesa e a incluiu em Moóa FAa.nce.-6a.

que verteu pa sua A força de tal influência era tal e um pouco adi que Carlos Chiacchio, naqueles dias

ante, expondo sua "biocrítica" desta na crítica

e traçando a origem em correntes de pensamento de fran ceses, concluía, em 1931, um tanto exageradamente: "Eu, o que sei, nós, o que sabemos, devemos â

ça". Comenta Dulce Mascarenhas bre "Homem e Obras"

Fran em sua monografia so reconhe leitura dos da biocrít_i consequência que sofreu a tio da França".

, desse crítico baiano, ce que "a preferência decisiva pela

franceses é evidente no esquematizador ca, devendo ser considerada como uma normal de sua época e de seu meio, sabida influência intelectual

Até os boêmios, os

van£ò, almofadinhas

chateam, das botte-6

vou.6,

nou.ve.aux Alcheò e bonò

\)t

e pelintras, frequentadores dos e cabaAetò e ca-6aò -de.-Ae.nde.z-prefenam cocotte.6 e madame-6 francesas

zes de

expressarem-e capa na língua fosse como fosse,

se, das primeiras,

que faziam o tAottolA

çonnteAe.4. Esse constituía

ao contrário das modestas e sofridas suas gaA

para o Frédêric e que nao levavam ás

um velho gosto qual chamou atenção o historiador francês

(25)

Mauro ao escrever sobre o Brasil ao tempo de Pedro IIt mostrando que, nos fins do período monárquico, "la figure de la Française ou de la Polonaise prend du relief dans la vie libertine du Brésil,jusque-lã dominée par la femme de couleur ou 11Açorienne". E repare-se para um contraste: eram principalmente mo ralistas de língua francesa que se faziam ler à ju ventude para a formação da pureza e da castidade; nos colégios católicos de meninas e nas famílias in culcavam-se e faziam-se largamente lidos os roman ces de Ardei, dos irmãos Delly, da Condessa de Se gur, cujos estilos e temas reproduzia e cultivava no país a escritora Julia Lopes de Almeida. Entre opúsculos da mesma procedência como Eymieu, Gillet, Magniez, Ho ornaert, o último vindo a ser traduzido para o ver nãculo e publicado na Bahia pelo afamado Pe.Cabral, da Companhia de Jesus. Jã o Dr. Lino Coutinho, quan do em 1843 redigiu o caderno sobre a desejada educa ção de sua filha Cora, recomendava à preceptora des ta que a fizesse ler autores franceses relativamen te aos três reinos da natureza, daí derivando muito de seus princípios morais, ao passo que os ingleses leria depois, se lhe sobrasse tempo.' Pouco depois de ingressar no Colégio Antonio Vieira, no ano de 14, para aprender desenho a mão livre e artístico fui guiado, numa escolhida turma,pelo exímio aquare lista Pe. M. Geraldes, professor de Geografia e Cos mografia e homem de delicadas imensas mãos, autor de preciosa série de quadros sobre as árvores e as frutas desta região (que deve existir no Colégio An tonio Vieira): esse mestre nos exercitava no manejo do lápis, do c/tayon, nos sombreados com o

no esboço de cfioquuiò dos desenhos, falando-nos

gouache., do oleo, da "aguarela". os adolescentes e rapazes, livros e

(26)

Logo ao início do curso ginasial, o interesse pela literatura policial e de aventura rae fez

com avidez, antes de Sherlock Holmes, os franceses Raffles e Arsène Lupin e vários dos fantásticos li vros de Julio Verne, cujo Miguel Strogoff encantara também Sartre: pois em "Les Mots" conta o autor de de "A Náusea" que na adolescência, ali pelos

de 1912 e 13, lia os folhetins e via no cinema fil mes franceses e norte-americanos sobre o policial Nick Carter, sobre o cowboy Buffalo Bi11, sobre as ler

anos

proezas do musculoso Maciste, sobre os Mistérios de Nova York, os Fantomab, exatamente as mesmas

rias e fitas que na Bahia, anos depois, os daquela idade. Esses filmes e leituras,

esto empolgaram algumas nas páginas da revista "Je Sais Tout", me familiari zaram com expressões como e-óctioqua, datatlva, chatil

vau, motigua: já no noticiário sobre crimes, do mes mo modo que nos romances e na poesia de Pierre IotL, de Alfred de Musset, se encontravam nome de plan tas tropicais como ^lamboyant, bougalnvllla, e do delicado miosoti como muguat, da rosa

igualmente incorporados ao nossos falares.

Paul Nation,

A moder nização da arquitetura introduziu ckalat,

lambatilò ; mais adiante, qulòa, pllotlò .

patiquat,

o cimento armado, maji

com

Com o pequeno automóvel da marca francesa Panhard-Levassor, trazido para a nossa ci dade dm 1901 por Henrique Lanat, e outros, após lo Eng9. Alencar Lima e pelos filhos do Prof.

pe Henri que Diniz, Albêrico e Alfeu, irmãos de Almãchio, co meçaram a ser empregados termos como guldon, chau£

coupl, cantiobbania, tioulamant) í&usi, ganagam, capot,

bem adiante mas ainda na fase a que me repor to - os avioesinhos das Lignes Aériennes Latécoère, que faziam o transporte de malas

se,

postais de Toulou ao amzn.i.6batiam nas fofas areias de Amaralina e 24

(27)

Ubaranas, ali por 1925, introduziram vocábulos

nac.e.£Ze, para designar

zionò para as aletas que

como o bojo das aeronaves, cUZo.

regulavam a direção panne,

para os desarranjos nos motores. Vívot jã era usado pelos dentistas e protéticos e pelos policiais que, procurando o móvel de um delito, eram conduzidos pelo mote 'cherchez la femme". Ouvi falar em piquna

em relação a injeção, acajou. como a avermelhada de tintura para cabelo, ' as primeiras especialistas

das unhas femininas,

cor

castanho-man-tca/ie, para no tratamento estético

à-tête. e - a-1/.Ó0 para face-a-face e para algo ã vista na frente, da mesma maneira que noble^óe. obligo, refe tia-se aos gostos fidalgos, âs deferências

pessoas de consideração. JzumòAe. doKÍz, nnlant ga

to, indicavam a juventude mimada e on o arrepio ocasionado por um acontecimento surpreendente. Nova mente no tocante ã arquitetura e ã decoração reparo que um dos painéis de azulejos do Solar Aguiar

ao construir Reitoria da Universidade da os encontros

para com

a proveitados pelo reitor Edgard Santos

o belo palácio da Ba hia, reproduzido por José Valadares no estudo a res ver-se num dos corredores peito dos mesmo - e pode

do pavimento térreo -, representa, ao invés das cAt

Yioí&V1Á.2.0 e de cenas campestcres lusitanas,

episódio, possivelmente, de comédia de Moliêre, com o "clysterium donare, postea seignare, ensuita pur gare" de que seria paciente uma charmosa senhorita, talvez "malade imaginaire".

algum

No domínio da antroponímia, a voga e a devoção ã Virgem nas aparições na França explicam a frequên cia das Lourdes, Bernadetes, Salettes e das Terezi nhas em homenagem à simpática e piedosa freirinha de Lisieux; Ivete, Odete, Simone, Gilete, Denise,

(28)

Jeanete de origem também na França; motivos diver levavam a adotar, como preno Robespierre, Renan, Lafayette, Vol taire, Mirabeau, Lamartine... As crianças divertiam

ca./1/LOiiòò et-ó e brincando com figu a pasta de papel com água e goma-arãbica. Os indivíduos levemente a lienados conheciam-se como . 0 estro dos poetas, a inventiva dos contistas atribuíam-se sua e a po-óe de alguns à falta de modéstia; alguns fingiam saber e talento "pour épater le bour geois" com boutad&A, embaraçando-se em ga-HeA e ra tas, plagiando em verdadeiros paòtÁ.c.ho,6 e revelando não estarem realmente "â la page" com a última mala da Europa. As lojas competiam na arrumação e deco ração de suas .

sos e contraditórios mes, apelidos como

Fénélon, Didérot, Denizard, Junot, Vitor Hugo,

-se girando nos

rinhas moldadas em pap^LeJi machii,

a

Muito longe ainda nos levaria esta descosida notícia. Perguntemo-nos mais uma vez, o que se po de presumir de como veio a exercer-se sobre nos to da essa influência linguística e cultural. É sabido que durante os séculos XVIII e XIX nossas relações intelectuais e espirituais foram

com Portugal e a França, apesar

gleses e a presença, ao menos comercial, de súditos da coroa britânica, ensejados pela abertura dos

simultaneamente dos interesses in

nos sécu sos portos em 1808. Desde a segunda metade do

lo passado, parece, foi-se acentuando o prestígio, quase a predominância, do pensamento e da cultura franceses sobre o Brasil, processo para o qual cha maram atenção Afrânio Peixoto, Félix Pacheco,

Amoroso Lima, no tocante à literatura. A nível mais modesto manecione-se

Alceu

o fato de que os jornais baia , nos derradeiros decênios do XIX, davam inequí nos

(29)

voca preferência à publicação,

pês, de folhetins traduzidos do francês: ao acaso, como indicações para

em procurados roda anotem-se, uma investigação sis

0 Jneen

temática, A Cigana, de Xavier de Montepin;

di.an.io, de Charles Merouvel; Veeapitada, de F. du Boisgobey; PanaZòo Pendido, de Julio Mary; Sem Mãe, de Paulo d'Agremont, todos nas páginas do

de Notícias"

"Jornal que, anteriormente, lançara 0 Gnilhe

ta, de G. Pradel; 0 "Diário de Notícias", em 1908, de Machado de ao lado de trechos do Vom CaAmunno,

Assis, e de outros autores brasileiros,

do Povo, de

A Mulken

Adolfo d'Ennery, e em "A Tarde", em 1913, novamente Xavier de Montepin, com as A-ò Mulke

ie-6 de Bnonze. Em 1881, a firma portuguesa Belém & Cia., da rua da Cruz do Pau

editora em Lisboa, fa ziam propaganda em jornais da Bahia de romances pa ra "serões românticos" - em que possivelmente seri am comentados por leitores e leitoras - como A-ò Voi

daò de Paniò , de Henri Rochefort, e 04 Comaniòtaò

no ExZlio e, depois deste, A Malken Patal, ambos de Emilio Richebourg. A vida intelectual francesa re percutia em nosso meio, mesmo nas gazetas diárias: em junho de 1913, pouco antes daquele "fin de sie cie" marcado tragicamente pela Grande Guerra, "A Tarde" noticiava em Ia página e duas colunas, com retrato, uma conferência em Paris do "sábio cirur gião Alexis Carrel", informada pela agência Argus de La Presse. O extenso catálogo da Livraria Catili na, em 1917, não deixava dúvida sobre a procura e voga daquelas leituras. O "Jornal de Notícias", nos 80, tinha correspondente em Paris e a firma Roiz & Sõcio encarregava-se da publicação de anúncios em todos os jornais portugueses e franceses, tomando assinaturas dos mesmos.

(30)

época, a única língua viva tinha cursos nos colégios e aulas 0 francês foi, na

estrangeira que

particulares anunciados nos jornais.Os doutores bai frequentavam clínicas e hospitais na Euro anos, que

pa, faziam garbo em sublinhar as especialidades que Meu tio Ramiro de Azevedo, ofereciam á clientela.

São Paulo onde clinicara por breve pe "Clínica Mêdico-Cirür de volta de

ríodo, em 1900 anunciava sua

gica com especialidades de partos e moléstias das gargantas, nariz e ouvidos", chamando atenção para prática nos hospitais de Paris, em que frequen sua

tara e trabalhara com mais assiduidade, dizia seu anúncio, nas clínicas dos Profs. Tarnier e Guge nheim. Os Drs. Alfredo Brito e Vieira Lima, em seu "Gabinete de Eletricidade Médica e Raios X", faziam aplicações de eletricidade estática ou frankliniza ção pelo método Vigouroux e de correntes de alta frequência de D'Arsonval-Tesla pelo método Brown-Se quard e a cura pronta da blenorragia pelo método Ja net. Certamente teria as mesmas recomendações o tra tamento de "moléstias do peito, estômago e coração" no novo consultório do Dr. Nina Rodrigues, "provido de todos os aparelhos para o exame das moléstias do estômago".

No comércio fazia-se igualmente forte tal pre sença: ademais de uns poucos, muito poucos nomes em inglês, as mais importantes lojas de artigos femini e algumas de roupas e artigos para homens, como nos

as casas de comestíveis e hotéis, adotavam nomes em francês como a mostrarem sua qualidade e

Chalet Parisien,

atualida de: o além do salão de bilhar, vendia presuntos e sorvetes; La Ville de Paris, seu contemporâneo, anunciava fazendas modas, confecções - as últimas ainda nao conhecidas, como hoje, pela

(31)

designação p/izt- à-poKto.fi; o Belle Jardiniêre servia potagz, ^lllzt, pztlt polò,

e Figueira, omzlzttz, panquzquzf aceitando assinatu ras para almoço com direito a potagz e dois pratos sobremesa, café ou chã e meia-garrafa de vinho, â européia. Anos antes anunciava destacadamente Cho

em 81 vinhos Bordeaux

bem

zolat dz* Vamzó, Thz* noln. zt vznt, HtUlz £lnz dz Wlzkzl Loquz, VI nó dz Bosidzaux, Cognac

Cia., LIc.oazó filnoó dz

Bolólnaad i. Bsilzasid, Abólnth nod, Jambonó ^Aançaló, Land jjumé, ConóZAvaó.

MaAla ?ZK

A Tein turerie Parisienne, na Bahia e em Petrõpolis, espe cializava se em lavagens a vapor de flanelas, corti nas, ztamlnzó , mo uó ó zllnzó , rendas, consertando rou pas de homens pelo sistema de dztazhagz. No ano 81, tínhamos uma loja Bon Marchê, ao

pouco após a casa Au Bon Marchê, de

caut, de Paris, mantinha vistoso anuncio em "Jornal de Notícias", oferecendo artigos

mesmo tempo que Aristide Bouci nosso ao gosto de frequeses estrangeiros e as atenções de intérpre tes em todas as línguas. Independentemente daqueles títulos, que certamente reproduziam nomes de estabe lecimentos da França, as lojas e escritórios impor tadores dos mesmos produtos publicavam Azclamzó tan to em vernáculo como em longos textos em francês, ressaltando quase sempre a procedência parisiense de suas mercadorias. 0 Barateiro, por exemplo, ten do em vista uma frequesia francofone e a requintada burguesia local, dirigia-se a la zlzgant zlltz ofe recendo ó zntlnzttzó e cAztonzó f enquanto o híbrido Au High Life alardeava uma hautz nouvzautz em cha péus; o Hotel de Paris, da firma Ballalai-Durand, ao Largo do Teatro, servia dzjzunz/u & dlnzAó à Ia zaA

Ribei

tz. A Joalheria e Relojoaria de Vitor Soares

(32)

sais de Paris num estendido anúncio, ao mesmo tem em português e francês. Ballalai & Alves vendia cachos e crescentes de cabe "última moda de Paris"; eram de po,

ve.lotj.M6 e tranças,

los para senhoras,

gosto e fatura franceses os artigos da Fabrica de Biscoitos e Pastelaria de Lanat & C^a., estabeleci da em São Bento, no ano de 1900.

A maior parte dos artigos industrializados que consumíamos importavam-se do mesmo

tro, alguma coisa vinda da Inglaterra, da Alemanha, dos E. Unidos. Da França, nos vinham perfumes,mãqui_ nas, comidas, medicamentos, filmes das célebres fir Lumiêre, Pathé. As primeiras fitas que adiantado cen

mas Gaumont,

vi foram, em começos de 1916, no Cinema Avenida, no Rio Vermelho, do extraordinário cômico framcês Max Linder, precursor de Charles Chaplin em suas danças e graciosos trejeitos. Ainda em 1913, o Recreio Fra telli Vita prometia " a projeção do incomparável film 06 M-Í6 <LKa.ve.i.6, obra de mais fôlego que produ ziu a potentosa cerebração de

dadeiro Evangelho social". Vendiam-se aqui "chez Bal Victor Hugo, ver

lalai Ainê", vtn6 Ckampagne., fabricados por Theophi le Roederer & Cia., Maison fondee en 1864,

Artigos de Christoffle no escritório de Carlos xeira Gomes,

á Reims. Tei artigos de drogaria. perfumaria e

quaisquer outros de Paris, faziam propaganda nõs J.

entre Batard, Morineau et Cie., do Boulevard Stras bourg, de Paris. O espingardeiro belga Athanase Chu chu, cuja lojinha ainda conhecemos na Cidade Baixa, oferecia armas de fabricaçao em sua terra,

a Alfaiataria Brasileira,

dres, "estava provida de aviamentos

Em 1900, na rua Guindaste dos Pa escolhidos em Bernardo Levy & rua da Alfândega, tinha cache.

Paris, na acreditada casa dos Srs. Cie." A Loja Góes, na

(33)

mln.Q.6; o Bazar 65 punha, S disposição de gueses, "fantasias em btò cutt, perfumes e

seus fre adornos de tollztto.". Tempos antes, o Armazém Universal ofe recia biscoitos ingleses em latas,

ton, ditos de Wastphalia, òalamo.6 de

ambn.o.6 de Mor Lyon, chocola tes Suchard, dito com leite, dito em pó von Houters, marmeladas inglesas, frutas cristalizadas em fras cos", a revelar o bom gosto dos baianos. A Ma.ntQ.lga.

Puacl d'Jòlgny Bn.o.to.1 FmÍ/lo.6 , de Valognes, com a pro dução diária de 40.000 quilogramas e prêmio na Expo sição de Paris em 1889, era também accessível aos E assim o novo perfume Bnuylho.

d'€coòòo.f de Veillet de la Malmaison, do baianos de recursos.

Boulevard des Capucins. Antonio Barreiro Filho, agente dos co fres Fichet, da Fábrica fundada em 1825 em Paris, fornecedora do Banco da França, do Crédit Lyonnais, da Société Gênérale National d1Escompte,punha á ven da, antes de 1914, casas-fortes blindadas, refratá rias ás ações do fogo e do massarico oxiacetilêni co, por sua qualidade resistente à chama, antt-cka

lu.mQ.au.. Instrumentos de musica, do fabricante Gau trot, havia na Casa Guarany. A Cia. Cinematográfica Brasileira, à mesma época, expunha objetivas Dar lot e Dalmeyer e instalações completas de aparelhos Pathê Frêres, agente também dos motores Aster e Dion Bouton. As bicicletas, leves e esbeltas, eram de marca Hirondelle.

Mas eram os medicamentos o grosso de nossa im portação, a mostrar de que nosologia padecíamos, pa recida com a da França. Naqueles últimos decênios do século pasaado, consumíamos o Tônico, Regenera dor e Febrífugo que eram as Vltulaò do. QutnZum o. do.

Vo.Kh.0 dtaZyòõ., do Dr. H.Vivien, o Vinho Cka.poto.aut,

(34)

Ca*can.lna Lapn.lnca, para prisão de ventre; o X.an.opa

de Glbant, do Dr. Gibert e do farmacêutico

gny, produzido por Augendre, Maisons-Laffitte, e o congênere Raml,

médicos da França e da Europa"; as cápsulas de Qul

nina da Pallatlan., o Vinho da. Cn.olx-R.amy na.tun.al,

"precioso aperitivo, cordial, natural, contra a de bilidade do estômago, esgotamento e todas as pertur bações da vida moderna". Esse vinho recomendava-se por estar "receitado e adotado por os hospitais de Paris e Londres"; fabricava-se na Rue Drout. Popula Bouti

"o medicamento mais receitado pelos

res foram muito tempo o Álaatn.ado Guyot, o Llnlman

to Ganaau, da Rue St. Honorê, o Bálsamo Bangua; a

NauAOòlna Pnunlon., do deposito geral Chassaing Cie., Avênue Victoria, de Paris, indicada igualmen te para a debilidade geral, anemia, raquitismo, fos fatüria, enxaqueca; a Água doA Can.malltaj> Boyan.,

ra os ataques de nervos, apoplexia, paralisia, ver tigens; o Santal Mldy, "inofensivo, de

&

pa

absoluta pu reza, que curava dentro de 48 horas corrimentos que

exigiam outrora semanas de tratamento com copaiba, cubebas, opiatas e injeções"; famosa a Água bUna/tal

da Vlcky e as correspondentes pastilhas Vlcky-Hopl

tal, Vlahy-Etat, Gn.and GnÁ.lla, Cala&tUnò e as PZlu

laò do Vn.. Vahaut, do Faubourg St. Denis,

ta de apetite e mã digestão; o Rublnat

para fal e o La(on.t,

que vieram a ser substantivos comuns,designando efi cazes purgativos salino-amargos que alguns de nõs a inda engolimos aos engulhos,

Inglaòa e Aguandanta Alamã;

os febrífugos Agua

como

os comprimidos de Eun.y_

tkmine. Vítkan, para dores de cabeça, a gostosa Kola

Á4 tl an., fortificante, e muitos outros remédios.Como

se nao fosse suficiente a facilidade de eses medicamentos nas farmácias

comprar es sem receitas médica, prestante livro Vicio

muitas famílias valiam-se do 32

(35)

naJUo dz He.cU.clna Popalaa (1840-43), publicado pela conhecida editora Garnier, que se encarregava

bém das obras de escritores portugueses e

tam brasilei ros, inclusive Machado de Assis, e do Jornal das Fa mílias, fazendo circular no Brasil o "Conseiller des Dames" e o "Magasin des Demoiselles". Chernoviz era um polonês diplomado médico na França,

veu em nosso pais cerca de 15 anos: em seu livro en que vi

sinava a preparar medicamentos caseiros de natureza, composição e utilidade.

variada

A enumeração de medicamentos não se esgotaria se conviesse aludir ã multiplicidade deles, o que aqui interessa apenas para mostrar a voga, a popula ridade, a admiração pelas coisas de procedência da França. Não quero encerra-la, entretanto, sem

xar de mencionar, por exemplo a On.ydotkyA.lnz Pah.16

que em 1914 se anunciava para emagrecer, prometendo que duas pílilas diárias bastavam para a mulher "re cuperar os seus encantos de outrora: a elegância, a formosura e a harmonia das linhas", fazendo a dese jada laa66Z mcUgAz. 0 Aseptone, microbicido-astrin gente, fazia a cura rápida das flores-brancas e de todas as inflamações dos órgãos gênito-urinários e as PlZuZa6 He.ZznZe.nne.6, de Naud, o mesmo, enquanto o LaZt AntzphzZZquz Candz6, destinado â beleza do rosto, dissipava "sardas, tez crestada, pintas ru bras, borbulhas, rosto sarabulhente e farinãceo, ru gas".

dei

Alimentava a francesia o ensino da língua, fa vorecido pelo contato com mestras e mestres da naci onalidade, assim nos colégios para meninas, das re ligiosa ürsulinas e Sacramentinas, e dos Maristas, para meninos. Nesses estabelecimentos, como em ou t^ros acreditados, aquele estudo começava pelos sin

(36)

gelos textos do Berlitz, acompanhados das metódicas lições e dos exercícios de Halbout e do Dr.

de gramáticas outras

Claude Auge e de Mauger, a terminar pela rigorosa análise das encantadoras Fábulas de La Fontaine e Ahn, e como as de Gaston Ruche, de

dos dificultosos dramas e poemas do "Theatre Classi que". Vários dos compêndios do curso secundário, particularmente de disciplinas filosóficas e teolõ gicas, eram franceses no original e, mais frequente mente, traduzidos, de qualquer modo concorrendo pa ra absorver e admirar a mentalidade gaulesa; a "Pi losofia" de Lard, a "História Universal" de Seigno a "Apologética" bos, a "Lógica Formal" de Sortais,

de Boulanger, sem falar nos manuais F.T.D. nas Ma temáticas e Táboas de Logaritmos de

Caillet, e outros,

ra a Medicina encontravam-se

Bezout de Os que iam, como me sucedeu, pa com a obrigatória lei tura ou consulta a livros em língua francesa,

logo no 19 Ano, a "Anatomia Descritiva" de Testut e de Test-Jacob,

assim,

a "Parasitologia" de Brumpt, a "Fio siologia" de Gley, mais adiante a "Terapêutica" de que o nosso José Martinet, a "Clínica" de Vidal,

Silveira menciona em sua encantadora "Vela e de que nos fala Pedro Nava, também.

Acessa"

Como estranhar que assim fosse: a influência antiga como estamos vendo, fora registra da desde os primeiros decênios

francesa, do século XIX por von por Martius, diz que anos lisonjei^ menos especialmente os de teolo eram escritos em seu idioma.Em 1836, Ferdinand Denis, por Wetherell,

por Tollenare; este minucioso cronista na Biblioteca Publica de

20,

nos nossa cidade,naqueles dos 4.000 volumes ali existentes, era ro para um francês verificar que três mil ao bem escolhidos ln-^olloò,

gia e mística, 34

(37)

informa Inácio Accióli, em sua Memõ/i-ca Htótófitca da

Bahia, a mesma Biblioteca, ainda que bastante aban donada, continha 4.273 volumes em francês, 1.395 em latim, 1.185 em português, 580 em inglês e

italiano e espanhol. Se examinarmos a

388 em "Memória so bre a Biblioteca Pública da Bahia", do erudito Anto nio Moniz Sodré de Aragão, que estudara na Inglater ra e completara sua formação filosófica ouvindo Au gusto Comte e aderindo ao positivismo, o "Catálogo dos Livros da Biblioteca da Faculdade de Medicina da Bahia", organizado por Pedro Rodrigues Guimarães, veremos que os baianos, tanto em Teologia e Místic^ em Medicina e Filosofia, como em Ciências, até as proximidades de 1914, tinham extrema facilidade em imprirar-se e instruir-se com a França, o mesmo dan do-se com os clientes das livrarias. Até em biblio tecas do interior do Estado era fácil ler no fran cês e em suas traduções. Verificamos que, de cerca de 2 mil volumes da Biblioteca do Club Literário Na zareno até 1897, havia em francês mais de 80 relati^ vos a Ciências, Lexicologia, Direito, retórica e so bre 1 mil de romances, poesia e literatura em geral quase 150, ao lado de raríssimos em inglês.

Mais uma vez recorrendo â memória,lembramo-nos que mesmo expressões italianas eram usadas na forma francesa: os nossos grandes pintores, Lopes Rodri_ gues, Presciliano, Valença, Mendonça Filho falam em

uo.fit vo.fione.ò e, em to.Kfio. do. Sio.nne., em viintò à ta

blo.au, em vo.fin.i6 a fie.touc.ho.fi. .. E vefinióóage. foi de há muito, o termo para indicar o lançamento de exposições de pintura; toda aquela terminologia a preendida nos estágios de aperfeiçoamento em ato.it

o.fit> de mestres consagrados, em visitas â Bretanha e outras contfiÕ.0.6, para pintar paisagens e figuras im pressionantçs.

(38)

em sua inêdi 0 Prof. Francisco Pinheiro Lima,

sobre teses de verificação de títulos de Medicina da Bahia durante o século ta monografia

na Faculdade

diversos esculãpios que fizeram Paris, em Montpellier, XIX, relacionava

seus cursos de graduaçao em

em Bruxelas, em Lovaina e em Berna. O primeiro dire tor da Escola Mêdico-Cirürgica da Bahia em 1808, Jo sê Correia Picanço, estudara

ao correr dos anos, seu colega de

Montpellier, como, em

congregação Anto em Paris, o ce de Pau la de Araújo e Almeida. Dos médicos que daquele mo do se habilitavam ao exercício da clínica na Bahia, nio Torquato Pires de Figueiredo e,

lebrado Antonio Ferreira França e Francisco

refere entre vários, uma cuja universidade de or.L gem não conseguiu verificar, meu bisavô paterno, o primeiro José Olympio d'Azevedo, cuja tese de douto ramento em Paris, ano de 1840, possuo junto* com as de M.P. da Silva, 1839 de Cachoeira (certamente da Bahia), e de Antonio Ferreira França (1840) . A ex plicação para a preferência de alguns baianos por estudar ou aperfeiçoar-se na terra de Laennec está no conhecimento da literatura médica daquela gem como atestam as coleções do nosso

ori Memorial de Medicina, uma vez que desde 1838, ao

Faculdade de Medicina da Bahia exigia dos nos o domínio da língua francesa.

fundar-se, a seus alu

Antiga e ilustre era essa presença, mostrou -o o nosso Cláudio Veiga em relação a Castro Alves. Em erudito artigo na "Revista de Cultura da Bahia", blicada pelo Conselho Estadual de Cultura,

que a

PH

revela francesa lugar de relevo" O pai do vate França para presença da França e da civilização

"ocupa um nesse altíssimo poeta tão brasileiro, faz, entre 1841 e 1843,

"não é pequena", antes

uma estada na 36

(39)

aperfeiçoar-se em culdade, entre

Medicina e de volta, lente da Fa outros conhecimentos, "deverá ter proporcionado (...) ao filho, apreciável domínio da língua francesa". "0 pequeno Cecéu, conforme trecho não publicado de sua poesia A Boa Viòta, ouvia aten to a 'mãe querida' embalar a 'irmã pequenina', can tando uma cançao francesa. No Ginásio Baiano, de Abí lio Cesar Borges, teve como livro-texto o "Petit Charles André, maiores no Cours de Litterature Française", de

por meio do qual se familiarizou com os

mes daquela literatura; já nesse tempo, informa Xa vier Marques, que Cláudio Veiga cita, ginasiano ain da, o futuro poeta traduz poesias de Victor Hugo, vulto de sua maior admiração por toda a vida.

propósito, o estudante havia-se matriculado no famo so colégio junto com seu primo Cândido Serafim A^L ves, que mais tarde se tornaria professor de fran cês e autor de uma gramática dessa língua, publica da na Bahia em 1876. As inclinações e idéias políti cas lhe são muito inspiradas pela França. "Quando a Prússia derrota a França em 1870, não hesita em fi car ao lado da França. A 10 de maio de 1871, no sa lão nobre da Associação Comercial da Bahia,numa reu nião em favor das vítimas francesas, recita No 'Mee E a

tZng du Cometo, da Paln*, que é uma de suas poesias vertidas para o francês. A colônia francesa da Ba hia dirige, no dia seguinte, ao poeta uma carta de agradecimento. A emoção causada pelos versos de Ca£ 1Dirse-ia tro Alves, naquela reunião, foi enorme:

franceses ali agrupados estavam diante da pá que os

tria adorada, da Mae sofredora, e mais de um peito orvalhou de entusiasmo suge arquejou de dor e mais de uma face se

pranto. Ao terminar, tudo quanto o

re nessas ocasiões a coraçoes agradecidos,explodiu, e essa manifestação foi em aumento, tocando ao delí

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